A liberdade deixou de ser um direito universal e passou a ser uma concessão do Estado, como um alvará para se abrir uma loja
Por J.R. Guzzo – Jornal Estadão
Um ataque do poder público à liberdade, quando é tratado como a coisa
mais normal do mundo, tem a tendência de levar a outro ataque – e este a
um outro ainda pior, e a mais outro, até se chegar à democracia que o
ministro Alexandre de Moraes e seus colegas de STF impuseram
ao Brasil de hoje. A liberdade deixou de ser um direito universal.
Passou a ser uma concessão do Estado, como um alvará para se abrir uma
loja. Seu uso virou uma espécie de “ameaça” à sociedade. Precisa ser
combatido com medidas de prevenção, como um vírus – pois no entender do
Supremo e de quem exige o “controle social” dos meios de comunicação, a
pior delinquência que um cidadão brasileiro pode cometer hoje em dia é
“usar mal” a liberdade. Quando se trata da liberdade de expressão,
então, exige-se o cuidado que se deve às advertências de uma bula de
remédio tarja preta. Tudo é contraindicado.
Decisões do STF colocam em risco a liberdade no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão
O Brasil vive a ficção de que o STF é um tribunal de justiça como os
que existem nos países democráticos, com magistrados sábios e imparciais
como o Rei Salomão. Não é nada disso. Eles querem, em parceria com Lula e
a esquerda nacional, um Brasil que se submeta aos seus desejos. A
liberdade de expressão está atrapalhando muito esse “projeto de país”? A
saída é reprimir ao máximo a atividade jornalística – e ninguém se
dedica tanto a isso como o ministro Alexandre de Moraes.
O ministro acaba de tomar uma das suas decisões mais assombrosas: em cima de um caso ocorrido 30 anos atrás, determinou que os órgãos de imprensa agora são responsáveis pelo que dizem os seus entrevistados.
Veículos têm de responder, é claro, pelas afirmações que fazem – mas
não pelas afirmações dos outros. Moraes disse que a “proteção
constitucional” à imprensa se baseia no “binômio liberdade com
responsabilidade”. Que binômio? Não há “binômio” nenhum na Constituição.
Não se diz ali, como quer o ministro, que a imprensa tem de ser
“responsável”. Não diz que tem de “checar” nada. Não diz que tem de
tomar cuidado, ou de dizer a verdade. Diz apenas, nos artigos 5 e 220,
que a imprensa é livre, sendo vedado o anonimato, e que a informação,
“sob qualquer forma”, não pode sofrer restrições.
A Constituição brasileira é
incompatível com regime STF-Lula. “Esse tempo da liberdade de expressão
como um valor absoluto acabou no Brasil”, já disse o futuro ministro
Flávio Dino, com voz de deboche nas palavras “liberdade de expressão”. A
ministra da Saúde acaba de dizer na Câmara de Deputados que “as
dúvidas” sobre a vacina anti-Covid para crianças “são criminosas”. Vem
agora o ministro Moraes com a censura para as entrevistas. Cada vez
mais, é proibido pensar.
Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
Charlie Munger, um ícone no mundo dos negócios e investimentos, foi
uma figura que personificou a interseção de inteligência, trabalho duro e
temperança. Sua parceria de longa data com Warren Buffet, na Berkshire
Hathaway, e sua abordagem perspicaz nos negócios o destacaram como uma
influência duradoura.
Neste texto, exploro não apenas a história de Munger, mas como suas
lições continuam a ressoar, oferecendo uma rica fonte de sabedoria para
os que buscam acelerar suas carreiras e alcançar sucesso sustentável.
Quem foi Charlie Munger?
Charlie Munger, formado em Direito pela Harvard Law School, construiu
uma carreira impressionante não apenas como advogado, mas também como
investidor e empresário. Ele é conhecido por seu foco em investimentos
de longo prazo e sua filosofia de “paciência e disciplina”.
Lições de Munger para acelerar a carreira
Aqui, listo seis principais lições do empresário que podem ajudar na carreira de qualquer profissional:
1. Constância de propósito: Munger sempre enfatizou a
importância da perseverança, o que se traduz em estabelecer metas
claras de carreira e se manter firme no caminho para alcançá-las, mesmo
diante de obstáculos;
2. Trabalho duro e preparação: dedicar tempo ao aprendizado contínuo e ao desenvolvimento de habilidades;
3. Temperança: manter a calma sob pressão e tomar decisões ponderadas, uma habilidade crucial para qualquer profissional em ascensão;
4. Aprendizado interdisciplinar: para alunos e
profissionais de qualquer campo, isso implica em buscar aprender além de
sua área de especialização, entendendo como diferentes campos de
conhecimento se conectam;
5. Realismo e honestidade: é importante ser realista
e honesto, principalmente em relação às próprias competências e
limitações. Isso é crucial para o desenvolvimento pessoal e
profissional;
6. Investimento em si mesmo: transpondo à carreira, é investir tempo e recursos em educação e desenvolvimento pessoal.
A partida de um visionário
No dia 28 de novembro, Charlie Munger partiu aos 99 anos, deixando um
legado não apenas como uma lenda nos investimentos, mas como um exemplo
brilhante de como trabalho duro, dedicação e uma mentalidade
equilibrada podem levar ao sucesso a longo prazo. Suas lições continuam
relevantes para qualquer pessoa que busca excelência em sua carreira,
servindo como um guia valioso para o desenvolvimento pessoal e
profissional.
À medida que nos despedimos de um visionário, suas lições nos
instigam a refletir sobre como podemos aplicar seu legado em um mundo de
negócios em constante evolução. Seja na constância de propósito, no
trabalho árduo ou na busca constante pelo conhecimento, Munger nos deixa
um caminho valioso para acelerar nosso crescimento profissional e
alcançar objetivos sustentáveis. Ele foi a prova viva de que o sucesso é
um processo contínuo de aprendizado, adaptação e perseverança.
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, doutor,
mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black
Belt pela mesma Universidade. Foi professor dos cursos de Black Belt,
Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da
Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação.
Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi
um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.
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O desejo de mudar, de transformar, de acreditar, são
fundamentais para irmos além. São agentes propulsores da realização de
sonhos. Já o empreendedorismo está presente no DNA dos brasileiros e
nossa história trouxa essa capacidade que temos de nos reinventar e de
nos conectarmos com você internauta e empresários que são a nossa razão
de existir.
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desenhamos estratégias que deram certo para atingirmos o sucesso, mas
nada disso valeria se não pudéssemos compartilhar com vocês essa
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que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
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para nos manter alinhados com os desejos do consumidor. Por isso,
pensamos em como fazer a diferença buscando estar sempre um passo à
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O projeto de lei em questão é o 3.640/2023, que foi apelidada como a
“PL da Moderação dos Poderes”. A proposta é de autoria do
vice-presidente da Câmara, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP),
e surgiu como resultado de sugestões feitas em 2020 por uma comissão de
juristas presidida pelo ministro do STF Gilmar Mendes. O magistrado tem feito reuniões com Lira na tentativa de engavetar a PEC.
A PEC aprovada no Senado é de autoria do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
e impõe que os ministros do STF se tornem impedidos de suspender, por
meio de decisões individuais, a vigência de leis aprovadas pelo
Legislativo. Para que essas ações sejam feitas, pelo menos seis dos 11
magistrados devem votar em conjunto.
Já o texto de Pereira é bem mais ameno e não impede que as decisões
monocráticas aconteçam. O projeto de lei discorre que essas ações dos
ministros devem ocorrer apenas em situações “de extrema urgência, perigo
de lesão grave, excepcional interesse social ou, ainda, em período de
recesso”.
Além disso, o projeto estabelece que a decisão individual deve ser
pautada automaticamente para a sessão seguinte do STF, onde necessitará
da aprovação da maioria do magistrados para que possa continuar em
vigor.
Enquanto que a PEC do Senado busca alterar a Constituição Federal a partir de uma emenda, as mudanças propostas pelo projeto de lei alternativo pretende modificar a Lei nº 13.105, de 2015, do Código de Processo Civil, que discorre sobre as decisões monocráticas em tribunais.
A proposta do vice-presidente da Câmara também prevê a possibilidade
de resolução de ações no STF a partir de acordos entre as partes. Também
é priorizada a intervenção de outras instituições nos processos a
partir de convites do relator, o chamado amici curiae. A prática busca garantir a participação de múltiplos setores da sociedade nas decisões do Supremo.
O relator do projeto é o deputado Alex Manente (Cidadania-SP).
O parlamentar afirmou que o texto deve entrar na pauta da sessão da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do próximo dia 12. O PL tem
caráter terminativo, isto é, caso seja aprovado pelo colegiado ele não
precisará passar pelo plenário da Casa, indo direto para o Senado.
Proposta permite aumentar o ‘sarrafo’ para partidos pequenos, o que é desejado por Lira
A proposta também dificulta que partidos pequenos possam ingressar no
STF com Ações de Declaração de Inconstitucionalidade (ADI’s) e Ação
Declaratória de Constitucionalidade (ADC’s).
Segundo o texto do PL, somente terão direito a acionar o STF as
siglas que alcançaram nas eleições gerais mais recentes o percentual de
3% dos votos válidos ou quinze deputados federais distribuídos em pelo
menos um terço dos Estados.
“Uma coisa é estabelecer cláusulas para o funcionamento legislativo
dos partidos, seu acesso aos fundos públicos e tempo de propaganda.
Outra, bem diferente, é retroagir no direito de livre organização e
representação, inclusive o direito, importante, de provocar a ação do
STF. Não se confunde Centrão com Constituição!”, afirmou a presidente do
PT.
Lira deve segurar votação da PEC até o fim do recesso parlamentar
Depois de uma semana carregada de troca de acusações entre os
próprios jornalistas, que transformaram críticas em ofensas nas redes
sociais, a notícia de que o STF decidiu que a imprensa pode ser responsável por falas de seus entrevistados deixou gregos e troianos apreensivos.
Acredito que a maioria dos brasileiros – e de jornalistas – endossa a
tese do ministro Alexandre de Moraes, aprovada pelo tribunal, de que a
liberdade de imprensa não é um valor absoluto, tem de ser exercida “com
responsabilidade”.
Mas o ministro defende também, embora não admita censura prévia, que é
possível retirar conteúdo do ar e responsabilizar a publicação por
“informações comprovadamente injuriosas, difamantes, caluniosas,
mentirosas”.
Ok. Mas, se as ações contra jornalistas e publicações já são
corriqueiras – quando não se configuram em verdadeiro assédio judicial
–, por que então uma decisão que restringe ainda mais a liberdade de
imprensa?
O caso em julgamento no plenário do STF era a publicação de uma
entrevista em 1995 com imputações falsas de terrorismo feitas por um
entrevistado a um militante de esquerda durante a ditadura, que morreu
antes de o processo ser concluído. A decisão foi pela condenação do
jornal que divulgou a entrevista, o Diário de Pernambuco.
Uma decisão que parece adequada nesse caso, até porque o entrevistado
era envolvido com a repressão, inimigo dos militantes contra a
ditadura, e, portanto, longe de ser fonte confiável e isenta para uma
acusação desse quilate – publicada e não investigada.
A questão é: como a tese aprovada é de repercussão geral, os juízes
de primeira e segunda instância vão julgar toda a imprensa e todas as
reportagens e entrevistas com base na tese do STF, que peca, também, por
não trazer critérios suficientemente claros.
A partir de agora, todos os veículos podem ser punidos pelo que dizem seus entrevistados se: “i) à época da divulgação, havia indícios concretos da falsidade da imputação; ii) se o veículo deixou de observar o dever de cuidado na verificação da veracidade dos fatos e na divulgação da existência de tais indícios” (os negritos são meus).
A imprensa reagiu. “STF decide por liberdade de imprensa vigiada”, tascou o
jornal condenado em sua manchete de ontem. A Associação Nacional dos
Jornais (patronal), mais discreta, disse que a aprovação da tese é um
“avanço”, mas fez ressalvas em nota publicada
na quarta-feira. “A modulação dos votos reforça a natural
responsabilidade dos veículos com o que divulgam, mas ainda pairam
dúvidas sobre como podem vir a ser interpretados juridicamente os
citados ‘indícios concretos de falsidade’, e a extensão do chamado
‘dever de cuidado’.”
Para além da conhecida falta de autocrítica da imprensa e da
arrogância das empresas de mídia, vale a pena prestar atenção nesses
pontos, também levantados pelas organizações de jornalistas. Em
especial, a possibilidade de ter que retirar entrevistas do ar antes
mesmo do final do julgamento – o que pode ser visto, sim, como censura –
e a subjetividade dos critérios estabelecidos: afinal, quem vai
determinar, por exemplo, o que são “indícios concretos de falsidade” ou
se o veículo deixou de observar o “dever de cuidado”? E como fica o
contraponto ao que diz o entrevistado no caso de entrevistas ao vivo?
Indo um pouco mais além do que disseram as
entidades de jornalismo: e as denúncias de mulheres estupradas,
comunidades atacadas, trabalhadores que relatam atos ilícitos de
empresas? Terão que provar o que dizem, o que inviabilizaria muitas
denúncias, às vezes sem outras testemunhas? A imprensa não pode ser
obrigada a seguir o rito dos inquéritos policiais e processos judiciais.
Isso é com os operadores da Justiça.
Claro que é obrigatório ouvir o outro lado e investigar ao máximo e o
mais profundamente possível, além de publicar todas as informações
apuradas. Mas quem vai avaliar se o trabalho jornalístico foi o
suficiente ou se cumpriu “o dever de cuidado”? O juiz?
Ontem mesmo a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) anunciaram que
vão enviar um informe endereçado ao relator especial para a liberdade
de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (vinculada à
Organização dos Estados Americanos, OEA) sobre a intromissão do STF nos
limites da liberdade da imprensa no país.
Paralelamente a isso, porém, jornalistas e sociedade têm que se
entender sobre a importância da liberdade de imprensa para a democracia,
unidos na exigência pela qualidade da informação e pela necessidade de o
jornalismo ter o interesse público como o seu único norte.
Não cabe ao STF aprovar tese de repercussão geral que restringe a priori a
liberdade de imprensa e vulnerabiliza o jornalismo, que passa a se
sujeitar a interpretações de magistrados de instâncias inferiores. Com o
agravante de que juízes locais frequentemente estão envolvidos nos
conflitos retratados nas reportagens, são corporativistas quando as
denúncias atingem membros do Judiciário, além de tenderem a beneficiar
homens brancos, poderosos ou abastados. O recente caso da condenação da repórter Schirley Alves está aí para comprovar os abusos da Justiça.
Que os crimes reais sejam punidos de forma imparcial, analisados caso
a caso, com os ministros do STF cumprindo o papel de juízes e de
guardiões da democracia e da Constituição, que entroniza a liberdade de
imprensa. Afinal, como sabemos, quer na Justiça, quer na imprensa, o
diabo mora nos detalhes.
O governo Lula da Silva editou uma medida provisória que cria um
programa de bolsas para incentivar alunos de baixa renda a concluírem o
ensino médio. A proposta é meritória, sem sombra de dúvidas, haja vista
os elevados índices de evasão e abandono escolar registrados no ensino
público, especialmente entre jovens vulneráveis.
Um estudo do Serviço Social da Indústria no Rio de Janeiro (Firjan
Sesi), realizado em parceria com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud), constatou que 500 mil jovens acima dos 16 anos
desistem dos estudos anualmente. A probabilidade de que um jovem na
faixa dos 20% mais pobres termine o ensino médio é de apenas 45%, ante
94% entre os 20% mais ricos.
A evasão tem múltiplas causas, mas aumenta muito no primeiro ano do
ensino médio. Fica claro, portanto, que os jovens que chegam até essa
etapa precisam de incentivo para não abandoná-la. Concluir o ensino
médio não é garantia de condições de vida melhores, mas certamente torna
a mobilidade social um pouco menos desafiadora.
Dito isso, há formas e formas de propor políticas públicas para
solucionar um mesmo problema. E o governo não escolheu a melhor delas.
Em vez de inserir o programa no Orçamento e tratá-lo com a prioridade e a
transparência que ele requer, o Executivo optou por criar um fundo
privado para financiar as bolsas. Administrado pela Caixa, ele receberá
até R$ 20 bilhões em aportes da União, ações de estatais e recursos
arrecadados em leilões de petróleo.
O governo se limitou a publicar a medida provisória que cria o programa em edição extra do Diário Oficial da
União. Não detalhou como o fundo será gerido, quanto pretende aportar
neste ano e se esses recursos serão contabilizados dentro ou fora do
limite de despesas. Mas o Senado respondeu a todas essas questões ao
aprovar um projeto de lei complementar nesta semana. Serão R$ 6 bilhões
neste ano fora do limite de gastos, na primeira deturpação no arcabouço
fiscal.
Supõe-se que Lula da Silva decidiu cumprir a promessa de campanha que
garantiu a ele o apoio da então candidata Simone Tebet no segundo turno
da eleição. Mas o programa de bolsas defendido pela atual ministra do
Planejamento tinha como base o Projeto de Lei de Responsabilidade Social
(PL 5343/2020), do ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Parece a mesma coisa, mas não é. Em vez de um fundo privado, a
proposta do ex-senador mantinha tudo dentro do Orçamento, com total
observância das metas fiscais. Os benefícios teriam múltiplas fontes de
financiamento, entre as quais recursos de emendas parlamentares. O
projeto previa, também, o corte de subsídios para abrir espaço para o
programa no Orçamento. Isso demanda tempo para debate e negociação –
tudo que uma medida provisória não oferece.
O ex-senador nunca escondeu que sua fonte de inspiração era uma
proposta dos economistas Fernando Veloso, Marcos Mendes e Vinícius
Botelho, publicada pelo Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP). É
justamente por essa razão que não se deve ignorar a crítica de Marcos
Mendes à iniciativa do governo, uma desfiguração da ideia original das
bolsas.
Em entrevista ao Estadão, Mendes questionou a
sistemática do fundo e a forma como o benefício será financiado. “Isso
tem nome: se chama contabilidade criativa, despesa extraorçamentária,
política parafiscal. Esse filme a gente já viu”, disse.
A baixa escolaridade está na origem de muitos outros obstáculos que
se interpõem na passagem da infância e adolescência para a vida adulta.
Dificulta a inserção no mercado de trabalho, empurra os jovens para a
informalidade, impõe rendimentos menores e não proporciona uma rede de
proteção social.
Por tudo isso, enfrentar a evasão no ensino médio é urgente. É algo
que beneficiará não apenas os jovens vulneráveis, mas toda a sociedade
brasileira. Reconhecer um grave problema social, no entanto, requer
escolhas, ou seja, criar condições para custeá-lo no Orçamento sem
recorrer a manobras e atropelar as regras fiscais. Essa alternativa
sinaliza a escolha de um caminho perigoso, e o País sabe onde ele
termina
A Defesa Civil de Maceió divulgou nota sobre o risco iminente de colapso de uma mina da petroquímica Braskem,
situação que gerou alerta máximo de órgãos da prefeitura, do governo de
Alagoas e do Serviço Geológico do Brasil. Segundo a informação
divulgada às 9h56 desta sexta-feira, 1.º, o deslocamento vertical
acumulado da mina é de 1,42 metro e a velocidade vertical é de 2,6
centímetros por hora.
A equipe de análise da Defesa Civil disse se basear em dados
contínuos, incluindo análises sísmicas. A Braskem, por sua vez, diz que
vem “tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de
possíveis ocorrências”.
“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve
transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil,
enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o
perigo”, diz a nota da Defesa Civil.
Estudos têm mostrado o aumento significativo na movimentação do solo
na mina, indicando a possibilidade de rompimento e surgimento de um
sinkhole, ou seja, uma enorme cratera pode ser aberta na região afetada.
Após um período de estabilização, o deslocamento da mina começou a se
intensificar nos últimos dias.
Os problemas na capital alagoana começaram em 3 de março de 2018,
quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e casas e o
afundamento do solo em cinco bairros: Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom
Parto e em uma parte do Farol. Mais de 55 mil pessoas foram forçadas a
deixar suas casas naquele ano. Agora, uma decisão judicial determinou a
saída de 27 famílias da área de risco. Dessas, 14 ainda não tinham saído de casa até a noite de quinta-feira.
Está agendada uma reunião para o dia 5 de dezembro entre o presidente
da República em exercício, Geraldo Alckmin, e o governador Paulo
Dantas, que pedirá para que o governo federal esteja preparado para
ajudar Alagoas em caso de necessidade.
Em nota, a Braskem declarou que “continua mobilizada e monitorando a
situação da mina 18, localizada no bairro do Mutange, tomando todas as
medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências”. O
texto acrescenta que “todos os dados colhidos estão sendo
compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem
trabalhando em estreita colaboração”.
Ainda segundo a empresa, a extração de sal-gema (um cloreto de sódio
que é utilizado para produzir soda cáustica e PVC) em Maceió foi
totalmente encerrada em maio de 2019. A fabricação na região teve início
em 1976.
“A Braskem vem adotando as medidas para o fechamento definitivo dos
poços de sal, conforme plano apresentado às autoridades e aprovado pela
Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse plano registra 70% de avanço
nas ações, e a conclusão dos trabalhos está prevista para meados de
2025?, diz o texto.
Ibama
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que
está em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, onde participa da Conferência
do Clima da ONU, COP-28, afirmou nesta sexta-feira, 1.º, que o Ibama
acompanha de perto a situação envolvendo a mina da Braskem em Maceió.
“É um licenciamento feito pelo governo do Estado, mas o Ibama está
acompanhando. Os nossos especialistas em risco ambiental estão
acompanhando de perto. A orientação do Ministério do Meio Ambiente é:
mesmo sendo algo de responsabilidade do governo estadual, nós não nos
furtamos em suplementarmente apoiar os Estados quando se trata de
questões de alto risco”, disse a ministra.
Segundo Marina, neste caso, o órgão do governo federal atua de maneira suplementar.
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou
nesta quarta-feira, 29, o projeto de lei que torna feriado nacional o
Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro. A iniciativa
teve 286 votos favoráveis e 121 contra. Como a proposta já foi analisada
e aprovada pelo Senado Federal, o próximo passo é a sanção presidencial.
Com o nome de Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a data
que já é considerado feriado em seis Estados (Alagoas, Amazonas, Amapá,
Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo) – e em mais de 1.000 cidades
por meio de leis municipais e estaduais, será estendida a todo o
território nacional.
De autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a proposta dividiu a opinião dos parlamentares durante a votação na Câmara. Para o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) a data é fundamental para “celebrar a negritude” da população brasileira. Já para Otoni de Paula (MDB-RJ) a medida é um “erro” e trará malefícios a economia do País, porque o mês de novembro já tem muitos feriados.
O referendo convocado pelo regime de Nicolás Maduro tem
cinco perguntas, mas o cerne é sobre se a população apoia ou não a
criação de um Estado venezuelano dentro da região conhecida como
Essequibo, uma área de pouco mais de 159 mil quilômetros quadrados
(maior que o Estado do Ceará) que é alvo de uma disputa territorial com
mais de 100 anos e que é hoje administrado pela Guiana.
A preocupação com o resultado do referendo se dá por conta das suas
possíveis consequências práticas. A criação do Estado venezuelano
poderia implicar na perda, pela Guiana, de pouco mais de 70% do seu
território.
Na sexta-feira (30/11), a Corte Internacional de Justiça expediu uma
decisão sobre um pedido feito pela Guiana que solicitava que a corte
impedisse a realização do referendo. A corte não se manifestou sobre a
suposta ilegalidade do referendo, mas disse, em sentença, que a
Venezuela não poderia tomar nenhuma medida que “modificaria a situação
que atualmente prevalece no território em disputa”.
Analistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o resultado deverá
ser favorável à criação do novo Estado venezuelano em terras hoje sob
administração da Guiana e a principal dúvida é: até onde o regime de
Maduro estaria disposto a colocar o plano em prática
Em visita à região no final de outubro, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, declarou que o país não abriria mão de Essequibo.
“Que ninguém cometa um único erro. Essequibo é nosso, cada centímetro quadrado”, disse.
Em meio a esse cenário de tensão entre dois países sul-americanos, o
governo brasileiro mobilizou tropas e diplomatas para evitar uma
escalada na crise.
Na quarta-feira (28/11), a poucos dias do referendo, o Ministério da
Defesa anunciou que acompanha o caso e que aumentou as ações na região.
“O Ministério da Defesa tem acompanhado a situação. As ações de
defesa têm sido intensificadas na região da fronteira ao Norte do país,
promovendo maior presença militar”, disse a pasta em nota enviada à BBC
News Brasil.
Especialistas e duas fontes diplomáticas brasileiras ouvidas em
caráter reservado dizem que a realização do referendo preocupa o governo
brasileiro por colocar em risco o que classificam como tradição de
resolução pacífica de conflitos territoriais na América do Sul.
Os diplomatas avaliam que a perspectiva de uma iniciativa militar dos
venezuelanos sobre o território é vista como remota, mas que o tema
deve ser tratado com cautela, especialmente porque a Venezuela realizará
eleições presidenciais em 2024 e o assunto poderia ser usado
politicamente por Maduro como plataforma de sua campanha.
Fontes diplomáticas ouvidas pela BBC News Brasil contam que a
preocupação do Brasil com o assunto tem alguns meses. No dia 9 de
novembro, o presidente brasileiro e da Guiana conversaram por
videoconferência e, segundo um diplomata brasileiro, o presidente
guianense expressou suas preocupações sobre o referendo a Lula (PT).
Duas semanas depois, no dia 22 de novembro, Lula enviou o
assessor-especial para assuntos internacionais, o embaixador Celso
Amorim, a Caracas. Ele se reuniu com Nicolás Maduro na capital
venezuelana e ambos teriam, segundo as duas fontes, conversado
longamente sobre o assunto.
Uma das fontes ouvidas pela BBC News Brasil disse que, ao longo da
conversa, Maduro teria tentado tranquilizar Amorim sobre as reais
intenções do seu governo em relação à região. O brasileiro, por sua vez,
teria expressado sua preocupação com o tema e reforçado a posição de
que a disputa seja resolvida de forma pacífica.
Dias depois, integrantes dos Ministérios das Relações Exteriores e da
Defesa passaram a analisar, conjuntamente, a crise na região.
Foi a partir dessa análise que, na quarta-feira, o Ministério da
Defesa divulgou a nota em que anuncia a intensificação das ações de
defesa na fronteira. A região de Essequibo faz divisa com a fronteira
norte do Brasil, especificamente com o Estado de Roraima.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, houve o deslocamento de 200
militares e veículos blindados sobre rodas para um pelotão de fronteira
localizado na cidade de Pacaraima, em Roraima, no extremo norte do
país. Também teria havido o transporte de munição.
Um dos diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil avalia que a crise
preocupa o Itamaraty porque um conflito entre os dois países romperia
com a tradição pacífica de disputas territoriais na região e porque
aconteceria em uma área extremamente próxima ao Brasil.
Estima-se que 300 mil pessoas vivam em Essequibo e um conflito
poderia ter impactos econômicos e sociais nas áreas brasileiras
próximas.
Havia a previsão de que Lula e o presidente guianense se encontrassem
em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, durante a passagem de ambos pelo
país para a cúpula do ONU sobre o clima (COP 28), mas a reunião
bilateral acabou não ocorrendo.
Um elemento que também causa preocupação junto ao governo brasileiro é
a incerteza sobre o processo decisório dentro do governo Maduro.
Em novembro, segundo o jornal Folha de S. Paulo, emissários do
governo Venezuelano disseram que, a depender do resultado do referendo, o
governo de Caracas poderia “ser forçado pelo povo” a agir.
As declarações teriam sido dadas durante um encontro de ministros da
Defesa e de Relações Exteriores da América do Sul, em Brasília.
Logo após a decisão da Corte Internacional de Justiça sobre a
disputa, Maduro foi às redes sociais dizer que não reconhece a instância
como instrumento para resolver a disputa com a Guiana e voltou a
convocar a população a participar do plebiscito.
“Não podem minar o direito da comunidade venezuelana de se expressar através do voto”, disse Maduro.
O temor entre parte da diplomacia brasileira é que Maduro explore a
disputa sobre Essequibo de forma política para tentar mobilizar mais
votos nas eleições do ano que vem.
Essa possibilidade também é cogitada pelo professor de Relações
Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Lucas
Carlos Lima.
“Sem dúvida a decisão do referendo e o discurso de recuperação de um
território supostamente perdido por uma ilegalidade é algo que move o
espírito nacional e pode ser um argumento nas eleições. Sabemos que
apelos ao nacionalismo podem ser fatores extremamente decisivos numa
eleição. Isso pode também servir de teste da popularidade do atual
governo”, disse à BBC News Brasil.
Em outubro deste ano, o governo e a oposição da Venezuela assinaram
um acordo prevendo regras para as eleições presidenciais de 2024 que
incluem a atuação de missões de observação da Organização das Nações
Unidas e da União Europeia.
Especialistas em Relações Internacionais ouvidos pela BBC News Brasil
se dividem quanto à possibilidade de que a crise em torno de Essequibo
possa resultar em um conflito armado.
“Acredito que o custo político de uma ação militar da Venezuela é
muito alto. Ao fazê-lo, a Venezuela estaria violando o Direito
Internacional e poderia gerar diferentes reações tanto da comunidade
internacional quanto dos países da região”, disse o professor Lucas
Carlos Lima. “Acredito que o custo é muito alto para ser factível”,
complementou.
Já para o professor aposentado de Relações Internacionais da
Universidade Federal de Santa Maria e ex-representante da Organização
dos Estados Americanos (OEA) no Haiti, Ricardo Seitenfus, o referendo
colocaria Maduro sob pressão, o que poderia levá-lo a escalar a crise.
Ele chama o referendo convocado pela Venezuela de “consulta” por
considerá-lo “ilegal” do ponto de vista do Direito Internacional uma vez
que o território sobre o qual ele se destina não pertenceria,
atualmente, à Venezuela.
“Maduro terá um problema pós-consulta: o que fazer com uma vitória
que se anuncia acachapante? Desconhecer o resultado é impossível. Ele
pode aumentar a pressão na fronteira? Sim. Invadir, no que seria um
passeio militar? É provável. Esse day-after (dia seguinte) está
carregado de perigos, pois os Estados Unidos, o Reino Unido, a Colômbia
e o Brasil reagirão”, disse Seitenfus à BBC News Brasil.
Seitenfus comparou Maduro ao ditador argentino Leopoldo Galtieri que,
em 1982, determinou a ocupação das Ilhas Malvinas e foi derrotado
militarmente por tropas inglesas. A derrota é vista como um dos
elementos que antecipou o fim da ditadura militar na argentina que durou
entre 1976 e 1983.
“Caso não se contenha, Maduro será o futuro Leopoldo Galtieri”, disse.
O que é o Essequibo?
Essequibo é como ficou conhecida uma área de aproximadamente 159 mil
quilômetros quadrados (equivalente a pouco mais que o Estado do Ceará)
situada entre a Venezuela e a Guiana.
A região é rica em minerais como ouro, cobre, diamante e,
recentemente, lá também foram descobertos enormes depósitos de petróleo e
outros hidrocarbonetos.
O referendo que ser realizado neste domingo remonta uma disputa
iniciada ainda no século 19 durante o processo de independência das
ex-colônias espanholas. Em 1811, a Venezuela tornou-se independente e a
região de Essequibo passou a fazer parte do país.
Três anos depois, porém, o Reino Unido comprou a então Guiana Inglesa
por meio de um tratado com os Países Baixos. O tratado de compra, no
entanto, não definiu com precisão qual seria a linha de fronteira do
país com a Venezuela.
Em 1840, o Reino Unido nomeou o explorador Robert Shomburgk para
definir essa fronteira e uma linha, chamada Linha Schomburgk, foi
inaugurada.
Com ela, a então Guiana Inglesa passou a ter 80 mil quilômetros
quadrados adicionais em relação ao território inicialmente adquirido dos
Países Baixos.
Em 1841, começou oficialmente a disputa pelo território com denúncias sobre uma incursão indevida do Reino Unido no território.
Nas décadas seguintes, a controvérsia em torno de Essequibo passou a
fazer parte da disputa por influência na América do Sul entre os Estados
Unidos, uma potência então em ascensão, e o então poderoso Império
Britânico.
Os norte-americanos expandiram seus interesses pela região e usavam
como argumento a chamada Doutrina Monroe ,cujo slogan era “América para
americanos”. A postura representava, na prática, uma tentativa de
limitar a influência das potências europeias sobre o continente.
Em 1886, uma nova versão da Linha Schomburgk foi traçada, incorporando uma nova porção de território à Guiana Inglesa.
Nove anos depois, em 1895, os Estados Unidos, então aliados da
Venezuela, denunciaram a definição da fronteira e recomendaram que o
caso fosse definido por meio de uma arbitragem internacional.
Três anos mais tarde, em 1899, foi emitida a Sentença Arbitral de Paris, que decidiu de forma favorável ao Reino Unido.
Meio século depois, em 1949, porém, veio a público um memorando de um
advogado norte-americano que atuou na defesa da Venezuela no processo
de arbitragem em Paris.
O documento denunciava uma suposta imparcialidade dos juízes do caso.
A divulgação desse memorando e de outros documentos do processo
passaram a ser usados pela Venezuela para pedir que a Sentença de Paris
fosse considerada “nula e sem efeito”.
Em 1966, porém, o país e o Reino Unido firmaram o Acordo de Genebra,
que reconheceu a reivindicação venezuelana e se comprometeu a buscar
soluções para resolver a disputa.
Mais recentemente, a Guiana solicitou que a Corte Internacional de
Justiça, sediada em Haia, na Holanda, arbitre a disputa, mas o governo
venezuelano vem, reiteradamente, negando a legitimidade da instituição
para decidir o futuro de Essequibo.
Apesar de a disputa territorial entre os dois países ter mais de um
século de existência, as tensões passaram a se intensificar a partir de
2015, quando a petroleira norte-americana ExxonMobil anunciou ter
encontrado enormes depósitos de petróleo na costa da área disputada.
Até o momento, a multinacional americana ExxonMobil e os seus
parceiros fizeram 46 descobertas que elevaram as reservas de petróleo da
Guiana para cerca de 11 bilhões de barris, representando cerca de 0,6%
do total mundial.
As descobertas, consideradas surpreendentes, tornaram a Guiana, um
país de 800 mil habitantes, numa das economias que mais crescem no
mundo. O produto interno bruto (PIB) do país deverá crescer 25% este
ano. Em 2022, o aumento no PIB foi de 57,8%.
A exploração de petróleo na costa de Essequibo é um dos pontos mais criticados pelo regime venezuelano nos últimos anos.
O governo questiona, por exemplo, a emissão de licenças de exploração
para multinacionais que atuam na costa da região em disputa.
“A Guiana não é uma vítima, não tem títulos sobre o território em
disputa, é uma ocupante de fato e tem violentado reiteradamente o acordo
de Genebra e a legalidade internacional, outorgando unilateralmente
concessões no território terrestre e em águas de delimitação pendente”,
disse o governo venezuelano.
A equipe jurídica da Guiana, que denunciou o referendo perante o
tribunal internacional, descreve-o como uma “ameaça existencial” que
procura preparar o caminho para a anexação de Essequibo pela Venezuela.
Os diplomatas ouvidos pela BBC News Brasil avaliam que o país vem
enviando mensagens claras ao governo venezuelano sobre a inviabilidade
de uma escalada na crise com a Guiana.
Uma demonstração disso, segundo eles, seria a manifestação do
ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, durante a reunião em que
enviados da Venezuela teriam elevado o tom sobre o referendo, em
Brasília.
“O nosso compromisso comum com a integração da América do Sul é
reiterarmos — cada um de nossos doze países — o nosso compromisso com a
solução pacífica das controvérsias”, disse o chanceler na ocasião.
Para Lucas Carlos Lima, da UFMG, o Brasil tem tentado evitar um aumento nas tensões na região.
“O Brasil também tem uma parte de suas fronteiras com a Guiana
determinada por arbitragem e acredito que não deseja que esse tipo de
assentamento pacífico se transforme em contestações. Os bastidores
diplomáticos sugerem que o Brasil está interessado em restabelecer
relações estáveis com a Venezuela e, para isso, está voltado a não
escalar o conflito”, disse o professor.
Já o professor Ricardo Seitenfus avalia que o país deveria ser mais
contundente em suas manifestações sobre o referendo venezuelano.
“O Brasl não pode ser conivente com nada que venha a abalar o
princípio da paz sul-americana […] O Brasil precisa se manifestar de
forma contundente a respeito desse referendo e deixar claro que essa
consulta é nula, pois só quem pode decidir sobre o destino de Essequibo é
a população de Essequibo e não o povo da Venezuela”, conclui o profess
Rolo compressor do governo Lula altera
estatuto da petroleira para retirar amarras que impediam loteamento de
cargos e uso político da companhia; TCU e STF ainda podem impedir
Por Notas & Informações – Jornal Estadão
O artigo 21, que a Petrobras jogou no lixo nesta semana ao invalidar
sua base mais sólida, é um dos mais extensos dos 60 que compõem o
estatuto da companhia e ditam as normas de seu funcionamento. Ao
esmiuçar, com todos os pormenores possíveis, as exigências para validar
indicados à alta administração da empresa, esse artigo buscou
interromper o loteamento político dos cargos de comando, prática que
atravessou governos, mas ganhou dimensão piramidal nas gestões petistas.
A trava, montada em 2016, quando a reputação da companhia havia sido
puxada para o fundo do poço pelos escândalos de corrupção e manipulação
política, não chegou a durar uma década. De volta ao poder, o governo
petista, sem o menor pudor, desobedeceu à legislação logo na chegada,
indicando um petista com mandato no Senado para presidir a Petrobras. Em
seguida, instalou secretários do Ministério de Minas e Energia (MME) no
Conselho de Administração. Por fim, para tornar perene a desobediência,
rasga o estatuto na parte que bloqueava a interferência política.
Para o governo não foi difícil. Embora controle a petroleira com
menos de 37% do capital total, a participação que a União detém nas
ações com direito a voto supera os 50%. Assim, o governo Lula da Silva
passou o rolo compressor na reunião de acionistas que mudou as regras
estatutárias da Petrobras. Mais especificamente as que impediam que seus
dirigentes e conselheiros representassem algum conflito de interesses
para a companhia.
O empoderamento do Comitê de Indicação, Remuneração e Sucessão da
empresa, responsável por analisar o cumprimento dos requisitos de todos
os indicados aos cargos, também desceu pelo ralo. Na verdade, o órgão
interno de governança já havia sido desautorizado antes, quando vetou os
dois conselheiros indicados pelo MME e a decisão foi revertida por
força de uma conveniente liminar do então ministro do STF Ricardo
Lewandowski, que hoje, aposentado, figura na lista de cotados por Lula
para substituir Flávio Dino no Ministério da Justiça.
A decisão isolada de Lewandowski, proferida em março, até hoje não
foi levada ao plenário da Corte. Há expectativa de que o julgamento
finalmente ocorra nos próximos dias, quase nove meses depois da decisão
monocrática do ministro que suspendeu o trecho da Lei das Estatais que
restringe indicações de conselheiros que sejam titulares de cargos
públicos. Na época, o governo usou também essa decisão para garantir a
permanência de Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Agora, com base na decisão de Lewandowski, os representantes da União
no Conselho de Administração propuseram a mudança no estatuto. E assim
segue a Petrobras, com um erro sustentando o outro. Na manobra
articulada pelo governo Lula da Silva, o que menos importa é a
integridade da empresa que – é importante frisar – é uma sociedade de
capital misto, com acionistas que não estão em busca de votos, mas sim
de uma gestão eficiente.
Esses investidores não são crédulos a ponto de comprar o discurso do
presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que disse que “em
absolutamente nenhum momento houve o desejo de contaminar a Petrobras
com interesse político colocando gente lá por conta dessas mudanças”. Ao
que parece, há uma presunção generalizada no governo de que qualquer
meio justifica o fim que, no caso, é a perpetuação de um projeto de
poder.
Está aberta a porteira da Petrobras para a entrada de integrantes do
governo e seus aliados, políticos em exercício de mandato, dirigentes
sindicais e partidários e colaboradores de campanhas políticas.
Exatamente como ocorreu em gestões anteriores do PT, com uma ingerência
política que desconhecia limites morais, éticos e até mesmo legais, que
levou a companhia à beira do abismo.
Apenas o entendimento contrário dos ministros do Tribunal de Contas
da União (TCU) poderá interromper esse movimento afrontoso. Como o TCU
apura irregularidades na política de indicações para cargos na empresa,
somente após o julgamento, se o resultado for favorável à União, esse
desrespeito poderá ser oficializado.
Confira 4 dicas para construir uma rede de contatos eficaz
O network é uma estratégia essencial para o sucesso profissional. Uma
rede de contatos bem construída pode abrir portas para novas
oportunidades de emprego, aprendizado e crescimento pessoal. De acordo
com uma pesquisa publicada na revista americana Harvard Business Review,
profissionais com um bom network têm mais chances de ser promovidos e
de receber aumentos salariais.
Lívia Felizardo, diretora de produtos da Vivae, startup de educação e
empregabilidade criada a partir de uma parceria entre a operadora Vivo e
a Ânima Educação, explica a importância de se começar a construir uma
rede de contatos sólida. “Muitas vezes, as melhores vagas são
preenchidas por meio de recomendações e indicações de contatos
profissionais. Ter uma rede ativa pode significar a diferença entre
encontrar o emprego desejado e permanecer pinçando vagas aleatórias”,
ressalta.
Mas como exatamente se constrói uma boa rede de contatos? Felizardo
aponta 4 dicas para quem está começando ou deseja ampliar sua rede.
Seja sociável e aberto a novas conexões
A primeira chave para construir um network eficaz é ser sociável e
estar aberto a novas conexões. Isso significa participar ativamente de
eventos profissionais, cursos e workshops relacionados à sua área de
atuação. É nessas ocasiões que você terá a oportunidade de conhecer
pessoas que compartilham seus interesses e objetivos profissionais.
Construa relacionamentos de qualidade
Mais importante do que a quantidade de contatos que você tem é a
qualidade dessas conexões. Não se trata apenas de acumular cartões de
visita ou conexões nas redes sociais. Em vez disso, concentre-se em
construir relacionamentos genuínos com as pessoas. Isso significa se
envolver nas conversas, entender suas necessidades e interesses, e
demonstrar disponibilidade em ajudar quando possível.
Seja um bom ouvinte
Uma habilidade muitas vezes subestimada na construção de um network é
a capacidade de ouvir. As pessoas gostam de falar sobre si mesmas, seus
projetos e suas conquistas. Portanto, seja um bom ouvinte e dê atenção
ao que os outros têm a dizer, faça perguntas e mostre interesse por suas
histórias.
Ofereça ajuda e apoio
Construir uma rede de contatos não é apenas sobre os benefícios que
você pode obter, mas também sobre o que você pode oferecer. Você pode
ajudar alguém fornecendo informações, compartilhando recursos ou, até
mesmo, oferecendo apoio moral. As pessoas tendem a reconhecer ajuda e
isso pode se traduzir em oportunidades profissionais e suporte quando
você mais precisar.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.