sábado, 13 de maio de 2023

DEPUTADOS LEVAM ESPOSAS PARA PASSEIO NO EXTERIOR POR CONTA DO GOVERNO

 

Por
Lúcio Vaz


Foto inserida no relatório de viagem do deputado Aliel Machado a Tel Aviv| Foto: Reprodução/relatório de viagem

Deputados federais levaram esposas na viagem para Barcelona e Tel Aviv, onde participaram de eventos na área de tecnologia e inovação. Os gabinetes dos deputados Aliel Machado (PV-PR) e Domingos Neto (PSD-CE) confirmaram a presença das esposas na viagem, mas afirmaram que elas pagaram as suas despesas. Os gastos  com 98 viagens de 76 deputados neste ano já somam R$ 1,3 milhão.

Machado recebeu cinco diárias no valor de R$ 11,4 mil. A sua assessoria afirmou ao blog que as despesas referentes a hospedagem, alimentação e passagens da esposa do deputado foram pagas com recursos próprios. O blog solicitou o envio do recibo da hospedagem da esposa. O deputado respondeu que, “por não se tratar de pessoa pública, não há interesse público nos documentos solicitados”.

Neto teve direito a 9,5 diárias no valor de R$ 21,7 mil. A assessoria do deputado afirmou ao blog que “a Câmara não paga hospedagem para deputados nem acompanhantes em missão”. O blog argumentou que a Câmara paga diárias que cobrem as despesas de viagem, incluindo hospedagem. A assessoria respondeu que “ele pagou a passagem, as diárias dela e chegaram até a devolver uma diária”.

Outros deputados que fizeram parte da comitiva – Vitor Lippi (PSDB-SP), Paulão (PT-AL), André Figueiredo (PDT-CE) e Danilo Forte (União-CE) – afirmaram ao blog que não foram acompanhados da esposa. Davi Soares (União-SP) e Augusto Coutinho (Republicanos-PE) não responderam aos questionamentos do blog.

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Comitiva presidencial
A participação de 26 deputados nas comitivas presidenciais a Pequim e Lisboa custou R$ 216 mil aos cofres públicos, considerando só as 98 diárias. Os 17 deputados que foram à China receberam um total de 60 diárias no valor de R$ 131 mil. Na viagem a Portugal, nove deputados receberam R$ 85 mil por 38 diárias.

Não houve despesa com passagens aéreas porque os deputados viajaram em aeronaves oficiais. A Presidência da República não informa o custo operacional desses jatos por questões de segurança. Mas não explica por que a divulgação desse valor colocaria em risco o presidente e sua comitiva.

A viagem dos oito deputados que estiveram nas feiras de tecnologia da informação em Barcelona e Tel Aviv custou R$ 184 mil. Somando com as despesas dos senadores que reforçaram a comitiva – Weverton (PDT-MA) e Efraim Filho (União-PB) – a despesa chegou a R$ 260 mil. Reportagem do blog mostrou que 35 senadores torraram com viagens internacionais neste ano a mesma quantia gasta pelos pelos deputados – R$ 1,3 milhão

Na “missão oficial” mais cara, dez deputados torraram R$ 218 mil em viagem a Paris para a reunião da Organização da Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no início de maio. Só as passagens custaram R$ 118 mil. Em voos na classe executiva, a passagem de Sidney Leite (PSD-AM) custou R$ 32,8 mil, enquanto a de Saullo Vianna (União-AM) chegou a R$ 33,2 mil. Para o mesmo evento, a passagem de Célio Studart (PSD-CE) custou R$ 10,4 mil. A de Eduardo Bismarck (PDT-CE) ficou em R$ 7,9 mil.


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GOVERNO LULA VAI MAU TAMBÉM NA COMUNICAÇÃO

 

Secretaria de Comunicação
Pimenta vira alvo de “fogo amigo” por causa de crises na comunicação do governo Lula
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília


O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil


A comunicação no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem levado lideranças do governo a criticar nos bastidores a estratégia adotada pelo ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta. O “fogo amigo” contra Pimenta ganhou força nas últimas semanas, depois que ele chegou a anunciar que haveria o corte do patrocínio do Banco do Brasil à Agrishow, maior feira agrícola da América Latina, o que não ocorreu.

A crise ganhou repercussão depois que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, desistiu de participar do evento por causa do convite feito ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com integrantes do Planalto, Pimenta anunciou o corte do patrocínio da instituição sem um alinhamento prévio com os demais setores do Executivo.

“Descortesia e mudança de caráter de um evento institucional de promoção do agronegócio para um evento de características políticas e ideológicas. Ou é uma feira de negócios plural e apartidária ou não pode ter patrocínio público”, defendeu o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

A avaliação de lideranças do PT é de que o movimento de Pimenta acabou ampliando a crise e as dificuldades de aproximação de Lula com o agronegócio. Após a repercussão negativa, Fávaro tentou contornar o episódio, disse que não haveria corte e defendeu a ampliação de recursos para o setor . “Não há, em hipótese alguma, nenhuma retirada de investimento”, minimizou Fávaro durante encontro com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Mas, nesta sexta-feira (12), o próprio Lula agravou a crise, que parecia ter passado, ao chamar empresários do agro de São Paulo de fascistas.

Além desse episódio, os governistas acreditam que a comunicação do Planalto tem provocado ruídos “injustificáveis” até com a imprensa. Em março, por exemplo, Pimenta foi criticado depois que tentou desqualificar a apresentadora da CNN Brasil Raquel Landim durante uma entrevista para a emissora.

Na ocasião, o ministro da Secom questionou as qualificações de Landim após ser questionado por ela sobre a fala do presidente Lula, que sugeriu, sem provas, ser uma “armação” do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) o plano da facção criminosa PCC contra autoridades. “Você é jornalista?”, perguntou o ministro. A apresentadora rebateu e respondeu que sim, “formada pela Universidade de São Paulo”.

“Sou jornalista, sim. Meu papel é fazer as perguntas; o da autoridade pública deveria ser trazer os esclarecimentos”, escreveu Landim em uma rede social. Também pelas mídias sociais, Pimenta negou a intenção de ofender ou desqualificar a jornalista.

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Oposição aponta suposto “gabinete do ódio” liderado pela Secom de Lula


Paralelamente, integrantes da oposição na Câmara dos Deputados apontam a existência de um suposto “gabinete do ódio” de Lula e que funcionários da Secom estariam por trás de uma série de ataques contra big techs e parlamentares contrários ao PL das Fake News. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles. O governo foi procurado pelo veículo, mas não deu retorno sobre a questão.

O material apresentado pelos oposicionistas – que teria sido disparado pelo “gabinete do ódio” petista – contém imagens que tentam associar as empresas donas de grandes redes sociais e deputados da oposição aos ataques terroristas que ocorreram em escolas pelo Brasil recentemente. Há ainda peças atacando o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), apontando que ele seria contra o projeto que pode “impedir criminosos de usarem redes para planejar ataques”.

A pasta compartilhada pelo Google Drive estaria associada a um suposto e-mail de um integrante da pasta comandada por Paulo Pimenta. Haveria, ainda, arquivos modificados por usuários que também seriam funcionários da Secom. Para a oposição, a Secom estaria utilizando as mesmas táticas que tentaria impedir com o PL das Fake News.

“Essas informações demonstram a necessidade de uma investigação rigorosa sobre a conduta desses funcionários e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. Vale notar que a ferramenta para atacar aqueles que se opõem ao PL das Fake News são, mais Fake News, vindas justamente daqueles que dizem querer combater a desinformação”, defendeu o deputado Kim Kataguiri (União-SP).

Pimenta vira alvo da oposição dentro da Câmara dos Deputados

A atuação do ministro Paulo Pimenta também tem gerado desgastes para o Palácio do Planalto dentro do Congresso Nacional. Na última semana, por exemplo, parlamentares do PT tiveram que negociar para que o chefe da Secom não fosse convocado pela comissão de Comunicação da Câmara.

O deputado Filipe Barros (PL-PR) apresentou o requerimento de convocação, depois que Pimenta recusou os convites do colegiado. O ministro chegou a sugerir que teria agenda para participar da audiência apenas no final deste mês, o que provocou reações da oposição. Diferente do convite, a convocação, se aprovada, obriga o ministro a comparecer ao colegiado.

“É de bom tom que os ministros, por livre e espontânea vontade, compareçam em cada comissão que afeta o seu ministério. Mas o ministro da Secom dorme em berço esplêndido e não vem nesta Casa. Outros convites foram feitos e esses convites foram solenemente ignorados pelo ministro Paulo Pimenta”, criticou Barros.

De acordo com o parlamentar, o ministro precisa prestar esclarecimentos sobre a ameaça de corte do patrocínio à Agrishow, além da atuação do governo sobre o PL das Fake News, e sobre o site de checagem de informações lançado pelo governo.

A plataforma, denominada “Brasil contra Fake”, tem como objetivo selecionar notícias com potencial desinformativo que possam prejudicar membros do governo, ou que estejam relacionados a temas de interesse do Executivo, e contrapor com a versão “oficial” do governo.

Já deputado Bibo Nunes (PL-RS) acusou o ministro da Secom de se comportar como “mais realista que o rei”. “Foi feito o convite, mas essa não é a primeira vez que o ministro Paulo Pimenta tenta dar uma de mais realista que o rei. É o que ele gosta de fazer conheço bem. Isso é um desprezo por esta comissão e nós temos que exigir no mínimo um pouco mais de respeito”, disparou Nunes.

Diante da mobilização da oposição, integrantes da base governista costuraram um acordo para que Pimenta compareça ao colegiado no próximo dia 24. “Não existe uma real necessidade de transformar o convite em convocação, haja visto que o ministro demonstrou a disponibilidade de ir à comissão. Então, não seria de bom tom convocar, já que ele disponibilizou datas”, minimizou a deputada Carol Dartora (PT-PR).


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DIPLOMACIA BRASILEIRA É CHAMADA NO EXTERIOR DE ANÃO POLÍTICO

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Celso Amorim, assessor de Lula para política exterior, se reuniu na Ucrânia com o presidente Volodymyr Zelensky e outras autoridades do país.| Foto: Divulgação/Governo da Ucrânia

Uma das características mais marcantes da nova-velha diplomacia brasileira nesses primeiros meses de terceiro governo Lula é a incapacidade completa de fazer análises precisas sobre os conflitos que afligem o mundo, seja os novos, seja os antigos. Em apenas dois dias, o Itamaraty e o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, o ex-chanceler Celso Amorim, deram demonstrações dessa incapacidade ao comentar a guerra na Ucrânia e o conflito palestino-israelense.

Às vésperas de uma reunião do G7 para a qual Lula foi convidado, e na qual certamente ouviria cobranças sobre suas absurdas declarações que, na menos pior das hipóteses, igualavam moralmente os agressores russos e as vítimas ucranianas, o petista enviou Amorim à Ucrânia em uma missão de contenção de danos. Lula havia dado todas as razões possíveis para que o mundo visse o brasileiro como alguém que escolhera o lado errado. Mais recentemente, nos Emirados Árabes, Lula chegou a dizer que “a decisão da guerra foi tomada pelos dois países”; que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, “não toma a iniciativa de parar”; e que “a Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra”. No início de abril, Amorim já tinha se encontrado com Vladimir Putin, e poucos dias depois foi a vez de o chanceler russo, Sergei Lavrov, retribuir a visita, vindo a Brasília.

Escolher o lado errado, ou optar pela neutralidade em ocasiões em que a defesa da paz, da democracia, dos direitos humanos e da ordem internacional exige uma tomada de posição, é praxe petista desde a primeira vez que Lula recebeu a faixa presidencial

A julgar pela fala de Amorim após seu encontro com Zelensky e o vice-chanceler ucraniano, Andrii Melnyk, o assessor brasileiro continua sem compreender bem o perigo à ordem internacional representado pela agressão russa. “Não será fácil chegar a uma confluência. Será necessário que os dois lados cheguem à conclusão de que o custo da guerra é maior do que o custo de certas concessões”, disse Amorim em entrevista. Que “concessões” deveria fazer a Ucrânia, um país que, sem ter realizado nenhum tipo de agressão, foi invadido por uma potência vizinha? Amorim não disse. A Ucrânia – que já fez uma concessão importante nos anos 90, abrindo mão de seu arsenal nuclear – deveria ceder à Rússia parte dos territórios invadidos em 2014 e 2022? Deveria abrir mão de pedir sua adesão à Otan ou à União Europeia, desistindo do direito de decidir seu próprio destino? Qualquer “concessão” agora seria uma validação dos métodos russos, aquilo que a já nos referimos como “a paz dos valentões”. Não há negociação justa sem ter como ponto de partida o respeito à integridade territorial ucraniana, como aliás afirmou Zelensky após seu encontro com Amorim, e é por ela que os ucranianos lutam sem a “iniciativa de parar”

O vice-chanceler ucraniano afirmou, depois do encontro com Amorim, que “o Brasil pode desempenhar um papel importante para deter a agressão russa e alcançar uma paz duradoura e justa”. De fato pode, mas apenas se o país abandonar a postura dúbia. A detestável equivalência moral entre russos e ucranianos não é requisito para que uma nação se coloque na posição de mediadora, mas a firmeza de princípios sim. Até o momento, Lula não tem a menor ideia do que fazer, e ele mesmo o admitiu à tevê chinesa; seu único “plano” é reunir países para que possam, enfim, elaborar um plano. É muito pouco, quase nada para quem gosta de bravatear sobre um suposto “retorno” do Brasil à arena internacional.

Semelhante miopia seletiva ocorreu também na nota do Itamaraty a respeito do recente ataque israelense à Faixa de Gaza, mirando alvos do grupo terrorista Jihad Islâmica e matando três de seus líderes, em resposta ao contínuo lançamento de foguetes contra território de Israel. A solidariedade brasileira é dirigida apenas “ao povo e ao governo do Estado da Palestina”; até existe menção a israelenses mortos neste ano, mas o recurso aos números esconde um truque retórico. Com a referência a 15 vítimas israelenses e 100 palestinas em 2023, tenta-se dar a impressão de um conflito desequilibrado e superficial, com ações desproporcionais de Israel, ignorando que o número de mortos israelenses é baixo porque o país conta com avançados sistemas de defesa, enquanto o terrorismo palestino deliberadamente mistura suas instalações com prédios civis em uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, aumentando a probabilidade de mortes entre inocentes, usadas por grupos como a Jihad Islâmica e o Hamas para estimular o ódio a Israel.

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O Brasil tem todo o direito de defender a solução de dois países, mas também tem o dever de reconhecer o direito de Israel à autodefesa, levar em conta que Gaza é governada por grupos que nem sequer admitem a existência de Israel, e repudiar os métodos dos terroristas – o lançamento de foguetes contra civis israelenses é mencionado em apenas uma das seis notas do Itamaraty sobre o conflito palestino-israelense publicadas desde a posse de Lula. O presidente da República, aliás, já sofreu críticas por declarações historicamente equivocadas sobre a questão palestina em sua recente viagem à Espanha.

O epíteto de “anão diplomático” dado ao Brasil em 2014 veio justamente de um integrante da chancelaria israelense, após uma nota do governo Dilma Rousseff que padecia do mesmo erro do recente comunicado do Itamaraty. Escolher o lado errado, ou optar pela neutralidade em ocasiões em que a defesa da paz, da democracia, dos direitos humanos e da ordem internacional exige uma tomada de posição, é praxe petista desde a primeira vez que Lula recebeu a faixa presidencial, num distante 2003. O hábito, ao que tudo indica, não foi abandonado.


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COMBATER A DESINFORMAÇÃO E MANTER A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

 

Por

Fake news
Além de defender a liberdade de expressão, a direita precisa combater a desinformação

Por
Guilherme de Carvalho – Gazeta do Povo


Áreas de desmatamento na Amazônia.| Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real
Tenho um reclame contra o comportamento direitista nas mídias sociais: ele fornece munição aos censores.

Vou ilustrar meu ponto com uma polêmica recente. Já se vão mais de 20 dias desde que foi divulgado o relatório do Imazon, segundo o qual o desmatamento na Amazônia triplicou no mês de março, tornando o primeiro trimestre do governo Lula o segundo pior trimestre de desmatamento desde 2008, com perda de 867 km2. O recorde aconteceu em 2021, sob o governo Bolsonaro, quando perdemos 1.185 km2 de floresta nativa.

Previsivelmente, o assunto foi muito explorado em círculos da direita, como se fosse prova de hipocrisia da esquerda. Os jornais conservadores mantiveram a linha, ou quase – alguns apenas noticiaram o fato, mas a revista Oeste fez questão de observar: “Sob Lula”. Não mentiu nos fatos, mas sugeriu um fracasso do governo Lula. Nas mídias sociais, no entanto, a acusação correu solta, desavergonhada. Para dar um exemplo: o perfil do influenciador Fernando Conrado no Instagram, com quase 860 mil seguidores, mantém um vídeo comentando a reportagem do g1 com a chamada “acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”. O influenciador afirma que os progressistas usam de “dois pesos e duas medidas”, que permaneceram em silêncio agora, mas durante o governo anterior foram “quatro anos de um chorinho interminável”. É a “hipocrisia dos progressistas”. O vídeo tem quase 66 mil curtidas.

Não posso discordar quanto à hipocrisia de muitos (não todos) os progressistas. No campo dos Direitos Humanos, em particular, essa hipocrisia gritava dos telhados de Brasília. Pude constatá-la em primeira mão: em nome da narrativa e da guerra cultural, acusações e exigências desonestas eram levantadas regularmente contra a equipe do finado Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Dada a práxis do progressismo nacional, parece-me seguro extrapolar esse comportamento para outros setores.

O sistema nacional de proteção contra o desmatamento entrou em processo de franca degradação, até alcançarmos os números revoltantes de 2021. Exigir que o governo Lula conserte esse estrago em poucos meses é ignorância ou coisa pior

A verdade, no entanto, é que a sugestão de fracasso ambiental do governo Lula no começo do ano é uma bobagem sem tamanho, uma consumada idiotice. Todo conservador sabe que coisas boas custam muito tempo, esforço e amor para serem construídas, mas podem ser destruídas de um dia para o outro. Um sistema nacional de proteção ambiental é como uma tradição ou como a saúde física: ela é construída com anos de investimento e boas práticas, mas pode ser perdida de um dia para o outro.

É evidente, e tão evidente quanto o sol é amarelo, o céu é azul e a grama é verde, que durante os quatro anos do governo Bolsonaro houve um desmonte sistemático da fiscalização ambiental no país. Isso nem mesmo é matéria conspiratória; pelo contrário, foi feito à luz do dia sob a justificativa de que era necessário para promover desenvolvimento e para proteger a soberania nacional contra a ameaça de ONGs estrangeiras.

Mas podemos ser específicos: o Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, ou PPCDAm, foi criado no primeiro mandato do presidente Lula, e foi o principal responsável pela redução de 83% da taxa de desmatamento na Amazônia de 2004 a 2012. Esse plano precisava de melhoramentos, sem dúvida nenhuma, mas foi simplesmente extinto pelo governo Bolsonaro em 2019, como parte de suas ações para demolir a herança lulopetista. Ocorre, no entanto, que o bebê foi jogado fora com a água do banho, e nenhuma alternativa funcional foi estabelecida. Outras decisões ruins foram tomadas, como a transferência do Serviço Florestal e do Cadastro Rural para o setor agrícola do ministério, enfraquecendo o braço ambiental. O sistema nacional de proteção contra o desmatamento entrou em processo de franca degradação, até alcançarmos os números revoltantes de 2021. Exigir que o governo Lula conserte esse estrago em poucos meses é ignorância ou coisa pior.

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A verdade é que muitas providências vêm sendo tomadas pelo atual governo. Nesse momento está sendo finalizado o Programa de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas no Brasil, uma quinta e atualizada versão do PPCDAm, posto em consulta pública entre 10 e 26 de abril. Além disso, a fiscalização foi retomada, com aumento de 219% na aplicação de multas por desmatamento em relação ao ano passado. Negociações internacionais vêm sendo feitas para trazer investimentos na conservação da Amazônia. Enfim, a equipe do Ministério do Meio Ambiente não ficou parada; está dando duro para desfazer o estrago dos quatro anos de desgoverno ambiental bolsonarista.

Os dados sobre o aumento do desmatamento na Amazônia no primeiro trimestre de 2023 são verdadeiros, mas seu uso como prova contra o governo Lula é pura desinformação. É uma forma branda de mentir. Informação sem contexto, empacotada em comparações absurdas e emocionalmente carregada, não passa de desinformação, baseada em ignorância, desonestidade, ou as duas coisas.

A incoerência da crítica bolsonarista pode ficar mais clara se considerarmos a evolução do governo Bolsonaro no campo econômico. Por exemplo: foi amplamente noticiado o superávit nas contas do governo em janeiro, após oito anos no vermelho. Foi também amplamente destacado, nesta quinta-feira, que a desigualdade econômica caiu para o menor nível dos últimos dez anos, segundo dados do IBGE. A melhora se deu em parte por uma política intencional de transferência de renda pelo governo, mas também pela redução do desemprego.

Os dados sobre o aumento do desmatamento na Amazônia no primeiro trimestre de 2023 são verdadeiros, mas seu uso como prova contra o governo Lula é pura desinformação. É uma forma branda de mentir

Esses dados sinalizam melhoria na saúde econômica; não poderiam ser produzidos de um dia para o outro. No entanto, até 2021, Bolsonaro e Paulo Guedes foram fustigados pela imprensa esquerdista, primeiro pela desaceleração econômica no ano de 2019, e depois pela estagnação de 2020, o ano da pandemia. Em maio de 2022 a Carta Capital, por exemplo, ainda desancava o governo Bolsonaro por causa da economia – uma cara-de-pau enorme, considerando a herança maldita da era Dilma.

Ora, os conservadores certamente se ressentiram ao ouvir progressistas apostando no pior e atacando o governo com a máxima má-vontade possível, assim como se ressentem agora quando os progressistas minimizam essas realizações como mera maquiagem. Sim: foi hipocrisia, desonestidade e desinformação.

Nesse caso, por que alguns conservadores adotam “dois pesos e duas medidas” no campo ambiental? Por que tentam minimizar o resultado vergonhoso do governo anterior distorcendo o desempenho do governo atual?

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É uma tristeza que o governo Bolsonaro tenha jogado fora a oportunidade de ouro de combinar bons resultados econômicos com a conservação ambiental – isso teria sido uma pá de cal em boa parte do discurso da esquerda. Mas é uma grande picaretagem tentar jogar areia nos olhos da oposição usando como recurso a desinformação. Pode ser que o governo Lula se mostre um desastre no campo ambiental. Mas por enquanto esse desastre está na conta da direita.

Como a Gazeta do Povo vem insistindo há tempos, vivemos um apagão da liberdade de imprensa e de expressão no Brasil. É dever dos conservadores e dos liberais lutar contra esse apagão. Mas é impossível negar o fato de que o cultivo da erva da desinformação se disseminou entre influenciadores de direita, tanto quanto entre os progressistas. Fake news e desinformação circulam com pouca ou nenhuma reprovação. A coisa me faz lembrar a figura do pai pusilânime, que tolera a maresia dentro de casa, e não deixa ninguém mexer com seus garotões. Até que a polícia aparece.

O uso da desinformação por conservadores nunca justificará a violação do direito fundamental à liberdade de expressão; a culpa da tirania é dos nossos tiranetes. Mas certamente esse comportamento transviado dá munição aos censores, e ajuda a explicar a sua surpreendente popularidade.

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LULA E SEUS VINGADORES SÓ PENSAM EM FAZER O MAL

 

Por
Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

Recentemente, o Ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, fez uma declaração comparando-se aos Vingadores. De fato, como parte da equipe de Lula, Dino faz parte de um time de vingadores, mas há uma diferença crucial entre os Vingadores da Marvel e os de Lula.

Na saga dos quadrinhos e do cinema, os Vingadores buscam justiça, protegem os mais fracos e combatem o mal. Como o Brasil é hoje o multiverso da inversão de valores, os vingadores de Lula fazem jus ao apelido por uma razão totalmente diversa: buscam e promovem vingança.

Veja-se o caso de Waldih Damous, secretário do Ministério de Dino. Damous, que já foi advogado de Lula, quando seu cliente foi condenado e preso, afirmou publicamente que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria ser fechado – por vingança. É a lógica da retaliação pautada em interesses e avessa à justiça.

Como o Brasil é hoje o multiverso da inversão de valores, os vingadores de Lula fazem jus ao apelido por uma razão totalmente diversa: buscam e promovem vingança

Lula, por sua vez, como líder do governo de vingadores, declarou abertamente que só ficaria satisfeito quando “ferrasse” Sergio Moro, um dos juízes responsáveis por sua condenação. Em vez de se engajar num debate construtivo contra a corrupção, algo de que entende muito, o que quer é vingança pessoal.

Por vingança, tudo que lembra a Lava Jato deve ser extirpado. O governo desativou, por exemplo, o setor anticorrupção da Controladoria da União, quer desfazer os acordos de leniência que recuperaram bilhões e o presidente da Petrobras desse time de vingadores quer se livrar do setor anticorrupção da estatal como se fosse um “entulho da Lava Jato”.

Nesse governo da vingança, quem apoiou a operação Lava Jato, aliás, não tem vez na ocupação de cargos de liderança, enquanto muitos envolvidos em escândalos, ou então investigados, processados ou até condenados ocupam altas posições em ministérios ou estatais.

A vingança de Lula mina também as instituições. Ataca reiteradamente os profissionais da Lava Jato e a credibilidade do sistema de justiça. Após ter criticado Bolsonaro por não seguir a lista tríplice para Procurador-Geral da República, paradoxalmente afirma que seguirá o mesmo caminho, repetindo o erro.

Lula demonstrou ainda insensibilidade diante de ameaças à vida de agentes da lei. Sua reação foi debochada e indiferente diante do sofrimento dos pais de duas famílias que descobriram que seus filhos estavam nas listas de alvos do Primeiro Comando da Capital (PCC), Isso contradiz os princípios dos verdadeiros heróis, aos quais Flávio Dino almejava se comparar.

Outro exemplo é a tentativa de cassar os mandatos dos agentes políticos eleitos, oriundos da Lava Jato, com base em argumentos absurdos e na influência política. Até quando vai seguir a perseguição contra a Lava Jato e aos seus agentes? Em vez de cuidar do futuro dos brasileiros, o governo tem uma obsessão por reescrever o passado.

Após ter criticado Bolsonaro por não seguir a lista tríplice para Procurador-Geral da República, paradoxalmente afirma que seguirá o mesmo caminho, repetindo o erro

É alarmante ainda a forma como o governo dos vingadores quer censurar a liberdade de expressão. O governo da vingança prometeu unir o país, mas busca isso pelo caminho errado: de supressão do dissenso, em vez de promover a tolerância com a pluralidade política e de pensamento.

O governo quer de todo modo controlar a narrativa, seja por meio do ministério da verdade anunciado no início do seu governo, da mudança da lei das estatais para investir bilhões em publicidade na grande imprensa, ou então de um órgão com superpoderes para monitorar as redes sociais. E ai de quem se ousar se opor: os defensores da liberdade de expressão são tachados de assassinos de crianças.

Lula ataca ainda o setor agropecuário simplesmente porque em boa medida apoiou seu adversário político. Em entrevista ao Jornal Nacional, em agosto de 2022, Lula classificou parte do setor como “fascista” e “direitista”. Culpou o “agronegócio maldoso” pelo 8 de janeiro de modo leviano. Atribuiu ao agro a responsabilidade pelo desmatamento. O que é esse ataque generalizador se não for um ato baixo de vingança política?

E Lula fez isso justamente contra um setor que merece grande reconhecimento pela sua contribuição para a economia e a segurança alimentar do país. O Brasil precisa do agro. Se há desmatamento, que os culpados sejam responsabilizados, mas o ataque a toda uma categoria, grande parte da qual nem possui terras nas regiões amazônicas, é deplorável. Ao fazer isso, ele legitima medidas protecionistas de países como a França. Assim, ele prejudica o próprio Brasil.

Um governo vingativo polariza ainda mais a sociedade. Ao buscar vingança contra seus oponentes políticos, Lula estimula um ambiente de hostilidade e divisão, de nós contra eles, de empregados contra patrões, de ricos contra pobres, de desarmamentistas contra armamentistas, de ambientalistas e sem-terra contra o agro.

É um país que não cabe no “todos”. Tem que ser dividido em todos, todas, todes, todus, todis e, com o tempo, faltarão letras no alfabeto. Os cidadãos são incentivados a tomar lados como inimigos, alimentando conflitos, prejudicando a coesão social e minando a confiança de uns nos outros e nas instituições democráticas.

A liderança de um país exige uma série de habilidades e qualidades, sendo uma delas a capacidade de unir as pessoas em torno de um projeto para o bem comum. Contudo, falta um discurso de união em torno de um projeto. E aí reside um problema gravíssimo: passados mais de 120 dias de governo, não há projeto para o desenvolvimento do país. Não há projeto para vencermos nossos problemas e desafios.

Na campanha, Lula assegurou que sabia o caminho com frases que diziam “confiem em mim, eu sei o que fazer”, “vai chover picanha e cerveja”. Contudo, o único projeto que se viu, para além de slogans vazios, é um projeto de reabilitação política impregnado de vingança.

Flávio Dino está certo: um time de vingadores governa o país. O slogan “Brasil da Esperança” deveria ser mudado para o “Brasil da Vingança”. Dizem que o exemplo arrasta. Nesse caso, arrasta para o abismo vazio da divisão e da polarização, ou então para a instabilidade de um novo impeachment, que pode se tornar cada vez mais necessário.

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LULA ATRAPALHA O GOVERNO COM SUAS DECLARAÇÕES VINGATIVAS

 

Manipulação de resultados é só uma amostra dos males que a jogatina é capaz de produzir

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

Um surto de manipulação de resultados de jogos de futebol se espalha no País, aparentemente no mesmo ritmo em que proliferam, ao arrepio da lei, as casas de apostas online. O esquema até aqui descortinado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) já mostrou que nem a elite do esporte nacional − vitrine para o mundo − está a salvo da ação criminosa de apostadores que tentam ditar o que se passa nos gramados, interferindo até mesmo no número de escanteios ou de cartões amarelos e vermelhos.

Como noticiou o Estadão, a Justiça goiana recentemente acatou denúncia do MP-GO com base na Operação Penalidade Máxima 2, que apontou fraudes inclusive em partidas da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022. Um time com a tradição do Santos − e isso não é trivial − afastou um de seus zagueiros, transformado em réu na ação. As investigações prosseguem e sabe-se lá o que haverão de revelar. Por ora, a única certeza é que as casas de apostas online, antes mesmo de serem legalizadas, já provocaram um tremendo estrago.

Vale notar que os jogos de azar são proibidos no País. Como já registramos outras vezes neste espaço, a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/1941) continua em vigor e prevê pena de detenção de três meses a um ano para quem estabelece ou explora esse tipo de atividade. Punição, aliás, reforçada pelo Congresso em 2015, com a fixação de multa para quem participa da jogatina, mesmo que pela internet. A propósito, é falacioso o argumento de que tal realidade teria sido alterada pela Lei 13.756/2018, considerando que as chamadas “apostas de quota fixa” não foram ainda regulamentadas − algo que o governo, equivocadamente, pretende fazer em breve, por medida provisória em fase final de elaboração. Em resumo, as empresas que exploram a jogatina online vêm operando ilegalmente no Brasil.

É espantoso, então, que as casas de apostas online não apenas sigam funcionando, como também patrocinem quase todos os clubes da Série A do Brasileiro. O poderio econômico desse setor de faturamento bilionário, por sinal, costuma ser invocado por quem defende a liberação dos jogos de azar. Os arautos da jogatina fingem não ver, claro, que os recursos que surgem de um lado desaparecem do outro, no rastro da desagregação do tecido social e dos demais danos provocados pelos jogos de azar. Sem falar na porta que se abre para a lavagem de dinheiro e outros crimes.

Ora, as tramoias reveladas até aqui não deixam dúvida quanto aos riscos representados pelos sites de apostas: mal esse tipo de empresa se instalou no País e já produziu um cenário de crise que atinge em cheio uma paixão nacional e o poderoso mercado da bola. Fraudes de que não se tinha notícia em tamanha extensão e profundidade − e que agora passam a exigir a atenção e a mobilização do aparato estatal, consumindo tempo e recursos do governo, com a Polícia Federal já convocada a entrar na investigação. Eis o triste retrato do que as casas de apostas online são capazes de produzir. Um problema que só se agravará se essa modalidade de jogo vier a ser legalizada no Brasil.

APOSTAS ONLINE CONTAMINAM O FUTEBOL

 

Manipulação de resultados é só uma amostra dos males que a jogatina é capaz de produzir

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

Um surto de manipulação de resultados de jogos de futebol se espalha no País, aparentemente no mesmo ritmo em que proliferam, ao arrepio da lei, as casas de apostas online. O esquema até aqui descortinado pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) já mostrou que nem a elite do esporte nacional − vitrine para o mundo − está a salvo da ação criminosa de apostadores que tentam ditar o que se passa nos gramados, interferindo até mesmo no número de escanteios ou de cartões amarelos e vermelhos.

Como noticiou o Estadão, a Justiça goiana recentemente acatou denúncia do MP-GO com base na Operação Penalidade Máxima 2, que apontou fraudes inclusive em partidas da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022. Um time com a tradição do Santos − e isso não é trivial − afastou um de seus zagueiros, transformado em réu na ação. As investigações prosseguem e sabe-se lá o que haverão de revelar. Por ora, a única certeza é que as casas de apostas online, antes mesmo de serem legalizadas, já provocaram um tremendo estrago.

Vale notar que os jogos de azar são proibidos no País. Como já registramos outras vezes neste espaço, a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 3.688/1941) continua em vigor e prevê pena de detenção de três meses a um ano para quem estabelece ou explora esse tipo de atividade. Punição, aliás, reforçada pelo Congresso em 2015, com a fixação de multa para quem participa da jogatina, mesmo que pela internet. A propósito, é falacioso o argumento de que tal realidade teria sido alterada pela Lei 13.756/2018, considerando que as chamadas “apostas de quota fixa” não foram ainda regulamentadas − algo que o governo, equivocadamente, pretende fazer em breve, por medida provisória em fase final de elaboração. Em resumo, as empresas que exploram a jogatina online vêm operando ilegalmente no Brasil.

É espantoso, então, que as casas de apostas online não apenas sigam funcionando, como também patrocinem quase todos os clubes da Série A do Brasileiro. O poderio econômico desse setor de faturamento bilionário, por sinal, costuma ser invocado por quem defende a liberação dos jogos de azar. Os arautos da jogatina fingem não ver, claro, que os recursos que surgem de um lado desaparecem do outro, no rastro da desagregação do tecido social e dos demais danos provocados pelos jogos de azar. Sem falar na porta que se abre para a lavagem de dinheiro e outros crimes.

Ora, as tramoias reveladas até aqui não deixam dúvida quanto aos riscos representados pelos sites de apostas: mal esse tipo de empresa se instalou no País e já produziu um cenário de crise que atinge em cheio uma paixão nacional e o poderoso mercado da bola. Fraudes de que não se tinha notícia em tamanha extensão e profundidade − e que agora passam a exigir a atenção e a mobilização do aparato estatal, consumindo tempo e recursos do governo, com a Polícia Federal já convocada a entrar na investigação. Eis o triste retrato do que as casas de apostas online são capazes de produzir. Um problema que só se agravará se essa modalidade de jogo vier a ser legalizada no Brasil.

TECNOLOGIA AJUDA A HUMANIZAR AS EMPRESAS

 

Tiago Sanches – Gerente comercial da Total IP

Conheça soluções automatizadas, capazes de alavancar a captação de talentos no mercado

Atrair um candidato ideal não é tão simples quanto parece. Na verdade, por muitas vezes, trata-se de um desafio a ser superado. Com inúmeros players no mercado, disputar pelo profissional certo requer investimento por parte das companhias. Logo, quem atenta-se, desde o princípio, a fatores como transparência, praticidade e humanização, larga na frente dos demais. Para seguir a tendência, deve-se buscar recursos capazes de incentivar processos eficazes e convidativos. A tecnologia é, portanto, uma das chaves para a resolução desse problema. Cabe às corporações adotarem a novidade e alterarem seus rumos.

Fragilidades para se encontrar candidatos no mercado de trabalho

Quando tratá-se do desenvolvimento de ferramentas cotidianas, atrela-se, automaticamente, à imagem da área de Tecnologia da Informação (TI). Esse ramo, tão alinhado com os preceitos do mundo digital, tem aumentado cada vez mais dentro do país. Seu mercado aquece quem busca empreender e valoriza os passos em direção à prosperidade. Na última década, o meio de atuação apresentou uma taxa de crescimento de 43%. Segundo o relatório Insights Report, divulgado pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR), até maio do último ano, havia mais de 275 mil entidades ativas no setor. “Isso demonstra a relevância de organizações pautadas no progresso, como é o caso da Total IP”, pontua o gerente comercial da Total IP, Tiago Sanches.

Por outro lado, captar talentos para essa esfera tem se mostrado uma adversidade latente à maioria dos empreendimentos. Quando analisá-se a situação no Brasil, o cenário enxergado é, no mínimo, preocupante. De acordo com o levantamento realizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), estima-se a carência de 400 mil profissionais para cargos dessa instância. Até 2025, as previsões tendem a piorar, pois não indicam uma melhora na formação desses indivíduos. Assim, devido à ampliação exponencial do mercado de TI, espera-se contar com uma insuficiência de 797 mil trabalhadores até a data sugerida.

Para complementar os dados e elucidar o contexto vivido, a pesquisa também indicou a taxa de rotatividade desses colaboradores. Conforme a associação, 48% dos funcionários entrevistados abandonam ou trocam seus cargos dentro do período de um ano. Ou seja, além de enfrentar o obstáculo de encontrar um raro especialista, é preciso estar alerta à área de recursos humanos (RH) a fim de retê-los. “O revés pode parecer complexo, principalmente após a pandemia, quando os servidores passaram a avaliar mais criteriosamente seus parâmetros de atuação. Um bom salário ou benefício exclusivo já não será o responsável por segurar alguém. Por isso, invista em novidades e ganhe espaço no meio”, acrescenta Sanches.

Como a tecnologia consegue auxiliar na retenção de candidatos  

Dada a conjuntura presente, fica nítido a necessidade de apostar no RH. Cada vez mais, jovens aprendizes, estagiários e efetivos se preocupam com suas condições laborais. A máxima de “viver para o trabalho” foi estritamente perpassada. Hoje, encontra-se algo próximo do “apesar de existir, também opero”. Em outras palavras, as relações têm assumido um palco de maior prestígio. Valorizar as preferências e minuciosidades de um subordinado é extremamente notável. Para isso, muitas vezes a mão humana não dá conta sozinha. Ela precisa de aliados capazes de automatizar procedimentos repetitivos e mitigar a fadiga. Quando o futuro de uma firma depende dos pequenos detalhes cotidianos, a atenção urge ser redobrada.

A partir dessas dores, a Total IP desenvolveu mecanismos com o poder de facilitar o contato entre gestores e equipe. “Com o PABX-IP Corporativo, por exemplo, nos esforçamos para construir um aparato capaz de unificar toda uma organização por meio de uma única linha telefônica. Ele é composto por um servidor, local ou em nuvem, e os chamados softphones – aplicativos para computador e celular, os quais permitem a realização de chamadas. Com base neles, conseguimos andar alinhados com o home office e manter o grupo conectado de onde estiver”, ressalta o diretor de tecnologia da Total IP, Giovane Oliveira.

O diferencial das corporações é romper com o modelo tradicional de feedbacks – por muitas vezes rarefeito – e incentivar uma mecânica de respostas constante. Pequenos gestos como esse já são suficientes para demonstrar reconhecimento e conquistar o colaborador. Outro dispositivo imprescindível para promover um ambiente mais horizontal nas relações ocupacionais é o Robô Dinâmico para Chat, WhatsApp e Telegram. Com esse amigo andróide, os estabelecimentos abrem um leque maior de canais para comunicação e contam com um auxílio em mensagens de texto.

Outras funcionalidades da tecnologia

Nem sempre o coordenador poderá parar os seus afazeres e responder um membro do time. Para combater o infortúnio, um robô dinâmico se adianta e já introduz o assunto com o remetente. “Por ser integrado à API Business do WhatsApp, ele atua diretamente no app sem complicações. Com templates (HSM) pré-cadastrados e homologados, ele consegue disparar notas ativamente. Isso poupa inúmeras etapas de uma devolutiva, algo central na vida de um diretor, por exemplo. Além disso, está 100% em português e veicula por meio de uma conta verificada pela Meta”, aponta Oliveira.

Pode parecer curioso, porém o segredo para atingir uma abordagem humanizada reside – na verdade – em instrumentos robotizados. Essa é a magia por trás da tecnologia. Ela não nasceu para desvincular o homem das suas relações com os outros. Pelo contrário, o propósito dela, quando tomado seriamente por entidades como a Total IP, é potencializar os laços. Portanto, a recomendação ao empresariado é acreditar em novas rotas, desprender-se do passado, valorizar as profissões do futuro e seguir em frente!

FANS TOKENS DA VALEON

Os Clubes de Futebol no Brasil e no Mundo estão alinhados fora de campo e estão investindo em inovação e no mercado de criptoativos, mais especificamente as Fans Tokens que são moedas digitais chamadas de CHILIZ(CHZ).

A novidade é atribuir um valor de ativo financeiro a um produto com o qual o fã cria relacionamentos e experiências com o Clube de Futebol e que antes era apenas um serviço sem valor de revenda ou de valorização desse ativo. As Fans Tokens ajudam os clubes a melhorar a parte financeira.

Assim como nenhum elemento do marketing faz nada sozinho, não só em clubes, mas em qualquer empresa, as Fans Tokens também precisam ter a imagem trabalhada para chegar ao consumidor de forma clara, oferecendo algo que seja palatável e legível ao torcedor, ou seja, as pessoas precisam entender do que se trata este ativo digital para poder consumi-lo.

Como toda inovação, as Fans tokens ainda estão numa fase inicial e todos nós estamos aprendendo com elas. Não podemos perder de foco é que a tecnologia não pode ser o fim, a tecnologia é simplesmente o meio e é a chave para o engajamento e temos que compreender que a tecnologia pode gerar lucro, construir operações sustentáveis, proteger a integridade da concorrência, desenvolver multiplataformas e muito mais.

Engajar os fãs não é algo exclusivo do esporte. Pelo contrário, todas as marcas querem encantar seus consumidores e engajá-los das mais variadas formas. Descobrir essas formas é uma das muitas atividades de quem trabalha com comportamento do consumidor.

Em marketing, podemos definir o engajamento do cliente como os comportamentos espontâneos, interativos e cocriativos do consumidor, principalmente em trocas não transacionais entre consumidor e empresa para atingir seus objetivos individuais e sociais.

Em outro contexto, porém, podemos pensar no engajamento como um estado de espírito motivacional relacionado à marca e dependente do contexto de um cliente, caracterizado por níveis específicos de atividade cognitiva, emocional e comportamental nas interações da marca. E, nesse aspecto, surge um fator importante: como os consumidores engajados fornecem referências e recomendações para produtos específicos, o engajamento do cliente é um elemento-chave nas estratégias das empresas para o desenvolvimento de soluções, de novos produtos e retenção de clientes. É aqui que surge a ideia da monetização.

A Startup Valeon cria as FANS TOKENS VALEON para premiar uma enorme comunidade de consumidores que utilizam as redes sociais, que são o nosso público-alvo, que são as pessoas que achamos que podem realmente se beneficiar do nosso produto que é a Plataforma Comercial Marketplace Valeon e muitas vezes não possuem o conhecimento básico de como o nosso produto funciona.

As Fans Tokens são para aqueles que não querem apenas ser espectadores, mas para aqueles que desejam ter um papel mais ativo na comunidade das redes sociais.

A tokenização fornece novas maneiras inspiradoras de classificar valor, criando novos ativos ou reinventado os tradicionais, abrindo portas para melhoria de processos totalmente novos, fluxos de receitas e envolvimento dos clientes com novas oportunidades.

Pensando nisso, a Startup Valeon através do seu Site, aposta na possibilidade de trazer o consumidor que pode estar longe ou não conhece a Valeon para perto da gente e ainda ser nosso colaborador participando ativamente do nosso desenvolvimento, gerando transformações e tendo o direito de fornecer conhecimentos específicos para o desenvolvimento do Site.

Valor do Fan Token Valeon = R$ 1,00

Solicitamos a colaboração dos consumidores do Vale do Aço para as oportunidades de influenciarem em algumas decisões do nosso dia-a-dia e quanto maior o peso de suas opiniões, mais Fan Tokens irá ganhar.

1 – Você pode auxiliar no desenvolvimento do nosso Site Valeon verificando alguma possibilidade de melhoria nele.

Prêmio: 50 Fan Token Valeon

2 – As Empresas, Serviços e Profissionais que desejarem participar aderindo suas Publicidades e Propagandas ao Site Valeon terão descontos.

Prêmio: 30% na mensalidade

3 – Sugestões de Internautas que queiram incluir ÁLBUNS DE MÚSICAS de até 150 MB NA COLEÇÃO DE MÚSICAS do Site Valeon.

Prêmio: 20 Fan Token Valeon

VALIDADE DAS FANS TOKENS VALEON: 06 MÊSES

IPAT/1/04/2023

Envie sua MENSAGEM por e-mail no site da Valeon

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

sexta-feira, 12 de maio de 2023

CPI DO MST VAI INVESTIGAR INVASÕES TAMBÉM NAS CIDADES

 

Câmara dos Deputados
CPI do MST pode investigar invasões do MTST de Boulos e influenciar na eleição de São Paulo em 2024
Por
Aline Rechmann – Gazeta do Povo


O deputado federal Guilherme Boulos deve ser membro da CPI do MST e quer concorrer à prefeitura de São Paulo mais uma vez| Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que aguarda instalação na Câmara dos Deputados, pode influenciar nas eleições municipais de São Paulo se investigar também o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. O chamado MTST é coordenado e historicamente ligado ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que deve ser o candidato apoiado pelo PT no pleito.

Um dos maiores defensores da ideia de expandir as investigações sobre o MST e chegar também ao MTST e à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) é o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP). Ele é o nome mais cotado para assumir a relatoria da CPI e também busca indicação para concorrer à prefeitura de São Paulo.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ainda aguarda instalação na Câmara dos Deputados. Enquanto isso, oposição e governo buscam fortalecer suas narrativas e estratégias para os trabalhos. O PT buscará proteger o MST e deve reforçar a tese de que não há fato determinado para as investigações. Já a oposição pretende focar não só nas invasões de terras no meio rural, mas também em movimentos que coordenam invasões em áreas urbanas.

O deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP) é o mais cotado para assumir a relatoria da CPI. Ele vem afirmando que pretende incluir outros movimentos nas investigações. Caso isso ocorra, a CPI do MST passaria a se chamar CPI das Invasões.

Salles é autor de um dos requerimentos que deu origem à CPI do MST. No documento, ele apontou preocupação com os crimes de invasão cometidos também nas cidades. “Não bastasse o cometimento desses crimes no campo, o que assistimos e muito nos preocupa é a defesa dessas práticas criminosas pelos atuais gestores, que virá a fomentar as invasões à propriedade privada não só no campo, mas também nas cidades”, enfatiza o deputado paulista.

Outros dois requerimentos foram apresentados pelos deputados federais – Tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e Ricardo Salles (PL-SP). Por fim, eles se uniram para atingir as 171 assinaturas necessárias. O requerimento do deputado Zucco acabou sendo protocolado ao alcançar 172 assinaturas e por isso ele é cotado para presidir o colegiado.

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Inclusão do MTST na CPI mira Boulos e a prefeitura de São Paulo 

Em entrevistas recentes, Salles disse que “a versão urbana do MST é o MTST, de onde o Boulos cresceu”. A afirmação antecipa os embates da CPI, caso se confirme também a indicação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) na composição do colegiado. Boulos é coordenador nacional do MTST.

Além do embate na CPI, Salles e Boulos podem protagonizar a disputa pela prefeitura de São Paulo nas próximas eleições. Boulos já concorreu ao cargo em 2020 e Salles busca a indicação para concorrer pelo Partido Liberal (PL). O ex-ministro de Bolsonaro, no entanto, terá que convencer a cúpula do partido a retirar o apoio ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). O PL tem cargos na gestão de Nunes e algumas lideranças têm indicado preferência em apoiar o emedebista.

Na avaliação da analista política da FGV Carol Curimbaba, a relatoria de Salles na CPI pode influenciar na decisão do partido. “Se Salles conseguir conduzir bem, de forma justa e incisiva, vai ser uma passagem livre para ele começar a despontar [a candidato] para a prefeitura de São Paulo, que será uma disputa de extremos, entre ele e Boulos”, disse a especialista.

Em sua busca pelo espaço, Salles tem feito afirmações que buscam atingir Boulos. “O povo paulistano jamais permitirá ser comandado por alguém que em nada representa o espírito da nossa cidade. Invasor de propriedade, aqui não”, comentou o deputado ao reproduzir o trecho de uma entrevista em que menciona Boulos em suas redes sociais.

Boulos sinaliza possibilidade de questionar CPI do MST no STF 
Já Boulos, assim como outros deputados governistas vem questionando a criação da CPI do MST. Para eles, a CPI não tem fato determinado, um dos pré-requisitos previstos no regimento da Câmara dos Deputados para criação deste tipo de comissão.

Na visão do parlamentar do PSOL, não existiriam motivos concretos para a instalação da CPI. “Essa CPI é um casuísmo, que inclusive vai ser questionada no Supremo Tribunal Federal porque não tem objeto. Pela legislação, uma CPI precisa ter um fato definido para poder ser instaurada. Uma CPI do MST é uma coisa totalmente descabida”, afirmou Boulos em entrevista à Jovem Pan News.

A Gazeta do Povo tentou contato com a assessoria do deputado federal Guilherme Boulos, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

MST já foi investigado em outras CPIs no Congresso Nacional 
Esta será a quinta CPI que busca investigar o MST e as invasões de terra no Brasil. Desde 2003, o movimento já foi investigado em quatro comissões de inquérito no Congresso Nacional, sendo a primeira a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Terra, que funcionou entre 2003 e 2005. Também foi alvo da CPMI “do MST” (2009-2011), da CPI Funai Incra (2015 –2016) e da Funai Incra 2 (2016 – 2017).

De acordo com membros da direção do MST, essa é uma forma de atacar o movimento social e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A gente está indo para a quinta CPI ao longo dessa caminhada do MST. Todas elas tiveram esse mesmo caráter, instrumento para tentar nos colocar em uma posição de encantonamento e evidenciar as posições políticas da extrema direita, dos ruralistas em relação a nós”, ressaltou Ceres Hadich, que faz parte da direção nacional do MST, em entrevista à Agência Brasil.

Apesar disso, a analista Carol Curimbaba avalia que agora as condições desta CPI são diferentes. “Desde os últimos governos de Lula e Dilma, passamos pelos governos de Temer e Bolsonaro, quando tivemos uma redução enorme nas invasões e aumento da titularização. Esse espaço de tempo nos forneceu muita prova de que o movimento parece que não quer titularizar. Querem muito mais essa briga política e, no fim, manter essas famílias mais dependentes do movimento, do que de fato resolver o problema de moradia rural ou urbana”, afirmou a especialista.

Para o cientista político e professor da Universidade do Distrito Federal (UDF), André Rosa, a CPI do MST, que mira também outros movimentos, é uma tentativa do Parlamento de inibir esses grupos. “Essa inibição é tão latente porque agora nós temos um governo com um presidente que vem do meio sindical, que vem dos movimentos de base, dos partidos de massa. Então, o MST e o MTST teriam uma maior maleabilidade para defender as suas pautas e, inclusive fazendo as suas ocupações. É visto que existe um risco político muito maior dessas agremiações terem mais força no governo Lula. Assim, deputados e senadores já se articulam para que isso [a criação das CPIs] seja como um fator inibidor desses grupos políticos”, opinou Rosa.

MTST também conquistou espaço no governo Lula 
A exemplo do MST, o MTST também conquistou espaço em cargos no governo Lula. Em janeiro, o governo nomeou o militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Simões Pereira para comandar a Secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos, do Ministério das Cidades.

Com recriação da pasta, extinta durante o governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), a Secretaria das Periferias foi criada por sugestão de Boulos. Ele também foi responsável pela indicação de Simões para assumir o cargo de secretário Nacional. Em seu perfil no Twitter, o deputado comemorou a nomeação.

Composição, presidência e relatoria da CPI do MST ficam para a segunda metade de maio 
A composição deverá ser definida nas próximas semanas, com o retorno do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), de viagem aos Estados Unidos. Mas os deputados já buscam garantir suas indicações junto aos líderes de seus partidos. Até o momento, os deputados federais Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) e Ricardo Salles (PL-SP) são os cotados para assumir a presidência e a relatoria da CPI, respectivamente.

Membros do Partido dos Trabalhadores (PT) afirmam que só vão discutir a possibilidade de indicação de nomes para a presidência ou relatoria após indicação dos demais partidos.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/cpi-do-mst-pode-investigar-invasoes-do-mtst-de-boulos-e-influenciar-na-eleicao-de-sao-paulo-em-2024/
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LULA QUER UM BANCO CENTRAL PARA CHAMAR DE SEU

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Gabriel Galípolo, atual “número 2” do Ministério da Fazenda, foi indicado para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central; nomeação ainda passa pelo Senado.| Foto: Washington Costa/Ministério da Fazenda

Lula vem travando uma batalha incessante contra o Banco Central; contra seu presidente, Roberto Campos Neto; e contra a taxa Selic, que o presidente da República considera alta demais. Mas esbarra em um obstáculo formidável: a autonomia da autoridade monetária, aprovada pelo Congresso Nacional e que PT e PSol até tentaram derrubar no Supremo, sem sucesso. Como não se trata de algo que possa ser simplesmente revogado com um decreto, como Lula está tentando fazer com o Marco do Saneamento, resta-lhe apenas usar a ferramenta que a lei lhe permite: as nomeações para a diretoria do BC, na tentativa de torná-lo mais amigável, leia-se subserviente.

Na segunda-feira, dia 8, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, seria indicado pelo governo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central, que vinha sendo ocupada interinamente desde o fim do mandato de Bruno Serra, em fevereiro. Para outra diretoria vacante, a de Fiscalização, o nome escolhido foi de Aílton Aquino, respeitado funcionário de carreira do BC. Ao comentar as duas indicações, Haddad, disse que ambos “vão observar rigorosamente a mesma lei. E com o seguinte comando: é buscar harmonizar a política fiscal e a política monetária. Então não tem nenhuma outra intenção que não seja buscar a integração, buscar a coordenação com o mesmo propósito. Qual? Crescer com baixa inflação e com justiça social”.

O que o governo quer não é “harmonia”, mas sujeição: uma política monetária que valide a irresponsabilidade fiscal lulista

Um palavrório que engana apenas os mais incautos. “Harmonização”, “integração” e “coordenação” entre políticas monetária e fiscal não são um fim em si mesmo. Afinal, se um governo praticar uma política fiscal completamente irresponsável e inflacionária, cabe ao BC impor uma política monetária em sentido oposto, que atenue o estrago; a convergência só é desejável quando ela ocorre em nome da saúde fiscal que fortalece a moeda, eleva a confiança, atrai investimento e gera emprego e renda. Mas a essa altura já está bem claro que o “propósito” do governo está longe de ser “crescer com baixa inflação e com justiça social”, e sim gastar o que for preciso, inclusive tolerando-se uma inflação mais alta, já que Lula se mostra incomodado não apenas com atual Selic, mas também com a atual meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. No fim, o que o governo quer não é “harmonia”, mas sujeição: uma política monetária que valide a irresponsabilidade fiscal lulista, como fizera Alexandre Tombini, que presidiu o BC na era Dilma e comandou um ciclo de redução artificial de juros entre 2011 e 2012, tão insustentável que foi revertido logo depois.

A indicação de Galípolo marcaria, então, o início da construção de uma “base aliada” do governo dentro do BC e do Copom, para atingir lentamente esse objetivo? Haddad destacou o currículo do indicado como ex-presidente do Banco Fator, disse que ele tem bom trânsito no Congresso e mencionou que o primeiro a falar de Galípolo como possível diretor do BC foi o próprio Campos Neto, em almoço durante reunião do G20 na Índia. Tudo para dar a impressão de que o novo diretor, caso seja aprovado pelo Senado (que tem o papel de sabatinar indicados a diretorias do BC), seria um nome bem visto pela classe política e também pelo mercado.

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No entanto, há bons motivos para preocupação, pois Galípolo também é apontado como defensor da Teoria Monetária Moderna (MMT, na sigla em inglês), uma linha bastante heterodoxa que pode ser resumida na ideia segundo a qual políticas expansionistas podem ser livremente bancadas pela emissão de moeda como forma de autofinanciamento do governo. Este ciclo sem fim em que aumento de gastos e emissão de moeda se retroalimentam costuma trazer resultados positivos imediatos, mas que logo são soterrados por inflação e recessão duradouras. Mesmo sendo repudiada por economistas de inclinações mais à esquerda, como Paul Krugman, e apesar de já ter sido tentada no passado em vários países latino-americanos (incluindo a Argentina kirchnerista e a Venezuela bolivariana), com resultados catastróficos, a MMT ainda tem seus entusiastas, inclusive no Brasil, alguns dos quais são ligados ao PT. No ano passado, Galípolo apareceu como um dos responsáveis por um documento do Núcleo de Economia Política do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) que defendia políticas inspiradas na MMT – o núcleo é coordenado por André Lara Resende, um desses entusiastas da Teoria Monetária Moderna.

É obrigação do Senado, durante a sabatina de Galípolo, confrontá-lo com suas declarações passadas para entender que tipo de perspectiva o indicado pretende levar ao BC e ao Copom. Hoje, ele seria apenas um voto entre nove, mas Lula ainda nomeia mais dois diretores este ano e, em 2024, escolherá o sucessor de Campos Neto – um dos nomes cotados é justamente o de Galípolo. Se o presidente da República quer aparelhar o BC para impor uma política monetária subserviente, cabe ao Senado frear esse movimento; do contrário, em pouco tempo Lula finalmente terá um Tombini para chamar de seu.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/banco-central-lula-gabriel-galipolo/
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ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

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