Karina Pachiega – Especialista em oratória e comunicação
Nossas vulnerabilidades nos enfraquecem ou nos conectam com a nossa audiência em uma fala em público?
Se a fragilidade for exposta de forma
estratégica e intencional, ela pode criar uma conexão poderosa com a
plateia. Quando compartilhamos as próprias lutas e medos, as pessoas se
identificam porque elas também enfrentam seus próprios desafios e
fracassos. Isso cria um ambiente de confiança.
A especialista em oratória, Karina
Pachiega, que possui mais de 23 anos de experiência como jornalista,
sendo 17 anos deles nas principais emissoras do país, tem algumas dicas
importantes para melhorar as habilidades de comunicação em público.
Confira:
Empatia
O ato de se comunicar e criar conexão com
aqueles que o escutam pode ser facilmente praticado caso o palestrante
encontre um ponto de fragilidade em comum com a plateia. Para isso, use
de elementos visuais, auditivos e histórias pessoais que se encaixe no
cenário.
“Certa vez fui mestre de cerimônias de um
evento. Chamei ao palco uma palestrante que antes de começar a palestra,
projetou um slide que reproduzia o barulho das batidas do coração em
ritmo acelerado. Ela posicionou o microfone na direção do peito e
perguntou: “Vocês estão ouvindo? Assim está meu coração agora, é a
primeira vez que subo num palco, estou muito nervosa, espero que vocês
me mandem boas energias para que eu consiga falar tudo o que preciso.
Muitas pessoas na plateia sorriram, levantaram os braços e chacoalharam
as mãos em sinal de empatia com a speaker. A palestra foi um sucesso!
Ela fisgou o público antes mesmo de começar a expor seu conteúdo”, conta
Karina
Cotidiano
Outra forma de se comunicar com um público
maior é trazer elementos simples do cotidiano, que possam se encaixar na
rotina de todos ali presentes.
“Na pandemia quebrei o pé, sofri três
fraturas graves no tornozelo, fiz uma cirurgia para colocar placas e
pinos. Demorei seis meses para voltar a andar normalmente. A primeira
palestra que dei após a cirurgia me deixou muito alegre. Eu subi no
palco e falei algo assim: ‘Quando está tudo bem com a nossa saúde, a
gente não pensa como é maravilhoso realizar coisas simples como andar,
por exemplo, eu sofri um acidente doméstico e o fato de estar hoje aqui
em pé me deixa muito feliz’. As pessoas na plateia começaram a bater
palmas antes mesmo do início da minha palestra. A plateia imediatamente
fica mais aberta para te ouvir”. Exemplifica.
Adaptabilidade e honestidade
Quando falamos em lidar com pessoas,
precisamos estar preparados para todas as diferentes situações e perfis
em um único ambiente. Enquanto palestrante, é imprescindível que você
consiga adaptar a sua linguagem para o bom entendimento de todos, sendo
assim, o uso de uma comunicação acessível e inclusiva, de forma clara,
objetiva e intencional, pode ser o seu maior aliado.
Por outro lado, caso você possua alguma
particularidade que seja cabível, a honestidade em explicar aos que te
ouvem, pode ser essencial.
“No ano passado dei um treinamento de
Oratória para alunos de uma faculdade de São Paulo. O objetivo era
prepará-los para a apresentação do TCC (trabalho de conclusão de curso).
No módulo que eu falava da importância do contato visual para gerar
conexão com quem te ouve, uma estudante me chamou e disse: “Karina, eu
sou autista, não consigo olhar direto para os olhos das pessoas”, por
alguns segundos aquilo me desmontou, pois eu havia acabado de dizer que
era imprescindível que eles mantivessem o olhar firme para os
professores da banca examinadora o máximo possível. Respirei, pensei e
respondi: Neste caso, se eu fosse você, eu começaria minha apresentação
dizendo algo assim: “Bom dia, sou a aluna x, do curso x, meu trabalho é
sobre x. Como sou autista, eu tenho dificuldade de olhar para vocês,
porém, eu tenho muitas outras habilidades que mostrarei a partir de
agora.” E assim ela fez. A aluna não se vitimizou, mas ao dizer aquilo
para os professores, ela tirou um peso das costas e pôde fazer sua
apresentação bem mais tranquila. E olha, ela me ligou depois para contar
que tirou nota dez! Fiquei muito feliz por ela!” conta a jornalista.
Porém, é preciso ser criterioso sobre as
vulnerabilidades que você escolhe dividir com o público. É fundamental
considerar o contexto e principalmente ser genuíno, nem todas as
fraquezas são apropriadas para todas as situações.
Ao revelar suas fraquezas, o palestrante
demonstra autenticidade e coragem, o que pode inspirar confiança na
plateia e tornar a mensagem muito mais impactante e memorável.
Atualmente, Karina compartilha sua
experiência e enfatiza a relevância da intencionalidade na comunicação
por meio de palestras e cursos ministrados online e presenciais.
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