quinta-feira, 9 de maio de 2024

DE ONDE VIRÁ O ORÇAMENTO PARA A RECONSTRUÇÃO DO RIO GRANDE DOSUL?

Pessoas andam em meio à destruição em Roca Sales, Rio Grande do Sul
Legenda da foto,Moradores caminham em meio à destruição, no município de Roca Sales

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  • Author,Mariana Schreiber
  • Role,Da BBC News Brasil em Brasília
  • 8 maio 2024

Ainda não se sabe qual será o orçamento total necessário para reconstruir o Rio Grande do Sul e apoiar as famílias atingidas, após os estragos causados por fortes chuvas que afetaram 388 dos 497 municípios gaúchos, mas o Congresso Nacional, o governo federal e o governo gaúcho se articulam para agilizar a liberação de bilhões de reais.

Apenas a reconstrução de rodovias destruídas pelas enchentes do Sul deve custar ao menos R$ 1 bilhão, segundo estimativa do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

As inundações atingiram mais de 1,3 milhão de pessoas, segundo a administração estadual, com ao menos 100 mortes e 155,7 mil pessoas desalojadas de suas casas. Muitos estão sem luz ou água potável.

As negociações para liberar recursos ocorrem em meio às restrições fiscais que atingem tanto a União como o Estado, já que ambos estão com as contas no vermelho.

Entre as medidas em discussão está a suspensão do pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com o governo federal (que pode liberar R$ 3,5 bilhões neste ano), a autorização de verbas extras fora do limite de gastos da União, e o remanejamento de despesas já previstas no Orçamento, como as emendas parlamentares (recursos que deputados e senadores podem usar em investimentos e políticas públicas).

Alguns parlamentares, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), têm defendido a criação de um “orçamento de guerra”, similar ao adotado na pandemia da covid-19, quando as regras fiscais foram flexibilizadas e o governo federal foi autorizado a assumir gastos extras que somaram mais de R$ 600 bilhões em dois anos, segundo o Tribunal de Contas da União.

Propostas de alteração da Constituição (PEC) com esse teor já foram apresentadas pela deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

A ideia, porém, está sendo criticada por especialistas em contas públicas que consideram que o “orçamento de guerra” traria uma flexibilização excessiva das regras fiscais.

Na visão desses analistas, há outros mecanismos para garantir verba extra para o Estado fora do limite de gastos da União, sem necessidade de alterar a Constituição Federal.

O principal deles é a adoção de créditos extraordinários em situações emergenciais.

Essa opção já está autorizada, após o Congresso aprovar na terça-feira (7/5) uma proposta de decreto legislativo apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva estabelecendo estado de calamidade pública no Rio Grande do Sul, até 31 de dezembro de 2024.

Isso permitirá ao governo liberar recursos além do limite de gastos do ano e descontar essa despesa da meta de resultado primário (diferença entre receitas e despesas não financeiras).

Rodovia destruída pelas chuvas em Lajeado (RS)
Legenda da foto,Reconstrução de estradas deve custar ao menos R$ 1 bilhão, estimou ministério

A meta estabelecida pela lei orçamentária de 2024 é que o governo reverta o rombo registrado nos anos anteriores e feche o ano no zero a zero, ou seja, sem economizar ou gastar mais do que arrecada.

Em 2023, a União registrou déficit primário de R$ 230,5 bilhões, valor equivalente a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar da meta de zerar o rombo neste ano, levantamento realizado pelo Banco Central semanalmente mostra ceticismo do mercado financeiro. A mediana das projeções dos analistas para este ano está em déficit de 0,67% do PIB.

Defensores da redução do rombo dizem que o equilíbrio das contas públicas contribui para reduzir a inflação e os juros praticados no país, com impactos positivos para o crescimento econômico.

Já os críticos das medidas de austeridade fiscal dizem que o corte de gastos reduz a qualidade dos serviços públicos e a assistência do governo aos mais pobres.

Governos não sabem quanto será necessário

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O presidente Lula voltou a garantir na terça-feira a rápida liberação de recursos emergenciais por meio dos ministérios.

Ele ressaltou que não se sabe ainda o total que será necessário para recuperar o Estado e disse que o governo federal “vai trabalhar junto com governador [Eduardo Leite, do PSDB] em um projeto”.

“A dificuldade inicial é que nenhum prefeito – o governador disse isso com todas as letras no último domingo – tem noção do estrago que foi feito. Por enquanto, as pessoas imaginam, pensam. Mas a gente só vai ter o estado real quando a água baixar e a gente ver o que aconteceu de fato no Rio Grande do Sul”, disse em entrevista a emissoras de rádio durante o programa “Bom Dia, Presidente”, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

“O que eu posso garantir é que há 100% de vontade da Câmara, do Senado, do Tribunal de Contas e do Poder Judiciário para que a gente facilite o máximo possível os recursos”, acrescentou.

O economista Gabriel Barros, ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (órgão ligado ao Senado), considera inevitável o aumento de gastos para apoiar a recuperação do Rio Grande do Sul, mas é contra o “orçamento de guerra”.

“Não é necessário porque o crédito ordinário é suficiente para prestar solidariedade necessária ao Estado e já foi utilizado em situações anteriores similares, por exemplo momentos de seca no Nordeste“, exemplificou.

Na sua avaliação, alterar a Constituição para autorizar gastos extras traz risco de um aumento descontrolado de despesas, em um momento em que as contas públicas já estão apertadas.

Para Barros, o governo tem errado ao focar o ajuste fiscal principalmente na geração de novas receitas, com mais tributos ou retirada de benefícios fiscais, sem buscar uma contenção dos gastos.

Ele critica, por exemplo, a decisão de reajustar o salário mínimo neste ano acima da inflação (para R$ 1.412), despesa que pressiona os gastos públicos com Previdência Social, seguro desemprego e BPC (Benefício de Prestação Continuada, salário mínimo pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda).

Já o governo diz que essa política reduz pobreza e estimula a economia, ao colocar mais dinheiro em circulação.

Para Barros, a estratégia do governo não deixa folga nas contas públicas para reagir a situações excepcionais, como as inundações que atingem o Rio Grande do Sul.

“A preferência do governo é para aumentar despesa e essa decisão está exaurindo todo o espaço fiscal que existia”, critica.

Pessoas andam sobre escombros em Relvado (RS)
Legenda da foto,Parlamentares querem auxílio emergencial para vítimas das enchentes

‘Reconstrução longa e difícil’

Autora de uma das propostas de “orçamento de guerra”, a deputada gaúcha Fernanda Melchionna diz que a medida é necessária diante de “uma reconstrução que vai ser longa, difícil e em muitas áreas”.

Na sua visão, é preciso adotar não só medidas de recuperação, mas também para preparar o Estado para novos episódios de chuvas fortes, já que os ambientalistas afirmam que as mudanças climáticas vão intensificar eventos extremos como as inundações que atingiram o Rio Grande do Sul.

Especialistas têm apontado, por exemplo, a necessidade de construir pontes mais altas ou até deslocar cidades erguidas em vales para áreas menos sujeitas a inundações.

“Os próprios sistemas de alerta e de monitoramento precisam ser ampliados. As mudanças climáticas estão aí e a gente precisa mitigar os impactos de um novo normal que, infelizmente, veio pra ficar, no sentido de catástrofes ambientais”, defende Melchionna.

A deputada lembra ainda que o Rio Grande do Sul tem um problema histórico de alto endividamento que limita a capacidade de investimentos do Estado.

Devido aos juros altos, a dívida com a União cresceu 13% em 2023, somando R$ 92,8 bilhões, segundo dados da Secretária Estadual de Fazenda.

Sua proposta para o “orçamento de guerra” prevê a suspensão do pagamento e que todo o recurso usado na recuperação do Estado seja abatido da dívida.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (8/5) que o governo deve definir ainda nesta semana as regras para suspender a cobrança da dívida gaúcha.

Mesmo antes das inundações, a Fazenda já discutia a renegociação dos juros pagos por Rio Grande do Sul e outros Estados com alto endividamento, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Segundo Haddad, essas conversas continuarão independentemente da suspensão da dívida gaúcha.

Melchionna propõe ainda benefícios sociais para as famílias que perderam casas e bens nas enchentes. A medida também é defendida por outros parlamentares.

A bancada do PSDB na Câmara está propondo a criação do “Socorro Emergencial Gaúcho”, benefício mensal de R$ 600 para famílias atingidas.

Recursos de emendas parlamentares

Enquanto a liberação de recursos extras é negociada, o governo anunciou o remanejamento de recursos já previstos no Orçamento de 2024.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse na terça-feira que o governo federal vai abrir, ainda em maio, uma janela para que deputados e senadores possam remanejar parte de suas emendas parlamentares para ações emergenciais no Rio Grande do Sul.

Segundo ele, isso permitirá redirecionar recursos que iriam para obras e compras de equipamentos, para gastos mais imediatos no socorro às vítimas das enchentes (defesa civil, saúde e assistência social).

“Só da bancada gaúcha, significa R$ 448 milhões”, afirmou, ressaltando que parlamentares de outros Estados também poderão redirecionar suas emendas para o Rio Grande do Sul.

Além disso, Padilha disse que o governo espera aprovar na quinta-feira (9/5) no Congresso Nacional uma alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que liberaria mais R$ 480 milhões de transferências especiais para os municípios gaúchos, dentro das chamadas “emendas pix”, que entram direto no caixa das prefeituras.

Já o relator da LDO, deputado Danilo Forte (União-CE), defende que mais R$ 2 bilhões podem ser destinados de emendas parlamentares para a recuperação do Rio Grande do Sul.

Segundo sua proposta, esses recursos viriam dos R$ 5,6 bilhões previstos para emendas de comissões (recursos que os parlamentares podem destinar por meio das comissões da Câmara e do Senado) na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 que foram vetados pelo presidente Lula, justamente como parte do esforço de reduzir o rombo nas contas públicas.

A expectativa, porém, é que o Congresso derrube esse veto, liberando os recursos.

PRESO O CRIMINOSO HACKER ADOLESCENTE MAIS PROCURADO DA EUROPA

 

Foto de Juilius Kivimaki em cartaz de procurado pela polícia
Legenda da foto,Julius Kivimäki foi condenado a seis anos e três meses de prisão

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  • Author,Joe Tidy – BBC News Brasil
  • Role,Correspondente de cibersegurança, BBC World Service
  • Twitter,@joetidy
  • 7 maio 2024

Um conhecido hacker que era um dos criminosos mais procurados da Europa foi preso por chantagear 33 mil pessoas, ameaçando publicar online as anotações das suas sessões de terapia.

A prisão de Julius Kivimäki põe fim a uma onda de crimes cibernéticos de 11 anos, que começou quando ele ganhou notoriedade em uma rede de gangues anarquistas de hackers adolescentes, quando ele tinha apenas 13 anos.

A seguir, conheça o caso.

Tiina Parikka
Legenda da foto,Tiina Parikka é uma das vítimas do ataque à Vastaamo, uma rede finlandesa de clínicas de psicoterapia

Tiina Parikka estava se refrescando depois de fazer sua habitual sauna de sábado à noite, na Finlândia, quando recebeu uma notificação no telefone.

Era um e-mail de um remetente anônimo, que de alguma forma tinha seu nome, número de seguro social e outros detalhes privados.

“Inicialmente, fiquei impressionada com o quão educado era, como o tom era amistoso”, relembra.

“Prezada Sra. Parikka”, escreveu o remetente, antes de contar que havia obtido suas informações privadas em uma clínica de psicoterapia da qual ela era paciente.

Logo: WhatsApp BBC Brasil

Quase se desculpando, o autor do e-mail explicava que estava entrando em contato diretamente porque a clínica estava ignorando o fato de que dados pessoais haviam sido roubados.

Dois anos de registros minuciosos feitos por seu terapeuta durante dezenas de sessões estavam agora nas mãos deste chantagista desconhecido.

Se ela não pagasse o valor solicitado dentro de 24 horas, todas as anotações seriam publicadas online.

“Foi uma sensação sufocante”, diz ela. “Eu estava sentada lá, de roupão, sentindo como se alguém tivesse invadido meu mundo privado e estivesse tentando ganhar dinheiro com os traumas da minha vida.”

Tiina percebeu rapidamente que não estava sozinha.

Um total de 33 mil outros pacientes de terapia também tiveram seus registros roubados — e milhares foram chantageados, o que resultou no processo criminal com o maior número de vítimas na Finlândia.

O banco de dados roubado dos servidores da Vastaamo, rede finlandesa de clínicas de psicoterapia, continha os segredos mais íntimos de uma grande parte da sociedade, incluindo crianças. Conversas delicadas sobre assuntos que iam desde casos extraconjugais até confissões de crimesn estavam sendo usadas como moeda de troca.

Mikko Hyppönen, da empresa finlandesa de segurança cibernética WithSecure, que pesquisou o ataque, conta que o caso teve repercussão e alimentou o noticiário durante dias no país.

“Um ataque hacker com esta dimensão é um desastre para a Finlândia — todo mundo conhecia alguém afetado”, diz ele.

Tudo isso aconteceu em 2020, durante os lockdowns impostos em decorrência da pandemia de covid-19, e o caso surpreendeu o mundo da segurança cibernética.

O impacto dos e-mails foi imediato e devastador. A advogada Jenni Raiskio representa 2,6 mil vítimas e, durante julgamento, ela disse que seu escritório havia sido contratado por pessoas cujos parentes haviam tirado a própria vida depois que seus registros foram publicados online. Ela liderou um momento de silêncio no tribunal pelas vítimas.

O chantagista, identificado apenas como “ransom_man” por sua assinatura online, exigia que as vítimas pagassem 200 euros (cerca de R$ 1.090) no prazo de 24 horas, — do contrário, ele publicaria suas informações. Se não cumprissem este prazo, ele aumentaria o valor para 500 euros (R$ 2,7 mil).

Cerca de 20 pessoas pagaram antes de perceber que já era tarde demais. Suas informações haviam sido publicadas no dia anterior, quando “ransom_man” vazou acidentalmente todo o banco de dados para um fórum na dark web.

Está tudo lá até hoje.

Mikko e sua equipe passaram um tempo rastreando o hacker e tentando ajudar a polícia. Foi quando começaram a surgir teorias de que o hacker provavelmente seria da Finlândia.

Uma das maiores investigações policiais da história do país chegou a um jovem finlandês que já era conhecido no mundo do crime cibernético.

Julius Kivimaki em entrevista ao canal de televisão Sky News
Legenda da foto,Kivimäki em entrevista à Sky News em 2014, na qual se autodenominou Ryan

Onda de crimes de ‘Zeekill’

Kivimäki, que se autodenominava Zeekill quando era um hacker adolescente, não se tornou a figura conhecida que é por ser cuidadoso.

Na adolescência, ele só queria saber de hackear, extorquir e se gabar o mais alto possível. Ao lado das equipes de hackers Lizard Squad e Hack the Planet, ele se deleitava ao causar o caos no período extremamente ativo de hackers adolescentes da década de 2010.

Kivimäki era um dos protagonistas, realizando dezenas de grandes ataques até que foi preso em 2014, aos 17 anos, e posteriormente considerado culpado de 50.700 casos de invasão de computadores.

Mas ele não foi preso. Sua suspensão condicional da execução da pena de dois anos gerou controvérsia, e foi criticada por muitos no mundo da segurança cibernética. Apesar das sentenças notoriamente brandas da Finlândia, o receio era que Kivimäki e seus cúmplices — em sua maioria, outros adolescentes espalhados pelo mundo de língua inglesa — não fossem dissuadidos.

Assim como muitos de seus colegas durante este período tumultuado, Kivimäki não pareceu deixar os problemas com a polícia detê-lo.

Após sua prisão, e antes de sair sua sentença, ele realizou um dos ataques mais audaciosos de qualquer gangue de hackers adolescentes.

Ele e o Lizard Squad deixaram as duas maiores plataformas de games offline na véspera e no dia de Natal.

A Playstation Network e o Xbox Live foram derrubados depois que seus serviços foram atingidos por uma técnica pouco sofisticada, mas poderosa, conhecida como ataque distribuído de negação de serviço. Dezenas de milhões de jogadores foram impedidos de baixar jogos, registrar novos consoles ou jogar com amigos online.

Logo do Lizard Squad
Legenda da foto,O Lizard Squad se gabava de seus ataques no Twitter, fazendo postagens com seu logotipo

Kivimäki ganhou a atenção da imprensa mundial e até aceitou me dar uma entrevista para o canal de televisão Sky News, na qual não demonstrou nenhum remorso pelo ataque.

Outro hacker que também era da gangue Lizard Squad disse à BBC que Kivimaki era um adolescente vingativo que adorava se vingar de rivais e mostrar suas habilidades online.

“Ele era muito bom no que fazia, e não se importava com as consequências. Ele sempre ia mais além que os outros nos ataques.”

“Apesar da atenção que havia sobre ele, ele fazia ameaças de bomba e passava trotes sérios sem disfarçar a voz”, conta Ryan, que não quis divulgar seu sobrenome porque ainda é desconhecido das autoridades.

Além de Kivimäki ter sido vinculado a alguns ataques hackers de menor escala após sua sentença, praticamente não se ouviu falar dele durante anos, até que seu nome foi ligado ao ataque à clínica de psicoterapia Vastaamo.

Kivimaki no tribunal
Legenda da foto,O julgamento de Kivimäki em Helsinque foi um dos maiores da história do país

Alerta vermelho emitido

A polícia finlandesa demorou quase dois anos para reunir provas no intuito de emitir um alerta vermelho de busca na Interpol (polícia internacional) para Kivimäki — e ele se tornou um dos criminosos mais procurados da Europa. Mas ninguém sabia onde estava o jovem de 25 anos.

Ele foi localizado por acaso em fevereiro passado, quando a polícia de Paris foi ao seu apartamento após receber uma chamada falsa sobre briga doméstica. Eles descobriram que Kivimäki vivia com documentos de identidade falsos.

O jovem foi extraditado rapidamente para a Finlândia, onde a polícia começou a se preparar para um dos julgamentos mais importantes da história do país.

O detetive Marko Leponen liderou a investigação de três anos — e, segundo ele, foi o maior caso de sua carreira.

“Tivemos mais de 200 policiais no caso em determinado momento, e foi uma investigação intensa com muitos depoimentos e histórias de vítimas para analisar.”

O julgamento de Kivimäki foi uma notícia importante para o país, acompanhado de perto por jornalistas locais — e, inclusive, pela imprensa internacional, que compareceu para ouvir seu depoimento.

Eu estive no tribunal no primeiro dia em que ele depôs, quando manteve sua declaração de inocência com calma e com piadas ocasionais direcionadas ao tribunal em silêncio.

Mas as evidências contra ele eram esmagadoras.

Leponen diz que vincular a conta bancária de Kivimäki ao servidor usado para baixar os dados roubados foi crucial.

Seus agentes também usaram novas técnicas forenses para extrair a impressão digital de Kivimäki de uma foto anônima que ele postou sob um pseudônimo online.

Kivimaki segurando uma garrafa de água
Legenda da foto,A polícia apresentou evidências de impressão digital de que esta foto era de Kivimäki

“Conseguimos provar que essa pessoa anônima que postou no fórum era Kivimäki. Foi inacreditável, mas mostra que é preciso usar todas as medidas que conhecemos, e tentar aquelas que não conhecemos”, explica Leponen.

No final, os juízes deram o veredito, declarando-o culpado de todas as acusações.

O tribunal considerou Kivimäki culpado de mais de 30 mil crimes — um para cada vítima.

Ele foi acusado de violação de dados qualificada, tentativa de chantagem qualificada, 9.231 disseminações qualificadas de informações violando a vida privada, 20.745 tentativas de chantagem qualificadas e 20 chantagens qualificadas.

Ele foi condenado a seis anos e três meses de prisão (a pena máxima era de sete anos), mas é provável que cumpra apenas metade, devido ao tempo já cumprido e ao sistema de justiça finlandês.

Para as vítimas, como Tiina, não é tempo suficiente.

“Tanta gente foi afetada por isso de tantas maneiras — 33 mil pessoas são muitas vítimas. Isso afetou nossa saúde, e algumas pessoas foram alvo de golpes financeiros também usando os dados roubados”, diz ela.

Enquanto isso, ela e as outras vítimas aguardam para ver se vão obter algum tipo de indenização.

Kivimäki concordou, em princípio, em chegar a um acordo extrajudicial com um grupo de vítimas, mas outras estão planejando entrar com processos civis contra ele ou contra a própria Vastaamo.

A clínica de psicoterapia está extinta agora, e seu fundador foi condenado por não proteger os dados dos pacientes, com suspensão condicional da execução da pena. Kivimäki não contou à polícia quanto dinheiro ele tem em bitcoins, e afirma ter esquecido os detalhes de sua carteira digital.

A advogada Jenni Raiskio espera que o Estado possa intervir, mas diz que pode levar muitos meses, ou até mesmo anos, para analisar cada caso individualmente e avaliar quanto dano foi causado.

Há, inclusive, pedidos para mudar a lei para ajudar a lidar com futuros casos de ataques hackers em massa como este.

“Isso é realmente histórico na Finlândia, porque o nosso sistema não está preparado para esta quantidade de vítimas. A invasão da Vastaamo nos mostrou que precisamos estar preparados para esses casos grandes, então espero que haja uma mudança. Isso não vai acabar aqui”, diz ela.

PROFISSIONAIS DO PRESENTE E DO FUTURO PRECISAM DESENVOLVER UMA GAMA DE HABILIDADES PARA SE MANTEREM COMPETITIVOS

 

Samyra Ramos –  Gerente de marketing da Higlobe

Estudo destaca as habilidades que serão mais procuradas nos próximos anos e que devem ganhar destaque no ambiente profissional até 2030

O mercado de trabalho segue evoluindo rapidamente devido, principalmente, à automação, inteligência artificial e a mudanças na economia global. Por isso, os profissionais do presente e do futuro precisarão desenvolver uma ampla gama de habilidades para se manterem competitivos. Segundo a pesquisa “Panorama das Carreiras 2030”, elaborada pela TOTVS em parceria com a H2R Insights e Trends, 51% dos especialistas de finanças acreditam que a análise de dados é a habilidade técnica principal a ser desenvolvida para os próximos cinco anos, e 49% destacam a inteligência emocional como a soft skill mais necessária.

“Conhecidas como hard skills, as habilidades técnicas trazem capacidades específicas para realizar tarefas, enquanto as soft skills, ou habilidades interpessoais, ajudam na comunicação eficaz, resolução de problemas e liderança. Quando o profissional consegue desenvolver e aprimorar ambas, é possível se sobressair no mercado e ter sucesso abrangente no ambiente de trabalho”, destaca Samyra Ramos, gerente de marketing da Higlobe, fintech de pagamentos para freelancers e contratados brasileiros que trabalham remotamente para empresas nos EUA.

Pensando nisso, a especialista compartilha as principais habilidades e tendências que vão se destacar até 2030. Confira: 

Habilidades digitais avançadas

Com a rápida digitalização de todos os setores, ter habilidades avançadas em tecnologia, incluindo programação, análise de dados, inteligência artificial e aprendizado de máquina, são primordiais para se manter competitivo e impulsionar a inovação. Esses conhecimentos são úteis em qualquer segmento do mercado de trabalho, e dominar tais habilidades pode ser decisivo para uma carreira em expansão.

Literacia de dados

A literacia de dados, ou alfabetização de dados, é a capacidade de coletar, ler, gerenciar, interpretar e argumentar por meio de dados. Ela se aplica a diversos setores e campos de atuação, impulsionando a tomada de decisões mais bem informadas e a eficácia das estratégias. Para dominar essa habilidade, é preciso conhecimento em estatísticas, que permitam a compreensão dos padrões e tendências, além de saber administrar ferramentas para inferir conclusões significativas.

Competência em tecnologias emergentes

Acompanhar tecnologias emergentes, como blockchain, realidade aumentada e Internet das Coisas (IoT) também tem sido uma habilidade relevante no mercado de trabalho. Essas ferramentas oferecem segurança em transações digitais, permitindo experiências imersivas e possibilitando o monitoramento e controle remoto de dispositivos físicos. Saber trabalhar com elas permite ao profissional pensar em estratégias inovadoras e disruptivas, destacando a adaptatividade do colaborador.

Inteligência emocional

Com a crescente automação e uso de ferramentas digitais, habilidades como empatia, comunicação e gestão de conflitos se tornarão ainda mais importantes para colaboração e liderança eficazes. Como a natureza dos trabalhos está passando por transformações, habilidades sociais se tornam a base para entender as necessidades dos colegas e clientes, transmitir ideias complexas, evoluir na carreira e manter relacionamentos sólidos.

Pensamento crítico e criatividade

Além de habilidades técnicas, a capacidade de pensar criticamente, questionar o status quo e gerar novas ideias será fundamental para a inovação e resolução de problemas complexos, que se tornam mais profundos com o tempo e as novas tecnologias. O mercado deve valorizar ainda mais as análises de informações, a identificação de falhas em processos e a busca por soluções mais eficazes.

Colaboração e trabalho em equipe

A capacidade de trabalhar em equipe com ambientes de trabalho globalizados e interconectados, seja presencialmente ou virtualmente, é um diferencial para os recrutadores. Adaptar-se a diferentes dinâmicas de grupo envolve colaboração, comunicação eficaz, habilidades de resolução de problemas e flexibilidade.

Eu e o ChatGPT sobre Divulgação Empresarial na Internet

Eu: Moysés Peruhype Carlech

Os empresários hoje fazem as suas compras de mercadorias para os atacadistas através da internet, usa-se muito pouco vendedores hoje em dia, poucas empresas anunciam os seus produtos pela internet e a maioria não. Por qual motivo isso acontece. Aqui no Vale do Aço temos o Marketplace Valeon criado para alavancar as vendas dessas empresas que não divulgam os seus produtos e através do site da valeon marketplace isso é possível por um preço bem razoável e barato. Por que não o fazem? Favor descrever esse assunto.

ChatGPT

Existem várias razões pelas quais algumas empresas podem hesitar em utilizar plataformas online, como o Valeon Marketplace, para divulgar e vender seus produtos. Algumas das razões mais comuns incluem:

Falta de Conhecimento Tecnológico:

Muitos empresários podem não estar familiarizados com a tecnologia necessária para operar uma loja online. Isso pode incluir a criação e manutenção de um site, a gestão de inventário online, e a compreensão de como lidar com transações eletrônicas.

Resistência à Mudança:

Algumas empresas têm uma cultura organizacional tradicional e são resistentes à adoção de novas tecnologias. A mudança para um modelo de negócios online pode ser vista como disruptiva e, portanto, não é implementada.

Custos Iniciais e Investimento:

Embora você mencione que o Valeon Marketplace oferece preços razoáveis, algumas empresas podem perceber a criação e manutenção de uma presença online como um investimento inicial significativo. Elas podem não estar dispostas a alocar recursos financeiros para essa transição.

Segurança e Privacidade:

Algumas empresas podem ter preocupações sobre a segurança de transações online e a privacidade dos dados do cliente. O receio de falhas de segurança pode dissuadi-las de adotar uma presença online.

Foco em Clientela Local:

Empresas que têm uma clientela local consolidada podem não ver a necessidade imediata de expandir para o mercado online. Elas podem acreditar que o modelo de negócios tradicional atende bem às demandas locais.

Falta de Conhecimento sobre Oportunidades Online:

Algumas empresas podem não estar cientes das oportunidades que a presença online pode proporcionar. A falta de educação sobre os benefícios do comércio eletrônico pode ser um obstáculo.

Concorrência com Grandes Plataformas:

Algumas empresas podem hesitar em competir com grandes plataformas de e-commerce, temendo que seus produtos se percam na concorrência com outras ofertas mais populares.

Logística e Distribuição:

A gestão da logística e da distribuição de produtos comprados online pode ser complexa para algumas empresas, especialmente aquelas que não estão preparadas para lidar com o aumento potencial na demanda.

Incentivar e educar as empresas sobre os benefícios de estar online, além de oferecer soluções acessíveis como o Valeon Marketplace, pode ajudar a superar algumas dessas barreiras e incentivar uma maior participação no comércio eletrônico.

Eu

Fale mais sobre educar os empresários a divulgarem mais os seus produtos através do site marketplace da valeon do Vale do Aço.

ChatGPT

Claro, vou abordar alguns pontos que podem ser relevantes ao educar empresários sobre a divulgação de produtos através do site marketplace da Valeon no Vale do Aço:

Consciência sobre o Potencial do Marketplace:

Destaque a importância do marketplace como um canal de vendas eficaz e acessível.

Explique como a Valeon, por ser uma plataforma consolidada na região, oferece visibilidade adicional aos produtos.

Treinamento sobre Uso da Plataforma:

Desenvolva programas de treinamento para ensinar os empresários a criar e gerenciar suas lojas virtuais na Valeon.

Inclua tutoriais práticos sobre a listagem de produtos, precificação, gestão de pedidos e interação com clientes.

Otimização de Páginas de Produtos:

Eduque sobre a importância de descrições detalhadas e imagens de alta qualidade para atrair consumidores.

Enfatize a necessidade de utilizar palavras-chave relevantes para aumentar a visibilidade nos resultados de pesquisa do site.

Estratégias de Marketing Digital:

Ensine estratégias de marketing digital específicas para o marketplace, como o uso de anúncios patrocinados na plataforma.

Explique como as redes sociais e outras ferramentas online podem ser integradas para promover produtos.

Gestão de Comentários e Avaliações:

Incentive a importância de gerenciar feedbacks dos clientes.

Demonstre como boas avaliações podem aumentar a confiança dos compradores e impulsionar as vendas.

Políticas de Atendimento ao Cliente:

Eduque sobre a importância de um excelente atendimento ao cliente.

Destaque como responder prontamente a perguntas e resolver problemas pode impactar positivamente a reputação da empresa.

Monitoramento de Métricas de Desempenho:

Ensine os empresários a utilizar as métricas fornecidas pela Valeon para avaliar o desempenho de suas lojas.

Mostre como ajustar estratégias com base em dados, como taxas de conversão e padrões de compra.

Promoção de Colaboração:

Incentive a colaboração entre empresários para promover produtos complementares.

Destaque a possibilidade de criar ofertas conjuntas ou parcerias estratégicas no marketplace.

Atualização Constante:

Ressalte a necessidade de manter as informações do negócio e dos produtos atualizadas.

Mantenha os empresários informados sobre novas funcionalidades ou ferramentas disponíveis na plataforma.

Apoio Técnico e Consultoria:

Ofereça suporte técnico contínuo para ajudar os empresários a superar desafios.

Considere a possibilidade de fornecer consultoria personalizada para otimizar a presença online de cada negócio.

Ao combinar esses elementos, os empresários estarão mais bem preparados para aproveitar ao máximo as oportunidades oferecidas pelo marketplace da Valeon no Vale do Aço.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

quarta-feira, 8 de maio de 2024

DEBATE NOS ESTADOS UNIDOS SOBRE CENSURA NO BRASIL

 

História de Gabriel de Sousa – Jornal Estadão

BRASÍLIA – Audiência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos realizada nesta terça-feira, 7, debateu suposta “censura” do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra plataformas virtuais. Durante a sessão, uma deputada republicana mostrou uma foto do magistrado, enquanto enumerava supostas ilegalidades cometidas por ele. Outra congressista, democrata, classificou o encontro como a apresentação de uma “visão distorcida da democracia brasileira”. O Estadão procurou o STF, mas não obteve retorno.

Maria Elvira Salazar, deputada republicana, mostra uma foto do ministro do STF Alexandre de Moraes durante audiência da Câmara dos EUA realizada nesta terça-feira, 7 Foto: @FArepublicans via YouTube

Maria Elvira Salazar, deputada republicana, mostra uma foto do ministro do STF Alexandre de Moraes durante audiência da Câmara dos EUA realizada nesta terça-feira, 7 Foto: @FArepublicans via YouTube© Fornecido por Estadão

Durante a sessão, a deputada republicana Maria Elvira Salazar mostrou uma foto de Moraes para os demais parlamentares e disse que o ministro dava ordens para que o X (antigo Twitter), rede social do bilionário Elon Musk, derrubasse postagens de políticos conservadores.

“Há dois fatos aqui que eu acho que podem esclarecer quem é o senhor de Moraes. O primeiro fato: ele deu a ordem para derrubar um post que dizia que Lula da Silva (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) apoiava Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua. Por que os brasileiros não podem saber disso? O segundo fato: ele deu uma hora para o Twitter derrubar posts de políticos conservadores ou eles receberiam US$ 30 mil de multa. E se o e-mail chegasse 30 minutos depois? Eles teriam outros 30 minutos ou receberiam multa de US$ 30 mil”, afirmou.

Documentos divulgados pela ala republicana da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA, no mês passado, mostram que as determinações de Moraes previam multas diárias de R$ 100 mil em caso de descumprimento, o equivalente a cerca de US$ 20 mil, e não de US$ 30 mil por hora.

O relatório se tornou público após Elon Musk, que também é dono da montadora de super carros Tesla e da produtora de engenharia aeroespacial SpaceXacusar publicamente Moraes de “promover censura” com decisões sobre conteúdos e perfis da rede social. Em resposta, o ministro incluiu o empresário no inquérito das milícias digitais.

Deputada democrata disse que audiência apresentou ‘visão distorcida da democracia brasileira’

A deputada democrata Susan Wild questionou a competência do Congresso dos EUA para debater a democracia no Brasil e afirmou que a discussão poderia prejudicar as relações entre os dois países. Wild também confrontou o presidente do colegiado, o republicano Michael McCaul, indagando qual foi a iniciativa da comissão para discutir a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, que é investigada pela Polícia Federal (PF) e tem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como alvo.

“Infelizmente, o contexto dessa audiência apresenta uma visão distorcida da democracia brasileira e fornece uma plataforma para aqueles que querem miná-la. (…) Onde foi a audiência sobre a democracia brasileira quando soubemos dos esforços do presidente Bolsonaro para fomentar um golpe militar?”, perguntou Wild.

A deputada democrata Susan Wild Foto: @FArepublicans via YouTube

A deputada democrata Susan Wild Foto: @FArepublicans via YouTube© Fornecido por Estadão

Ao dar início à sessão, McCaul defendeu que o governo dos Estados Unidos deve agir “vigorosamente” para garantir maior liberdade para os políticos que estão sendo “perseguidos” pelo Judiciário do País. Segundo ele, os brasileiros estão lidando com a democracia “morrendo em plena luz do dia”.

“É um ato de democracia pela liberdade no Brasil que exigirá que o governo dos EUA se envolva mais vigorosamente com o Brasil na luta pela liberdade e pelos direitos humanos. A grande realidade do Brasil é que a democracia está morrendo em plena luz do dia”, disse o presidente do colegiado americano.

Neto de presidente da ditadura se recusou a repudiar período em que os militares governaram o País

A sessão também ouviu o economista e blogueiro Paulo Figueiredo Filho, que foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro. A operação investiga a participação de ministros, assessores e militares de alta patente em suposta organização criminosa que planejava formas de impedir a posse do presidente Lula para manter Bolsonaro no poder.

Paulo Figueiredo Filho é neto João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar (1964-1985). De acordo com a PF, ele fazia parte de um grupo responsável por incitar militares a aderir ao golpe. As acusações contra o blogueiro giram em torno de participações que ele fez em programas televisivos e nas redes sociais.

O blogueiro Paulo Figueiredo Filho, durante a audiência da Câmara dos EUA que discutiu uma suposta promoção da 'censura' pelo STF Foto: @FArepublicans via YouTube

O blogueiro Paulo Figueiredo Filho, durante a audiência da Câmara dos EUA que discutiu uma suposta promoção da ‘censura’ pelo STF Foto: @FArepublicans via YouTube© Fornecido por Estadão

A deputada democrata Sydney Kamlager-Dove perguntou ao blogueiro se ele está sendo investigado pela tentativa de golpe e se ele repudiava o período em que os militares governaram o País. Figueiredo Filho se negou a responder os dois questionamentos. “Isso não tem nada a ver com essa discussão”, afirmou.

Em outro momento da sessão, Figueiredo Filho afirmou que concorda com a decisão de Bolsonaro em estimular a celebração do 31 de março (dia que deu início ao golpe militar de 1964) nos quartéis. Segundo o blogueiro, a ditadura foi uma forma de impedir o avanço do comunismo no País.

“Não queríamos que comunistas fizessem parte do Brasil como fez em Cuba e em outros países. Venho de uma família que luta pela democracia há muito tempo e esse é o legado do meu avô restaurando a democracia plena no Brasil”, afirmou Figueiredo.

A audiência foi encerrada após o término do depoimento de Figueiredo, que foi convidado pelos congressistas para a reunião. Não há previsão de um novo encontro do colegiado para debater a suposta censura do Judiciário brasileiro.

MORADORES DAS CIDADES DO RIO GRANDE DO SUL VÃO ENFRENTAR PROBLEMAS NA SAÚDE

História de CLÁUDIA COLLUCCI – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O rastro de destruição e de problemas causados pelas inundações no Rio Grande do Sul tem sido comparado ao deixado pelo furacão Katrina, que em 2005 arrasou a região metropolitana de Nova Orleans, na Lousiana (EUA), atingiu outros quatro estados norte-americanos e causou mais de 1.800 mortes.

Ainda que no Sul a proporção de mortes e de áreas atingidas sejam menores até o momento, profissionais de saúde apontam semelhanças entre as duas tragédias, como falta de prevenção de desastres naturais e inexistência de uma coordenação centralizada de decisões.

Colapso nos hospitais, dificuldade de equipes de saúde chegarem aos locais de trabalho e desabastecimento de medicamentos e outros insumos são outras semelhanças apontadas.

“Estruturas como hospitais colabaram [colapsaram] em Nova Orleans, eles tiveram que fazer retiradas de pacientes. As equipes não conseguiam chegar aos hospitais. A gente está vendo o mesmo cenário no Sul, hospitais colabando e a dificuldade de as equipes de saúde chegarem”, relata o médico Welfane Cordeiro Júnior, especialista em medicina de emergência.

De acordo com o governo gaúcho, alagamentos fecharam ao menos 17 hospitais no estado e outros 75 estão com atendimento parcial. No domingo (5), pacientes foram transferidos de helicóptero após o HPSC (Hospital de Pronto Socorro de Canoas) ficar alagado.

Nesta segunda (6), serviços médicos de Porto Alegre, como o Hospital de Clínicas, ligado à UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), registraram índices de falta de profissionais entre 25% e 30%. Muitos deles tiveram suas casas inundadas e foram para abrigos ou estão ilhados nas residências.

Segundo Cordeiro Júnior, na tragédia de Nova Orleans ficou reconhecido que houve falta de um comando unificado, com equipes trabalhando de forma coordenada, e isso levou a uma série de mudanças, inclusive na legislação.

“No Brasil, a gente precisa determinar qual é o papel da saúde dentro dessas respostas a desastres naturais. Temos uma boa legislação da Defesa Civil, mas na área da saúde há uma carência de respostas quando há esses desastres.”

Em Porto Alegre, por exemplo, o comando está bem disperso. As faculdades de medicina e seus hospitais-escolas estão responsáveis por grupos de abrigos que estão atendendo as vítimas. Com as aulas suspensas, alunos têm ajudado na assistência.

“Como as cirurgias eletivas foram canceladas, diminuiu muito a demanda, então não há desassistência ou falta de vagas nos locais onde as instituições de ensino assumiram”, afirma o médico Roberto Umpierri, professor e coordenador-geral do Telessaúde ligado à UFRGS.

No entanto, segundo outros três médicos ouvidos pela Folha e que preferiram não se identificar, falta organização na assistência e um comando único, especialmente na questão da liberação dos insumos.

No sábado (4), por exemplo, os médicos não conseguiram retirar medicamentos na farmácia distrital porque a prefeitura exigiu que só um farmacêutico poderia dispensá-los e não havia esse profissional no local. Nesta segunda (6), a prefeitura anunciava que haveria falta de itens básicos como gaze, luvas, microporo, esparadrapo, soro fisiológico, fraldas para adultos e crianças e repelentes.

Segundo o médico de família André Luiz da Silva, que está gerenciado em dois abrigos da capital gaúcha, que estão atendendo cerca de 2.000 pessoas, “o cenário é de guerra.” “Temos informação de que até material de coleta de exame, como garrote e seringa, pode faltar. Está cada vez mais racionado.”

Segundo ele, outra preocupação é o desabastecimento de antibióticos necessários para a profilaxia da leptospirose, infecção transmitida por meio da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, principalmente ratos. A bactéria Leptospira consegue penetrar na pele humana que apresenta lesões ou que fica imersa durante longos períodos em água contaminada.

No domingo, a Sociedade Brasileira de Infectologia, em conjunto com a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, divulgou nota técnica alertando sobre aumento do risco de leptospirose e a melhor forma de realizar a profilaxia para prevenir a doença.

Embora o uso de antimicrobianos não seja recomendado como conduta de rotina, a nota ressalta que em situações de alto risco, onde há exposição contínua a alagamentos e águas contaminadas, com ou sem lesões na pele, essa intervenção pode ser considerada.

A orientação se baseia em estudos, incluindo um guia da OMS (Organização Mundial da Saúde) de 2003, que, apesar de algumas limitações, como baixo número de participantes e falhas de randomização, indicam um potencial benefício no uso desses medicamentos em casos como o do Rio Grande do Sul.

A principal recomendação das entidades responsáveis pelo documento é o uso de doxiciclina, administrada em dose única para adultos em pós-exposição de alto risco. Para crianças, a quantidade é calculada com base no peso corporal, com dose máxima estabelecida. Como alternativa, a azitromicina pode ser utilizada nas mesmas condições.

De acordo com a nota, os grupos elegíveis seriam equipes de socorristas de resgate e voluntários com exposição prolongada à água de enchente, quando equipamentos de proteção individual não são capazes de fazer essa prevenção.

“Infelizmente, já temos desabastecimento porque o medicamento já virou uma nova cloroquina. Tem colega nosso já falando em quimioprofilaxia [para leptospirose], sendo que o Ministério da Saúde não indica [o uso indiscriminado]. As evidências são muito frágeis”, diz Silva.

 

ESTADO DESPREPARADO NO RIO GRANDE DO SUL PARA AUMENTO DAS CHUVAS EXTREMAS E INUNDAÇÕES NA REGIÃO

 

História de JÉSSICA MAES – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Todo filme de desastre começa com cientista sendo ignorado”, diz o meme recorrente na internet a cada nova tragédia climática. O exemplo, baseado em produções de Hollywood, pode parecer hiperbólico, mas é compatível com a falta de preparação que governos têm demonstrado para lidar com eventos climáticos extremos.

O caso das tempestades que devastam o Rio Grande do Sul não é diferente. Projeções elaboradas há anos previam exatamente um aumento das chuvas extremas e inundações na região com o avanço do aquecimento global –e, mesmo assim, a chegada de tanta água pegou o estado despreparado.

“Para a ciência, isso não é nenhuma novidade”, afirma o físico Paulo Artaxo, membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), vinculado à ONU, e pesquisador da USP.

“Há mais de 20 anos, todos os modelos climáticos mostram que, com o aumento da temperatura global, vai aumentar a quantidade de chuvas e secas muito intensas, ou seja, o clima vai ficar mais extremo. O relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas que fizemos há oito anos já previa chuvas mais extremas no Sul e secas na amazônia”, diz ele.

O planeta já aqueceu quase 1,3°C em relação ao período anterior à Revolução Industrial (1850-1900) –a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris é limitar o aquecimento global a 1,5°C. Com isso, as chuvas intensas já estão mais fortes e frequentes no Brasil, segundo relatório de 2021 do IPCC, a maior referência científica em clima do mundo.

Chuvas extremas, que aconteciam, em média, uma vez a cada dez anos em um clima sem influência humana, agora provavelmente ocorrem 1,3 vez nesse mesmo período. Caso as emissões de gases de efeito estufa pelas atividades humanas continuem crescendo e a temperatura global aumente 4°C, o índice poderá chegar a 2,7 vezes. No patamar atual de emissões, o mundo está na rota para aquecer de 2,4°C a 2,6°C.

“Em um cenário de aquecimento global, as previsões futuras para a região Sul são de aumento de 10% a 20% da chuva anual. Em praticamente todo o resto do Brasil –no Sudeste, Centro-Oeste, na amazônia e em grande parte do Nordeste– a previsão é de diminuição da chuva”, diz o climatologista Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP e copresidente do Painel Científico para a Amazônia.

Um planeta mais quente reflete em mais concentração de chuvas e de secas extremas. Oceanos mais quentes geram mais evaporação de água, provocando mais chuva. E uma atmosfera mais quente consegue reter mais vapor d’água, sem que ele se condense -o que faz com que a umidade fique concentrada e ocasione eventos climáticos extremos.

“Numa atmosfera super carregada de vapor d’água, quando há as condições termodinâmicas para que essa carga se condense, toda essa carga adicional cai junta como chuva, aumentando a taxa de precipitação dramaticamente”, explica Artaxo.

“Se você tem a combinação dos dois, atmosfera e oceanos mais quentes, a quantidade de umidade que está retida no ar é muito maior. Inclusive essa relação temperatura-umidade não é linear, é exponencial, o que significa que, incremento relativamente pequeno de temperatura provoca um incremento muito maior na quantidade de vapor”, complementa o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador no Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Desde o ano passado, os oceanos vêm batendo recordes mensais de calor, o que se acentuou em 2024. Em fevereiro, o observatório climático europeu Copernicus mostrou que a temperatura média da superfície marinha foi a mais alta já registrada na história, chegando a 21,06°C.

O recorde anterior era de 20,98°C, registrado em agosto de 2023 –ano que ficou marcado como o mais quente dos últimos 125 mil.

“No começo de 2023, as previsões não indicavam que todos os recordes [de calor] seriam quebrados, muito menos que os oceanos bateriam recordes. Agora, mesmo com a chegada do [fenômeno climático] La Niña, estima-se que 2024 vai ser tão quente quanto o ano passado”, aponta Nobre. “E, como o calor continua alto nos oceanos, devemos esperar que os eventos extremos continuem muito fortes, o que é uma enorme preocupação.”

O calor extremo no mar é influenciado pelo El Niño, fenômeno que é caracterizado pelo aquecimento excessivo do Pacífico na região da linha do Equador e, no Brasil, causa mais chuvas no Sul e mais seca no Norte e Nordeste.

O El Niño, porém, já passou do seu pico e está enfraquecendo, o que gera dúvidas sobre a sua influência nas chuvas no desastre do Rio Grande do Sul.

“O vento na atmosfera durante anos do El Niño tem um certo comportamento, e esse comportamento já não está presente. Então, tecnicamente, nós estamos em um fenômeno de El Niño, porque a temperatura do mar está ainda acima do [limite de] 0,5°C [mais quente], mas a atmosfera parece que já esqueceu o El Niño”, diz Seluchi.

A massa de alta pressão atmosférica que está provocando o calor excessivo no Sudeste impede a passagem de frentes frias que vêm do Sul e da umidade que vem da amazônia, fazendo com que a chuva se concentre sobre a região.

O coordenador do Cemaden diz acreditar que, sem estudos específicos da chamada atribuição climática (ramo da ciência que pesquisa como acontecimentos têm relação ou não com o aquecimento global), não se pode afirmar categoricamente que o evento extremo em curso no Rio Grande do Sul só foi causado devido à crise do clima. No entanto, também ressalta que o cenário atual é condizente com as previsões.

“Este extremo se insere num cenário esperado decorrente das mudanças climáticas”, resume. “Nós tivemos aquele episódio do rio Taquari [em setembro de 2023] e agora este outro evento, em menos de um ano. É realmente uma alta frequência de extremos climáticos.”

Para Artaxo, o clima global já entrou em um novo patamar e, por isso, vemos secas, ondas de calor, chuvas e nevascas mais frequentes e mais intensas do que tínhamos até muito recentemente. E, sem cortes drásticos nas emissões de carbono, o cenário só vai piorar, frisa.

“Todo mundo fica abestalhado quando metade de um estado brasileiro fica sob a água, mas isso vai se repetir e vai se repetir de forma mais intensa”, afirma.

“Então precisamos fazer duas coisas: cortar emissões e aumentar muito fortemente o orçamento das defesas civis, multiplicando o orçamento desses órgãos por cinco, por dez. Desse modo, é possível ter toda a estrutura de resgate pronta antes de desastres acontecerem e salvar vidas.”

Para o pesquisador, é extremamente importante que o Brasil se adapte e melhore as ações integradas entre municípios, estados e governo federal.

“O clima já mudou, vai continuar mudando e impacta principalmente a população de baixa renda, então ele é um forte fator de concentração da renda”, destaca. “Hoje se improvisa e esse improviso causa muitas mortes adicionais e prejuízos para população de baixa renda, que não tem para onde ir.”

PROTESTOS DE INDÍGENAS CONTRA O PROJETO FERROVIÁRIO FERROGRÃO

 

História de VINICIUS SASSINE – Folha de S. Paulo

MANAUS, AM (FOLHAPRESS) – Indígenas do baixo rio Tapajós, no oeste do Pará, fizeram um protesto contra o projeto da Ferrogrão, ferrovia encampada pelo governo Lula (PT) e com estudos e projetos incluídos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que é tratado como vitrine da atual gestão.

No protesto, um indígena kumaruara esfregou tinta de urucum no rosto de seis homens e uma mulher que estavam sentados na primeira fileira de um auditório da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), em Santarém (PA). Um deles se levantou irritado com o gesto.

O ato ocorreu nesta terça-feira (7), primeiro dia de um evento promovido pelo Ministério dos Transportes em Santarém. O evento é um “seminário técnico sobre viabilidade dos aspectos socioambientais da ferrovia EF-170 (Ferrogrão)”, como divulgou a pasta.

Entre os objetivos do seminário, estão discussões sobre impactos da ferrovia e sobre o direito a consulta livre a comunidades tradicionais atingidas pelo empreendimento.

O vídeo foi postado nas redes sociais de indígenas kumaruaras e do Conselho Indígena do Território Kumaruara.

Conforme a postagem, o gesto de passar a tinta de urucum no rosto de participantes não indígenas do evento, de forma incisiva, foi um manifesto de “oposição veemente” à ferrovia, considerada um “plano de extermínio”. O indígena que espalhou o urucum foi Naldinho Kumaruara, liderança espiritual da aldeia Muruary, ainda segundo a postagem em rede social do conselho do território.

Entre as pessoas que são alvos diretos do protesto está o representante de associação de terminais portuários da região amazônica.

A Ferrogrão é um projeto que corta pontos sensíveis da amazônia, num percurso de quase 1.000 km. A obra é um pleito de grandes empresas do agronegócio e é defendida pelo governo Lula.

A ferrovia conectaria Sinop (MT), região de forte produção de grãos, especialmente soja e milho, ao porto de Miritituba (PA), no rio Tapajós.

Indígenas do baixo rio Tapajós dizem não ter sido convidados formalmente para o seminário promovido pelo Ministério dos Transportes.

“O ato foi uma forma de demarcar a presença, força e resistência dos povos que vivem na região e são afetados pelo crescimento da soja, bem como pelo envenenamento dos rios e solos pelos agrotóxicos, grilagem de terras e projetos de escoamento dos grãos, como a Ferrogrão”, disse o Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns, em nota.

“Rostos de representantes de organizações defensoras da Ferrogrão foram pintados com urucum, símbolo de ancestralidade”, afirmou o conselho. “O projeto irá impactar diversos territórios indígenas, dentre eles territórios que aguardam demarcação.”

Na sequência do protesto com a tinta do urucum, que foi entremeado com um cântico indígena, uma liderança do povo arapium fez uma fala crítica à ferrovia.

“Aqui [no baixo rio Tapajós] temos 14 povos indígenas. Estamos aqui, não é vergonha para nós, é vergonha para o governo quando traz um seminário desse para dentro do nosso território, para discutir um projeto de morte. Eles não têm interesse em nos ouvir”, disse Auricélia Arapiun, ex-coordenadora do Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns.

Em março, representantes dos povos kumaruara, munduruku, kayapó, panará, apiaká, tupinambá e xavante, além de quilombolas, agricultores familiares, assentados e movimentos sociais das regiões dos rios Tapajós e Xingu, fizeram o que foi chamado de tribunal popular, com julgamento de “violações e seus cúmplices” relacionados à Ferrogrão.

Segundo o documento produzido, a ferrovia provocará desmatamento, encolhimento de unidade de conservação e impactos profundos ao modo de vida das pessoas em pelo menos 16 terras indígenas e 104 assentamentos rurais. O projeto deveria ser cancelado de forma definitiva pelo governo Lula, conforme o documento aprovado.

Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, a Ferrogrão é um investimento arrojado e vai seguir adiante se contornados os impasses jurídicos. A ferrovia, conforme a defesa feita pelo ministro, garantiria eficiência no transporte de cargas, especialmente grãos, no Brasil central.

AS INUNDAÇÕES NO RIO GRANDE DO SUL TAMBÉM ATINGIRAM AS PLANTAÇÕES QUE PODEM INFLACIONAR OS ALIMENTOS

 

História de CdB – Correio do Brasil

De acordo com estatístico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela apuração do índice e que prefere o anonimato, no caso do arroz, boa parte da safra já foi colhida, mas a preocupação agora é com o escoamento, uma vez que estradas e pontes foram fortemente atingidas pelas chuvas e mantêm isoladas regiões inteiras do Estado.

Por Redação, com Reuters – de São Paulo

O alagamento de fazendas inteiras, no interior do Rio Grande do Sul, já produz um impacto sobre os preços de produtos importantes para o prato dos brasileiros, como arroz e laticínios, alertam especialistas. Os economistas aguardam mais informações sobre a extensão da calamidade para estimar potenciais reflexos nos índices de inflação.

Ciclone também provocou inundações em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul

Ciclone também provocou inundações em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul© Fornecido por Correio do Brasil

O Estado gaúcho responde por 70% da produção nacional de arroz, produto que tem o maior peso no subitem do grupo “alimentação no domicílio” do índice de inflação ao consumidor IPCA. Também é um importante produtor de carnes e laticínios.

Infraestrutura

De acordo com estatístico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela apuração do índice e que prefere o anonimato, no caso do arroz, boa parte da safra já foi colhida, mas a preocupação agora é com o escoamento, uma vez que estradas e pontes foram fortemente atingidas pelas chuvas e mantêm isoladas regiões inteiras do Estado.

— A parte que estiver armazenada nas áreas isoladas pode afetar a inflação — disse o servidor do IBGE, à mídia conservadora.

Segundo monitoramento em curso pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), já houve um ligeiro aumento do preço do arroz no Estado, segundo dados colhidos até a noite passada. Na véspera, o valor da saca, incluindo frete, estava em R$ 106,74, ante R$ 105,98 na segunda-feira da semana passada.

Produção

Entre as commodities, o Rio Grande do Sul também se destaca na produção de soja e milho, produtos que têm influência mais indireta na inflação do varejo, como componentes de ração animal. Nesse caso, a avaliação inicial é que a demanda pode ser suprida pela produção de outras regiões do país.

Ainda assim, André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), destaca que esses produtos podem ter impacto na inflação ao produtor.

— No nosso caso, que medimos preços no atacado, o impacto será maior porque as safras de milho, soja e arroz não foram todas colhidas, então algum efeito para inflação vai ter — disse.

Insumos

Ainda na véspera, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que há dez unidades processadoras de carnes de aves e de suínos do RS paralisadas ou com dificuldades de operar, pela impossibilidade de processar insumos ou transportar funcionários, e alertou para o risco de desabastecimento no Estado.

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, avalia que o principal foco de preocupação é a indústria de leite e laticínios.

— Pode haver perda porque a logística para distribuir leite para outros Estados cessa, e pode ter um impacto mais expressivo (no IPCA) — calcula.

Impacto

No Ministério da Fazenda, uma fonte disse à agência inglesa de notícias Reuters que ainda não seria possível fechar uma análise neste momento porque os problemas no Estado ainda estão em desenvolvimento, sendo difícil estimar com precisão gargalos de produção e escoamento de produtos que poderiam gerar pressão de preços.

De acordo com a fonte, a análise inicial que o governo está preparando para medir o impacto do desastre vai focar no impacto sobre a inflação de alimentos. Em avaliação preliminar, ela afirmou que a pressão sobre os preços no país não deve ser grande, mas que é preciso avaliar com mais tempo.

NOSSAS VULNERABILIDADES PODEM NOS AJUDAR PARA FAZER CONEXÃO COM A PLATEIA

 

Karina Pachiega – Especialista em oratória e comunicação

 

Nossas vulnerabilidades nos enfraquecem ou nos conectam com a nossa audiência em uma fala em público?

Se a fragilidade for exposta de forma estratégica e intencional, ela pode criar uma conexão poderosa com a plateia. Quando compartilhamos as próprias lutas e medos, as pessoas se identificam porque elas também enfrentam seus próprios desafios e fracassos. Isso cria um ambiente de confiança.

A especialista em oratória, Karina Pachiega, que possui mais de 23 anos de experiência como jornalista, sendo 17 anos deles nas principais emissoras do país, tem algumas dicas importantes para melhorar as habilidades de comunicação em público. Confira:

Empatia

O ato de se comunicar e criar conexão com aqueles que o escutam pode ser facilmente praticado caso o palestrante encontre um ponto de fragilidade em comum com a plateia. Para isso, use de elementos visuais, auditivos e histórias pessoais que se encaixe no cenário.

“Certa vez fui mestre de cerimônias de um evento. Chamei ao palco uma palestrante que antes de começar a palestra, projetou um slide que reproduzia o barulho das batidas do coração em ritmo acelerado. Ela posicionou o microfone na direção do peito e perguntou: “Vocês estão ouvindo? Assim está meu coração agora, é a primeira vez que subo num palco, estou muito nervosa, espero que vocês me mandem boas energias para que eu consiga falar tudo o que preciso. Muitas pessoas na plateia sorriram, levantaram os braços e chacoalharam as mãos em sinal de empatia com a speaker. A palestra foi um sucesso! Ela fisgou o público antes mesmo de começar a expor seu conteúdo”, conta Karina

Cotidiano

Outra forma de se comunicar com um público maior é trazer elementos simples do cotidiano, que possam se encaixar na rotina de todos ali presentes.

“Na pandemia quebrei o pé, sofri três fraturas graves no tornozelo, fiz uma cirurgia para colocar placas e pinos. Demorei seis meses para voltar a andar normalmente. A primeira palestra que dei após a cirurgia me deixou muito alegre. Eu subi no palco e falei algo assim: ‘Quando está tudo bem com a nossa saúde, a gente não pensa como é maravilhoso realizar coisas simples como andar, por exemplo, eu sofri um acidente doméstico e o fato de estar hoje aqui em pé me deixa muito feliz’. As pessoas na plateia começaram a bater palmas antes mesmo do início da minha palestra. A plateia imediatamente fica mais aberta para te ouvir”. Exemplifica.

 

Adaptabilidade e honestidade

Quando falamos em lidar com pessoas, precisamos estar preparados para todas as diferentes situações e perfis em um único ambiente. Enquanto palestrante, é imprescindível que você consiga adaptar a sua linguagem para o bom entendimento de todos, sendo assim, o uso de uma comunicação acessível e inclusiva, de forma clara, objetiva e intencional, pode ser o seu maior aliado.

Por outro lado, caso você possua alguma particularidade que seja cabível, a honestidade em explicar aos que te ouvem, pode ser essencial.

“No ano passado dei um treinamento de Oratória para alunos de uma faculdade de São Paulo. O objetivo era prepará-los para a apresentação do TCC (trabalho de conclusão de curso). No módulo que eu falava da importância do contato visual para gerar conexão com quem te ouve, uma estudante me chamou e disse: “Karina, eu sou autista, não consigo olhar direto para os olhos das pessoas”, por alguns segundos aquilo me desmontou, pois eu havia acabado de dizer que era imprescindível que eles mantivessem o olhar firme para os professores da banca examinadora o máximo possível. Respirei, pensei e respondi: Neste caso, se eu fosse você, eu começaria minha apresentação dizendo algo assim: “Bom dia, sou a aluna x, do curso x, meu trabalho é sobre x. Como sou autista, eu tenho dificuldade de olhar para vocês, porém, eu tenho muitas outras habilidades que mostrarei a partir de agora.” E assim ela fez. A aluna não se vitimizou, mas ao dizer aquilo para os professores, ela tirou um peso das costas e pôde fazer sua apresentação bem mais tranquila. E olha, ela me ligou depois para contar que tirou nota dez! Fiquei muito feliz por ela!” conta a jornalista.

Porém, é preciso ser criterioso sobre as vulnerabilidades que você escolhe dividir com o público. É fundamental considerar o contexto e principalmente ser genuíno, nem todas as fraquezas são apropriadas para todas as situações.

Ao revelar suas fraquezas, o palestrante demonstra autenticidade e coragem, o que pode inspirar confiança na plateia e tornar a mensagem muito mais impactante e memorável.

Atualmente, Karina compartilha sua experiência e enfatiza a relevância da intencionalidade na comunicação por meio de palestras e cursos ministrados online e presenciais.

ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR O ALCANCE NO INSTAGRAM PRINCIPALMENTE PARA VENDAS

 

Camila Silveira diz que o algoritmo tende a favorecer que se destacam e agregam valor aos usuários

Aumentar o alcance no Instagram é um desafio principalmente para quem precisa da internet para vender. Para ter sucesso na rede social, que é dinâmica, é necessário entender e adaptar-se ao seu algoritmo em constante mudança. Pensando nisso, a especialista em desenvolvimento empreendedor nas redes sociais, Camila Silveira elencou 12 dicas para ajudar a aumentar o alcance e a visibilidade na plataforma.

Conteúdo de qualidade

Produza conteúdo autêntico e original: O algoritmo tende a favorecer conteúdos que se destacam e agregam valor aos usuários.

Use imagens e vídeos de alta qualidade: A estética é fundamental no Instagram, então invista em boas práticas de fotografia e edição.

Publicações Compartilháveis

Crie posts que incentivem a interação: Posts com potencial viral ou que encorajam os usuários a marcar amigos podem aumentar o alcance, normalmente conteúdos focados em ensinamentos ganham esse poder.

Utilize memes ou tendências: Associar-se a tendências populares pode ajudar seu conteúdo a ser descoberto por mais pessoas.

Engajamento

Interaja com seus seguidores: Responda comentários e mensagens para construir uma comunidade engajada.

Participe de conversas relevantes que debatam seu nicho: Comente em posts de outros usuários e participe de grupos de discussão.

Consistência

Mantenha uma programação regular de posts: O algoritmo favorece contas que postam regularmente.

Use ferramentas de agendamento: Para manter a consistência, programe seus posts usando ferramentas de agendamento.

Reels e Stories

Explore os Reels: Crie Reels criativos que possam ser facilmente descobertos na aba de exploração.

Utilize os Stories diariamente: Poste Stories frequentemente para manter sua conta visível no topo do feed.

Destaques e Lives

Crie destaques com conteúdo evergreen: Use os destaques para preservar e categorizar conteúdos importantes.

Realize Lives com temas interessantes: Lives podem gerar grande envolvimento e são promovidas pelo Instagram.

Hashtags e Colaborações

Use hashtags relevantes: Inclua hashtags estratégicas para aparecer em buscas relacionadas.

Colabore com outros usuários: Parcerias e menções mútuas podem expandir seu alcance.

Análise de Dados

Monitore suas métricas: Use as ferramentas de análise do Instagram para entender o que funciona.

Ajuste sua estratégia: Adapte seu conteúdo e táticas com base no desempenho e feedback.

Ao seguir as estratégias de Camila, você pode aumentar significativamente seu alcance no Instagram e criar uma presença digital mais forte. “Lembre-se de que o algoritmo está sempre mudando, então é importante estar atento às atualizações e adaptar-se a cada alteração e para estar sempre informado destas alterações siga a página @camilasilveiraoficial”, conclui.

PROPOSTA DE FIM DA ESCALA DE TRABALHO 6X1

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