quinta-feira, 1 de junho de 2023

CÂMARA APROVA O MARCO TEMPERAL DAS TERRAS INDÍGENAS

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


| Foto: Agência Câmara

Bom dia. Estão dizendo que foi uma derrota do governo Lula a aprovação na Câmara do projeto de lei que regulamenta o chamado marco temporal, que está na Constituição, no artigo 231. Eu acho que não é esse o destaque, derrota do governo, mesmo porque uma boa parte de apoiadores do governo votou em favor desse projeto de lei. Eu acho que foi uma grande vitória do Brasil, do país, de todos, de todos os brasileiros indígenas e não indígenas. Porque isso significa paz, paz fundiária no país e obediência à Constituição. Dia 7 agora, parece que o Supremo vai dar continuidade a uma votação que está empatada em um a um para interpretar o artigo da Constituição, que diz, pertencem aos indígenas todas as terras que tradicionalmente ocupam. Ocupam é presente no indicativo, dia 5 de outubro de 1988.

As terras que ocupam naquele dia e que não tiverem litígio são deles. As que não ocupam naquele dia, não são deles. Porque se o Supremo disser que são as terras que ocupam ou ocuparam, aí então está valendo. Todo mundo que entrou depois de 1500 vai ter que sair, na cidade ou no campo. Inclusive na cidade. Se houver uma interpretação do Supremo, como houve lá naquele território de plantação de arroz, 5% do arroz brasileiro vinha de lá e virou zero. Virou pobreza, virou miséria de indígenas que foram para a capital Boa Vista. Estavam vivendo em simbiose produtiva com os arrozeiros. O Supremo teve que decidir sobre a lei e tirou os arrozeiros de lá, que é uma área de fronteira, uma área, portanto, sensível. Fronteira com a Venezuela. Bom, mas aí esse é outro assunto. É que eu temo que se repita uma coisa dessas, todos temem.

Aí o sujeito está lá na casa dele, comprou um apartamento e aparece lá alguém demonstrando que, historicamente, o tetravô dele tinha uma cabana ali, a tribo ficava por ali, o povo dele, e aí tira todo mundo de lá, dependendo do Supremo.

Então, passou. Foi 283 votos a 155. Agora vai para o Senado. Isso foi na Câmara. Eu repito, não foi derrota do governo porque um terço dos governistas votou nisso. Porque é vitória do país, da sensatez, reconhecendo o status quo no dia da promulgação da Constituição. É isso.

Gasolina mais cara
Bom, gente, a partir de hoje gasolina é mais cara, hein? Foi aquela história de, ah não, não existe mais a paridade internacional da matéria-prima, do petróleo, então vai cair o preço do combustível, não adiantou nada. A partir de hoje tem mais imposto, tem mais ICMS. Não adiantou nada. Então, vocês ficaram na ilusão aí. Parece que o atual governo é um grande vendedor de ilusões, de narrativas.

Medidas provisórias

E hoje é o dia também em que vencem as medidas provisórias do governo, que criaram trinta e tantos ministérios, dezessete a mais, e se não passar, adeus ministérios. E aí, estão mudando. O presidente chamou o agro de fascista, de mentiroso, de que inventa histórias, né? Então, os representantes do agro resolveram brigar. Tudo que prejudicava o agro, quase tudo, foi retirado da medida provisória. O que permitia que o governo espionasse as pessoas mudando de banco para banco vai voltar para o Banco Central, que é o fiscal da moeda, e não o Ministério da Fazenda, que é o ministério político.

Eu fico pensando, será que o governo não foi muito esperto e botou esses bodes na sala das medidas provisórias para permitir que tirassem os bodes e passasse aquilo que realmente interessa? Talvez seja isso, para a gente pensar sobre essas decisões que vão ser tomadas hoje.


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´DECADÊNCIA BRASILEIRA NÃO SE ABATE SÓ SOBRE O LADO MATERIAL E TAMBÉM SOBRE O LADO INTELECTUAL

 

Não que seja fácil…

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


A alma é maior do que a Pátria.| Foto: Reprodução/ Redes Sociais

Nos últimos meses, têm sido raros os dias em que não recebo mensagem de alguém se dizendo desesperado com o país. Tem gente perdendo o sono, o apetite, a saúde e até a fé por causa de Lula. Digo, não é exatamente por causa de Lula, e sim por causa daquilo que Lula representa. É como se o Brasil, isto é, a ideia de nação e de vida harmônica em sociedade, estivesse ruindo. E não está?

É mesmo difícil evitar o decadentismo. Basta olhar em volta. Eu, que moro perto de um lugar que oferece café da manhã aos mendigos, percebo que o número de frequentadores aumentou. A cidade parece mais suja e com mais lojas fechadas. Nas lojas que estão abertas, os vendedores parecem à toa. Paira no ar aquele pessimismo que antecede tempos muito difíceis.

Mas a decadência não se abate apenas sobre o lado material. Entre os intelectualizados, a perda da liberdade já é dada como certa. E mesmo aqueles que fazem humor nas mesas dos bares já contam piadas as mais amenas possíveis, com medo de chamar a atenção de um membro do Ministério Público que possa estar na mesa ao lado, ouvindo. Outro dia, na Missa, até o padre trocou de palavra no meio da frase. São tempos de precaução.

A tristeza (ou, nos casos mais graves, a depressão) nasce da exposição constante a um noticiário que só reforça a impressão de decadência, quando não de catástrofe. Uma impressão que sempre vem acompanhada da sensação de impotência. Afinal, tirando um ou outro psicopata, temos consciência de nossa pequenez. Das nossas limitações. E até da nossa vulnerabilidade diante disso tudo que tá aí. E isso nos revolta, quando não deprime.

Não se deprima!
Respondendo à pergunta que serve como título deste texto, a filósofa Natália Sulman usou um aforismo simples que serve bem ao propósito deste texto: a alma é maior do que a Pátria. E aqui é aquele momento em que sempre surge alguém para dizer que na Venezuela dos anos 1990 provavelmente também havia alguém dizendo que a alma era maior do que a Pátria – e veja só no que deu.

Ainda assim, a alma é maior do que a Pátria. Até porque Pátria, nação, Brasil, sociedade e democracia são conceitos criados, de certa forma, para satisfazer a alma. E nunca vice-versa. Tampouco o Estado tem esse poder todo sobre a alma. Ou não deveria ter. Para isso é que serve a virtude da fortaleza. Comentei que recentemente li uma daquelas narrativas autobiográficas que se passam durante o Holocausto. Pois bem. Até ali, em Auschwitz, a alma se sobrepunha à eficiência assassina dos nazistas.

Mas alma, aqui, tem que ser compreendida de uma forma mais transcendente. E nem sei se há outra forma. Alma é aquilo que, mesmo passando fome (e estamos bem longe disso, né?), mesmo presa, mesmo traída, mesmo torturada e mesmo morta pelo Estado, se mantém intacta. Tá, talvez intacta seja um pouco demais. Só os santos são fundidos nesse ferro. Mas você entendeu, né? A alma não se abala ou não deveria se deixar abalar por decisões de Alexandre de Moraes, por estultices de Flávio Dino, por gastos milionários no cartão corporativo da Presidência, por churrascos na laje presidencial ou pela paixão indecorosa de Lula por Maduro.

Alma, acrescento eu, que não sou filósofo nem nada, mas estou aqui batendo um papo com você que está aí todo tristão, é aquilo que consegue enxergar a realidade pequena. O cotidiano das caóticas (e deliciosas) relações familiares e de amizade. As escolhas que não dependem de aval do Congresso ou do STF. Muito menos do Lula! Alma – vou além porque agora me empolguei– é aquilo que se submete à vontade de Deus e que ri dessa nossa sensação de impotência. Alma é aquilo que passa raiva diante do telejornal num instante e no outro ri de uma trapalhada qualquer do gato. Alma é aquilo que agradece. Alma.

QUIZ
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VISITA DE MADURO REPRESENTA UMA DERROCADA BRASILIERA NO CENÁRIO MUNDIAL

 

Por
Marcel van Hattem – Gazeta do Povo


Lula e Maduro se reuniram em Brasília.| Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

É impossível a qualquer democrata, de direita ou de esquerda, assistir às indecentes imagens do ditador Nicolás Maduro em visita ao Brasil, refestelando-se na companhia de Lula, sem indignação e nojo. Nojo dos crimes de seu regime, da tortura que pratica contra opositores; indignação com o maltrato ao próprio povo, com a fome que assola o país e já fez mais de 7 milhões de venezuelanos emigrarem, inclusive para o Brasil, fugitivos e refugiados do “Socialismo do Século XXI”. Lula conseguiu, nos últimos dias apenas, consolidar-se como um pária internacional de primeira ordem. O mundo está em choque; o Brasil está envergonhado.

Como a dar conselhos a um velho amigo, porém, constrangedoramente em público durante coletiva de imprensa, Lula sugeriu ao ditador Maduro que criasse sua própria narrativa sobre seu regime, pois seria “infinitamente melhor” do que a narrativa que estaria sendo disseminada. Lacalle Pou, presidente do Uruguai também presente à cúpula no Brasil e de direita, não aceitou o revisionismo histórico macabro pretendido por Lula. Durante a reunião fechada realizada no Itamaraty com os demais presidentes sul-americanos presentes, ligou a câmera de seu celular e transmitiu sua fala ao vivo pelas redes sociais: “Não temos a mesma definição sobre direitos humanos, respeito às instituições e democracia”. E acrescentou, sobre as supostas “narrativas” a respeito da crueldade do regime bolivariano: ”Não se pode tapar o sol com o dedo!”.

Direita ou esquerda, não importa: se houver um mínimo de honestidade intelectual é impossível ignorar as atrocidades que acontecem em solo venezuelano.

Também o presidente chileno, dessa vez um esquerdista, Gabriel Boric, fez questão de se manifestar: “Não é uma construção narrativa, é a realidade”. E reforçou que a viu com os próprios olhos, ninguém o ludibriou com uma falsa narrativa: “É [uma realidade] séria, e tive a oportunidade de vê-la nos olhos e na dor de centenas de milhares de venezuelanos que vêm à nossa pátria e que exigem, também, uma posição firme e clara para que os direitos humanos sejam respeitados sempre e em todos lugares, independentemente da cor política do governante de turno”. Direita ou esquerda, não importa: se houver um mínimo de honestidade intelectual é impossível ignorar as atrocidades que acontecem em solo venezuelano, pois elas transbordam para o resto do continente – inclusive, para o Chile, país geograficamente mais distante na América do Sul da ditadura de Maduro e, ainda assim, impactado por massas de refugiados vindos, a milhares de quilômetros de distância, do norte.

Roraima, no norte brasileiro e limítrofe à Venezuela, é o estado brasileiro que mais tem sofrido com a calamidade gerada e agravada diariamente por Maduro. São dezenas de milhares de cidadãos que já cruzaram a fronteira em Pacaraima, muitos dos quais lotam as ruas e praças de Boa Vista, capital do estado. Eu poderia tentar descrever tudo o que se passa por lá, mas me faltariam palavras para retratar o que este vídeo produzido por empreendedores locais revela com exatidão e compaixão: o sofrimento profundo desse povo, incluindo crianças desalentadas e mulheres violentadas. Onde está a narrativa, Lula? Confirma-se, apenas, que narrativa é apenas um eufemismo do petista para esconder verdades cruéis e inoportunas e disseminar mentiras deslavadas que lhe sejam convenientes.

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Para encerrar o segundo dia dessa trágica e vergonhosa visita de Maduro ao Brasil, agressões físicas a jornalistas revoltaram a imprensa internacional. Capangas do ditador e funcionários do GSI de Lula revezaram-se nas grosserias, no empurra-empurra que resultou até mesmo num inadmissível e violento soco no peito de uma jornalista da Rede Globo, Delis Ortiz. Além de toda solidariedade que precisa ser prestada aos profissionais de imprensa agredidos, é forçoso acrescentar: na Venezuela sequer imprensa livre existe. Não à toa a revolta e o repúdio a essa visita, inoportuna e vexaminosa, têm sido unânimes por parte dos meios sérios de comunicação brasileiros.

É lamentável assistirmos à derrocada brasileira no cenário internacional. A ONU e seus órgãos multilaterais, bem como ONGs de defesa dos direitos humanos e da democracia não hesitam em condenar o regime ditatorial venezuelano. Todo o mundo democrático rechaça a liderança sanguinária de Nicolás Maduro, mas Lula parece viver uma realidade paralela. O presidente do Brasil dá sinais de estar vivendo uma fantasia obscena, um frenesi mirabolante de fazer do nosso país líder do que há de pior na face da Terra. Essa dança da morte precisa ser interrompida; os brasileiros não merecem tamanha humilhação, pois o máximo que Lula está conseguindo passar ao mundo é que está se dispondo a servir de capacho a um ditador.

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STF TEM PREFERÊNCIA PARA JULGAR BOLSONARO E SEUS ALIADOS

Efeito Daniel Silveira

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília


Otoni de Paula (MDB-RJ) poderá se tornar réu por chamar Moraes de “canalha”; ele diz criticou ministro, não o STF| Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Não é só o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que vem sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Depois do término de seu mandato, com a consequente perda de poder de seu grupo político, procedimentos têm avançado rapidamente contra parlamentares aliados. Desde o fim do ano passado, deputados e senadores próximos a ele tornaram-se alvos de inquéritos e denúncias, e tendem a ser punidos, muito em razão de críticas e ofensas feitas contra os próprios ministros.

O próximo dessa leva é o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ). Já está liberada para o plenário da Corte a análise de uma denúncia contra o parlamentar por difamação, injúria e coação contra o ministro Alexandre de Moraes, integrante do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho de 2020, reagindo à quebra de seu sigilo bancário pelo ministro, que o investigava no inquérito dos atos antidemocráticos, o deputado disse, numa transmissão ao vivo nas redes sociais, que, com a medida, Moraes “enoja ainda mais a sociedade”.

“Eu não tenho o que temer. Não tenho o rabo preso, não sou bandido. Agora eu não sei se o sigilo bancário do ministro Alexandre de Moraes for quebrado se ele pode ter a mesma paz que eu estou tendo agora. Eu não sei se o sigilo bancário de qualquer ministro do STF for quebrado, como eles quebraram o meu sigilo agora, se eles não têm rabo preso; se eles podem mostrar o que eles ganham; se eles podem mostrar os escritórios aqui de Brasília que trabalham pra eles, e todo mundo sabe disso, ok?”, afirmou.

Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), que fez a denúncia, Otoni de Paula teria insinuado, com essas palavras, que Moraes não agiria de forma isenta e imparcial. Teria ainda, “de forma velada”, utilizado de “violência moral” ao dizer que “pode vir quente que eu tô fervendo”. Com essa expressão, teria o intuito de “constranger futuras intervenções” de Moraes na investigação e beneficiar-se, “sob pena de retaliação”, o que configuraria o crime de coação.

A PGR acusou o parlamentar de difamação e injúria por ter chamado Moraes de “canalha”. “O senhor é tudo, menos um democrata. E o senhor não vai intimidar esse deputado. Não vai porque eu não coloquei o meu caráter no balcão de negócios. Eu não fiz do meu nome o que o senhor fez do seu”, afirmou ainda, desafiando Moras a investigá-lo.

“Não preciso ter vergonha do meu passado como você, ministro Alexandre de Moraes, tem que ter vergonha do seu passado! Não tenho amigos ligados ao PCC. Não tenho amigos ligados ao Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Não tenho! Nunca precisei de dinheiro deles pra nada, ministro Alexandre de Moraes! Agora eu não sei se um dia o senhor já precisou ou não”, disse ainda na live. Terminou afirmando que o ministro agiria com “covardia” se determinasse uma busca em sua casa. “De forma democrática, de forma republicana, eu verei a sua queda”, disse ainda, negando que estivesse o ameaçando. Em outra live, chamou o ministro de “déspota” e “tirano”, por proibir o jornalista Oswaldo Eustáquio de usar as redes sociais.

A denúncia contra Otoni de Paula foi apresentada pela PGR ao STF uma semana depois de o próprio Alexandre de Moraes encaminhar ao órgão os vídeos com as falas do deputado. Por sorteio, ela foi enviada para a relatoria de Kassio Nunes Marques, indicado por Bolsonaro para integrar o STF. Cabe a ele o primeiro voto na análise da denúncia. Se a maioria dos ministros considerar que há indícios suficientes de crime, Otoni de Paula vira réu.

Neste mês, durante audiência pública na Câmara para discutir a imunidade parlamentar, o deputado protestou pelo fato de ser investigado por “criticar” o ministro. “Eu nunca ataquei a instituição Suprema Corte. Aliás, eu seria um louco se eu o fizesse. Porque estaria atacando a última instância da democracia em nosso país. Mas eu sempre fui crítico a ministros. O problema é que querem confundir CNPJ com CPF. O problema é que quando se critica um ministro da Suprema Corte, querem dizer que estamos a criticar, ou estamos a caluniar, ou estamos em um levante antidemocrático. Não! A Suprema Corte é maior do que seus magistrados, é maior do que os doutos ministros que ocupam temporariamente sua cadeira”, afirmou.

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Outros aliados de Bolsonaro na mira do STF
Outros políticos que apoiam Bolsonaro também estão na mira. Exemplo recente foi o caso do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado em abril do ano passado. Neste mês, o indulto concedido a ele por Bolsonaro foi derrubado e o relator, Alexandre de Moraes, mandou a Justiça executar a pena de 8 anos e 9 meses no regime fechado. Em fevereiro, ele foi preso preventivamente e assim permanecerá na cadeia.

Outro que se aproximou de Bolsonaro e já está condenado é o ex-presidente e ex-senador Fernando Collor. O processo a que responde no STF é um dos poucos que restaram da Lava Jato, já que boa parte foi anulada pela Justiça. Falta apenas os ministros definirem a pena de Collor.

Vários políticos, hoje bastante poderosos, têm conseguido se livrar dos processos da operação, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o vice Geraldo Alckmin (PSB); a presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); o senador Renan Calheiros (MDB-AL); entre vários outros.

A ação penal contra Collor, por associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção na BR Distribuidora, foi julgada procedente pelo plenário do STF e ele deve começar a cumprir pena após julgamentos de recursos que podem ser apresentados à própria Corte.

Em abril, o senador Sergio Moro (União-PR) foi denunciado por calúnia contra Gilmar Mendes depois que se espalhou nas redes sociais um vídeo antigo, em que ele falava brincando, numa festa junina, em “comprar um habeas corpus” do ministro. O próprio Gilmar Mendes pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) para apurar o caso e, em poucos dias, o órgão ofereceu denúncia contra Moro ao STF.

Moro ainda é alvo de outra investigação na Corte, aberta pelo ministro Ricardo Lewandowski, já aposentado, por suposta extorsão contra o advogado Rodrigo Tacla Duran. Acusado de lavar dinheiro para a Odebrecht, ele acusa o ex-juiz e o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), agora cassado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de cobrarem dele US$ 5 milhões para que aceitassem um acordo de delação na Lava Jato. Os dois sempre negaram e afirmam que o Ministério Público rejeitou o caso, por falta de provas.

Em 23 de maio, o ministro Alexandre de Moraes mandou a Polícia Federal investigar o deputado federal Tenente Coronel Luciano Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI do MST, por suposto “patrocínio e incentivo a atos antidemocráticos” no Rio Grande do Sul. No fim do ano passado, ele postou nas redes frases de apoio a manifestações em frente a quartéis militares contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Outro alvo recente do STF é a deputada Carla Zambelli (PL-SP), acusada de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal mediante grave ameaça, em decorrência do episódio em que, na véspera do segundo turno das eleições de 2022, sacou uma pistola no meio da rua e apontou para um jornalista que a teria xingado e provocado. Ainda não foi marcada data de análise da denúncia, que, se aceita, poderá tornar a parlamentar ré num processo criminal.


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USO DO CHATGPT AUMENTA SIGNIFICAMENTE A PRODUTIVIDADE

 

Ricardo Martins, reconhecido especialista em Marketing Digital

Dados obtidos pela TRIWI apontam que o uso do ChatGPT por profissionais, aumenta significativamente a produtividade e assertividade no trabalho.

Em um mundo cada vez mais digital e com demandas crescentes de produtividade, a OpenAI apresenta o ChatGPT, um poderoso aliado para profissionais em todas as áreas. A tecnologia, baseada na arquitetura GPT-4, se destaca pela sua capacidade de compreender e gerar linguagem humana, transformando-se numa ferramenta indispensável para acelerar processos de trabalho e auxiliar na tomada de decisões.

Ricardo Martins, reconhecido especialista em Marketing Digital, é um entusiasta e usuário ávido do ChatGPT. “A capacidade do ChatGPT de entender e responder perguntas de maneira precisa e contextualizada é verdadeiramente impressionante”, afirma Martins. “Isso nos permite delegar uma série de tarefas anteriormente manuais e demoradas para a IA, aumentando significativamente nossa produtividade.”

Exemplos do uso prático do ChatGPT em várias indústrias são surpreendentes. No setor de atendimento ao cliente, por exemplo, o ChatGPT tem sido utilizado para automatizar a primeira linha de resposta, proporcionando respostas rápidas e precisas 24 horas por dia. Isso aumentou a satisfação do cliente, ao mesmo tempo que liberou a equipe humana para se concentrar em problemas mais complexos.

No marketing digital, a área de especialização de Martins, o ChatGPT é usado para gerar conteúdo, ideias para campanhas e até mesmo para interpretar tendências e métricas. “A velocidade com que o ChatGPT pode produzir um conteúdo de alta qualidade ou fazer uma análise profunda de dados é inigualável. Estamos agora mais livres para estratégias criativas e planejamento a longo prazo”, acrescenta Martins.

De acordo com dados recentes, a introdução do ChatGPT nos fluxos de trabalho resultou, em média, em um aumento de produtividade de 30%.

Esta melhoria é um reflexo direto da capacidade do ChatGPT de assumir tarefas rotineiras, permitindo que os profissionais se concentrem em tarefas mais desafiadoras e criativas.

O ChatGPT é, sem dúvida, um recurso tecnológico transformador que promete mudar a forma como trabalhamos e interagimos com a tecnologia. Como Ricardo Martins resume: “É a ferramenta do futuro, disponível hoje. E está apenas começando.”

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quarta-feira, 31 de maio de 2023

CONSEQUÊNCIAS DO CALOTE DA DÍVIDA AMERICANA

 

Teto da dívida

Por
Fábio Galão – Gazeta do Povo

Washington (Usa), 22/05/2023.- US President Joe Biden (R) meets with House Speaker Kevin McCarthy in the Oval Office of the White House, in Washington, DC, USA, 22 May 2023. (Estados Unidos) EFE/EPA/Yuri Gripas / POOL


O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, e Joe Biden chegaram a um acordo, mas proposta ainda tem que passar pelo Congresso| Foto: EFE/EPA/Yuri Gripas

A novela do teto da dívida pública dos Estados Unidos entra numa fase decisiva nesta quarta-feira (31), para quando está prevista a votação na Câmara de uma proposta acordada no fim de semana pelo presidente Joe Biden e pelo presidente da casa, o republicano Kevin McCarthy.

O Executivo americano só pode emitir dívida até o limite estabelecido pelo Congresso, que tem o poder de suspender esse teto. O limite atual é de US$ 31,4 trilhões, mas na sexta-feira (26) a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, informou que não haverá recursos suficientes para cumprir todas as obrigações do governo se o Congresso não aumentar ou suspender o limite da dívida até 5 de junho – originalmente, a data-limite prevista era quinta-feira (1º).

Nas últimas semanas, os democratas, partido de Biden, e a oposição republicana trocaram acusações enquanto o impasse continuava. Os republicanos acusam o governo americano de excesso de gastos, enquanto os democratas apontam que o objetivo dos oposicionistas é gerar desgaste para prejudicar Biden na eleição presidencial de 2024.

O acordo definido pelo presidente americano e por McCarthy, que suspenderia o limite da dívida até 1º de janeiro de 2025, prevê medidas como limitar gastos nos orçamentos de 2024 e 2025, retorno de recursos não utilizados das políticas de Covid-19 do governo federal e modificar requisitos de trabalho para beneficiários de programas de ajuda alimentar.

Entretanto, o fato de Biden e o presidente da Câmara terem chegado a um acordo não representa que a tramitação dele será tranquila no Congresso americano. Os republicanos têm pequena maioria na Câmara, com 222 cadeiras contra 213 dos democratas, enquanto estes controlam por pouco o Senado, com 51 dos cem assentos.

O próprio McCarthy, mesmo com maioria republicana, sofreu para ser eleito presidente da Câmara em janeiro, já que alguns correligionários rebeldes se recusavam a votar nele. Foram necessárias 15 votações em cinco dias. A vez anterior em que a Câmara dos Estados Unidos não havia eleito um presidente em primeira votação havia sido em 1923.

Da mesma forma, parlamentares democratas mais à esquerda podem votar contra o acordo sobre o teto da dívida por acharem que a gestão Biden fez concessões demais, como em questões relacionadas ao meio ambiente.

Caso não haja aprovação nas duas casas do Congresso até segunda-feira, os Estados Unidos podem passar pelo primeiro calote da sua história, com consequências desastrosas.

Segundo a agência de classificação de risco Moody’s, se a inadimplência do governo americano durar uma semana, 1 milhão de empregos seriam perdidos e a economia sofreria retração de quase 0,5%. Se o calote persistir por seis semanas, mais de 7 milhões de postos de trabalho seriam fechados e a contração econômica superaria os 4%.

Caos global
Para o resto do mundo, um calote americano também seria uma catástrofe. Num cenário internacional que ainda sofre os efeitos da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia, a retração da maior economia do mundo certamente arrastaria outros países para a recessão e geraria pânico no mercado financeiro.

Cerca de 31% dos títulos da dívida americana estão nas mãos de governos e investidores privados estrangeiros. São considerados uma aplicação de risco zero, e uma perda dessa confiabilidade pode iniciar mudanças drásticas na economia mundial.

“O mais provável seria um cenário de dificuldades econômicas globais e caos no mercado financeiro, pois o ativo mais desprovido de risco no mercado global falharia repentinamente. O afastamento dos Estados Unidos da posição de centro econômico e líder da ordem financeira mundial seria uma consequência provável e rápida, com um rearranjo em larga escala do comércio global”, apontou em um artigo na Reuters o analista econômico Bryce Engelland, que ponderou que acredita que um acordo deve ser alcançado no Congresso americano.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Carla Beni, economista e professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou que também confia numa solução no Legislativo.

“Eu acho que [o noticiário sobre o assunto] tem um tom sensacionalista, muito exagerado, em cima de algo que, primeiro, já aconteceu mais de dez vezes na história [impasse sobre o teto da dívida]; segundo, nós tivemos um caso muito pior em 2011, quando realmente não se chegava a um acordo e foram mais de três meses com caixa zerado do governo americano, sem pagar servidor público”, justificou.

“Esse caso explicita também um questionamento que o próprio governo americano vai ter que fazer sobre o excesso de endividamento que ele tem, que também é fruto de um volume absurdo de despesa com guerra [em outros países], por exemplo”, acrescentou Beni.

Em 2002, o valor da dívida pública dos Estados Unidos equivalia a 57,2% do valor do PIB do país. Dez anos depois, essa proporção havia subido para 99,6%. No ano passado, atingiu 129%.

“O aumento de despesa está sendo generalizado, em todos os países. Como os países estão saindo, em geral, da pandemia? Com mais dívidas, mais inflação, mais desigualdade social. Isso está sendo um pano de fundo comum para todos os países, que também estão saindo com mais carga tributária”, explicou Beni.

“No fim das contas, quando se observa com um olhar de fora o cenário internacional, o mundo pós-Covid é um mundo com mais, e não menos Estado. É mais intervenção estatal, com mais injeção de dinheiro público na economia”, apontou a economista.

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MARCO TEMPORAL INDÍGENA FOI APROVADO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

 

Projeto de Lei 490/2007

Por
Tatiana Azevedo – Gazeta do Povo


Plenário da Câmara| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta terça-feira (30), o Projeto de Lei 490/2007, que torna lei a tese sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas. Foram 283 votos a favor, 155 contra e 1 abstenção. O texto segue agora para a deliberação do Senado.

Na semana passada, os deputados aprovaram a urgência para a votação do projeto, por 324 votos a favor, o que permitiu a deliberação da matéria direto pelo Plenário, sem necessidade de análise pelas comissões. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o projeto já tinha passado pelas comissões anteriormente, e que era importante apreciar a matéria antes que o Supremo Tribunal Federal (STF) tratasse do tema.

Em maio, a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, anunciou que o plenário da Corte poderia retomar o julgamento sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas no dia 7 de junho. Parte dos parlamentares defendem que o tema deve ser definido pelo Legislativo.

Numa coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), disse que a bancada do agro tem conversado com ministros do STF sobre o projeto, e que “a Câmara tem destacado que está cumprindo seu papel de legislar”. Segundo Lupion, a Câmara está apenas regulamentando uma questão que o próprio Supremo definiu.

Já a deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) mais uma vez foi até a tribuna para protestar contra a votação e a definição do marco temporal, que segundo ela significa um retrocesso. “Como vocês vão justificar para os seus filhos, seus netos, que vocês são os novos Pedro Álvares Cabral”, questionou a deputada.

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Marco Temporal


O Marco Temporal define a data de 05 de outubro de 1988 como limite para a demarcação de terras indígenas no país. Ou seja, somente as comunidades que estavam nas áreas reivindicadas até essa data, quando foi promulgada a Constituição Federal, terão direito à posse.

O STF definiu essa data no julgamento de 2009 sobre a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, estabelecendo diversas condicionantes para a demarcação. Na época, o Supremo decidiu em favor dos indígenas e contra arrozeiros que chegaram à região nos anos 90 – depois da promulgação da Constituição.

O relator do projeto, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), afirmou, pouco antes da votação em Plenário, disse que desde 1988, 14% do território do país foi entregue aos povos indígenas. “Nós temos obrigação de estabelecer qual o limite para que a Constituição possa prevalecer”, garantiu o relator. Ele disse ainda que o projeto garante segurança jurídica.


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ENCONTRO DE LULA COM OS PRESIDENTES LATINOAMERICANOS FICA PREJUDICADO COM O APOIO A MADURO

 


Lula mina próprio esforço de unir América do Sul ao apoiar ditadura de Maduro
Por
Carinne Aparecida de Souza Carvalho – Gazeta do Povo
e

Por
Luis Kawaguti – Gazeta do Povo


Lula recebeu o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, nesta segunda-feira (29).| Foto: EFE/André Coelho.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou demonstrar prestígio político ao reunir onze chefes de Estado na Reunião de Presidentes da América do Sul na terça-feira (30) em Brasília. O objetivo dele era propor aos vizinhos um esforço para formar um bloco de países da região para negociar com o resto do mundo de uma posição mais vantajosa. Mas Lula minou sua própria iniciativa ao relativizar a ditadura venezuelana e desagradou tanto a direita quanto a esquerda.

Em um encontro bilateral com o ditador venezuelano Nicolás Maduro na segunda-feira, Lula disse que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.

“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, disse Lula.

Mas o governo da Venezuela responde no Tribunal Penal Internacional por crimes de assassinato, encarceramento, tortura, estupro e perseguição a dissidentes políticos. Maduro está há dez anos no poder realizando eleições controversas, cuja legitimidade não é reconhecida pela comunidade internacional.

O apoio de Lula à ditadura venezuelana se tornou um dos principais assuntos entre os chefes de Estado. “Fiquei surpreendido quando se disse que o que se passou na Venezuela é uma narrativa. Vocês sabem o que pensamos a respeito da Venezuela do governo da Venezuela”, disse o presidente do Uruguai Luis Lacalle Pou em um vídeo que foi publicado em sua conta no Instagram e depois apagado. O Uruguai e o Equador são os únicos países da América do Sul com governos de direita no momento.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, do partido de esquerda Convergência Social, discursou contra o posicionamento de Lula. “Não é uma narrativa o que acontece no país, é uma realidade, é séria, e tive a oportunidade de vê-la de perto nos rostos e na dor de centenas de milhares de venezuelanos”, disse Boric.

Até o presidente da Argentina, Alberto Fenández, que vem recebendo apoio quase incondicional de Lula, alfinetou o brasileiro e o ditador venezuelano discretamente. “A construção da democracia, dos direitos humanos na América Latina, é uma luta que custou a vida de muita gente, e não podemos perder isso”, disse em discurso.

Os outros chefes de Estado ou representantes de governo preferiram não dar declarações públicas após as falas controversas de Lula.

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O Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, começou a anunciar a reunião dos líderes da América do Sul há cerca de um mês. Mas a articulação política vinha ocorrendo desde o início do governo e faz parte da agenda política de Lula de tornar o Brasil mais relevante no cenário internacional – um objetivo que ele tenta alcançar desde seu primeiro mandato.

A reunião dos chefes de Estado sul-americanos no Brasil logo no primeiro semestre do mandato de Lula era para ser estratégica. Deveria uma demonstração de força diplomática do petista tanto para o público interno quanto para a comunidade internacional.

“Essa reunião foi convocada para que a gente discuta se nós queremos funcionar enquanto bloco para negociarmos com outro bloco ou se nós vamos tentar ficar negociando sozinhos”, disse Lula. A declaração foi dada em meio a discursos onde Lula reforçou a contestação à hegemonia geopolítica americana e exaltou o grupo econômico dos BRICS, formado por Brasil, Índia, África do Sul e pelas autocracias da China e da Rússia.

Lula anunciou a criação de um grupo de chanceleres para encaminhar a formação de um bloco sul-americano. “Esse grupo que foi criado, de chanceleres, tem 120 dias para apresentar, numa próxima reunião, as propostas que eles pretendem concluir”.

O presidente brasileiro deu a entender que o caminho para esse objetivo seria a reestruturação da Unasul, a União das Nações da América do Sul, criada em 2008 por governos de esquerda. Lula disse que não quer manter a Unasul como ela foi criada, pois muitos governos não participaram de sua criação.

Relatando conversa com os outros chefes de Estado, Lula afirmou ter dito que ele é o presidente que tem mais experiência na região (por estar no terceiro mandato e ter participado da criação da Unasul). Por isso, afirmou: “era natural que eu convidasse todos os presidentes da América do Sul para a gente conversar um pouco”.

O presidente uruguaio Lacalle Pou já afirmou que não vai participar da nova Unasul de Lula. Boric, apesar de criticar a ditadura venezuelana, disse ter aprovado o retorno da Venezuela para as discussões sobre uma possível união de países da América do Sul. “Mas isso não significa fazer vista grossa [para a Venezuela]”, disse. Em janeiro, Boric havia se mostrado favorável à Unasul.

Mas o presidente chileno precisa de aprovação do Legislativo para que seu país entre na Unasul. O histórico “esquerdista” do bloco e o apoio de Lula ao governo ditatorial de Maduro nos últimos dias devem pesar na decisão do Parlamento chileno que é, em sua maioria, formato por congressistas de direita.

Já o presidente Argentino apoiou Lula na ideia de recriação da Unasul. “Tentaremos que a unidade regional seja uma política de todos os países. Temos de fazer com que nossas crianças saibam a importância de ser da Unasul. Não nos serviu de nada estar tão divididos, e o mundo nos encontrou divididos no pior momento, a pandemia. Que não volte a nos encontrar desunidos”, disse Alberto Fenández.

Lula e Maduro anunciaram um grupo de trabalho para discutir a dívida da Venezuela com o Brasil, acima de US$ 1 bilhão. Você concorda com a iniciativa?
Concordo. É uma maneira de trazer Maduro à mesa de negociação depois de anos de atraso no pagamento da dívida
Discordo. A Venezuela está quebrada e a medida será apenas uma maneira de permitir com que a ditadura de Maduro volte a tomar empréstimos do Brasil

Bolsonaro tirou Brasil da Unasul ao ver interferência ideológica no bloco
Quando o cenário político da América do Sul começou a pender para a direita, em meados de 2017, o grupo sofreu com essas mudanças. Alguns chefes de estado passaram a defender que a Unasul não passava de um bloco ideológico e, portanto, não poderia cumprir com os objetivos desenhados para ele. O ex-presidente Jair Bolsonaro tirou o Brasil do bloco durante seu governo.

O uruguaio Lacalle Pou tem sido um dos maiores críticos da Unasul. “Devemos parar com essa tendência para a criação de organizações. Vamos para as ações e não percamos tempo, pois a vida acaba e os governos também”, disse Pou.

O Paraguai também possui resistências com a formação do grupo após uma intercorrência em 2012. À época, a organização “suspendeu” a participação do país depois que Fernando Lugo, de esquerda, sofreu impeachment do cargo de presidente. O então presidente da Unasul, o venezuelano Ali Rodriguez Araque, acusou os políticos paraguaios de terem dado um golpe em Lugo. A atitude foi entendida como uma interferência do grupo em assuntos internos no país.

Lula ataca a hegemonia do dólar e defende moeda comum na América do Sul
Lula também defendeu na reunião de líderes da América do Sul a criação de uma moeda única para o bloco, que permita que o comércio entre os vizinhos não seja baseado no dólar, como é atualmente. “A gente quer repetir o mesmo erro do passado ou queremos uma nova negociação? Por que nós no Brasil e Argentina não podemos negociar nas nossas moedas? Se a gente não fizer isso, o comércio fica cada vez mais difícil. Comprar dólar para vender meus produtos não é correto”, disse após encontro com os presidentes desta terça.

Lula tem criticado a hegemonia do dólar nos últimos meses e passou defender a criação de moedas alternativas para enfraquecer os Estados Unidos. Quando esteve na China, em abril, sugeriu uma moeda própria dos BRICS.

Jornalistas venezuelanos afirmaram apostar no apoio de Lula ao governo de Maduro
Jornalistas venezuelanos que conversaram informalmente com a Gazeta do Povo disseram ter esperança que Lula ajude a Venezuela. O país enxergaria no Brasil a esperança de melhorar as condições básicas de vida.

Mas, apesar de enxergarem a proposta de Lula de formação de um bloco como positiva, disseram ter dúvidas se isso é realmente possível. Eles pediram anonimato porque há repressão à liberdade de opinião na Venezuela.

Os seguranças de Maduro e integrantes do Gabinete de Segurança Institucional de Lula demonstraram seu apetite pela liberdade de imprensa no final do encontro distribuindo pancadas entre os jornalistas que tentaram se aproximar do ditador venezuelano.


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MADURO COMETE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

 

Ditadura

Por
Eli Vieira – Gazeta do Povo


Venezuelanos protestam contra a tortura em Caracas, capital do país, em julho de 2019 na frente de um prédio da ONU.| Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez

Resumo da reportagem
Lula expressou solidariedade a Nicolás Maduro, questionando as sanções impostas à Venezuela.


Apesar de Maduro alegar os verdadeiros crimes contra a humanidade não são os cometidos por seu regime, mas as sanções, análises internacionais e evidências contradizem essa afirmação.
Organizações de direitos humanos continuam denunciando graves violações na Venezuela, e a Missão de Determinação de Fatos da ONU foi prorrogada até 2024 para continuar avaliando a situação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, em Brasília nesta segunda (29) e expressou solidariedade ao autocrata em coletiva de imprensa conjunta: “Eu acho, companheiro Maduro… você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, da antidemocracia, do autoritarismo… é preciso que você construa a sua narrativa”. Lula também disse que é “efetivamente inexplicável um país ter 900 sanções porque o outro país não gosta dele”.

“Não gostar” não é, exatamente, o motivo das sanções, que não são 900. E não é um único país a impô-las: as sanções, que se aplicam a indivíduos e organizações do país, já foram aplicadas não só pelos Estados Unidos (alvo implícito da crítica de Lula), mas também pela União Europeia, Reino Unido, Canadá e pela própria Organização das Nações Unidas. Muitas das sanções são por não colaboração no combate ao tráfico internacional de drogas, eleições ilegítimas, corrupção, e por violações aos direitos humanos.

O título de um relatório de junho de 2018 do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos resume a questão: “Violações de direitos humanos na República Bolivariana da Venezuela: uma espiral descendente sem data para acabar”.

Denúncia de crimes contra a humanidade
Os Estados Unidos não são líderes de todas as denúncias. Em setembro de 2018, Argentina, Canadá, Colômbia, Chile, Paraguai e Peru denunciaram a ditadura venezuelana (e Maduro) ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade. Essas repúblicas democráticas, preocupadas com a repressão a protestos no ano anterior, mas incluindo crimes que remontam até a fevereiro de 2014, listam entre os crimes “assassinato; encarceramento ou outra privação severa da liberdade física; tortura; estupro; perseguição a um grupo ou coletividade identificável por motivos políticos; e desaparecimento forçoso de pessoas”. Os signatários pedem especial atenção do TPI a “ataques generalizados e sistemáticos contra a população civil” com o conhecimento do regime. O TPI abriu a investigação em 2021.

O regime bolivariano respondeu, em 2020, com uma contra-denúncia ao TPI alegando que são as sanções, na verdade, que constituem crimes contra a humanidade. Alena Douhan, relatora especial da ONU sobre o impacto negativo das sanções, informou em 2021 que a receita venezuelana havia encolhido 99% e que “impedimentos às importações de alimentos… resultaram no crescimento da desnutrição”. Ela também pediu o fim das sanções unilaterais.

A atribuição por parte de Douhan do problema às sanções, contudo, foi criticada. O embaixador americano na Venezuela, James Story, respondeu na época que a crise do país se deve “à corrupção do regime”, e que as sanções americanas abriam exceções para itens de primeira necessidade. O enviado do líder venezuelano de oposição Juan Guaidó à ONU, Miguel Pizarro, disse que “lamentamos as imprecisões da relatora e a falta de menção a assuntos como corrupção, ineficiência, violência política e o uso da fome como uma ferramenta de controle social e político” e acrescentou que “isso é se permitir ser usado para a propaganda do regime”.

A política monetária da ditadura, típica de regimes socialistas, também explica o problema: a inflação torna os alimentos inacessíveis para a população em geral, enquanto as autoridades desfrutam de privilégios com “uma rede vasta de corrupção” que permitiu que o regime Maduro “ganhasse lucro significativo com importação e distribuição de comida”, como colocou o Departamento de Tesouro americano em 2019.

A contra-denúncia bolivariana foi analisada pelo jurista britânico-nigeriano Dapo Akande, professor de Direito internacional na Universidade de Oxford, junto a dois colegas, em um artigo publicado no American Journal of International Law em 2021. Para os acadêmicos, embora as leis internacionais vetem sanções econômicas unilaterais quando elas têm o risco de provocar fome em um povo, “isso só será o caso em circunstâncias extremas”.

O argumento do regime Maduro de crime contra a humanidade “não pode ter base nenhuma”, comentam. Akande e colaboradores concluem que “mesmo se as sanções não fossem permitidas sob a lei internacional, deve haver prova de que constituem um ataque direcionado primariamente contra uma população civil”, prova não apresentada pela Venezuela. Por fim, os juristas dão uma bronca na ditadura bolivariana por “tentar utilizar acusações de crimes contra a humanidade como arma” e aconselham o TPI a resistir a esse tipo de manobra, apesar de simpatizarem com o sofrimento de longa data dos venezuelanos comuns.

Organizações de direitos humanos detalham denúncias
Como detalhou a Gazeta do Povo este mês, o TPI coleciona milhares de depoimentos chocantes de vítimas da ditadura bolivariana. Um denunciante relatou que autoridades do regime obrigaram seus filhos a verem a mãe e a avó serem despidas à força. Isso está em um relatório do TPI de abril. Maduro se incomodou o suficiente para pedir o fim da investigação, declarar que o Estado venezuelano pode fazer suas próprias investigações, e para pedir acesso aos depoentes para o TPI, que negou o pedido dizendo que o acesso do ditador à identidade das vítimas poderia resultar em mais perseguição.

Este mês, o Programa Venezuelano de Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea), também publicou um novo relatório com casos de tortura, repressão e censura. Foram 91 torturados durante o ano de 2022, além de duas mortes, e 1599 torturados desde 2013. Por causa do controle da informação, é grande a chance de os números serem subnotificações. Expandindo para outras fontes entre organizações humanitárias e mídia independente, são 40 mil vítimas de violência estatal em dez anos. Os alvos são sindicalistas, trabalhadores, jornalistas, ativistas, camponeses e lideranças políticas. Trabalhadores são os mais afetados.

O Provea aponta como principais perpetradores os membros do Corpo de Investigação Científica, Penal e Criminalística (CICPC), com mais de 70% dos casos. O CICPC foi estabelecido em 2001 por Hugo Chávez, antecessor de Maduro, dois anos depois de sua ascensão ao poder. Maduro é mandatário há dez anos, desde a morte de Chávez em 2013. Em 2019, se reestabeleceu no poder após eleições fraudulentas.

A Anistia Internacional, em seu relatório internacional 2022/23, em que avalia o estado dos direitos humanos em 156 países, denuncia a autocracia venezuelana por “uso excessivo de força e outras medidas de repressão contra protestos”, além de falta de acesso a direitos econômicos e sociais e até à água potável. “A impunidade das forças de segurança por contínuas execuções extrajudiciais persistiu”, diz a ONG. “Serviços de inteligência e outras forças de segurança, com a concordância do sistema judicial, continuaram a deter, torturar e maltratar arbitrariamente aquelas pessoas percebidas como oponentes do governo de Nicolás Maduro”. O número de presos políticos no período é estimado entre 240 e 310 e “mais de 7,1 milhões de venezuelanos deixaram o país”. Para comparação, a Agência de Refugiados da ONU estima em oito milhões o número de refugiados ucranianos nos países vizinhos desde a invasão Russa do ano passado.

A Human Rights Watch, outra organização respeitada de direitos humanos, fez em março uma intervenção oral em uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, ao qual a Venezuela não conseguiu se reeleger no ano passado, para lembrar que a aparência de “normalização” do país “deve-se em parte à dolarização da economia” e alertar que “as condições internas estão longe de ‘normais’ de uma perspectiva de direitos humanos”.

As duas ONGs internacionais aplaudem a ONU por suas missões à Venezuela que ajudam a revelar o estado atual do país. O Conselho estabeleceu em 2019 uma Missão de Determinação de Fatos que produziu um primeiro relatório em 2020. O documento já alertava que havia fundamentos suficientes para acusar crimes contra a humanidade perpetrados pela ditadura. Na época, a missão foi estendida por dois anos. Seguiram-se um segundo relatório em 2021 e um terceiro em setembro de 2022, que desmascararam uma ausência de independência do judiciário, que trabalha a favor do regime, e pediram mais prazo. A missão foi estendida até setembro de 2024.


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RECEPÇÃO DE LULA AO DITADOR MADURO NÃO ESTÁ SENDO BEM VISTA

 

Lula manchou o Brasil perante o mundo com a recepção que deu ao ditador Maduro

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

Bom dia! Ficou mal para o presidente do Brasil no Congresso Nacional e na política externa a recepção que ele deu a Nicolás Maduro. Todo mundo sabe que não é o que Lula disse, não é preconceito contra ele, nem é uma narrativa, ou seja, uma invencionice o que está acontecendo lá. Todo mundo sabe dos 7 milhões de refugiados, gente que foge de perseguição política, de tortura, de prisão arbitrária, de execuções sumárias por parte da guarda bolivariana, da fome, da desnutrição e da doença. Por exemplo, o presidente do Chile, que é de esquerda, disse que não é verdade o que o Lula disse. No discurso, ele deixou isso bem claro, porque ele próprio conhece a situação dos refugiados venezuelanos que estão no Chile e sabe por que estão lá. Então pegou mal. Pegou mal também dentro do Congresso Nacional a ponto de a gente ver que não apenas os opositores, mas também os eleitores de Lula dentro do Congresso estão se queixando que ele está apoiando um ditador, uma ditadura sanguinária e tentando criar uma narrativa, como ele costuma fazer. Confessou isso, dizendo que tinha 20 milhões de crianças desnutridas pelas ruas do Brasil, etc.

Ele próprio confessa e acha divertido isso, de inventar histórias. Vai ficar muito bom para a TV oficial venezuelana publicar na Venezuela. Lula diz que é tudo mentira sobre Maduro e sobre a Venezuela. Pegou mal, pegou muito mal. É mais uma. Não é estranho, já é usual acontecer isso. E na reunião de ontem ele pregou moeda única para a América Latina, que não seja o dólar. Essa está difícil. O peso argentino precisa de 200 para comprar um dólar, o real brasileiro precisa de 5 para comprar um dólar. E aí?

Bom, enquanto isso, está aí a discussão, comissão da Câmara votando requerimento para saber da Interpol, se o governo brasileiro tem obrigação de prender o Maduro ou não, pois contra ele há ordem de prisão internacional.

A defesa de Deltan
Mas a discussão maior na Câmara agora é o caso de Deltan Dallagnol. Ele apresentou a defesa dele, mostrando que não pode ser cassado porque ainda não transitou em julgado. Ele está recorrendo ao Supremo, mas ele alega que o TSE inventou lei, precisaria de uma lei complementar para fazer o que fez, porque não foi cumprida a exigência da lei para caçar registro, que seria ele ter um processo de punição disciplinar em andamento, e não tem. Ao mesmo tempo, diz que o julgamento já tinha esgotado os prazos para cassar registro. Então, que foi totalmente ilegal, disse ele ontem na tribuna, resumindo a defesa que ele entregou para a Corregedoria da Câmara. Enquanto isso, aumentam as assinaturas para fazer uma CPI de abuso de autoridade. A Câmara está com 147 assinaturas, estava ontem, e precisa de 171. E há também uma campanha do Marcel Van Hatten na rede social, que está com 501 mil apoios, para contornar a inação do presidente do Senado, que não toca nenhum requerimento daqueles que pedem um processo para saber porque que ministros do Supremo não seguem a Constituição, não seguem o devido processo legal e fica por isso mesmo.

Está todo mundo estranhando ainda. Ontem eu falava com um estrangeiro que dizia mas o Congresso Nacional não faz nada ante essas decisões do Supremo? Falar em ativismo judiciário é usar um eufemismo, é dourar a pílula, é suavizar o que na verdade está acontecendo.


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DEMOCRACIA RELATIVA DE LULA E MADURO CADA UM AO SEU MODO

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