Moscou proibiu exportação de combustíveis para estabilizar
seu mercado interno. Até agosto, russos haviam sido o principal
fornecedor externo de diesel para o Brasil neste ano.
A Rússia decidiu nesta quinta-feira (21/09) suspender temporariamente
as suas exportações de gasolina e diesel. A medida visa estabilizar o
fornecimento interno de combustíveis no país e terá impacto também no
Brasil, que se tornou um dos maiores importadores do diesel russo.
A suspensão anunciada por Moscou poupa apenas os países da chamada
União Econômica da Eurásia, que inclui Belarus, Cazaquistão, Armênia e
Quirguistão.
“As restrições temporárias ajudarão a abastecer o mercado [interno]
de combustíveis, o que levará a uma redução dos preços ao consumidor”,
disse o governo russo em nota.
A Rússia, alvo de pesadas sanções internacionais em razão de sua
guerra de agressão na Ucrânia, vem sofrendo escassez de diesel e
gasolina. Ao mesmo tempo, o país continua sendo um dos maiores
exportadores de combustíveis do mundo.
Os preços no atacado na Rússia subiram exponencialmente, enquanto no
varejo os aumentos são limitados por um teto, de modo a ficarem em linha
com a inflação oficial. Uma crise grave no fornecimento de combustíveis
pode gerar sérios problemas ao Kremlin, antes das eleições
presidenciais no pais, marcadas para março de 2024.
O problema atinge com mais força a região produtora de alimentos no
sudeste russo, onde os combustíveis são fundamentais para o uso de
máquinas agrícolas.
Analistas apontam que o mercado de combustíveis russo também vem
sendo afetado por fatores como problemas de manutenção nas refinarias
de petróleo,
gargalos nas ferrovias para o transporte dos combustíveis e a
desvalorização da moeda local, o rublo, que acaba incentivando as
exportações.
O país exportou 4.817 milhões de toneladas de gasolina e quase 35 milhões de toneladas de diesel no ano passado.
Impacto no Brasil
A decisão russa terá impacto nas vendas do diesel no Brasil, após a
Rússia ter se tornado em 2023 o maior fornecedor externo do combustível
ao país, ultrapassando os Estados Unidos, tradicional vendedor de diesel
para o mercado brasileiro.
Segundo reportagem do jornal Valor, o Brasil se tornou neste ano o segundo maior comprador do diesel russo no mundo.
Nos oito primeiros meses do ano passado, a participação russa no
mercado brasileiro era mínima. Neste ano, porém, os russos ficaram à
frente dos demais exportadores de diesel para o Brasil.
De janeiro a agosto, 35,6% do valor importado em diesel pelo Brasil
veio da Rússia, sendo que em volume foram 40,6%. Os EUA ficaram com 31% e
28,4%, respectivamente. Em seguida, os maiores exportadores para o
Brasil são os Emirados Árabes Unidos e a Índia, cada um com
aproximadamente 10% do fornecimento em valor e em quantidade neste ano.
No mesmo período do ano passado, os americanos forneceram ao país 58% em valor e em volume de diesel importado.
Às vésperas de completar dez meses no terceiro mandato, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva mantém um antigo hábito: antes de seus
pronunciamentos, lê várias vezes o texto em voz alta, faz pausas para
tomar goles de água e dirige perguntas sobre o conteúdo a quem está por
perto.
Quando não engaveta tudo e fala de improviso, costuma encaixar
adendos no original. Não foi diferente com o discurso que leu na
abertura da 78.ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, na última
terça-feira, 19.
Como mostrou a Coluna do Estadão, o tom do
pronunciamento foi dado pelo ex-chanceler Celso Amorim, hoje chefe da
assessoria especial do Palácio do Planalto. Mas Lula interferiu
bastante. Pediu para incluir, por exemplo, que “a desigualdade precisa
inspirar indignação”, além de mais dados sobre a fome.
Todos os homens do presidente sabem, porém, que ele às vezes introduz
“cacos” de última hora no discurso. Tanto é assim que o texto
distribuído à imprensa, após Lula ocupar a tribuna da ONU, veio com a
seguinte advertência: “(*) Cotejar com versão oral.”
Padrinho do atual ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira,
Celso Amorim também foi titular da Defesa no governo Dilma Rousseff e é
hoje um dos poucos auxiliares que fazem a cabeça de Lula no Planalto.
Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete, despacha agora a menos de um
quilômetro dali. É secretário de Economia Solidária do Ministério do
Trabalho, administrado por por Luiz Marinho.
Carvalho assistiu à terceira posse do amigo no gramado da Esplanada.
“Tenho cada vez mais prurido ao entrar em palácios”, admitiu o petista,
que, após oito anos ao lado de Lula, comandou a Secretária-geral da
Presidência sob Dilma.
‘Véio, você tem que receber o povo aqui’
Cenas de sincericídio entre Carvalho e Lula ficaram famosas nos dois
primeiros mandatos. Em 2007, por exemplo, passava das 17 horas quando
Gilbertinho, como era chamado pelo presidente, entrou no gabinete e lhe
deu uma ordem.
“Véio, você tem que receber o povo que está aqui”, disse ele.
Irritado, Lula não se conteve: afirmou que todos ali viviam enchendo sua
agenda de compromissos, um atrás de outro, e, por isso, não podia fazer
milagre.
Conhecido como “grilo falante” do Planalto, Carvalho não tinha medo
dos rompantes de Lula. Ao contrário: ex-seminarista, era um dos poucos
que o faziam mudar de ideia. Naquele dia, sem que tivessem marcado
audiência, representantes do movimento dos portadores de hanseníase
esperavam o presidente. Lula acabou ficando mais de uma hora com eles.
Chorou. Em 24 de maio de 2007, assinou Medida Provisória criando pensão
indenizatória para quem sofria da doença.
Dezesseis anos depois, Lula não tem mais o “grilo falante” que o
acompanhou nos dois primeiros mandatos. No Planalto ainda está Clara
Ant, testemunha privilegiada das audiências do petista, de 2003 a 2010,
que lançou o livro Quatro Décadas com Lula – O poder de andar junto. Mas
Clara é uma exceção. A fila andou.
Nomes da velha-guarda do PT foram abatidos por escândalos de
corrupção, a exemplo de José Dirceu e Antônio Palocci. Amigos que também
atuavam como conselheiros do presidente, como Márcio Thomaz Bastos e
Luiz Gushiken, morreram.
Longe dos holofotes, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), tem
desembarcado quase toda semana em Brasília. A viagem não é, porém,
apenas para resolver problemas de sua cidade. Amigo de Lula, Edinho atua
para apagar incêndios políticos com o PT e com os novos aliados do
Centrão.
Ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão de
Dilma, o prefeito é visto como “pule de dez” para retornar ao governo em
2025, após o término de seu mandato.
Janja tentou segurar Ana Moser no Esporte
Nos bastidores, não são poucos os que comentam que a primeira-dama
Rosângela da Silva, a Janja, afastou Lula dos antigos amigos e da turma
de São Bernardo do Campo, onde ele iniciou sua trajetória como
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos.
Janja sempre negou esse comportamento. Em mais de uma ocasião,
afirmou que sua única preocupação era com o bem-estar do marido. “Quem
ama, cuida”, argumentou ela.
Os defensores da primeira-dama dizem, por sua vez, que ela é alvo de
ciúme e fogo amigo de uma ala do PT. Na prática, com quase nenhum
ministro ou auxiliar com intimidade suficiente para apontar eventuais
erros do governo, quem faz essa tarefa é mesmo Janja, mas nem sempre
consegue convencer Lula.
Tanto que, se dependesse dela, o deputado André Fufuca (PP),
integrante do Centrão e vice-líder do governo de Jair Bolsonaro, não
teria jamais ocupado a cadeira de Ana Moser no Ministério do Esporte.
O chefe da Casa Civil, Rui Costa – tido como “capitão do time” -, tem
a simpatia de Lula, mas não da maioria dos colegas. Em conversas
reservadas, alguns deles dizem que, nas reuniões ministeriais, Costa age
como se ainda fosse governador da Bahia, dando ordem a seus
secretários.
Na Esplanada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, além de Marinho
e de Wellington Dias (Desenvolvimento Social), são os três mais
próximos do presidente. Nos últimos tempos, Lula tem elogiado muito o
titular da Justiça, Flávio Dino, que passou a ser o mais cotado para
ocupar a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mesmo assim, só Marinho – que conhece Lula desde os tempos de
sindicalismo – tem coragem de contrariá-lo e até de brigar com ele. E
não foram poucas as vezes que o fez.
Foi Marinho quem obrigou Lula a tirar uma foto apertando a mão de
Paulo Maluf, em 18 de junho de 2012. Tratava-se de uma exigência de
Maluf para apoiar Haddad na campanha à Prefeitura de São Paulo.
“Ele estava fazendo exercício na academia, em São Bernardo. Não
queria ir de jeito nenhum. Eu disse: Você tem que ir na casa do Maluf. E
ele foi”, contou Marinho.
‘Ele não tem tantos filtros. Agora, tem pressa’
Dirigentes do PT observam que, desde sua prisão – decretada na
esteira da Lava Jato, em 2018 -, Lula é outro homem. “Ele não tem tantos
filtros. Agora, tem pressa: quer recuperar o tempo perdido”, resumiu o
senador Humberto Costa (PE), ex-ministro da Saúde no primeiro mandato do
petista.
Costa é um dos críticos do excessivo poder dado ao Centrão nessa
temporada. Quem dá as cartas do bloco é o presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), que faz uma série de exigências ao Planalto para aprovar
projetos de interesse do governo.
“O Centrão tem uma agenda própria”, observou Costa, citando matérias
como o marco temporal das terras indígenas, apoiadas pelo grupo. “É uma
situação completamente diferente: eles querem participar do governo e da
execução do orçamento, mas sem qualquer compromisso com o governo.”
Expoente do Centrão, Lira acompanhou a comitiva do presidente na
viagem a Nova York. Desta vez, Lula não cometeu gafes nem deu derrapadas
verbais como nos últimos três meses e fez um discurso na ONU elogiado
por líderes mundiais.
Não foi o que ocorreu em junho quando, ao afagar o presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que “o conceito de democracia é
relativo”. Pouco depois, em 5 de setembro, defendeu o voto secreto para
ministros do Supremo.
‘Vão pensar que TPI é parente da TPM’
No dia 9, Lula disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não
corre risco de ser preso se vier ao Brasil, em 2024, para a Cúpula do
G-20. O Tribunal Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra
Putin por crime de guerra contra a Ucrânia, mas Lula afirmou depois que
nem sabia da existência dessa instância. Detalhe: ele mesmo já pediu que
o TPI julgasse Jair Bolsonaro por crime contra a humanidade, em razão
dos mais de 700 mil mortos na pandemia de covid-19.
“Ninguém sabe o que é TPI. Vão pensar que é parente da TPM”, ironizou
o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo, numa
referência à tensão pré-menstrual. Na avaliação de Bernardo, nada disso
traz desgaste ao presidente. “Para a grande maioria das pessoas, essas
coisas são incompreensíveis”, minimizou.
O líder do PT no Senado, Jaques Wagner, acha que o ambiente
polarizado do País tem contribuído para o novo comportamento de Lula,
descrito por muitos como sendo mais pragmático.
“A conjuntura atual é totalmente diferente. Em 2007, era uma
reeleição. Em 2003, a gente recebeu o governo de um democrata, o
Fernando Henrique Cardoso. Agora, recebemos o governo sei lá do que se
pode chamar…”, assinalou ele.
‘Não foi o Lula que mudou. Foi o mundo’
Wagner foi ministro do Trabalho e das Relações Institucionais sob
Lula e da Casa Civil na gestão Dilma. É do círculo íntimo do presidente,
que o apelidou de “Galego”, e só não ocupou uma cadeira na Esplanada
porque não quis.
“Cada ministro, quando entrou, teve de andar no ministério com uma
lanterna na mão, olhando todos os cantos, para ver se havia uma
armadilha montada. Foi uma coisa violenta”, insistiu o senador. “Então,
com esse ambiente conflagrado e as instituições todas mexidas, não foi o
Lula que mudou. Quem mudou foi o mundo”, emendou.
O presidente nunca foi, porém, tão indiferente às pressões do próprio PT ou mesmo de outras siglas da esquerda quanto agora.
“Para manter a governabilidade, lamentavelmente Lula teve de ceder ao
Centrão porque não há um nível adequado de participação da sociedade
civil. Então, o governo fica refém da maioria do Congresso e de acordos
que nem sempre refletem os interesses do País”, constatou a deputada
Luiza Erundina (PSOL-SP), que de 1989 a 1992 foi prefeita de São Paulo
pelo PT.
No Congresso, o estilo Lula 3.0 ainda rende queixas de políticos dos
mais diversos partidos que estiveram ao lado dele em outros mandatos e
hoje não conseguem mais sua atenção.
Coube ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
acalmar os revoltados. Há um mês, Padilha tem chamado antigos aliados
para conversas reservadas no Planalto, na tentativa de explicar que o
presidente ainda irá recebê-los.
“Eu não tenho dúvida de que, depois desse périplo no exterior e da
cirurgia no quadril, ainda neste mês, ele vai aprofundar a conversa com
os amigos”, declarou o deputado Eunício Oliveira (MDB-CE), ex-titular
das Comunicações no primeiro mandato de Lula.
As reclamações dos últimos dias, no rastro da reforma ministerial,
começaram a surtir efeito. Para a Assembleia Geral da ONU, em Nova York,
Lula levou uma comitiva de 24 parlamentares, incluindo o próprio Lira e
o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
No Planalto e no Itamaraty, a justificativa para tantas viagens é a
de que Lula precisa reconquistar o mais rápido possível o espaço
internacional perdido durante o governo Bolsonaro e atrair investidores
para o Brasil. Desde sua posse, em janeiro, o presidente já esteve em 21
países e se encontrou com mais de 50 chefes de Estado e de governo.
Nome do senador não constou em lista de participantes da reunião; Wagner foi o articulador do encontro entre os presidentesWagner
(primeiro da esquerda para a direita) participou da reunião entre Lula e
Zelensky (ambos ao centro da foto)20/09/2023 – Ricardo Stuckert/PR
A tentativa de integrantes do governo brasileiro de esconder a
participação do senador Jaques Wagner (PT-BA) na reunião entre Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e Volodymyr Zelensky escancarou divergências
no entorno do presidente brasileiro sobre como lidar com a guerra na
Ucrânia, além de disputas de poder sobre a política externa brasileira.
A pedido de Lula, Wagner articulou a realização do encontro e anunciou no domingo que ele ocorreria.
VÍDEO – Reunião de Lula com Zelensky foi de reconciliação, dizem aliados
Reunião de Lula com Zelensky foi de reconciliação, dizem aliados | BASTIDORES CNN
Antes da reunião de cúpula em Nova York na quarta-feira (20), o
senador publicou em sua página na rede X (antigo Twitter): “Estarei
presente na reunião e acredito que o objetivo de todos, até mesmo dos
envolvidos diretamente na guerra, é encontrar o caminho da paz o quanto
antes”.
A mensagem contrastou com o que Lula vem dizendo desde que concedeu
uma entrevista à revista norte-americana Time em maio do ano passado,
quando afirmou que Zelensky “queria a guerra”, e a usava para “aparecer
na TV”.
Celso Amorim não sabia da reunião até que ela foi anunciada por Wagner.
O assessor especial procurou desmerecê-la dizendo que “o importante”
era a reunião entre Lula e Biden, e colocando até mesmo em dúvida se o
encontro de fato aconteceria: “Essas coisas são imprevisíveis”, disse
ele com um sorriso enigmático.
Pouco antes do encontro, a correspondente da CNN em
Nova York, Mariana Janjácomo, perguntou ao senador se ele participaria.
Wagner respondeu que não. A jornalista lhe perguntou por que, e ele não
respondeu.
VÍDEO – Presidência corrige: Jaques Wagner esteve com Zelensky
Presidência corrige: Jaques Wagner esteve com Zelensky | CNN 360º
“Erro”
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Palácio do Planalto enviou aos jornalistas uma lista dos participantes.
Nela constavam Celso Amorim, o chanceler Mauro Vieira e o
ministro-chefe da Secom, Paulo Pimenta. Entretanto, mais tarde, a foto e
o vídeo do encontro mostravam Wagner praticamente no fim da fila de
cadeiras.
Questionada pela CNN, uma assessora da Secom disse
que tinha sido “erro” dela e divulgou uma nova lista incluindo Wagner.
Poderia ser um lapso sem importância, não fosse pelos antecedentes dessa
história.
VÍDEO – Após reunião com Zelensky, Lula avalia encontrar Putin
Após reunião com Zelensky, Lula avalia encontrar Putin | BASTIDORES CNN
Wagner e os EUA
Ao longo do ano passado, Lula, ainda candidato, encarregou Wagner
várias vezes de conversar, pessoalmente e pelo telefone, com importantes
integrantes do governo americano, como o conselheiro de Segurança
Nacional, Jake Sullivan, e enviado para o Clima, John Kerry, ambos muito
próximos do presidente Joe Biden.
O objetivo era comunicar o desejo de Lula de se reaproximar dos Estados Unidos.
Wagner voltou a ser enviado a Washington em outubro passado, no mês da eleição, com a mesma missão.
Durante a transição, ele foi cogitado para o Itamaraty ou o
Ministério da Defesa. Mas Lula concluiu que não podia abrir mão de seu
papel como líder do governo no Senado, e nomeou Amorim assessor
especial.
Amorim, por sua vez, indicou para o cargo de chanceler Mauro Vieira,
que trabalhou no passado com ele e é de sua inteira confiança.
Amorim é um antigo conhecido da equipe de Biden, a mesma que o
assessorou em política externa e de segurança nacional quando era vice
de Barack Obama (2009-2017).
VÍDEO – Zelensky cita “conversa honesta” após reunião com Lula
Zelensky cita “conversa honesta” após reunião com Lula | CNN NOVO DIA
Fontes que trabalharam com essa equipe percebem pouca simpatia de
Amorim pelos Estados Unidos. Seu lema, “política externa altiva e
ativa”, dirige-se sobretudo contra o que ele considera o risco de
submissão aos EUA.
Simpatia pela Rússia
Por motivos ideológicos parecidos, apontam interlocutores, Amorim
nutre simpatia pela Rússia, e tem alertado publicamente para o risco de
“repetir Versalhes”, o tratado de paz da 1ª Guerra Mundial que impôs
duras sanções contra a Alemanha, e que teria contribuído para criar o
ambiente favorável ao surgimento do nazismo.
Amorim visitou o presidente russo, Vladimir Putin, já no fim de
março, em Moscou, e se recusou a fazer o mesmo com Zelensky em Kiev: “Eu
vejo a guerra pela TV”. Em Moscou, ele articulou a vinda do chanceler russo, Sergey Lavrov, no dia 17 de abril.
Em seguida, Lula viajou para Portugal e Espanha. Seus interlocutores
europeus lhe disseram que seu governo não era considerado equidistante
entre Rússia e Ucrânia, e que uma das provas disso era que só ouvia o
lado russo.
Ao ouvir isso, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da
Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, insistiram com Lula que
era necessário enviar Amorim imediatamente para Kiev, se possível
diretamente de Madri. Amorim se recusou, alegando que estava articulando
uma iniciativa com o governo francês, que não se materializou.
No início de abril, finalmente o assessor foi para Kiev, onde foi
recebido com frieza por Zelensky, que nesse ponto já estava ciente da
influência dele sobre a posição de Lula simpática a Putin. Foi então que
Lula escalou Wagner para mais essa missão.
Pimenta, o chefe da Secom — que omitiu a participação do senador —, compartilharia os sentimentos pró-Rússia de Amorim.
Afinidade
Mesmo depois da reunião, a afinidade de Lula com Putin ainda continuava viva na mente dos ucranianos.
Ao sair do encontro de uma hora e dez minutos, o chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, trocou o nome de Lula pelo de Putin antes
de se corrigir rapidamente. E disse que a reunião tinha sido uma
“quebra de gelo”, remendando: “Não que houvesse gelo antes”.
Muitas vezes a verdade está no que é omitido ou dito sem querer.
País terá em 2024 uma planta-piloto para
testar a tecnologia inédita que vai gerar internamente energia para
carros elétricos, sem necessidade de carregar na tomada
Por Cleide Silva – Jornal Estadão
Movido a hidrogênio (H2), o carro a célula de combustível é considerado mundialmente a opção mais viável para o transporte com emissão zero. Uma evolução do veículo elétrico, ele já roda em alguns países, como Japão e EUA, atendendo um nicho ainda pequeno do mercado.
Seu uso em grande escala está distante, principalmente no mercado
brasileiro onde, segundo analistas, até mesmo os elétricos devem demorar
a se popularizar em razão dos preços e da falta de infraestrutura para
carregamento.
Pelo menos na corrida pela fonte geradora do hidrogênio – que vai
carregar a bateria do veículo internamente, sem precisar da energia
elétrica da tomada –, o Brasil não está tão atrasado.
Enquanto grande parte dos países usa o gás natural para produzir hidrogênio cinza, que vem de fonte fóssil, o Brasil trabalha em projetos para que o etanol seja o vetor do H2 verde.
“Por ser um combustível limpo, não tóxico e com infraestrutura de
transporte desenvolvida, o etanol é muito interessante como vetor para o
hidrogênio”, afirma Julio Meneghini, diretor científico do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI, na sigla em inglês), da Universidade de São Paulo (USP).
Ele explica que, no futuro, o etanol será entregue ao posto de
combustível e este fará o processo de transformação para hidrogênio em
um reformador (tanque cilíndrico que, por meio de uma reação química,
quebra a molécula do etanol para produzir o hidrogênio). O carro a
célula de combustível tem cilindros para receber o H2, e o abastecimento é igual ao de um carro flex (ver infográfico).
Uma parceria liderada pela Shell envolvendo RCGI, Raízen, Hytron, Toyota e Senai Cetiqt anunciou,
no mês passado, o início das obras, nas instalações da USP, da primeira
estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável do mundo,
feito a partir do etanol.
O local também abrigará uma planta de produção de hidrogênio a partir
do etanol com um reformador desenvolvido e produzido pela Hytron. A
empresa nasceu há cerca de 20 anos como startup dentro da Unicamp e, em
2021, foi adquirida pelo grupo alemão Neuman & Esser (NEA).
Segundo o gerente de tecnologia de baixo carbono da Shell, Alexandre Breda,
o mundo inteiro avalia o uso de hidrogênio na mobilidade, inclusive por
meio de metanol e amônia. De qualquer forma, é um produto difícil de
ser transportado na forma gasosa e muito caro na forma líquida.
O etanol, já usado em carros híbridos flex e em breve em híbridos
plug-in, vai ser uma opção, e com vantagens extras, inclusive em relação
ao uso de energia eólica e solar no processo, que também começa a ser
explorado.
Três plantas de hidrogênio
A Shell e seus parceiros decidiram puxar a agenda para tornar o
etanol ainda mais relevante na transição energética, diz Breda. O
primeiro passo é a planta-piloto, que receberá investimento de R$ 50 milhões da companhia.
A planta deve entrar em operação no segundo semestre de 2024 e terá
capacidade para produzir 50 metros cúbicos de hidrogênio por hora,
suficientes para abastecer apenas um automóvel – o Mirai, fabricado no
Japão e cedido pela Toyota para os testes – e três ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), que vão circular no campus da universidade.
“O objetivo da planta-piloto é validar o processo e comprovar a
eficiência do etanol”, diz Breda. A validação de cálculos sobre as
emissões e custos do processo de produção de hidrogênio, comparativo de
desempenho dos veículos e preços ao consumidor ficarão a cargo do RCGI.
“Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de
hidrogênio a partir de etanol é comparável ao do hidrogênio do gás
natural no contexto brasileiro”, adianta Meneghini. “Já as emissões são
comparáveis ao processo de eletrólise da água alimentada com energia
eólica.”
No início de 2025, uma segunda planta dez vezes maior,
com capacidade para 500 metros cúbicos por hora, será instalada em um
cliente industrial da Shell ainda a ser definido. Ela será voltada
principalmente ao hidrogênio usado pelas indústrias química,
alimentícia, de mineração e siderúrgica, que hoje têm como vetor o gás
natural.
Na sequência, há um plano para uma planta capaz de produzir 5 mil metros cúbicos de hidrogênio por
hora, mas sua construção dependerá dos resultados de viabilidade da
planta experimental e de parcerias com investidores. Não há, ainda,
previsão para o fornecimento do hidrogênio sustentável em postos de
combustíveis.
Essa fase tem de acompanhar a chegada ao País de automóveis a célula
de combustível em maior escala, o que deve demorar, admite Breda.
“Principalmente aqui no Brasil, onde ainda vamos passar pela etapa do
carro híbrido a etanol, pelos elétricos e depois ir para os de célula a
combustível.”
O executivo, no entanto, vê chances de a tecnologia chegar
comercialmente mais cedo aos ônibus e caminhões. Seria uma forma de
descarbonizar um setor hoje dependente do diesel.
Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de
hidrogênio a partir de etanol é comparável ao do hidrogênio do gás
natural no contexto brasileiro”
Julio Meneghini, diretor científico do centro de pesquisa da USP
*Por Helene Romanzini, gerente de Marketing de Produto da Wise
Ao longo de minhas andanças pelo universo de experiência do usuário,
aprendi a dar a devida importância ao que se denomina tecnicamente de
user centric – ou, no bom português, o usuário no centro -, uma das
muitas expressões que ouvimos quando falamos de inovação e tecnologia
ligadas ao cliente. Uma pesquisa da McKinsey já comprovou a relevância
dessa prática ao mostrar que as empresas que efetivamente organizam e
gerenciam a experiência do cliente observam uma melhoria de 20% na
satisfação do consumidor, um aumento de 15% na conversão de vendas, um
custo de serviço 30% menor e um aumento de 30% no engajamento dos
funcionários.
A máxima do user centric permeia várias discussões sobre inovação de
negócios. Afinal, muitas vezes o usuário ainda não sabe o que quer – ou,
pior, não sabe que tem um problema. Mas a verdade é que, antes de uma
empresa resolver problemas até então desconhecidos pelos seus clientes,
existem muitas questões bem conhecidas que precisam ser solucionadas, e a
maioria delas está relacionada à jornada de uso do consumidor.
O fluxo parece simples: uma empresa busca entender melhor seu cliente
e seus problemas para, por meio da tecnologia, simplificá-los e
resolvê-los. Mas onde exatamente estão os problemas? Pela minha
experiência de mais de dez anos no mercado, garanto que, nesses casos,
eles costumam aparecer onde menos percebemos.
Sem dúvidas, o primeiro e principal ponto que deve ser levado em
consideração quando priorizamos o cliente nos nossos serviços e soluções
é a falta de diversidade das equipes, que por vezes fazem a leitura dos
problemas baseada em suas próprias experiências. O resultado é um grupo
de pessoas que anda em círculos e não sai do lugar. Depois, destaco as
leis e regulamentações, uma vez que equipes de tecnologia precisam
sempre equilibrar a simplificação com os requisitos legais.
Na sequência, outra questão que merece um olhar mais atento é a
priorização. Os times costumam contar com uma lista de itens a serem
executados, gerados a partir de várias fontes e com diferentes
propósitos: crescimento, necessidades regulatórias, melhoria da
experiência, resolução de problemas, entre outros. Cabe às equipes
analisar adequadamente e até reavaliar para que seja estabelecida a mais
efetiva ordem de prioridade com base nas demandas do cliente.
A outra camada que pede atenção reflete na questão financeira.
Entender o usuário envolve tempo e dinheiro, que podem ser investidos
direta ou indiretamente – seja com pesquisas ou com a leitura do NPS
(Net Promoter Score, sigla que reflete uma pontuação das chances de
recomendação de uma companhia por parte de sua rede de clientes),
praticando a escuta do time de customer service, ou falando com os
consumidores.
No final de tudo, temos que lidar com o ego, que, infelizmente, leva
muitos times a acreditar que não há necessidade de investir energia,
tempo e dinheiro nessa escuta, pois pensam já conhecer o suficiente
quais as necessidades do usuário. Aplicar uma abordagem user centric é
essencial para construir relações sólidas com os clientes, manter-se
competitivo no mercado e garantir rentabilidade a longo prazo. É uma
filosofia que abrange desde a fase de design até a entrega e suporte
contínuo do produto ou serviço.
E você, já escutou o seu cliente hoje?
Marketplaces em alta: o sucesso no mercado
Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP
Certas estratégias são cruciais para alavancar as vendas e isso começa com o primeiro contato
Marketplaces são uma tendência no e-commerce. Isso porque, os
benefícios existem tanto para quem tem seu próprio ambiente, quanto para
os sellers, os quais vendem nas plataformas de outros empreendedores.
Entretanto, apesar dessa alta, é fundamental as organizações se
prepararem da melhor forma para receberem seus grupos alvo,
independentemente da época do ano. Isso inclui uma elaboração iniciada
pelo atendimento.
O que são marketplaces e qual a sua realidade no mercado?
Esse conceito se remete a uma noção mais coletiva de vendas on-line.
Nessa plataforma, diferentes lojas podem anunciar seus artigos, dando ao
cliente um leque de opções. Desse jeito, trata-se de uma rede cujos
vendedores podem fazer suas ofertas dentro da mesma página. Ou seja, é
como um shopping center virtual cujos visitantes têm acesso a vários
estabelecimentos. Sites como Mercado Livre, Magalu, Americanas, Amazon e
a Valeon são ótimos exemplos, inclusive, de acordo com o último
relatório Webshoppers, 84% dos empreendedores brasileiros possuem canais
ativos em ambientes como esses.
Conforme a ChannelAdvisor, na China, esse tipo de comércio já
representa 90% do faturamento do varejo on-line e, nos EUA, 33%. Já no
Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm),
o crescimento do setor em 2021 foi de 19%.
Principalmente em temporadas de forte atividade, como o Natal, Dia
dos Namorados, das Mães e dos Pais, as movimentações tendem a ser
significativas. O Dia do Consumidor, por exemplo, em 2022, chegou a um
faturamento de R$ 722 milhões, com elevação de 22% em comparação a 2021,
de acordo com dados da Neotrust. Contudo, para, de fato, chamar a
atenção dos fregueses, apenas preços atrativos e propagandas não são o
suficiente, é preciso oferecer uma experiência completa. “Para deixar
uma marca positiva é necessário garantir um primeiro contato excelente,
indo até o pós-venda. Os responsáveis por esse tipo de negócio tendem a
pensar só no produto final entregue, mas toda interação importa”,
explica Tiago Sanches, gerente comercial da Total IP.
Um destaque em meio à concorrência é fundamental
Ciente de como apenas qualidade final não é o suficiente, diversos
quesitos tendem a ajudar uma empresa a se destacar em meio a tanta
concorrência. Logo, diferentes fatores influenciam a posição ocupada nas
buscas, seja preço, custo do frete, avaliações, etc. Além disso, é
imprescindível identificar como chamar a atenção em detrimento de
sellers ocupando o mesmo espaço. Nesse contexto, conhecimento nunca é
demais para descobrir como planejar condições visando se sobressair.
Outra questão importante diz respeito aos parceiros mantidos por
perto e a estrutura do negócio em geral. Para a quantidade de vendas
alcançadas por um programa como esse, investir na atração de indivíduos
para promover suas corporações lá dentro, diversificando e ampliando o
portfólio torna tudo mais robusto. Além disso, deve haver uma atenção
especial à otimização das operações.
Todavia, de nada adianta tomar cuidado com tudo isso e não promover
uma boa gestão operacional. Dentre diversos benefícios, a transformação
de um e-commerce em um marketplace proporciona ganho de escala das
demandas. A partir desse ponto é crucial redobrar a cautela com
estratégias adotadas no local omnichannel. Uma administração eficiente é
o meio para a criação de modelos de vivência da persona para ela ter
uma boa prática nessa aquisição. “Hoje em dia, uma pessoa transita por
diferentes pontos de contato. É relevante, então, conseguir alcançar o
preciso da melhor forma e naquele momento, assim, há grandes chances de
fidelizar”, comenta o especialista.
Dicas para se sair bem no mercado
Antes de tudo é sempre interessante se colocar no lugar dos
frequentadores, pois, somente conhecendo bem eles é viável proporcionar
oportunidades e elementos favoráveis. Em circunstâncias assim, um bom
levantamento de dados para analisar as dores e as necessidades é uma
excelente alternativa, tendo em vista como, por meio dessas informações,
é fácil identificar qual a busca e como agradar.
No entanto, o ditado é real e, de fato, a primeira impressão fica.
Logo, a assistência inicial desse sujeito deve ser levada em
consideração de forma primordial. Como anda o seu atendimento? Quais as
abordagens utilizadas para lidar com esses interessados?
Independentemente de qual seja, a Startup Valeon consegue auxiliar, incrementar e melhorar qualquer estratégia de forma inovadora.
A tecnologia de robôs tem sido cada vez mais utilizada em diversas
esferas do cotidiano da população. No geral, essa indústria está em
crescimento, de acordo com a VDMA (Associação Alemã de Fabricantes de
Máquinas e Instalações Industriais), as vendas do setor aumentaram em
13% em 2022. Nos primeiros quatro meses, os pedidos recebidos foram
elevados em 38%, também em relação ao ano anterior, na Alemanha.
Em todo o mundo, já existem mais de três milhões deles operando em
fábricas e pelo menos US$ 13,2 bilhões foram gastos nos últimos anos em
novas instalações utilizando esse tipo de modernização. Pelo menos 76%
desses investimentos foram feitos por cinco países: China, Japão,
Estados Unidos, Coreia do Sul e Alemanha. As indústrias automotiva,
elétrica, eletrônica e metálica se destacam nesse uso em seus parques
industriais. Porém, no caso do apoio ao consumidor esse artifício também
não poderia ficar de fora. Com a Startup Valeon isso é possível para
todos os âmbitos. “Nós enxergamos essa assistência como parte do
processo de conquista e a colocamos como um pilar principal para os
nossos usuários.
Dessa maneira, a firma oferece serviços baseados na aprimoração desse
suporte para as companhias parceiras, seja com os tão comentados robôs,
responsáveis por atender chamadas e responder mensagens
automaticamente, ou com outras ferramentas. Ao todo, há uma
flexibilidade sem igual para atender a todo tipo de instituição, com
humanos, chat, voz, redes sociais e WhatsApp, o propósito é aumentar os
resultados e promover atualização constante.
O que é marketplace e por que investir nessa plataforma
ÚnicaPropaganda e Moysés Peruhype Carlech
Milhares de internautas utilizam o marketplace diariamente para fazer
compras virtuais. Mas muitos ainda desconhecem seu conceito e como ele
funciona na compra e venda de produtos.
Afinal, o que é marketplace?
O marketplace é um modelo de negócio online que pode ter seu funcionamento comparado ao de um shopping center.
Ao entrar em um shopping com a intenção de comprar um produto
específico, você encontra dezenas de lojas, o que lhe permite pesquisar
as opções e os preços disponibilizados por cada uma delas. Além de
comprar o que você planejou inicialmente, também é possível consumir
outros produtos, de diferentes lojas, marcas e segmentos.
Leve isso ao mundo virtual e você entenderá o conceito de
marketplace: um lugar que reúne produtos de diversas lojas, marcas e
segmentos. A diferença é que no ambiente virtual é mais fácil buscar
produtos, e existe a facilidade de comprar todos eles com um pagamento
unificado.
Os principais marketplaces do Brasil
A Amazon foi a primeira a popularizar esse modelo de negócio pelo mundo, e até hoje é a maior referência no assunto
No Brasil, o marketplace teve início em 2012. Quem tornou a
plataforma mais conhecida foi a CNova, responsável pelas operações
digitais da Casas Bahia, Extra, Ponto Frio, entre outras lojas.
Hoje, alguns nomes conhecidos no marketplace B2C são: Americanas,
Magazine Luiza, Netshoes, Shoptime, Submarino e Walmart. No modelo C2C,
estão nomes como Mercado Livre e OLX. Conheça os resultados de algumas
dessas e de outras lojas no comércio eletrônico brasileiro.
Aqui no Vale do Aço temos o marketplace da Startup Valeon que é uma
Plataforma Comercial de divulgação de Empresas, Serviços e Profissionais
Liberais que surgiu para revolucionar o comércio do Vale do Aço através
de sua divulgação online.
Como escolher o marketplace ideal para sua loja
Para ingressar em um marketplace, é preciso cadastrar sua loja,
definir os produtos que serão vendidos e iniciar a divulgação. Mas é
fundamental levar em consideração alguns pontos importantes antes de
decidir onde incluir sua marca:
Forma de cobrança: cada marketplace possui seu modelo de comissão
sobre as vendas realizadas, que pode variar de 9,5% a 30%. O que
determina isso é a menor ou maior visibilidade que o fornecedor
atribuirá a seus produtos. Ou seja, o lojista que quer obter mais
anúncios para seus produtos e as melhores posições em pesquisas pagará
uma comissão maior.
Na Startup Valeon não cobramos comissão e sim uma pequena mensalidade para a divulgação de seus anúncios.
Público-alvo: ao definir onde cadastrar sua loja, é essencial
identificar em quais marketplaces o seu público está mais presente.
Garantimos que na Valeon seu público alvo estará presente.
Concorrentes: avalie também quais são as lojas do mesmo segmento que
já fazem parte da plataforma e se os seus produtos têm potencial para
competir com os ofertados por elas.
Felizmente não temos concorrentes e disponibilizamos para você cliente e consumidores o melhor marketplace que possa existir.
Reputação: para um marketplace obter tráfego e melhorar seus
resultados em vendas precisa contar com parceiros que cumpram suas
promessas e atendam aos compradores conforme o esperado. Atrasos na
entrega, produtos com qualidade inferior à prometida e atendimento
ineficiente são fatores que afastam os usuários que costumam comprar
naquele ambiente virtual. Ao ingressar em um marketplace, certifique-se
de que a sua loja irá contribuir com a boa reputação da plataforma e
pesquise as opiniões de compradores referentes às outras lojas já
cadastradas.
Temos uma ótima reputação junto ao mercado e consumidores devido a seriedade que conduzimos o nosso negócio.
Vantagens do marketplace
A plataforma da Valeon oferece vantagens para todos os envolvidos no comércio eletrônico. Confira abaixo algumas delas.
Para o consumidor
Encontrar produtos de diversos segmentos e preços competitivos em um único ambiente;
Efetuar o pagamento pelos produtos de diferentes lojistas em uma única transação.
Para o lojista
Ingressar em um comércio eletrônico bem visitado e com credibilidade, o que eleva a visibilidade de seus produtos;
Fazer parte de uma estrutura completa de atendimento e operação de
vendas com um menor investimento, considerando que não será necessário
pagar um custo fixo básico, como aconteceria no caso de investir na
abertura de uma loja física ou online.
Provas de Benefícios que o nosso site produz e proporciona:
• Fazemos muito mais que aumentar as suas vendas com a utilização das nossas ferramentas de marketing;
• Atraímos visualmente mais clientes;
• Somos mais dinâmicos;
• Somos mais assertivos nas recomendações dos produtos e promoções;
• O nosso site é otimizado para aproveitar todos os visitantes;
• Proporcionamos aumento do tráfego orgânico.
• Fazemos vários investimentos em marketing como anúncios em
buscadores, redes sociais e em várias publicidades online para
impulsionar o potencial das lojas inscritas no nosso site e aumentar as
suas vendas.
Para o Marketplace
Dispor de uma ampla variedade de produtos em sua vitrine virtual, atraindo ainda mais visitantes;
Conquistar credibilidade ao ser reconhecido como um e-commerce que
reúne os produtos que os consumidores buscam, o que contribui até mesmo
para fidelizar clientes.
Temos nos dedicado com muito afinco em melhorar e
proporcionar aos que visitam o Site uma boa avaliação do nosso canal
procurando captar e entender o comportamento dos consumidores o que nos
ajuda a incrementar as melhorias e campanhas de marketing que
realizamos.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (App)
Ao bater de frente com o Congresso para julgar o marco temporal, o
Supremo Tribunal Federal (STF) banca uma disputa institucional que não
deve ser encerrada ao término da votação.
A Corte caminha para declarar inconstitucional a tese que diz que
povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam em 5 de outubro
de 1988, data da promulgação da Constituição. O placar chegou a cinco a
dois nesta quarta-feira, 20, com o voto do ministro Dias Toffoli contra
o marco temporal. O julgamento será retomado nesta quinta-feira.
Ao colocar a ação na pauta, a presidente do STF, Rosa Weber,
contrariou a bancada ruralista e o presidente da Câmara, Arthur Lira
(PP-AL), simpático ao projeto de lei. Deputados e senadores ligados ao
agronegócio esperavam dissuadir a Corte de retomar o julgamento.
A ministra, conhecida pela defesa de pautas de direitos humanos,
corre contra o tempo para votar no caso. Ela se aposenta
compulsoriamente no final do mês e sinalizou aos colegas que não
gostaria de deixar o tribunal sem participar da votação. O julgamento é
considerado histórico e uma das principais marcas de sua gestão como
presidente do Supremo.
Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que, se
os ministros decidirem que a tese é inconstitucional, o projeto de lei
será colocado em xeque. O PL trata de outros temas, que podem seguir
tramitando, mas o trecho sobre o marco temporal precisará ser revisto.
“Entendo que o PL, internamente, até poderia tramitar contudo o STF
poderia novamente declarar sua inconstitucionalidade. Ou seja, ele seria
inócuo. Não surtiria efeitos na prática”, explica o constitucionalista
Georges Abboud, sócio do Warde Advogados e professor da PUC de São
Paulo.
Se os parlamentares insistirem na votação do PL, o Supremo Tribunal
Federal tem pelo menos dois caminhos disponíveis. O primeiro, mais
cauteloso, é aguardar a movimentação no Congresso e, se o projeto for
promulgado, esperar o ajuizamento de alguma ação para eventualmente
derrubar o texto. A segunda alternativa seria um controle prévio de
constitucionalidade. A atuação preventiva acontece, via de regra, quando
há risco de violação de cláusulas pétreas da Constituição.
“O Supremo dará uma decisão que, seguramente, será de bom senso, mas
um PL não tem qualquer possibilidade de se sobrepor à Constituição. O
que está em jogo é a interpretação da Constituição dada pelo seu máximo
interprete que é o Supremo Tribunal Federal. Um PL não vai alterar
isso”, defende o ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo
Belisário dos Santos Júnior, sócio do Sócio de Rubens Naves Santos Jr.
Advogados.
O ex-secretário avalia que, a partir do julgamento do STF, se
confirmada a derrubada da tese do marco temporal, mesmo uma Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) teria dificuldades de prosperar: “A
Constituição dá um tratamento muito digno aos povos indígenas e assegura
o direito originário sobre as terras que ocupavam tradicionalmente.”
Até o momento, os ministros Edson Fachin (relator), Alexandre de
Moraes, Cristiano Zanin, Luís Roberto Barroso e Dias Toffoli votaram
para derrubar o marco temporal por entenderem que o direito das
comunidades a territórios que tradicionalmente ocupavam não depende de
uma data fixa. Os ministros Nunes Marques e André Mendonça votaram a
favor da tese.
O julgamento também gerou embate com o Executivo. Os ministros vão
decidir, ao fixar uma tese sobre o tema, se a União é obrigada a
indenizar proprietários expropriados em nome da demarcação de terras
indígenas. O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teme que as
indenizações travem processos em curso.
A imprensa francesa desta quinta-feira (21) destaca os esforços do
presidente Volodymyr Zelensky, na Assembleia-Geral da ONU e no Conselho
de Segurança, para convencer países reticentes a apoiar Kiev. O jornal
Les Echos aborda o encontro do líder ucraniano com Lula, que prometeu
manter “o diálogo aberto” entre as duas nações.
Les Echos também destaca que na terça-feira, na abertura da
Assembleia-Geral da ONU, Zelensky apelou aos Estados membros a tomarem
uma posição firme diante do conflito sobre o qual cerca de 30 países
preferem manter uma postura neutra. Não é à toa que em seus encontros
bilaterais o presidente ucraniano defendeu uma “Fórmula de Paz”,
especialmente na reunião com o presidente Lula, afirma a matéria,
lembrando que Kiev prepara uma “Cúpula Mundial para a Paz”.
Em sua conta no X (ex-Twitter), Zelensky classificou o encontro com o
líder petista como “honesto e construtivo”. “Instruímos nossas equipes
diplomáticas a trabalharem nos próximos passos da nossa relação
bilateral e esforços para a paz”, publicou.
O jornal La Croix ressalta que “a batalha da Ucrânia” continua nesta
quinta-feira em Washington, com conversas sobre a assistência financeira
americana à Ucrânia. Zelensky voltará a se reunir com o presidente Joe
Biden e também com o chefe dos republicanos na Câmara de Representantes,
Kevin McCarthy.
Segundo o diário, os encontros ocorrem em um contexto de incertezas
sobre o futuro do apoio dos Estados Unidos à Kiev. No centro das
discussões está um montante de US$ 24 bilhões de ajuda militar e
econômica que o governo Biden pediu que o Congresso aprove até 30 de
setembro. No entanto, parte dos políticos republicanos e eleitores
conservadores são reticentes quanto ao apoio do país à Ucrânia, temendo
que a guerra dure muitos anos, não tenha uma saída clara, custando vidas
e um preço alto aos cofres do Estado,
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social) alertou a equipe econômica da necessidade de reforçar o
orçamento do órgão em mais R$ 3,2 bilhões neste ano para honrar o
pagamento de benefícios previdenciários e compensações devidas a estados
e municípios.
Em ofício obtido pela Folha de S.Paulo, o órgão afirma que o
enfrentamento à fila de segurados impulsionou o número de concessões de
benefícios, tornando necessária a ampliação dessa despesa em R$ 1,646
bilhão.
O órgão diz ainda que a previsão de gastos com a compensação
previdenciária cresceu R$ 1,595 bilhão, o que também demandará ajuste no
Orçamento. Essa compensação é devida quando um antigo segurado do INSS
acaba se aposentando pelo regime próprio de algum estado ou município.
As informações constam em nota técnica produzida pelo INSS para
subsidiar o relatório de avaliação de receitas e despesas do 4º
bimestre, que será divulgado na próxima sexta-feira (22).
Segundo interlocutores do governo, embora o documento tenha sido
formalizado na última segunda (18), emissários da Previdência já haviam
relatado à equipe econômica o aumento das despesas com benefícios na
semana passada, o que acendeu um sinal amarelo nos bastidores.
Como se trata de uma despesa obrigatória, o governo precisa
acomodá-la sob os limites de gasto ainda vigentes para 2023 –o que pode
significar novos bloqueios. O governo já precisou travar R$ 3,2 bilhões
dos ministérios até julho para evitar o descumprimento de regras
fiscais.
Havia expectativa de que o relatório de setembro já indicasse a
existência de espaço para um desbloqueio de recursos, mas a surpresa no
INSS pode frustrar essa intenção.
Segundo técnicos ouvidos pela reportagem, algumas reduções em
despesas discricionárias ligadas à saúde e na previsão de despesa com
pessoal podem compensar parte do baque vindo da Previdência, mas talvez
não o suficiente para permitir o desbloqueio.
No ofício, o INSS faz alerta de que o quadro pode se agravar nos
próximos meses. Desde o início do ano, o órgão identificou um
crescimento médio de 0,39% ao mês nos valores da folha de pagamento de
benefícios. Segundo os técnicos, trata-se de um “aumento significativo
na média”.
O documento salienta que “avaliações futuras poderão demandar
incrementos adicionais na dotação orçamentária, especialmente se o
crescimento vegetativo das despesas previdenciárias se mantiver acima
das projeções atuais”.
A maior fonte de combustível para essa projeção se realizar é o
Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social, uma promessa de
campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que vem sendo
colocada em prática por meio da implementação de um bônus para
servidores do INSS e peritos.
A cada análise extra concluída, eles recebem R$ 68,00, no caso de
avaliação administrativa, ou R$ 75,00, no caso de perícia médica.
A fila do INSS acumula pelo menos 1,69 milhão de pedidos –o número
está sob escrutínio após divergências entre relatórios revelarem o
sumiço de 223 mil requerimentos, como mostrou a Folha de S.Paulo.
A intenção do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, é
regularizar a situação até o fim do ano, para que não haja mais pedidos
sem resposta há mais de 45 dias.
Para técnicos do governo, a situação demonstrada no ofício apenas
reforça a existência de uma prática que se tornou recorrente nos últimos
anos: a subestimação da despesa com a Previdência Social no Orçamento.
O ano começou com R$ 835,2 bilhões reservados para o gasto apenas com
benefícios, valor que subirá a R$ 839,9 bilhões após o relatório do 4º
bimestre –uma diferença total de R$ 4,7 bilhões.
Para o ano que vem, como mostrou a Folha de S.Paulo, o governo não
considerou eventual redução da fila de espera do INSS e ainda abateu R$
12,5 bilhões a serem economizados com revisão de benefícios, em uma
mudança de última hora vista com desconfiança e ceticismo dentro e fora
do governo.
No Comprev, há também sinais preocupantes na avaliação de
interlocutores do governo. Além da necessidade de recursos extras em
2023, o ofício pede à equipe econômica a liberação com “urgência” de
outro R$ 1,3 bilhão já alocado para essa finalidade, “com um prazo
crítico até 30 de setembro de 2023”.
“A maior parte do crédito disponível já foi utilizada, e o montante
restante precisa ser alocado até 30 de outubro de 2023 para garantir a
aderência ao princípio da competência e evitar possíveis encargos
decorrentes de atrasos no pagamento. Essa urgência se tornou evidente
devido ao aumento significativo das despesas nas competências mais
recentes”, diz o documento.
Além disso, a despesa total da compensação para 2023 está em R$ 7,3
bilhões –mais do que os R$ 6 bilhões inicialmente reservados para o ano
que vem.
O Comprev acaba configurando um repasse estratégico para estados e
municípios, que têm regimes previdenciários deficitários e encontram
nessas compensações uma importante fonte de receitas.
Cada vez que um antigo segurado do INSS migra para um regime próprio
desses entes, a Previdência Social precisa repassar a eles as
contribuições já recolhidas –isso é o que constitui a compensação.
O tema, porém, é um alvo histórico de impasse. Há quase 444 mil processos aguardando análise, feita hoje de forma manual.
Um processo de automatização está em curso, mas sua implementação
pode pressionar ainda mais as despesas do governo. Estimativas internas
mostram que o gasto do Comprev pode passar de R$ 6 bilhões para R$ 15
bilhões em 2024.
História por CRISTIANE GERCINA • Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um sindicato de Sorocaba e região virou
motivo de polêmica entre trabalhadores e nas redes sociais após a
convenção coletiva da categoria de 2023/2024 trazer a cobrança de
contribuição assistencial de 12% sobre salários dos profissionais ou
pagamento de uma taxa de R$ 150 para quem se opuser à cobrança.
Embora as negociações entre o Seaac, sindicato que representa o setor
de agentes autônomos, e as empresas tenham ocorrido antes do julgamento
do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a contribuição assistencial, as
exigências da convenção chegaram aos trabalhadores na semana passada,
após a decisão da corte, o que aumentou a indignação de quem é contra.
Em julgamento que terminou na segunda-feira (11), os ministros
definiram que é constitucional a cobrança de contribuição assistencial
de trabalhadores, sindicalizados ou não, desde que definida em
assembleia e com direito à oposição.
Desde sexta-feira (15), trabalhadores têm procurado a entidade com
cartas para rejeitar a cobrança. O prazo final para dizer que não quer
pagar a contribuição terminaria no sábado (16), mas foi prorrogado pelo
sindicato até esta quarta-feira (20).
O assunto veio à tona ao ser publicado no X, ex-Twitter, pelo
vereador Ramiro Rosário (PSDB), de Porto Alegre. Nas redes, o
parlamentar detalhou parte do texto da convenção coletiva e condenou a
medida, ligando-a ao que foi julgado pelos ministros.
“Sindicato exige 12% do salário do trabalhador no ‘novo imposto
sindical’, dá apenas dez dias para oposição e cobra ‘pedágio’ de R$ 150
para quem se opuser. Surreal! Já começaram os abusos sindicais”, disse,
em publicação que já tem quase 700 mil visualizações.
Em entrevista à reportagem, ele contou que foi procurado por parente
de uma trabalhadora da cidade, que estava “apavorada” pelo curto prazo
para se opor ao pagamento, cujo encerramento seria no dia seguinte ao
que ela fez a denúncia.
“A questão da imposição do prazo é completamente ilegal. O
trabalhador tem o direito de fazer oposição a qualquer tempo. O
‘pedágio’ também é absurdo. Taxa única também é ilegal, não pode
ocorrer. Agora, os 12% acabaram não sendo ilegal, mas [a cobrança] é
imoral.”
A assistente financeira, que não quis ser identificada e cuja
denúncia chegou ao sindicato, conta que é funcionária de uma
administradora de condomínios há cinco anos e que, desde a reforma
trabalhista quando o imposto sindical chegou ao fim, nunca lhe foi
cobrado qualquer valor. Na ocasião, levou carta de oposição ao
sindicato.
Uma colega, que trabalha na mesma empresa há sete anos, também se
lembra de ter feito a carta de próprio punho se opondo à cobrança de
contribuição e afirma que os valores da atual convenção são muito altos.
As duas reclamaram do curto prazo para se opor e também disseram que o
sindicato dificultou ao máximo esse posicionamento. Elas relatam que o
chefe recebeu a carta na quarta-feira (13) sobre a cobrança, foram
avisadas no dia seguinte e tinham até sábado para recusar pagá-la.
Elas contam também que passaram cerca de uma hora na fila na sexta
(15), sob o sol para entregar o documento de oposição, que estava
digitalizado. No entanto, ele não foi aceito.
Tiveram então de fazer duas cartas, a próprio punho, para dizer que
não pagariam os valores. Recusaram-se ainda a assinar o termo que
autorizaria o desconto de R$ 150 da taxa negocial da categoria. Ambas
disseram que não pagarão.
Na convenção coletiva a que a reportagem teve acesso, o sindicato
determina o pagamento de contribuição assistencial de 12% sobre o
salário, parcelada em até quatro vezes, com descontos de 3% em setembro e
novembro deste ano e janeiro e maio de 2024. Há limite de R$ 90 por
trabalhador e por mês.
Caso não queiram pagar, os profissionais tinham até dez dias para se
opor, a contar da data de assinatura da convenção coletiva (6 de
setembro).
O documento traz ainda uma opção à contribuição assistencial, com o
pagamento da taxa negocial de R$ 150, a ser descontada no mês de
novembro, “para garantir a manutenção dos direitos coletivos abrangidos
pelo instrumento normativo”.
Segundo Artur José Aparecido Bordin, presidente do sindicato há dez
anos, a contribuição assistencial foi debatida e aprovada em assembleia
da categoria em maio, da qual poucos trabalhadores participaram.
Segundo ele, a base de representação sindical está em torno de 10 mil
profissionais na região, mas cerca de 10% estiveram na assembleia que
aprovou as negociações entre sindicato de empregados e das empresas.
Bordin afirma que, na ocasião, houve convocação de trabalhadores para
a assembleia, com publicação de edital em jornais de circulação
nacional. Na entrevista, chegou a dizer que “inclusive o STF decidiu
agora”, mas ao ser questionado sobre a legalidade e as datas da
negociação antes do julgamento, disse que os trabalhadores pagam se
quiserem ser beneficiados.
“[Tem de] Pagar uma ou outra. Se você não quiser ser beneficiado, não
paga nenhuma”, afirmou, justificando que o pagamento seria forma de
reconhecimento do trabalho do sindicato e que há direito de oposição.
“Eu não posso tirar dinheiro.”
“Aí ele vai negociar com a empresa dele. Aí o trabalhador negocia direto com a empresa. Direto com a empresa”, disse.
O sindicalista denunciou o que disse chamar de prática antissindical,
com empresas levando os trabalhadores em seus próprios carros à sede do
sindicato para se opor à cobrança, e justificou os 12% de contribuição
assistencial como sendo 1% ao mês.
“Eu acredito que vai ter de legalizar alguma coisa. Eu acho que eles
vão ter de ir em cima, o Congresso, o Senado, vai ter de legalizar
alguma coisa. Deixar isso mais bem esclarecido para não acontecer isso
que está acontecendo.”
Nesta terça (19), a reportagem esteve na sede do sindicato e
conversou com trabalhadores que foram até o local entregar a carta de
oposição. Todos disseram que são contra a instituição da contribuição
assistencial.
Alguns afirmaram que o valor é alto, mas mesmo que fosse menor, faria
falta no orçamento em momento no qual ainda se recuperam de
dificuldades financeiras.
A convenção coletiva da categoria determinou reajuste de 4,53% (3,53%
de inflação mais 1% de aumento real), vale-refeição ou vale-alimentação
de R$ 27,50 adicional de permanência a cada três anos de R$ 80,48,
complementação do auxílio-previdenciário de R$ R$ 3.077,36,
auxílio-creche de R$ 429,61 e seguro de vida com prêmio de R$ 19.829,34.
O piso da categoria é R$ 1.725,41 na primeira faixa e R$ 1.837,27 na segunda faixa.
O QUE FAZER PARA NÃO SER COBRADO
O advogado Pedro Aires, do escritório Bastos-Tigre, afirma que o
artigo 513 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) dá ao sindicato o
direito de impor tais contribuições, como a contribuição assistencial,
que deve ser discutida em assembleia.
Segundo ele, não há como se falar em cobrança abusiva sobre o
percentual de 12%, mas o que ocorre é que, na prática, os sindicatos
colocam uma série de “obstáculos” para dificultar o exercício do direito
de oposição pelo trabalhador.
Dentre os obstáculos citados por ele estão prazo improrrogável para o
empregado se opor, normalmente de poucos dias, obrigação de comparecer
pessoalmente no sindicato para fazer um pedido a próprio punho em
geral, em horário comercial e início do prazo de oposição a partir da
assinatura ou homologação da convenção.
O advogado trabalhista José Eduardo Pastore, do Pastore Advogados,
diz que a decisão do Supremo não tratou sobre as cobranças de
contribuição assistencial, já permitidas em lei, mas definiu que pode
haver pagamento dessa taxa também por não sindicalizados, desde que
definido em assembleia e com direito à oposição.
Para ele, no entanto, a decisão ainda precisa de esclarecimentos, já
que deixou em aberto vários pontos, que trazem dúvidas a empregados,
empresas e sindicatos.
Aires orienta os trabalhadores sobre o que fazer em casos como este.
“Em primeiro lugar, ficar atento às negociações coletivas do seu
sindicato, principalmente para evitar a perda de um eventual prazo ao
direito de oposição.”
Caso não fique sabendo do prazo ou não consiga comparecer por ser em
horário comercial, deve fazer contato formal com a entidade, com envio
de email para registrar seu direito de oposição e, se não for atendido,
deve buscar o Judiciário.
Decisão do ministro Dias Toffoli de invalidar provas do
acordo de leniência da Odebrecht foi retrocesso no combate à corrupção e
para a segurança jurídica no Brasil.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) adaptam com rapidez suas
decisões ao sabor dos ventos políticos. Uma prova convincente disso foi
dada dias atrás pelo ministro Dias Toffoli.
Numa argumentação de 145 páginas, ele declarou nulas as
provas produzidas no acordo de leniência da Odebrecht e que embasavam
inúmeros processos e inquéritos. O motivo: a nulidade dos dados com os
quais a empresa confessou e provou sua participação. Regras para a
preservação da integridade desses dados não teriam sido respeitadas.
Com isso Toffoli lançou uma bomba de amplas consequências na Justiça
brasileira: em breve não apenas os vereditos do caso Odebrecht, mas
todos os vereditos do processo de corrupção da Lava Jato, que estremeceu
a política e a sociedade brasileiras a partir 2014, deverão ser
invalidados.
Centenas de políticos poderão ser absolvidos a posteriori. Já procuradores e juízes que participaram das investigações poderão agora serem levados aos tribunais.
A Transparência Internacional teme que a decisão de Toffoli leve a
uma impunidade generalizada em crimes de corrupção. A ONG espera que o
STF ainda reverta a decisão do ministro, antes que ela cause estragos à
imagem do Brasil no exterior. Mas isso é improvável.
A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) recorreu
da decisão. Agora a Segunda Turma do Supremo terá que decidir se mantém a
decisão de Toffoli.
Juristas econômicos em São Paulo avaliam que os quatro juízes dessa
turma presidida por Toffoli pouco interesse terão em alterar a decisão.
Para alguns deles, todos os vereditos e provas coletadas pela Lava Jato
são inválidos porque o então juiz Sergio Moro agiu em conluio com alguns
procuradores. Foi com esse argumento que o STF liberou o hoje
presidente Luiz Inácio Lula da Silva da cadeia, em 2019. Também a
condenação dele por corrupção foi anulada com esse argumento.
“Os procedimentos certamente tiveram falhas e erros”, declarou o
presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR),
Ubiratan Cazetta. Mas a corrupção de proporções históricas não foi
inventada, acrescentou. “O que vai acontecer agora com as confissões e
as indenizações pagas?”
Triunfo político de Lula
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trata-se de um triunfo
político a posteriori. Ele e o PT, assim como as empresas envolvidas, há
muito tentam se apresentar como vítimas da Justiça. A aliança de
esquerda de Lula no Congresso tenta impor um perdão das multas às
empresas. O argumento é de que a culpa não é delas nem dos funcionários
delas, mas de alguns diretores. Segundo o Tribunal de Contas da União
(TCU), até agora as empresas pagaram 28% das multas.
Emílio Odebrecht, o patrão que mantém o controle também na sucessora da Odebrecht, a Novonor, acabou de lançar o livro Uma guerra contra o Brasil,
no qual ele interpreta as investigações de corrupção como um ataque à
soberania do Brasil. Seguro de si, Odebrecht, assim como as empreiteiras
excluídas de concorrências públicas desde os vereditos, exige novamente
financiamento estatal de projetos. E também para projetos na África,
onde elas anteriormente confessaram corrupção em grande estilo.
O governo Lula também tornou menos severas leis que deveriam
dificultar a corrupção. Posições de liderança em empresas estatais
podem, novamente, serem preenchidas com políticos, e não apenas com
especialistas.
Há muitos sinais de que, no combate à corrupção no Brasil, a roda da
história parece estar girando de novo para trás. Isso é um retrocesso
para o Brasil.
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Há mais de 30 anos, o jornalista Alexander Busch é correspondente de América do Sul. Ele trabalha para o Handelsblatt e o jornal Neue Zürcher Zeitung.
Nascido em 1963, cresceu na Venezuela e estudou economia e política em
Colônia e em Buenos Aires. Busch vive e trabalha em Salvador. É autor de
vários livros sobre o Brasil.