PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – As reservas de voos para o exterior no
Dia do Trabalho na China, na última quarta (1º), superaram em 20% os
níveis de 2019, antes da pandemia, segundo a plataforma de viagens e
hospedagem Qunar, de Pequim. O aumento foi acima da média para os países
que passaram a oferecer isenção de visto aos turistas chineses, como
Tailândia, Emirados Árabes Unidos e Geórgia.
Outro levantamento divulgado nesta quinta, pela consultoria espanhola
ForwardKeys, de análise da indústria de turismo, apontou que entre 27
de abril e 5 de maio as viagens de chineses ao exterior estão apenas 7%
abaixo daquelas de 2019, para o período. Avaliou ser “o ressurgimento
das viagens internacionais”, pós-pandemia.
Wang Yalei, analista da Trip.com, maior agência chinesa de turismo,
divulgou dados na mesma direção e avaliou que o setor na China está mais
conectado com o mundo devido à adoção de medidas para facilitar
viagens.
Os três levantamentos confirmam pesquisa divulgada uma semana atrás
pela empresa de marketing Dragon Trail, baseada em Pequim e Londres,
apontando que os países que reduziram entraves aos turistas chineses
seriam os mais favorecidos.
Sessenta e três por cento dos mil entrevistados na China continental
se declararam prontos a viajar ao exterior. Desses, metade apontou,
entre os principais motivos para retomar o turismo internacional, a
maior facilidade para viagem, citando especificamente a isenção de visto
para países no Sudeste Asiático e Oriente Médio.
O retorno dos chineses, que agora também podem renovar seus
passaportes pela internet, já estimula a demanda para que o Brasil
ofereça isenção de visto a Pequim, a exemplo do que faz com Washington.
Três semanas atrás, sob pressão da indústria de turismo, o governo Lula
prorrogou mais uma vez a medida, adotada unilateralmente no governo Jair
Bolsonaro em 2019.
Para Daniela Tassy, CEO da consultoria de turismo 我们走吧 (Vamos, em
chinês), de Pequim, “a isenção seria, com certeza, uma ótima
oportunidade de aproximar o Brasil da China”, em meio aos esforços de
ampliação do intercâmbio que vêm sendo feitos pelo governo chinês.
“Muitas pessoas acham que temos poucas coisas em comum, mas o que
temos de mais diferente é a posição geográfica no mapa”, acrescenta ela.
“A isenção de visto facilitará muito essa aproximação.”
Tassy é mais conhecida hoje na China como atriz, pelo papel da
astronauta brasileira Emília em “Terra à Deriva 2”, ficção científica
baseada no escritor Liu Cixin e segunda maior bilheteria do cinema
chinês no ano passado, com 4,03 bilhões de yuans (US$ 565 milhões).
Pelo que foi possível levantar, ainda não há conversas bilaterais
sobre isenção, mas dois meses atrás foram introduzidas melhorias, com
chineses e brasileiros podendo solicitar agora, para vistos de negócios,
turismo e visitas familiares, validade de até dez anos e entradas
múltiplas.
Também foram retomados no último domingo os serviços da Air China
entre Pequim e São Paulo, sem troca de avião –apenas uma escala técnica
em Madri, na Espanha. O primeiro, saindo do Aeroporto International da
Capital para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, transportou mais de
263 passageiros, segundo a agência Xinhua, que acompanhou o embarque.
De início, serão dois voos de ida e dois de volta, por semana.
“Aumentaremos de acordo com as condições do mercado”, disse Zhou Yeting,
gerente de planejamento de viagens de longo prazo da companhia aérea.
“A Air China também promoverá a cooperação com as companhias
brasileiras, acelerará a restauração da conectividade da rede e
otimizará continuamente os serviços.”
Não é só para o Brasil. A empresa anunciou novas rotas para Arábia
Saudita, Bangladesh e Cuba. Outras duas, China Southern Airlines e China
Eastern Airlines, anunciaram voos ligando diversas cidades chinesas a
países como Tailândia, Cingapura, Japão e Rússia. E regras
recém-anunciadas permitem agora aos chineses renovar o passaporte pela
internet.
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O deputado estadual Rodrigo Amorim
(União Brasil), pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, é o
primeiro réu a ser condenado pelo crime de violência de gênero do país,
tipificação criada em 2021.
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro o condenou
nesta quinta (2), por maioria (4 a 3), a um ano, quatro meses e 13 dias
de prestação de serviços comunitários junto à população de rua.
O bolsonarista foi acusado pela Procuradoria Eleitoral de proferir um
discurso que assediou, constrangeu e humilhou Benny Briolly (PSOL-RJ),
vereadora em Niterói, por sua condição de mulher trans. Em discurso na
Assembleia Legislativa em 2022, Amorim chamou Briolly de “aberração da
natureza” e “boizebu”, entre outras ofensas.
Em nota, o deputado afirmou que “o resultado do julgamento é satisfatório”, mas que vai recorrer da decisão.
“Os três votos pela absolvição deixaram claro que há entendimentos
contrários à tese de que houve crime. O processo não acabou e eu usarei
do meu direito, garantido em lei, de interpor recurso à decisão. Sigo
defendendo a liberdade de expressão, sobretudo a de um parlamentar em
plenário”, disse Amorim.
Ele afirmou também que “a conduta que originou o processo se deu no
calor de intensos debates ideológicos na Assembleia Legislativa, no qual
não havia como obstar o mandato parlamentar de alguém que sequer é da
mesma casa legislativa”.
A vereadora comemorou a decisão em suas redes sociais.
“Essa vitória é um marco na luta das mulheres no Brasil. Com ela, se
fortalece a necessidade de construir a Lei de Violência Política de
Gênero, que garante a segurança das mulheres, principalmente das negras e
LGBTs, em seu ingresso e permanência na política.”
Amorim ficou nacionalmente conhecido na campanha de 2018 ao quebrar a
placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada a
tiros em março daquele ano. Ele atualmente é pré-candidato à prefeitura
da capital com apoio do presidente da Assembleia, Rodrigo Bacellar
(União Brasil).
A decisão do TRE, porém, pode gerar sua inelegibilidade em razão da
Lei da Ficha Limpa. O tema chegou a ser mencionado pelos magistrados no
julgamento, que não tomaram decisão sobre o tema.
Na acusação, a Procuradoria Eleitoral afirmou que Amorim teve “o
claro propósito de dificultar o desempenho do mandato eletivo da
parlamentar”, condição para denúncia do tipo.
“O acusado buscou menosprezar a parlamentar, chamando-a de aberração
entre outras ofensas, para tirar dela a legitimidade de propor e
defender pautas de gênero”, disse a procuradora Neide de Oliveira.
O crime de violência política de gênero foi criado em agosto de 2021
na Lei 14.192, uma vitória da bancada feminina no Congresso. A
legislação estabelece regras para prevenir, reprimir e combater a
violência política contra mulheres, alterando o Código Eleitoral, a Lei
dos Partidos Políticos e a das Eleições.
A eleição de 2022 foi a primeira em que é considerado crime assédio,
constrangimento, humilhação, perseguição e ameaça de uma candidata ou a
uma política já eleita. Ainda estabelece que é ilegal atuar com
menosprezo ou discriminação à condição de mulher, sua cor, raça ou
etnia.
A punição é de até quatro anos de prisão e multa. Se a violência
ocorrer pela internet, a pena é mais dura, podendo chegar a seis anos.
Qualquer candidato ou político pode ser vítima de violência política,
um ato que tenta minar uma candidatura com ameaça e intimidação, de
forma organizada ou não. A segmentação do gênero, entretanto, foi
resultado dos debates sobre igualdade de gênero na política e os efeitos
da violência em candidaturas femininas, bem como nas da população
LGBTQIA+, de negros e indígenas.
A lei brasileira considera a violência política contra a mulher “toda
ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou
restringir os direitos políticos da mulher”.
Ela garante, também, que sejam cumpridos os direitos de participação
política da mulher, “vedadas a discriminação e a desigualdade de
tratamento em virtude de sexo ou de raça”.
História de ANA LUIZA ALBUQUERQUE – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quando Tarcísio de Freitas
(Republicanos) perguntou à sua equipe de marketing como vencer as
eleições para governador de São Paulo em 2022, recebeu como resposta que
ele precisava de Jair Bolsonaro (PL) -mas que o apoio do ex-presidente
não seria o bastante. Ele também necessitava do voto de centro,
refratário à radicalização representada pelo bolsonarismo.
Advindo do Ministério da Infraestrutura e com longa trajetória no
setor, Tarcísio apostou na imagem de político técnico e moderado para
conquistar o eleitor paulista. Mostrava gratidão ao ex-mandatário, mas
nas entrevistas e discursos tentava se descolar da ideologia
bolsonarista, estratégia que manteve durante o primeiro ano de governo.
“Somos pessoas diferentes, com perfis diferentes. Eu tenho uma
cultura muito voltada para o resultado. Não mantive uma postura
ideológica na condução do Ministério da Infraestrutura”, afirmou ao
jornal O Estado de S. Paulo em junho de 2022. “Eu nunca fui bolsonarista
raiz. Não vou entrar em guerra ideológica e cultural”, disse à CNN
Brasil seis meses depois.
Tarcísio levou para o seu entorno figuras que costumam transitar
entre governos de diferentes orientações ideológicas. Assumiu a
coordenação da transição Guilherme Afif (PSD), empresário paulista com
décadas de experiência política e participação nas administrações de
Dilma Rousseff (PT) e de Jair Bolsonaro. Afif é do grupo de Gilberto
Kassab (PSD), que também ganhou posto-chave como secretário de Governo,
aumentando a influência do PSD em São Paulo sob Tarcísio enquanto
garantia para o partido três ministérios no governo Lula.
A proximidade e a influência de Kassab foi um dos motivos que
causaram irritação entre os bolsonaristas no primeiro ano de gestão.
Tarcísio também foi criticado por ter mantido relações republicanas com o
presidente Lula e, em certos momentos, ter inclusive elogiado o governo
-como no fim do ano passado, quando afirmou à revista Veja que Fernando
Haddad (Fazenda) estava “fazendo a coisa certa”. O governador mantinha a
postura de não encampar temas ideológicos, e isso incomodava os
bolsonaristas.
Nos últimos dois meses, porém, quando seu nome começou a aparecer com
mais força como herdeiro de Bolsonaro, inelegível, despontando como a
principal alternativa da direita para as eleições presidenciais de 2026,
Tarcísio deu mostras de que tem se sentido mais confortável para
abraçar o bolsonarismo -e sua ideologia.
O ponto de virada foi na manifestação na avenida Paulista em defesa
de Bolsonaro, no fim de fevereiro. Tarcísio rasgou elogios ao aliado,
acuado diante do avanço das investigações que apuram se houve tentativa
de golpe para mantê-lo na Presidência. O governador afirmou que
Bolsonaro, que se hospedou no Palácio dos Bandeirantes naquela passagem
pela cidade, não era mais só uma pessoa, mas sim a representação de um
movimento.
“Você representa todos eles que descobriram que vale a pena brigar pela família, pela pátria, pela liberdade”, disse Tarcísio.
Ao fim do mês de março, na filiação da então secretária Sonaira
Fernandes ao PL, o governador voltou a repetir o lema ideológico do
bolsonarismo: “Bolsonaro representa o que o PL representa hoje: Deus,
pátria, família, liberdade. É o que a gente está falando o tempo todo”.
O que hoje se fala o tempo todo não se falava tanto antes. O
governador já havia repetido o mote anteriormente, em março de 2022,
quando se filiou ao Republicanos, comandado pelo bispo licenciado Marcos
Pereira. Mas essas palavras não eram constantes no vocabulário de
Tarcísio, e a tônica também não esteve presente em seu programa de
governo.
Com origem no fascismo italiano, o mote “Deus, pátria e família” foi
adotado pelos integralistas brasileiros e pela ditadura de António de
Oliveira Salazar em Portugal, no meio do século passado. Esses pilares
também são a base do governo do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán,
aliado de Bolsonaro. O lema revela a base do orbanismo e do
bolsonarismo: o nacionalismo cristão. Essa ideologia associa a
identidade de um país e o pertencimento a ele à religião cristã e seus
valores morais e culturais.
O dia da filiação de Sonaira ao PL foi também quando o The New York
Times revelou que Bolsonaro havia dormido na embaixada húngara, poucos
dias depois de ter tido seu passaporte apreendido pela PF. A notícia não
provocou desconforto em Tarcísio, que disse que Bolsonaro era um líder
como nunca viu igual. “Prazer de servir a esse grande líder e viver este
sonho com ele”, afirmou.
Dois dias depois, questionado pela Folha sobre o episódio da
embaixada, Tarcísio disse que não via “nada de mais”. No mesmo dia, em
meio à pressão que fazia para o apadrinhado se filiar ao PL, Bolsonaro
afirmou que um governador “peso pesado” estaria negociando a troca para o
partido. “Pessoas que somam, com pensamento muito semelhante ao nosso,
que tem na cabeça Deus, pátria, família e liberdade”, disse o
ex-presidente.
No mês de abril, Tarcísio continuou a tecer elogios públicos ao aliado e tomou duas decisões alinhadas ao grupo.
Primeiro, no início do mês, nomeou para a secretaria da Mulher a
então deputada Valéria Bolsonaro, mantendo o alinhamento ideológico ao
bolsonarismo em uma pasta cujas questões têm sido centrais para a
direita. Valéria, que adotou o sobrenome ao se casar com um parente
distante do ex-presidente, tem uma visão conservadora sobre gênero e
família, temas morais que têm sido muito explorados por políticos de
direita para mobilizar suas bases.
Depois, no fim de abril, após críticas de bolsonaristas, Tarcísio
revogou uma resolução da secretaria de Saúde que submetia à consulta
pública uma proposta voltada para a população LGBTQIA+, criada pela
própria pasta. O texto falava em “garantir acesso universal e integral
às demandas pelo processo transexualizador das pessoas travestis,
transexuais e pessoas com outras variabilidades de gênero na rede
SUS-SP”.
No mesmo dia, no interior de São Paulo, Tarcísio desfilou ao lado de
Bolsonaro, em meio à Agrishow. O ex-presidente disse que, mesmo que não
retornasse ao cargo, havia plantado sementes. O governador continuou a
elencar elogios ao padrinho político e puxou um coro de “Volta,
Bolsonaro!”, publicado em suas redes sociais. E completou: “Hoje ninguém
tem vergonha de dizer Deus, pátria, família”.
História de CARLOS VILLELA E JOÃO PEDRO PITOMBO – Folha de S, Paulo
PORTO ALEGRE, RS, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (4) que vai destravar
obstáculos da burocracia para garantir o socorro ao Rio Grande do Sul e
prometeu ações de longo prazo, com a criação de um “plano de prevenção
de acidente climático”.
“É preciso que a gente pare de correr atrás da desgraça. É preciso
que a gente veja com antecedência o que pode acontecer de desgraça”,
afirmou o presidente, que desembarcou pela segunda vez em uma semana no
Rio Grande do Sul para acompanhar os impactos das chuvas que deixaram 75
pessoas mortas.
O plano de prevenção, disse Lula, deverá ser desenvolvido ministra Marina Silva (Meio Ambiente).
Lula desembarcou na base aérea de Canoas (20 km de Porto Alegre) na
manhã deste domingo acompanhado de uma comitiva de ministros e sobrevoou
municípios da região metropolitana para ver o impacto das enchentes que
já afetaram 332 municípios.
Acompanharam o presidente no sobrevoo o governador do estado, Eduardo
Leite (PSDB), e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
(PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em pronunciamento à imprensa após sobrevoar as áreas atingidas, o
presidente destacou a importância do Rio Grande do Sul para o país e
prometeu mobilizar o governo para ajudar no socorro e na reconstrução da
infraestrutura do estado.
“Não haverá impedimento da burocracia para que a gente recupere a
grandiosidade desse estado”, prometeu o presidente, que ainda afirmou
que o Brasil “deve muito” ao Rio Grande do Sul, sobretudo no
desenvolvimento da sua agricultura.
“Como a gente deve muito ao Rio Grande o Sul, eu queria dizer que o
que estamos fazendo é dar ao Rio Grande do Sul aquilo que ele merece. Se
ele sempre ajudou o Brasil, eu acho que está na hora do Brasil ajudar o
Rio Grande do Sul”, afirmou o presidente.
Acompanhado de uma comitiva de ministros, o presidente prometeu ao governador ajuda na reconstrução das estradas estaduais.
Eduardo Leite afirmou que os impactos das chuvas e enchentes trazem
reflexos em cadeia para o estado, na distribuição de suprimentos e no
colapso de serviços. São mais de cem pontos de bloqueio terrestre no
estado, e o aeroporto de Porto Alegre está com atividades paralisadas.
Segundo Leite, serão necessárias diversas medidas para reconstrução
do Rio Grande do Sul em um cenário de “pós-guerra”, incluindo linhas de
crédito, planos de recuperação para a agricultura e medidas ambientais
para recuperação de locais degradados.
As medidas, disse, serão necessárias para auxiliar na reconstrução de
um estado que ainda não se recuperou das enchentes de setembro e
novembro do ano passado. “São dez eventos climáticos extremos em menos
de um ano”, disse o governador.
Leite ainda alertou que a economia do Rio Grande do Sul já está
comprometida pelos problemas econômicos prévios, a alta dívida per
capita e as regras do Regime de Recuperação Fiscal.
“A máquina pública está sufocada com essa situação e não vai
conseguir dar respostas se não tomarmos medidas excepcionais”, disse
Leite, que pediu uma espécie de “Plano Marshall” para reerguer a
infraestrutura do estado.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), afirmou que cerca
de 70% da cidade está sem água tratada, e os caminhões-pipa estão
ficando sem combustível para circular.
“Estão faltando barcos na cidade, estão faltando botes, estão
faltando coletes”, disse Melo, que cobrou ajuda imediata ao município e
defendeu uma desburocratização no acesso a recursos federais.
O general Hertz Pires do Nascimento, coordenador da Operação Taquari
2, disse que são 13,6 mil militares envolvidos nas atividades de socorro
às vítimas
Na região de Santa Maria, visitada por Lula na quarta-feira, nove
cidades estão inacessíveis por via terrestre. “As forças que estão
atuando lá estão abrindo caminho à mão, à enxada”, disse o general.
O general falou que a preocupação é com o resgate de vulneráveis,
como a ação de evacuação do Hospital Mãe de Deus em Porto Alegre. Ao
todo, 110 hospitais gaúchos foram afetados.
Nesta segunda-feira (6), deve ser instalado um hospital de campanha
em Canoas, terceira maior cidade do Rio Grande do Sul, onde mais de 150
mil pessoas foram atingidas pelas enchentes. Outro hospital será montado
em São Leopoldo, afetada pela cheia do rio dos Sinos.
O governo federal ainda informou vai abrir um gabinete de crise em Porto Alegre na agência da Caixa na avenida Independência.
Agreve do Colégio Pedro II – o mais antigo colégio de ensino médio do Brasil, com quase 190 anos de história – completou 1 mês nesta sexta-feira, 03/04.
Junto a ele, praticamente todas as instituições de ensino federais
estão em greve, total ou parcialmente. Na última semana, os docentes do
CEFET/RJ e da UFF também se declararam em greve, deixando no Rio de
Janeiro apenas a UFRJ com os professores fora do movimento. Coincidência
ou não, o sindicato dos professores dessa universidade é ligado ao PT.
Sem dúvida, é uma das maiores greves do ensino federal em muito tempo, resultado de anos de defasagem salarial, corte sistemático do orçamento da educação e precarização em
série das carreiras de técnicos e docentes. O desastre no ensino
público federal pode ser medido pelo altíssimo grau de evasão dos
técnicos, atraídos por carreiras mais vantajosas em outros segmentos do
poder público, o que leva ao quadro de grave carência de servidores para
trabalhar em diversas áreas cruciais do atendimento educacional.
Na infraestrutura das instituições é também patente o estado de deterioração e abandono. Não raro existem campi com
blocos condenados, salas interditadas, paredes desmoronando, elevadores
sem condições de uso, etc. Também nessa semana, a reitora do Colégio
Pedro II, Ana Paula Giraux, deu entrevista anunciando
que o campus Centro, o mais antigo da instituição, onde o próprio Dom
Pedro II ia para participar dos exames finais, corre sério risco de pegar fogo.
Isso sem contar centenas de Institutos Federais país afora que ainda
funcionam em prédios improvisados, mais de uma década após terem sido
inaugurados pelo próprio Lula.
Mas qual a proposta do governo? Uma recomposição salarial tímida, que não chega à metade do que foi pedido,
o que já era bem inferior às perdas reais acumuladas. Pior, fizeram uma
proposta de ajuste idêntica para professores e técnicos, mesmo sendo as
perdas dos últimos muito maiores, e lançaram a deixa na mesa de
negociação em Brasília: “levem para as assembleias, quem sabe não aceitam?”.
A estratégia era claríssima, fazer os professores aceitarem a oferta e
induzir que esses abandonem a greve, deixando apenas os técnicos, parte
menos visível para a opinião pública. Ato sórdido de um governo sórdido!
Recusada em massa a proposta, pois em nenhum lugar os servidores a aceitaram, o governo decidiu partir para nova estratégia, o isolamento da educação dentro do funcionalismo público.
Para isso, esperará o dia 13 de maio para nova rodada de negociações
com os servidores desse setor, enquanto avança com outros. O objetivo é
fechar acordos com setores estratégicos e de peso, deixando professores e
técnicos com o ônus de uma greve longa e desgastante. Mais sordidez!
Tudo em nome do sacrossanto Teto de Gastos,
rebatizado eufemisticamente de Arcabouço Fiscal. Haddad, o pior ministro
do governo, cão de guarda do capital, já disse não existir espaço no
orçamento para os servidores e que a meta é o déficit zero, o qual só pode ser conquistado às custas dos servidores, dos serviços públicos, da saúde e da educação, sobretudo.
Lula se elegeu dizendo defender a educação. Mas em que tal defesa vai
além de mera retórica oportunista ainda não foi mostrado. Até agora o
que vemos é desrespeito, sordidez, demagogia e compromisso com a
precarização do ensino público! (por David Coelho)
Direto da Redação é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador do Rio Grande do Sul,
Eduardo Leite (PSDB), fez um alerta na noite deste domingo (5) contra
golpistas que aproveitam o momento catastrófico vivido pelo estado para
tentar ganhar dinheiro.
“No meio de tanta solidariedade, tem aproveitadores que usam a
sensibilidade das pessoas para aplicar golpes. Isso é lamentável”,
disse.
Sem dar detalhes, Leite informou que as tentativas de golpe envolvem o
canal de doações SOS Rio Grande do Sul, que usa a chave PIX com o CNPJ
92.958.800/0001-38.
“Quando forem fazer a doação, é o SOS Rio Grande do Sul que aparece
como destinatário e a instituição é o Banrisul (Banco do Estado do Rio
Grande do Sul)”, afirmou. “Se não aparecer isso na hora da doação é
porque é um golpe”.
Os valores doados serão revestidos para o apoio humanitário às
vítimas das enchentes. Até a noite de domingo já haviam sido arrecadados
R$ 38,2 milhões.
O governador agradeceu as doações e informou que o dinheiro não vai
para a conta do governo. “Tem muita fake news, muita gente que aproveita
o momento para gerar confusão”, alertou.
Segundo ele, o dinheiro será administrado por um comitê gestor, com participação de entidades que trabalham com a área social.
“Esse recurso vai ajudar as famílias, vai ajudar micro e pequenos
empreendedores que perderam seus negócios, que foram devastados, para
que eles possam se reerguer”.
Leite disse ainda que ações do governo, como obras e compra de
equipamentos, serão realizadas com recursos do orçamento estadual e
apoio do governo federal.
O canal de doações SOS Rio Grande do Sul é o mesmo usado em 2023,
quando o estado também sofreu com enchentes, principalmente em cidades
do Vale do Taquari.
“Quero deixar todo mundo que já fez doação muito tranquilo. Esse
recurso vai ser utilizado de forma clara, transparente, com prestação de
contas, com dados abertos para as famílias impactadas, para micro e
pequenos empreendedores”, completou.
O Rio Grande do Sul chegou, neste domingo (5), à marca de 78 mortes
em decorrência das fortes chuvas que atingiram a região ao longo da
última semana. É a pior tragédia climática já vista no estado, com todos
os serviços básicos afetados.
Fabio Becker, CSM da Microsoft, defende que a IA pode ajudar empresas
a encontrarem o match perfeito com outras futuras parceiras – Unentel
O mercado já considera indiscutível o impacto do uso da Inteligência
Artificial (IA) nos últimos anos, em todos os segmentos. Mas, no B2B,
observa-se até mesmo um aumento na concorrência, com tantas novas formas
de se destacar no meio digital com a ajuda das IAs. A tecnologia passou
a redefinir processos e gerar interações comerciais com muito mais
agilidade e muito menos burocracia.
Por meio dos algoritmos e análises de dados, ficou mais fácil captar
novos clientes e crescer de forma orgânica, pois a tecnologia é capaz de
identificar padrões, comportamentos e preferências, facilitando o match
comercial. Segundo pesquisa divulgada pela Gartner, empresa americana
de consultoria, 60% do trabalho dos vendedores B2B serão executados por
meio de interfaces geradas por IA até 2028.
Mas nada disso deve ser motivo para pânico. Fábio Becker, customer
success manager da Microsoft, acredita que o trabalho humano não será
substituído, e sim aprimorado de maneiras notáveis. “Para que possamos
usufruir ao máximo da Inteligência Artificial, a palavra-chave é
integração. A integração das aplicações corporativas com IA e as
diversas bases de dados forma um suporte muito poderoso. Quando bem
utilizado, potencializa a entrega dos colaboradores e das empresas”,
analisa Becker.
Identificar as escolhas dos clientes e de seus parceiros pode ser um
processo ampliado e se tornar menos complicado com o uso da IA, atuando
na fidelização entre as empresas. “Com uma base de dados à disposição, a
tecnologia consegue apresentar importantes percepções sobre o
comportamento e as preferências do consumidor final e intermediário,
além de personalizar experiências e permitir que as empresas criem
estratégias de engajamento. Dessa forma, a inteligência artificial
contribui para a construção de relacionamentos mais sólidos entre
companhias”, comenta Vera Thomaz, diretora comercial da Unentel,
distribuidora de soluções tecnológicas para companhias.
Becker defende que, embora os benefícios mais comentados da IA
envolvam seu uso no dia a dia, como buscar conteúdos ou ter respostas
rápidas a questões variadas, a capacidade que a tecnologia tem de
aumentar a criatividade e produtividade é bem mais importante.
“Abrir espaço na agenda para produzir e criar é uma das dificuldades
que mais observo nas pessoas atualmente. Por isso, automatizar tarefas
repetitivas, economizar tempo e esforço ao corrigir erros nos códigos e
melhorar a qualidade e eficiência no desenvolvimento de sistemas é uma
das maiores qualidades da IA. Ela permite focar no que importa de fato”,
afirma.
Com toda a transformação no mercado, ainda é preciso falar sobre
segurança tecnológica. À medida que a IA avança, a responsabilidade e a
ética devem acompanhá-la. “Um dos pilares mais importantes do uso da IA,
mesmo com todos os benefícios, é a atenção aos dados. O cuidado com a
informação precisa estar em primeiro lugar para que empresas parceiras e
clientes não sejam expostos”, finaliza Fábio.
ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON
1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?
O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do
Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes,
lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos
consumidores e usuários a sua audiência.
A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e
especialmente aos pequenos e microempresários da região que não
conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que
ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com
CNPJ ou não e coloca-las na internet.
2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?
A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora
disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e
Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem
concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades
locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer
outro meio de comunicação.
Viemos para suprir as demandas da região no que tange a
divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de
serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e
públicos.
O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao
resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus
clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que
permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa
expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao
utilizar a plataforma da ValeOn.
3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?
Estratégias para o crescimento da nossa empresa
Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro,
controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que
devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de
crescer.
Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se
estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao
destino final.
Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a
Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.
O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para
conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas
de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.
Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e
entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um
cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas
é um equívoco geralmente fatal.
Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao
estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as
melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos
identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim,
desenvolver a bossa empresa.
4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo
eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa?
Descreva suas marcas.
Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área,
sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas
competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que
desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.
Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é
formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de
TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no
mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.
5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?
A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e
concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo,
desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem
de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que
representem mudanças catastróficas.
“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle,
professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg
School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.
6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?
A escalabilidade é um conceito administrativo usado para
identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento,
sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou
seja: a arte de fazer mais, com menos!
Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é
aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem
aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida
por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem
acertadas.
Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também
passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o
funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e
eliminando a ociosidade.
Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável
até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se
trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.
Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:
objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
gerenciamento de recursos focado em otimização.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (WAp)
Um volume incomum de chuva decorrente de fatores meteorológicos excepcionais fez o nível do Lago Guaíba chegar à marca histórica de 5,09 metros ao meio-dia deste sábado (4/5).
Até então, a maior marca em Porto Alegre havia sido atingida em 1941, quando a água chegou a 4,76 centímetros.
A catástrofe atual fez a cidade de 1,3 milhão de habitantes viver cenas que seus habitantes conheciam apenas das páginas dos livros de história.
A cheia de 1941 traumatizou Porto Alegre e foi um dos motores para
que a capital gaúcha construísse um complexo sistema anti-enchentes,
agora em debate: ele deixou de ser suficiente como defesa?
Assim como há 83 anos, o centro de Porto Alegre, da Ponta do
Gasômetro ao Mercado Público, numa extensão de cerca de dois km,
submergiu diante do avanço da água. A região abriga os principais órgãos
da administração municipal, museus e a sede do Comando Militar do Sul.
Na manhã de sábado, barcos circulavam na região, evacuada horas antes.
A inundação, porém, não se limita ao centro. Há pontos de alagamento de norte a sul na capital.
O Aeroporto Internacional Salgado Filho suspendeu os voos na noite do
dia 3. O trensurb, metrô de superfície que liga a capital a municípios
da região metropolitana, está fora de operação.
A principal ligação rodoviária da capital com a região sul do Estado,
a BR-290, tinha até a noite de sexta-feira (3) oito pontos de bloqueio,
incluindo a ponte velha sobre o Guaíba.
Um dique junto ao rio Gravataí, no bairro Sarandi, zona norte de
Porto Alegre, começou a apresentar extravasamento na noite de
sexta-feira.
O Hospital Mãe de Deus, no bairro Menino Deus, foi atingido pela água, assim como o estacionamento do Shopping Praia de Belas.
A situação de Porto Alegre e de sua região metropolitana – também há
bairros inteiros sob as águas em Canoas, Guaíba e Eldorado do Sul –
junta-se aos danos de outras áreas do Estado.
No Rio Grande do Sul, mais de 800 mil pessoas estão sem água e quase
metade desse contingente está sem luz, de acordo com a Defesa Civil.
Mais de 50 mortes foram confirmadas e há dezenas de desaparecidos,
repetindo cenas de tragédia que a região viveu no ano passado, também
com fortes temporais.
Porto Alegre tem um sistema anti-enchentes formado por diques e
comportas e criado nos anos 1970, mas ele não deu conta da alta
velocidade com que as águas do Guaíba subiram nos últimos dias, explica o
professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rodrigo Paiva à BBC News Brasil.
A semana, no entanto, foi de alertas e debate sobre se essas defesas
da cidade eram suficientes, num cenário de intensificação das chuvas nos
últimos anos, que estudos e cientistas creditam em parte à crise
climática global.
O sistema anti-cheias conta com 68 kms de diques, 14 comportas e 19
casas de bomba, de acordo com a prefeitura de Porto Alegre. Além dessas
estruturas, o sistema conta ainda com o célebre Muro da Mauá, uma
estrutura de quase 3 km de comprimento, com três metros abaixo do solo e
outros três acima dele, construído para proteger os principais prédios
históricos de Porto Alegre.
Foi justamente essa barreira real e também psicológica que a cheia
atual ultrapassou, com as águas invadindo o Centro Histórico – além de
informações a respeito da pressão sobre as demais estruturas.
Na sexta-feira, o diretor do Departamento Municipal de Água e Esgotos
(Dmae), Maurício Loss, disse que o arcabouço de contenção da cidade
nunca havia recebido tamanho volume de água, segundo o jornal Zero Hora.
“Não foi sem precedente. Havia avisos de que o padrão de chuvas
estava mudando”, pontua Fabrício Pontin, analista político e professor
de Relações Internacionais da Universidade La Salle (RS).
“Uma cidade como Santa Teresa, no interior, foi destruída duas vezes
em oito meses. Como não se verificou a manutenção do sistema de Porto
Alegre?”, questiona.
“Estou num apartamento seguro, estou blindado. Mas nos grupos de
WhatsApp dos alunos é desespero puro”, diz ele, frisando em especial a
cidade de Canoas, onde sua universidade tem um campus
Para Pontin, as chuvas atípicas encontraram nas cidades opções
ambientais e de planejamento urbano que potencializam os danos. O
quadro, segundo ele, obriga a debater a dimensão política e ambiental da
tragédia.
“Mas não estou otimista que esse debate aconteça”, afirma ele, que
avalia que a discussão atual já foi capturada pela polarização política,
com alas à direita e à esquerda, ora culpando apenas o governo federal
ou apenas forças mais conservadoras pelo problema.
A BBC News Brasil percorreu 60 quilômetros na orla do Guaíba na manhã de sábado, do Lami, no extremo sul da capital, ao Centro.
Em todos os bairros do trajeto, havia pontos de alagamento e vias
interrompidas. Nos pontos mais críticos, moradores atingidos pela
inundação contemplavam o cenário com atitudes que iam da resignação à
perplexidade e ao desespero.
Na Praia do Lami, as moradoras Adelita Maria Ramgrab, 57 anos, e
Maria Helena Silveira Carvalho, 68 anos, foram expulsas de suas casas
pela água, sem ter para onde ir.
“Na última enchente, em novembro, o nível do Guaíba ficou vários metros abaixo de agora”, disse Adelita.
Na esquina da avenida Borges de Medeiros com a rua dos Andradas,
celebrada como Esquina Democrática, três policiais da Brigada Militar, a
cavalo, montavam guarda diante de uma barreira de contenção feita com
tapumes e contêineres. O número de transeuntes, que costuma ser intenso
no local nas manhãs de sábado, era pequeno.
Diante da garagem de uma empresa de ônibus na Avenida Beira-Rio, no
bairro Belém Novo, na Zona Sul, o motorista Marco Aurélio Santos da
Silva, 68 anos, e o cobrador Paulo Fernandes Antunes, 70, contemplavam a
praça alagada do outro lado da via.
De um campo de futebol, via-se apenas a parte superior das goleiras.
“A empresa retirou os ônibus da garagem como forma de prevenção se o rio
subir mais”, afirmou Silva.
A meteorologista Estael Sias, uma das fundadoras do site MetSul, uma
das referências para previsão do tempo na região e no país, conta que
ela mesma foi obrigada a deixar sua casa no bairro Estael Harmonia, em
Canoas, onde reside há 15 anos, em razão da inundação da área.
“Somos agradecidos por estar vivos. Ficamos desesperados pelos amigos
que não quiseram sair, mas agora é torcer para que as condições
melhorem”, afirma.
E que deve acontecer nos próximos dias, para além da torcida? Estael
Sias afirma que o vento está mudando para o quadrante norte,
contribuindo para mitigar a força das águas em direção a Porto Alegre.
Ela antevê uma pausa na chuva entre segunda e quarta-feira na capital.
“A visibilidade na Serra e nos vales só vai aumentar na noite de
domingo. Isso significa que o domingo será propício para o resgate”,
afirma.
No restante da semana, a chuva deve retornar ao Estado, mas, segundo a meteorologista, em volume menor do que no início do mês.
Em meio aos transtornos, a cidade e o Estado correm para atender as
emergências e sequer começaram a calcular as perdas materiais.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, fez uma apelo neste
sábado para que os moradores racionem água, já que 4 das 6 estações de
tratamento de água estão paradas na cidade:
“É fundamental que não haja desperdício de água. Não dá para desperdiçar um copo de água, neste momento.”
História de CAROLINA LINHARES E JOELMIR TAVARES – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O pedido de voto do presidente Lula (PT)
no seu pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos
(PSOL), durante o evento do 1° de Maio expôs fraturas na base de apoio
do petista no Congresso Nacional e dificuldades para 2026.
Enquanto o PT e siglas de esquerda apoiam Boulos, o arco de partidos
que sustenta Lula em Brasília se divide também nas candidaturas
adversárias, do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de Tabata Amaral (PSB).
A aliança de Nunes deve reunir ao menos 11 partidos –7 deles fazem
parte da base do petista, com 11 ministérios. Na quarta-feira (1º),
líderes de parte dessas siglas, como MDB, União Brasil, PP e
Solidariedade, repudiaram publicamente a atitude do presidente.
Já o PSB ocupa a Vice-Presidência da República com Geraldo Alckmin,
que estava no palanque quando o petista pregou voto em Boulos e, horas
mais tarde, participou de evento promovido por Tabata.
Lula foi acusado por partidos da base e de oposição de propaganda
eleitoral antecipada, o que pode render uma multa ao petista. Além do
MDB, outras legendas, como o PSDB e o Novo, levaram o caso à Justiça
Eleitoral.
Na quinta (2), Nunes afirmou “ser triste um presidente se submeter a
um papel desse”. “É como se estivesse abrindo uma guerra contra mim.”
O prefeito disse ainda que é preciso ter “certa civilidade” e não
utilizar a máquina pública. “É o que deixa a gente bem triste, sabe?
Porque é uma pessoa experimentada, deveria ter um pouquinho de
respeito”, declarou sobre Lula.
Embora as críticas ao presidente sejam gerais, com a avaliação de que
ele ultrapassou o limite da lei eleitoral ao usar um evento
institucional como palanque para Boulos, os partidos que integram o
governo federal e apoiam Nunes se dividem entre elevar o tom contra o
petista ou dissociar a eleição municipal e o cenário nacional.
No ato organizado pelas centrais sindicais, na zona leste, Lula disse
que o pleito paulistano seria uma “verdadeira guerra”, se referiu a
Nunes como “nosso adversário municipal” e pediu para que seus eleitores
votassem em Boulos.
“Ninguém derrotará esse moço aqui se vocês votarem no Boulos para
prefeito de São Paulo nas próximas eleições”, disse Lula. “Vou fazer um
apelo: cada pessoa que votou no Lula em 89, em 94, em 98, em 2006, em
2010, em 2018… 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São
Paulo.”
A legislação eleitoral impõe restrições à propaganda na chamada
pré-campanha e proíbe pedido de voto. Advogados consultados pela Folha
afirmaram ver indícios de ilícito eleitoral na fala de Lula, que ficaria
sujeito a multa de R$ 5.000 a R$ 25 mil. A propaganda eleitoral será
permitida somente após o dia 16 de agosto.
Apesar das reclamações públicas, a pré-campanha de Boulos mantém a
estratégia de vincular Nunes a Jair Bolsonaro (PL) e alertar para o que
chama de risco bolsonarista na capital paulista. O discurso é alinhado
com o PT.
A equipe do deputado acompanha os desdobramentos jurídicos do caso,
mas minimiza as críticas e, apesar do esvaziamento do ato de 1º de Maio
(motivo de queixa inclusive de Lula), diz que o episódio teve dois
pontos benéficos: ajudou a difundir a informação de que Boulos é apoiado
pelo presidente e resultou em divulgação espontânea da pré-candidatura.
Já aliados de Nunes afirmam que Lula agravou seu problema de
governabilidade ao afrontar partidos da base e a eleição em São Paulo
pode virar moeda de troca no Congresso. As reclamações públicas e as
ações eleitorais foram vistas como uma ameaça para que o petista não
repita o erro político.
Na semana anterior, um jantar de presidentes dos partidos que apoiam
Nunes sinalizou para a oposição a Lula em 2026. Agora, após o 1º de
Maio, a leitura de alguns desses líderes é a de que o presidente deu
motivo para um eventual desembarque.
Vice-presidente do Solidariedade, Paulinho da Força afirmou ao Painel que Lula está criando dificuldades para o próprio governo.
“Ele fica pregando esse ódio, [ele diz] ‘esse é o nosso adversário,
nós contra eles, melhor aqui é o Boulos’. Como ele despreza os partidos
que estão na base dele? Depois como ele pede voto no Congresso, à medida
que trata todo mundo como adversário? Se é adversário aqui [em São
Paulo], também vai ser lá”, disse.
Milton Leite, presidente da Câmara dos Vereadores e principal nome da
União Brasil em São Paulo, falou ao Painel que poderia reavaliar a
relação com o governo federal. “Nas cidades temos vários aliados do
Congresso que agora estão sendo chamados de adversários”, disse.
Ciro Nogueira, presidente do PP, descreveu o pedido de voto como
“absurdo cometido contra a democracia e o povo de São Paulo pelo
presidente da República e o candidato Boulos”. “Se eles começam a
descumprir a lei já agora, imagine o que pode acontecer?”, questionou.
O presidente do MDB, Baleia Rossi, também divulgou uma nota crítica a
Lula, mas o emedebista, assim como líderes de outros partidos
consultados pela Folha, diz que o embate em São Paulo não deve ter
reflexos em Brasília.
Apesar do apoio de Bolsonaro a Nunes, não interessa para os emedebistas, ao contrário dos petistas, nacionalizar a eleição.
“O presidente da República foi a São Paulo com a estrutura do governo
para fazer campanha eleitoral contra o MDB, partido com três ministros
que têm feito um trabalho exemplar para o país. Respeitar a lei
eleitoral é respeitar a democracia. O chefe da nação deveria dar o
exemplo. […] No Congresso Nacional, nossos 44 deputados e 11 senadores
têm tido uma ação colaborativa-propositiva”, diz a nota de Baleia Rossi.
À reportagem ele afirma que o MDB não vai antecipar 2026 nem remoer o
passado. “O que queremos é mostrar que Nunes é um democrata, com
entregas reconhecidas. Queremos fazer o debate do município.”
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, afirmou ao Painel que “é errado
misturar as coisas”. “Nem o presidente Lula nem o PT tem de abrir mão de
apoiar candidatos nas eleições municipais para manter a relação com
partidos aliados no Congresso.”
Na quarta, o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB),
aliado de Tabata, disse que Lula tem muita experiência e não faz nada à
toa. França esteve no evento da deputada, mas não compareceu ao ato das
centrais sindicais por não ter sido convidado, segundo seu gabinete.
“Quando ele faz, ele está pensando em alguma coisa, aí a gente vai
depois às vezes descobrir lá na frente [o objetivo]”, afirmou.
França disse ainda que “de jeito nenhum” o PSB seguiria o exemplo dos
partidos que acionaram a Justiça contra Lula e Boulos. Tabata afirmou
que a equipe jurídica ainda analisava o caso, mas a decisão foi a de não
tomar nenhuma providência, dada a proximidade da legenda com o governo.
SÃO PAULO (Reuters) – O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida,
disse neste sábado que o desenvolvimento sustentável da Amazônia é uma
meta fundamental para seu país, indicando que deseja manter a
contribuição japonesa em ações voltadas para o combate ao desmatamento
na região.
“Nós acreditamos que o desenvolvimento da Amazônia é uma meta
importante para o Japão. Continuaremos contribuindo para seu
desenvolvimento sustentável”, afirmou Kishida durante coletiva de
imprensa em São Paulo, onde esteve neste fim de semana para encontros
com empresários e membros da comunidade japonesa no Brasil.
O premiê ainda pontuou que o Japão foi o primeiro país asiático a
contribuir para o Fundo Amazônia, com uma doação de 14 milhões de reais
em fevereiro. O fundo visa a redução de emissões de carbono provenientes
de desmatamento e degradação florestal.
Ele também enfatizou o apoio do Japão no combate à extração ilegal de
madeira na região amazônica por meio de sistemas de radares e
inteligência artificial.
Kishida esteve em Brasília na sexta-feira para se encontrar com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, ambos anunciaram o
lançamento da Parceria Brasil-Japão sobre Meio Ambiente, Clima,
Desenvolvimento Sustentável e Economias Resilientes.
A iniciativa reconhece, de acordo com o governo brasileiro, “a
importância de abordar a segurança energética, a mudança do clima e o
meio ambiente, em consonância com as três dimensões do desenvolvimento
sustentável” e estabelece uma série de pontos em que os dois países
pretendem cooperar.
Na coletiva de imprensa, o primeiro-ministro japonês ainda mostrou o
desejo de cooperar amplamente com os países da América Latina no
estreitamento das relações do Japão com o chamado “Sul Global”.
Kishida esteve no Paraguai nesta semana e se encontrou com o
presidente paraguaio, Santiago Peña. Ele definiu sua viagem à América
Latina como uma oportunidade para ampliar a cooperação econômica e
defender uma ordem internacional livre e aberta, em meio às tensões
geopolíticas em diversas partes do mundo.
Por fim, o premiê voltou a dizer que o Japão buscará colaborar com as
prioridades brasileira no G20, a caminho da cúpula de líderes no Rio de
Janeiro, em novembro. O Brasil ocupa a presidência rotativa do grupo
neste ano.