Pesquisa realizada em 33 países pela Ipsos avalia a percepção da população com relação ao meio ambiente
Sete em cada dez pessoas no Brasil e no mundo acreditam que “se todos
fizessem pequenas mudanças em suas vidas cotidianas, isso poderia ter
um grande impacto no combate às mudanças climáticas”, diz a pesquisa
Earth Day 2024.
Esse consenso, no entanto, varia entre as gerações e gêneros, diz o
levantamento realizado pela Ipsos, empresa de pesquisa de mercado
independente, com quase 25 mil pessoas em 33 países, sendo cerca de
1.000 respondentes no Brasil.
Embora as pessoas mais jovens costumem ser mais otimistas do que as
pessoas mais velhas numa série de questões, a pesquisa global conclui
que as mudanças climáticas parecem ser a exceção à regra.
Responderam positivamente à pergunta sobre se todos fizessem mudanças
individuais nas suas rotinas e hábitos isso causaria um grande impacto
no alívio à crise climática, 73% dos Boomers (geração nascida entre 1945
e 1964), 71% da Geração X (1965 até 1980), 68% dos Millennials ou
Geração Y (nascidos entre 1982 e 1994) e 63% da Geração Z (nascidos
entre 1995 e 2010).
As empresas, governos e demais organizações que estão elaborando
estratégias de ação climática podem precisar ajustar anúncios e
mensagens para uma linguagem que envolva melhor os funcionários,
clientes e fornecedores mais jovens.
Homens da geração Y e da geração Z são o grupo mais apático e
fatalista sobre as mudanças climáticas em comparação com as gerações
anteriores e as mulheres. Três em cada dez dizem que “já é tarde demais”
para enfrentar as alterações climáticas e acham que não podem fazer
diferença, se sentindo particularmente impotentes.
Proporções semelhantes de homens jovens acreditam que “não faz
sentido mudar o seu próprio comportamento para enfrentar o clima mudar
porque não vai fazer alguma diferença de qualquer maneira”.
Além disso, mesmo com o maior volume de reportagens sobre recordes de
calor, inundações e incêndios relacionados à crise climática nos
últimos anos, homens millennials e os homens da geração Z também são o
grupo de corte da pesquisa mais suscetível a acreditar que “o impacto
negativo das alterações do clima está muito distante no futuro para eles
se preocuparem”.
Mas a maioria das pessoas em todos os países pesquisados, com exceção
da Índia, pensa que não é tarde demais para enfrentar as alterações
climáticas. No entanto, a pesquisa descobriu que as pessoas não têm
conhecimento sobre quais ações individuais têm o maior impacto.
A conclusão mostra que há trabalho a fazer para comunicar quais as
ações que possuem maior impacto no corte de emissões e como fazê-las.
Para 37% dos entrevistados, ter acesso fácil a mais informações os
encorajaria a tomar mais medidas.
Governos
O número de pessoas que pensam que o seu governo tem um plano claro
para combater as mudanças climáticas diminuiu desde 2022. No Brasil, 73%
acreditam que o governo federal deveria intensificar seus esforços no
combate às mudanças climáticas.
Na média global, 63% das pessoas acreditam que seus países deveriam
fazer mais. Indonésia, China e Tailândia são os países onde mais pessoas
acreditam que seus governantes deveriam intensificar as ações.
Moradores da Alemanha, Holanda e Japão são os que menos concordam com
a necessidade de fazer mais para combater as mudanças climáticas. O
Brasil ocupa a 8º posição nesta lista. E a margem de erro para as
respostas no Brasil é de 3,5 pontos percentuais.
Para 40% dos brasileiros, o Brasil já é um líder mundial na luta
contra as mudanças climáticas. As nações com maiores índices de
concordância são China (75%), Índia (73%), e a Indonésia (54%), enquanto
os países com menores índices são Japão (12%), Romênia (10%) e Hungria
(9%).
Globalmente, o levantamento também revela que 63% acreditam que
países desenvolvidos, como os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá,
Alemanha e França, devem pagar mais para resolver o problema climático,
dada sua maior responsabilidade histórica na produção de emissões de
carbono.
Mas quando questionados sobre “não podemos enfrentar plenamente as
alterações climáticas a menos que todos os países trabalhem em
conjunto”, três a cada quatro pessoas (74%) no mundo acreditam que todos
os países devem trabalhar juntos na resolução deste problema.
Empresas
Quase três em cada cinco pessoas concordam que se as empresas do seu
país não agirem agora para combater as alterações climáticas, estão
falhando com seus funcionários e clientes, com um consenso geral entre
as gerações sobre isso.
As marcas que falam e tomam medidas para combater as alterações
climáticas estão fazendo o que a maioria das pessoas espera, desde
estudantes iniciantes até veteranos e veteranas experientes.
Ainda não se sabe qual será o orçamento total necessário para reconstruir o Rio Grande do Sul e apoiar as famílias atingidas, após os estragos causados por fortes chuvas que afetaram 388 dos 497 municípios gaúchos, mas o Congresso Nacional, o governo federal e o governo gaúcho se articulam para agilizar a liberação de bilhões de reais.
Apenas a reconstrução de rodovias destruídas pelas enchentes do Sul
deve custar ao menos R$ 1 bilhão, segundo estimativa do ministro da
Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
As inundações atingiram mais de 1,3 milhão de pessoas, segundo a
administração estadual, com ao menos 100 mortes e 155,7 mil pessoas
desalojadas de suas casas. Muitos estão sem luz ou água potável.
As negociações para liberar recursos ocorrem em meio às restrições
fiscais que atingem tanto a União como o Estado, já que ambos estão com
as contas no vermelho.
Entre as medidas em discussão está a suspensão do pagamento da dívida
do Rio Grande do Sul com o governo federal (que pode liberar R$ 3,5
bilhões neste ano), a autorização de verbas extras fora do limite de
gastos da União, e o remanejamento de despesas já previstas no
Orçamento, como as emendas parlamentares (recursos que deputados e
senadores podem usar em investimentos e políticas públicas).
Alguns parlamentares, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), têm defendido a criação de um “orçamento de guerra”, similar
ao adotado na pandemia da covid-19, quando as regras fiscais foram
flexibilizadas e o governo federal foi autorizado a assumir gastos
extras que somaram mais de R$ 600 bilhões em dois anos, segundo o Tribunal de Contas da União.
Propostas de alteração da Constituição (PEC) com esse teor já foram
apresentadas pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e o senador
Alessandro Vieira (MDB-SE).
A ideia, porém, está sendo criticada por especialistas em contas
públicas que consideram que o “orçamento de guerra” traria uma
flexibilização excessiva das regras fiscais.
Na visão desses analistas, há outros mecanismos para garantir verba
extra para o Estado fora do limite de gastos da União, sem necessidade
de alterar a Constituição Federal.
O principal deles é a adoção de créditos extraordinários em situações emergenciais.
Essa opção já está autorizada, após o Congresso aprovar na
terça-feira (7/5) uma proposta de decreto legislativo apresentada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelecendo estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, até 31 de dezembro de 2024.
Isso permitirá ao governo liberar recursos além do limite de gastos
do ano e descontar essa despesa da meta de resultado primário (diferença
entre receitas e despesas não financeiras).
A meta estabelecida pela lei orçamentária de 2024 é que o governo
reverta o rombo registrado nos anos anteriores e feche o ano no zero a
zero, ou seja, sem economizar ou gastar mais do que arrecada.
Em 2023, a União registrou déficit primário de R$ 230,5 bilhões, valor equivalente a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB).
Apesar da meta de zerar o rombo neste ano, levantamento realizado
pelo Banco Central semanalmente mostra ceticismo do mercado financeiro. A
mediana das projeções dos analistas para este ano está em déficit de
0,67% do PIB.
Defensores da redução do rombo dizem que o equilíbrio das contas
públicas contribui para reduzir a inflação e os juros praticados no
país, com impactos positivos para o crescimento econômico.
Já os críticos das medidas de austeridade fiscal dizem que o corte de
gastos reduz a qualidade dos serviços públicos e a assistência do
governo aos mais pobres.
O presidente Lula voltou a garantir na terça-feira a rápida liberação de recursos emergenciais por meio dos ministérios.
Ele ressaltou que não se sabe ainda o total que será necessário para
recuperar o Estado e disse que o governo federal “vai trabalhar junto
com governador [Eduardo Leite, do PSDB] em um projeto”.
“A dificuldade inicial é que nenhum prefeito – o governador disse
isso com todas as letras no último domingo – tem noção do estrago que
foi feito. Por enquanto, as pessoas imaginam, pensam. Mas a gente só vai
ter o estado real quando a água baixar e a gente ver o que aconteceu de
fato no Rio Grande do Sul”, disse em entrevista a emissoras de rádio
durante o programa “Bom Dia, Presidente”, produzido pela Empresa Brasil
de Comunicação (EBC).
“O que eu posso garantir é que há 100% de vontade da Câmara, do
Senado, do Tribunal de Contas e do Poder Judiciário para que a gente
facilite o máximo possível os recursos”, acrescentou.
O economista Gabriel Barros, ex-diretor da Instituição Fiscal
Independente (órgão ligado ao Senado), considera inevitável o aumento de
gastos para apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul, mas é contra o
“orçamento de guerra”.
“Não é necessário porque o crédito ordinário é suficiente para
prestar solidariedade necessária ao Estado e já foi utilizado em
situações anteriores similares, por exemplo momentos de seca no Nordeste“, exemplificou.
Na sua avaliação, alterar a Constituição para autorizar gastos extras
traz risco de um aumento descontrolado de despesas, em um momento em
que as contas públicas já estão apertadas.
Para Barros, o governo tem errado ao focar o ajuste fiscal
principalmente na geração de novas receitas, com mais tributos ou
retirada de benefícios fiscais, sem buscar uma contenção dos gastos.
Ele critica, por exemplo, a decisão de reajustar o salário mínimo
neste ano acima da inflação (para R$ 1.412), despesa que pressiona os
gastos públicos com Previdência Social, seguro desemprego e BPC
(Benefício de Prestação Continuada, salário mínimo pago a idosos e
pessoas com deficiência de baixa renda).
Já o governo diz que essa política reduz pobreza e estimula a economia, ao colocar mais dinheiro em circulação.
Para Barros, a estratégia do governo não deixa folga nas contas
públicas para reagir a situações excepcionais, como as inundações que
atingem o Rio Grande do Sul.
“A preferência do governo é para aumentar despesa e essa decisão está exaurindo todo o espaço fiscal que existia”, critica.
‘Reconstrução longa e difícil’
Autora de uma das propostas de “orçamento de guerra”, a deputada
gaúcha Fernanda Melchionna diz que a medida é necessária diante de “uma
reconstrução que vai ser longa, difícil e em muitas áreas”.
Na sua visão, é preciso adotar não só medidas de recuperação, mas
também para preparar o Estado para novos episódios de chuvas fortes, já
que os ambientalistas afirmam que as mudanças climáticas vão
intensificar eventos extremos como as inundações que atingiram o Rio
Grande do Sul.
“Os próprios sistemas de alerta e de monitoramento precisam ser
ampliados. As mudanças climáticas estão aí e a gente precisa mitigar os
impactos de um novo normal que, infelizmente, veio pra ficar, no sentido
de catástrofes ambientais”, defende Melchionna.
A deputada lembra ainda que o Rio Grande do Sul tem um problema
histórico de alto endividamento que limita a capacidade de investimentos
do Estado.
Devido aos juros altos, a dívida com a União cresceu 13% em 2023,
somando R$ 92,8 bilhões, segundo dados da Secretária Estadual de
Fazenda.
Sua proposta para o “orçamento de guerra” prevê a suspensão do
pagamento e que todo o recurso usado na recuperação do Estado seja
abatido da dívida.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
disse nesta quarta-feira (8/5) que o governo deve definir ainda nesta
semana as regras para suspender a cobrança da dívida gaúcha.
Mesmo antes das inundações, a Fazenda já discutia a renegociação dos
juros pagos por Rio Grande do Sul e outros Estados com alto
endividamento, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Segundo
Haddad, essas conversas continuarão independentemente da suspensão da
dívida gaúcha.
Melchionna propõe ainda benefícios sociais para as famílias que
perderam casas e bens nas enchentes. A medida também é defendida por
outros parlamentares.
A bancada do PSDB na Câmara está propondo a criação do “Socorro
Emergencial Gaúcho”, benefício mensal de R$ 600 para famílias atingidas.
Recursos de emendas parlamentares
Enquanto a liberação de recursos extras é negociada, o governo
anunciou o remanejamento de recursos já previstos no Orçamento de 2024.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse na
terça-feira que o governo federal vai abrir, ainda em maio, uma janela
para que deputados e senadores possam remanejar parte de suas emendas
parlamentares para ações emergenciais no Rio Grande do Sul.
Segundo ele, isso permitirá redirecionar recursos que iriam para
obras e compras de equipamentos, para gastos mais imediatos no socorro
às vítimas das enchentes (defesa civil, saúde e assistência social).
“Só da bancada gaúcha, significa R$ 448 milhões”, afirmou,
ressaltando que parlamentares de outros Estados também poderão
redirecionar suas emendas para o Rio Grande do Sul.
Além disso, Padilha disse que o governo espera aprovar na
quinta-feira (9/5) no Congresso Nacional uma alteração na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) que liberaria mais R$ 480 milhões de
transferências especiais para os municípios gaúchos, dentro das chamadas
“emendas pix”, que entram direto no caixa das prefeituras.
Já o relator da LDO, deputado Danilo Forte (União-CE), defende que
mais R$ 2 bilhões podem ser destinados de emendas parlamentares para a
recuperação do Rio Grande do Sul.
Segundo sua proposta, esses recursos viriam dos R$ 5,6 bilhões
previstos para emendas de comissões (recursos que os parlamentares podem
destinar por meio das comissões da Câmara e do Senado) na Lei
Orçamentária Anual (LOA) de 2024 que foram vetados pelo presidente Lula,
justamente como parte do esforço de reduzir o rombo nas contas
públicas.
A expectativa, porém, é que o Congresso derrube esse veto, liberando os recursos.
A prisão de Julius Kivimäki põe fim a uma onda de crimes cibernéticos de
11 anos, que começou quando ele ganhou notoriedade em uma rede de
gangues anarquistas de hackers adolescentes, quando ele tinha apenas 13
anos.
A seguir, conheça o caso.
Tiina Parikka estava se refrescando depois de fazer sua habitual sauna de sábado à noite, na Finlândia, quando recebeu uma notificação no telefone.
Era um e-mail de um remetente anônimo, que de alguma forma tinha seu nome, número de seguro social e outros detalhes privados.
“Inicialmente, fiquei impressionada com o quão educado era, como o tom era amistoso”, relembra.
“Prezada Sra. Parikka”, escreveu o remetente, antes de contar que
havia obtido suas informações privadas em uma clínica de psicoterapia da
qual ela era paciente.
Quase se desculpando, o autor do e-mail explicava que estava entrando
em contato diretamente porque a clínica estava ignorando o fato de que
dados pessoais haviam sido roubados.
Dois anos de registros minuciosos feitos por seu terapeuta durante
dezenas de sessões estavam agora nas mãos deste chantagista
desconhecido.
Se ela não pagasse o valor solicitado dentro de 24 horas, todas as anotações seriam publicadas online.
“Foi uma sensação sufocante”, diz ela. “Eu estava sentada lá, de
roupão, sentindo como se alguém tivesse invadido meu mundo privado e
estivesse tentando ganhar dinheiro com os traumas da minha vida.”
Tiina percebeu rapidamente que não estava sozinha.
Um total de 33 mil outros pacientes de terapia também tiveram seus
registros roubados — e milhares foram chantageados, o que resultou no
processo criminal com o maior número de vítimas na Finlândia.
O banco de dados roubado dos servidores da Vastaamo, rede finlandesa
de clínicas de psicoterapia, continha os segredos mais íntimos de uma
grande parte da sociedade, incluindo crianças.
Conversas delicadas sobre assuntos que iam desde casos extraconjugais
até confissões de crimesn estavam sendo usadas como moeda de troca.
Mikko Hyppönen, da empresa finlandesa de segurança cibernética
WithSecure, que pesquisou o ataque, conta que o caso teve repercussão e
alimentou o noticiário durante dias no país.
“Um ataque hacker com esta dimensão é um desastre para a Finlândia — todo mundo conhecia alguém afetado”, diz ele.
Tudo isso aconteceu em 2020, durante os lockdowns impostos em decorrência da pandemia de covid-19, e o caso surpreendeu o mundo da segurança cibernética.
O impacto dos e-mails foi imediato e devastador. A advogada Jenni
Raiskio representa 2,6 mil vítimas e, durante julgamento, ela disse que
seu escritório havia sido contratado por pessoas cujos parentes haviam
tirado a própria vida depois que seus registros foram publicados online.
Ela liderou um momento de silêncio no tribunal pelas vítimas.
O chantagista, identificado apenas como “ransom_man” por sua
assinatura online, exigia que as vítimas pagassem 200 euros (cerca de R$
1.090) no prazo de 24 horas, — do contrário, ele publicaria suas
informações. Se não cumprissem este prazo, ele aumentaria o valor para
500 euros (R$ 2,7 mil).
Cerca de 20 pessoas pagaram antes de perceber que já era tarde
demais. Suas informações haviam sido publicadas no dia anterior, quando
“ransom_man” vazou acidentalmente todo o banco de dados para um fórum
na dark web.
Está tudo lá até hoje.
Mikko e sua equipe passaram um tempo rastreando o hacker e tentando
ajudar a polícia. Foi quando começaram a surgir teorias de que o hacker
provavelmente seria da Finlândia.
Uma das maiores investigações policiais da história do país chegou a
um jovem finlandês que já era conhecido no mundo do crime cibernético.
Onda de crimes de ‘Zeekill’
Kivimäki, que se autodenominava Zeekill quando era um hacker
adolescente, não se tornou a figura conhecida que é por ser cuidadoso.
Na adolescência, ele só queria saber de hackear, extorquir e se gabar
o mais alto possível. Ao lado das equipes de hackers Lizard Squad e
Hack the Planet, ele se deleitava ao causar o caos no período
extremamente ativo de hackers adolescentes da década de 2010.
Mas ele não foi preso. Sua suspensão condicional da execução da pena
de dois anos gerou controvérsia, e foi criticada por muitos no mundo da
segurança cibernética. Apesar das sentenças notoriamente brandas da
Finlândia, o receio era que Kivimäki e seus cúmplices — em sua maioria,
outros adolescentes espalhados pelo mundo de língua inglesa — não fossem
dissuadidos.
Assim como muitos de seus colegas durante este período tumultuado,
Kivimäki não pareceu deixar os problemas com a polícia detê-lo.
Após sua prisão, e antes de sair sua sentença, ele realizou um dos
ataques mais audaciosos de qualquer gangue de hackers adolescentes.
Ele e o Lizard Squad deixaram as duas maiores plataformas de games offline na véspera e no dia de Natal.
A Playstation Network e o Xbox Live foram derrubados depois que seus
serviços foram atingidos por uma técnica pouco sofisticada, mas
poderosa, conhecida como ataque distribuído de negação de serviço.
Dezenas de milhões de jogadores foram impedidos de baixar jogos,
registrar novos consoles ou jogar com amigos online.
Kivimäki ganhou a atenção da imprensa mundial e até aceitou me dar
uma entrevista para o canal de televisão Sky News, na qual não
demonstrou nenhum remorso pelo ataque.
Outro hacker que também era da gangue Lizard Squad disse à BBC que
Kivimaki era um adolescente vingativo que adorava se vingar de rivais e
mostrar suas habilidades online.
“Ele era muito bom no que fazia, e não se importava com as consequências. Ele sempre ia mais além que os outros nos ataques.”
“Apesar da atenção que havia sobre ele, ele fazia ameaças de bomba e
passava trotes sérios sem disfarçar a voz”, conta Ryan, que não quis
divulgar seu sobrenome porque ainda é desconhecido das autoridades.
Além de Kivimäki ter sido vinculado a alguns ataques hackers de menor
escala após sua sentença, praticamente não se ouviu falar dele durante
anos, até que seu nome foi ligado ao ataque à clínica de psicoterapia
Vastaamo.
Alerta vermelho emitido
A polícia finlandesa demorou quase dois anos para reunir provas no
intuito de emitir um alerta vermelho de busca na Interpol (polícia
internacional) para Kivimäki — e ele se tornou um dos criminosos mais
procurados da Europa. Mas ninguém sabia onde estava o jovem de 25 anos.
Ele foi localizado por acaso em fevereiro passado, quando a polícia
de Paris foi ao seu apartamento após receber uma chamada falsa sobre
briga doméstica. Eles descobriram que Kivimäki vivia com documentos de
identidade falsos.
O jovem foi extraditado rapidamente para a Finlândia, onde a polícia
começou a se preparar para um dos julgamentos mais importantes da
história do país.
O detetive Marko Leponen liderou a investigação de três anos — e, segundo ele, foi o maior caso de sua carreira.
“Tivemos mais de 200 policiais no caso em determinado momento, e foi
uma investigação intensa com muitos depoimentos e histórias de vítimas
para analisar.”
O julgamento de Kivimäki foi uma notícia importante para o país,
acompanhado de perto por jornalistas locais — e, inclusive, pela
imprensa internacional, que compareceu para ouvir seu depoimento.
Eu estive no tribunal no primeiro dia em que ele depôs, quando
manteve sua declaração de inocência com calma e com piadas ocasionais
direcionadas ao tribunal em silêncio.
Mas as evidências contra ele eram esmagadoras.
Leponen diz que vincular a conta bancária de Kivimäki ao servidor usado para baixar os dados roubados foi crucial.
Seus agentes também usaram novas técnicas forenses para extrair a
impressão digital de Kivimäki de uma foto anônima que ele postou sob um
pseudônimo online.
“Conseguimos provar que essa pessoa anônima que postou no fórum era
Kivimäki. Foi inacreditável, mas mostra que é preciso usar todas as
medidas que conhecemos, e tentar aquelas que não conhecemos”, explica
Leponen.
No final, os juízes deram o veredito, declarando-o culpado de todas as acusações.
O tribunal considerou Kivimäki culpado de mais de 30 mil crimes — um para cada vítima.
Ele foi acusado de violação de dados qualificada, tentativa de
chantagem qualificada, 9.231 disseminações qualificadas de informações
violando a vida privada, 20.745 tentativas de chantagem qualificadas e
20 chantagens qualificadas.
Ele foi condenado a seis anos e três meses de prisão (a pena máxima
era de sete anos), mas é provável que cumpra apenas metade, devido ao
tempo já cumprido e ao sistema de justiça finlandês.
Para as vítimas, como Tiina, não é tempo suficiente.
“Tanta gente foi afetada por isso de tantas maneiras — 33 mil pessoas
são muitas vítimas. Isso afetou nossa saúde, e algumas pessoas foram
alvo de golpes financeiros também usando os dados roubados”, diz ela.
Enquanto isso, ela e as outras vítimas aguardam para ver se vão obter algum tipo de indenização.
Kivimäki concordou, em princípio, em chegar a um acordo extrajudicial
com um grupo de vítimas, mas outras estão planejando entrar com
processos civis contra ele ou contra a própria Vastaamo.
A clínica de psicoterapia está extinta agora, e seu fundador foi
condenado por não proteger os dados dos pacientes, com suspensão
condicional da execução da pena. Kivimäki não contou à polícia quanto
dinheiro ele tem em bitcoins, e afirma ter esquecido os detalhes de sua
carteira digital.
A advogada Jenni Raiskio espera que o Estado possa intervir, mas diz
que pode levar muitos meses, ou até mesmo anos, para analisar cada caso
individualmente e avaliar quanto dano foi causado.
Há, inclusive, pedidos para mudar a lei para ajudar a lidar com futuros casos de ataques hackers em massa como este.
“Isso é realmente histórico na Finlândia, porque o nosso sistema não
está preparado para esta quantidade de vítimas. A invasão da Vastaamo
nos mostrou que precisamos estar preparados para esses casos grandes,
então espero que haja uma mudança. Isso não vai acabar aqui”, diz ela.
Estudo destaca as habilidades que serão mais procuradas nos próximos
anos e que devem ganhar destaque no ambiente profissional até 2030
O mercado de trabalho segue evoluindo rapidamente devido,
principalmente, à automação, inteligência artificial e a mudanças na
economia global. Por isso, os profissionais do presente e do futuro
precisarão desenvolver uma ampla gama de habilidades para se manterem
competitivos. Segundo a pesquisa “Panorama das Carreiras 2030”,
elaborada pela TOTVS em parceria com a H2R Insights e Trends, 51% dos
especialistas de finanças acreditam que a análise de dados é a
habilidade técnica principal a ser desenvolvida para os próximos cinco
anos, e 49% destacam a inteligência emocional como a soft skill mais
necessária.
“Conhecidas como hard skills, as habilidades técnicas trazem
capacidades específicas para realizar tarefas, enquanto as soft skills,
ou habilidades interpessoais, ajudam na comunicação eficaz, resolução de
problemas e liderança. Quando o profissional consegue desenvolver e
aprimorar ambas, é possível se sobressair no mercado e ter sucesso
abrangente no ambiente de trabalho”, destaca Samyra Ramos, gerente de
marketing da Higlobe, fintech de pagamentos para freelancers e
contratados brasileiros que trabalham remotamente para empresas nos EUA.
Pensando nisso, a especialista compartilha as principais habilidades e tendências que vão se destacar até 2030. Confira:
Habilidades digitais avançadas
Com a rápida digitalização de todos os setores, ter habilidades
avançadas em tecnologia, incluindo programação, análise de dados,
inteligência artificial e aprendizado de máquina, são primordiais para
se manter competitivo e impulsionar a inovação. Esses conhecimentos são
úteis em qualquer segmento do mercado de trabalho, e dominar tais
habilidades pode ser decisivo para uma carreira em expansão.
Literacia de dados
A literacia de dados, ou alfabetização de dados, é a capacidade de
coletar, ler, gerenciar, interpretar e argumentar por meio de dados. Ela
se aplica a diversos setores e campos de atuação, impulsionando a
tomada de decisões mais bem informadas e a eficácia das estratégias.
Para dominar essa habilidade, é preciso conhecimento em estatísticas,
que permitam a compreensão dos padrões e tendências, além de saber
administrar ferramentas para inferir conclusões significativas.
Competência em tecnologias emergentes
Acompanhar tecnologias emergentes, como blockchain, realidade
aumentada e Internet das Coisas (IoT) também tem sido uma habilidade
relevante no mercado de trabalho. Essas ferramentas oferecem segurança
em transações digitais, permitindo experiências imersivas e
possibilitando o monitoramento e controle remoto de dispositivos
físicos. Saber trabalhar com elas permite ao profissional pensar em
estratégias inovadoras e disruptivas, destacando a adaptatividade do
colaborador.
Inteligência emocional
Com a crescente automação e uso de ferramentas digitais, habilidades
como empatia, comunicação e gestão de conflitos se tornarão ainda mais
importantes para colaboração e liderança eficazes. Como a natureza dos
trabalhos está passando por transformações, habilidades sociais se
tornam a base para entender as necessidades dos colegas e clientes,
transmitir ideias complexas, evoluir na carreira e manter
relacionamentos sólidos.
Pensamento crítico e criatividade
Além de habilidades técnicas, a capacidade de pensar criticamente,
questionar o status quo e gerar novas ideias será fundamental para a
inovação e resolução de problemas complexos, que se tornam mais
profundos com o tempo e as novas tecnologias. O mercado deve valorizar
ainda mais as análises de informações, a identificação de falhas em
processos e a busca por soluções mais eficazes.
Colaboração e trabalho em equipe
A capacidade de trabalhar em equipe com ambientes de trabalho
globalizados e interconectados, seja presencialmente ou virtualmente, é
um diferencial para os recrutadores. Adaptar-se a diferentes dinâmicas
de grupo envolve colaboração, comunicação eficaz, habilidades de
resolução de problemas e flexibilidade.
Eu e o ChatGPT sobre Divulgação Empresarial na Internet
Eu: Moysés Peruhype Carlech
Os empresários hoje fazem as suas compras de mercadorias para os
atacadistas através da internet, usa-se muito pouco vendedores hoje em
dia, poucas empresas anunciam os seus produtos pela internet e a maioria
não. Por qual motivo isso acontece. Aqui no Vale do Aço temos o
Marketplace Valeon criado para alavancar as vendas dessas empresas que
não divulgam os seus produtos e através do site da valeon marketplace
isso é possível por um preço bem razoável e barato. Por que não o fazem?
Favor descrever esse assunto.
ChatGPT
Existem várias razões pelas quais algumas empresas podem hesitar em
utilizar plataformas online, como o Valeon Marketplace, para divulgar e
vender seus produtos. Algumas das razões mais comuns incluem:
Falta de Conhecimento Tecnológico:
Muitos empresários podem não estar familiarizados com a tecnologia
necessária para operar uma loja online. Isso pode incluir a criação e
manutenção de um site, a gestão de inventário online, e a compreensão de
como lidar com transações eletrônicas.
Resistência à Mudança:
Algumas empresas têm uma cultura organizacional tradicional e são
resistentes à adoção de novas tecnologias. A mudança para um modelo de
negócios online pode ser vista como disruptiva e, portanto, não é
implementada.
Custos Iniciais e Investimento:
Embora você mencione que o Valeon Marketplace oferece preços
razoáveis, algumas empresas podem perceber a criação e manutenção de uma
presença online como um investimento inicial significativo. Elas podem
não estar dispostas a alocar recursos financeiros para essa transição.
Segurança e Privacidade:
Algumas empresas podem ter preocupações sobre a segurança de
transações online e a privacidade dos dados do cliente. O receio de
falhas de segurança pode dissuadi-las de adotar uma presença online.
Foco em Clientela Local:
Empresas que têm uma clientela local consolidada podem não ver a
necessidade imediata de expandir para o mercado online. Elas podem
acreditar que o modelo de negócios tradicional atende bem às demandas
locais.
Falta de Conhecimento sobre Oportunidades Online:
Algumas empresas podem não estar cientes das oportunidades que a
presença online pode proporcionar. A falta de educação sobre os
benefícios do comércio eletrônico pode ser um obstáculo.
Concorrência com Grandes Plataformas:
Algumas empresas podem hesitar em competir com grandes plataformas de
e-commerce, temendo que seus produtos se percam na concorrência com
outras ofertas mais populares.
Logística e Distribuição:
A gestão da logística e da distribuição de produtos comprados online
pode ser complexa para algumas empresas, especialmente aquelas que não
estão preparadas para lidar com o aumento potencial na demanda.
Incentivar e educar as empresas sobre os benefícios de estar online,
além de oferecer soluções acessíveis como o Valeon Marketplace, pode
ajudar a superar algumas dessas barreiras e incentivar uma maior
participação no comércio eletrônico.
Eu
Fale mais sobre educar os empresários a divulgarem mais os seus produtos através do site marketplace da valeon do Vale do Aço.
ChatGPT
Claro, vou abordar alguns pontos que podem ser relevantes ao educar
empresários sobre a divulgação de produtos através do site marketplace
da Valeon no Vale do Aço:
Consciência sobre o Potencial do Marketplace:
Destaque a importância do marketplace como um canal de vendas eficaz e acessível.
Explique como a Valeon, por ser uma plataforma consolidada na região, oferece visibilidade adicional aos produtos.
Treinamento sobre Uso da Plataforma:
Desenvolva programas de treinamento para ensinar os empresários a criar e gerenciar suas lojas virtuais na Valeon.
Inclua tutoriais práticos sobre a listagem de produtos, precificação, gestão de pedidos e interação com clientes.
Otimização de Páginas de Produtos:
Eduque sobre a importância de descrições detalhadas e imagens de alta qualidade para atrair consumidores.
Enfatize a necessidade de utilizar palavras-chave relevantes para aumentar a visibilidade nos resultados de pesquisa do site.
Estratégias de Marketing Digital:
Ensine estratégias de marketing digital específicas para o marketplace, como o uso de anúncios patrocinados na plataforma.
Explique como as redes sociais e outras ferramentas online podem ser integradas para promover produtos.
Gestão de Comentários e Avaliações:
Incentive a importância de gerenciar feedbacks dos clientes.
Demonstre como boas avaliações podem aumentar a confiança dos compradores e impulsionar as vendas.
Políticas de Atendimento ao Cliente:
Eduque sobre a importância de um excelente atendimento ao cliente.
Destaque como responder prontamente a perguntas e resolver problemas pode impactar positivamente a reputação da empresa.
Monitoramento de Métricas de Desempenho:
Ensine os empresários a utilizar as métricas fornecidas pela Valeon para avaliar o desempenho de suas lojas.
Mostre como ajustar estratégias com base em dados, como taxas de conversão e padrões de compra.
Promoção de Colaboração:
Incentive a colaboração entre empresários para promover produtos complementares.
Destaque a possibilidade de criar ofertas conjuntas ou parcerias estratégicas no marketplace.
Atualização Constante:
Ressalte a necessidade de manter as informações do negócio e dos produtos atualizadas.
Mantenha os empresários informados sobre novas funcionalidades ou ferramentas disponíveis na plataforma.
Apoio Técnico e Consultoria:
Ofereça suporte técnico contínuo para ajudar os empresários a superar desafios.
Considere a possibilidade de fornecer consultoria personalizada para otimizar a presença online de cada negócio.
Ao combinar esses elementos, os empresários estarão mais bem
preparados para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo
marketplace da Valeon no Vale do Aço.
BRASÍLIA – Audiência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos realizada nesta terça-feira, 7, debateu suposta “censura” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)Alexandre de Moraes contra
plataformas virtuais. Durante a sessão, uma deputada republicana
mostrou uma foto do magistrado, enquanto enumerava supostas ilegalidades
cometidas por ele. Outra congressista, democrata, classificou o
encontro como a apresentação de uma “visão distorcida da democracia
brasileira”. O Estadão procurou o STF, mas não obteve retorno.
Durante a sessão, a deputada republicana Maria Elvira Salazar mostrou
uma foto de Moraes para os demais parlamentares e disse que o ministro
dava ordens para que o X (antigo Twitter), rede social do bilionário Elon Musk, derrubasse postagens de políticos conservadores.
“Há dois fatos aqui que eu acho que podem esclarecer quem é o senhor
de Moraes. O primeiro fato: ele deu a ordem para derrubar um post que
dizia que Lula da Silva (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) apoiava
Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua. Por que os brasileiros não podem
saber disso? O segundo fato: ele deu uma hora para o Twitter derrubar
posts de políticos conservadores ou eles receberiam US$ 30 mil de multa.
E se o e-mail chegasse 30 minutos depois? Eles teriam outros 30 minutos
ou receberiam multa de US$ 30 mil”, afirmou.
Deputada democrata disse que audiência apresentou ‘visão distorcida da democracia brasileira’
A deputada democrata Susan Wild questionou a competência do Congresso
dos EUA para debater a democracia no Brasil e afirmou que a discussão
poderia prejudicar as relações entre os dois países. Wild também
confrontou o presidente do colegiado, o republicano Michael McCaul,
indagando qual foi a iniciativa da comissão para discutir a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, que é investigada pela Polícia Federal (PF) e tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como alvo.
“Infelizmente, o contexto dessa audiência apresenta uma visão
distorcida da democracia brasileira e fornece uma plataforma para
aqueles que querem miná-la. (…) Onde foi a audiência sobre a democracia
brasileira quando soubemos dos esforços do presidente Bolsonaro para
fomentar um golpe militar?”, perguntou Wild.
Ao dar início à sessão, McCaul defendeu que o governo dos Estados
Unidos deve agir “vigorosamente” para garantir maior liberdade para os
políticos que estão sendo “perseguidos” pelo Judiciário do País. Segundo
ele, os brasileiros estão lidando com a democracia “morrendo em plena
luz do dia”.
“É um ato de democracia pela liberdade no Brasil que exigirá que o
governo dos EUA se envolva mais vigorosamente com o Brasil na luta pela
liberdade e pelos direitos humanos. A grande realidade do Brasil é que a
democracia está morrendo em plena luz do dia”, disse o presidente do
colegiado americano.
Neto de presidente da ditadura se recusou a repudiar período em que os militares governaram o País
A deputada democrata Sydney Kamlager-Dove perguntou ao blogueiro se
ele está sendo investigado pela tentativa de golpe e se ele repudiava o
período em que os militares governaram o País. Figueiredo Filho se negou
a responder os dois questionamentos. “Isso não tem nada a ver com essa
discussão”, afirmou.
“Não queríamos que comunistas fizessem parte do Brasil como fez em
Cuba e em outros países. Venho de uma família que luta pela democracia
há muito tempo e esse é o legado do meu avô restaurando a democracia
plena no Brasil”, afirmou Figueiredo.
A audiência foi encerrada após o término do depoimento de Figueiredo,
que foi convidado pelos congressistas para a reunião. Não há previsão
de um novo encontro do colegiado para debater a suposta censura do
Judiciário brasileiro.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O rastro de destruição e de problemas
causados pelas inundações no Rio Grande do Sul tem sido comparado ao
deixado pelo furacão Katrina, que em 2005 arrasou a região metropolitana
de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados
norte-americanos e causou mais de 1.800 mortes.
Ainda que no Sul a proporção de mortes e de áreas atingidas sejam
menores até o momento, profissionais de saúde apontam semelhanças entre
as duas tragédias, como falta de prevenção de desastres naturais e
inexistência de uma coordenação centralizada de decisões.
Colapso nos hospitais, dificuldade de equipes de saúde chegarem aos
locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros insumos
são outras semelhanças apontadas.
“Estruturas como hospitais colabaram [colapsaram] em Nova Orleans,
eles tiveram que fazer retiradas de pacientes. As equipes não conseguiam
chegar aos hospitais. A gente está vendo o mesmo cenário no Sul,
hospitais colabando e a dificuldade de as equipes de saúde chegarem”,
relata o médico Welfane Cordeiro Júnior, especialista em medicina de
emergência.
De acordo com o governo gaúcho, alagamentos fecharam ao menos 17
hospitais no estado e outros 75 estão com atendimento parcial. No
domingo (5), pacientes foram transferidos de helicóptero após o HPSC
(Hospital de Pronto Socorro de Canoas) ficar alagado.
Nesta segunda (6), serviços médicos de Porto Alegre, como o Hospital
de Clínicas, ligado à UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul),
registraram índices de falta de profissionais entre 25% e 30%. Muitos
deles tiveram suas casas inundadas e foram para abrigos ou estão ilhados
nas residências.
Segundo Cordeiro Júnior, na tragédia de Nova Orleans ficou
reconhecido que houve falta de um comando unificado, com equipes
trabalhando de forma coordenada, e isso levou a uma série de mudanças,
inclusive na legislação.
“No Brasil, a gente precisa determinar qual é o papel da saúde dentro
dessas respostas a desastres naturais. Temos uma boa legislação da
Defesa Civil, mas na área da saúde há uma carência de respostas quando
há esses desastres.”
Em Porto Alegre, por exemplo, o comando está bem disperso. As
faculdades de medicina e seus hospitais-escolas estão responsáveis por
grupos de abrigos que estão atendendo as vítimas. Com as aulas
suspensas, alunos têm ajudado na assistência.
“Como as cirurgias eletivas foram canceladas, diminuiu muito a
demanda, então não há desassistência ou falta de vagas nos locais onde
as instituições de ensino assumiram”, afirma o médico Roberto Umpierri,
professor e coordenador-geral do Telessaúde ligado à UFRGS.
No entanto, segundo outros três médicos ouvidos pela Folha e que
preferiram não se identificar, falta organização na assistência e um
comando único, especialmente na questão da liberação dos insumos.
No sábado (4), por exemplo, os médicos não conseguiram retirar
medicamentos na farmácia distrital porque a prefeitura exigiu que só um
farmacêutico poderia dispensá-los e não havia esse profissional no
local. Nesta segunda (6), a prefeitura anunciava que haveria falta de
itens básicos como gaze, luvas, microporo, esparadrapo, soro
fisiológico, fraldas para adultos e crianças e repelentes.
Segundo o médico de família André Luiz da Silva, que está gerenciado
em dois abrigos da capital gaúcha, que estão atendendo cerca de 2.000
pessoas, “o cenário é de guerra.” “Temos informação de que até material
de coleta de exame, como garrote e seringa, pode faltar. Está cada vez
mais racionado.”
Segundo ele, outra preocupação é o desabastecimento de antibióticos
necessários para a profilaxia da leptospirose, infecção transmitida por
meio da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados,
principalmente ratos. A bactéria Leptospira consegue penetrar na pele
humana que apresenta lesões ou que fica imersa durante longos períodos
em água contaminada.
No domingo, a Sociedade Brasileira de Infectologia, em conjunto com a
Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria da Saúde do Estado do
Rio Grande do Sul, divulgou nota técnica alertando sobre aumento do
risco de leptospirose e a melhor forma de realizar a profilaxia para
prevenir a doença.
Embora o uso de antimicrobianos não seja recomendado como conduta de
rotina, a nota ressalta que em situações de alto risco, onde há
exposição contínua a alagamentos e águas contaminadas, com ou sem lesões
na pele, essa intervenção pode ser considerada.
A orientação se baseia em estudos, incluindo um guia da OMS
(Organização Mundial da Saúde) de 2003, que, apesar de algumas
limitações, como baixo número de participantes e falhas de randomização,
indicam um potencial benefício no uso desses medicamentos em casos como
o do Rio Grande do Sul.
A principal recomendação das entidades responsáveis pelo documento é o
uso de doxiciclina, administrada em dose única para adultos em
pós-exposição de alto risco. Para crianças, a quantidade é calculada com
base no peso corporal, com dose máxima estabelecida. Como alternativa, a
azitromicina pode ser utilizada nas mesmas condições.
De acordo com a nota, os grupos elegíveis seriam equipes de
socorristas de resgate e voluntários com exposição prolongada à água de
enchente, quando equipamentos de proteção individual não são capazes de
fazer essa prevenção.
“Infelizmente, já temos desabastecimento porque o medicamento já
virou uma nova cloroquina. Tem colega nosso já falando em
quimioprofilaxia [para leptospirose], sendo que o Ministério da Saúde
não indica [o uso indiscriminado]. As evidências são muito frágeis”, diz
Silva.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Todo filme de desastre começa com
cientista sendo ignorado”, diz o meme recorrente na internet a cada nova
tragédia climática. O exemplo, baseado em produções de Hollywood, pode
parecer hiperbólico, mas é compatível com a falta de preparação que
governos têm demonstrado para lidar com eventos climáticos extremos.
O caso das tempestades que devastam o Rio Grande do Sul não é
diferente. Projeções elaboradas há anos previam exatamente um aumento
das chuvas extremas e inundações na região com o avanço do aquecimento
global –e, mesmo assim, a chegada de tanta água pegou o estado
despreparado.
“Para a ciência, isso não é nenhuma novidade”, afirma o físico Paulo
Artaxo, membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas), vinculado à ONU, e pesquisador da USP.
“Há mais de 20 anos, todos os modelos climáticos mostram que, com o
aumento da temperatura global, vai aumentar a quantidade de chuvas e
secas muito intensas, ou seja, o clima vai ficar mais extremo. O
relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas que fizemos há
oito anos já previa chuvas mais extremas no Sul e secas na amazônia”,
diz ele.
O planeta já aqueceu quase 1,3°C em relação ao período anterior à
Revolução Industrial (1850-1900) –a meta mais ambiciosa do Acordo de
Paris é limitar o aquecimento global a 1,5°C. Com isso, as chuvas
intensas já estão mais fortes e frequentes no Brasil, segundo relatório
de 2021 do IPCC, a maior referência científica em clima do mundo.
Chuvas extremas, que aconteciam, em média, uma vez a cada dez anos em
um clima sem influência humana, agora provavelmente ocorrem 1,3 vez
nesse mesmo período. Caso as emissões de gases de efeito estufa pelas
atividades humanas continuem crescendo e a temperatura global aumente
4°C, o índice poderá chegar a 2,7 vezes. No patamar atual de emissões, o
mundo está na rota para aquecer de 2,4°C a 2,6°C.
“Em um cenário de aquecimento global, as previsões futuras para a
região Sul são de aumento de 10% a 20% da chuva anual. Em praticamente
todo o resto do Brasil –no Sudeste, Centro-Oeste, na amazônia e em
grande parte do Nordeste– a previsão é de diminuição da chuva”, diz o
climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos
Avançados da USP e copresidente do Painel Científico para a Amazônia.
Um planeta mais quente reflete em mais concentração de chuvas e de
secas extremas. Oceanos mais quentes geram mais evaporação de água,
provocando mais chuva. E uma atmosfera mais quente consegue reter mais
vapor d’água, sem que ele se condense -o que faz com que a umidade fique
concentrada e ocasione eventos climáticos extremos.
“Numa atmosfera super carregada de vapor d’água, quando há as
condições termodinâmicas para que essa carga se condense, toda essa
carga adicional cai junta como chuva, aumentando a taxa de precipitação
dramaticamente”, explica Artaxo.
“Se você tem a combinação dos dois, atmosfera e oceanos mais quentes,
a quantidade de umidade que está retida no ar é muito maior. Inclusive
essa relação temperatura-umidade não é linear, é exponencial, o que
significa que, incremento relativamente pequeno de temperatura provoca
um incremento muito maior na quantidade de vapor”, complementa o
meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador no Cemaden (Centro Nacional
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
Desde o ano passado, os oceanos vêm batendo recordes mensais de
calor, o que se acentuou em 2024. Em fevereiro, o observatório climático
europeu Copernicus mostrou que a temperatura média da superfície
marinha foi a mais alta já registrada na história, chegando a 21,06°C.
O recorde anterior era de 20,98°C, registrado em agosto de 2023 –ano que ficou marcado como o mais quente dos últimos 125 mil.
“No começo de 2023, as previsões não indicavam que todos os recordes
[de calor] seriam quebrados, muito menos que os oceanos bateriam
recordes. Agora, mesmo com a chegada do [fenômeno climático] La Niña,
estima-se que 2024 vai ser tão quente quanto o ano passado”, aponta
Nobre. “E, como o calor continua alto nos oceanos, devemos esperar que
os eventos extremos continuem muito fortes, o que é uma enorme
preocupação.”
O calor extremo no mar é influenciado pelo El Niño, fenômeno que é
caracterizado pelo aquecimento excessivo do Pacífico na região da linha
do Equador e, no Brasil, causa mais chuvas no Sul e mais seca no Norte e
Nordeste.
O El Niño, porém, já passou do seu pico e está enfraquecendo, o que
gera dúvidas sobre a sua influência nas chuvas no desastre do Rio Grande
do Sul.
“O vento na atmosfera durante anos do El Niño tem um certo
comportamento, e esse comportamento já não está presente. Então,
tecnicamente, nós estamos em um fenômeno de El Niño, porque a
temperatura do mar está ainda acima do [limite de] 0,5°C [mais quente],
mas a atmosfera parece que já esqueceu o El Niño”, diz Seluchi.
A massa de alta pressão atmosférica que está provocando o calor
excessivo no Sudeste impede a passagem de frentes frias que vêm do Sul e
da umidade que vem da amazônia, fazendo com que a chuva se concentre
sobre a região.
O coordenador do Cemaden diz acreditar que, sem estudos específicos
da chamada atribuição climática (ramo da ciência que pesquisa como
acontecimentos têm relação ou não com o aquecimento global), não se pode
afirmar categoricamente que o evento extremo em curso no Rio Grande do
Sul só foi causado devido à crise do clima. No entanto, também ressalta
que o cenário atual é condizente com as previsões.
“Este extremo se insere num cenário esperado decorrente das mudanças
climáticas”, resume. “Nós tivemos aquele episódio do rio Taquari [em
setembro de 2023] e agora este outro evento, em menos de um ano. É
realmente uma alta frequência de extremos climáticos.”
Para Artaxo, o clima global já entrou em um novo patamar e, por isso,
vemos secas, ondas de calor, chuvas e nevascas mais frequentes e mais
intensas do que tínhamos até muito recentemente. E, sem cortes drásticos
nas emissões de carbono, o cenário só vai piorar, frisa.
“Todo mundo fica abestalhado quando metade de um estado brasileiro
fica sob a água, mas isso vai se repetir e vai se repetir de forma mais
intensa”, afirma.
“Então precisamos fazer duas coisas: cortar emissões e aumentar muito
fortemente o orçamento das defesas civis, multiplicando o orçamento
desses órgãos por cinco, por dez. Desse modo, é possível ter toda a
estrutura de resgate pronta antes de desastres acontecerem e salvar
vidas.”
Para o pesquisador, é extremamente importante que o Brasil se adapte e
melhore as ações integradas entre municípios, estados e governo
federal.
“O clima já mudou, vai continuar mudando e impacta principalmente a
população de baixa renda, então ele é um forte fator de concentração da
renda”, destaca. “Hoje se improvisa e esse improviso causa muitas mortes
adicionais e prejuízos para população de baixa renda, que não tem para
onde ir.”
MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – Indígenas do baixo rio Tapajós, no oeste do
Pará, fizeram um protesto contra o projeto da Ferrogrão, ferrovia
encampada pelo governo Lula (PT) e com estudos e projetos incluídos no
Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que é tratado como
vitrine da atual gestão.
No protesto, um indígena kumaruara esfregou tinta de urucum no rosto
de seis homens e uma mulher que estavam sentados na primeira fileira de
um auditório da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), em
Santarém (PA). Um deles se levantou irritado com o gesto.
O ato ocorreu nesta terça-feira (7), primeiro dia de um evento
promovido pelo Ministério dos Transportes em Santarém. O evento é um
“seminário técnico sobre viabilidade dos aspectos socioambientais da
ferrovia EF-170 (Ferrogrão)”, como divulgou a pasta.
Entre os objetivos do seminário, estão discussões sobre impactos da
ferrovia e sobre o direito a consulta livre a comunidades tradicionais
atingidas pelo empreendimento.
O vídeo foi postado nas redes sociais de indígenas kumaruaras e do Conselho Indígena do Território Kumaruara.
Conforme a postagem, o gesto de passar a tinta de urucum no rosto de
participantes não indígenas do evento, de forma incisiva, foi um
manifesto de “oposição veemente” à ferrovia, considerada um “plano de
extermínio”. O indígena que espalhou o urucum foi Naldinho Kumaruara,
liderança espiritual da aldeia Muruary, ainda segundo a postagem em rede
social do conselho do território.
Entre as pessoas que são alvos diretos do protesto está o
representante de associação de terminais portuários da região amazônica.
A Ferrogrão é um projeto que corta pontos sensíveis da amazônia, num
percurso de quase 1.000 km. A obra é um pleito de grandes empresas do
agronegócio e é defendida pelo governo Lula.
A ferrovia conectaria Sinop (MT), região de forte produção de grãos,
especialmente soja e milho, ao porto de Miritituba (PA), no rio Tapajós.
Indígenas do baixo rio Tapajós dizem não ter sido convidados
formalmente para o seminário promovido pelo Ministério dos Transportes.
“O ato foi uma forma de demarcar a presença, força e resistência dos
povos que vivem na região e são afetados pelo crescimento da soja, bem
como pelo envenenamento dos rios e solos pelos agrotóxicos, grilagem de
terras e projetos de escoamento dos grãos, como a Ferrogrão”, disse o
Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns, em nota.
“Rostos de representantes de organizações defensoras da Ferrogrão
foram pintados com urucum, símbolo de ancestralidade”, afirmou o
conselho. “O projeto irá impactar diversos territórios indígenas, dentre
eles territórios que aguardam demarcação.”
Na sequência do protesto com a tinta do urucum, que foi entremeado
com um cântico indígena, uma liderança do povo arapium fez uma fala
crítica à ferrovia.
“Aqui [no baixo rio Tapajós] temos 14 povos indígenas. Estamos aqui,
não é vergonha para nós, é vergonha para o governo quando traz um
seminário desse para dentro do nosso território, para discutir um
projeto de morte. Eles não têm interesse em nos ouvir”, disse Auricélia
Arapiun, ex-coordenadora do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns.
Em março, representantes dos povos kumaruara, munduruku, kayapó,
panará, apiaká, tupinambá e xavante, além de quilombolas, agricultores
familiares, assentados e movimentos sociais das regiões dos rios Tapajós
e Xingu, fizeram o que foi chamado de tribunal popular, com julgamento
de “violações e seus cúmplices” relacionados à Ferrogrão.
Segundo o documento produzido, a ferrovia provocará desmatamento,
encolhimento de unidade de conservação e impactos profundos ao modo de
vida das pessoas em pelo menos 16 terras indígenas e 104 assentamentos
rurais. O projeto deveria ser cancelado de forma definitiva pelo governo
Lula, conforme o documento aprovado.
Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, a Ferrogrão é um
investimento arrojado e vai seguir adiante se contornados os impasses
jurídicos. A ferrovia, conforme a defesa feita pelo ministro, garantiria
eficiência no transporte de cargas, especialmente grãos, no Brasil
central.
De acordo com estatístico do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela
apuração do índice e que prefere o anonimato, no caso do arroz, boa
parte da safra já foi colhida, mas a preocupação agora é com o
escoamento, uma vez que estradas e pontes foram fortemente atingidas
pelas chuvas e mantêm isoladas regiões inteiras do Estado.
Por Redação, com Reuters – de São Paulo
O alagamento de fazendas inteiras, no interior do Rio Grande do Sul,
já produz um impacto sobre os preços de produtos importantes para o
prato dos brasileiros, como arroz e laticínios, alertam especialistas.
Os economistas aguardam mais informações sobre a extensão da calamidade
para estimar potenciais reflexos nos índices de inflação.
O Estado gaúcho responde por 70% da produção nacional de arroz,
produto que tem o maior peso no subitem do grupo “alimentação no
domicílio” do índice de inflação ao consumidor IPCA. Também é um
importante produtor de carnes e laticínios.
Infraestrutura
De acordo com estatístico do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), responsável pela apuração do índice e que prefere o
anonimato, no caso do arroz, boa parte da safra já foi colhida, mas a
preocupação agora é com o escoamento, uma vez que estradas e pontes
foram fortemente atingidas pelas chuvas e mantêm isoladas regiões
inteiras do Estado.
— A parte que estiver armazenada nas áreas isoladas pode afetar a inflação — disse o servidor do IBGE, à mídia conservadora.
Segundo monitoramento em curso pelo Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), já houve
um ligeiro aumento do preço do arroz no Estado, segundo dados colhidos
até a noite passada. Na véspera, o valor da saca, incluindo frete,
estava em R$ 106,74, ante R$ 105,98 na segunda-feira da semana passada.
Produção
Entre as commodities, o Rio Grande do Sul também se destaca
na produção de soja e milho, produtos que têm influência mais indireta
na inflação do varejo, como componentes de ração animal. Nesse caso, a
avaliação inicial é que a demanda pode ser suprida pela produção de
outras regiões do país.
Ainda assim, André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV),
destaca que esses produtos podem ter impacto na inflação ao produtor.
— No nosso caso, que medimos preços no atacado, o impacto será maior
porque as safras de milho, soja e arroz não foram todas colhidas, então
algum efeito para inflação vai ter — disse.
Insumos
Ainda na véspera, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
informou que há dez unidades processadoras de carnes de aves e de suínos
do RS paralisadas ou com dificuldades de operar, pela impossibilidade
de processar insumos ou transportar funcionários, e alertou para o risco
de desabastecimento no Estado.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, avalia que o principal foco de preocupação é a indústria de leite e laticínios.
— Pode haver perda porque a logística para distribuir leite para
outros Estados cessa, e pode ter um impacto mais expressivo (no IPCA) —
calcula.
Impacto
No Ministério da Fazenda, uma fonte disse à agência inglesa de notícias Reuters que
ainda não seria possível fechar uma análise neste momento porque os
problemas no Estado ainda estão em desenvolvimento, sendo difícil
estimar com precisão gargalos de produção e escoamento de produtos que
poderiam gerar pressão de preços.
De acordo com a fonte, a análise inicial que o governo está
preparando para medir o impacto do desastre vai focar no impacto sobre a
inflação de alimentos. Em avaliação preliminar, ela afirmou que a
pressão sobre os preços no país não deve ser grande, mas que é preciso
avaliar com mais tempo.
Karina Pachiega – Especialista em oratória e comunicação
Nossas vulnerabilidades nos enfraquecem ou nos conectam com a nossa audiência em uma fala em público?
Se a fragilidade for exposta de forma
estratégica e intencional, ela pode criar uma conexão poderosa com a
plateia. Quando compartilhamos as próprias lutas e medos, as pessoas se
identificam porque elas também enfrentam seus próprios desafios e
fracassos. Isso cria um ambiente de confiança.
A especialista em oratória, Karina
Pachiega, que possui mais de 23 anos de experiência como jornalista,
sendo 17 anos deles nas principais emissoras do país, tem algumas dicas
importantes para melhorar as habilidades de comunicação em público.
Confira:
Empatia
O ato de se comunicar e criar conexão com
aqueles que o escutam pode ser facilmente praticado caso o palestrante
encontre um ponto de fragilidade em comum com a plateia. Para isso, use
de elementos visuais, auditivos e histórias pessoais que se encaixe no
cenário.
“Certa vez fui mestre de cerimônias de um
evento. Chamei ao palco uma palestrante que antes de começar a palestra,
projetou um slide que reproduzia o barulho das batidas do coração em
ritmo acelerado. Ela posicionou o microfone na direção do peito e
perguntou: “Vocês estão ouvindo? Assim está meu coração agora, é a
primeira vez que subo num palco, estou muito nervosa, espero que vocês
me mandem boas energias para que eu consiga falar tudo o que preciso.
Muitas pessoas na plateia sorriram, levantaram os braços e chacoalharam
as mãos em sinal de empatia com a speaker. A palestra foi um sucesso!
Ela fisgou o público antes mesmo de começar a expor seu conteúdo”, conta
Karina
Cotidiano
Outra forma de se comunicar com um público
maior é trazer elementos simples do cotidiano, que possam se encaixar na
rotina de todos ali presentes.
“Na pandemia quebrei o pé, sofri três
fraturas graves no tornozelo, fiz uma cirurgia para colocar placas e
pinos. Demorei seis meses para voltar a andar normalmente. A primeira
palestra que dei após a cirurgia me deixou muito alegre. Eu subi no
palco e falei algo assim: ‘Quando está tudo bem com a nossa saúde, a
gente não pensa como é maravilhoso realizar coisas simples como andar,
por exemplo, eu sofri um acidente doméstico e o fato de estar hoje aqui
em pé me deixa muito feliz’. As pessoas na plateia começaram a bater
palmas antes mesmo do início da minha palestra. A plateia imediatamente
fica mais aberta para te ouvir”. Exemplifica.
Adaptabilidade e honestidade
Quando falamos em lidar com pessoas,
precisamos estar preparados para todas as diferentes situações e perfis
em um único ambiente. Enquanto palestrante, é imprescindível que você
consiga adaptar a sua linguagem para o bom entendimento de todos, sendo
assim, o uso de uma comunicação acessível e inclusiva, de forma clara,
objetiva e intencional, pode ser o seu maior aliado.
Por outro lado, caso você possua alguma
particularidade que seja cabível, a honestidade em explicar aos que te
ouvem, pode ser essencial.
“No ano passado dei um treinamento de
Oratória para alunos de uma faculdade de São Paulo. O objetivo era
prepará-los para a apresentação do TCC (trabalho de conclusão de curso).
No módulo que eu falava da importância do contato visual para gerar
conexão com quem te ouve, uma estudante me chamou e disse: “Karina, eu
sou autista, não consigo olhar direto para os olhos das pessoas”, por
alguns segundos aquilo me desmontou, pois eu havia acabado de dizer que
era imprescindível que eles mantivessem o olhar firme para os
professores da banca examinadora o máximo possível. Respirei, pensei e
respondi: Neste caso, se eu fosse você, eu começaria minha apresentação
dizendo algo assim: “Bom dia, sou a aluna x, do curso x, meu trabalho é
sobre x. Como sou autista, eu tenho dificuldade de olhar para vocês,
porém, eu tenho muitas outras habilidades que mostrarei a partir de
agora.” E assim ela fez. A aluna não se vitimizou, mas ao dizer aquilo
para os professores, ela tirou um peso das costas e pôde fazer sua
apresentação bem mais tranquila. E olha, ela me ligou depois para contar
que tirou nota dez! Fiquei muito feliz por ela!” conta a jornalista.
Porém, é preciso ser criterioso sobre as
vulnerabilidades que você escolhe dividir com o público. É fundamental
considerar o contexto e principalmente ser genuíno, nem todas as
fraquezas são apropriadas para todas as situações.
Ao revelar suas fraquezas, o palestrante
demonstra autenticidade e coragem, o que pode inspirar confiança na
plateia e tornar a mensagem muito mais impactante e memorável.
Atualmente, Karina compartilha sua
experiência e enfatiza a relevância da intencionalidade na comunicação
por meio de palestras e cursos ministrados online e presenciais.