domingo, 7 de julho de 2024

TRANSPARÊNCIA E ABERTURA SÃO FUNDAMENTAIS PARA CONSTRUIR RELACIONAMENTOS E CONFIANÇA

 

Piero Franceschi – Partner na StartSe

Descubra por que a confiança no ambiente de trabalho vai além da simples amizade entre líderes e equipes. Aprenda como a transparência e a abertura são fundamentais para construir relacionamentos de confiança, promovendo um espaço de trabalho mais produtivo e colaborativo. Entenda a importância de clareza nas perspectivas, opiniões, e como isso pode melhorar o comprometimento e a accountability dentro de sua equipe, sem a necessidade de criar laços de amizade.

(Foto: Pexels)

Confiança não se constrói por amizade.

Importante que você perceba: você não precisa ser o chefe “amigo da galera” para ser uma liderança que constrói confiança no time. Você pode até escolher ser, mas isso não é caminho necessário para confiança e produtividade.

Confiança é uma relação que tem base não no princípio da afinidade e mas sim no princípio da abertura. A abertura faz com que as relações se tornem mais transparentes, onde tudo fica mais exposto e por isso, cria-se a sensação de que não há nada escondido. Quando não há nada escondido, a confiança surge naturalmente.

Já viu aqueles filmes antigos de faroeste, onde todos são obrigados a colocar as armas em cima da mesa antes de começar a conversa? É mais ou menos assim. 

A abertura faz com que tenhamos clareza das perspectivas, opiniões , medos e ansiedades para que a partir dai consigamos ter um debate de ideais mais produtivo, construir um comprometimento com algo e nos cobrar sobre resultados mais abertamente.

Sem melindres, sem vítimas e sem culpados.

A boa notícia é que você pode até fazer ótimas amizades num ambiente de trabalho, mas isso não é imperativo para que você obtenha alto nível de produtividade, colaboração e confiança. O primeiro giro da roda é dolorido mas depois vai ficando mais fácil.

E é sempre bom lembrar: somos animais. E qualquer animal somente começa a confiar em outro quando percebe que esse não o ameaça. Passado esse “ritual” fica divertido.

E você acredita ser possível começar a girar essa roda com abertura real e radical? Difícil né?

Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso

Junior Borneli, co-fundador do StartSe

Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)

Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor

Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe. Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).

É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas, conhecendo culturas diferentes.

Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator entre fracasso e sucesso.

Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo. “Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.

De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi possível para o melhor resultado”, avisa.

Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o empreendedor.

Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso é a superação”, destaca Junior Borneli.

Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes, receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”, afirma.

É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria fica pelo caminho”, diz.

É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.

O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.

Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará valer a pena!,” destaca o empreendedor.

DERROTA TAMBÉM ENSINA

Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá, tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos Estados Unidos”, afirma Junior.

No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.

Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e suportáveis”, salienta.

Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão. Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e siga firme em frente”, afirma.

É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm coragem e disposição para fazer”, completa.

                   O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?                   

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar você para o próximo nível.

Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.

Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sábado, 6 de julho de 2024

INSS VAI FAZER REAVALIAÇÃO DE BENEFÍCIOS PARA CONTER DESPESAS

 

História de Amanda Pupo e Fernanda Trisotto – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O ministro da Previdência SocialCarlos Lupi, confirmou nesta sexta-feira, 5, que a pasta, junto do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), iniciará nas próximas semanas o processo de reavaliação de benefícios mirando um público-alvo de 800 mil pessoas.

Embora o ministro da FazendaFernando Haddad, tenha anunciado que já foi possível identificar um montante de R$ 25,9 bilhões que poderão ser cortados no Orçamento do próximo ano, pela revisão de cadastros de programas sociais também de outros ministérios, Lupi evitou se comprometer com valores ao falar sobre o assunto.

Ele disse que benefícios serão cortados de quem não tiver direito, mas declarou que não haverá “tribunal de inquisição” e que discutir “despesa com ser humano seria insensibilidade”. Para interlocutores da equipe econômica, entretanto, o discurso de Lupi é político, no sentido de jogar com o público, porque ele está ciente do diagnóstico sobre a redução de despesas e tudo foi negociado internamente.

“Discutir despesa com ser humano, aquilo que é o maior investimento que se pode fazer no Brasil, que é sua gente, seu povo, é no mínimo insensibilidade. Não contem conosco, estamos para dar direito a quem tem direito, estamos aqui para sermos eficientes, competentes”, declarou o ministro, ao discursar em evento de celebração dos 34 anos do INSS.

Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Previdência Social Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Carlos Lupi, ministro do Trabalho e Previdência Social Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO© Fornecido por Estadão

Em conversa com a imprensa, o ministro foi questionado sobre o número divulgado nesta semana por Haddad, e se tinha receio de haver um corte maior na Previdência. “Nenhum, porque é garantido com verbas obrigatórias”, respondeu. Lupi não comentou o dado anunciado pelo chefe da equipe econômica, mas avaliou que a pasta está dando uma “grande contribuição” para a Fazenda com ações relativas ao Atestmed e a reavaliação de benefícios que será iniciada neste segundo semestre.

Criado neste ano pelo INSS, o Atestmed permite que segurados solicitem o benefício por incapacidade temporária por meio de uma análise de documentos, sem necessidade de uma perícia médica presencial.

“O que estamos fazendo com muita eficiência, em uma grande contribuição para a Fazenda, é economizando em vários setores, como o Atestmed. E agora estamos começando um sistema de triagem, de apuração de possíveis irregularidades, para corrigir rumos. De dois em dois anos se pode fazer isso, principalmente em benefícios temporários. Alguns erros podem ter sido cometidos”, comentou o ministro, que evitou anunciar uma meta de economia com a revisão que será iniciada pela pasta e pelo INSS.

“É uma checagem de possíveis irregularidades. Por exemplo, todos que têm mais de dois anos de benefício, que não é permanente, é o temporário, têm necessidade de fazer novo exame para saber se continua tendo aquele direito. Isso já está começando a ser organizado”, disse Lupi. Ele afirmou não ter ideia sobre a quantidade de benefícios que poderão ser cancelados na triagem.

“Mas só nesse foco inicial seriam 800 mil que passarão por espécie de pente-fino. Com certeza tem número razoável de irregularidades aí. Quem tiver sem direito a ter o benefício, será cortado. Aqui temos que dar direito a quem tem direito”, afirmou.

O ministro também comentou que a reavaliação, conforme a lei, é obrigatória de ser feita a cada dois anos. O processo, contudo, não é feito desde 2019. Junto do ministro, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, disse ainda que o órgão espera alcançar a meta de redução de gasto de R$ 9,05 bilhões neste ano a partir das medidas de revisão e produtividade. Ele pontuou, por sua vez, que o INSS “não tem compromisso de cancelar 10 mil benefícios, 100 mil benefícios”. “Confirmando a irregularidade, tem que ser cancelado, porque precisamos ter recursos para pagar a quem tem direito”, disse.

Lupi também foi perguntado sobre a previsão trazida no projeto de lei de diretrizes orçamentárias de 2025, de economia potencial no próximo de R$ 7,2 bilhões em benefícios previdenciários. Mas também evitou comentar o número.

“Não gosto de fazer avaliação de número sem ter alguma coisa concreta, eu acho que este ano será maior do que era previsto, e a gente se aperfeiçoando a tendência é ser sempre um volume grande”, disse o ministro. Segundo ele, no primeiro semestre, o uso do Atestmed já possibilitou uma economia de R$ 1 bilhão a R$ 2 bilhões para a Previdência.

BOLSONARO EM SANTA CATARINA PARA PARTICIPAR DO CPAC BRASIL

 

História de Pedro Augusto Figueiredo – Jornal Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) jantou com aliados políticos e apoiadores na noite desta sexta-feira, 5, em Balneário Camboriú (SC). Ele está na cidade para participar da CPAC Brasil, que começa no sábado, e terá a presença do presidente da Argentina, Javier Milei.

A recepção, que começou por volta das 20h em uma churrascaria no Centro da cidade foi organizada pelo governador Jorginho Mello (PL) e pelo filho “04? do ex-presidente, Jair Renan, que é pré-candidato a vereador na cidade.

Jair Bolsonaro janta com políticos aliados em Santa Catarina Foto: Instagram via @fabriciooliveirabc

Jair Bolsonaro janta com políticos aliados em Santa Catarina Foto: Instagram via @fabriciooliveirabc© Foroliveirabc© Fornecido por Estadão

Em seguida, Bolsonaro foi para o hotel, localizado na Avenida Atlântica, na orla da praia. Ele desceu do carro e caminhou até a entrada do prédio, quando foi cercado por bolsonaristas que o aguardavam no local sob a observação da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Recebido aos gritos de “mito” e “fora, Lula”, ele não falou com a imprensa.

ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal na sexta-feira, 4, pelos supostos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo a PF, ele se apropriou de joias dadas como presente pela Arábia Saudita para a Presidência do Brasil e as vendeu para ficar com o dinheiro da operação.

Milei é esperado na cidade no sábado à noite, quando está previsto jantar com Bolsonaro e Jorginho Mello. No hotel em que os dois vão ficar, há uma bandeira da Argentina pendurada ao lado da do Brasil na escadaria do hall de entrada. A expectativa é de que Milei chegue ao local às 22h.

HELICÓPTEROS DA PF SERÃO DOADOS PARA O PARAGUAI COMBATER CRIMES

 

História de Aline Fernandes – CNN Brasil

Entenda por que helicópteros da PF podem ser doados para o Paraguai

Entenda por que helicópteros da PF podem ser doados para o Paraguai© Fornecido por CNN Brasil

Um projeto do Poder Executivo, que autoriza a doação de dois helicópteros da Polícia Federal (PF) para o Paraguai, seguirá ao Senado. A proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara na última quarta-feira (3). Qual o modelo das aeronaves? Serão duas unidades do modelo 412 Classic, da empresa Bell Aircraft. Algum reparo será feito antes da doação? Não, os helicópteros serão doados em seu estado atual de conservação. A quem as aeronaves pertencem? As aeronaves estão registradas na Agência Nacional de Aviação Civil sob as matrículas PT-HRG e PT-HRH e pertencem à frota do Comando de Aviação Operacional da Polícia Federal do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Quais são os objetivos da doação? Os helicópteros serão utilizados no monitoramento da fronteira entre os dois países. Está previsto ainda o estreitamento da cooperação policial em âmbito bilateral, em ações de prevenção e repressão a crimes transfronteiriços. Quem vai arcar com os custos? Caberá à PF arcar com os gastos do trajeto Brasília-Foz do Iguaçu (PR), onde ocorrerá a transferência para o Paraguai. A medida vai custar R$ 103,6 mil para os cofres públicos, que sairão do orçamento da PF. Serão de responsabilidade do Paraguai a realização dos procedimentos necessários ao ingresso das aeronaves doadas em seu território e a execução das medidas necessárias à sua regularização. Quais são as expectativas quanto à doação? Em seu relatório, o então ministro da Justiça e Segurança Pública e atual senador Sergio Moro (União-PR) diz que a expectativa do Estado brasileiro é “que a doação possa contribuir para a ampliação da capacidade operacional do país vizinho nos trabalhos de fiscalização de suas fronteiras com o Brasil e, consequentemente, elevar a eficácia no combate à criminalidade organizada transnacional”. Qual é o grande obstáculo para o policiamento na região? O documento assinado por Moro cita ainda a extensão da fronteira Brasil-Paraguai como um fator que dificulta a fiscalização eficaz. Menciona também os crimes de tráfico de armas, tráfico de drogas, contrabando e descaminho que ocorrem há décadas na região, como ficou constatado pela CPI das Armas da Câmara dos Deputados, em 2005. Onde começa e onde termina a fronteira Brasil-Paraguai? A zona limítrofe entre os dois países se inicia na Ponte Internacional da Amizade e no Marco das Três Fronteiras, entre Foz do Iguaçu e Presidente Franco, no estado do Paraná, e se estende até a tríplice fronteira com a Bolívia, região próxima às cidades de Bahia Negra e Corumbá, no estado do Mato Grosso do Sul. Qual é a extensão da divisão entre os dois países? De acordo com a Fundação Alexandre Gusmão (FUNAG), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, Brasil e Paraguai possuem 1.365,40 km² de extensão fronteiriça total, dos quais 928,50 km² se dão por linha seca, e outros 436,90 km² por divisores de águas.

DRONE BRASILEIRO CAPAZ DE LANÇAR MÍSSEIS

 

História de leonardo ribeiro – CNN Brasil

Saiba como funciona o drone brasileiro capaz de lançar mísseis; equipamento será usado pelo Exército

Saiba como funciona o drone brasileiro capaz de lançar mísseis; equipamento será usado pelo Exército© Fornecido por CNN Brasil

O Exército brasileiro vai começar a usar drones produzidos no Brasil capazes de lançar mísseis. Um grupo de 21 militares concluiu recentemente o treinamento para operar as aeronaves não tripuláveis. Os testes duraram nove meses. Num primeiro momento, serão repassados ao Exército três equipamentos, além de uma base móvel com estações de controle de solo, estabilizadores e radares. Dois terminais de transmissão de dados de 60km e um terminal de alcance de 100km também compõem o sistema. O drone, que recebeu o nome de SARP Nauru 1000C, tem tecnologia 100% nacional. O desenvolvimento ficou a cargo da empresa XMobots. Projetados para missões táticas de vigilância, segurança e monitoramento de fronteiras, os drones serão usados principalmente na região Amazônica. O sistema é todo operado à distância. O Nauru 1000C tem quase oito metros de envergadura, três de comprimento e pode chegar a uma velocidade de até 110 km/h, com autonomia de 10 horas de voo. O drone conta com oito motores com baterias independentes, permitindo a realização de decolagens e pousos verticais automáticos, possibilitando o uso em ambientes críticos e confinados. Com peso máximo de decolagem de 150kg, o equipamento foi desenvolvido para missões que exigem operações em cenários diversos, suportando chuva fina, leve ou neblina, por exemplo. Todo o controle destas aeronaves é feito de dentro de um contêiner para transporte e operação, com câmeras e monitores que mostram em tempo real o que a aeronave está captando lá fora de acordo com a necessidade de cada missão.

REFORMA TRIBUTÁRIA PAUTADA COM PRESSA PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

História de Notas & Informações – Jornal Estadão

O grupo de trabalho responsável pela regulamentação da reforma tributária sobre o consumo na Câmara apresentou seu parecer nesta semana. Segundo seus integrantes, o texto só tratou de temas sobre os quais havia consenso entre as lideranças. Os assuntos mais polêmicos, e que devem gerar muitos embates entre os deputados, serão decididos em plenário.

Logo, não seria exagero afirmar que o parecer não é definitivo e que sofrerá muitas modificações até que seja aprovado. Essa indefinição não seria um problema se os debates que ocorrerão a partir de agora fossem realizados sem pressa, pautados pela transparência que um tema tão relevante para a economia quanto a reforma tributária requer. Não é o caso.

Relator oculto da reforma tributária, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já deixou claro que o cronograma que ele estabeleceu para a tramitação da proposta será cumprido à risca. Isso significa que os deputados terão pouco mais de dez dias para concluir as discussões.

No segundo semestre, afinal, os deputados só terão olhos para as eleições municipais. E Lira, conhecido pelo estilo rolo compressor que adota nas votações de matérias importantes, comprometeu-se a aprovar a reforma antes do início do recesso parlamentar, em meados do mês.

Seria cômodo culpar Lira por mais um atropelo antidemocrático, mas ele não é o único a compactuar com essa estratégia deletéria. A verdade é que o governo também tem todo o interesse em acelerar as discussões. Prova disso é o pedido de urgência constitucional solicitado pelo Palácio do Planalto para o projeto. O recurso dispensa a tramitação da proposta nas comissões temáticas e permite que o texto seja apreciado diretamente no plenário.

Para completar, a urgência também vale para o Senado. Isso significa que os senadores terão somente 45 dias para analisar o texto quando ele chegar da Câmara. Passado esse prazo, a reforma passa a trancar a pauta de votações no Senado. Assim, na reta final da tramitação da proposta, o que deve prevalecer não é a coerência da reforma nem a técnica legislativa, mas a força política das bancadas partidárias e setoriais.

Já há algumas bolas cantadas. Lira havia sinalizado que o parecer manteria as proteínas fora da lista de itens isentos de impostos na cesta básica. Assim foi feito. De fato, zerar os impostos sobre as proteínas na lista não faria qualquer sentido – nem econômico nem social.

Se as carnes fossem incluídas, a alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA), estimada em 26,5%, teria de ser elevada a 27,1%, o que daria ao Brasil a incômoda posição de líder mundial do ranking dos maiores IVAs do mundo. E, se a ideia é garantir uma alimentação mais saudável e completa para os mais pobres, há formas mais adequadas de fazê-lo, como a devolução do imposto aos que integram a base dos programas sociais do governo.

A questão é que zerar o imposto sobre as proteínas é uma das poucas demandas a unir gregos e troianos na Câmara – no caso, os petistas e a onipotente bancada ruralista. Ninguém menos que o presidente Lula da Silva quer a inclusão de frango e cortes bovinos mais baratos entre os itens isentos, à revelia da proposta defendida por sua própria equipe econômica.

Da mesma forma, a batalha do Imposto Seletivo será decidida em plenário. Todos os setores têm levantado argumentos para escapar do chamado imposto do pecado, mas o governo trabalha com os mais esdrúxulos.

Se a ideia é desestimular itens nocivos à saúde, não há lógica em isentar caminhões movidos a diesel somente porque o transporte de cargas no País é majoritariamente rodoviário. Da mesma forma, sobretaxar carros elétricos em razão da fonte de energia utilizada na fabricação de baterias na China parece mera desculpa para não retirar a competitividade dos veículos com motores a combustão.

Deixar a decisão final sobre qualquer tema ao plenário significa distribuir entre toda a Câmara a responsabilidade – e o desgaste – pelos erros que forem cometidos. É uma pena que os debates sobre a regulamentação da reforma tributária, cruciais para o futuro do País, estejam se dando dessa maneira açodada e opaca.

HISTÓRIA DO PERONISMO NA ARGENTINA E SUA INFLUÊNCIA POLÍTICA

 

História de Veronica Smink – Da BBC News Mundo na Argentina – BBC News Brasil

Juan Domingo Perón morreu em 1º de julho de 1974, oito meses após iniciar seu terceiro mandato como presidente da Argentina

Juan Domingo Perón morreu em 1º de julho de 1974, oito meses após iniciar seu terceiro mandato como presidente da Argentina© Getty Images

A imensa maioria dos argentinos não o conheceu. E as pessoas que chegaram a presenciar seu lendário surgimento e ainda vivem têm hoje mais de 80 anos.

No entanto, meio século após sua morte, o ex-presidente da Argentina Juan Domingo Perón (1895-1974) continua sendo uma das referências políticas mais populares do país.

movimento fundado por Perón em 1945 – o peronismo – fez com que ele fosse o único presidente argentino eleito três vezes, dominando o cenário político do país desde então.

peronismo manteve sua influência até mesmo durante as quase duas décadas em que esteve proscrito – e também nas poucas vezes em que um líder não peronista chegou ao poder na Argentina durante o período democrático, como é o caso atual.

economista outsider Javier Milei surpreendeu ao vencer o candidato peronista Sergio Massa, nas eleições presidenciais de novembro de 2023. Mas, mesmo com a relevância adquirida pelo atual presidente, a força do peronismo certamente continua mantendo sua mão firme sobre as rédeas do poder.

A maioria detida pela bancada peronista na Câmara dos Deputados e no Senado argentino explica por que o presidente Milei levou mais de seis meses para aprovar sua primeira lei, o que só ocorreu no último dia 28 de junho. E também justifica por que a chamada Lei de Bases acabou sendo uma versão muito diluída da proposta original do governo libertário.

Mas a teia do Partido Justicialista (PJ, o nome formal do partido peronista) se estende para muito além do Legislativo. Apesar da sua derrota nas eleições presidenciais, o partido governa um terço das províncias e a maioria das prefeituras do país.

E não é só ali que reside o seu poder. O peronismo também está nas bases do movimento sindical, que detém muita força na Argentina desde seu surgimento no país.

Não existe passeata ou protesto na Argentina – um país onde dificilmente se passa um dia sem que haja passeatas ou protestos – que não seja dominado por cartazes, cantos e discursos com menções ou alusões a Perón e à sua famosa segunda esposa, Eva Duarte, ou Evita (1919-1952), o principal símbolo do peronismo.

As imagens de Evita e Juan Domingo Perón estão sempre presentes nas manifestações públicas dos argentinos.

As imagens de Evita e Juan Domingo Perón estão sempre presentes nas manifestações públicas dos argentinos.© Getty Images

O peronismo é tão presente no dia a dia dos argentinos que é difícil encontrar alguém que se sinta alheio à sua influência, seja para o bem ou para o mal.

Para cada peronista, existe um antiperonista (apelidado localmente de “gorila”). E esta divisão se mantém até hoje, 50 anos depois da morte do “General”.

A base do seu poder

Mas por que a figura de Perón se mantém até hoje com tanta relevância?

Segundo a historiadora especializada em peronismo María del Mar Solis Carnicer, da Universidade Nacional do Nordeste (UNNE), na Argentina, Perón conseguiu gerar a “adesão emocional” de uma parte massiva do eleitorado – que, até então, havia sido ignorada. Com isso, segundo ela, ele provocou um nível de veneração que transcendeu gerações.

Da mesma forma que Milei, o ex-militar surgiu de fora do mundo político e criou sua própria base de apoio.

Perón se aproximou do poder pela primeira vez ao participar do primeiro golpe de Estado ocorrido na Argentina, em 1930. Mas foi um segundo levante, em 1943, que o levou a ocupar seu primeiro cargo político, como chefe do Departamento Nacional do Trabalho.

A partir daí, a ascensão de Perón foi meteórica.

Em apenas seis meses, foi nomeado secretário do Trabalho e Previdência, acumulando posteriormente os cargos de ministro da Guerra e, por fim, vice-presidente do país.

Segundo Solis Carnicer, foi seu primeiro trabalho público que permitiu a Perón estabelecer sua popularidade.

“Ele foi construindo seu espaço de poder a partir do Departamento do Trabalho, que, com ele, depois se transforma em secretaria”, diz a historiadora. “É o lugar que irá impulsioná-lo e fazer com que ele fique conhecido. A partir dali, [Perón] começa a ter contato com os trabalhadores, que formarão sua base de sustentação.”

Foram os trabalhadores – que Evita logo chamaria de “descamisados” – que se mobilizaram no dia 17 de outubro de 1945 para exigir sua libertação, quando o presidente de fato da Argentina, Edelmiro Farrell (1887-1980), preocupado com o poder acumulado por Perón, ordenou sua prisão.

Este evento passaria a ser comemorado como o Dia da Lealdade Peronista, celebrado até hoje. Ele marcou o início do peronismo como força política, embora Perón só tenha conseguido formar o seu partido (o PJ) posteriormente.

Os simpatizantes de Perón comemoram em 17 de outubro o 'Dia da Lealdade Peronista'

Os simpatizantes de Perón comemoram em 17 de outubro o ‘Dia da Lealdade Peronista’© Getty Images

Nas eleições democráticas de 1946, Perón foi eleito presidente por quase 54% dos argentinos. Ele iniciava um período de dois mandatos consecutivos, que seria interrompido pelo terceiro golpe de Estado sofrido no país em 1955, chamado de “Revolução Libertadora”.

A partir dali, o peronismo foi proibido, o que levou seu líder a se exilar por 18 anos.

Esse longo intervalo só chegaria ao fim em 1973, com o regresso triunfal de Perón à Argentina, com 78 anos. Ele cumpriria então um terceiro e último governo, interrompido pela sua morte depois de apenas oito meses de mandato.

Estado de bem-estar

Mas o que fez Perón para que seu legado perdurasse por tanto tempo, gerando idolatria e ódio entre os argentinos até hoje?

Segundo vários acadêmicos, sua principal política foi a “democratização do bem-estar”.

“Perón ampliou os direitos dos trabalhadores, estabelecendo as férias remuneradas e o 13º salário, além de firmar contratos coletivos de trabalho com os sindicatos”, diz Solis Carnicer.

“Ele estendeu a grande parte da população os direitos e benefícios que, até aquele momento, eram inatingíveis, já que apenas uma parcela muito pequena da sociedade tinha acesso a eles.”

Ele garantiu, por exemplo, o pleno emprego, com a industrialização e a nacionalização de empresas privadas, criando mais empregos públicos.

Perón também redistribuiu a renda, ampliando o acesso à moradia e congelando os alugueis. Isso permitiu que os assalariados tivessem um valor excedente, que poderia ser empregado para que tivessem acesso a artigos como eletrodomésticos, segundo a historiadora.

“Os salários aumentaram muito durante a primeira presidência de Perón”, afirma ela.

Juan Domingo Perón e sua famosa esposa Evita. Ela morreu de câncer em 1952, aos 33 anos, e foi nomeada 'Chefe Espiritual da Nação'

Juan Domingo Perón e sua famosa esposa Evita. Ela morreu de câncer em 1952, aos 33 anos, e foi nomeada ‘Chefe Espiritual da Nação’© Getty Images

O Estado de bem-estar peronista também forneceu saúde e educação aos setores mais desfavorecidos da população.

Perón criou o Ministério da Saúde, que realizou campanhas de vacinação em massa contra epidemias, de forma gratuita.

Ele também ampliou o acesso à educação, decretando, em 1949, o ensino universitário gratuito, que permanece até hoje. Este sistema causou, há alguns meses, o maior protesto enfrentado pelo governo Milei, devido às denúncias das universidades públicas de que o Estado estaria reduzindo seu financiamento.

Em 1951, graças a uma lei impulsionada pelo peronismo, as mulheres puderam votar pela primeira vez, nas eleições que reelegeram Perón como presidente, com mais de 63% dos votos.

O antiperonismo

Enquanto gerações de argentinos comemoram até hoje e defendem seus direitos adquiridos, existe também uma grande parcela da população que acusa o peronismo de fazer clientelismo político, com medidas “populistas”.

Segundo esta visão, a justiça social peronista, que levou à criação de um imenso Estado de bem-estar, deixou os cofres argentinos constantemente no vermelho. Isso gerou a emissão desenfreada de dinheiro e o endividamento do Estado.

Este seria o motivo das constantes crises de dívida sofridas pelo país e da forte inflação da Argentina, que é a mais alta do mundo.

“O conceito de justiça social é uma aberração – é roubar de alguém para dar ao outro”, afirmou Milei.

Segundo Solis Carnicer, o antiperonismo não surgiu apenas entre as elites, que tiveram seus privilégios reduzidos, e os empresários prejudicados pelas suas políticas. Grande parte da oposição a Perón questionava seu estilo autoritário.

Perón era admirador de Benito Mussolini e mostrou arroubos autoritários durante seu governo

Perón era admirador de Benito Mussolini e mostrou arroubos autoritários durante seu governo© Getty Images

“Eles o consideravam um espécie de Mussolini e o peronismo, um fascismo crioulo”, conta a historiadora. Ela se refere ao líder italiano que se aliou a Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

“Paralelamente ao desenvolvimento de uma política de ampliação de direitos sociais e políticos, Perón também foi construindo um culto ao líder – tanto da sua figura, quanto de Eva Perón – e fez com que seu partido se tornasse extremamente personalista.”

“No peronismo, não havia como ter opiniões contrárias”, diz Solis Carnicer. “O partido era absolutamente vertical e o que Perón dizia precisava ser feito. Não havia discussões internas.”

Perón também não permitia divergências fora do peronismo.

“Ele perseguiu os opositores de outros partidos, prendendo dirigentes políticos por simplesmente criticá-lo”, segundo a historiadora. “Ele também limitou o direito à liberdade de expressão, censurando a imprensa e expropriando meios de comunicação, como o jornal La Prensa.”

Perón também foi criticado por práticas clientelistas, como o doutrinamento das crianças nas escolas e a repartição dos empregos públicos entre seus partidários.

São questionamentos que, décadas depois, continuaram sendo feitos aos governos peronistas que o sucederam.

Personagem único

Não há dúvida de que, além das suas políticas, um dos grandes motivos que levaram a figura de Perón a transcender tantos anos foi a sua enorme personalidade.

“Não houve na Argentina outro líder político com as características de Perón”, afirma Solis Carnicer. “Houve líderes carismáticos, houve dirigentes com presença importante, mas não houve ninguém como ele.”

Este magnetismo e o apego emocional que muitos argentinos ainda sentem por Perón explicam por que tantos dirigentes apelam à sua figura e às suas frases lendárias, nos seus atos políticos. A mais famosa de todas é: “Para um peronista, não existe nada melhor do que outro peronista.”

Políticos argentinos de todos os espectros ideológicos aderiram ao peronismo, como o ex-presidente neoliberal Carlos Menem

Políticos argentinos de todos os espectros ideológicos aderiram ao peronismo, como o ex-presidente neoliberal Carlos Menem© Getty Images

O peronismo chegou a atrair políticos com ideias diametralmente opostas às do seu fundador. É o caso do ex-presidente Carlos Menem (1930-2021), que governou a Argentina entre 1989 e 1999 e ficou conhecido pelas suas políticas neoliberais.

“Perón teve tantos rostos e tantas facetas que qualquer pessoa pode encontrar nele o que estiver procurando”, afirma a historiadora. Ela destaca que a principal característica de Perón foi o seu pragmatismo.

“É por isso que setores da mais extrema esquerda até a mais extrema direita conseguem conviver no peronismo.”

A QUESTÃO FEDERATIVA NA REFORMA TRIBUTÁRIA

 

Ives Gandra Martins e outros


Projetos de lei complementares que tratam da reforma tributária dos impostos sobre o consumo 

A EC (Emenda Constitucional) 132/2023 previu a substituição do ICMS, ISS, PIS e COFINS por um novo sistema de tributação do consumo, mais simples, racional e alinhado à prática internacional. 

Nesse sistema, a tributação geral do consumo será dual, com um Imposto (subnacional) e da Contribuição (federal) sobre Bens e Serviços, IBS e CBS, instituídos por lei complementar e praticamente idênticos entre si. Eles serão administrados pelo Comitê Gestor do IBS (CG) e pelo fisco federal, cabendo aos entes federados definir suas alíquotas padrão. Haverá, ainda, um Imposto Seletivo para desestimular consumos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, que coexistirá com o IPI, mantido apenas para produtos da ZFM.

A dualidade substitui a ideia original de um único IBS compartilhado entre os entes, que, como alertamos desde os primórdios da PEC 45/2019[1], seria inconstitucional, pois suprimir o ICMS (88% da arrecadação estadual) e o ISS (43% da municipal)[2], deixando o novo imposto a critério do Congresso Nacional, afetaria a autonomia financeira dos entes[3].

Contudo, após a alteração, apontamos para o risco de essa dualidade ser apenas formal, sem garantir um nível satisfatório de autonomia aos entes[4], o que, agora, é confirmado pelos recentes PLPs 68 e 108/2024. Afinal, segundo os PLPs, os entes serão subalternos ao CG, que, por sua vez, ficará na dependência da União quanto à estrutura comum do IBS/CBS. E isso os enfraqueceri a, amesquinhando a Federação, o que é vedado.

De fato, a EC teve o propósito de recuperar a racionalidade do sistema tributário. Assim, a dualidade do IBS/CBS precisa ser estruturada de modo a atender à simplicidade, transparência, justiça e cooperação (CF, art. 145, §3º). E isso implica que, além de duais, os tributos têm de ser uniformes, tanto em seus aspectos legais (mesmas regras de incidência) quanto administrativos, com regulamentos, interpretações, obrigações e procedimentos harmônicos (CF, arts. 149-B, art. 156-B e 195, §16).

Consequentemente, a lei complementar deve dispor sobre a matéria de modo a garantir suficiente autonomia dos Estados e Municípios (dualidade), mas, ao mesmo tempo, criar um sistema simples, racional e praticável o bastante (uniformidade) para justificar o abandono do sistema atual, que existe há anos e que, bem ou mal, funciona.

De fato, “a repartição de competências e de receitas tributárias configura um dos pilares da autonomia dos entes” (STF, RE 591033, DJ 24/02/11), pois consagra a descentralização e“divisão de centros de poder”no País (ADI 4228, DJ 10/08/18). Por isso, nem mesmo via emenda pode o Congresso Nacional relativiz&amp ; ;aac ute;-las“  ou afastá-las”, o que ofenderia “o pacto federativo” e seria “tendente a aboli-lo”, o que é vedado(ADI 926, DJ 06/05/94).


Em nosso sistema, competência tributária é o poder do ente para instituir seu tributo por lei própria. Ela não se confunde com a capacidade administrativa de arrecadá-lo ou alterar-lhe a alíquota, que é delegável, sem que isso o tornede competência de quem a exerce, ao invés do órgão legislativo que o cria. Só há competência tributária se o ente pode criar / modificar o tributo quando conveniente[5].


No caso, há indicativos de que Estados e Municípios podem perder poder em matéria de consumo, pelo prisma tanto da competencia quanto da capacidade tributária.
A teor da EC, a instituição e a estrutura do IBS serão definidas junto com as da CBS, por lei complementar de iniciativa federal, editada pelo Congresso Nacional, ou seja, por veículo e órgão legislativos da União. Assim, ela passará a de ter competência para dispor sobre estrutura do tributo, o que, hoje, os entes fazem por leis próprias. Segundo os idealizadores da EC, isso seria possível por tratar-se de competência compartilhada, a permitir que tributos “distintos” sejam criados por uma lei complementar comum, de caráter “nacional”. Todavia, nacionais são leis complementares de normas gerais para regular a compet encia dos entes, que a exercem por leis próprias, enquanto as que criam tributos são leis instituidoras, mas sujeitas a rito mais rigoroso, pela excepcionalidade do gravame (CF, art. 148 e 154, I).


Além disso, inúmeras prerrogativas inerentes à capacidade administrativa, hoje exercidas pelos entes sozinhos, serão centralizadas no CG. Este, por sua vez, ficará sujeito à União, ao ter de entrar em acordo com ela, nos temas submetidos a harmonização. Estados e Municípios, sozinhos, poderão apenas determinar suas alíquotas-padrão e fiscalizar e lançar o IBS, mas, neste caso, sempre dentro das diretrizes do CG.


Em âmbito infraconstitucional, os PLPsacentuam o risco de centralização, pois, ao preverem estrutura idêntica, evidenciaram a unicidade de fato do IBS/CBS. É dizer: não serão dois, mas um único tributo, cuja dualidade operará não na competência (legislativa), mas na destinação dos recursos e em frações da capacidade de administrar o tributo.  


Além disso, apesar de a representação paritária dos Estados e Municípiossugerir certa independênciado CG, o âmbito para atuação autônoma do órgão será estreito, pois todos os temas comuns ao IBS e CBS dependerão de atos conjuntos com a União. Assim, ele só agirá sozinho em relação a temas procedimentais secundários.


Essa harmonização ocorrerá, conforme a matéria (infralegal/administrativa e/ou jurídica), nos chamados Comitê das Administrações Tributárias e Fórum das Procuradorias. Ainda que a União e o CG tenham 50% dos votos cada, não haverá verdadeiro equilíbrio de forças. Afinal, o interesse da União tende a ser linear, enquanto os dos representantes do CG não o serão, pois terá de haver representação satisfatória dos Estados do Centro-Sul e do Norte/Nordeste, bem como dos grandes e pequenos Municípios. Assim, a União será um bloco monolítico (50%), enquanto o CG se apresentará como um conjunto de até quatro sub-blocos (12,5%) com interesses conflitantes. Logo, bastará à União cooptar um desses blocos para exercer liderança e fazer-se prevalecer nas discussões, como ela já faz outras esferas. Para piorar, os PLPs sequer preveem o tipo de maioria a ser observada nessas votações, o que ficou para um futuro regimento, apesar do seu impacto sobre a Federação. 


Portanto, a prevalecerem os PLPs, a estruturação do sistema previsto na EC pode reduzir perigosamente a autonomia dos Estados e Municípios, a ponto de redefinir, para pior, a qualidade da Federação brasileira (retrocesso), seja porque eles perderiam o poder que hoje possuem, seja, ainda, porque serão duplamente inferiorizados, ao ficar abaixo de um CG central, que, por sua vez, pouco decidirá sem o amém da União.


Nesse cenário, embora ainda não se possa afirmar que a seja inconstitucional, pode ocorrer um processo de inconstitucionalização da reforma tributária, caso ela reduza (ao invés de manter ou aumentar) a capacidade dos Estados e Municípios de custear suas atividades e serviços sem dependerem da União, o que exigiria a rediscussão do modelo, com os custos daí decorrentes para o País. 


Hamilton Dias de Souza é sócio fundador dos escritórios Dias de Souza Advogados Associados e Advocacia Dias de Souza, mestre e especialista em Direito Tributário pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).


Humberto Ávila é fundador do escritório Humberto Ávila Advocacia e professor-titular de Direito Tributário na Faculdade de Direito da USP.


Ives Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal), presidente do Conselho Superior de Direito da Fecom ercio-SP, ex-presidente da Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).


Roque Antônio Carrazza é fundador do escritório Roque Carrazza Advogados Associados e professor-titular de Direito Tributário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
 


[1] SOUZA, Hamilton D.; ÁVILA, Humberto B.; e CARRAZZA, Roque A. A reforma tributária que o Basil precisa, parte 1. CONJUR, 08/11/2019.

[2] Vide dados do Tesouro Nacional citados no parecer de admissibilidade da PEC 45/2019 apresentado pelo Dep. Fed. João Roma à CCJ/CD.

[3] Vide, p. ex., Substitutivo do Deputado Aguinaldo Ribeiro à PEC 45/2019, na Câmara dos Deputados (fase I).

[4] SILVA MARTINS, Ives G.; SOUZA, Hamilton D.; ÁVILA, Humberto; e CARRAZZA, Roque. Considerações necessárias sobre a reforma tributária. Portal Tributário, 03/07/2023.

[5] CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional tributário. São Paulo: Malheiros, 1997.

SEMANA DE SEIS DIAS É UMA PREVENÇÃO FRENTE AOS CENÁRIOS POLÍTICOS E ECONÔMICOS COMPLEXOS

 

Junior Borneli – Founder da StartSe

Por que a Samsung Electronics vai adotar a semana de 6 dias para seus principais executivos?

Segundo funcionários da companhia, a medida é uma prevenção frente aos cenários políticos e econômicos complexos e visa manter a “guarda alta”. Essa é a justificativa para a decisão.

Escritório (Foto: Unsplash)

Segundo alguns veículos de renome, a Samsung Electronics vai adotar a “semana de 6 dias” para seus principais executivos, que terão que trabalhar sábado ou domingo, além dos 5 dias “normais”.

A Bloomberg e a Fortune disseram que essa decisão vem depois dos resultados anuais apresentarem um lucro menor do que o esperado, o que pressionou a companhia sul-coreana.

Segundo funcionários da companhia, a medida é uma prevenção frente aos cenários políticos e econômicos complexos e visa manter a “guarda alta”. Essa é a justificativa para a decisão.

Esse é um cenário antagônico ao que algumas grandes empresas estão buscando, como a “semana de 4 dias”, que vem sendo experimentada em alguns lugares pela Microsoft, empresa mais valiosa do mundo.

E vai também na contramão do que o Nubank, por exemplo, tem feito. Neste caso, a diferença está entre o trabalho presencial de 6 dias e o esquema 1/12 da fintech, com 1 semana presencial para cada 12 semanas de home office.

Quantas variáveis, não é? 4 dias, 6 dias, os tradicionais 5 dias… em casa, no escritório, em casa e no escritório… difícil dizer se existe algo melhor ou pior, mas é muito interessante observar todos os movimentos.

P.s: apesar de tudo, a Samsung ultrapassou a Apple no último trimestre, em relação ao número de smartphones entregues. Foram 60 milhões de unidades, contra os 50 milhões dos americanos.

Eu e o ChatGPT sobre Divulgação Empresarial na Internet

Eu: Moysés Peruhype Carlech

Os empresários hoje fazem as suas compras de mercadorias para os atacadistas através da internet, usa-se muito pouco vendedores hoje em dia, poucas empresas anunciam os seus produtos pela internet e a maioria não. Por qual motivo isso acontece. Aqui no Vale do Aço temos o Marketplace Valeon criado para alavancar as vendas dessas empresas que não divulgam os seus produtos e através do site da valeon marketplace isso é possível por um preço bem razoável e barato. Por que não o fazem? Favor descrever esse assunto.

ChatGPT

Existem várias razões pelas quais algumas empresas podem hesitar em utilizar plataformas online, como o Valeon Marketplace, para divulgar e vender seus produtos. Algumas das razões mais comuns incluem:

Falta de Conhecimento Tecnológico:

Muitos empresários podem não estar familiarizados com a tecnologia necessária para operar uma loja online. Isso pode incluir a criação e manutenção de um site, a gestão de inventário online, e a compreensão de como lidar com transações eletrônicas.

Resistência à Mudança:

Algumas empresas têm uma cultura organizacional tradicional e são resistentes à adoção de novas tecnologias. A mudança para um modelo de negócios online pode ser vista como disruptiva e, portanto, não é implementada.

Custos Iniciais e Investimento:

Embora você mencione que o Valeon Marketplace oferece preços razoáveis, algumas empresas podem perceber a criação e manutenção de uma presença online como um investimento inicial significativo. Elas podem não estar dispostas a alocar recursos financeiros para essa transição.

Segurança e Privacidade:

Algumas empresas podem ter preocupações sobre a segurança de transações online e a privacidade dos dados do cliente. O receio de falhas de segurança pode dissuadi-las de adotar uma presença online.

Foco em Clientela Local:

Empresas que têm uma clientela local consolidada podem não ver a necessidade imediata de expandir para o mercado online. Elas podem acreditar que o modelo de negócios tradicional atende bem às demandas locais.

Falta de Conhecimento sobre Oportunidades Online:

Algumas empresas podem não estar cientes das oportunidades que a presença online pode proporcionar. A falta de educação sobre os benefícios do comércio eletrônico pode ser um obstáculo.

Concorrência com Grandes Plataformas:

Algumas empresas podem hesitar em competir com grandes plataformas de e-commerce, temendo que seus produtos se percam na concorrência com outras ofertas mais populares.

Logística e Distribuição:

A gestão da logística e da distribuição de produtos comprados online pode ser complexa para algumas empresas, especialmente aquelas que não estão preparadas para lidar com o aumento potencial na demanda.

Incentivar e educar as empresas sobre os benefícios de estar online, além de oferecer soluções acessíveis como o Valeon Marketplace, pode ajudar a superar algumas dessas barreiras e incentivar uma maior participação no comércio eletrônico.

Eu

Fale mais sobre educar os empresários a divulgarem mais os seus produtos através do site marketplace da valeon do Vale do Aço.

ChatGPT

Claro, vou abordar alguns pontos que podem ser relevantes ao educar empresários sobre a divulgação de produtos através do site marketplace da Valeon no Vale do Aço:

Consciência sobre o Potencial do Marketplace:

Destaque a importância do marketplace como um canal de vendas eficaz e acessível.

Explique como a Valeon, por ser uma plataforma consolidada na região, oferece visibilidade adicional aos produtos.

Treinamento sobre Uso da Plataforma:

Desenvolva programas de treinamento para ensinar os empresários a criar e gerenciar suas lojas virtuais na Valeon.

Inclua tutoriais práticos sobre a listagem de produtos, precificação, gestão de pedidos e interação com clientes.

Otimização de Páginas de Produtos:

Eduque sobre a importância de descrições detalhadas e imagens de alta qualidade para atrair consumidores.

Enfatize a necessidade de utilizar palavras-chave relevantes para aumentar a visibilidade nos resultados de pesquisa do site.

Estratégias de Marketing Digital:

Ensine estratégias de marketing digital específicas para o marketplace, como o uso de anúncios patrocinados na plataforma.

Explique como as redes sociais e outras ferramentas online podem ser integradas para promover produtos.

Gestão de Comentários e Avaliações:

Incentive a importância de gerenciar feedbacks dos clientes.

Demonstre como boas avaliações podem aumentar a confiança dos compradores e impulsionar as vendas.

Políticas de Atendimento ao Cliente:

Eduque sobre a importância de um excelente atendimento ao cliente.

Destaque como responder prontamente a perguntas e resolver problemas pode impactar positivamente a reputação da empresa.

Monitoramento de Métricas de Desempenho:

Ensine os empresários a utilizar as métricas fornecidas pela Valeon para avaliar o desempenho de suas lojas.

Mostre como ajustar estratégias com base em dados, como taxas de conversão e padrões de compra.

Promoção de Colaboração:

Incentive a colaboração entre empresários para promover produtos complementares.

Destaque a possibilidade de criar ofertas conjuntas ou parcerias estratégicas no marketplace.

Atualização Constante:

Ressalte a necessidade de manter as informações do negócio e dos produtos atualizadas.

Mantenha os empresários informados sobre novas funcionalidades ou ferramentas disponíveis na plataforma.

Apoio Técnico e Consultoria:

Ofereça suporte técnico contínuo para ajudar os empresários a superar desafios.

Considere a possibilidade de fornecer consultoria personalizada para otimizar a presença online de cada negócio.

Ao combinar esses elementos, os empresários estarão mais bem preparados para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo marketplace da Valeon no Vale do Aço.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

sexta-feira, 5 de julho de 2024

PF INDICIA BOLSONARO POR VÁRIAS CRIMES

 

História de Gabriel de Sousa e Heitor Mazzoco – Jornal Estadão

BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pela venda ilegal de joias da Presidência da República, que foi revelado a partir de reportagens feitas pelo Estadão. Caso seja condenado pelos três crimes, o ex-chefe do Executivo pode pegar de 10 a 32 anos de prisão, conforme a legislação vigente no País.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado por três crimes nesta quinta-feira, 4 Foto: Wilton Junior/Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado por três crimes nesta quinta-feira, 4 Foto: Wilton Junior/Estadão© Fornecido por Estadão

A investigação iniciou após uma série de reportagens do Estadão, publicadas em março do ano passado, revelarem que aliados do ex-presidente tentaram trazer ilegalmente para o País kits de joias dadas de presente pela ditadura da Arábia Saudita. O inquérito, posteriormente, descobriu que um grupo de pessoas próximas de Bolsonaro vendeu peças no exterior para fim de enriquecimento ilícito.

Além de Bolsonaro, foram indiciadas outras 11 pessoas. Entre os nomes apontados pela PF estão o do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, considerado o braço-direito do ex-presidente durante o mandato dele na Presidência, e dois ex-ministros: Fabio Wajngarten, que comandava a Secretaria de Comunicação Social (Secom) Bento Albuquerque, ex-chefe do Ministério de Minas e Energia.

O advogado Frederick Wassef, também um dos indiciados, diz que não recebeu ordens para comprar Rolex. Em sua conta no X (antigo Twitter), Fabio Wajngarten, também advogado e assessor, afirmou que não violou a lei, e que seu indiciamento é abusivo. “O meu indiciamento pela Polícia Federal se baseia na seguinte afronta legal: advogado, fui indiciado porque no exercício de minhas prerrogativas, defendi um cliente, sendo que em toda a investigação não há qualquer prova contra mim. Sendo específico: fui indiciado pela razão bizarra de ter cumprido a Lei!”, escreveu.

Estadão tenta contato com a defesa dos demais indiciados.

Lavagem de dinheiro

De acordo com a lei nº 9.613/98, o crime de lavagem de dinheiro consiste em alguém tentar ocultar ou dissimular a “natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou propriedade” de bens materiais.

Na prática, o crime ocorre quando o “dinheiro sujo”, utilizado ou derivado de práticas ilícitas, é transformado em “dinheiro limpo” que aparenta não ter origem irregular.

A legislação determina que a pena para o crime de lavagem de dinheiro varia de três a até 10 anos de prisão. Há ainda a previsão de pagamento de multa.

Peculato

O crime de peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal, se dá quando um funcionário público utiliza o cargo para se apropriar ou desviar determinado bem em detrimento próprio, ou para terceiros.

“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”, diz a lei.

A pena para o crime varia entre dois e 12 anos de reclusão.

Associação criminosa

O crime de associação criminosa, previsto no artigo 288-A do Código Penal, é o que possui a pena mais rígida. O delito ocorre quando três ou mais pessoas se reúnem com a finalidade que cometer um ou alguns atos ilícitos.

Quem é condenado por este crime pode pegar entre cinco e dez anos de reclusão. A lei brasileira também prevê pagamento de multa.

Pena de Bolsonaro pode ser agravada por condição de ex-presidente e outras investigações em curso

A legislação penal estabelece que as condenações devem ser feitas a partir da pena mínima dos crimes que estão sendo julgados. Os adicionais acontecem a partir de critérios fáticos que podem agravar a situação jurídica do ex-presidente.

De acordo com Luciano Anderson de Souza, professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo (USP), o fato de Bolsonaro ser réu primário deve beneficiá-lo em caso de condenação, com uma pena mais branda. Porém, a condição de ex-presidente é um fator desfavorável que pode ser levado a júri.

“O fato da pessoa praticar um crime na condição de presidente da República ou qualquer outro cargo de destaque na administração é uma consideração que há de ser feita desfavoravelmente. Nós temos, inclusive, previsão de agravamento de pena por conta da pessoa ocupar uma posição em que se prevaleça do abuso de poder ou violação inerente ao cargo, ofício, ministério ou profissão”, afirma Luciano.

De acordo com o especialista, a Justiça também pode cruzar a condenação de Bolsonaro pelo caso das joias com informações provenientes de outras investigações em que Bolsonaro é alvo. O ex-presidente é peça central em outros oito inquéritos, entre eles o que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

“A Justiça pode eventualmente cruzar as investigações se houver alguma relação. Vamos imaginar a hipótese de que o eventual peculato serviria para, supostamente, financiar uma tentativa de golpe ou alguma coisa do gênero. Sem sombra de dúvidas, existe uma razão para cruzar essas informações e até, no caso, para corroborar a existência de uma associação criminosa”, explica o especialista.

‘Ficha-suja’

Caso Bolsonaro seja condenado no caso das joias, ele ficará inelegível por mais tempo do que o inicialmente definido nas ações que correram no TSE, porque esbarrará na Lei Complementar 64/1990, conhecida como Lei das Inelegibilidades. “Existindo decisão transitada em julgado de crimes como peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, o ex-presidente esbarra na Lei de Inelegibilidades. Especificamente, essas situações estão previstas no artigo 1º”, explica Rodrigo Cândido Nunes, advogado especialista em direito eleitoral com atuação no Distrito Federal.

De acordo com a lei, a regra vale para os que “forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena”.

Nesse caso, como o trâmite de uma ação não é célere – há recursos, por exemplo – Bolsonaro pode ser proibido de disputar as eleições presidenciais de 2030. “Neste caso, embora as inelegibilidades não sejam cumulativas, o ex-presidente fica inelegível ultrapassando o período de oito anos contados das suas duas condenações que acarretaram sua inelegibilidade”, afirmou Nunes.

Quais são as próximas etapas judiciais após o indiciamento da PF?

Neste momento, o relatório final da PF sobre o caso das joias está sendo entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF). O rito estabelece que o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, deve encaminhar o documento para o Ministério Público Federal.

Cabe à Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar, em até 15 dias, sobre um eventual oferecimento de denúncia contra os investigados. O MPF é quem vai decidir se apresenta acusação formal à Justiça, que pode determinar a abertura de uma ação penal. O Ministério Público pode também pedir mais apurações, ou ainda arquivar o caso.

Desta forma, o indiciamento da PF não significa que o ex-presidente é culpado pela apropriação e tentativa de venda das joias. Apenas se a Justiça acatar a denúncia, Bolsonaro vira réu no processo que vai julgar os crimes. Nesta fase, serão ouvidas testemunhas de acusação e de defesa, a posição do MP e dos acusados e, só então, haverá o julgamento do caso.