terça-feira, 28 de maio de 2024

GOVERNO INTERROMPE A ALEMANHA DE CONTRATAR ENFERMEIROS BRASILEIROS

História de Redação – IstoÉ Dinheiro

Após pressão de Brasília, agência do governo alemão suspendeu seleção de enfermeiros brasileiros que desejam trabalhar no país europeu. Oportunidade de evolução profissional ou perda de trabalhadores qualificados?A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma comitiva de ministros a Berlim, em dezembro, teve elogios recíprocos e aprofundamento de parcerias, mas um tema provocou mal-estar entre os dois países: os esforços da Alemanha para atrair enfermeiros brasileiros.

O país europeu projeta um déficit de ao menos 280 mil enfermeiros nos próximos 25 anos, e uma das apostas de Berlim para preencher as vagas é contratar profissionais do exterior. Mas o ministro do Trabalho do Brasil, Luiz Marinho, não gostou da forma como a Alemanha vinha tentando atrair os brasileiros.

Ele reclamou com o ministro alemão do Trabalho, Hubertus Heil, em uma reunião privada entre os dois em Berlim em dezembro, e tornou pública a insatisfação no programa Café com o Presidente: “Estávamos com um problema relacionado com a intenção da Alemanha de trazer trabalhadores da enfermagem para trabalhar aqui na Alemanha. Mas não adotaram os procedimentos que nós tínhamos combinado”, disse.

Qual é o conflito

Marinho e Heil assinaram em junho de 2023, em Brasília, um memorando de entendimento para estabelecer uma cooperação futura entre os dois países sobre migração de mão de obra qualificada. Mas, antes disso, Berlim já tinha outros canais para atrair enfermeiros do Brasil, em especial por meio de iniciativas desde 2018 da Agência Federal de Emprego alemã (Bundesagentur für Arbeit – BfA), que assinou um acordo com o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) em junho de 2022 para aprofundar esse recrutamento.

O Ministério do Trabalho brasileiro disse à DW que tinha a expectativa de que, após a assinatura do memorando de entendimento, o governo federal alemão suspendesse as iniciativas para atração de enfermeiros brasileiros até que a cooperação fosse estabelecida. Marinho pressionou para que o acordo entre a BfA e o Cofen fosse suspenso, o que ocorreu no final de 2023.

A suspensão do acordo também havia sido solicitada pela Federação Nacional dos Enfermeiros, que representa 15 sindicatos estaduais da categoria.

Desde então, o Ministério do Trabalho, o Cofen e entidades que representam os enfermeiros seguem realizando conversas sobre o tema. Marinho conduziu em março uma reunião a respeito, mas não há previsão de se e quando será firmado um novo acordo com balizas para a migração de enfermeiros brasileiros para o país europeu.

A BfA suspendeu a partir de janeiro novos programas de seleção de enfermeiros brasileiros. Enquanto isso, Berlim segue procurando parcerias do tipo com outros países – em março, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, tratou do tema diretamente com o presidente da Filipinas, Ferdinand Marcos Jr.

Quais são os números

O Brasil tem 741 mil enfermeiros inscritos na atividade, além de 1,8 milhão de técnicos de enfermagem, segundo dados do Cofen. Os enfermeiros fazem curso de bacharelado, que dura cerca de cinco anos, enquanto os técnicos fazem uma formação de cerca de dois anos.

O país forma cerca de 50 mil novos enfermeiros por ano. Em 2022, segundo o Censo da Educação Superior feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 51.348 novos enfermeiros receberam o diploma. No mesmo ano, o Cofen registrou a inscrição de 49.489 novos enfermeiros na atividade – além de 133.992 novos técnicos de enfermagem.

Na Alemanha, a enfermagem é uma profissão de nível técnico, com formação de três anos e menor autonomia e complexidade nas tarefas hospitalares. Em junho de 2023, o país europeu tinha 1,2 milhões de enfermeiros na ativa, dos quais 140.329 (12%) não eram alemães. A participação de brasileiros vem crescendo, mas é muito baixa: 1.252 eram do Brasil, ou 0,1% do total, segundo dados da BfA.

Devido à natureza diferente da formação em enfermagem no Brasil e na Alemanha, a comparação direta entre os números de enfermeiros é problemática. Uma aproximação, também imprecisa, é comparar a soma de enfermeiros e técnicos de enfermagem no Brasil com o número de enfermeiros na Alemanha. Nesse cálculo, o Brasil tem 11,8 desses profissionais de saúde a cada mil habitantes, enquanto a Alemanha tem 14,2 enfermeiros a cada mil habitantes.

Em 2023, o governo alemão informou que tinha a intenção de atrair até 700 enfermeiros brasileiros por ano para trabalhar no país.

Como funciona a migração de enfermeiros

Durante a vigência do acordo com o Cofen, a BfA anunciava periodicamente processos seletivos para enfermeiros brasileiros que desejavam migrar para a Alemanha. Os candidatos selecionados recebiam curso de alemão gratuito e uma bolsa mensal de 500 euros mensais (R$ 2.800) pelo período de 8 a 12 meses, para se dedicar exclusivamente ao aprendizado do idioma, até obter o certificado do nível intermediário B1.

Os enfermeiros depois se mudavam para a Alemanha, com voo custeado pelo recrutador e um visto com duração de até três anos para reconhecimento parcial de formação profissional. Eles eram inicialmente contratados por hospitais alemães como assistentes de cuidados – em uma seleção realizada em agosto de 2023, o salário bruto para essa função era de 2.540 euros (R$ 14 mil).

Por até 12 meses, os enfermeiros seguiam realizando curso de alemão gratuito, para alcançar o nível B2, e acumulavam o trabalho como assistentes de cuidados com a preparação para o exame prático e teórico de reconhecimento do diploma na Alemanha. Os profissionais tinham até três anos após a chegada ao país para serem aprovados nesse exame e, então, serem contratados como enfermeiros. Se não concluíssem o processo no período, ficariam sem visto e precisariam retornar ao Brasil.

Os enfermeiros que desejam migrar para a Alemanha ainda podem seguir esse roteiro, porém sem a atuação da BfA e do Cofen, mas individualmente ou por meio de processos de agências de recrutamento privadas, como já ocorre há alguns anos.

Algumas dessas agências foram alvo no passado de denúncias de assédio moral e desrespeito de direitos de enfermeiros que migraram para a Alemanha – um dos motivos que levaram o governo alemão a buscar o acordo formal de cooperação.

Um dos problemas denunciados era a exigência, por alguns recrutadores, de que o candidato devolvesse o valor do curso de alemão, da passagem e dos procedimentos de reconhecimento de documentos se decidisse rescindir o contrato – o que criava altas dívidas em euro para os enfermeiros que não se adaptassem e decidissem voltar ao Brasil durante o processo. Essa prática havia sido proibida no acordo entre a BfA e o Cofen.

Cofen via “oportunidade” para quem desejasse morar fora

O Cofen afirmou à DW que assinou o convênio com a BfA após ter sido procurado pelas autoridades alemãs, e indicado como o órgão competente para tal pelos ministérios da Saúde e do Trabalho do então governo Jair Bolsonaro.

Alberto Cabral, assessor legislativo do Cofen, disse que o órgão via o acordo como vantajoso para a categoria, pois estabelecia cláusulas e direitos para os profissionais e facilitava o caminho para os que tinham vontade de ter uma experiência internacional.

“Uma oportunidade para enfermeiros que quisessem morar em outro país, com certeza de boa remuneração e com a possibilidade de se desenvolver pessoalmente e profissionalmente”, diz. Ele afirma que, na primeira rodada de seleção sob o acordo, havia 150 vagas e 5 mil currículos foram enviados.

“O Brasil tem uma capilaridade extraordinária de instituições de ensino superior e mão de obra excedente na enfermagem. Podemos contribuir com outras nações, assim como recebemos de outras, como pelo [programa] Mais Médicos reeditado no governo Lula”, disse Cabral.

Governo reclama de “perda de trabalhadores qualificados”

O Ministério do Trabalho brasileiro tem uma visão diferente. Maíra Lacerda, chefe da assessoria especial de assuntos internacionais da pasta, disse à DW que o Cofen, por não ser uma entidade sindical, não tinha legitimidade para assinar um acordo do tipo, e que o governo recebeu reclamações de enfermeiros que migraram para a Alemanha, citando problemas como o fato de os profissionais serem inicialmente contratados como assistentes de cuidado.

“A formação de enfermeiro é muito forte no Brasil, uma graduação longa, com residência. É claro que os trabalhadores têm direito de ir aonde quiserem, mas temos resistência a perder trabalhadores qualificados”, disse Lacerda. Ela também questionou o argumento do Cofen de que o Brasil teria excedente de enfermeiros.

“Se outros países estão precisando de pessoal qualificado, por que não pegam pessoas em locais de vulnerabilidade e dão formação e as levam para trabalhar lá? Por que vir aqui buscar um profissional que está pronto, formado, com investimento do governo brasileiro, e levar para lá sem contrapartida?”, questionou.

Sua declaração reflete uma visão majoritária no atual governo federal sobre a mobilidade internacional de trabalhadores. No final de abril, Lula também criticou a americana Boeing por contratar engenheiros brasileiros. “Não é honesto vir aqui e roubar nossos engenheiros, sem gastar um centavo para formá-los”, afirmou o presidente na ocasião.

A presidente da Federação Nacional dos Enfermeiros, Solange Caetano, disse à DW que o acordo “não era bom para os trabalhadores”. Ela criticou a falta de referências sobre a preparação para se adaptar a uma cultura diferente da brasileira, e o fato de o enfermeiro permanecer na Alemanha por até três anos aguardando a validação do diploma e, enquanto isso, trabalhando como cuidador, o que, segundo ela, seria “subemprego”.

Caetano também disse que não há desemprego na categoria, mas uma má distribuição dos profissionais, concentrados nos grandes centros urbanos e escassos nas áreas remotas. “Se o trabalhador quiser migrar, ok, a gente apoia desde que tenha condições garantidas, mas não estimulamos nem achamos que tem que ser estimulado.”

Alemanha: acordo oferecia migração “regulada, justa e ética”

A BfA afirmou à DW, por meio de nota, que “lamenta” a suspensão do acordo com o Cofen e entende que ele oferecia um mecanismo confiável para a “migração de trabalhadores de forma regulada, justa e ética, de acordo com padrões internacionais”.

A agência alemã ressaltou que não tem a intenção de provocar “fuga de cérebros” de outros países, que respeita as preocupações do governo brasileiro e que interrompeu novas iniciativas de recrutamento após a suspensão do acordo. A BfA afirmou ainda que recebeu indicações do governo brasileiro de que as conversas sobre uma nova cooperação seguirão no segundo semestre de 2024, mas não comenta negociações em andamento.

O Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais alemão afirmou à DW que considera de “alta prioridade” a implementação do memorando de entendimento com o Brasil sobre migração de mão de obra qualificada. “É importante promover um intercâmbio no qual os dois países, assim como seus trabalhadores, beneficiem-se, e por meio do qual a imigração de mão de obra do Brasil seja intensificada.”

A pasta ressalta que a maior parte da migração de trabalhadores ocorre de forma autônoma, por meio de canais privados de seleção, e que o governo alemão desenvolveu um selo de qualidade que obriga as agências privadas de recrutamento a conduzirem o processo de forma justa e transparente.

“Segurança financeira e moradia”

Yasmin Casini, de 32 anos, é uma enfermeira brasileira que decidiu migrar para o país europeu. Natural do Rio de Janeiro, ela se mudou em 2017 para Kiel, no norte da Alemanha, e relata à DW que a experiência teve “pontos positivos e negativos”.

Formada pela Universidade Federal Fluminense, ela teve dificuldades para se inserir no mercado de trabalho e estava há três anos desempregada quando viu o anúncio de uma empresa de recrutamento alemã. “Nunca tinha pensado em morar na Alemanha, não falava nada de alemão, mas me interessei”, diz.

Ela se inscreveu no processo, foi selecionada e fez curso de alemão por cinco meses no Brasil, pago pelo recrutador. Em Kiel, ela foi contratada por um salário de auxiliar de enfermagem até que passasse na prova de reconhecimento de diploma, o que levou sete meses no seu caso, e depois efetivou-se como enfermeira.

Nos sete anos em que mora na Alemanha, ela se casou – com o namorado brasileiro que tinha antes de se mudar – teve um filho e diz ter hoje uma vida “relativamente segura”. “Consigo prover para a minha família, tenho segurança e moradia, por isso não me vejo voltando para o Brasil, onde não consegui nem meu primeiro emprego.”

Mas nem tudo é simples, e ela também ressalta as dificuldades de morar em outro país. Ela diz ter sofrido episódios de xenofobia, inclusive no hospital onde trabalha, de colegas e de pacientes, como comentários de que brasileiros só saberiam “sambar e fazer carnaval” ou de que seu objetivo mesmo era “casar com um alemão”.

Ela vê com bons olhos a ideia de um acordo entre autoridades alemães e brasileiras que ofereça mais proteção a quem está chegando. E tem uma sugestão: que ele inclua a necessidade de orientar os candidatos sobre como lidar com a xenofobia e a quem recorrer nesses casos.

“Boa experiência internacional, mas decidi voltar”

Camila Ferreira, 31 anos, também migrou para trabalhar como enfermeira na Alemanha, mas voltou para o Brasil após três anos e meio. Formada em 2014, ela teve dificuldade para encontrar o primeiro emprego e conhecia uma tutora da residência que migrou para a Alemanha. Decidiu então seguir o mesmo caminho, em busca de uma “experiência internacional”.

Depois de seis meses de curso de alemão no Brasil, custeados pela recrutadora, ela se mudou em 2019 para Lübeck, no norte da Alemanha. Ferreira pontua que, na questão salarial, a Alemanha “está muito à frente do Brasil”, mas que o trabalho em si como enfermeira é mais básico. “No Brasil, é enfermeira que punciona a veia, instala a quimioterapia, coloca cateter. Na Alemanha, é o médico”, exemplifica.

Ela validou seu diploma oito meses após chegar em Lübeck e foi contratada como enfermeira, mas sentia que recebia um tratamento diferente por ser estrangeira e que passou a não tolerar mais “comentário xenófobo em tom de brincadeira”. “Talvez por eu ter ido para uma cidade pequena, isso tinha uma proporção maior. Mas foi o principal motivo que me fez voltar”, diz.

Em retrospectiva, ela afirma que a experiência também teve aspectos positivos, como “ter condições para visitar vários países e levar minha família para conhecê-los” e ampliar seu horizonte cultural. “Cresci como ser humano, financeiramente é muito bom, mas a sensação deles te lembrarem o tempo todo de que você não pertence àquele lugar faz muita gente querer desistir.”

Outro brasileiro com uma visão interna do setor na Alemanha é Luciano Rossetto, que trabalha como auxiliar de enfermagem há 11 anos no país. Hoje no Charité, em Berlim, ele diz que os hospitais alemães que contratam enfermeiros brasileiros costumam indicar mentores para os acompanharem na adaptação, mas que muitos não têm tempo suficiente para se dedicar a esse treinamento diante da alta pressão do ambiente hospitalar.

Ele também avalia que o nível intermediário B1 de alemão, com os quais os enfermeiros brasileiros hoje podem começar a trabalhar como assistentes de cuidado, é insuficiente para uma comunicação adequada e adiciona mais pressão na fase de chegada.

O post Busca por enfermeiros gera atrito entre Alemanha e Brasil apareceu primeiro em ISTOÉ DINHEIRO.

 

GOVERNO LULA OBRIGA OS CURSOS À DISTÂNCIA EAD A TER 50% DAS AULAS PRESENCIAIS

 

História de MARIANA BRASIL – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Educação, Camilo Santana, aprovou a diretriz que obriga os cursos de licenciatura e formação pedagógica a ter pelo menos metade da carga-horária presencial.

A decisão restringe os cursos online ao limite de até 50% de aulas remotas, conforme definição do CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão de assessoramento do MEC (Ministério da Educação).

A resolução do órgão foi publicada em abril deste ano, e desde então aguardava a homologação da pasta.

A confirmação das mudanças foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda-feira (27). A nova regra abarca cursos de nível superior de licenciatura, formação pedagógica para graduados não licenciados e de segunda licenciatura.

As alterações constam nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial em Nível Superior de Profissionais do Magistério da Educação Escolar Básica, aprovada pelo Conselho em março deste ano.

O documento prevê a divisão dos cursos em quatro núcleos: formação básica, formação específica da área de formação, estágio supervisionado e extensão.

A previsão da nova resolução é que, de uma carga total de 3.200 horas da graduação (em cursos com duração de, no mínimo, quatro anos), 1.600 horas devem ser obrigatoriamente presenciais, divididas da seguinte forma:

– 880 horas das atividades da parte de conhecimentos específicos (o que representa metade das 1.600 horas previstas nesse núcleo);

– 320 horas de atividades acadêmicas de extensão, desenvolvidas em escolas;

– 400 horas dedicadas ao estágio curricular supervisionado.

Desde 2023, o ministro e outros integrantes do governo Lula manifestavam resistência ao formato online, e a intenção inicial era proibir cursos para professores com 100% da carga horária nesses moldes.

À época, Camilo disse que iriam “reavaliar todos os cursos de educação a distância, não permitindo mais que cursos de licenciaturas sejam 100% EAD [educação a distância]”.

Apesar das críticas do ministro, essa modalidade representa a maior aposta de expansão do setor privado de educação superior. A formação de professores em licenciaturas a distância concentra 81% dos ingressantes, segundo o Censo do Ensino Superior de 2022, o mais recente.

As graduações online atendem parcela da população que mora em regiões distantes e não conseguiria fazer cursos totalmente presencial. A própria resolução cita pesquisas que indicam que os estudantes de licenciaturas são mais velhos e de famílias com baixo nível geral de escolarização.

Associações que representam o ensino superior a distância no país se manifestaram contra a homologação da definição desde março, quando o CNE aprovou as novas diretrizes.

DRONES UCRANIANOS ATACAM RADARES DE DEFESA NUCLEAR DA RÚSSIA

 

História de IGOR GIELOW – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Perdendo terreno no norte e no leste de seu território, o governo da Ucrânia adotou uma nova e arriscada tática no seu combate assimétrico contra a Rússia, passando a atacar radares da rede de proteção contra mísseis nucleares do país vizinho.

Como de costume, Kiev ainda não assume oficialmente a prática. Nesta segunda (27), contudo, vazou à imprensa ucraniana dados sobre um ataque ocorrido no domingo (26) contra a estação de radar de Orsk, na região de Orenburg (centro-sul da Rússia).

Os drones, segundo as informações extraoficiais, fizeram o mais distante ataque até aqui na guerra, voando 1.800 km. A Rússia não comentou o caso, mas blogueiros militares do país confirmaram que houve a ação, embora não tenham certeza acerca dos danos.

Não foi a primeira vez. Na sexta (24), imagens de satélite da empresa Planet Labs divulgadas pelo site americano The War Zone mostraram danos a uma outra estação, mas próxima da Ucrânia, na região de Krasnodar (sul russo).

Elas batiam com fotos divulgadas em redes sociais mostrando os enormes edifícios dos radares danificados. Não é preciso botá-los ao chão para inutilizar o sistema, dada a fragilidade dos componentes do equipamento.

A Rússia opera ao menos dez bases do sistema Voronej, batizado em homenagem a uma cidade próxima da fronteira ucraniana. Eles formam o guarda-chuva nuclear de Moscou, identificando lançamentos de mísseis balísticos a distâncias que podem chegar até a 10 mil km caso o alvo esteja em grande altitude, com um horizonte de ação ao nível do solo de 6.000 km.

“Se a Rússia bombardeia cidades ucranianas, não vejo por que razão é que a Ucrânia não há de bombardear cidades russas.

Eles começaram a ser implantados em 2009, com as mais recentes estações finalizadas em 2020, para substituir o antigo sistema soviético. Os EUA têm sistema semelhante, com maior grau de sofisticação segundo analistas. Ambos os países somam quase 90% das ogivas nucleares do mundo.

A tática ucraniana é arriscada. A doutrina nuclear atualizada por Vladimir Putin em 2020, prevê o emprego de armas atômicas em caso de ataques considerados existenciais à Rússia. É discutível se danos à rede que permite prever um ataque com mísseis nucleares se encaixa nessa definição.

Seja como for, os ataques vêm em um momento em que as cartas nucleares têm sido manuseadas com frequência. Putin realizou na semana passada exercícios com armas táticas, de emprego considerado limitado, em resposta à ameaça francesa de enviar tropas para a Ucrânia e às autorizações dadas por Reino Unido e EUA de uso de suas armas contra solo russo —um tabu até aqui.

A França entrou no jogo, fazendo na sequência o primeiro teste de um novo míssil para ataques nucleares lançado por um caça, também na semana passada.

Militares ucranianos afirmaram, de forma anônima, que os radares podem ser usados para identificar lançamentos de mísseis americanos ATACMS (Sistema de Míssil Tático do Exército, na sigla inglesa), cuja novo carregamento entregue a Kiev tem feito estragos contra alvos russos dentro da área ocupada da Ucrânia.

São radares difíceis de repor e caros. Em Orsk há radares do tipo Voronej-M, que operam na banda UHF e custam estimados R$ 170 milhões, enquanto em Armavir, a estação de Krasnodar, os modelos são Voronej-DM, que rastreiam em VHF, e custam R$ 280 milhões cada.

As ações ocorrem enquanto a Ucrânia perde terreno lentamente para os russos, que retomaram a iniciativa na guerra neste ano. Nesta segunda, o Ministério da Defesa em Moscou afirmou ter capturado mais uma cidade na região de Kharkiv (norte), a nova frente da invasão, e outra em Donetsk (leste).

Kiev não confirmou as perdas, mas elas seguem um padrão de desgaste lento em vários pontos de atrito entre suas forças e as de Putin, que invadiram a Ucrânia em 2022. No fim de semana, ao menos 16 pessoas morreram em um ataque russo que atingiu um supermercado de construção em Kharkiv.

LULA E BOLSONARO COBRAM CORELIGIONÁRIOS PARA MATER OS SEUS VETOS

 

História de THAÍSA OLIVEIRA E VICTORIA AZEVEDO – Folha de S.Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalham para manter os vetos presidenciais que estarão na pauta da sessão do Congresso Nacional desta terça-feira (28).

De um lado, o presidente tenta manter o veto à lei das saidinhas —garantindo o direito dos detentos. O petista afirmou a ministros e líderes do governo que a manutenção do veto é prioridade e pediu empenho na articulação política.

Aliados afirmam que essa preocupação de Lula se dá não só do ponto de vista de governo, mas também pessoal. Pessoas próximas ao presidente avaliam que, apesar de o projeto mirar as saídas temporárias em datas comemorativas, Lula se sensibiliza com o tema por ter vivido na pele as restrições de estar preso.

Amigos do petista lembram que ele foi impedido pela Justiça de ir ao enterro do irmão Vavá, em 2019, e reforçam a importância de ele ter sido liberado para participar do enterro do neto Arthur, poucos meses depois.

Do outro lado, Bolsonaro tenta manter seus próprios vetos ao texto da Lei de Segurança Nacional, que se arrasta na pauta desde 2021 por falta de consenso sobre temas como punição por fake news e aumento do tempo de condenação de militares por crimes contra o Estado de Direito.

Na semana passada, o ex-presidente participou de reunião da bancada ruralista para discutir estratégias.

Segundo um deputado bolsonarista presente na reunião, Bolsonaro pediu para que todos os parlamentares trabalhassem pela manutenção dos vetos à Lei de Segurança Nacional e colocassem um ponto final nas saídas temporárias de presos.

Apesar de o fim das saidinhas ter sido aprovado por ampla maioria nas duas Casas, parlamentares da base afirmam que, se houver uma força-tarefa do Palácio do Planalto, existe chance de manter o veto de Lula.

Segundo um membro do governo, três ministros foram escalados para fazer o corpo a corpo: Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-geral da União).

A mobilização também conta com o defensor público-geral federal, Leonardo Magalhães, diante do temor de que o fim das saidinhas aumente rebeliões e tentativas de fuga no sistema prisional. A extinção do direito também preocupa juízes, advogados e especialistas.

Antes da última sessão do Congresso, no dia 9, Lewandowski ligou para líderes partidários para falar sobre o tema. Apesar da iniciativa, parlamentares da base afirmam que a mobilização dos últimos dias foi tímida —sobretudo diante da gravidade e impopularidade do tema.

Na semana passada, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), organizou um jantar com um grupo de líderes do centrão da Câmara para tratar dos vetos. Padilha também compareceu.

Segundo relatos de dois participantes do encontro, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que a manutenção do veto é uma prioridade para o presidente e fez um apelo para que as bancadas fossem convencidas.

No encontro com líderes da Câmara também foi passada a orientação de que quem não puder votar pela manutenção do dispositivo por medo da reação eleitoral deve se ausentar da sessão –já que isso diminui o quórum da votação e ajuda a manter o veto.

Para que um veto seja derrubado é necessário maioria absoluta nas duas Casas (257 votos de deputados e 41 de senadores).

Um líder disse à reportagem que irá se empenhar para garantir a manutenção das saidinhas e avaliou que, se os parlamentares “trabalharem direitinho”, é possível que o Executivo saia vitorioso.

Reservadamente, porém, líderes do centrão dizem que entendem os argumentos técnicos, mas afirmam que o debate foi contaminado pela polarização política.

O relato é o de que, dentro das bancadas, há o receio de que votar pela manutenção do veto de Lula possa gerar desgastes com a opinião pública, ainda mais entre os pré-candidatos às eleições municipais de outubro.

Mesmo diante dos alertas feitos por especialistas sobre o risco de rebelião nos presídios, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos de Bolsonaro, afirma que o Congresso deve votar para extinguir o direito dos detentos.

“A sociedade não pode ficar refém de uma possível rebelião. Eu sei que, em uma rebelião, inocentes morrem. Nós temos gente recolhida por crimes leves, é essa a minha preocupação. Mas a saidinha não acabou com a progressão de pena.”

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE), relator da Lei de Segurança Nacional, afirma que a disseminação de notícias falsas sobre a tragédia no Rio Grande do Sul só reforça a importância de punir “comunicação enganosa em massa” —como dizia a lei antes do veto de Bolsonaro.

“Por que Bolsonaro está preocupado? Porque foi tudo o que eles fizeram durante quatro anos. E isso, a mobilização que fizeram usando a comunicação enganosa em massa, gerou uma tentativa de golpe.”

Os dois projetos de lei foram motivo de impasse entre governo e oposição na sessão do Congresso do dia 9. Na ocasião, Randolfe pediu que fosse retirado da pauta o veto da lei das saidinhas, diante de uma provável derrota do governo.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), líder da minoria no Congresso e filho mais velho de Bolsonaro, por sua vez, defendeu a manutenção da saidinha e a retirada dos vetos da Lei de Segurança Nacional, também temendo derrota.

Ao final, foi firmado um acordo proposto pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que os dois temas saíssem da pauta e fossem analisados na sessão desta terça —dando mais tempo para que as matérias fossem discutidas internamente entre os parlamentares.

A avaliação entre governistas e oposição, no entanto, é a de que não haverá um acordo sobre as matérias e que esses dois vetos serão decididos no voto em plenário.

BATER METAS E ALCANÇAR OBJETIVOS INTERNOS PODEM TER MAIOR AUXÍLIO COM OS AVANÇOS TECH DA IA

Tiago Sanches, head de vendas da Total IP.

Bater metas e alcançar objetivos internos pode ter maior auxílio com os avanços tech, mas ainda precisa de uma estratégia humana por trás.

A Inteligência Artificial (IA) apresenta enorme potencial de auxílio na sociedade. Principalmente pensando em atividades repetitivas, com alta necessidade de tempo de pesquisa, a ferramenta consegue facilitar o processo e gerar elevação da produtividade. Todavia, por se tratar de uma máquina, atua gerida pelo ser humano, sendo imprescindível maior conhecimento do tema, assim como reestruturação das demandas.

O conceito de entradas e saídas também se aplica para Objectives and Key Results e outras tarefas. “É crucial contar com investimentos iniciais positivos para resgatar frutos esperados. Essa é, inclusive, a maior dificuldade de quem começa sua jornada com as OKRs, limitando a chance de alcançar os objetivos sonhados”, explica Tiago Sanches, head de vendas da Total IP.

OKR e IA

Assim como qualquer outra ação, quando se é pouco entendido do assunto, há um impasse. Logo, antes de tudo, precisa-se ter em mente os principais pontos agregados com as OKRs: planejamento, alinhamento, concentração e dedicação em propósitos exponenciais. “No geral, essas metas serão alcançadas quando houver uma modificação nas formas de relacionamento. Associando esse aspecto com a IA, pode acontecer um amparo em alguns quesitos, mas não cria conexão ao redor da finalidade. É justamente esse engajamento uma peça importante na rotina corporativa”, pontua o especialista.

Quando existe um empecilho, o ideal é priorizar e executar atos estratégicos. De fato, com a alternativa, a mensagem pode ser facilitada, mas é indispensável não se prender exclusivamente apenas a esse meio tech. O Omni Robô e Chat da Total IP, por exemplo, atua com ou sem a inserção da Inteligência Artificial, integrada a diversas API’s. Com ele, é viável atender aos clientes em vários canais com respostas similares, independentemente do contato ter sido realizado por WhatsApp, voz, webchat ou e-mail.

“É compreensível existirem ressalvas sobre a vanglorização de um mecanismo tão recente como a IA, apesar dela, de fato, aprimorar o cotidiano empresarial. Todavia, não haverá uma substituição pelos seres humanos, continuaremos sendo especificamente necessários, assim como métricas internas”, afirma Sanches. Logo, para o gestor, é interessante avaliar diversos tipos de ferramentas disponíveis no mercado e utilizar da tecnologia completamente a favor dos intuitos de cada ambiente.

O auxílio de robôs para acompanhamento de resultados

Os Objectives and Key Results medem resultados chaves, aliando ao crescimento corporativo, pois unem valores de uma companhia com sua estratégia de atuação. Esse procedimento gera transparência, autonomia, engajamento e comunicação. No geral, mostra de forma didática onde se quer chegar, facilitando a definição de iniciativas para aquele fim, algo inspirador e palpável. Para ter sucesso nessa construção, algumas dicas fazem a diferença:

    Cultura interna bem definida: os pontos analisados precisam estar intrínsecos na organização, visando comprometimento.

    Calma e paciência: no acompanhamento, é indispensável flexibilidade, revisando as questões para um alinhamento total.

    Sinceridade: independentemente da plataforma usada para expor essas informações, precisa ser acessível para todos;

    Evolução: o acompanhamento crítico e constante é crucial para entender como anda, quais precisam de adaptação, onde se dedicar mais, etc. 

    Segurança: causar pressão não é uma boa alternativa, é significativo tratar o tema com responsabilidade e confiança, sabendo ouvir opiniões.

Andando ao lado das OKRs, encontramos também o Net Promoter Score, outra avaliação a qual pode ser dificultada, pois essa lida diretamente com o público. “A ideia é saber e entender a visão do consumidor sobre o seu negócio. Como uma pesquisa de satisfação. A partir disso se constrói um balanço pessoal da entidade para inserir uma posição referente a esse contato, diretamente ligado ao atendimento”, esclarece o gestor.

Por se tratar de uma ligação direta com os usuários e seu parecer, apresenta desafios ímpares, amparados pelos Robôs Dinâmicos. A famosa URA (Unidade de Resposta Audível), já era conhecida e agora está ainda mais sofisticada, podendo ser criada de um jeito dinâmico em tempo real, com inúmeras funcionalidades e controles. Entre elas, ao final da chamada, transfere-se aquele interessado a um robô de voz e o operador não consegue desligar.

“Com isso, há uma noção das respostas por relatório, com quantidade, pessoa, data, hora, status avaliador. A partir da escolha do ativo em conjunto, ainda se realiza telefonemas automáticos, contribuindo com o NPS”, finaliza Sanches. Assim, finalizar o ano como o sonhado e previsto logo no início se torna muito mais simples, com a ajuda tech e inovadora.

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Um ecossistema empresarial abrangente:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço reúne empresas locais de diversos setores em um só lugar. Com uma interface intuitiva, os usuários podem facilmente encontrar e se conectar com fornecedores, parceiros comerciais e clientes potenciais na região. A plataforma oferece uma ampla gama de categorias de negócios, desde indústrias tradicionais até empresas inovadoras, garantindo que todos os empreendedores encontrem as oportunidades certas para expandir seus negócios.

Notícias e insights atualizados:

Além de ser um diretório empresarial, o Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece um fluxo contínuo de notícias e insights relevantes para os empresários da região. Através de parcerias com veículos de comunicação locais e especialistas em negócios, a plataforma mantém os usuários informados sobre as últimas tendências, oportunidades de mercado, mudanças regulatórias e eventos relevantes. Essas informações valiosas ajudam os empresários a tomar decisões informadas e a se manterem à frente da concorrência.

Diversão e engajamento:

Sabemos que a vida empresarial não é só trabalho. O Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece uma seção de entretenimento e lazer, onde os usuários podem descobrir eventos locais, pontos turísticos, restaurantes e muito mais. Essa abordagem holística permite que os empresários equilibrem o trabalho e a diversão, criando uma comunidade unida e fortalecendo os laços na região.

Foco no empreendedorismo:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço é uma plataforma que nutre o espírito empreendedor. Além de fornecer informações e recursos valiosos, também oferece orientação e suporte para os empresários que desejam iniciar seus próprios negócios. Com seções dedicadas a tutoriais, estudos de caso inspiradores e conselhos de especialistas, o marketplace incentiva e capacita os empreendedores a alcançarem seus objetivos.

Geração de leads para os empresários:

Uma das maiores vantagens do Marketplace Valeon do Vale do Aço é a capacidade de gerar leads qualificados para os empresários. Com um público-alvo altamente segmentado, a plataforma oferece a oportunidade de se conectar diretamente com potenciais clientes interessados nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas cadastradas. Isso significa que os empresários podem aumentar sua visibilidade, expandir sua base de clientes e impulsionar suas vendas de forma eficiente.

Conclusão:

O Vale do Aço é uma região cheia de oportunidades e empreendedorismo, e o Marketplace Valeon do Vale do Aço se torna um recurso indispensável para os empresários locais. Ao oferecer um ecossistema empresarial abrangente, notícias atualizadas, diversão, suporte ao empreendedorismo e a geração de leads qualificados, o Marketplace Valeon se destaca como uma ferramenta poderosa para impulsionar os negócios na região. Não perca a chance de fazer parte dessa comunidade dinâmica e descubra o poder do Marketplace Valeon do Vale do Aço para o seu sucesso empresarial.

A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a atenção para as seguintes questões:

• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.

• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas

para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.

• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.

• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.

• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação, vendas, etc.

• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:

a) Digitalização dos Lojistas;

b) Apoio aos lojistas;

c) Captura e gestão de dados;

d) Arquitetura de experiências;

e) Contribuição maior da área Mall e mídia;

f) Evolução do tenant mix;

g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;

h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;

i) Convergência do varejo físico e online;

j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;

k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;

l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;

m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.

Vantagens competitivas da Startup Valeon:

• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.

• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do Aço para os nossos serviços.

• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.

• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.

• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia, inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.

• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Proposta:

Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.

Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços, telefone, WhatsApp, etc.

O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/)  tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 235.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 5.800.000 de visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

MACHISMO NO STF E NO CONGRESSO EM BRASÍLIA

 

Agência Públic

Era início da década de 1970 quando uma jovem advogada saiu do Rio de Janeiro rumo a Brasília para participar de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Trajando roupa social, composta por blazer e calça comprida, a mulher vinha desempenhar um papel de destaque na sessão que participaria. No plenário da Corte faria uma sustentação oral, isto é, quando advogados falam diante dos ministros para defender réus daquele processo. Mas o julgamento teve início antes mesmo dela entrar no plenário da Suprema Corte brasileira: a advogada teria sido barrada pelos seguranças por estar usando calças e não vestidos ou saias, que eram as vestimentas consideradas adequadas para mulheres que frequentavam o STF naquela época. Alguns funcionários mais antigos dizem que a mulher chegou a tirar as calças e entrar só de blazer e calcinha. Outros dizem que a afronta não atingiu tamanha proporção. A história foi virando uma lenda e, mesmo sem comprovações oficiais do episódio, pode ser ouvida nos corredores e gabinetes do Supremo.

Lenda ou não, nos anos que se seguiram ao suposto episódio até os dias atuais, o STF acumulou diversas outras situações de mulheres que foram impedidas de entrar por não estarem vestidas “de forma adequada”. A instituição não foi a única, nem o Judiciário o único poder da República, que manteve a exigência de vestidos e saias para mulheres em suas dependências mesmo após décadas de aceitação da sociedade brasileira ao uso de calças compridas femininas.

O cenário só começou a mudar em 1997. Ao menos no papel.

Naquele ano, o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, autorizou que mulheres utilizassem calças compridas no plenário, salas de comissões e outros locais de circulação da Casa. 

Eleita senadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) no ano seguinte, em 1998, Heloísa Helena foi uma das primeiras parlamentares a colocar em prática a medida e tornar habitual o uso de calças femininas: “antes tarde do que nunca”, respondeu ao ser indagada pela Agência Pública sobre o assunto. A ex-parlamentar lembra que 20 anos antes, em 1978, quando uma mulher assumiu pela primeira vez uma cadeira no Senado, sequer existia banheiro feminino no plenário, construído somente em 2016.

Na esteira do que acontecia no Legislativo, no Supremo, os anseios pela liberação do uso de calças para mulheres já não se ancoravam apenas em longínquas histórias ou lendas sobre as vestimentas femininas no local, mas na realidade das servidoras da Corte, que decidiram se unir no início do ano 2000 para pleitear a autorização da vestimenta. Um ofício assinado por 63 servidoras foi enviado ao gabinete do então presidente do Tribunal, ministro Carlos Velloso.

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte© Fornecido por Agência Pública

Uma familiar de uma servidora da época, uma advogada – que preferiu não se identificar – contou que, curiosamente, naquele momento foi constatado que não havia de fato uma norma que proibisse mulheres de usar calças. “Uma regra oculta, não sei. Ninguém sabia explicar, mas o regramento oficial só previa normas sobre roupas masculinas”, disse a advogada. Ela relatou ainda que há poucos anos, quando ainda era estudante de Direito, foi barrada em uma visita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por estar usando “calça muito justa, que parecia legging”. Segundo ela, a análise da roupa foi feita por um segurança que passava no segundo andar do prédio onde acontecem os julgamentos.     

A mobilização das servidoras ganhou força e foi endossada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No processo, as trabalhadoras do Tribunal alegavam que a limitação do vestuário representava um “cerceamento do direito à liberdade das mulheres”, garantido pelo ordenamento jurídico e pela Constituição Federal. A OAB falava em “postura discriminatória”. 

O Ministério Público Federal (MPF), por outro lado, se manifestou contra a liberação do uso de calças para mulheres. Ronaldo Bomfim dos Santos, subprocurador-geral que atuou no caso, defendeu que as roupas “distinguiam os personagens” e que a saia estava para a mulher assim como o terno e gravata estavam para o homem, a toga para o juiz, a batina para o padre e o uniforme para o militar. Em sua manifestação, o subprocurador recorreu ainda a dogmas religiosos cristãos para defender a permanência da obrigatoriedade de saias e vestidos: “Se Deus não fez o homem e mulher iguais é porque não quer que os sejam iguais”.

Mas o apelo das servidoras foi atendido, por maioria de votos. Assim, três anos após o Senado, em 2000, o STF autorizou que mulheres usassem calças compridas, além dos vestidos ou saias, mas não sem o uso obrigatório de blazer compondo o ‘dress code’.

A decisão foi tomada em uma sessão administrativa, ocorrida em 3 de maio de 2000, onde só ministros homens votaram. Isso porque, até aquele momento, em mais de um século de existência, nenhuma mulher tinha ocupado uma cadeira de ministra do Supremo – o que mudou meses depois, no final do mesmo ano 2000, quando Ellen Gracie foi empossada ministra.

No meio jurídico, quando a Suprema Corte do Judiciário toma uma decisão, diz que se abre um precedente para que os demais tribunais do país sigam a mesma linha. Nesse caso, porém, isso não ocorreu. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pioneiro no tema, já não impunha que mulheres usassem só vestidos e saias. No Tribunal Superior do Trabalho (TST) e no STJ a autorização ocorreu depois, mas o assunto ainda rende discussões e, de tempos em tempos, mudanças nas normas sobre vestimentas.    

No STJ, a mudança mais recente no código de vestimentas foi aprovada em fevereiro deste ano e gerou muita polêmica. Entre as peças proibidas estavam calças justas tipo legging, blusas sem manga e cropped (peça que deixa parte da barriga à mostra). A nova regra não durou muito. Dois meses depois, em abril, foi suspensa pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, que também é ministro no STJ. Salomão alegou que as exigências poderiam constranger o público feminino.

Direito adquirido não foi direito garantido

Seis anos após o STF permitir que mulheres usassem calças compridas, além de vestidos e saias, trabalhadoras, jornalistas e até visitantes que chegavam ao local continuavam sendo barradas. Ex-assessoras e jornalistas que estavam frequentemente na Corte contaram à Pública que as regras, por vezes, eram subjetivas e determinadas pela segurança ou cerimonial.

Em 2006, já senadora pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), a mesma Heloísa Helena, citada no início da reportagem, causou desconforto no Supremo. Conhecida por usar calças jeans e camiseta no plenário do Senado, ela foi ao STF acompanhar o julgamento de uma ação proposta pelo seu partido. Vestindo seu “look” trivial de sempre, a parlamentar só não foi barrada por recomendação da ministra Ellen Gracie. Ao ser questionada por jornalistas, a senadora disse aos jornalistas que não sabia da regra sobre as roupas. 

episódio foi noticiado pela imprensa e efervescia outra vez a discussão sobre a patrulha das vestimentas de mulheres, que começaram a levar reclamações para ministros, em conversas informais. Meses após o episódio do jeans, a tradição foi quebrada.

Menos de um ano após sua posse como ministra do STF, ocorrida em 21 de junho de 2006, Cármen Lúcia – a segunda mulher a ocupar uma cadeira no Tribunal – decidiu colocar em prática a regra deliberada sete anos antes. A ministra tinha ouvido queixas de mulheres que davam expediente na Corte e as reclamações iam desde tamanho de vestido ou saia até a cor da roupa.

Segundo contou à Pública, em 14 de março de 2007 ela estava “determinada a quebrar com o protocolo arcaico e obsoleto”. Cármen avisou aos pares que no dia seguinte iria para o trabalho de calças compridas. E assim o fez. O anúncio atraiu olhares e deixou a imprensa preparada para os registros. A ministra chegou ao plenário usando um terninho preto e foi a primeira vez que uma mulher ministra participou da sessão e votou usando calças compridas.

Uma jovem advogada – com seus trinta e poucos anos – que assistia a sessão e testemunhou tudo, descreveu o momento como “um dia de muita emoção” e disse que algumas mulheres que lá estavam tiveram vontade de aplaudir Cármen Lúcia: “Com muita alegria eu estava lá quando a primeira mulher entrou vestindo uma calça comprida. Ela não foi a primeira ministra da Suprema Corte, mas foi a que fez a diferença. É sempre importante a gente tentar fazer a diferença nos espaços que atua. Naquele dia, a ministra Cármen Lúcia liberou as mulheres do Brasil todo para se vestirem de forma digna, mas de calça. Uma coisa que chegou com 100 anos de atraso”.

O gesto da ministra Cármen Lúcia entrou para a história e ilustrou capas de jornais. Mas, na prática, a ruptura com o antigo código de vestimenta foi sendo conquistada aos poucos, ao longo dos anos. A mesma advogada que foi espectadora daquele momento foi proibida, tempos depois, de entrar no plenário pois a manga curta do blazer deixava à mostra quatro centímetros do seu punho: “Fui barrada uma vez no plenário do Supremo porque minha calça era um pouco curta e aparecia o calcanhar, e meu blazer era curto e aparecia meu punho. E o segurança mediu e disse que aparecia mais de 4 centímetros do meu punho e eu não poderia entrar no Tribunal. Tentei alegar que estava na moda, que a então presidente Dilma Rousseff usava um modelo parecido, mas não adiantou. Tive que trocar de roupa com minha estagiária porque eu ia fazer uma sustentação oral e não poderia faltar”.  

Tentar fazer a diferença, no menor espaço que seja, foi o lema que conduziu a advogada Daniela em sua trajetória profissional até 2023, quando chegou a vez dela ser protagonista da história. Passados 16 anos, o blazer e a calça, milimetricamente medidos, foram substituídos pela toga e Daniela Teixeira passou a ser ministra do Superior Tribunal de Justiça.

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete© Fornecido por Agência Pública

Congresso não estava preparado para receber mulheres

O fato de o Judiciário ter sido, de todos os três Poderes, aquele que mais demorou para romper com a rigidez e exigências sobre o dress code feminino, não deu às mulheres eleitas no Legislativo uma vida mais fácil.

Benedita da Silva (PT-RJ) conta que quando chegou na Câmara para seu primeiro mandato, como deputada Constituinte, não havia banheiros femininos. “A primeira dificuldade que nós encontramos foi no plenário da Câmara, que não tinha banheiro feminino. Isso era muito sério”. 

O plenário da Câmara ganhou seu primeiro banheiro feminino somente em 1987, ou seja, 27 anos depois de sua inauguração. “Mas nós também tivemos dificuldade de ter a residência funcional, porque muitos deputados que não eram reeleitos já passavam o apartamento para outros homens recém eleitos. Eu, por exemplo, levei um tempo para conseguir”, afirmou Benedita.

Ela ressalta que a presença de mais mulheres, sobretudo mulheres negras, foi mudando o cenário com o tempo e trouxe uma diversidade positiva para o Congresso. “Eu sempre procurei ter uma boa vestimenta, mas tudo era dentro das minhas condições financeiras. Hoje nós temos mais mulheres negras que se vestem igual a mim na Câmara. E [a mudança] vai do cabelo até o modo de se vestir, de andar e falar, porque temos diversidade”.

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso© Fornecido por Agência Pública

Ainda assim, a deputada que já está em seu sexto mandato conta que presenciou situações recentes em que colegas parlamentares foram barradas por não estarem “se vestindo adequadamente”. “Vi mais situações fora, de nós irmos para o Supremo, e dizerem que mulher de calça e sem blazer não podia entrar. Eu vi uma cena com a Jandira Feghali [deputada federal pelo PCdoB do Rio] sendo barrada por estar sem blazer. Ela disse para o segurança que nunca tinha usado isso na vida, que nunca gostou, e a gente teve que fazer uma ‘guerrinha’ lá para conseguir entrar”.

Da construção do primeiro banheiro feminino à aceitação de calças

•⁠  ⁠1987: deputadas pressionam e conquistam a construção de um banheiro feminino no plenário e flexibilização nas regras de vestimentas;

•⁠  ⁠1997: Senado passa a aceitar que mulheres usem calças no plenário e outros espaços da Casa;

•⁠  ⁠2000: após processo movido por servidoras do STF, o Tribunal também passa a aceitar o uso de calças compridas para mulheres, mas com a obrigatoriedade do uso de blazer;

•⁠  ⁠2007: ministra Cármen Lúcia usa calças em sessão, tornando-se a primeira mulher da Corte a usar a vestimenta no plenário;

•⁠  ⁠2016: Sob a pressão de mulheres parlamentares, Senado instala o primeiro banheiro feminino em seu plenário.

Ministras do TSE: “patrulha maior com mulheres negras” 

Edilene Lôbo e Vera Lúcia, ministras do TSE, alertam que a “patrulha da moda” atua de forma ainda mais rigorosa com mulheres negras. As duas foram as primeiras mulheres negras a assumir uma cadeira de ministra na Corte Eleitoral.

“Já me pararam na entrada do TJDFT [Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios], onde eu ia sempre, seja para checar a roupa, pelo jeito que estava o meu cabelo. Os seguranças me conheciam, mas não me viam como advogada”, contou à Pública a ministra Vera.

A ministra Edilene levanta a questão de que as regras rígidas sobre vestuário dificultam não somente o acesso das mulheres aos espaços de poder, como também da população mais pobre. 

A dificuldade citada pela ministra se revela em dados registrados por órgãos oficiais, que mostram a desigualdade e sub-representação. Em cargos eletivos, seja no Legislativo ou Executivo, dados do TSE mostram que de presidente da República a vereador, nenhum cargo atinge uma porcentagem equilibrada de homens e mulheres entre os ocupantes. O que mais se equilibra é o de segundo suplente de senador, com 44% de mulheres.

No Judiciário a situação se repete. A última pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o perfil sociodemográfico dos magistrados brasileiros, em 2018, mostrou que em nenhum dos cargos do Poder Judiciário a quantidade de mulheres atingiu a porcentagem de 50%. O maior equilíbrio ocorre entre juízes substitutos, primeiro cargo da carreira, com 44% de mulheres no posto. À medida que a carreira evolui, a quantidade de mulheres diminui consideravelmente. Atualmente, a instância mais alta da Justiça brasileira, o STF, possui 11 ministros, sendo 10 homens e apenas uma mulher. 

O presidente Lula foi bastante cobrado nas duas últimas oportunidades que teve de indicar novos membros para a Corte – quando Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentaram. Movimentos sociais, diversas entidades, organizações da sociedade civil e até parte da base governista reivindicaram a indicação de mulheres, sobretudo de uma mulher negra – fato que seria inédito no Supremo. No entanto, Lula acabou optando por indicar homens para as duas vagas.

No último 8 de março, dia Internacional da Mulher, a ministra Cármen Lúcia foi categórica ao afirmar no plenário do Supremo que a possibilidade de construção conjunta muitas vezes foi negada às mulheres. A magistrada conclui com uma frase forte, em referência a diversas violências que a mulher ainda sofre na sociedade: “Dizem que fomos silenciosas historicamente. Mentira! Nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas”.

História de Karla Gamba

Agência Públic

Era início da década de 1970 quando uma jovem advogada saiu do Rio de Janeiro rumo a Brasília para participar de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Trajando roupa social, composta por blazer e calça comprida, a mulher vinha desempenhar um papel de destaque na sessão que participaria. No plenário da Corte faria uma sustentação oral, isto é, quando advogados falam diante dos ministros para defender réus daquele processo. Mas o julgamento teve início antes mesmo dela entrar no plenário da Suprema Corte brasileira: a advogada teria sido barrada pelos seguranças por estar usando calças e não vestidos ou saias, que eram as vestimentas consideradas adequadas para mulheres que frequentavam o STF naquela época. Alguns funcionários mais antigos dizem que a mulher chegou a tirar as calças e entrar só de blazer e calcinha. Outros dizem que a afronta não atingiu tamanha proporção. A história foi virando uma lenda e, mesmo sem comprovações oficiais do episódio, pode ser ouvida nos corredores e gabinetes do Supremo.

Lenda ou não, nos anos que se seguiram ao suposto episódio até os dias atuais, o STF acumulou diversas outras situações de mulheres que foram impedidas de entrar por não estarem vestidas “de forma adequada”. A instituição não foi a única, nem o Judiciário o único poder da República, que manteve a exigência de vestidos e saias para mulheres em suas dependências mesmo após décadas de aceitação da sociedade brasileira ao uso de calças compridas femininas.

O cenário só começou a mudar em 1997. Ao menos no papel.

Naquele ano, o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, autorizou que mulheres utilizassem calças compridas no plenário, salas de comissões e outros locais de circulação da Casa. 

Eleita senadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) no ano seguinte, em 1998, Heloísa Helena foi uma das primeiras parlamentares a colocar em prática a medida e tornar habitual o uso de calças femininas: “antes tarde do que nunca”, respondeu ao ser indagada pela Agência Pública sobre o assunto. A ex-parlamentar lembra que 20 anos antes, em 1978, quando uma mulher assumiu pela primeira vez uma cadeira no Senado, sequer existia banheiro feminino no plenário, construído somente em 2016.

Na esteira do que acontecia no Legislativo, no Supremo, os anseios pela liberação do uso de calças para mulheres já não se ancoravam apenas em longínquas histórias ou lendas sobre as vestimentas femininas no local, mas na realidade das servidoras da Corte, que decidiram se unir no início do ano 2000 para pleitear a autorização da vestimenta. Um ofício assinado por 63 servidoras foi enviado ao gabinete do então presidente do Tribunal, ministro Carlos Velloso.

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte© Fornecido por Agência Pública

Uma familiar de uma servidora da época, uma advogada – que preferiu não se identificar – contou que, curiosamente, naquele momento foi constatado que não havia de fato uma norma que proibisse mulheres de usar calças. “Uma regra oculta, não sei. Ninguém sabia explicar, mas o regramento oficial só previa normas sobre roupas masculinas”, disse a advogada. Ela relatou ainda que há poucos anos, quando ainda era estudante de Direito, foi barrada em uma visita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por estar usando “calça muito justa, que parecia legging”. Segundo ela, a análise da roupa foi feita por um segurança que passava no segundo andar do prédio onde acontecem os julgamentos.       

A mobilização das servidoras ganhou força e foi endossada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No processo, as trabalhadoras do Tribunal alegavam que a limitação do vestuário representava um “cerceamento do direito à liberdade das mulheres”, garantido pelo ordenamento jurídico e pela Constituição Federal. A OAB falava em “postura discriminatória”. 

O Ministério Público Federal (MPF), por outro lado, se manifestou contra a liberação do uso de calças para mulheres. Ronaldo Bomfim dos Santos, subprocurador-geral que atuou no caso, defendeu que as roupas “distinguiam os personagens” e que a saia estava para a mulher assim como o terno e gravata estavam para o homem, a toga para o juiz, a batina para o padre e o uniforme para o militar. Em sua manifestação, o subprocurador recorreu ainda a dogmas religiosos cristãos para defender a permanência da obrigatoriedade de saias e vestidos: “Se Deus não fez o homem e mulher iguais é porque não quer que os sejam iguais”.

Mas o apelo das servidoras foi atendido, por maioria de votos. Assim, três anos após o Senado, em 2000, o STF autorizou que mulheres usassem calças compridas, além dos vestidos ou saias, mas não sem o uso obrigatório de blazer compondo o ‘dress code’.

A decisão foi tomada em uma sessão administrativa, ocorrida em 3 de maio de 2000, onde só ministros homens votaram. Isso porque, até aquele momento, em mais de um século de existência, nenhuma mulher tinha ocupado uma cadeira de ministra do Supremo – o que mudou meses depois, no final do mesmo ano 2000, quando Ellen Gracie foi empossada ministra.

No meio jurídico, quando a Suprema Corte do Judiciário toma uma decisão, diz que se abre um precedente para que os demais tribunais do país sigam a mesma linha. Nesse caso, porém, isso não ocorreu. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pioneiro no tema, já não impunha que mulheres usassem só vestidos e saias. No Tribunal Superior do Trabalho (TST) e no STJ a autorização ocorreu depois, mas o assunto ainda rende discussões e, de tempos em tempos, mudanças nas normas sobre vestimentas.    

No STJ, a mudança mais recente no código de vestimentas foi aprovada em fevereiro deste ano e gerou muita polêmica. Entre as peças proibidas estavam calças justas tipo legging, blusas sem manga e cropped (peça que deixa parte da barriga à mostra). A nova regra não durou muito. Dois meses depois, em abril, foi suspensa pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, que também é ministro no STJ. Salomão alegou que as exigências poderiam constranger o público feminino.

Direito adquirido não foi direito garantido

Seis anos após o STF permitir que mulheres usassem calças compridas, além de vestidos e saias, trabalhadoras, jornalistas e até visitantes que chegavam ao local continuavam sendo barradas. Ex-assessoras e jornalistas que estavam frequentemente na Corte contaram à Pública que as regras, por vezes, eram subjetivas e determinadas pela segurança ou cerimonial.

Em 2006, já senadora pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), a mesma Heloísa Helena, citada no início da reportagem, causou desconforto no Supremo. Conhecida por usar calças jeans e camiseta no plenário do Senado, ela foi ao STF acompanhar o julgamento de uma ação proposta pelo seu partido. Vestindo seu “look” trivial de sempre, a parlamentar só não foi barrada por recomendação da ministra Ellen Gracie. Ao ser questionada por jornalistas, a senadora disse aos jornalistas que não sabia da regra sobre as roupas. 

episódio foi noticiado pela imprensa e efervescia outra vez a discussão sobre a patrulha das vestimentas de mulheres, que começaram a levar reclamações para ministros, em conversas informais. Meses após o episódio do jeans, a tradição foi quebrada.

Menos de um ano após sua posse como ministra do STF, ocorrida em 21 de junho de 2006, Cármen Lúcia – a segunda mulher a ocupar uma cadeira no Tribunal – decidiu colocar em prática a regra deliberada sete anos antes. A ministra tinha ouvido queixas de mulheres que davam expediente na Corte e as reclamações iam desde tamanho de vestido ou saia até a cor da roupa.

Segundo contou à Pública, em 14 de março de 2007 ela estava “determinada a quebrar com o protocolo arcaico e obsoleto”. Cármen avisou aos pares que no dia seguinte iria para o trabalho de calças compridas. E assim o fez. O anúncio atraiu olhares e deixou a imprensa preparada para os registros. A ministra chegou ao plenário usando um terninho preto e foi a primeira vez que uma mulher ministra participou da sessão e votou usando calças compridas.

Uma jovem advogada – com seus trinta e poucos anos – que assistia a sessão e testemunhou tudo, descreveu o momento como “um dia de muita emoção” e disse que algumas mulheres que lá estavam tiveram vontade de aplaudir Cármen Lúcia: “Com muita alegria eu estava lá quando a primeira mulher entrou vestindo uma calça comprida. Ela não foi a primeira ministra da Suprema Corte, mas foi a que fez a diferença. É sempre importante a gente tentar fazer a diferença nos espaços que atua. Naquele dia, a ministra Cármen Lúcia liberou as mulheres do Brasil todo para se vestirem de forma digna, mas de calça. Uma coisa que chegou com 100 anos de atraso”.

O gesto da ministra Cármen Lúcia entrou para a história e ilustrou capas de jornais. Mas, na prática, a ruptura com o antigo código de vestimenta foi sendo conquistada aos poucos, ao longo dos anos. A mesma advogada que foi espectadora daquele momento foi proibida, tempos depois, de entrar no plenário pois a manga curta do blazer deixava à mostra quatro centímetros do seu punho: “Fui barrada uma vez no plenário do Supremo porque minha calça era um pouco curta e aparecia o calcanhar, e meu blazer era curto e aparecia meu punho. E o segurança mediu e disse que aparecia mais de 4 centímetros do meu punho e eu não poderia entrar no Tribunal. Tentei alegar que estava na moda, que a então presidente Dilma Rousseff usava um modelo parecido, mas não adiantou. Tive que trocar de roupa com minha estagiária porque eu ia fazer uma sustentação oral e não poderia faltar”.  

Tentar fazer a diferença, no menor espaço que seja, foi o lema que conduziu a advogada Daniela em sua trajetória profissional até 2023, quando chegou a vez dela ser protagonista da história. Passados 16 anos, o blazer e a calça, milimetricamente medidos, foram substituídos pela toga e Daniela Teixeira passou a ser ministra do Superior Tribunal de Justiça.

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete© Fornecido por Agência Pública

Congresso não estava preparado para receber mulheres

O fato de o Judiciário ter sido, de todos os três Poderes, aquele que mais demorou para romper com a rigidez e exigências sobre o dress code feminino, não deu às mulheres eleitas no Legislativo uma vida mais fácil.

Benedita da Silva (PT-RJ) conta que quando chegou na Câmara para seu primeiro mandato, como deputada Constituinte, não havia banheiros femininos. “A primeira dificuldade que nós encontramos foi no plenário da Câmara, que não tinha banheiro feminino. Isso era muito sério”. 

O plenário da Câmara ganhou seu primeiro banheiro feminino somente em 1987, ou seja, 27 anos depois de sua inauguração. “Mas nós também tivemos dificuldade de ter a residência funcional, porque muitos deputados que não eram reeleitos já passavam o apartamento para outros homens recém eleitos. Eu, por exemplo, levei um tempo para conseguir”, afirmou Benedita.

Ela ressalta que a presença de mais mulheres, sobretudo mulheres negras, foi mudando o cenário com o tempo e trouxe uma diversidade positiva para o Congresso. “Eu sempre procurei ter uma boa vestimenta, mas tudo era dentro das minhas condições financeiras. Hoje nós temos mais mulheres negras que se vestem igual a mim na Câmara. E [a mudança] vai do cabelo até o modo de se vestir, de andar e falar, porque temos diversidade”.

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso© Fornecido por Agência Pública

Ainda assim, a deputada que já está em seu sexto mandato conta que presenciou situações recentes em que colegas parlamentares foram barradas por não estarem “se vestindo adequadamente”. “Vi mais situações fora, de nós irmos para o Supremo, e dizerem que mulher de calça e sem blazer não podia entrar. Eu vi uma cena com a Jandira Feghali [deputada federal pelo PCdoB do Rio] sendo barrada por estar sem blazer. Ela disse para o segurança que nunca tinha usado isso na vida, que nunca gostou, e a gente teve que fazer uma ‘guerrinha’ lá para conseguir entrar”.

Da construção do primeiro banheiro feminino à aceitação de calças

•⁠  ⁠1987: deputadas pressionam e conquistam a construção de um banheiro feminino no plenário e flexibilização nas regras de vestimentas;

•⁠  ⁠1997: Senado passa a aceitar que mulheres usem calças no plenário e outros espaços da Casa;

•⁠  ⁠2000: após processo movido por servidoras do STF, o Tribunal também passa a aceitar o uso de calças compridas para mulheres, mas com a obrigatoriedade do uso de blazer;

•⁠  ⁠2007: ministra Cármen Lúcia usa calças em sessão, tornando-se a primeira mulher da Corte a usar a vestimenta no plenário;

•⁠  ⁠2016: Sob a pressão de mulheres parlamentares, Senado instala o primeiro banheiro feminino em seu plenário.

Ministras do TSE: “patrulha maior com mulheres negras” 

Edilene Lôbo e Vera Lúcia, ministras do TSE, alertam que a “patrulha da moda” atua de forma ainda mais rigorosa com mulheres negras. As duas foram as primeiras mulheres negras a assumir uma cadeira de ministra na Corte Eleitoral.

“Já me pararam na entrada do TJDFT [Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios], onde eu ia sempre, seja para checar a roupa, pelo jeito que estava o meu cabelo. Os seguranças me conheciam, mas não me viam como advogada”, contou à Pública a ministra Vera.

A ministra Edilene levanta a questão de que as regras rígidas sobre vestuário dificultam não somente o acesso das mulheres aos espaços de poder, como também da população mais pobre. 

A dificuldade citada pela ministra se revela em dados registrados por órgãos oficiais, que mostram a desigualdade e sub-representação. Em cargos eletivos, seja no Legislativo ou Executivo, dados do TSE mostram que de presidente da República a vereador, nenhum cargo atinge uma porcentagem equilibrada de homens e mulheres entre os ocupantes. O que mais se equilibra é o de segundo suplente de senador, com 44% de mulheres.

No Judiciário a situação se repete. A última pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o perfil sociodemográfico dos magistrados brasileiros, em 2018, mostrou que em nenhum dos cargos do Poder Judiciário a quantidade de mulheres atingiu a porcentagem de 50%. O maior equilíbrio ocorre entre juízes substitutos, primeiro cargo da carreira, com 44% de mulheres no posto. À medida que a carreira evolui, a quantidade de mulheres diminui consideravelmente. Atualmente, a instância mais alta da Justiça brasileira, o STF, possui 11 ministros, sendo 10 homens e apenas uma mulher. 

O presidente Lula foi bastante cobrado nas duas últimas oportunidades que teve de indicar novos membros para a Corte – quando Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentaram. Movimentos sociais, diversas entidades, organizações da sociedade civil e até parte da base governista reivindicaram a indicação de mulheres, sobretudo de uma mulher negra – fato que seria inédito no Supremo. No entanto, Lula acabou optando por indicar homens para as duas vagas.

No último 8 de março, dia Internacional da Mulher, a ministra Cármen Lúcia foi categórica ao afirmar no plenário do Supremo que a possibilidade de construção conjunta muitas vezes foi negada às mulheres. A magistrada conclui com uma frase forte, em referência a diversas violências que a mulher ainda sofre na sociedade: “Dizem que fomos silenciosas historicamente. Mentira! Nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas”.

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