segunda-feira, 18 de setembro de 2023

SENADORES INCHAM GABINETES COM CORRELEGIONÁRIOS

 

História por Natália Santos • Jornal Estadão

Após três mandatos como deputado federal, Eduardo Gomes (PL-TO) começou seu mandato de senador em 2019 com 54 servidores comissionados (sem concurso público). Em quatro anos, aumentou o gabinete para 82 assessores. Gomes emprega tanto quanto uma empresa de porte médio no ramo de serviços. Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), uma empresa média tem de 50 a 99 funcionários. O número de funcionário não corresponde a atuação legislativa: em 2023, o senador apresentou três projetos de lei.

O “inchaço” do gabinete é permitido por “brechas” nas regras do Senado, que possibilitam a multiplicação de cargos. Levantamento do Estadão identificou que outros 12 senadores também tem mais de 50 assessores pagos com dinheiro público. É o caso, por exemplo, de Rogério Carvalho (PT-SE) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), com 77 e 67 comissionados, respectivamente. Os parlamentares dizem que precisam dos funcionários para o trabalho legislativo, mas o fato é que os postos acabam servindo para nomeação de aliados e cabos eleitorais.

O regulamento administrativo do Senado estabelece o limite de 12 comissionados por senador, mas permite um rearranjo que pode levar o gabinete a ter 50 assessores. Se o parlamentar assumir outras funções na Casa, como presidência de comissão, liderança de partido ou cargo na Mesa Diretora tem o direito de fazer mais nomeações e multiplicá-las. O presidente do Senado, por exemplo, pode ter até 260 comissionados, se quiser. Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem 36 assessores.

A “brecha” no regulamento não obriga que todos os senadores rearranjem a equipe em cargos menores. Caso o parlamentar opte por essa mudança, ele precisa fazer com que o valor total dos salários seja o mesmo, independentemente da quantidade de funcionários. Com isso, ele consegue empregar mais gente, mas com salários menores. Os gastos com vale-alimentação desses novos assessores não são considerados nesse limite, o que resulta em despesa extra para o Senado.

O senador Eduardo Gomes (PL-TO) foi eleito nas eleições de 2018 com 248 mil votos Foto: Beto Barata/Agência Senado© Fornecido por Estadão

A “microempresa” do senador Eduardo Gomes tem a maioria dos funcionários localizados no gabinete em Brasília. Os outros se dividem entre dois escritórios de apoio em Tocantins: um em Palmas, que abriga 31 assessores, e outro em Araguaína, com quatro. Os salários dos comissionados variam de R$ 1,4 mil (ajudante parlamentar júnior) a R$ 24,3 mil (assessor parlamentar). No quadro empregatício do senador, 27 pessoas ocupam cargos denominados como “júnior”.

Lotada em Palmas, uma das funcionárias de Gomes tem relação com o parlamentar desde a campanha eleitoral de 2018, quando lhe forneceu um carro. Segundo a prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senador pagou R$ 3 mil na locação de um veículo de Risalva Rodrigues Alvarenga. Ela atua como auxiliar parlamentar sênior no escritório de apoio nº 1 do senador e recebe R$ 11,9 mil por mês.

Eduardo Gomes apresentou 22 projetos de lei e apenas quatro foram aprovados desde que assumiu o mandato. Em 2023, assinou apenas três propostas. Os temas comportam desde a definição dos requisitos mínimos de segurança para a fabricação de piscinas até a transferência para o domínio de Tocantins das terras pertencentes à União, mas localizadas no Estado.

No final de 2019, o senador foi escolhido pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para substituir a deputada Joice Hasselmann no cargo de líder do governo no Congresso, após crise deflagrada no PSL. Com uma atuação discreta nos bastidores e alinhado às pautas do governo, votou contra a desidratação da Reforma da Previdência e a favor do decreto para flexibilizar o porte de armas.

Questionado sobre as quantidades de servidores à disposição do mandato, Eduardo Gomes não respondeu ao Estadão.

Mais empresas em gabinetes

Outros senadores também têm “empresa média” em seu gabinete na Praça dos Três Poderes. O primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), tem a equipe composta por 77 comissionados.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi eleito como primeiro-secretário da Mesa do Senado em fevereiro de 2023 Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado© Fornecido por Estadão

O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) possui 67 assessores comissionados. Além dos servidores que auxiliam no gabinete, o parlamentar tem direito a mais funcionários por ser líder do governo no Congresso, vice-líder no Senado e líder de bloco partidário.

O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP). Foto:© Fornecido por Estadão

O gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM) possui 64 servidores comissionados. Ele é presidente da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor e vice-líder do PSD na Casa, o que lhe garante a possibilidade de requisitar mais servidores.

Veja os senadores que possuem gabinetes do tamanho de uma empresa média

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Em nota, Carvalho afirmou que possui 47 servidores comissionados lotados em escritório de apoio e 30 no gabinete e na Primeira-Secretaria. Segundo a assessoria do parlamentar, o cargo na Mesa Diretora “demanda maior número de servidores tanto concursados como comissionados”. A nota também afirma que, mesmo lotados na Primeira-Secretaria, os servidores têm exercício no gabinete devido, principalmente, “por conveniência técnica de acesso a sistemas restritos a cada gabinete”.

Estadão entrou em contato com todos os parlamentares citados para entender o motivo da elevada quantidade de servidores e quais as funções por eles empenhadas. Os outros senadores não retornaram até a publicação deste texto.

Eficiência do trabalho comprometida

O professor adjunto do Departamento de Gestão Pública da FGV EAESP Cláudio Couto afirma que, a partir do momento que um senador pulveriza os recursos para multiplicar a quantidade de servidores, a eficiência do trabalho diminui. “No fim, o gabinete vai ter muita gente fazendo um trabalho de baixa qualificação, em vez de priorizar o que são funções efetivamente relevantes para o exercício parlamentar”, afirmou.

O “inchaço” nos gabinetes também dificulta o controle do exercício das funções, o que abre margem para a possibilidade de informalidades no uso do dinheiro público, como explica o cientista político Rafael Cortez.

“A gestão de um maior número de pessoas é mais difícil, e mais difícil do que isso é fazer a gestão dos recursos dessa assessoria. Isso não significa necessariamente que há uma prática ilegal, mas é um possível convite a ser mais ineficiente no uso desse recurso. A partir dessa pulverização também se ampliam as estratégias para o parlamentar, eventualmente, fazer uso ilegal dos recursos como já vimos na prática de ‘rachadinhas’, por exemplo.”

‘Brechas’ na lei

Segundo o Regulamento Administrativo do Senado Federal, cada parlamentar tem, a princípio, 12 cargos de comissão para preencher e um teto limite para gastar em contratações – R$ 240.803,04 por mês. Entretanto, o documento permite que os senadores façam rearranjos nessas contratações iniciais para aumentar a quantidade de servidores. Eles precisam seguir duas regras: a soma das remunerações dos cargos derivados não pode exceder o valor mensal e o número máximo de servidores comissionados de cada gabinete parlamentar não deve ultrapassar 50 pessoas.

Os senadores ainda podem expandir os números de assessores à disposição do mandato caso o parlamentar assuma outros cargos na Casa, como uma função na Mesa Diretora, liderança partidária ou presidência de comissão. Por exemplo, o presidente de uma comissão permanente tem direito a ter mais três assessores parlamentares, que pode ser desmembrado em até 30 cargos de menor função. Esses novos servidores são adicionados no quadro de funcionários como uma “quantidade extra”, além daquela citada anteriormente cujo limite é de 50 pessoas.

O cientista político Rafael Cortez explica que a quantidade de servidores de um gabinete pode ajudar a entender como o parlamentar pretende exercer o seu mandato: na produção de política pública ou na representação. “O senador pega o volume de recursos destinados à contratação de pessoal e, ao invés de diminuir o número de pessoas para trazer especialistas de peso para determinadas áreas, o que custa caro, o parlamentar prefere partilhar esse valor entre mais pessoas, com o salário menor, para ampliar essa dimensão política do mandato”, disse.

Assim, o senador amplia os pontos de contato que pode ter com a população por meio, por exemplo, de um assessor em uma cidade de grande colégio eleitoral. “Assim, esse número alto de assessores pode traduzir essa opção do parlamentar de usar o mandato parlamentar como plataforma para construção política eleitoral”, afirmou Cortez.

Ao Estadão, o Senado afirmou que a distribuição de comissionados fica a cargo do parlamentar. “Cabe ressaltar que há fiscalização quanto ao número de servidores comissionados nos gabinetes parlamentares”, disse, por nota.

A Casa ainda afirmou que os recursos provenientes para os pagamentos dos servidores se originam nas dotações orçamentárias anuais autorizadas para o Legislativo no Orçamento da União.

Falta de transparência

O Portal de Transparência do Senado não diferencia quais servidores estão em funções do próprio gabinete e quais prestam serviço a um senador em outra estrutura, como Mesa Diretora ou comissão. Na base de dados dos funcionários da Casa, há apenas duas classificações quanto à lotação: “gabinete” ou “escritório de apoio”.

Essa ausência de detalhamento impede que o cidadão acompanhe as contratações em gabinete para entender se os senadores estão respeitando, por exemplo, a regra de, no máximo, 50 servidores em cargo de comissão.

Questionado sobre a falta de descrição sobre a divisão dos cargos, o Senado afirmou que “o site da transparência informa os servidores que estão efetivamente trabalhando à disposição de cada gabinete de senador, o que, no entendimento da Casa, traz maior transparência às informações relevantes ao interesse público”.

DISPUTA DE BASTIDORES NO NÚCLEO DURO DO GOVERNO

História por MATHEUS TEIXEIRA E JOÃO PEDRO PITOMBO • Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, DF, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – Aliados há mais de quatro décadas, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), tomaram caminhos distintos e protagonizam uma espécie de guerra fria com disputas de bastidores na Bahia e no núcleo duro do governo Lula (PT).

O racha ficou explícito no início do ano, quando Wagner criticou abertamente a indicação da esposa de Rui para uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. Enquanto aliados confirmam a briga interna, ambos afirmam em público que seguem afinados e com boas relações.

“Não tem briga nenhuma. Em algumas coisas podemos pensar diferente e isso não é problema. Isso só mostra que é um grupo arejado, que defende as liberdades. Mas não apostem em nenhuma divisão que é uma bobagem”, disse Wagner em agosto em entrevista a jornalistas na Bahia.

As disputas internas no governo, no entanto, explicitam o racha, e a falta de sintonia entre os dois fica clara, por exemplo, em debates sobre escolhas de nomes para cargos importantes.

Na corrida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Rui é um defensor da indicação do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Bruno Dantas, enquanto Wagner prefere o advogado-geral da União, Jorge Messias, que foi seu assessor no Senado.

Na briga pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), a divisão entre os dois chegou a ser apontada como um dos motivos para que nenhum dos baianos conseguissem compor a lista eleita pelo tribunal para ser enviada ao Executivo.

Rui apoiou nos bastidores a indicação de Roberto Frank, e Wagner fez campanha por Maurício Kertzman. Ambos são desembargadores do Tribunal de Justiça da Bahia e nenhum conseguiu os votos suficientes para compor a relação encaminhada ao Palácio do Planalto.

Jaques Wagner e Rui Costa são amigos há mais de 40 anos e despontaram como líderes do antigo Sindicato dos Químicos e Petroleiros, uma das entidades sindicais mais fortes do Polo Industrial de Camaçari.

Em 2007, quando Wagner tomou posse como governador, Costa passou a integrar o núcleo duro do governo, primeiro como secretário de Relações Institucionais, depois como chefe da Casa Civil.

No cargo, se cacifou para a sucessão e foi indicado por Wagner como candidato a governador em 2014. Na escolha, Wagner contrariou Lula, que preferia o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli para a disputa.

Importantes petistas da Bahia afirmam, porém, que o processo de distanciamento se iniciou ainda no primeiro mandato de Rui, inclusive, por iniciativa de Wagner, que preferiu dar liberdade para seu sucessor tomar as decisões no governo.

O afastamento se transformou em atrito na sucessão de 2022. Rui Costa se movimentava para renunciar ao governo e concorrer ao Senado, deixando o governo nas mãos do vice João Leão (PP).

Além disso, trabalhava nos bastidores para lançar sua esposa, Aline Peixoto, para deputada federal, o que só seria possível, segundo a lei, caso o marido não estivesse à frente do Executivo local.

Wagner, por sua vez, sempre defendeu que o PT tivesse um nome na disputa. Chegou a se colocar como candidato, mas acabou desistindo no início de 2022. Nos bastidores, afirmou que só aceitaria disputar o pleito se fosse candidato de consenso, o que não seria possível devido à resistência de Rui.

No entanto, como tem maior influência interna, manteve a tese da candidatura própria e derrotou internamente a articulação do então governador, o que resultou no rompimento do PP de Leão, que almejava um mandato de governador-tampão.

Dias depois, no lançamento da chapa liderada por Jerônimo Rodrigues (PT), Rui Costa chorou ao falar da amizade com Jaques Wagner, falou em gratidão e disse que havia uma tentativa de “plantar intrigas” entre os dois.

Após as eleições que deram vitória a Jerônimo, Rui e Wagner voltaram a medir forças na formação do secretariado do novo governador, trabalhando para emplacar aliados em postos-chave da administração.

Mas os embates escalaram após a indicação de Peixoto para disputar uma vaga no Tribunal de Contas dos Municípios, cargo vitalício com salário de R$ 42 mil.

Wagner criticou a indicação a aliados, mas evitou dar declarações públicas sobre a disputa. O cenário mudou em fevereiro, quando o petista disse em entrevista ao portal “Metro1” que não concordava com a indicação da esposa do aliado.

Semanas depois, Aline Peixoto foi escolhida para o cargo com maioria na Assembleia Legislativa e Wagner não voltou a falar sobre o assunto. Mas, desde então, cada qual corre em sua própria raia.

Ambos voltaram a discordar sobre a sucessão para a Prefeitura de Salvador. Rui Costa tentou emplacar José Trindade (PSB), que acabou desistindo de concorrer à prefeitura. Wagner, por sua vez, defende que o PT concorra com o deputado estadual Robinson Almeida ou apoie o vice-governador Geraldo Júnior (MDB).

A divisão entre os dois criou um cenário de indefinição que promete se arrastar pelos próximos meses, sob desconfianças e críticas de aliados. A decisão final caberá ao governador Jerônimo Rodrigues, que se equilibra para não melindrar seus dois principais padrinhos políticos.

No cenário político da Bahia, Rui Costa tem maior influência entre partidos aliados do governador e se movimentou para dar musculatura ao Avante, partido que cresceu na esteira do rompimento com o PP. Jaques Wagner, por sua vez, tem maior influência dentro do PT, onde prevalece nas disputas internas.

Entre aliados de Wagner, existe uma visão de que o ministro da Casa Civil quer se manter como protagonista, faz sombra ao governador Jerônimo e não desapega de questões paroquiais da Bahia. Políticos mais próximos a Rui afirmam o contrário e apontam que Wagner quer reafirmar sua liderança.

Os embates já têm como pano de fundo as eleições de 2026, quando ambos planejam concorrer ao Senado. Serão duas vagas em disputa por estado, mas partidos aliados reivindicam ao menos uma das vagas e rejeitam uma chapa 100% petista.

Também pleiteiam uma vaga na chapa o senador Angelo Coronel, que quer concorrer à reeleição, e o ex-deputado federal Ronaldo Carletto, cuja influência política cresceu após assumir a presidência estadual do Avante.

Mesmo com as tensões, aliados descartam um possível rompimento entre Rui e Wagner. Consideram que seria um movimento prejudicial para ambos e criaria instabilidade na base de Jerônimo Rodrigues.

Também lembram que o grupo político adversário foi derrotado em 2006 justamente quando houve uma divisão interna entre aliados do então governador Paulo Souto e do então senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).

Procurados, nenhum dos dois quis comentar.

 

GOVERNO ESPERA ARRECADAR R$ 20 BI COM CORTE DE BENEFÍCIOS NO INSS

Economistas consultados pela CNN veem de maneira positiva a iniciativa, mas não veem base para a projeção de economiaPor ajuste fiscal, governo projeta cortar R$ 20 bi com pente-fino no INSS | CNN NOVO DIAPor ajuste fiscal, governo projeta cortar R$ 20 bi com pente-fino no INSS | CNN NOVO DIA

Danilo Moliterno – da CNN

O governo planeja realizar um pente-fino na lista de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a fim de identificar fraudes. Segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a análise pode gerar economia anual de até R$ 20 bilhões, com base em investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Especialistas consultados pela CNN veem de maneira positiva a iniciativa, mas não veem base para a projeção de R$ 20 bilhões de economia. Em fevereiro deste ano, o TCU divulgou resultados de avaliação realizada em 2021. O Tribunal encontrou problemas em 7,8 milhões de registros no INSS, com impacto calculado em R$ 2,9 milhões por ano.

Vilma da Conceição Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, destaca à CNN que o governo expressou no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) a intenção de realizar este pente-fino, que de fato pode gerar economia.

Por outro lado, segundo a especialista, há uma série de medidas que tendem a elevar o gasto, como a política de reajuste real do salário mínimo, que é parâmetro para uma série de políticas previdenciárias, e a automatização e celeridade dos sistemas de concessão de benefícios.

“O valor projetado traz uma perspectiva otimista. Tem de ser feito um esforço grande para atingir este montante. Tenho dificuldade de imaginar uma economia tão grande de recursos”Vilma da Conceição Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI)

O economista e especialista em contas públicas Murilo Viana reitera o alto volume de irregularidades e explica que a maior parte delas se concentra no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural.

Viana questiona, contudo, se é possível realizar este processo sem elevar o número de servidores ou investimentos em inteligência e tecnologia. Ele destaca ainda que, nos últimos anos, se tornou comum o INSS deixar de conceder benefícios irregulares, mas essa decisão pode ser revertida por contribuintes.

Economista-chefe da Ryo Asset, Gabriel de Barros acredita que este processo pode ser realizado por meio da manipulação de tecnologias e inteligência, sem envolver a contratação de novos servidores.

“Atualmente, as ferramentas que já existem permitem amplo cruzamento dos dados, por CPF, o que permite identificar e combater com celeridade a concessão irregular de benefícios”, indica.

Governo olha fiscal; especialistas pedem visão estrutural

Murilo Viana relembra que a tentativa de economizar recursos está inserida num contexto em que o governo busca caminhos para zerar o déficit primário em 2024. O esforço da gestão tem como carro-chefe o aumento da arrecadação, mas — especialmente por meio do Planejamento — também tenta melhorar a qualidade do gasto.

A diretora do IFI relembra que o governo realiza um pente fino também no Bolsa Família. Na primeira fase do processo, o benefício foi cancelado a cerca de 1,5 milhão de brasileiros, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social.

Os especialistas consultados pela CNN indicam, porém, que o escrutínio nos cadastros deve ser uma política permanente e estrutural, não para ajuste pontual das contas.

Vilma relembra que o marco fiscal também estabelece metas arrojadas de primário para os próximos exercícios, de 0,5% do PIB em 2025 e 1% do PIB em 2026.

Viana indica que essa política de revisão deve acontecer por meio do processamento e cruzamento de dados de diversos setores da União, inclusive chamando estados e municípios para contribuir com informações. Ele volta a destacar que são necessários investimentos para tal.

Ainda de acordo com o especialista em contas públicas, essa medida faz com que sejam necessárias também mudanças legislativas, já que os novos processos poderiam esbarrar em regras de sigilo.

Para Gabriel Barros, há espaço para a correção, especialmente porque — na sua avaliação — o setor público ainda é “muito analógico, lento e ineficiente”. A medida estrutural, segundo o especialista, “deveria focar no redesenho dos critérios de elegibilidade das políticas públicas”.

“Há larga sobreposição de políticas sociais, com muitos casos de beneficiários recebendo 2, 3, 4 e até 5 benefícios diferentes. Reforma mais estrutural deve atacar esse ponto. Ambas as agendas, pente-fino e redesenho, são convergentes e deveriam ser tocadas”Gabriel de Barros, economista-chefe da Ryo Asset

Ainda de acordo com Barros, o potencial de cortar R$ 20 bilhões podem ser alcançados “se forem considerados todo o espectro de políticas sociais, previdenciárias, assistenciais e acidentárias”. Ele indica que tal “pente-fino” deve começar o quanto antes para otimização de seus efeitos.

 

EUA TEM A MAIOR RESERVA DE LÍTIO DO MUNDO

 

História por Equipe IGN Brasil •1d

Nos últimos anos, o lítio tornou-se um metal precioso para todos os países, dada a sua utilização na fabricação de baterias para carros eléctricos ou telefones. Para satisfazer a procura crescente e porque o seu preço continua a aumentar todos os dias, os governos não cessaram a sua procura por fontes terrestres destes metais. Neste momento, os Estados Unidos dependem da China para importar lítio, por isso começaram a explorar as suas próprias terras.

E, para sua surpresa, vários geólogos acabaram de descobrir que a maior reserva mundial de lítio poderia, na verdade, estar sob os seus próprios pés. Segundo eles, a Caldeira McDermitt, entre os estados de Nevada e Oregon, contém mais do que o dobro da concentração de lítio do que qualquer outro lugar do planeta.

O estudo

Uma equipe de vulcanólogos e geólogos da Lithium Americas Corporation, da GNS Science e da Oregon State University sugere que a Caldeira McDermitt, um antigo vulcão com 45 quilômetros de comprimento e 35 quilômetros de largura, pode abrigar alguns dos maiores depósitos de lítio conhecidos no mundo. Cerca de 40 milhões de toneladas métricas no total. “Há lítio em todos os locais onde são feitas perfurações”, explicam.

No estudo, publicado na revista Science Advances, eles investigaram partes da caldeira e encontraram materiais de alta qualidade. Principalmente a ilita, que possui o dobro da concentração de lítio da esmectita típica encontrada em outros sedimentos ao redor do mundo.

Área entre Nevada e Oregon pode conter a maior reserva de lítio, segundo os EUA (Imagem: Jim Davis/Flickr)© Fornecido por IGN Brasil

Por que lá? Os cientistas têm uma teoria. O vulcão McDermitt teve uma erupção e entrou em colapso há cerca de 16 milhões de anosdeixando para trás uma cratera cheia de argila esmectita rica em lítio. Esse lítio vazou do vidro vulcânico e acumulou-se na caldeira. Mas eles também propõem que após a erupção do vulcão, ocorreu um segundo fenômeno denominado enriquecimento hidrotérmico.

O magma movendo-se abaixo da superfície empurrou o centro da caldeira para cima, criando o que hoje são as montanhas de Montana. Esse movimento também criou falhas e fraturas. O fluido da câmara de magma escapou por essas fraturas, transportando mais lítio para a superfície e transformando a esmectita em ilita ao longo da borda sul da bacia, no que é conhecido como Thacker Pass.

A diferença e por que essa transformação é importante?

Deve ser entendido que nem todo lítio na McDermitt é igual. A maior parte da argila da caldeira é chamada de esmectita de magnésio, que é uma fonte conhecida de lítio em outras partes do mundo. Sob certas condições, a esmectita pode se transformar em um mineral diferente chamado ilita, que possui alta concentração de lítio.

Agora, um projecto da Lithium Americas Corporation está a considerar abrir uma mina de 72 quilômetros quadrados no local, mas é um plano controverso: está localizada em terras que muitos grupos indígenas locais consideram sagradas. Na verdade, os ativistas continuam a lutar judicialmente contra um plano de expansão da área de exploração mineira. Se aprovada, a mina de lítio Thacker Pass seria a segunda maior mina do país.

Embora focar no lítio no futuro possa ser uma alternativa para minimizar os danos. “Você quer minimizar a quantidade de material extraído da Terra. E para isso é preciso encontrar as rochas mais concentradas”, explica Thomas Benson, autor do estudo, neste artigo do The Verge.

Preocupações

Tudo isto ainda tem um custo ambiental significativo . A população local está preocupada com a possibilidade de o projeto provocar a descida dos níveis das águas subterrâneas e representar perigo para os antílopes nativos, o tetraz e a águia-real, aves veneradas pelos povos indígenas locais.

E o processamento do lítio não é particularmente sustentável. Deve-se levar em conta que os combustíveis fósseis também são queimados durante a fabricação de baterias. De acordo com algumas análises, equipar um carro elétrico com a sua bateria de lítio pode gerar mais de 70% mais emissões de carbono do que construir um carro equivalente a gasolina (embora o elétrico mais do que compense a diferença com o uso diário).

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LULA E BIDEN QUEREM FICHAR OS TRABALHADORES DE APLICATIVOS

 

História por Mariana Sanches – Enviada da BBC News Brasil a Nova York •2h

Lula e Biden em encontro na Casa Branca em fevereiro de 2023© Reuters

Na próxima quarta-feira, 20/9, em Nova York, os presidentes de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e Estados Unidos, Joe Biden, vão lançar um documento batizado de “Coalizão Global pelo Trabalho”, no qual defenderão liberdade sindical, garantias aos trabalhadores por aplicativo, entre outras medidas.

Ou, nas palavras do Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, Biden e Lula irão se juntar “para destacar o papel central e crítico que os trabalhadores desempenham na construção de um país sustentável e democrático, um mundo equitativo e pacífico”.

Embora o teor do texto ainda não esteja finalizado e tampouco seja público, ao menos quatro pessoas envolvidas em sua elaboração, tanto do lado americano quanto do brasileiro, disseram à BBC News Brasil que os detalhes do acordo importam menos diante do que representa a própria existência da iniciativa.

Depois de uma série de solavancos, o lançamento representa um certo resgate da relação entre os dois líderes.

“A sacada não está em algo escrito no documento, está no fato de que Brasil e EUA estão liderando isso juntos, que Lula e Biden construíram algo novo em conjunto”, disse à BBC News Brasil um dos auxiliares de Lula com envolvimento direto no assunto.

“Essa é realmente uma agenda positiva em que os líderes estão trabalhando juntos, depois de muito ouvirmos falar sobre fricções e dificuldades na relação entre eles”, nota Alexander Main, diretor de Política Internacional no Centro de Pesquisa Econômica e Política em Washington, que recentemente acompanhou uma delegação de congressistas americanos, entre eles a estrela da esquerda democrata Alexandria Ocasio-Cortez, à Brasília para debater com autoridades brasileiras o plano.

O entusiasmo de Lula ficou evidente após uma conversa telefônica entre ele e Biden, por telefone, em meados de agosto, na qual ambos alinhavaram detalhes da ideia. “É a primeira vez que trato com um presidente interessado nos trabalhadores”, disse Lula na ocasião.

O assunto é tratado como uma das grandes prioridades do presidente brasileiro em sua agenda de cinco dias em Nova York. Tanto assim que, embora tenha recebido mais de 50 pedidos de bilaterais, segundo fontes do Itamaraty, a única que já estava confirmada antes mesmo da partida do brasileiro para os EUA era a agenda com Biden.

Além disso, Lula optou por não participar do lançamento público de títulos sustentáveis brasileiros na Bolsa de Valores de Nova York, nesta segunda (18/9), porque, de acordo com um diplomata brasileiro ciente dos planos presidenciais, ele não queria que sua imagem na viagem ficasse vinculada ao touro de Wall Street — “um símbolo da especulação capitalista” —, e sim à agenda pró-trabalhador.

Em busca de parceiros privados para obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em energia renovável — especialmente eólica e solar no Nordeste — e de investidores americanos para o país, Lula optou por participar de um jantar fechado à imprensa, organizado pelas organizações patronais Fiesp e CNI, na noite de domingo, para o qual foram convidados cerca de 40 dirigentes de grandes empresas e fundos, como a Chevron, a Blackrock, o Citibank.

Solavancos

Lula foi recebido com pompa por Xi Jinping na China, em abril deste ano© Ricardo Stuckert/PR

Embora prometesse uma sintonia fina, graças ao apoio dos EUA à democracia brasileira e ao rápido reconhecimento da Casa Branca à vitória eleitoral de Lula em 2022, o começo da relação entre ele e Biden foi marcada por solavancos.

Em sua primeira visita a Washington, em fevereiro, Lula não foi recebido para uma visita de Estado nem pode falar ao Congresso, como desejava. A pouca ambição da agenda nos EUA foi contrastada com a pompa com a qual Lula foi recebido na China, principal antagonista dos EUA globalmente, pouco mais de um mês depois.

Além disso, os americanos anunciaram o ingresso no Fundo Amazônia, mas com uma contribuição considerada tão baixa (US$ 50 milhões) que os negociadores brasileiros pediram para que o valor fosse excluído da declaração conjunta entre Brasil e EUA.

Semanas mais tarde, Biden anunciou a intenção de remeter US$ 500 milhões ao fundo. A soma, porém, precisa ser aprovada no Congresso e, sem maioria democrata na Câmara, parece cada vez menos provável que isso aconteça, ao menos esse ano.

Os dois países também se estranharam no tema da Guerra na Ucrânia. Na China, Lula disse que os EUA deveriam parar de “incentivar a guerra”, ao que o porta-voz do Conselho de Segurança dos EUA, John Kirby, respondeu dizendo que o líder brasileiro “papagaiava propaganda russa e chinesa”. A escalada de tensão ganhou tal dimensão que analistas dos dois lados começaram a cogitar “anti-americanismo” por parte da política externa do Brasil.

Até que, segundo fontes do Brasil e dos EUA, Biden lançou a ideia de que os dois líderes se juntassem em uma iniciativa focada no trabalho. A primeira vez em que o tema foi tratado com o formato próximo ao atual foi durante uma reunião de ambos às margens do encontro do G7, em maio, em Hiroshima, no Japão.

“Quando Lula veio a Washington (em fevereiro), seu grande pedido era ajuda para financiar o fundo Amazônia. A primeira resposta de Biden foi meio fraca, depois ele ofereceu mais, mas o presidente sabe que o Congresso (dos EUA) não vai aprovar isso agora. Então encontrou uma forma de engajar Lula e trabalhar junto sem ter que pedir a anuência do Congresso”, diz Main.

Além de interromper a sucessão de constrangimentos e tirar o foco das discordâncias entre os governos, a ideia valorizaria o histórico político singular de Lula, como líder grevista no ABC paulista, e reforçaria a ideia de que EUA e Brasil compartilham valores e princípios fundamentais, tecla em que os americanos gostam de bater para diferenciar-se da China.

“Lula é uma das maiores lideranças sindicais do mundo e Biden é o auto-proclamado o presidente mais pró-trabalhador na história dos EUA, há uma conjuntura especial que está propiciando esta iniciativa. É claro que há essa confluência de personalidades dos dois presidentes, que é o que permite que isso ocorra agora”, diz à BBC News Brasil Stanley Gacek, conselheiro do Sindicato Internacional dos Trabalhadores Comerciais e Alimentares (UFCW, na sigla em inglês), que representa 1,3 milhões de trabalhadores nos EUA e no Canadá.

Gacek conhece Lula desde os anos 1980, chegou a visitá-lo na prisão na sede da Polícia Federal do Paraná e agora também colaborou com a iniciativa.

Empurrão para reeleição

Para Biden, que enfrenta uma campanha para a reeleição no ano que vem, reforçar a imagem de um líder defensor dos trabalhadores pode ser fundamental para o sucesso eleitoral. Ainda mais em estados-pêndulo como a Pensilvânia e Michigan, que votam ora republicano, ora democrata e possuem importantes organizações sindicais.

“Ali, onde 2 mil votos podem fazer a diferença, a capacidade dos sindicatos de aglutinar as pessoas e fazê-las votar é central”, diz Main.

O sindicalismo vive um ressurgimento nos EUA, e o patamar de aprovação da população aos movimentos sindicais está acima de 70%, algo alcançado pela última vez em 1965. Ciente disso, o presidente americano relançou sua candidatura na sede da AFL-CIO, a maior central sindical do país e uma histórica entusiasta e defensora de Lula.

O provável oponente de Biden será o republicano Donald Trump, que tenta se associar aos trabalhadores a partir de uma agenda nacionalista, que defenderia os interesses do proletariado americano ao manter imigrantes fora do país e proteger a indústria nacional, privilegiando produtos originários dos EUA (algo que, aliás, também é defendido por Biden).

No ano passado, um dos ideólogos de Trump, Steve Bannon, afirmou à BBC News Brasil que a direita populista pretendia obter cada vez mais entrada junto aos sindicatos. Auxiliares de Lula afirmam que também no Brasil o presidente está preocupado com o avanço da direita sobre os trabalhadores.

“Se querem consolidar a base e ter sucesso eleitoral, Lula e Biden têm pela frente a missão de mostrar que seus governos podem entregar mais aos trabalhadores em um momento em que o populismo de direita apresenta uma retórica que têm apelo com os trabalhadores”, diz Main.

Segundo trumpista Steve Bannon, a direita populista pretendia obter cada vez mais entrada junto aos sindicatos© Ricardo Senra/BBC

Afinal, o que haverá no documento?

Fontes envolvidas na negociação disseram à BBC News Brasil que a premissa do documento é a definição de “trabalho decente”, da Organização Internacional do Trabalho, que define como tal o trabalho produtivo e de qualidade e que garante a liberdade sindical, o direito de negociação coletiva, promove a proteção social e elimina o trabalho forçado, infantil e formas de discriminação.

Assim, estarão contemplados na iniciativa princípios para a garantia de liberdade de associação com atuação sindical, respeito a convenções e acordos coletivos atingidos pela categoria sobre negociações individuais, salvaguardas a trabalhadores de aplicativos, como entregadores ou motoristas, que não devem ser tratados como empreendedores ou micro-empresários e sim como força de trabalho.

Há também a previsão de que o material trate dos empregos da nova economia verde, um dos temas que mais preocupa os líderes sindicais, já que a transição econômica do combustível fóssil para a redução de emissão de carbono tende a eliminar mais postos de trabalho do que gera.

É o que se vê, por exemplo, na indústria automobilística, na qual a fábrica de veículos elétricos demanda 40% menos trabalhadores do que automóveis à combustão. Tanto Biden quanto Lula são entusiastas da transição energética e das energias renováveis. Nos EUA, Biden não é apoiado pelo maior sindicato de metalúrgicos do país, a United Auto Workers (UAW), em parte pelo temor do que sua política para uma economia verde pode causar de impacto para os trabalhadores do setor. Os metalúrgicos da UAW estão neste momento em greve contra as três maiores montadoras do país, General Motors, Ford e Stellantis.

Pressionada pelos movimentos grevistas, os maiores neste verão desde a década de 1970, a Casa Branca tem dito que “ninguém quer greve”, mas que “Biden respeita o direito dos trabalhadores de usarem suas possibilidades para obter um acordo coletivo”.

O lançamento da coalizão deve colocar na mesma foto pela primeira vez na história de Brasil e EUA os dois presidentes e líderes sindicais americanos, como a AFL-CIO e a UFCW, quanto do Brasil, como da CUT. Também estarão presentes o Ministro do Trabalho do Brasil, Luiz Marinho, além de representantes do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Brasil e EUA têm leis trabalhistas muito distintas. Historicamente, o Brasil oferece muito mais garantias aos trabalhadores formais do que os EUA. Aqueles com carteira assinada no país tem acesso a trinta dias de férias remuneradas anuais, a licença médica de 15 dias seguidas sem perda salarial, a licença maternidade de ao menos 4 meses e ao fundo de garantia ao trabalhador por tempo de serviço acrescido de multa de 40% em caso de demissão sem justa causa.

Nada disso é padronizado nos EUA: o trabalhador precisa negociar diretamente com o patrão suas férias e dias de licença médica, que com frequência são a mesma coisa e não superam os 15 dias anuais. Licença-maternidade também não é assegurada nacionalmente e depende da política do empregador e de alguma cobertura do governo local para existir. Não há qualquer tipo de FGTS. O funcionário dispensado nada tem a receber pela rescisão do contrato, que não precisa ser justificada.

Ainda assim, segundo os entusiastas da iniciativa, Brasil e EUA têm muito a trocar em relação ao assunto, até porque no Brasil existe uma enorme informalidade dos trabalhadores, que estariam ainda mais desprotegidos do que a média dos americanos.

“Nós vamos construir isso. Para o Brasil é importante primeiro pelo reconhecimento do presidente Lula como uma liderança global”, disse em Nova York o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que negociou o texto.

Liderança global

É exatamente na condição de liderança global que Lula pretende se apresentar no púlpito da Assembleia Geral da ONU.

Na próxima terça, 19/9, ele abrirá o evento pela sétima vez, com um discurso no qual pretende reapresentar as credenciais do Brasil aos 193 países que compõem a audiência da ONU.

Na fala do presidente estarão as pautas — e os resultados já obtidos pelo governo — da proteção ambiental, a militância pelo combate a todo tipo de desigualdade (seja econômica, climática ou de representação em organismos multilaterais), e um chamado pela paz no mundo e busca por saídas diplomáticas, com menção à Guerra da Ucrânia e a outros conflitos na África e no Oriente Médio.

Existe a possibilidade, ainda, de que o adiado encontro entre Lula e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se concretize em Nova York. Depois de um desencontro no Japão — em que cada lado culpou o outro lado pelo desfecho — e de trocarem palavras ríspidas em público, Zelensky teria sinalizado com interesse de sentar-se à mesa com o brasileiro que, segundo o senador Jaques Wagner, líder do governo, ofereceu aos ucranianos duas possibilidades de horário.

Diplomatas brasileiros vêem Zelensky em um momento de “maior baixa de popularidade” desde o início do conflito. Ainda sem resultados militares robustos na contra-ofensiva à Rússia, tendo tido que demitir seu ministro da Defesa e ouvido críticas públicas sobre sua estratégia militar dos americanos, os maiores financiadores do esforço bélico ucraniano, na perspectiva de diplomatas brasileiros, talvez agora Zelensky esteja mais interessado em saídas diplomáticas que Lula possa ajudar a costurar e menos em armas — que o Brasil já afirmou que não dará.

QUAL O PRAZO DE VALIDADE DO ARROZ NA GELADEIRA?

 

 PEDRO FREITAS – Estilo de Vida

Quem é que nunca cozinhou uma panela gigante de arroz para deixar as sobras para o restante da semana na geladeira, não é mesmo? Além de fazer parte da base da dieta dos brasileiros, o arroz é um dos acompanhamentos mais fáceis e saborosos de refeições saudáveis. Porém, assim como qualquer comida, não queremos comê-lo quando seu prazo de validade já expirou.

Então, como saber quando o arroz já não está mais apto para consumo? Quanto tempo podemos deixar as sobras na geladeira antes delas estragarem? Afinal, desperdiçar alimentos nunca é o desejo de alguém e essas são informações importantes de se ter em mãos.

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Tempo de validade do arroz

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Se você quer saber qual o tempo de validade de um arroz seco, fechado e cru, isso não é algo para se preocupar. O arroz branco fechado durará quase que indefinidamente se for mantido em um recipiente hermético de armazenamento de alimentos, com estudos mostrando que ele mantém seu sabor e nutrientes por até 30 anos.

Já o arroz cozido, em condições ideais, dura de quatro a seis dias na geladeira. Porém, o tempo que as sobras de arroz vão durar na geladeira tem muito a ver com uma variedade de sabores: o método de cozimento, quanto tempo permaneceu em temperatura ambiente, a rapidez com que esfriou, qual recipiente de armazenamento ele ficou mantido, quão lotado a sua geladeira está e quanto arroz você tem em mãos.

Tudo isso pode alterar os prazos. Além disso, a resposta para “quanto tempo dura o arroz na geladeira?” só pode ser aplicada a pessoas saudáveis que não correm um risco aumentado de doenças de origem alimentar. Se você faz parte de um grupo de risco, a melhor opção é ser mais conservador em relação a esse tempo e acreditar que o arroz cozido pode durar de dois a quatro dias na geladeira.

Leia também: Como congelar e armazenar alimentos corretamente?

Identificando arroz estragado

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Quando você está tentando determinar quanto tempo o arroz dura na geladeira e se ele estragou, muitas das mesmas regras se aplicam a outros alimentos, como leite ou frango. Os principais métodos consistem em avaliar se o alimento está pegajoso, cheirar mal ou tiver uma descoloração visível. Nesses casos, o melhor que você pode fazer é jogá-lo fora.

Da mesma forma, se você tirar o arroz da geladeira e ele estiver duro, seco e crocante, é bem provável que ele já tenha passado do ponto e não serve mais para consumo. Se você tiver consumido sobras que estejam visivelmente ruins, você poderá sofrer com uma mordida desagradável na comida — ou poderá ficar gravemente doente. 

Os tipos mais comuns de doença decorrentes do consumo de arroz estragado são vômitos e diarreia. Porém, em casos muito caros, se o arroz contiver uma quantidade anormalmente elevada da bactéria Bacillus cereus, você pode acabar tendo uma doença mais grave. Sendo assim, todo cuidado ainda é pouco!

SOBREVIVENTE DE NAUFRÁGIO DE BARCO SOBREVIVEU POR UMA BOLHA DE AR

História por Redacción – BBC News Mundo* 

Harrison Okene não esquecerá o momento em que o barco em que navegava começou a afundar© DCN Global

O nigeriano, com 29 anos na época, trabalhava como cozinheiro a bordo de um rebocador (um barco que auxilia as manobras de navios e outras embarcações na área portuária de forma segura) chamado Jascon 4, que estava a cerca de 32 quilômetros da costa da Nigéria quando naufragou devido a uma falha súbita.

“Eu tinha acabado de ir ao banheiro. Fechei a porta e estava sentado no vaso sanitário quando o barco virou para o lado esquerdo”, lembrou em uma recente entrevista ao programa de rádio BBC Outlook.

O naufrágio foi tão rápido que nenhum dos 13 tripulantes conseguiu chegar à superfície antes de o navio se encher de água.

“A próxima coisa que vi foi o vaso sanitário sobre o qual estava sentado de repente estava sobre minha cabeça”, narrou Harrison.

“A luz se apagou e eu ouvi as pessoas gritando. Consegui abrir a porta e sair, mas não consegui encontrar ninguém. A força da água me empurrou para uma das cabines e fiquei preso lá”.

O que ele nunca imaginou naquele momento de pânico foi que aquele jato de água seria também uma sorte.

Isso o empurrou em direção a uma bolha de ar, um oásis de oxigênio que lhe permitiria realizar uma façanha impensável: sobreviver por quase 3 dias no fundo do mar. Um naufrágio que custaria a vida de toda a equipe do Jascon 4 naquele fatídico 26 de maio de 2013.

Reprodução de como o Jascon 4 foi deixado, no fundo do mar, e onde estava a bolsa de ar que permitiu que Harrison Okene se mantivesse vivo© BBC

Marinheiro inexperiente

Diferentemente de muitos de seus colegas, Harrison não tinha muita experiência como marinheiro.

O cozinheiro compartilhou com o Outlook que, na verdade, “nunca tinha colocado os pés em um navio” antes de conseguir um emprego a bordo de uma embarcação em 2010.

Harrison havia sido o chefe de cozinha de um hotel, o que o permitia sustentar sua esposa e filhos.

No entanto, à medida que o boom petrolífero offshore cresceu em seu estado natal, Delta State, ele percebeu que poderia ganhar muito mais dinheiro sendo chef a bordo de um dos muitos navios envolvidos na extração de petróleo do fundo do mar.

Ele lembra que sua primeira experiência não foi muito auspiciosa. “Embora eu gostasse da água, desde o momento em que entrei no navio, tive enjoo e passei três dias rastejando pelo chão, vomitando e cozinhando ao mesmo tempo”, relatou. “Mas depois de três dias, já estava perfeitamente bem, e desde então nunca mais sofri com o enjoo no oceano.”

Após esse pequeno contratempo, descobriu que era muito mais feliz trabalhando em um navio, onde só precisava servir a 12 pessoas, em vez das centenas a que estava acostumado no hotel. Além disso, o emprego marítimo tinha outras vantagens.

“Quanto mais longa é a viagem, mais você é pago, e você não gasta, não tem como gastar. Então, quando volta à terra, tem todo esse dinheiro disponível. Portanto, estava aproveitando o trabalho”, afirmou.

La explotación petrolera en el Atlántico, frente a las costas donde vive Harrison, ofrece trabajos lucrativos para los locales.© BBC

Apesar de sua falta de experiência, Harrison não tinha medo de viver sobre o mar.

“Eu me sentia muito bem porque gosto do ambiente, é muito tranquilo, silencioso, não há barulhos, a única coisa que você sente é o balanço do navio”, descreve.

Ele até se acostumou a amarrar todas as suas panelas e frigideiras com cordas, para que não caíssem com a maré.

Nem mesmo um pesadelo que teve, no qual seu barco afundava, conseguiu deixá-lo nervoso.

“Eu ri quando acordei, pensei: ‘Não foi real'”, contou, esclarecendo que “no sonho não morria”.

O afundamento do Jascon 4

Em maio de 2013, Harrison começou a trabalhar no Jascon 4. Embora não conhecesse o navio, ele já havia navegado anteriormente com o resto da tripulação.

“Éramos amigos, éramos muito próximos”, relata, dizendo que muitos “me tratavam como uma mãe, compartilhando comigo suas ideias e suas tristezas. Eu dava os poucos conselhos que podia para ajudá-los”.

Em 25 de maio, o rebocador havia trabalhado duro, estabilizando um petroleiro em uma plataforma da Chevron em meio a um mar agitado por uma tempestade.

Naquela madrugada, Harrison acordou e foi para a cozinha preparar as coisas, como de costume. Até que ele foi ao banheiro e de repente tudo mudou.

Ele lembra de sentir o navio afundando. “Estava afundando rapidamente. Eu estava em pânico. Ouvi as pessoas gritando, chorando. Eram cinco para as dez da manhã, então alguns dos meus colegas ainda estavam dormindo. Eles gritavam por socorro. Você podia ouvir a água borbulhando enquanto entrava nos diferentes compartimentos e depois, silêncio”.

Quando o navio finalmente encalhou no fundo do mar, a cerca de 30 metros da superfície, Harrison era o único sobrevivente. Ele estava preso em um espaço pequeno, com água até a cintura. Estava escuro e frio.

Harrison Okene passou três dias assim, preso dentro do navio.© DCN Global

Naquele momento, ele pensou que alguém viria resgatá-lo, mas dois dias se passaram e nada aconteceu.

Ele conseguiu encontrar uma lanterna presa a um colete salva-vidas. Desesperado para escapar, nadou através de uma porta submersa até a próxima cabine em busca de uma saída. Mas não encontrou nada. Em seguida, sua lanterna se apagou e ele ficou na escuridão completa.

Ele lembra de sentir peixes comendo sua pele ferida pelos golpes durante o naufrágio. “Eu estava vestido apenas com cuecas”, explica.

“Pensei na minha esposa, na minha mãe. Passei o tempo cantando louvores”, lembra.

Foi assim por 60 horas. Sem comida nem bebida, e ciente de que o oxigênio em sua milagrosa bolha de ar estava se esgotando.

Entretanto…

En terra, as famílias dos tripulantes foram informadas de que todos haviam morrido, e a empresa proprietária do Jascon 4, a West African Ventures, contratou especialistas para recuperar os corpos.

A empresa de mergulho neerlandesa DCN Global foi encarregada de realizar essa missão.

A empresa enviou três mergulhadores para o barco afundado, coordenados por um supervisor que podia acompanhar suas ações por meio de uma câmera de um barco na superfície.

Os mergulhadores foram levados até o fundo do mar em uma câmara pressurizada.

Harrison conseguia ouvi-los enquanto quebravam as portas para entrar no navio. Ele começou a bater nas paredes da cabine para chamar a atenção deles.

Ele estava desesperado. “Quase não havia mais oxigênio na bolha de ar, estava difícil respirar.”

A primeira coisa que ele viu foi o reflexo de uma lanterna. “Eu mergulhei debaixo d’água para tentar seguir aquela lanterna e, quando vi a água borbulhando, sabia que era um mergulhador”.

Uma câmera subaquática capturou o momento em que o mergulhador Nicolaas van Heerden pegou a mão de Harrison© DCN Global

O homem em questão, Nicolaas van Heerden, mais tarde contou à Outlook que sentir alguém agarrá-lo “foi o momento mais aterrorizante de toda a minha carreira, embora obviamente o terror tenha sido rapidamente substituído pela adrenalina e emoção de encontrar alguém vivo”.

“Só queria tocá-lo e me afastar porque sabia que ele ficaria assustado e eu não queria machucá-lo”, relata Harrison, que dizem que “também estava com medo” e que estava tão surpreso por ter sobrevivido que nem “tinha certeza se ele era humano”.

Nicolaas explica que encontrar Harrison vivo foi apenas o começo da operação de resgate.

“Não podíamos simplesmente trazê-lo à superfície. Tivemos que descomprimi-lo e encontrar uma maneira segura de tirá-lo.”

Os socorristas trouxeram um equipamento de mergulho para ele e explicaram como usá-lo. Em seguida, o guiaram lentamente através do navio afundado.

“Estava tudo cheio de lama, não se via nada”, relata Harrison, que viveu o momento com calma.

Quando entrou na câmara pressurizada e percebeu que era o único sobrevivente, começou a chorar.

“Sobrevivi, mas é uma experiência que não desejo a ninguém”, afirma.

Depois de três dias no fundo do mar, Harrison teve que passar mais três dias em uma câmara de descompressão no navio, para normalizar seus níveis de nitrogênio, que sob alta pressão se acumulam nos tecidos e podem causar um ataque cardíaco.

Enquanto isso, sua família foi informada de que ele havia sido encontrado com vida. “Minha esposa desmaiou e teve que ser levada ao hospital, mas estava bem”.

Após o terceiro dia, ele foi transferido de helicóptero para o hospital e, após uma avaliação, foi autorizado a voltar para casa, onde não apenas sua família o esperava, mas também muitas pessoas que haviam ouvido falar do milagre.

Harrison se tornou uma celebridade na mídia nos dias seguintes ao seu resgate© Reuters

Nos dias seguintes, sua incrível história de sobrevivência deu a volta ao mundo depois que os mergulhadores que o encontraram publicaram o vídeo do incrível resgate nas redes sociais.

Incrivelmente, embora Harrison tenha prometido nunca mais se aproximar da água, um acidente ocorrido algum tempo depois, no qual seu carro saiu de uma ponte e afundou em um lago (ele conseguiu sair novamente e até salvou seu acompanhante), o levou a tomar uma decisão inesperada: ele se tornou um mergulhador profissional.

“Após o primeiro incidente, eu disse que nunca mais voltaria ao oceano, mas continuo lá porque sei que é onde devo estar, é o meu ambiente e sempre estarei perto dele”, diz.

“É meu destino, é como Deus quis que fosse”.

*Você pode ouvir o programa Outlook no qual este artigo foi baseado.

 

FUNCIONÁRIOS FINGEM ESTAR OCUPADOS MEXENDO NA TELA DO COMPUTADOR

Virgilio Marques dos Santos – CEO da FM2S

Atenção: 83% dos funcionários fingem trabalhar para mostrar que estão ocupados. Muitos funcionários fingem que estão trabalhando para parecer mais úteis, evitar demissão, conseguir uma promoção ou escapar de mais trabalho. A conclusão é de uma pesquisa realizada nos EUA pela empresa americana Visier, que tomei conhecimento por meio do Estadão. Lendo essa pesquisa, tive um susto. E só piora…

Os entrevistados afirmaram que mexem na tela do computador só para não entrar no modo descanso. Além disso, gastam tempo respondendo a e-mails que não exigem uma ação imediata, só para parecerem ocupados. Entre os principais motivos para fingir que trabalham, 64% citam que é importante para o sucesso profissional e 41% afirmam que querem parecer mais valiosos para a empresa. Ao longo de uma semana média de trabalho, 22% dos entrevistados disseram gastar quase metade do tempo de trabalho (20 horas) em funções que não contribuem de verdade para a empresa.

Um quinto dos entrevistados passam metade do tempo fingindo. E por que isso acontece? Onde está a sinceridade que tantas empresas listam entre seus valores fundamentais?

Quando vejo algo assim, lembro de ideias que o grande Edward Deming proferia em suas palestras: o sistema entrega aquilo que ele foi projetado para entregar. Se há comportamentos como esse em sua empresa, a culpa não é só do colaborador, mas da estrutura. Pode pesquisar; encontrará várias promoções e elogios a pessoas que optaram por agir dessa maneira.

Se a promoção fosse para o colaborador que termina suas atividades e não tem medo de falar que terminou, a realidade seria diferente. Agora, se parecer ocupado é mais importante do que entregar resultados, seguindo o procedimento definido pela empresa, o resultado será esse: 83% dos colaboradores fingindo.

A pergunta dolorida: o que você prefere?

Se você estiver em uma função na qual fingir trabalhar é bem-visto, pergunto: sente-se feliz com isso? Sem juízo de valor. A sinceridade consigo próprio é importante. Há amigos que admiram a cultura da malandragem e ficariam felizes em trabalhar nesse tipo de empresa.

Lembro-me do estágio. Um colega, gente boníssima, ganhou a alcunha de pirata, de tanto que ele investia nas aparências. Ao se ver cheio de trabalho burocrático e de pouca visibilidade para fazer, dava um jeito de safar-se. Levantava-se, sempre com seu caderno embaixo do braço, e caminhava sério até o corredor e então sumia. Ao ser indagado qual foi seu paradeiro, a resposta era padrão: estava em uma reunião importante, com a área cliente. O chefe, então, interpelava-o sobre o motivo da reunião não estar na agenda. Ele, interpretando um papel de maneira convincente, dizia: “ele me chamou de última hora”. E assim ia evoluindo na vida corporativa.

Para mim, adepto ao sincericídio, aquilo era um absurdo. Pela sua personalidade bonachona e pela nossa pouca importância na organização, eu não ligava. Ria, apenas. Mas percebia que, em nossa área, comportamentos daquele tipo eram recompensados.

Outro exemplo era a farra das horas extras. Por que um analista, colega nosso, sempre ia embora às 20 horas? Eu, jovem e cheio de preocupações, não conseguia entender. Dizia: hoje está tranquilo, já entregamos o projeto. Por que não aproveita para ir embora mais cedo? Vemos que deve estar cansado; é possível navegar por sites de compras e notícias de casa, por exemplo.

De tanto perguntar, finalmente eu descobri. Nosso colega gastava muito com seus ternos caros para impressionar a gestão. Isso não combinava com seu ordenado à época. Com as horas extras, segundo ele, fazia 2 salários por ano. O problema, logo percebido pela nova superintendente, foi que o gasto com essas horas era constante ao longo do ano – e isso não significava mais entregas.

Depois de questionar, várias vezes, sobre a real necessidade de ficarem mais tempo no trabalho, ela tomou uma decisão radical: após às 18 horas, todas as luzes do prédio se apagavam e os computadores eram bloqueados. Só ficava aceso o andar da alta gestão, pois esses não “batiam ponto”. Exceções, se houvesse, tinham de ser aprovadas pessoalmente por ela. Depois de um ano, a economia gerada só com a malandragem das horas extras foi suficiente para catapultar a carreira da moça. E foi uma marca importante na mudança cultural do banco.

Portanto, reflita: prefere as aparências? Ou é mais afeito ao ambiente de trabalho sincero, no qual você não precisa fingir sobre as coisas? Sem julgamentos.

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A exemplo de outras empresas pelo país, elas estão levando para o ambiente virtual as suas lojas em operações que reúnem as melhores marcas do varejo e um mix de opções.

O objetivo desse projeto é facilitar esse relacionamento com o cliente, facilitando a compra virtual e oferecer mais um canal de compra, que se tornou ainda mais relevante após a pandemia.

Um dos pontos focais dessa nossa proposta é o lojista que pode tirar o máximo de possibilidade de venda por meio da nossa plataforma. A começar pela nossa taxa de remuneração da operação que é muito abaixo do valor praticado pelo mercado.

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domingo, 17 de setembro de 2023

BOLSONARO XINGA LULA E CRITICA EXCESSO DE MINISTÉRIOS

História por Isabella Alonso Panho e Rubens Anater • Jornal Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “cachaceiro” na manhã deste sábado, 16, e criticou o aumento do número de ministérios na gestão petista, referindo-se à criação do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. As declarações foram feitas nas redes sociais, acompanhadas da foto de um fundo de poço.

“Mais um ministério criado pelo desgoverno, que continua jogando no lixo tudo que o País precisa para prosperar economicamente, inchando mais ainda a máquina pública”, disse o ex-presidente na manhã deste sábado. Com a abertura da nova pasta, o governo chegou a 38 ministérios (diferente dos 39 apontados por Bolsonaro em sua postagem). Esse o maior número de ministros entre os três mandatos de Lula e só é menor do que o do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que teve 39 pastas.

A postagem de Bolsonaro nas redes sociais acontece em meio à investigação do caso das joias. Ele e pessoas do seu entorno são suspeitos de articularem um esquema internacional de venda de joias e objetos de alto valor recebidos durante agendas oficiais e que seriam, portanto, bens da União. Seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, considerado uma peça central no caso, deixou a prisão no sábado passado, 9, depois de um acordo de delação premiada com a PF. Os termos permanecem sob sigilo, mas, de acordo com a Revista Vejaele teria confessado que entregou nas mãos de Bolsonaro dinheiro vivo oriundo da venda de joias. O ex-presidente não comentou o caso em suas redes.

Dança das cadeiras na Esplanada

O Ministério para Micro e Pequena Empresa acomodou Márcio França (PSB), retirado da pasta de Portos e Aeroportos para dar lugar ao deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), representante do Centrão. A manobra abriu uma crise com o PSB e Lula precisou prometer ao menos duas indicações para França no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Parte desse xadrez retirou a ministra Ana Moser do Ministério do Esporte, dado ao deputado André Fufuca (PP-MA), aliado do presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). O nome da ex-ministra foi ignorado no anúncio da reforma ministerial.

 

POR QUAL MOTIVO O TPI INCOMADA TANTO A LULA?

 

História por PODER360 

A ex-juíza e única brasileira a integrar o TPI (Tribunal Penal Internacional), Sylvia Steiner, defendeu que a ideia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de retirar o país do tribunal é inconstitucional. Disse ainda que não entende porquê o órgão passou a incomodar tanto o petista. As declarações foram feitas em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada na 6ª feira (15.set.2023).

“Não é constitucional de jeito nenhum, não há essa possibilidade. Eu gostaria de entender porque parece que, de repente, o tribunal parece incomodar tanto. O Brasil sempre foi um grande apoiador do tribunal, menos durante o governo Bolsonaro. Agora, em um governo progressista e democrático, não tem porque se revoltar ou pretender retirar sua adesão ao estatuto de Roma”, argumentou.

A ex-juíza disse considerar preocupante o fato de as declarações contra o TPI se estenderem também a ministros, como foi o caso de Flávio Dino, ministro da Justiça. “Se tivesse ficado só na declaração do presidente Lula, existia uma chance de avaliarmos apenas como uma escorregada”, ressaltou Steiner.

Segundo ela, as declarações demonstram um “retrocesso muito grande“, já que o Brasil “sempre ratificou todos os tratados e convenções de proteção de direitos fundamentais”.

Entenda

Em entrevista ao canal indiano Firstpost na última semana, Lula declarou que se o presidente russo, Vladimir Putin, vier ao Brasil em 2024 para participar da próxima edição da cúpula do G20 ele não seria preso.

Neste ano, Putin deixou de ir a reuniões internacionais por causa do risco de ser preso. O TPI emitiu em março de 2023 mandados de prisão contra Putin e contra Maria Alekseyevna Lvova-Belova, comissária dos Direitos da Criança no Gabinete Presidencial russo, por suposto crime de guerra de deportação ilegal de crianças e transferência ilegal de crianças de áreas ocupadas da Ucrânia para a Rússia.

Por ser signatário do TPI, o governo brasileiro pode sofrer sanções se não prender Putin em território nacional. Com a repercussão da fala, Lula voltou atrás e tentou amenizar o caso. Disse que caberá à Justiça brasileira decidir sobre eventual prisão de Putin no Brasil.

Na 2ª feira (11.set), Lula disse a jornalistas que iria “estudar” o motivo de o Brasil ser signatário do TPI. Segundo ele, ser “um absurdo” que países emergentes façam parte de algo “que prejudica eles mesmos” , considerando que nações como os Estados Unidos e a Rússia não são parte do tribunal.

O ministro Flávio Dino fez eco às declarações. Defendeu que a ONU (Organização das Nações Unidas) discuta novamente o Estatuto de Roma, acordo que criou o TPI. Para ele, o tribunal atualmente é “desequilibrado”.

ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

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