terça-feira, 28 de maio de 2024

BATER METAS E ALCANÇAR OBJETIVOS INTERNOS PODEM TER MAIOR AUXÍLIO COM OS AVANÇOS TECH DA IA

Tiago Sanches, head de vendas da Total IP.

Bater metas e alcançar objetivos internos pode ter maior auxílio com os avanços tech, mas ainda precisa de uma estratégia humana por trás.

A Inteligência Artificial (IA) apresenta enorme potencial de auxílio na sociedade. Principalmente pensando em atividades repetitivas, com alta necessidade de tempo de pesquisa, a ferramenta consegue facilitar o processo e gerar elevação da produtividade. Todavia, por se tratar de uma máquina, atua gerida pelo ser humano, sendo imprescindível maior conhecimento do tema, assim como reestruturação das demandas.

O conceito de entradas e saídas também se aplica para Objectives and Key Results e outras tarefas. “É crucial contar com investimentos iniciais positivos para resgatar frutos esperados. Essa é, inclusive, a maior dificuldade de quem começa sua jornada com as OKRs, limitando a chance de alcançar os objetivos sonhados”, explica Tiago Sanches, head de vendas da Total IP.

OKR e IA

Assim como qualquer outra ação, quando se é pouco entendido do assunto, há um impasse. Logo, antes de tudo, precisa-se ter em mente os principais pontos agregados com as OKRs: planejamento, alinhamento, concentração e dedicação em propósitos exponenciais. “No geral, essas metas serão alcançadas quando houver uma modificação nas formas de relacionamento. Associando esse aspecto com a IA, pode acontecer um amparo em alguns quesitos, mas não cria conexão ao redor da finalidade. É justamente esse engajamento uma peça importante na rotina corporativa”, pontua o especialista.

Quando existe um empecilho, o ideal é priorizar e executar atos estratégicos. De fato, com a alternativa, a mensagem pode ser facilitada, mas é indispensável não se prender exclusivamente apenas a esse meio tech. O Omni Robô e Chat da Total IP, por exemplo, atua com ou sem a inserção da Inteligência Artificial, integrada a diversas API’s. Com ele, é viável atender aos clientes em vários canais com respostas similares, independentemente do contato ter sido realizado por WhatsApp, voz, webchat ou e-mail.

“É compreensível existirem ressalvas sobre a vanglorização de um mecanismo tão recente como a IA, apesar dela, de fato, aprimorar o cotidiano empresarial. Todavia, não haverá uma substituição pelos seres humanos, continuaremos sendo especificamente necessários, assim como métricas internas”, afirma Sanches. Logo, para o gestor, é interessante avaliar diversos tipos de ferramentas disponíveis no mercado e utilizar da tecnologia completamente a favor dos intuitos de cada ambiente.

O auxílio de robôs para acompanhamento de resultados

Os Objectives and Key Results medem resultados chaves, aliando ao crescimento corporativo, pois unem valores de uma companhia com sua estratégia de atuação. Esse procedimento gera transparência, autonomia, engajamento e comunicação. No geral, mostra de forma didática onde se quer chegar, facilitando a definição de iniciativas para aquele fim, algo inspirador e palpável. Para ter sucesso nessa construção, algumas dicas fazem a diferença:

    Cultura interna bem definida: os pontos analisados precisam estar intrínsecos na organização, visando comprometimento.

    Calma e paciência: no acompanhamento, é indispensável flexibilidade, revisando as questões para um alinhamento total.

    Sinceridade: independentemente da plataforma usada para expor essas informações, precisa ser acessível para todos;

    Evolução: o acompanhamento crítico e constante é crucial para entender como anda, quais precisam de adaptação, onde se dedicar mais, etc. 

    Segurança: causar pressão não é uma boa alternativa, é significativo tratar o tema com responsabilidade e confiança, sabendo ouvir opiniões.

Andando ao lado das OKRs, encontramos também o Net Promoter Score, outra avaliação a qual pode ser dificultada, pois essa lida diretamente com o público. “A ideia é saber e entender a visão do consumidor sobre o seu negócio. Como uma pesquisa de satisfação. A partir disso se constrói um balanço pessoal da entidade para inserir uma posição referente a esse contato, diretamente ligado ao atendimento”, esclarece o gestor.

Por se tratar de uma ligação direta com os usuários e seu parecer, apresenta desafios ímpares, amparados pelos Robôs Dinâmicos. A famosa URA (Unidade de Resposta Audível), já era conhecida e agora está ainda mais sofisticada, podendo ser criada de um jeito dinâmico em tempo real, com inúmeras funcionalidades e controles. Entre elas, ao final da chamada, transfere-se aquele interessado a um robô de voz e o operador não consegue desligar.

“Com isso, há uma noção das respostas por relatório, com quantidade, pessoa, data, hora, status avaliador. A partir da escolha do ativo em conjunto, ainda se realiza telefonemas automáticos, contribuindo com o NPS”, finaliza Sanches. Assim, finalizar o ano como o sonhado e previsto logo no início se torna muito mais simples, com a ajuda tech e inovadora.

Descubra o Marketplace Valeon do Vale do Aço: Um Hub de Empresas, Notícias e Diversão para Empreendedores

Moysés Peruhype Carlech – ChatGPT

O Vale do Aço é uma região próspera e empreendedora, conhecida por sua indústria siderúrgica e seu ambiente de negócios dinâmico. Agora imagine ter um único local onde você pode encontrar todas as informações e recursos necessários para ter sucesso nesse ambiente competitivo. Bem-vindo ao Marketplace Valeon do Vale do Aço – um hub online que engloba empresas, notícias, diversão e empreendedorismo, oferecendo uma plataforma única para empresários e gerando leads valiosos.

Um ecossistema empresarial abrangente:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço reúne empresas locais de diversos setores em um só lugar. Com uma interface intuitiva, os usuários podem facilmente encontrar e se conectar com fornecedores, parceiros comerciais e clientes potenciais na região. A plataforma oferece uma ampla gama de categorias de negócios, desde indústrias tradicionais até empresas inovadoras, garantindo que todos os empreendedores encontrem as oportunidades certas para expandir seus negócios.

Notícias e insights atualizados:

Além de ser um diretório empresarial, o Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece um fluxo contínuo de notícias e insights relevantes para os empresários da região. Através de parcerias com veículos de comunicação locais e especialistas em negócios, a plataforma mantém os usuários informados sobre as últimas tendências, oportunidades de mercado, mudanças regulatórias e eventos relevantes. Essas informações valiosas ajudam os empresários a tomar decisões informadas e a se manterem à frente da concorrência.

Diversão e engajamento:

Sabemos que a vida empresarial não é só trabalho. O Marketplace Valeon do Vale do Aço também oferece uma seção de entretenimento e lazer, onde os usuários podem descobrir eventos locais, pontos turísticos, restaurantes e muito mais. Essa abordagem holística permite que os empresários equilibrem o trabalho e a diversão, criando uma comunidade unida e fortalecendo os laços na região.

Foco no empreendedorismo:

O Marketplace Valeon do Vale do Aço é uma plataforma que nutre o espírito empreendedor. Além de fornecer informações e recursos valiosos, também oferece orientação e suporte para os empresários que desejam iniciar seus próprios negócios. Com seções dedicadas a tutoriais, estudos de caso inspiradores e conselhos de especialistas, o marketplace incentiva e capacita os empreendedores a alcançarem seus objetivos.

Geração de leads para os empresários:

Uma das maiores vantagens do Marketplace Valeon do Vale do Aço é a capacidade de gerar leads qualificados para os empresários. Com um público-alvo altamente segmentado, a plataforma oferece a oportunidade de se conectar diretamente com potenciais clientes interessados nos produtos e serviços oferecidos pelas empresas cadastradas. Isso significa que os empresários podem aumentar sua visibilidade, expandir sua base de clientes e impulsionar suas vendas de forma eficiente.

Conclusão:

O Vale do Aço é uma região cheia de oportunidades e empreendedorismo, e o Marketplace Valeon do Vale do Aço se torna um recurso indispensável para os empresários locais. Ao oferecer um ecossistema empresarial abrangente, notícias atualizadas, diversão, suporte ao empreendedorismo e a geração de leads qualificados, o Marketplace Valeon se destaca como uma ferramenta poderosa para impulsionar os negócios na região. Não perca a chance de fazer parte dessa comunidade dinâmica e descubra o poder do Marketplace Valeon do Vale do Aço para o seu sucesso empresarial.

A STARTUP VALEON OFERECE SEUS SERVIÇOS AOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO AÇO

Moysés Peruhype Carlech

A Startup Valeon, um site marketplace de Ipatinga-MG, que faz divulgação de todas as empresas da região do Vale do Aço, chama a atenção para as seguintes questões:

• O comércio eletrônico vendeu mais de 260 bilhões em 2021 e superou pela primeira vez os shopping centers, que faturou mais de 175 bilhões.

• Estima-se que mais de 35 bilhões de vendas dos shoppings foram migradas

para o online, um sintoma da inadequação do canal ao crescimento digital.

• Ou seja, não existe mais a possibilidade de se trabalhar apenas no offline.

• É hora de migrar para o digital de maneira inteligente, estratégica e intensiva.

• Investir em sistemas inovadores permitirá que o seu negócio se expanda, seja através de mobilidade, geolocalização, comunicação, vendas, etc.

• Temas importantes para discussão dos Shoppings Centers e do Comércio em Geral:

a) Digitalização dos Lojistas;

b) Apoio aos lojistas;

c) Captura e gestão de dados;

d) Arquitetura de experiências;

e) Contribuição maior da área Mall e mídia;

f) Evolução do tenant mix;

g) Propósito, sustentabilidade, diversidade e inclusão;

h) O impacto do universo digital e das novas tecnologias no setor varejista;

i) Convergência do varejo físico e online;

j) Criação de ambientes flexíveis para atrair clientes mais jovens;

k) Aceleração de colaboração entre +varejistas e shoppings;

l) Incorporação da ideia de pontos de distribuição;

m) Surgimento de um cenário mais favorável ao investimento.

Vantagens competitivas da Startup Valeon:

• Toda Startup quando entra no mercado possui o sonho de se tornar rapidamente reconhecida e desenvolvida no seu ramo de atuação e a Startup Valeon não foge disso, fazem dois anos que estamos batalhando para conquistarmos esse mercado aqui do Vale do Aço.

• Essa ascensão fica mais fácil de ser alcançada quando podemos contar com apoio dos parceiros já consolidados no mercado e que estejam dispostos a investir na execução de nossas ideias e a escolha desses parceiros para nós está na preferência dos empresários aqui do Vale do Aço para os nossos serviços.

• Parcerias nesse sentido têm se tornado cada vez mais comuns, pois são capazes de proporcionar vantagens recíprocas aos envolvidos.

• A Startup Valeon é inovadora e focada em produzir soluções em tecnologia e estamos diariamente à procura do inédito.

• O Site desenvolvido pela Startup Valeon, focou nas necessidades do mercado e na falta de um Marketplace para resolver alguns problemas desse mercado e em especial viemos para ser mais um complemento na divulgação de suas Empresas e durante esses dois anos de nosso funcionamento procuramos preencher as lacunas do mercado com tecnologia, inovação com soluções tecnológicas que facilitam a rotina dessa grande empresa. Temos a missão de surpreender constantemente, antecipar tendências, inovar. Precisamos estar em constante evolução para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso, pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à frente.

• Temos a plena certeza que estamos solucionando vários problemas de divulgação de suas empresas e bem como contribuindo com o seu faturamento através da nossa grande audiência e de muitos acessos ao site (https://valedoacoonline.com.br/) que completou ter mais de 100.000 acessos.

Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:

• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;

• Atraímos visualmente mais clientes;

• Somos mais dinâmicos;

• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;

• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;

• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.

• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as suas vendas.

Proposta:

Nós da Startup Valeon, oferecemos para continuar a divulgação de suas Empresas na nossa máquina de vendas, continuando as atividades de divulgação e propaganda com preços bem competitivos, bem menores do que os valores propostos pelos nossos concorrentes offlines.

Pretendemos ainda, fazer uma página no site da Valeon para cada empresa contendo: fotos, endereços, produtos, promoções, endereços, telefone, WhatsApp, etc.

O site da Valeon é uma HOMENAGEM AO VALE DO AÇO e esperamos que seja também uma SURPRESA para os lojistas dessa nossa região do Vale do Aço.

VOCÊ CONHECE A ValeOn?

A MÁQUINA DE VENDAS ONLINE DO VALE DO AÇO

TEM TUDO QUE VOCÊ PRECISA!

A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

A Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço volta a oferecer novamente os seus serviços de prestação de serviços de divulgação de suas empresas no nosso site que é uma Plataforma Comercial, o que aliás, já estamos fazendo há algum tempo, por nossa livre e espontânea vontade, e desejamos que essa parceria com a sua empresa seja oficializada.

A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

Vamos agora, enumerar uma série de vantagens competitivas que oferecemos na nossa Plataforma Comercial Valeon:

  • O Site Valeon é bem elaborado, com layout diferenciado e único, tem bom market fit que agrada ao mercado e aos clientes.
  • A Plataforma Valeon tem imagens diferenciadas com separação das lojas por categorias, com a descrição dos produtos e acesso ao site de cada loja, tudo isso numa vitrine virtual que possibilita a comunicação dos clientes com as lojas.
  • Não se trata da digitalização da compra nas lojas e sim trata-se da integração dos ambientes online e offline na jornada da compra.
  • No país, as lojas online, que também contam com lojas físicas, cresceram três vezes mais que as puramente virtuais e com relação às retiradas, estudos demonstram que 67% dos consumidores que compram online preferem retirar o produto em lojas físicas.
  • O número de visitantes do Site da Valeon (https://valedoacoonline.com.br/)  tem crescido exponencialmente, até o momento, temos mais de 235.000 visitantes e o site (https://valeonnoticias.com.br/) também nosso tem mais de 5.800.000 de visitantes.
  • O site Valeon oferece ao consumidor a oportunidade de comprar da sua loja favorita pelo smartphone ou computador, em casa, e ainda poder retirar ou receber o pedido com rapidez.
  • A Plataforma Comercial da Valeon difere dos outros marketplaces por oferecer além da exposição das empresas, seus produtos e promoções, tem outras formas de atrair a atenção dos internautas como: empresas, serviços, turismo, cinemas e diversão no Shopping, ofertas de produtos dos supermercados, revenda de veículos usados, notícias locais do Brasil e do Mundo, diversão de músicas, rádios e Gossip.

                                                                                                                                                                   Nós somos a mudança, não somos ainda uma empresa tradicional. Crescemos tantas vezes ao longo do ano, que mal conseguimos contar. Nossa história ainda é curta, mas sabemos que ela está apenas começando.

Afinal, espera-se tudo de uma startup que costuma triplicar seu crescimento, não é?

Colocamos todo esse potencial criativo para a decisão dos senhores donos das empresas e os consumidores.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

 

segunda-feira, 27 de maio de 2024

MACHISMO NO STF E NO CONGRESSO EM BRASÍLIA

 

Agência Públic

Era início da década de 1970 quando uma jovem advogada saiu do Rio de Janeiro rumo a Brasília para participar de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Trajando roupa social, composta por blazer e calça comprida, a mulher vinha desempenhar um papel de destaque na sessão que participaria. No plenário da Corte faria uma sustentação oral, isto é, quando advogados falam diante dos ministros para defender réus daquele processo. Mas o julgamento teve início antes mesmo dela entrar no plenário da Suprema Corte brasileira: a advogada teria sido barrada pelos seguranças por estar usando calças e não vestidos ou saias, que eram as vestimentas consideradas adequadas para mulheres que frequentavam o STF naquela época. Alguns funcionários mais antigos dizem que a mulher chegou a tirar as calças e entrar só de blazer e calcinha. Outros dizem que a afronta não atingiu tamanha proporção. A história foi virando uma lenda e, mesmo sem comprovações oficiais do episódio, pode ser ouvida nos corredores e gabinetes do Supremo.

Lenda ou não, nos anos que se seguiram ao suposto episódio até os dias atuais, o STF acumulou diversas outras situações de mulheres que foram impedidas de entrar por não estarem vestidas “de forma adequada”. A instituição não foi a única, nem o Judiciário o único poder da República, que manteve a exigência de vestidos e saias para mulheres em suas dependências mesmo após décadas de aceitação da sociedade brasileira ao uso de calças compridas femininas.

O cenário só começou a mudar em 1997. Ao menos no papel.

Naquele ano, o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, autorizou que mulheres utilizassem calças compridas no plenário, salas de comissões e outros locais de circulação da Casa. 

Eleita senadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) no ano seguinte, em 1998, Heloísa Helena foi uma das primeiras parlamentares a colocar em prática a medida e tornar habitual o uso de calças femininas: “antes tarde do que nunca”, respondeu ao ser indagada pela Agência Pública sobre o assunto. A ex-parlamentar lembra que 20 anos antes, em 1978, quando uma mulher assumiu pela primeira vez uma cadeira no Senado, sequer existia banheiro feminino no plenário, construído somente em 2016.

Na esteira do que acontecia no Legislativo, no Supremo, os anseios pela liberação do uso de calças para mulheres já não se ancoravam apenas em longínquas histórias ou lendas sobre as vestimentas femininas no local, mas na realidade das servidoras da Corte, que decidiram se unir no início do ano 2000 para pleitear a autorização da vestimenta. Um ofício assinado por 63 servidoras foi enviado ao gabinete do então presidente do Tribunal, ministro Carlos Velloso.

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte© Fornecido por Agência Pública

Uma familiar de uma servidora da época, uma advogada – que preferiu não se identificar – contou que, curiosamente, naquele momento foi constatado que não havia de fato uma norma que proibisse mulheres de usar calças. “Uma regra oculta, não sei. Ninguém sabia explicar, mas o regramento oficial só previa normas sobre roupas masculinas”, disse a advogada. Ela relatou ainda que há poucos anos, quando ainda era estudante de Direito, foi barrada em uma visita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por estar usando “calça muito justa, que parecia legging”. Segundo ela, a análise da roupa foi feita por um segurança que passava no segundo andar do prédio onde acontecem os julgamentos.     

A mobilização das servidoras ganhou força e foi endossada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No processo, as trabalhadoras do Tribunal alegavam que a limitação do vestuário representava um “cerceamento do direito à liberdade das mulheres”, garantido pelo ordenamento jurídico e pela Constituição Federal. A OAB falava em “postura discriminatória”. 

O Ministério Público Federal (MPF), por outro lado, se manifestou contra a liberação do uso de calças para mulheres. Ronaldo Bomfim dos Santos, subprocurador-geral que atuou no caso, defendeu que as roupas “distinguiam os personagens” e que a saia estava para a mulher assim como o terno e gravata estavam para o homem, a toga para o juiz, a batina para o padre e o uniforme para o militar. Em sua manifestação, o subprocurador recorreu ainda a dogmas religiosos cristãos para defender a permanência da obrigatoriedade de saias e vestidos: “Se Deus não fez o homem e mulher iguais é porque não quer que os sejam iguais”.

Mas o apelo das servidoras foi atendido, por maioria de votos. Assim, três anos após o Senado, em 2000, o STF autorizou que mulheres usassem calças compridas, além dos vestidos ou saias, mas não sem o uso obrigatório de blazer compondo o ‘dress code’.

A decisão foi tomada em uma sessão administrativa, ocorrida em 3 de maio de 2000, onde só ministros homens votaram. Isso porque, até aquele momento, em mais de um século de existência, nenhuma mulher tinha ocupado uma cadeira de ministra do Supremo – o que mudou meses depois, no final do mesmo ano 2000, quando Ellen Gracie foi empossada ministra.

No meio jurídico, quando a Suprema Corte do Judiciário toma uma decisão, diz que se abre um precedente para que os demais tribunais do país sigam a mesma linha. Nesse caso, porém, isso não ocorreu. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pioneiro no tema, já não impunha que mulheres usassem só vestidos e saias. No Tribunal Superior do Trabalho (TST) e no STJ a autorização ocorreu depois, mas o assunto ainda rende discussões e, de tempos em tempos, mudanças nas normas sobre vestimentas.    

No STJ, a mudança mais recente no código de vestimentas foi aprovada em fevereiro deste ano e gerou muita polêmica. Entre as peças proibidas estavam calças justas tipo legging, blusas sem manga e cropped (peça que deixa parte da barriga à mostra). A nova regra não durou muito. Dois meses depois, em abril, foi suspensa pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, que também é ministro no STJ. Salomão alegou que as exigências poderiam constranger o público feminino.

Direito adquirido não foi direito garantido

Seis anos após o STF permitir que mulheres usassem calças compridas, além de vestidos e saias, trabalhadoras, jornalistas e até visitantes que chegavam ao local continuavam sendo barradas. Ex-assessoras e jornalistas que estavam frequentemente na Corte contaram à Pública que as regras, por vezes, eram subjetivas e determinadas pela segurança ou cerimonial.

Em 2006, já senadora pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), a mesma Heloísa Helena, citada no início da reportagem, causou desconforto no Supremo. Conhecida por usar calças jeans e camiseta no plenário do Senado, ela foi ao STF acompanhar o julgamento de uma ação proposta pelo seu partido. Vestindo seu “look” trivial de sempre, a parlamentar só não foi barrada por recomendação da ministra Ellen Gracie. Ao ser questionada por jornalistas, a senadora disse aos jornalistas que não sabia da regra sobre as roupas. 

episódio foi noticiado pela imprensa e efervescia outra vez a discussão sobre a patrulha das vestimentas de mulheres, que começaram a levar reclamações para ministros, em conversas informais. Meses após o episódio do jeans, a tradição foi quebrada.

Menos de um ano após sua posse como ministra do STF, ocorrida em 21 de junho de 2006, Cármen Lúcia – a segunda mulher a ocupar uma cadeira no Tribunal – decidiu colocar em prática a regra deliberada sete anos antes. A ministra tinha ouvido queixas de mulheres que davam expediente na Corte e as reclamações iam desde tamanho de vestido ou saia até a cor da roupa.

Segundo contou à Pública, em 14 de março de 2007 ela estava “determinada a quebrar com o protocolo arcaico e obsoleto”. Cármen avisou aos pares que no dia seguinte iria para o trabalho de calças compridas. E assim o fez. O anúncio atraiu olhares e deixou a imprensa preparada para os registros. A ministra chegou ao plenário usando um terninho preto e foi a primeira vez que uma mulher ministra participou da sessão e votou usando calças compridas.

Uma jovem advogada – com seus trinta e poucos anos – que assistia a sessão e testemunhou tudo, descreveu o momento como “um dia de muita emoção” e disse que algumas mulheres que lá estavam tiveram vontade de aplaudir Cármen Lúcia: “Com muita alegria eu estava lá quando a primeira mulher entrou vestindo uma calça comprida. Ela não foi a primeira ministra da Suprema Corte, mas foi a que fez a diferença. É sempre importante a gente tentar fazer a diferença nos espaços que atua. Naquele dia, a ministra Cármen Lúcia liberou as mulheres do Brasil todo para se vestirem de forma digna, mas de calça. Uma coisa que chegou com 100 anos de atraso”.

O gesto da ministra Cármen Lúcia entrou para a história e ilustrou capas de jornais. Mas, na prática, a ruptura com o antigo código de vestimenta foi sendo conquistada aos poucos, ao longo dos anos. A mesma advogada que foi espectadora daquele momento foi proibida, tempos depois, de entrar no plenário pois a manga curta do blazer deixava à mostra quatro centímetros do seu punho: “Fui barrada uma vez no plenário do Supremo porque minha calça era um pouco curta e aparecia o calcanhar, e meu blazer era curto e aparecia meu punho. E o segurança mediu e disse que aparecia mais de 4 centímetros do meu punho e eu não poderia entrar no Tribunal. Tentei alegar que estava na moda, que a então presidente Dilma Rousseff usava um modelo parecido, mas não adiantou. Tive que trocar de roupa com minha estagiária porque eu ia fazer uma sustentação oral e não poderia faltar”.  

Tentar fazer a diferença, no menor espaço que seja, foi o lema que conduziu a advogada Daniela em sua trajetória profissional até 2023, quando chegou a vez dela ser protagonista da história. Passados 16 anos, o blazer e a calça, milimetricamente medidos, foram substituídos pela toga e Daniela Teixeira passou a ser ministra do Superior Tribunal de Justiça.

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete© Fornecido por Agência Pública

Congresso não estava preparado para receber mulheres

O fato de o Judiciário ter sido, de todos os três Poderes, aquele que mais demorou para romper com a rigidez e exigências sobre o dress code feminino, não deu às mulheres eleitas no Legislativo uma vida mais fácil.

Benedita da Silva (PT-RJ) conta que quando chegou na Câmara para seu primeiro mandato, como deputada Constituinte, não havia banheiros femininos. “A primeira dificuldade que nós encontramos foi no plenário da Câmara, que não tinha banheiro feminino. Isso era muito sério”. 

O plenário da Câmara ganhou seu primeiro banheiro feminino somente em 1987, ou seja, 27 anos depois de sua inauguração. “Mas nós também tivemos dificuldade de ter a residência funcional, porque muitos deputados que não eram reeleitos já passavam o apartamento para outros homens recém eleitos. Eu, por exemplo, levei um tempo para conseguir”, afirmou Benedita.

Ela ressalta que a presença de mais mulheres, sobretudo mulheres negras, foi mudando o cenário com o tempo e trouxe uma diversidade positiva para o Congresso. “Eu sempre procurei ter uma boa vestimenta, mas tudo era dentro das minhas condições financeiras. Hoje nós temos mais mulheres negras que se vestem igual a mim na Câmara. E [a mudança] vai do cabelo até o modo de se vestir, de andar e falar, porque temos diversidade”.

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso© Fornecido por Agência Pública

Ainda assim, a deputada que já está em seu sexto mandato conta que presenciou situações recentes em que colegas parlamentares foram barradas por não estarem “se vestindo adequadamente”. “Vi mais situações fora, de nós irmos para o Supremo, e dizerem que mulher de calça e sem blazer não podia entrar. Eu vi uma cena com a Jandira Feghali [deputada federal pelo PCdoB do Rio] sendo barrada por estar sem blazer. Ela disse para o segurança que nunca tinha usado isso na vida, que nunca gostou, e a gente teve que fazer uma ‘guerrinha’ lá para conseguir entrar”.

Da construção do primeiro banheiro feminino à aceitação de calças

•⁠  ⁠1987: deputadas pressionam e conquistam a construção de um banheiro feminino no plenário e flexibilização nas regras de vestimentas;

•⁠  ⁠1997: Senado passa a aceitar que mulheres usem calças no plenário e outros espaços da Casa;

•⁠  ⁠2000: após processo movido por servidoras do STF, o Tribunal também passa a aceitar o uso de calças compridas para mulheres, mas com a obrigatoriedade do uso de blazer;

•⁠  ⁠2007: ministra Cármen Lúcia usa calças em sessão, tornando-se a primeira mulher da Corte a usar a vestimenta no plenário;

•⁠  ⁠2016: Sob a pressão de mulheres parlamentares, Senado instala o primeiro banheiro feminino em seu plenário.

Ministras do TSE: “patrulha maior com mulheres negras” 

Edilene Lôbo e Vera Lúcia, ministras do TSE, alertam que a “patrulha da moda” atua de forma ainda mais rigorosa com mulheres negras. As duas foram as primeiras mulheres negras a assumir uma cadeira de ministra na Corte Eleitoral.

“Já me pararam na entrada do TJDFT [Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios], onde eu ia sempre, seja para checar a roupa, pelo jeito que estava o meu cabelo. Os seguranças me conheciam, mas não me viam como advogada”, contou à Pública a ministra Vera.

A ministra Edilene levanta a questão de que as regras rígidas sobre vestuário dificultam não somente o acesso das mulheres aos espaços de poder, como também da população mais pobre. 

A dificuldade citada pela ministra se revela em dados registrados por órgãos oficiais, que mostram a desigualdade e sub-representação. Em cargos eletivos, seja no Legislativo ou Executivo, dados do TSE mostram que de presidente da República a vereador, nenhum cargo atinge uma porcentagem equilibrada de homens e mulheres entre os ocupantes. O que mais se equilibra é o de segundo suplente de senador, com 44% de mulheres.

No Judiciário a situação se repete. A última pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o perfil sociodemográfico dos magistrados brasileiros, em 2018, mostrou que em nenhum dos cargos do Poder Judiciário a quantidade de mulheres atingiu a porcentagem de 50%. O maior equilíbrio ocorre entre juízes substitutos, primeiro cargo da carreira, com 44% de mulheres no posto. À medida que a carreira evolui, a quantidade de mulheres diminui consideravelmente. Atualmente, a instância mais alta da Justiça brasileira, o STF, possui 11 ministros, sendo 10 homens e apenas uma mulher. 

O presidente Lula foi bastante cobrado nas duas últimas oportunidades que teve de indicar novos membros para a Corte – quando Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentaram. Movimentos sociais, diversas entidades, organizações da sociedade civil e até parte da base governista reivindicaram a indicação de mulheres, sobretudo de uma mulher negra – fato que seria inédito no Supremo. No entanto, Lula acabou optando por indicar homens para as duas vagas.

No último 8 de março, dia Internacional da Mulher, a ministra Cármen Lúcia foi categórica ao afirmar no plenário do Supremo que a possibilidade de construção conjunta muitas vezes foi negada às mulheres. A magistrada conclui com uma frase forte, em referência a diversas violências que a mulher ainda sofre na sociedade: “Dizem que fomos silenciosas historicamente. Mentira! Nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas”.

História de Karla Gamba

Agência Públic

Era início da década de 1970 quando uma jovem advogada saiu do Rio de Janeiro rumo a Brasília para participar de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Trajando roupa social, composta por blazer e calça comprida, a mulher vinha desempenhar um papel de destaque na sessão que participaria. No plenário da Corte faria uma sustentação oral, isto é, quando advogados falam diante dos ministros para defender réus daquele processo. Mas o julgamento teve início antes mesmo dela entrar no plenário da Suprema Corte brasileira: a advogada teria sido barrada pelos seguranças por estar usando calças e não vestidos ou saias, que eram as vestimentas consideradas adequadas para mulheres que frequentavam o STF naquela época. Alguns funcionários mais antigos dizem que a mulher chegou a tirar as calças e entrar só de blazer e calcinha. Outros dizem que a afronta não atingiu tamanha proporção. A história foi virando uma lenda e, mesmo sem comprovações oficiais do episódio, pode ser ouvida nos corredores e gabinetes do Supremo.

Lenda ou não, nos anos que se seguiram ao suposto episódio até os dias atuais, o STF acumulou diversas outras situações de mulheres que foram impedidas de entrar por não estarem vestidas “de forma adequada”. A instituição não foi a única, nem o Judiciário o único poder da República, que manteve a exigência de vestidos e saias para mulheres em suas dependências mesmo após décadas de aceitação da sociedade brasileira ao uso de calças compridas femininas.

O cenário só começou a mudar em 1997. Ao menos no papel.

Naquele ano, o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, autorizou que mulheres utilizassem calças compridas no plenário, salas de comissões e outros locais de circulação da Casa. 

Eleita senadora pelo PT (Partido dos Trabalhadores) no ano seguinte, em 1998, Heloísa Helena foi uma das primeiras parlamentares a colocar em prática a medida e tornar habitual o uso de calças femininas: “antes tarde do que nunca”, respondeu ao ser indagada pela Agência Pública sobre o assunto. A ex-parlamentar lembra que 20 anos antes, em 1978, quando uma mulher assumiu pela primeira vez uma cadeira no Senado, sequer existia banheiro feminino no plenário, construído somente em 2016.

Na esteira do que acontecia no Legislativo, no Supremo, os anseios pela liberação do uso de calças para mulheres já não se ancoravam apenas em longínquas histórias ou lendas sobre as vestimentas femininas no local, mas na realidade das servidoras da Corte, que decidiram se unir no início do ano 2000 para pleitear a autorização da vestimenta. Um ofício assinado por 63 servidoras foi enviado ao gabinete do então presidente do Tribunal, ministro Carlos Velloso.

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte

Ata de 2000 documenta a solicitação da liberação do uso de calças para mulheres na Corte© Fornecido por Agência Pública

Uma familiar de uma servidora da época, uma advogada – que preferiu não se identificar – contou que, curiosamente, naquele momento foi constatado que não havia de fato uma norma que proibisse mulheres de usar calças. “Uma regra oculta, não sei. Ninguém sabia explicar, mas o regramento oficial só previa normas sobre roupas masculinas”, disse a advogada. Ela relatou ainda que há poucos anos, quando ainda era estudante de Direito, foi barrada em uma visita ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por estar usando “calça muito justa, que parecia legging”. Segundo ela, a análise da roupa foi feita por um segurança que passava no segundo andar do prédio onde acontecem os julgamentos.       

A mobilização das servidoras ganhou força e foi endossada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). No processo, as trabalhadoras do Tribunal alegavam que a limitação do vestuário representava um “cerceamento do direito à liberdade das mulheres”, garantido pelo ordenamento jurídico e pela Constituição Federal. A OAB falava em “postura discriminatória”. 

O Ministério Público Federal (MPF), por outro lado, se manifestou contra a liberação do uso de calças para mulheres. Ronaldo Bomfim dos Santos, subprocurador-geral que atuou no caso, defendeu que as roupas “distinguiam os personagens” e que a saia estava para a mulher assim como o terno e gravata estavam para o homem, a toga para o juiz, a batina para o padre e o uniforme para o militar. Em sua manifestação, o subprocurador recorreu ainda a dogmas religiosos cristãos para defender a permanência da obrigatoriedade de saias e vestidos: “Se Deus não fez o homem e mulher iguais é porque não quer que os sejam iguais”.

Mas o apelo das servidoras foi atendido, por maioria de votos. Assim, três anos após o Senado, em 2000, o STF autorizou que mulheres usassem calças compridas, além dos vestidos ou saias, mas não sem o uso obrigatório de blazer compondo o ‘dress code’.

A decisão foi tomada em uma sessão administrativa, ocorrida em 3 de maio de 2000, onde só ministros homens votaram. Isso porque, até aquele momento, em mais de um século de existência, nenhuma mulher tinha ocupado uma cadeira de ministra do Supremo – o que mudou meses depois, no final do mesmo ano 2000, quando Ellen Gracie foi empossada ministra.

No meio jurídico, quando a Suprema Corte do Judiciário toma uma decisão, diz que se abre um precedente para que os demais tribunais do país sigam a mesma linha. Nesse caso, porém, isso não ocorreu. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pioneiro no tema, já não impunha que mulheres usassem só vestidos e saias. No Tribunal Superior do Trabalho (TST) e no STJ a autorização ocorreu depois, mas o assunto ainda rende discussões e, de tempos em tempos, mudanças nas normas sobre vestimentas.    

No STJ, a mudança mais recente no código de vestimentas foi aprovada em fevereiro deste ano e gerou muita polêmica. Entre as peças proibidas estavam calças justas tipo legging, blusas sem manga e cropped (peça que deixa parte da barriga à mostra). A nova regra não durou muito. Dois meses depois, em abril, foi suspensa pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, que também é ministro no STJ. Salomão alegou que as exigências poderiam constranger o público feminino.

Direito adquirido não foi direito garantido

Seis anos após o STF permitir que mulheres usassem calças compridas, além de vestidos e saias, trabalhadoras, jornalistas e até visitantes que chegavam ao local continuavam sendo barradas. Ex-assessoras e jornalistas que estavam frequentemente na Corte contaram à Pública que as regras, por vezes, eram subjetivas e determinadas pela segurança ou cerimonial.

Em 2006, já senadora pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), a mesma Heloísa Helena, citada no início da reportagem, causou desconforto no Supremo. Conhecida por usar calças jeans e camiseta no plenário do Senado, ela foi ao STF acompanhar o julgamento de uma ação proposta pelo seu partido. Vestindo seu “look” trivial de sempre, a parlamentar só não foi barrada por recomendação da ministra Ellen Gracie. Ao ser questionada por jornalistas, a senadora disse aos jornalistas que não sabia da regra sobre as roupas. 

episódio foi noticiado pela imprensa e efervescia outra vez a discussão sobre a patrulha das vestimentas de mulheres, que começaram a levar reclamações para ministros, em conversas informais. Meses após o episódio do jeans, a tradição foi quebrada.

Menos de um ano após sua posse como ministra do STF, ocorrida em 21 de junho de 2006, Cármen Lúcia – a segunda mulher a ocupar uma cadeira no Tribunal – decidiu colocar em prática a regra deliberada sete anos antes. A ministra tinha ouvido queixas de mulheres que davam expediente na Corte e as reclamações iam desde tamanho de vestido ou saia até a cor da roupa.

Segundo contou à Pública, em 14 de março de 2007 ela estava “determinada a quebrar com o protocolo arcaico e obsoleto”. Cármen avisou aos pares que no dia seguinte iria para o trabalho de calças compridas. E assim o fez. O anúncio atraiu olhares e deixou a imprensa preparada para os registros. A ministra chegou ao plenário usando um terninho preto e foi a primeira vez que uma mulher ministra participou da sessão e votou usando calças compridas.

Uma jovem advogada – com seus trinta e poucos anos – que assistia a sessão e testemunhou tudo, descreveu o momento como “um dia de muita emoção” e disse que algumas mulheres que lá estavam tiveram vontade de aplaudir Cármen Lúcia: “Com muita alegria eu estava lá quando a primeira mulher entrou vestindo uma calça comprida. Ela não foi a primeira ministra da Suprema Corte, mas foi a que fez a diferença. É sempre importante a gente tentar fazer a diferença nos espaços que atua. Naquele dia, a ministra Cármen Lúcia liberou as mulheres do Brasil todo para se vestirem de forma digna, mas de calça. Uma coisa que chegou com 100 anos de atraso”.

O gesto da ministra Cármen Lúcia entrou para a história e ilustrou capas de jornais. Mas, na prática, a ruptura com o antigo código de vestimenta foi sendo conquistada aos poucos, ao longo dos anos. A mesma advogada que foi espectadora daquele momento foi proibida, tempos depois, de entrar no plenário pois a manga curta do blazer deixava à mostra quatro centímetros do seu punho: “Fui barrada uma vez no plenário do Supremo porque minha calça era um pouco curta e aparecia o calcanhar, e meu blazer era curto e aparecia meu punho. E o segurança mediu e disse que aparecia mais de 4 centímetros do meu punho e eu não poderia entrar no Tribunal. Tentei alegar que estava na moda, que a então presidente Dilma Rousseff usava um modelo parecido, mas não adiantou. Tive que trocar de roupa com minha estagiária porque eu ia fazer uma sustentação oral e não poderia faltar”.  

Tentar fazer a diferença, no menor espaço que seja, foi o lema que conduziu a advogada Daniela em sua trajetória profissional até 2023, quando chegou a vez dela ser protagonista da história. Passados 16 anos, o blazer e a calça, milimetricamente medidos, foram substituídos pela toga e Daniela Teixeira passou a ser ministra do Superior Tribunal de Justiça.

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete

Daniela Teixeira, ministra do STJ, em seu gabinete© Fornecido por Agência Pública

Congresso não estava preparado para receber mulheres

O fato de o Judiciário ter sido, de todos os três Poderes, aquele que mais demorou para romper com a rigidez e exigências sobre o dress code feminino, não deu às mulheres eleitas no Legislativo uma vida mais fácil.

Benedita da Silva (PT-RJ) conta que quando chegou na Câmara para seu primeiro mandato, como deputada Constituinte, não havia banheiros femininos. “A primeira dificuldade que nós encontramos foi no plenário da Câmara, que não tinha banheiro feminino. Isso era muito sério”. 

O plenário da Câmara ganhou seu primeiro banheiro feminino somente em 1987, ou seja, 27 anos depois de sua inauguração. “Mas nós também tivemos dificuldade de ter a residência funcional, porque muitos deputados que não eram reeleitos já passavam o apartamento para outros homens recém eleitos. Eu, por exemplo, levei um tempo para conseguir”, afirmou Benedita.

Ela ressalta que a presença de mais mulheres, sobretudo mulheres negras, foi mudando o cenário com o tempo e trouxe uma diversidade positiva para o Congresso. “Eu sempre procurei ter uma boa vestimenta, mas tudo era dentro das minhas condições financeiras. Hoje nós temos mais mulheres negras que se vestem igual a mim na Câmara. E [a mudança] vai do cabelo até o modo de se vestir, de andar e falar, porque temos diversidade”.

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso

Deputada Benedita da Silva ressalta desafios e progressos para mulheres negras no Congresso© Fornecido por Agência Pública

Ainda assim, a deputada que já está em seu sexto mandato conta que presenciou situações recentes em que colegas parlamentares foram barradas por não estarem “se vestindo adequadamente”. “Vi mais situações fora, de nós irmos para o Supremo, e dizerem que mulher de calça e sem blazer não podia entrar. Eu vi uma cena com a Jandira Feghali [deputada federal pelo PCdoB do Rio] sendo barrada por estar sem blazer. Ela disse para o segurança que nunca tinha usado isso na vida, que nunca gostou, e a gente teve que fazer uma ‘guerrinha’ lá para conseguir entrar”.

Da construção do primeiro banheiro feminino à aceitação de calças

•⁠  ⁠1987: deputadas pressionam e conquistam a construção de um banheiro feminino no plenário e flexibilização nas regras de vestimentas;

•⁠  ⁠1997: Senado passa a aceitar que mulheres usem calças no plenário e outros espaços da Casa;

•⁠  ⁠2000: após processo movido por servidoras do STF, o Tribunal também passa a aceitar o uso de calças compridas para mulheres, mas com a obrigatoriedade do uso de blazer;

•⁠  ⁠2007: ministra Cármen Lúcia usa calças em sessão, tornando-se a primeira mulher da Corte a usar a vestimenta no plenário;

•⁠  ⁠2016: Sob a pressão de mulheres parlamentares, Senado instala o primeiro banheiro feminino em seu plenário.

Ministras do TSE: “patrulha maior com mulheres negras” 

Edilene Lôbo e Vera Lúcia, ministras do TSE, alertam que a “patrulha da moda” atua de forma ainda mais rigorosa com mulheres negras. As duas foram as primeiras mulheres negras a assumir uma cadeira de ministra na Corte Eleitoral.

“Já me pararam na entrada do TJDFT [Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios], onde eu ia sempre, seja para checar a roupa, pelo jeito que estava o meu cabelo. Os seguranças me conheciam, mas não me viam como advogada”, contou à Pública a ministra Vera.

A ministra Edilene levanta a questão de que as regras rígidas sobre vestuário dificultam não somente o acesso das mulheres aos espaços de poder, como também da população mais pobre. 

A dificuldade citada pela ministra se revela em dados registrados por órgãos oficiais, que mostram a desigualdade e sub-representação. Em cargos eletivos, seja no Legislativo ou Executivo, dados do TSE mostram que de presidente da República a vereador, nenhum cargo atinge uma porcentagem equilibrada de homens e mulheres entre os ocupantes. O que mais se equilibra é o de segundo suplente de senador, com 44% de mulheres.

No Judiciário a situação se repete. A última pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o perfil sociodemográfico dos magistrados brasileiros, em 2018, mostrou que em nenhum dos cargos do Poder Judiciário a quantidade de mulheres atingiu a porcentagem de 50%. O maior equilíbrio ocorre entre juízes substitutos, primeiro cargo da carreira, com 44% de mulheres no posto. À medida que a carreira evolui, a quantidade de mulheres diminui consideravelmente. Atualmente, a instância mais alta da Justiça brasileira, o STF, possui 11 ministros, sendo 10 homens e apenas uma mulher. 

O presidente Lula foi bastante cobrado nas duas últimas oportunidades que teve de indicar novos membros para a Corte – quando Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentaram. Movimentos sociais, diversas entidades, organizações da sociedade civil e até parte da base governista reivindicaram a indicação de mulheres, sobretudo de uma mulher negra – fato que seria inédito no Supremo. No entanto, Lula acabou optando por indicar homens para as duas vagas.

No último 8 de março, dia Internacional da Mulher, a ministra Cármen Lúcia foi categórica ao afirmar no plenário do Supremo que a possibilidade de construção conjunta muitas vezes foi negada às mulheres. A magistrada conclui com uma frase forte, em referência a diversas violências que a mulher ainda sofre na sociedade: “Dizem que fomos silenciosas historicamente. Mentira! Nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas”.

História de Karla Gamba

CORRIDA PARA A SUCESSÃO DE LIRA NA CÂMARA DOS DEPUTADOS ESTÁ INDEFINIDA

História de VICTORIA AZEVEDO E JULIA CHAIB – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os pré-candidatos à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados acumulam obstáculos para viabilizar seus nomes na disputa. A eleição ocorre em fevereiro de 2025, e a corrida pela sucessão do alagoano está indefinida.

Hoje, há ao menos quatro deputados que se apresentam: Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL).

Lira, que não pode concorrer à reeleição, tenta transferir seu capital político a um parlamentar de sua escolha. Ele afirmou a deputados que pretende definir o nome de seu candidato até agosto, antes das eleições municipais.

Nos bastidores, avalia que nenhum dos nomes colocados tem hoje os votos necessários. Por isso, tem buscado o apoio do governo Lula (PT) ao seu sucessor. Como mostrou a Folha, o alagoano ofereceu ao petista a possibilidade de o presidente da República vetar um dos candidatos para consolidar essa aliança.

Um dos motivos para a preocupação são as resistências aos atuais pré-candidatos.

Elmar Nascimento é considerado o mais próximo de Lira, o que gera apreensão em parlamentares. Os deputados do chamado baixo clero também criticam a postura do líder da União Brasil por repetir o estilo ríspido do presidente da Câmara no trato do dia a dia.

Ele também sofre resistência no Palácio do Planalto. Ainda na transição de governo, foi vetado por membros do PT da Bahia para ocupar um ministério na Esplanada de Lula.

Também pesa contra Elmar o fato de o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ser o favorito para a presidência do Senado. Políticos se opõem a um mesmo partido comandar as duas Casas do Legislativo.

Além disso, Elmar votou contra a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Ele fez corpo a corpo com parlamentares defendendo sua posição, contrariando parlamentares governistas.

Aliados de Elmar dizem, no entanto, que ele tem condições de agregar apoio e se tornar o candidato de Lira à sucessão.

Já Marcos Pereira (SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e presidente do Republicanos, enfrenta críticas da própria bancada evangélica da Casa e de parlamentares do PL mais alinhados a Jair Bolsonaro.

Recentemente, foi atacado por deputados bolsonaristas por defender o andamento de matérias relacionadas ao combate às fake news e à regulação da inteligência artificial (IA).

As declarações deixaram “um gosto ruim”, nas palavras de um aliado de Bolsonaro, mas não necessariamente farão com que o ex-presidente vete o nome de Pereira na disputa.

Pereira também enfrenta resistência entre parlamentares de partidos de esquerda por ser ligado à Universal –ele foi vice-presidente da TV Record, de propriedade do bispo Edir Macedo, líder da igreja. Por outro lado, deputados dizem que ele pode aproximar Lula do segmento evangélico.

Pereira viajou com Lula, a convite do presidente, para um evento em Santos (SP) no começo do ano. Segundo uma pessoa próxima ao parlamentar, um novo encontro poderá ocorrer em breve.

Líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (BA) é considerado hoje o nome mais próximo do Planalto, o que causa apreensão entre membros da oposição. Conta a seu favor um bom trânsito com parlamentares e líderes da direita, assim como entre diferentes bancadas da Casa.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, publicou no fim de abril imagem de um encontro com Brito em suas redes sociais. À Folha, naquele momento, ele disse que o deputado é um “bom candidato” e que membros do PL respeitam o parlamentar.

Deputados afirmam que pesa contra Brito o fato de ele ser próximo ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Eles dizem que Kassab, hoje secretário de Governo e Relações Institucionais de São Paulo, ganharia poder excessivo na Câmara com a eventual eleição de Brito.

Isnaldo Bulhões Jr., por sua vez, integra em Alagoas o grupo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário de Lira, o que representa um importante obstáculo para suas pretensões.

Cardeais do centrão dizem que Isnaldo poderá crescer na disputa se for atribuída a ele a imagem de um candidato “anti-Lira”.

Além dos quatro nomes, também são lembrados como potenciais candidatos os líderes do PP, Doutor Luizinho (RJ), e do Republicanos, Hugo Motta (PB).

Luizinho tem o respaldo do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), mas deputados do centrão dizem que ele não tem apoio necessário em outros partidos para se tornar um candidato viável.

Já Hugo Motta, apesar de ser uma opção para o próprio Lira, é do mesmo partido de Marcos Pereira e só entrará na disputa se o presidente da legenda desistir –possibilidade considerada difícil hoje.

Pereira ofereceu entregar a presidência da legenda a Motta caso seja eleito presidente da Câmara, o que daria projeção ao aliado nas eleições de 2026.

PRÉ-CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA

Elmar Nascimento (União Brasil-BA)

É considerado o mais próximo de Lira, mas há dúvidas sobre a viabilidade da candidatura

Marcos Pereira (Republicanos-SP)

Possui boas relações com membros do governo e com a oposição, mas enfrentou críticas de bolsonaristas

Antonio Brito (PSD-BA)

Líder do PSD, é apontado como o mais alinhado ao governo Lula até agora, mas há receio de poder excessivo de Kassab

Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL)

Líder do MDB, tem agido nos bastidores da Casa; congressistas avaliam que ele pode ser o candidato “anti-Lira”

 

TRAGÉDIAS DEIXAM LIÇÕES PARA A RECONSTRUÇÃO MAIS EFICIENTE DAS ÁREAS AFETADAS

 

História de GIULIANA MIRANDA – Folha de S. Paulo

LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Regiões afetadas por desastres naturais de grandes proporções –como terremotos, tsunamis, incêndios florestais e inundações– podem aproveitar as lições aprendidas com essas tragédias para se reconstruírem de forma mais eficiente e com maior resiliência às condições ambientais.

É a situação do Rio Grande do Sul, que vive uma tragédia devido às enchentes desde o final de abril que já mataram mais de 160 pessoas em vários municípios.

“No rescaldo imediato de um grande desastre, uma vez que os esforços de socorro e recuperação estão completos, há uma enorme pressão sobre os governos para começar imediatamente a reconstruir e mostrar resultados. Isso é compreensível, mas apressar-se no processo de reconstrução sem as instituições adequadas em funcionamento é um grande erro”, escreve Abhas Jha, gerente de mudanças climáticas e gestão de risco de desastres para o sul da Ásia do Banco Mundial.

Em vários pontos do planeta, países têm investido em diferentes estratégias para se reerguerem depois de fenômenos extremos.

Após enfrentar, em único dia, um terremoto, um tsunami e uma emergência nuclear, o Japão se encontrou com um cenário de destruição de grandes proporções. Em 11 de março de 2011, um sismo de magnitude 9 no oceano Pacífico, a cerca de 130 km da cidade de Sendai, foi seguido de ondas gigantes. Os eventos destruíram grandes áreas no leste do país e provocaram quase 20 mil mortes.

A força das águas causou danos também à estrutura da usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde três dos seis reatores derreteram, liberando elementos radioativos que contaminaram o entorno. O episódio foi o mais grave acidente nuclear desde o de Tchernóbil, em 1986, na então União Soviética (hoje território da Ucrânia).

Quatorze anos após a tragédia, a recuperação ainda não acabou, mas o país já reconstruiu boa parte das estruturas afetadas, incluindo casas, hospitais e estradas. Técnicas de construção otimizadas para cenários de abalos sísmicos, bem como novas barreiras e estruturas de proteção contra tsunami foram amplamente empregados na reconstrução.

Um relatório de 2021 indica que, naquela altura, cerca de 541 km de rodovias –o equivalente a 95% do total destruído– já haviam sido repostos. No processo de recuperação das vias, os japoneses adotaram técnicas de planejamento e construção mais eficientes –inclusive, em alguns casos, reduzindo a distância de deslocamento em relação ao que existia antes do terremoto.

O ponto mais desafiador continua sendo as imediações da usina de Fukushima. Embora o perímetro de isolamento tenha diminuído desde o acidente, autoridades reconhecem que a desinfecção total da área e o manejo dos resíduos ainda podem levar décadas até serem concluídas.

Após o acidente, o Japão investiu na criação de um órgão para coordenar as atividades de recuperação, a chamada Agência de Reconstrução. Uma taxa especial foi usada para aumentar a arrecadação de fundos para financiar os projetos, tanto por meio de obras públicas quanto em linhas de crédito para pessoas e empresas.

Pesquisadora no Centro de Síntese Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados da USP e especialista em projetos interdisciplinares e indicadores de resiliência, Fabiana Lourenço e Silva Ferreira destaca que a recuperação depois das catástrofes pode ser uma oportunidade para ampliar a resistência das cidades e adaptá-las às mudanças climáticas, reduzindo os riscos associados à ocorrência de novos desastres.

“O marco de Sendai, que é o marco regulatório desenvolvido a partir de um acordo mundial, preconiza que, no caso de acontecer um desastre, nós temos de pensar bem na reconstrução. Não se trata de reconstruir no mesmo padrão, mas sim de reconstruir melhor, adequando tudo às características de cada local”, afirma.

A especialista considera que as autoridades devem ainda ponderar sobre o que deve ser reconstruído. Edificações em áreas de risco elevado ou em perímetros de proteção ambiental estão entre as que não deveriam ser repostas.

“Em algumas áreas afetadas, se for verificado que havia ali uma exposição indevida, não se pode simplesmente voltar a construir”, diz. “Infelizmente, muitas vezes o poder público fecha os olhos, principalmente em pequenos municípios.”

A ideia de avaliar os estragos para repensar a reconstrução foi um dos pontos adotados na ilha da Madeira, território de Portugal no oceano Atlântico, depois de uma das enchentes mais devastadoras de sua história, em fevereiro de 2010.

Além das inundações, a ilha enfrentou uma série de grandes deslizamentos de terra, causando a morte de 49 pessoas e deixando cerca de 250 feridos, além de centenas de desabrigados. Houve ainda danos às infraestruturas e ao sistema de abastecimento.

O processo de recuperação do local envolveu esforços que contaram também com financiamento de instituições europeias, incluindo o Banco Europeu de Investimento. Um dos mecanismos era a concessão de financiamentos de pequeno e médio porte para apoiar iniciativas de reparação dos danos, mas também de adaptação do local contra desastres naturais futuros.

Como o turismo é uma das principais fontes de renda da região, as mudanças também levaram em conta a necessidade de proteger essa atividade econômica.

Uma das áreas mais afetadas pelos deslizamentos, a cidade de Funchal, capital da Madeira, ganhou medidas adicionais de prevenção, como a instalação de grandes barragens para o controle de sedimentos.

Essas estruturas são formadas por paredes de concreto com 10 metros de altura que têm “dentes” que auxiliam na retenção dos detritos sólidos. Assim, em caso de inundação, somente os materiais mais finos conseguem passar pelos espaços.

Do outro lado do mundo, na Austrália, os danos foram causados por incêndios florestais que traumatizaram um país já acostumado a ligar com grandes fogos. Em 7 de fevereiro de 2009, várias localidades na região de Victória foram consumidas pelas chamas.

O incêndio, um dos maiores já ocorridos no país, deixou 173 mortos e um rastro de desolação, com danos em 109 cidades. Mais de 2.300 casas destruídas e 43 mil hectares tiveram danos registrados.

Além de criar um comitê especial para investigar o desastre, o governo australiano usou a devastação das chamas para alterar suas políticas de prevenção e resposta aos incêndios.

Desde então, foram implementados novos protocolos, que incluem alterações em códigos de construção e e um moderno sistema de alerta à população.

A pesquisadora Fabiana Lourenço e Silva Ferreira afirma que não existe solução única que se adeque à adaptação de todas as cidades.

“Cada cidade tem de se adaptar em função das suas características locais e das suas vulnerabilidades. Nós temos de considerar o clima, as características culturais daquela população e muitos outros aspectos”, descreve.

NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO DE GASTOS DO PERÍODO DA PRÉ-CAMPANHA ELEITORAL

 

História de JOSÉ MARQUES E THAÍSA OLIVEIRA – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O julgamento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que livrou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) da cassação levantou discussões a respeito da necessidade de regulamentação do período da pré-campanha eleitoral e de quais gastos podem ser feitos nessa fase.

Na terça-feira (21), o tribunal rejeitou por 7 a 0 ação que acusava Moro de abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação em 2022.

As acusações contra Moro tratavam, principalmente, de temas relacionados aos gastos no período que antecedeu a campanha oficial ao Senado.

O PL e o PT argumentaram que os valores foram desproporcionais porque ele almejava inicialmente a Presidência da República, gerando desequilíbrio entre os concorrentes.

A conclusão do julgamento foi célere por pressão do Senado sobre o TSE e pela intenção do presidente da corte, Alexandre de Moraes, de fazer um aceno ao Legislativo.

Mas também gerou preocupações no Judiciário de que o tribunal acabasse passando o recado a políticos de todo o país, em ano de eleição municipal, de que os julgamentos sobre gastos de pré-campanha serão afrouxados com essa decisão.

A própria ministra Cármen Lúcia, que assumirá a presidência do TSE em junho e comandará o tribunal nas eleições municipais, deu recados ao votar sobre o assunto.

Ela disse que analisava apenas sobre o caso concreto de Moro, e que não foram apresentadas provas suficientes para que houvesse caracterização de conduta irregular.

“Este período de pré-campanha traz uma série de dificuldades, o que se mostra até na nossa jurisprudência”, disse a ministra. “Nesta fase não se tem, rigorosamente, de maneira exaustiva e fechada, o que pode e o que não pode [fazer]”, afirmou. “[Mas] É preciso alertar que este período [de pré-campanha] não é algo tolerável para qualquer tipo de comportamento.”

Ao votar, no fim do julgamento, Moraes também cobrou regulamentação do tema.

“Há necessidade de uma alteração no sistema eleitoral brasileiro em relação à pré-campanha”, disse, acrescentando que essa divisão em relação à campanha não existe em países como França, Inglaterra e Estados Unidos.

“Aqui nós temos essa figura da pré-campanha que gera alguns problemas. Por exemplo, alguém que é ligado a associações comerciais e é um pré-candidato a deputado federal”, exemplificou.

“Ele, durante dois ou três anos faz palestra em todas as associações comerciais e a associação comercial convida, paga o hotel e o transporte, e isso não é considerado pré-campanha. Quem é ligado a universidade é convidado pelas universidades. Há necessidade de uma regulamentação melhor”, afirmou.

O próprio Moro disse, num evento de comemoração organizado pela oposição do Senado após a decisão do TSE, que é necessário acabar com a “incerteza jurídica” sobre pré-campanhas.

Ele sugeriu que essa discussão seja feita no âmbito do novo Código Eleitoral, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e teve o texto modificado pelo Senado. O relatório sobre o tema deve ser votado na Comissão de Constituição e Justiça no dia 5 de junho, e pode ser levado ao plenário no mesmo dia.

“No meu caso, a tentativa de cassação não era porque a gente tinha excedido gasto de campanha, não foi por caixa dois, mas foi questionamento em cima da pré-campanha, que no fundo está mal regulada”, disse Moro.

“Por ter um certo vazio de regras, muitas vezes o intérprete quer criar regras, e aí vão criando regras meio absurdas e querem aplicar retroativamente.”

A partir da minirreforma eleitoral de 2015, as vedações às pré-campanhas, que eram mais rígidas, foram flexibilizadas. A regra principal é a de que não se pode pedir voto explícito ao eleitor.

A partir de entendimentos da Justiça Eleitoral, outro tipos de restrições foram sendo formadas, como a vedação a pedidos implícitos de voto (como dizer “em outubro conto com vocês”), além do uso de outdoors para exaltar qualidades pessoais dos candidatos. Também não é permitido gasto excessivo que tire a isonomia do pleito.

Especialistas consultados pela Folha ressaltam a importância dessas regras, apesar da falta de regulamentação sobre esse período.

“Na pré-campanha é permitido anunciar a intenção de concorrer nas eleições, projetos políticos, ideias e posicionamentos sobre assuntos de interesse do debate público, inclusive pela internet, e participar de eventos partidários”, diz Amanda Cunha, coordenadora da Abradep (Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político).

Também é possível “impulsionar conteúdos online e usar anúncios pagos, desde que identificado o CNPJ do partido ou CPF do pré-candidato e moderação de gastos –que nas decisões eleitorais gira em torno de 10% [do total de despesas na campanha], mas isso não está na lei, nem nas resoluções”.

O advogado eleitoral Walber Agra, também membro da Abradep, diz que não considera a prestação de contas na pré-campanha “um terreno sem leis, uma anomia”.

Ele aponta que resolução do TSE mostra que os gastos da pré-campanha não são “um indiferente eleitoral”, mas que devem observar “os impedimentos da campanha” (por exemplo, contribuição de pessoa jurídica) e “devem ser moderados, proporcionais e transparentes”.

“Dessa forma, os gastos não podem ser exorbitantes, devem ser escriturados, públicos e não configurar qualquer tipo de ilícito eleitoral”, afirma.

A principal discussão a respeito de necessidade de regulamentar a pré-campanha é a possibilidade de estabelecer um teto sobre os gastos que podem ser feitos.

Isso é defendido por parte de acadêmicos e observadores do processo eleitoral, já que a métrica de 10% não está prevista em norma.

“Isso clama por uma regulamentação mais detalhada do Congresso”, diz o advogado Fernando Neisser, doutor pela USP e professor de direito eleitoral da FGV-SP.

Para ele, não há necessidade de que haja sistemas de prestação de contas como acontece durante a campanha, mas que se crie um limite para as despesas.

“Um parâmetro de gastos é uma solução mais inteligente e menos burocrática. Uma prestação de contas da pré-campanha vai criar centenas de processos para a Justiça Eleitoral. Há muito mais pré-candidatos do que candidatos.”

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL CRIA NECESSIDADE DE NOVOS PROFISSIONAIS

 

História de Jayanne Rodrigues e João Scheller – Jornal Estadão

As novas exigências ambientais impulsionam o crescimento de empregos verdes em diversos setores do mercado de trabalho, incluindo mineração, agropecuária e indústria automotiva. Os salários iniciais geralmente começam em R$ 3 mil, podendo alcançar até R$ 50 mil em cargos mais seniores. Essa mudança não cria necessariamente novas profissões, mas adapta os talentos existentes para atender às novas regulamentações ambientais.

Em geral, as empresas apontam para a necessidade de os profissionais buscarem especializações relacionadas ao mercado de energia renovável e terem uma formação cada vez mais variada, incluindo temas técnicos, mas também relacionados ao impacto ambiental do setor e à legislação vigente. Quem “sair da caixa” e tentar se desenvolver de forma multidisciplinar tem mais chances de crescimento, de acordo com companhias ouvidas pela reportagem.

No entanto, alguns cargos são novos, como especialista em reciclagem automotiva para coordenar a reutilização de materiais e a redução de resíduos, modelador de dados para mapear informações dos nutrientes do solo e pastagens nativas e supervisionar o processo de produção de hidrogênio verde.

Outras são profissões já existentes, mas com especialização atualizada:

  • Engenheiros de produto
  • Engenheiros eletricistas
  • Zootécnicos
  • Advogados
  • Engenheiros eletricistas
  • Geólogos
  • Vejas as oportunidades de carreiras, conforme o setor:

Hidrogênio verde

Módulos de eletrólise da ThyssenKrupp usados na fabricação de hidrogênio verde Foto: Divulgação/ThyssenKrupp

Módulos de eletrólise da ThyssenKrupp usados na fabricação de hidrogênio verde Foto: Divulgação/ThyssenKrupp© Fornecido por Estadão

Segundo as empresas consultadas pela reportagem, a produção de hidrogênio verde em larga escala não deve necessariamente criar novas profissões, mas se espera que impulsione a demanda do mercado por profissionais que tenham conhecimento e experiência com as áreas de energia e descarbonização. Alguns desses profissionais seriam:

  • Engenheiro elétrico: será essencial para coordenar unidades de produção de hidrogênio verde. É importante que esse profissional tenha conhecimento no mercado de energia renovável. Especializações em redes de transmissão de energia e planejamento elétrico podem ajudar a encontrar uma vaga neste novo mercado.
  • Engenheiro químico: trabalhará diretamente com o processo de produção do hidrogênio limpo, que ocorre de diferentes maneiras, em especial por meio do processo de eletrólise. Experiência com o mercado de energia, em especial renovável, pode ajudar a encontrar uma posição no mercado.

Por se tratar de um mercado ainda muito embrionário no País, não há estimativas precisas de salários praticados na área. Mas, segundo a consultoria Robert Half, profissionais ligados à energia verde podem ter salários mensais que variam de R$ 6 mil a R$ 30 mil, dependendo do cargo e nível de senioridade.

Pecuária verde

Gado em fazenda no município de Paragominas, no interior do Pará Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Gado em fazenda no município de Paragominas, no interior do Pará Foto: Daniel Teixeira/Estadão© Fornecido por Estadão

Veja algumas das atividades na área:

  • Socioeconomista: responsável por organizar informações da produção da pecuária verde, incluindo avaliação econômica das novas tecnologias para que sejam acessíveis aos produtores rurais;
  • Modelador de dados: mapeia dados dos nutrientes do solo e pastagens nativas;
  • Piloto de veículos não-tripulados: imagens aéreas e aplicação específica e mais eficiente de inseticidas;
  • Sensoriamento remoto: interpretação e monitoramento de imagens para otimizar insumos agrícolas e reduzir impactos ambientais;
  • Profissional especializado em IA: desenvolvimento de modelos que simulem processos biológicos dos animais, como desempenho e estimativas de ganho de peso. Profissionais de zootecnia podem usar IA para solução de problemas complexos na produção animal.

O salário base de um profissional de agronomia e engenharia agrícola no Brasil varia entre 5 e 8 salários mínimos, segundo a pesquisadora de sistemas de produção animal sustentável da Embrapa Semiárido, Salete Moraes. Dependendo da função, a remuneração pode oscilar entre R$ 4 mil e R$ 15 mil, com uma média de R$ 8 mil.

Mineração

Operação na unidade Salobo da Vale, de mineração de cobre, em Marabá no Pará Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Operação na unidade Salobo da Vale, de mineração de cobre, em Marabá no Pará Foto: Daniel Teixeira/Estadão© Fornecido por Estadão

O setor de mineração no Brasil passa por uma grande transformação nos últimos anos, na esteira de desastres ambientais que fizeram o país mudar sua política de fiscalização nesses espaços e também uma demanda maior do mercado por uma economia descarbonizada.

Se antes o setor era dominado por engenheiros e técnicos, hoje há espaço também para profissionais ligados à tecnologia e a um cuidado maior com os efeitos da mineração no solo e na comunidade local.

Algumas das profissões demandadas pelo setor são:

  • Geotécnico: profissional é responsável por analisar o solo e a região onde cada mina pode se instalar, conferindo diferentes dados e elementos do local para elaboração do projeto de engenharia.
  • Mecânico de Robótica: faz o ajuste em equipamentos que fazem a manutenção e inspeção das minas.
Fábrica da Toyota, em Sorocaba, onde a empresa produz carros híbridos (que usam bateria, etanol e gasolina) Foto: Werther Santana/Estadão

Fábrica da Toyota, em Sorocaba, onde a empresa produz carros híbridos (que usam bateria, etanol e gasolina) Foto: Werther Santana/Estadão© Fornecido por Estadão

O mercado de carros elétricos e híbridos surge como uma alternativa no setor automotivo para frear os efeitos da emergência climática no mundo. No setor, não há necessariamente a criação de novos cargos, mas, sim, uma adaptação. Confira algumas profissões requisitadas:

  • Engenheiros (mecânicos, eletricistas e da área de produção)
  • Administradores
  • Profissionais de relações públicas
  • Marketing
  • TI com foco no setor automotivo

A transição para o ramo da eletrificação também demanda investimentos em habilidades complementares, diz Gabriel Perucci, head de RH da GWM (Great Wall Motors), fabricante chinesa de automóveis.

“Precisamos que a pessoa chegue com bagagem técnica. Os acabamentos do carro, pneu, roda e toda parte de estrutura do veículo são praticamente as mesmas. Então, você traz profissionais que dominam esses conhecimentos e vamos agregar algumas skills (habilidades).”

Capacidade para avaliar cenários, pensar fora da caixa, gerir mudanças e dominar conhecimentos na área de inteligência artificial e análise de dados são as principais habilidades exigidas para além da formação técnica.

A remuneração no novo cenário da indústria automotiva é de aproximadamente R$ 2.300 para funcionários do chão de fábrica, sem incluir benefícios como previdência privada e seguro-saúde. Para engenheiros em nível sênior, os salários variam entre R$ 13 mil e R$ 15 mil.

Biocombustível

Colheita mecanizada de cana em plantação da Raízen em Piracicaba Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Colheita mecanizada de cana em plantação da Raízen em Piracicaba Foto: Daniel Teixeira/Estadão© Fornecido por Estadão

O setor de biocombustíveis vem crescendo e aumentando sua necessidade por profissionais capacitados, desde os níveis técnicos até cargos de gestão.

A capacidade de se adaptar ao uso da tecnologia adotada pelas empresas, assim como ter conhecimentos específicos sobre o setor, é fundamental para quem deseja ingressar na área, afirmam empresas do setor. Algumas das carreiras em alta neste mercado são:

  • Engenheiro de bioprocessos: cuida do desenvolvimento e aprimoramento dos processos envolvidos na produção dos combustíveis.
  • Especialistas em rastreabilidade e certificação: certificam que a produção tem uma origem sustentável, como não ser proveniente de áreas desmatadas ilegalmente, por exemplo.

Saiba mais na reportagem completa.

Mercado de carbono

O mercado de carbono tem organizações especializadas em oferecer serviços que auxiliam grandes empresas na mitigação dos impactos de suas ações poluentes. Essas organizações vendem os créditos de carbono para compensar a poluição do setor produtivo.

Veja algumas profissões do setor:

  • Advogados
  • Administradores
  • Assistentes sociais
  • Biólogos
  • Engenheiros florestais
  • Geógrafos
  • Sociólogos

Dentro dessas áreas de atuação, confira algumas funções desempenhadas:

  • Desenvolvimento de projetos: empresas especializadas em mapear áreas de reflorestamento ou captura de metano em aterros sanitários, por exemplo.
  • Operação: implantam a restauração que gerará os certificados de crédito de carbono. Exemplo: restauração florestal por meio do plantio de 10 mil árvores na Amazônia com o objetivo de compensar as emissões das atividades de uma mineradora.
  • Auditoria: organizações de auditoria credenciadas que atuam como órgãos de certificação do crédito de carbono.
  • Impacto social: assegura que projetos de carbono gerem os benefícios sociais avaliados pela certificação.

O geógrafo Lucas Pereira, que também administra duas empresas do mercado de carbono, calcula que profissionais em início de carreira ganhem em torno de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Já cargos mais seniores variam entre R$ 12 mil e R$ 20 mil.