Antes de se dirigir para a batalha em sua máquina de guerra salpicada de lama, um tanque T-64,
uma tripulação ucraniana com três homens realiza um ritual. O
comandante, Pvt. Dmitro Hrebenok, faz uma oração e então, os homens
andam ao redor do tanque, acariciando a robusta armadura verde.
“Nós dizemos: ‘Por favor, não nos decepcione na batalha’”, disse o
sargento Artiom Knignitski, o mecânico. “Nos leve para lá e nos traga de
volta.”
Uma batalha de três semanas em uma planície perto da cidade
mineradora de Vuhledar, no Sul da Ucrânia, levou ao que autoridades
ucranianas dizem ser a maior batalha de tanques da guerra até agora. E
se transformou em um duro revés para os russos.
Ambos os lados enviaram blindados para o front, avançando por
estradas de terra e manobrando em torno de árvores. De um lado os russos
avançavam em fileiras; do outro, ucranianos manobravam defensivamente,
atirando à distância ou de esconderijos enquanto os russos avançavam.
Quando a longa batalha finalmente acabou, a Rússia não apenas
fracassou em capturar Vuhledar, como cometeu o mesmo erro que custou a
Moscou centenas de tanques no início da guerra: avançar suas fileiras em
direção a emboscadas.
Explodidos por minas, atingidos por artilharia ou por mísseis
antitanque, os cascos carbonizados dos veículos blindados russos agora
se espalham pelos campos agrícolas ao redor da cidade, de acordo com
imagens de drones militares ucranianos.
Segundo eles, a Rússia perdeu pelo menos 130 tanques e veículos
blindados na batalha. A Ucrânia não revela quantos veículos perdeu.
“Estudamos as estradas que eles usam, depois nos escondemos e esperamos
para atirar em emboscadas”, disse o sargento Knignitski.
A falta de experiência também atrapalhou os russos. Muitas de suas
unidades de elite foram deixadas em frangalhos em combates anteriores e,
em seu lugar, o Exército convocou soldados recém-recrutados, não
treinados nas táticas ucranianas de emboscada.
Soldados ucranianos disseram ter capturado um médico que havia sido
designado para operar um tanque, um sinal de que a Rússia está ficando
sem comandantes de tanques experientes.
O Exército russo se concentrou e até mitificou a guerra de tanques
por décadas, uma alusão às vitórias russas sobre os nazistas na 2.ª Guerra. As fábricas nos Montes Urais produziram tanques aos milhares.
Mas em Vuhledar, na semana passada, Moscou perdeu tantos blindados
que mudou de tática e recorreu apenas a ataques de infantaria, de acordo
com comandantes ucranianos.
As emboscadas têm sido a tática característica da Ucrânia contra as
fileiras de blindados russos desde os primeiros dias da guerra.
Trabalhando em um bunker na cidade, o tenente Bayak avistou a primeira
coluna de cerca de 15 tanques e veículos blindados se aproximando
através de um vídeo de um drone. “Estávamos prontos. Sabíamos que algo
assim iria acontecer.”
Eles haviam preparado uma zona de matança ao longo de uma estrada de
terra. Equipes antitanque escondidas em árvores e armadas com Javelins
americanos guiados por infravermelho e mísseis Stugna-P guiados a laser
ucranianos, ativaram. Um pouco mais longe dali, as baterias de
artilharia estavam prontas. A estrada de terra foi deixada livre de
minas, enquanto os campos ao redor foram armados com elas, de modo a
atrair os russos a avançar enquanto evitavam que os tanques voltassem.
“O comandante precisava apenas dar uma ordem pelo rádio: ‘Para a
batalha!’”, disse o tenente Bayak.
A profundidade da derrota russa foi enfatizada por blogueiros
militares russos, que surgiram como uma influente voz pró-guerra no
país. Frequentemente críticos dos militares, eles publicaram discursos
raivosos sobre os fracassos em repetidos ataques com tanques, culpando
os generais por táticas equivocadas com uma célebre arma russa.
Gray Zone, um canal do Telegram afiliado ao grupo mercenário Wagner,
escreveu na segunda-feira que “parentes dos mortos estão quase
inclinados a assassinar e se vingar contra o general” responsável pelos
ataques perto de Vuhledar.
Tática de emboscada
A fileira de tanques russos se torna mais vulnerável, explica o
tenente Bayak, depois que o tiroteio começa e os motoristas entram em
pânico e tentam dar meia-volta, dirigindo para o acostamento da estrada
carregada de minas. Os veículos explodidos agem como impedimentos,
retardando ou paralisando a coluna de veículos. Nesse ponto, a
artilharia ucraniana abre fogo, explodindo mais tanques e matando os
soldados que saem dos blindados.
A tripulação do tanque ucraniano que rezava antes de cada batalha
apelidou seu tanque de The Wanderer (O Andarilho), por seus movimentos
errantes pelo campo de batalha. O soldado Hrebenok, de apenas 20 anos,
não tinha treinamento formal em combate de tanques quando a guerra
começou. Mas nos primeiros dias frenéticos da guerra, foi designado para
um blindado, e tem combatido neles desde então, aprendendo truques ao
longo do caminho.
A falta de treinamento ainda é um problema. A Ucrânia também está
perdendo soldados qualificados que são substituídos por recrutas
inexperientes. E muitos tripulantes de tanques ucranianos estão sendo
treinados em tanques ocidentais em países como Alemanha e Reino Unido.
“Todo o meu conhecimento eu ganhei no terreno”, disse.
No último grande confronto, há uma semana, a ordem de preparar uma
emboscada contra uma coluna de 16 tanques e veículos blindados russos
que avançavam em direção às linhas ucranianas chegou durante a madrugada
cinzenta. A tripulação fez a oração, deu um tapinha no tanque e seguiu
em frente. “Nós escondemos o tanque em uma linha de árvores e esperamos
por eles”, disse o soldado Hrebenok. “É sempre assustador, mas
precisamos destruí-los.”
A coluna russa parou nas minas e então O Andarilho abriu fogo. As
tripulações dos tanques russos tiveram poucas chances. “Destruímos
muitos tanques russos. O que eles fizeram de errado foi vir para a
Ucrânia.”
Verdade da boa Fomentam mercado clandestino de opiniões proibidas
Por Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
Alexandre de Moraes: “Em breve vamos perceber que talvez [a
desinformação] seja uma das mais perigosas drogas”.| Foto: Pedro
França/Agência Senado
Cidadão está na fissura. Ele não aguenta
mais ouvir só as notícias permitidas que lhe são repassadas pela
imprensa amiga do Partido. Ele quer sentir algo mais forte. Mais real.
Ele precisa saber a verdade. Ao seu redor, Cidadão vê sua família e seus
amigos todos se alienando com notícias como “Governo aumenta impostos
sobre combustíveis para salvar meio ambiente”, “Presos nos atos do dia 8
de janeiro são perigosos terroristas” e “Lula é o melhor presidente da
história do universo”.
Não dá mais. Cidadão decide, então, recorrer à clandestinidade. Ao
submundo. “Vou ali na esquina e já volto”, diz ele, que ainda mora com o
pai sindicalista e a mãe socióloga. Os pais acham que o filho vai usar
crack – e por isso dão de ombros. Eles confiam nas políticas de redução
de danos das ONGs financiadas por George Soros. Mal sabem eles, porém,
que Cidadão está atrás de algo muito mais nocivo: opiniões proibidas,
conhecidas no subterrâneo do debate público pelo apelido jocoso de
“desinformação”. Ou “desinfa”, como preferem os junkies.
Para a sorte de Cidadão, ele não precisa se afastar muito de casa
para conseguir o que procura. Ali bem pertinho, num beco escuro, fedendo
a uísque single malt e gravata borboleta, e com as paredes todas
pichadas com a marca da facção CV (Comando da Verdade), um grupo de
perigosos traficantes está reunido. Uma gente com fama de violenta e
leitora de clássicos. No bairro, corre o boato de que eles fizeram um
acordo com a Polícia do Pensamento para poderem traficar opiniões
proibidas em paz. Isto é, desde que eles não fomentem nenhuma revolução.
A Delegacia de Repressão ao Pensamento Livre, aliás, fica ali
pertinho, num edifício em estilo brutalista de onde, vez ou outra, se
ouvem gritos. Os traficantes e os viciados em opiniões proibidas dizem
que são gritos de tortura. Mas os que ainda não tiveram suas mentes
alteradas pelo efeito inebriante da desinfa explicam que são gritos de
alegria diante de mais uma realização do presidente Lula. Ou mais uma
decisão sensata do ministro Alexandre de Moraes.
Enquanto eu me distraía aqui falando da Delegacia de Repressão ao
Pensamento Livre, Cidadão entra no beco escuro. Ele não sabe direito
como agir. Está com medo. Juntando coragem, Cidadão aborda um traficante
de aparência peculiar: rosto sem tatuagens, crucifixo no peito, um
conservadoríssimo terno e gravata. E diz que está precisando.
“Precisando do quê, moleque? Aqui não tem”. Cidadão não se deixa
intimidar. “Tô precisando de verdade. E da boa”, diz. O traficante,
percebendo que Cidadão não é um agente infiltrado da Polícia do
Pensamento, abre um sorrisão de ouro. E pergunta: “Política, economia ou
comportamento? Verdade, verdade-verdadeira ou verdade nua e crua, doa a
quem doer?”.
Cidadão não sabe. Cidadão está perdido. Cidadão passou a vida toda
sob o efeito lobotômico das opiniões oficiais. Ele olha para o lado e vê
na sarjeta um jovem que aparentemente está sob efeito da verdade nua e
crua, doa a quem doer. “Lula foi preso por corrupção e lavagem de
dinheiro. E foi solto por vontade política do STF”, balbucia o moço.
Cidadão se assusta, mas logo depois se anima. “Quero o que esse cara tá
tomando”, diz. Mas o traficante nega. “Olha, você é inexperiente e a
verdade nua e crua, doa a quem doer, às vezes dá uma bad trip danada.
Que tal uma verdadezinha para começar? Algo mais fraco, suave”.
Cidadão acata o conselho do traficante e ali mesmo no beco toma uma
dose de “O STF é o maior responsável pela desmoralização da Justiça no
Brasil”. O efeito é imediato. De uma hora para outra, Cidadão começa a
enxergar a realidade em meio à alucinação coletiva. Alexandre de Moraes,
que antes Cidadão via como defensor da democracia, aparece diante dele
como de fato é. Barroso idem, Gilmar Mendes ibidem. A turma toda. “Uau”,
diz Cidadão depois de sair do primeiro transe da verdade. “Então quer
dizer que os caras não respeitam mesmo a Constituição?”, pergunta ele
para o traficante de desinfa. Que ri.
A partir de então Cidadão passa, primeiro, a ir ao beco todos os
dias. O consumo de verdades e verdades-verdadeiras se torna rotineiro.
Até que Cidadão não aguenta mais a hipocrisia que o cerca, sai da casa
dos pais esquerdistas e começar a frequentar a Verdadolândia, um lugar
assustador, onde verdades nuas e cruas, doa a quem doer, são consumidas à
luz do dia. Até a Polícia do Pensamento tem medo de entrar naquele
lugar onde, dizem, todos são perigosos reacionários de extrema-direita
(tem até terraplanista incel!) que querem formar família e, absurdo dos
absurdos, ser livres.
Aliás, folgo em contar neste parágrafo final que, pouco tempo depois
de se expor às primeiras doses de verdade nua e crua, doa a quem doer,
Cidadão tomou banho, arranjou emprego, começou a ler Gustavo Corção
(edição ilegal, claro) e conheceu Cidadã, que também vagava pelas ruelas
da Verdedolância com os olhos cintilando de alegria – um dos efeitos
colaterais mais prejudiciais do consumo excessivo de desinfa. Os dois
pretendem se casar em breve, numa igrejinha clandestina que funciona na
Verdadolândia desde que o STF proibiu as Missas, por considerá-las
celebrações da intolerância religiosa.
Você acha que está tarde demais para empreender? Bom, talvez seja a
hora. Não importa quantos anos você tem, ou qual a condição da sua vida
neste exato momento, a história de Harland David Sanders, o famoso
Colonel Sanders do KFC mostra exatamente uma coisa: nunca é tarde demais
para perseguir seu sonho.
Para deixar bem resumido: ele foi criar o que virou o KFC só aos 40
anos de idade, seu negócio realmente só começou a decolar mesmo depois
dos 65 (depois de ser afetado por inúmeras crises) e ele vendeu por US$ 2
milhões (quem comprou vendeu por US$ 285 milhões apenas seis anos
depois) e ainda foi fazer mais um restaurante com mais de 70 anos de
idade. Isso depois de ser demitido diversas vezes, ver TODO tipo de
acontecimento quebrar seus negócios anteriores. Fora uma infância
horrível, perder a carreira de advogado no meio do caminho, um casamento
infeliz… enfim, o que dava para dar errado com ele, deu.
Mas passou seus últimos anos com muito sucesso e foi reconhecido
mundialmente pelas suas qualidades. Sanders é o exemplo máximo de
resiliência, essa característica tão necessária para empreendedores
terem sucesso.
PERDEU O PAI AINDA PEQUENO
Sanders nasceu no dia 9 de setembro, em 1890, no estado americano do
Indiana (o Kentucky ainda vai entrar na sua vida mais tarde). Ele era o
mais velho das três crianças de Wilbur David e Margaret Ann Sanders, uma
família tradicional americana. Seu pai trabalhava numa fazenda e a mãe
era uma cristã devota, frequentemente avisando seus filhos dos perigos
do álcool, tabaco e vícios em jogos.
Aos cinco anos de idade, a primeira coisa ruim acontece na vida de
Sanders. Seu pai chega do trabalho com febre e morre um pouco mais
tarde, obrigando a mãe a ir para o mercado de trabalho (inusitado para a
época). Harland foi obrigado a aprender a cuidar de seus irmãos
pequenos e cozinhar para eles. Aos sete anos de idade, já era um bom
cozinheiro. Nesta época, já era seu costume ter que procurar alimentos
na fazenda quando sua mãe passava vários dias fora de casa para
trabalho. Aos 10, começou a trabalhar como ajudante na fazenda.
Em 1902, a mãe de Sanders casou novamente, fazendo com que a família
se mudasse para a cidade de Greenwood. Esse não foi um momento feliz na
vida dele, por conta de um péssimo relacionamento com o padrasto. Ele
largou a escola logo depois, na sétima série (afirmando que a “álgebra
foi o que me expulsou de lá”) e saiu de casa aos 13 anos de idade –
trabalhando pintando carroças de cavalos em Indianópolis e depois como
ajudante de uma fazendo no sul do estado. Em 1906, com 16 anos de idade,
foi morar com um tio e conseguiu um emprego como motorista no
transporte público da cidade.
FOI PARA O EXÉRCITO E PERDEU VÁRIOS EMPREGOS
Nesta época, ele falsificou sua idade para poder entrar no Exército
Americano. Por lá, ficou um ano (chegando a ser estacionado em Cuba)
antes de ser dispensado em fevereiro de 1907. Nesta época, Sanders se
mudou para casa de outro tio no Alabama (no sul dos Estados Unidos),
onde trabalhou como ferreiro para uma companhia de trem, limpando
trilhos. Logo depois, ele foi “promovido” para uma posição melhor: era
ele que jogava o carvão na fornaça do trem para mantê-lo funcionando.
Ele continuou trabalhando nessa posição por vários anos em diversas
companhias de trem e acabou conhecendo Josephine King, com quem casou e
teve três filhos (duas meninas e um menino). Como desgraça é pouca na
vida de Sanders, o primeiro filho acabou morrendo. Mudando mais uma vez
de companhia ferroviária, ele acabou se mudando para Jackson, no estado
do Tennessee, onde ele começou a estudar direito por correspondência na
Universidade de La Salle.
Ele perdeu o emprego por brigar com um colega de trabalho e viu sua
esposa se mudar (com os filhos) para a casa dos pais. Logo então, ele
começou a praticar advocacia em Little Rock e começou a ganhar dinheiro o
suficiente para que sua família se mudasse para morar com ele.
Novamente, a desgraça o atingiu. Sua breve carreira como advogado
terminou após ele brigar fisicamente com o cliente dentro da corte.
Ele teve que mudar para a casa da mãe em Henryville e voltou a
trabalhar para companhias ferroviárias. Em 1916 ele conseguiu se mudar
para Jeffersonville, onde iria trabalhar como vendedor de seguro de vida
na Prudential Life Insurance Company. Pouco tempo depois foi demitido
por insubordinação e mudou-se para Louisville, onde ele foi trabalhar de
vendedor.
PRIMEIRA EXPERIÊNCIA EMPREENDEDORA AOS 30 ANOS
Em 1920, talvez cansado de tanta demissão, Sanders abriu uma
companhia de transporte aquaviário, que operava uma pequena embarcação
entre Jeffersonville e Louisville. Ele conseguiu levantar dinheiro e
virou um acionista minoritário na própria empresa, tomando a posição de
secretário. A companhia foi um sucesso, e ele logou aceitou um emprego
na Câmara do Comércio de Columbia, Indiana – abandonando o cargo um ano
depois ao admitir que não era muito bom neste emprego.
Ele vendeu as ações na companhia de transporte, recebendo cerca de
US$ 22 mil, o que era um bom dinheiro para época. Resolveu então abrir
uma empresa que produziria lâmpadas de acetileno. Empresa esta que
quebrou após um concorrente lançar uma lâmpada elétrica. Novamente ele
se mudou e foi para Winchester, no Kentucky para trabalhar na fábrica de
pneus da Michelin. Em 1924 a empresa fechou a fábrica e ele foi
demitido.
A GRANDE DEPRESSÃO MUDOU SUA VIDA
Logo depois da demissão, ele encontrou um executivo da Standart Oil
de Kentucky, que o sugeriu abrir um posto de gasolina. Sanders o fez e
teve sucesso, até fechar o posto em 1930, por conta da Grande Depressão
que começou em 1929. A Shell ofereceu um posto de gasolina de graça em
North Corbin, também no Kentucky, em retorno por uma porcentagem das
vendas de combustível. Por lá, ele começou a vender pratos de frango e
também operar um hotel no posto de gasolina.
Nessa época, se envolveu em um tiroteio com um competidor, chamado
Matt Steward, que acabou matando um funcionário da Shell que acompanhava
Sanders. Steward foi condenado, o que eliminou a competição de Sanders.
Em 1935, ele foi comissionado como coronel do Estado do Kentucky e em
1939 recebeu uma das maiores recomendações possíveis para restaurantes
nos Estados Unidos. A coisas começavam a andar bem para ele e o que
viria a ser o KFC.
SUCESSO INICIAL FEZ EXPANDIR SUAS OPERAÇÕES, MAS…
Em julho daquele mesmo ano, ele adquiriu um hotel na Carolina do
Norte. Em novembro, o restaurante e o hotel em North Corbin pegaram fogo
e ele os refez como um restaurante para 140 pessoas. Em julho de 1940
ele terminou sua famosa Receita Secreta e tudo parecia andar bem.
Contudo, os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial, o que fez
com que os produtos fossem racionados – o que o fez fechar seu hotel da
Carolina do Norte. Ele foi trabalhar como supervisor em Seattle e
voltou para trabalhar como assistente de gerente em uma cafeteria no
Tennessee.
Nesse período, a sua amante foi gerente do restaurante e hotel de
North Corbin, que ia mal, mas ainda existia. Em 1947, ele divorciou de
Josephine e casou com a amante, Claudia Ledington-Price em 1949. Em
1950, ele foi novamente transformado em coronel do estado do Kentucky.
NASCEU A FRANQUIA!
Em 1952, aos 62 anos de idade, Sanders franqueou sua receita pela 1ª
vez, para um homem chamado Pete Harman em South Salt Lake, no Estado do
Utah. Ele era operador do maior restaurante da cidade. E foi um grande
sucesso, com as vendas do restaurante crescendo 75% por conta do frango
frito do KFC. Harman, por conta do frango frito, conseguiu se
diferenciar dos outros restaurantes da região.
Foi lá em Utah que criou-se o nome “KFC” – um pintor contratado por
Harman pensou no nome para criar uma imagem de hospitalidade sulista e
exótico. O nome pegou e vários outros restaurantes franquiaram o produto
pagando cerca de US$ 0,04 por frango vendido.
O AZAR PERSISTIA, MAS ELE SE VIRAVA
Só que a vida de Sanders não ficou mais fácil depois disso. Aos 65
ano ele teve que vender o restaurante de Kentucky por conta da queda no
número de consumidores. Mas ele não fez isso por conta da qualidade do
frango: o governo resolveu construir uma outra rodovia que levou os
carros para lá. Um grande restaurante na rodovia “secundária” estava
mesmo destinado a quebrar.
Sanders só tinha suas reservas (pequenas) e recebia US$ 105 por mês
da segurança social. Foi quanto ele resolveu trabalhar pesado pela nova
franquia que estava nascendo. Abriu um novo restaurante modelo e sede da
empresa em Shelbyville e cruzou o país para franquear seu produto. Ele
geralmente dormia no carro, visitava restaurantes, cozinhava o frango e,
caso as pessoas gostassem, negociava os direitos de franquia.
Em pouco tempo as pessoas começaram a visitá-lo para franquiar seu
restaurante – o que mostrava o sucesso da empreitada. Ele patenteou suas
invenções, abriu lojas no Canadá, Inglaterra, México e Jamaica no meio
dos anos 60. Quando viu, já eram 600 localidades vendendo o frango de
Sanders. O que era muito para um senhor da idade dele cuidar.
VENDEU A COMPANHIA POR QUASE NADA
Em 1964, aos 73 anos de idade, ele vendeu a empresa por cerca de US$ 2
milhões, passando a ser um embaixador da marca com salário (seus
salários inicialmente eram de US$ 40 mil, depois passando para US$ 75
mil). Ele manteve, porém, as lojas no Canadá e vendeu as operações na
Inglaterra, Flórida, Utah e Montana para outros parceiros.
Ele mudou para o Canadá para continuar a cuidar das suas operações
por lá e continuar a receber o dinheiro pelas franquias e trabalho no
Canadá e Estados Unidos. Ele morou no Canadá de 1965 até 1980, mas
trabalhando muito para manter sua imagem: viajava cerca de 200 mil
milhas por ano por conta disso. Ele ficou frustrado com a qualidade do
produto depois da venda.
O suficiente para ele começar a visitar lojas sem avisar e jogar a
comida no chão caso ela não lhe agradasse. Em 1973 ele processou a
companhia que comprou a operação, o que fez com que a empresa o
processasse de volta.
UM NOVO RESTAURANTE E PROBLEMAS JUDICIAIS
Frustrado, Sanders e esposa reabriram o seu restaurante na Carolina
do Norte, como “Claudia Sanders, a Esposa do Coronel”. Lá, eles serviam o
mesmo frango do KFC como parte do menu principal e queriam expandir
para uma rede. Foram impedidos, porém, ao serem processados pelo próprio
KFC. Conseguiu um acordo que lhe permitia vender a sua própria
invenção, mas não muito mais que isso. O restaurante existe até hoje.
No fim da vida, ele usou suas reservas para criar uma instituição de
caridade, que apoia outras instituições e dá bolsas de estudos. A
espetacular trajetória de Sanders terminou em 1980, quando ele descobriu
uma terrível leucemia. Bem de vida (mas muito menos rico do que
poderia), Sanders trabalhou até um mês antes de falecer – tendo a
certeza que criou um império riquíssimo, apesar dos percalços.
Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver,
gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma
consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do
mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados
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profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem
potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto
resulta em mais vendas.
Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?
A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu
projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas
considerações importantes:
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma
permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão
interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não
estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar
potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos:
computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
visibilidade da sua marca.
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moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
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as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
A ala econômica do governo prevaleceu sobre a área política e, a
partir desta quarta-feira, 1º de março, voltará a haver cobrança de
tributos federais (Cide, PIS e Cofins) sobre a gasolina e o etanol,
revertendo uma medida aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo
então presidente Jair Bolsonaro em 2022. À época, a desoneração atingia
todos os combustíveis e valeria até 31 de dezembro do ano passado; ao
tomar posse, Lula prorrogou a isenção por um ano para o diesel e o gás
de cozinha, mas no caso da gasolina e do etanol a prorrogação seria de
dois meses, prazo que termina agora. Enquanto líderes petistas temiam a
repercussão negativa e o efeito inflacionário da reoneração, o ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, alegou que ela era necessária para
equilibrar as contas do governo, saindo vencedor desta vez, após a
derrota no início de janeiro.
O retorno da cobrança não é exatamente uma surpresa – ela constava do
plano de redução do déficit divulgado por Haddad ainda na primeira
quinzena de janeiro –, e há argumentos razoáveis dos dois lados do
debate. A afirmação de que a gasolina é produto “de classe média e alta”
que pode ser reonerado sem punir o mais pobre é ilusória. Haverá, sim,
efeitos sobre a inflação, e os próprios petistas reconhecem isso, ainda
que as consequências sejam menores que as causadas por uma eventual
tributação do diesel (que teria impacto direto sobre o frete rodoviário e
o transporte público): a gasolina, individualmente, é o item de maior
peso no cálculo do IPCA, e há serviços cujo prestador se desloca em
veículos movidos não a diesel, mas a gasolina. Além disso, o automóvel é
item ao qual também a classe média-baixa tem tido acesso. Por outro
lado, do ponto de vista puramente fiscal, abrir mão da cobrança mais uma
vez passaria uma mensagem ainda pior em termos do pouco de
responsabilidade fiscal que ainda se pode atribuir ao governo Lula, pois
significaria um descumprimento do que estava planejado desde o começo
do ano.
Temos um governo que, em vez de ajuste fiscal, prioriza a elevação do
gasto público e busca desesperadamente o dinheiro para financiá-lo; que
ainda não apresentou seu projeto de âncora fiscal; e que está prestes a
retomar políticas intervencionistas em sua maior estatal
O problema maior não é a reoneração em si, mas o fato de que o
governo não tem um plano consistente para recuperar a saúde fiscal
brasileira. “Consistente” é o termo que faz a diferença aqui; plano até
existe, mas um que se apoia pesadamente em aumento da arrecadação, e não
em controle de despesas – pelo contrário: Lula, ao buscar avidamente a
aprovação da PEC fura-teto ainda antes de assumir a Presidência, deixou
evidente que sua política econômica nada terá de austera: trata-se de
elevar a despesa pública, e caçar os meios para bancar a gastança. Em
outras palavras, Lula e Haddad se colocaram na posição de “não poder”
abrir mão desses quase R$ 30 bilhões que virão na forma de impostos
sobre a gasolina e o etanol, já que fizeram uma escolha equivocada desde
o início. Tampouco parecem ter se esforçado para encontrar formas de
conseguir o mesmo valor por outros meios, que não afetassem a população
de forma tão direta.
E, para piorar, a única alternativa que o governo parece enxergar
para reduzir esse impacto é a possível retomada do intervencionismo na
Petrobras. Lula e o PT têm ojeriza à política de preços da estatal,
alinhada com as cotações internacionais do petróleo, e não escondem o
desejo de substituí-la. O presidente da estatal, Jean-Paul Prates,
participou da reunião em que se definiu a reoneração, e há a
possibilidade de a Petrobras “queimar” parte do seu lucro reduzindo seus
preços, mitigando com isso o aumento previsto na bomba – a alteração na
política de preços era condição desejada pela ala política do governo
para apoiar a volta da tributação sobre os combustíveis. Se isso
ocorrer, seria um primeiro passo para que a Petrobras volte a ser usada
como ferramenta de populismo político, uma estratégia que o petismo já
empregou, especialmente durante o governo Dilma Rousseff, com resultados
desastrosos.
O que temos, portanto, é um governo que, em vez de ajuste fiscal,
prioriza a elevação do gasto público e busca desesperadamente o dinheiro
para financiá-lo; que ainda não apresentou seu projeto de âncora
fiscal; e que está prestes a retomar políticas intervencionistas em sua
maior estatal – se isso não ocorrer agora, certamente voltará a ser
considerado mais à frente. Uma receita bastante perigosa, que já levou o
Brasil à crise, mas que, ao ser repetida, dá a impressão de que o
petismo simplesmente não conhece outro caminho.
Novo aprova uso de rendimentos do Fundo Partidário Por Gazeta do Povo
Convenção Nacional do Novo em 2022. Imagem de arquivo| Foto: Reprodução
O
partido Novo aprovou, nesta terça-feira (28), a utilização de recursos
dos rendimentos do Fundo Partidário para o financiamento da legenda. O
dinheiro irá complementar a receita obtida com as doações feitas pelos
filiados. A decisão foi tomada durante a convenção nacional da legenda e
teve a aprovação de 85% dos membros que participaram da reunião. As
informações foram divulgadas nas redes sociais e no site do Novo.
As mudanças ocorrem após a sigla não ter atingido a cláusula de
barreira nas eleições do ano passado. Os rendimentos dos valores
recebidos do Tesouro nunca foram gastos desde a fundação do partido, em
2011, pois vinham sendo integralmente depositados em juízo. Mas agora o
dinheiro deverá ser sacado mensalmente para custear a legenda e
remunerar seus dirigentes.
“Para implementar as mudanças de que necessitamos e para crescer, o
orçamento de 2023 prevê o uso dos recursos dos rendimentos do Fundo
Partidário, complementando a receita das doações de filiados. Essa
decisão foi aprovada por 85% dos membros presentes na Convenção
Nacional”.
Outra alteração aprovada pelo Novo diz respeito à gestão da legenda.
Até agora era feita por voluntários, mas passará a ficar sob a
responsabilidade de profissionais remunerados, com dedicação exclusiva
ao partido, e que terão metas a cumprir.
“Precisamos também de pessoas com dedicação exclusiva para buscar,
apoiar e ouvir lideranças, candidatos, voluntários, filiados, doadores, e
trabalhar diariamente para multiplicar eleitos capazes de mudar a vida
de cada vez mais pessoas”, disse o partido.
O Novo informou também que aprovou a modernização das regras de
candidatura das chapas para o Diretório Nacional, o encerramento dos
repasses de recursos provenientes das filiações à Fundação Brasil Novo, o
orçamento para o ano de 2023, e ainda a instalação do Comitê que
apresentará à Convenção Nacional regras de governança da execução do
orçamento.
Cláusula de barreira O partido elegeu oito deputados em 2018, mas
assistiu ao recuo deste número para três no ano passado. Sem ter
superado a cláusula de barreira, o partido foi excluído do fundo e
perdeu estrutura legislativa de cargos e gabinetes de liderança.
Devido às restrições atreladas ao desempenho eleitoral, 14 das 31
partidos em atividade, entre as quais o Novo, não terão mais, a partir
deste mês, acesso aos recursos dos fundos partidário e eleitoral e à
propaganda partidária.
Pela lei, para continuar utilizando os recursos, eles precisariam ter
obtido no último pleito ao menos 2% dos votos válidos em todo o país,
com no mínimo 1% da votação em nove estados ou, ainda, a eleição de ao
menos 11 deputados federais distribuídos em nove estados.
Sem acesso aos recursos do fundo e outros do próprio Parlamento,
restritos aos partidos que superaram a cláusula de desempenho ou se
refugiaram em federações, restou ao Novo debater – e aprovar – uma
questão de natureza quase existencial, que é a vedação ao uso de
dinheiro público.
“Com 85% dos votos favoráveis em questões até pouco tempo sensíveis,
como o uso dos rendimentos do Fundo Partidário, ficou bastante claro que
o partido amadureceu para um novo momento, e terá, de agora em diante,
muito mais capilaridade e competitividade frente aos nossos
concorrentes”, afirmou o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro,
em nota encaminhada pelo partido à imprensa.
Visita de Kerry Oposição teme intervenção dos EUA no Brasil
Por Rodolfo Costa – Gazeta do Povo Brasília
Enviado especial do clima dos EUA, John Kerry, se encontra como a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente.| Foto: EFE
O
enviado especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry, se reuniu
com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e disse que a Amazônia é
um tesouro extraordinário que pertence a todos. A visita dele ao Brasil
nesta semana e a afinidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
com a agenda climática internacional vêm despertando temores entre
opositores do governo em relação à soberania do Brasil.
O receio da oposição é que o governo Lula esteja colaborando com o
que parte da oposição acredita ser uma articulação internacional para
negar ao Brasil a possibilidade de desenvolver a Amazônia de forma
sustentável.
“A Amazônia é um teste para toda a nossa humanidade”, disse o
americano. Ele disse que seu encontro com Marina mostra a renovação do
compromisso de preservação “desse tesouro extraordinário que pertence a
todos”.
Marina disse que o governo Lula tem compromisso de zerar o
desmatamento na região até 2030, mas disse a Kerry que a Amazônia
pertence ao Brasil. “Entendemos o caráter que a Amazônia tem sobre o
equilíbrio do planeta, mas temos a clareza da soberania sobre esse
território”, afirmou em entrevista coletiva nesta terça-feira (28).
Kerry estava ao seu lado e assentiu com a cabeça.
VEJA TAMBÉM: Após pressão da direita, Alexandre de Moraes solta 137 presos de 8 de janeiro Ministro de Lula que voou de FAB para leilão não declarou R$ 2 milhões em cavalos de raça, diz jornal Com pedido protocolado, oposição pressiona para instalar CPMI do 8 de janeiro
Agenda dos EUA atrela Amazônia às mudanças climáticas globais Kerry
também tocou em um ponto muito sensível à oposição brasileira. Ele
disse que se a Amazônia não for protegida, “não conseguiremos manter a
temperatura do mundo desta maneira”. Críticos dessa posição americana
argumentam que as emissões de carbono das grandes potências por meio de
combustíveis fósseis pesam muito mais na deterioração da temperatura
global do que o carbono liberado em queimadas ocorridas na floresta
brasileira.
A discussão acontece num contexto em que lideranças globais tentam
chegar a um acordo parar reduzir emissões de carbono na atmosfera e
assim evitar uma elevação superior a 1,5ºC.
O temor de opositores ao governo Lula não é de uma ação militar
estrangeira na região. Mas sim de uma série de ofensivas nas áreas
política, jurídica e financeira, – por parte de países como EUA e França
– para supostamente tentar frear o desenvolvimento amazônico. O
argumento para isso seria a suposta preservação ambiental.
Uma das ações criticadas é a doação de recursos americanos e europeus
para organizações não-governamentais atuarem no norte do país na área
de conservação ambiental, por meio do Fundo Amazônia. O governo do
ex-presidente Jair Bolsonaro vetou essas ações argumentando que doações
deveriam ser geridas pelo governo e não por ONGs internacionais sem
muito controle.
Já o vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), diz que o Fundo
Amazônia é uma forma de preservar o meio ambiente e lutar contra a
mudança climática. Segundo ele, a desconfiança em relação às ONGs não é
justificada, pois o fundo é gerido pelo BNDES e passa por processos de
auditoria nacionais e internacionais.
Setores agropecuário e de mineração dos EUA não querem concorrência, diz deputado O
governo federal tem o objetivo de demarcar 13 terras indígenas na
região da Amazônia Legal. Além disso, as sinalizações de Kerry de que os
EUA estão dispostos a doar recursos para a preservação ambiental
ligaram o sinal de alerta na oposição sobre o alinhamento entre as
agendas ambiental de Lula e do presidente norte-americano, Joe Biden.
Kerry não revelou qual seria a quantia doada. Ele afirmou que seu
partido tenta aprovar um orçamento de US$ 4,5 bilhões (R$ 23 bilhões) na
Câmara e US$ 9 bilhões (R$ 47 bilhões) no Senado. Mas disse que a
“luta” pela aprovação será dura no Congresso americano. Ele também não
foi claro se esses recursos iriam total ou parcialmente para o Fundo
Amazônia. Deu a entender que o apoio financeiro ao Brasil viria em parte
dessa verba, de compra de créditos de carbono e por meio de empréstimos
de bancos de desenvolvimento.
Já o deputado federal Joaquim Passarinho (PL-PA) criticou essa
parceria. “Os Estados Unidos não são uma criança, não se metem só para
ajudar. Quando se metem é porque têm interesse”, comenta.
Passarinho diz que a doação pode estar associada aos interesses
protecionistas do agronegócio e do setor extrativista norte-americano.
Ele afirma não descartar a hipótese de que a narrativa ambientalista
construa condições de travar o progresso econômico na região. “O custo
Brasil [de transporte de produtos] pelo Amazonas e pelo Pará é muito
menor e acaba abrindo um canal de desenvolvimento e progresso naquela
região. Em qualquer exportação para os Estados Unidos via porto de
Barbacena [no Pará] ganhamos cinco a seis dias de navegação. E
logicamente é muito mais fácil frear isso pela teoria ambientalista”,
pondera.
Deputada quer fazer debate sobre fundo com sociedade A deputada
federal Sílvia Waiãpi (PL-AP) reforça as preocupações ao lançar
suspeitas sobre o resgate de recursos para o Fundo Amazônia. “A
reativação sem orientação [do fundo] não condiz com o que se espera em
política pública. Estamos abrindo espaço para outros países adentrar e
manifestar seus interesses na própria soberania do país”, comenta.
Única indígena conservadora do Congresso, Sílvia defende um melhor
debate sobre o Fundo Amazônia junto à sociedade para não atender
“interesses internacionais”. “Os que custearão o fundo irão querer
determinar o futuro de um povo que já sofre pelo isolamento e pela
segregação. Os interesses internacionais têm estado acima da dignidade
do povo do norte, sejam eles indígenas, quilombolas, homens e mulheres
da floresta, ribeirinhos e urbanos”, diz.
Oposição reforça suspeita sobre Fundo Amazônia e destinação a ONGs O
Fundo Amazônia foi descontinuado na gestão do ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) após Noruega e Alemanha, principais doadores, rejeitarem
mudanças no modelo de gestão dos recursos. O então governo defendia a
participação e gestão direta sobre os recursos, bem como a destinação
das verbas para as políticas públicas então desenvolvidas. Sob o governo
Lula, ele voltou a ser gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES)
Até 2020, cerca de 61% dos recursos do fundo eram destinados à União,
aos estados e municípios. Os outros 39% atendiam a organizações
não-governamentais (ONGs), sendo 1% enviados a programas internacionais.
O fundo já recebeu R$ 3,3 bilhões em doações, e, no total, acumula R$
5,4 bilhões, com R$ 1,8 bilhão já contratados, informou em fevereiro o
presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
O deputado Joaquim Passarinho diz desconfiar que a oferta dos EUA de
aportes para o fundo atende apenas as ONGs que, no entendimento dele,
carecem de uma fiscalização segura e confiável. “As ONGs chegam no
BNDES, apresentam seus projetos, aprovam e acabou. Inventam projetos que
não sustentam nada, nem meia dúzia de famílias. Até hoje não vi um
modelo dessas ONGs que servisse em larga escala”, diz.
Deputado diz que ONGs deveriam ser mais fiscalizadas na Amazônia Em
sua crítica às instituições do terceiro setor, Passarinho cita o
suposto envolvimento de brigadistas de incêndio ligados a uma ONG em
Alter do Chão, distrito de Santarém (PA), que foram acusados de queimar a
floresta para conseguir doações. O caso ocorreu em 2019 e foi citado
por Bolsonaro para lançar suspeitas sobre as ONGs em um momento que seu
governo era acusado pelas queimadas na região amazônica.
Em agosto de 2020, a Polícia Federal (PF) propôs o arquivamento das
queimadas em Alter do Chão após concluir que não era possível
identificar os autores. Os suspeitos cumpriram medidas cautelares, que
foram revogadas em dezembro.
O senador Plínio Valério (PSDB-AM), outro integrante da oposição ao
governo, defendeu ao longo da última legislatura a instauração de uma
comissão parlamentar de inquérito (CPI) para examinar a forma como são
liberadas os recursos do Fundo Amazônia para as ONGs e como as verbas
foram utilizadas até então, bem como o desmatamento e as queimadas na
região. O colegiado não foi instalado e o requerimento foi para o
arquivo.
Já Alckmin defendeu o Fundo Amazônia após o encontro com Kerry. “Ele é
auditado, é um fundo privado, gerido pelo BNDES, com auditoria nacional
e internacional. Já abriu os primeiros projetos”, disse. Segundo ele,
há projetos na “área humanitária”, para políticas públicas de renda e
para atendimento a comunidades indígenas e aos povos Yanomamis. Também
há projetos para o combate à desnutrição, ao desmatamento e a
“organizações criminosas”.
O americano teve encontros diplomáticos no Brasil entre segunda-feira (27) e terça-feira (28).
Ricardo Salles rechaça narrativa climática e cobra recursos dos EUA A
agenda climática defendida por Kerry é rechaçada pelo deputado federal
Ricardo Salles (PL-SP). Ex-ministro do Meio Ambiente na gestão
Bolsonaro, ele destaca que os países ricos são os principais emissores
de gases de efeito estufa e considera que as nações mais desenvolvidas
usam de narrativas para desviar o foco sobre o uso de combustíveis
fósseis para alardear sobre o desmatamento.
“Em vez de discutir os danos ambientais que eles mesmos causam ao
planeta com seus combustíveis fósseis, eles só querem tratar de
desmatamento na Amazônia para desviar o foco. O Brasil não pode aceitar
essa narrativa, tem que apontar e questionar os problemas deles e,
principalmente, cobrar os recursos que já temos direito por tudo que
fazemos e fizemos”, comenta.
A fala de Salles sobre recursos diz respeito às reivindicações do
governo Bolsonaro de recursos amparados pelos critérios previstos no
Acordo de Paris, que, em 2015, previu a destinação de US$ 100 bilhões
por ano, a partir de 2020, para países em desenvolvimento que propuserem
projetos de compensação dos efeitos das mudanças climáticas. As doações
já podem ser feitas no âmbito do que prevê o artigo 5.º do Acordo de
Paris, e poderiam financiar as ações e programas da agenda climática do
Planalto.
Trata-se da chamada política de créditos de carbono, onde um país ou
empresa paga por ações de conservação de terceiras partes para compensar
suas emissões de poluentes ou ações de desmatamento. Kerry afirmou para
Marina que os EUA têm intenção de direcionar apoio econômico para o
Brasil por meio de créditos de carbono, mas não deu um número concreto.
Governo Bolsonaro vetou verbas para ONGs
O governo Bolsonaro sustentava que o Brasil tinha reconhecida uma
redução superior a 9 bilhões de toneladas de carbono emitidas. Os EUA
são um dos países com quem a antiga gestão negociou um volume que, se
transferidos, esses recursos seriam destinados a políticas ambientais de
combate ao desmatamento e redução de emissões de carbono. A ideia era
que o dinheiro promovesse o pagamento por serviços ambientais, de modo a
remunerar quem preservasse florestas.
O governo Bolsonaro teve diferentes reuniões com o próprio Kerry,
que, em 2021, por exemplo, apresentou uma proposta de US$ 150 mil ao
Brasil. A proposta foi rejeitada pelo então ministro do Meio Ambiente,
Joaquim Leite, que negociava com os EUA uma doação de US$ 1 bilhão. O
real problema da oferta de Kerry, porém, não era o valor oferecido,
ainda que representasse 0,01% do valor pretendido. O empecilho era que a
doação não seria feita ao governo, mas para fundos de investimento de
capital de risco possivelmente intermediados pelo BNDES.
Salles disse ainda, que os créditos de carbono gerados pelo Brasil
nos últimos 15 anos sob as rubricas do Protocolo de Kyoto, da Convenção
do Clima, do Acordo de Paris e do sistema REDD+ (conceito de carbono de
floresta nativa gerado a partir da redução de emissões de desmatamento e
degradação) renderiam US$ 300 bilhões ao mercado brasileiro.
Salles diz que EUA não cumpriram promessa
“Mas tudo que eles [países ricos] oferecem são promessas, empréstimos
e linhas ínfimas perto desses valores. Importante lembrar que Biden
prometeu na sua campanha que daria US$ 20 bilhões à Amazônia e, até
agora, nada!” critica o ex-ministro e integrante da bancada de oposição a
Lula.
Um crédito de carbono é uma espécie de “moeda” que um país ganha ao
reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa. Uma nação
pode vender esses créditos para empresas ou países que não conseguem
reduzir suas emissões e que, por isso, não atingem suas metas – ou seja,
um país ou empresa “compensa” suas emissões pagando para quem preserva
em outra nação, cumprindo seus compromissos ambientais. A ideia é que,
mesmo poluindo, eles estarão compensando ao preservar em outra
localidade.
Contudo, os processos de quantificação e verificação da efetividade
dos programas de conservação destinados ao mercado de créditos de
carbono ainda não foram padronizados mundialmente. Muitos deles são foco
de polêmicas em diversos países. Por isso, não é tão simples para um
país ou empresa sair comprando créditos de carbono no mercado.
Oposição vai debater oportunamente a política ambiental no Congresso
A oposição a Lula promete não ficar à margem da definição da política
ambiental brasileira e provocar debates com o governo. Salles entende
que não está clara a estratégia da gestão Lula para política de créditos
de carbono, por exemplo, e vai analisar como proceder as discussões na
Câmara. “Uma vez montadas as comissões vamos avaliar quem, quando e para
que chamar”, destaca em resposta à hipótese de requerimentos de
audiência pública ou de convite e até convocação a membros do governo.
O deputado Joaquim Passarinho reforça as críticas de que a retórica
ambientalista atrasa o debate do desenvolvimento sustentável na
Amazônia. Mas entende que o atual Congresso mais conservador contribui
para um debate mais profundo organizado pela oposição a Lula, a exemplo
da possibilidade de ampliar a exploração em áreas já “antropizadas”, ou
seja, já degradadas por ação humana.
Lei brasileira prevê preservação de 80% da vegetação em fazendas Mesmo
em áreas degradadas, Passarinho explica que os agricultores e
pecuaristas precisam preservar 80% da vegetação e podem dispor de apenas
20% do terreno para atividades econômicas. “Não defendo a destruição da
floresta, mas não deveria ser 80/20 [em áreas antropizadas]. Deveria
ser 100% de [preservação] onde temos floresta preservada, ou seja,
desmatamento zero, porém permitir entre 50% e 60% de produção em áreas
antropizadas. Aí, começamos a induzir o cara que quer investir ali
nessas áreas, e não nas áreas preservadas”, destaca.
O conceito defendido por Passarinho tem por intuito assegurar um
desenvolvimento sustentável legalizado na região Amazônia Legal. “Não
posso dizer ao amazônico que ele não pode ter uma saúde e educação boa,
que ele vai ter que viver no submundo pois ninguém quer que ele corte
uma árvore, e ninguém paga por ele por isso?”, comenta. “Podemos provar
que a árvore ‘em pé’ pode ter mais valor do que ela ‘deitada'”,
acrescenta.
A deputada Sílvia Waiãpi endossa o discurso da oposição. “Inexiste
uma política pública sem levar em conta o que o homem da floresta
precisa”, comenta.
Ela também se dispõe a debater o avanço do desenvolvimento na
Amazônia. Diz entender que não há “efetivamente” um interesse do governo
em solucionar pautas ambientais. Segundo ela, os parlamentares da
Amazônia brasileira, “que são os verdadeiros representantes do povo do
Norte”. sequer foram ouvidos. “Pautas que não são discutidas e
difundidas entre os representantes dos povos no parlamento não possuem o
condão de progresso”, comenta.
“Mentes Inclusivas” Conheça o grupo de ativistas de esquerda que pretende controlar os livros que seus filhos leem
Por Eli Vieira – Gazeta do Povo
Willy Wonka e a censura: conheça a Inclusive Minds, organização
britânica contratada para modificar a obra de Roald Dahl, inclusive o
livro “A Fantástica Fábrica de Chocolate”.| Foto: Eli Vieira com
Midjourney
No último fim de semana (18 e 19), a editora britânica
Penguin, dona do selo editorial infantil Puffin, anunciou em uma nota
que os livros de Roald Dahl para crianças seriam editados para se
adequarem a novos tempos. Palavras como “gordo” e “feia” foram cortadas
de obras como “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, “Matilda” e “As
Bruxas”. Os censores contratados, ligados à organização Inclusive Minds
(“mentes inclusivas”), chamam a si mesmos de “leitores sensíveis”, um
serviço que emergiu junto com a ascensão do identitarismo nos últimos
dez anos.
Entre os alvos da sensibilidade estariam preconceitos supostamente
contidos nas obras, como a “gordofobia”, a misoginia e o racismo. A cara
de uma personagem não poderia ser comparada à de um cavalo, o narrador
não deveria explicar que a maioria das mulheres são “amáveis” apesar de
toda bruxa ser mulher, e, ao se assustarem, os personagens não poderiam
ficar brancos, só “pálidos”. Além disso, personagens gordos não poderiam
ser chamados de gordos.
As mudanças provocaram reação imediata durante a semana. Além dos
escritores Salman Rushdie e Philip Pullman, e o ator Brian Cox,
manifestaram-se contra a censura dos livros a rainha consorte do Reino
Unido, Camilla Parker-Bowles, e o primeiro-ministro Rishi Sunak. Na
quinta (23), a rainha fez um discurso na Casa Clarence, residência real
em Londres, em um evento marcando o primeiro biênio de uma iniciativa
literária. Perante 150 escritores, ela pediu que eles “permaneçam fiéis
ao seu chamado, sem impedimento por aqueles que podem querer reprimir a
liberdade de sua expressão e de sua imaginação”. Através de porta-voz,
Sunak declarou que livros devem ser “preservados e não retocados”.
Quem são os censores
A Inclusive Minds, que se declara sem fins lucrativos, foi procurada
pela Puffin para achar trechos politicamente incorretos nas obras, com
bênção da administração do legado de Dahl — que faz supervisão dos
direitos autorais e royalties, doando fundos para organizações de
caridade para crianças. Essa administração é constituída pela empresa
Roald Dahl Story Company, comprada pela Netflix em 2021. A Netflix não
se manifestou sobre a controvérsia.
A ONG de leitores sensíveis, fundada em janeiro de 2013 pelas
consultoras britânicas Beth Cox e Alexandra Strick, tem como missão “a
inclusão e acessibilidade na literatura infantil”, “mudar a cara dos
livros para crianças” para que representem “toda criança”. Ela não
parece ter sede física. Em maio de 2022, Strick disse à revista The
Bookseller que a Inclusive Minds estava buscando por “um lar apropriado
para essa área vital de trabalho” e que ela havia crescido “de um
coletivo informal para uma agência de sucesso”, sendo “uma vítima de seu
próprio sucesso” e “grande demais para ser liderada por uma pequena
equipe de voluntários”.
O plano de achar uma organização que a assumisse não parece ter dado
certo, pois sua conta no Twitter (com menos de 5 mil seguidores) não deu
mais notícias desde então, e mantém como tweet fixado uma página de
patronagem pública em que conquistaram apenas três dólares por mês de um
único doador. A obra de Dahl parece ter sido o maior projeto que já
encabeçaram. A face pública da agência é discreta e sempre apresentada
com o mesmo vocabulário de “recursos humanos”, de aparência inofensiva.
Em seu site, a organização lista como parceiros a Associação de
Vendedores de Livros (Booksellers Association), a Associação de Editoras
(The Publishers Association, com membros ilustres como a Cambridge
University Press e a Royal Society of Chemistry), outra ONG sem fins
lucrativos britânica focada em literatura infantil chamada Letterbox
Library, que diz em seu site que tem orgulho de “resistir a modas
comerciais” e é conhecida por seus “livros que promovem a justiça
social”, e a Independent Publishers Guild, que diz ser o maior serviço
de impressão de livros do Reino Unido.
Além dos leitores, a Inclusive Minds também tem “embaixadores da
inclusão” com idade entre oito e 30 anos pertencentes a “grupos e
históricos marginalizados, sub ou mal representados”. Há mais de 100
deles, com foco em aconselhar autores de novos livros a “assegurar
personagens inclusivos autênticos”, informa seu site. Mudanças em obras
antigas são sugeridas apenas pelos leitores sensíveis.
A Gazeta do Povo falou com a Inclusive Minds a respeito da polêmica
acerca das obras de Dahl. Por e-mail, a organização explicou que “não
escreve, edita ou reescreve textos, mas dá insight de valor aos
criadores de livros com a vivência relevante que eles podem levar em
consideração no processo mais amplo de escrita e edição”. Ela relata que
“muitas editoras infantis no Reino Unido” entraram em contato ao longo
de seus dez anos de existência buscando a sua rede de “embaixadores”.
O termo original da ONG para vivência, “lived experience”, usado por
ela com frequência, é um dos favoritos entre os ativistas identitários e
enfatiza conhecimento prático e de vida, especialmente de pessoas de
grupos alvo de preconceito, acima de conhecimento teórico, que é o que
os livros podem oferecer. Os ativistas identitários brasileiros (que
emulam os americanos) costumam usar a mesma tradução da reportagem para o
termo. O filósofo americano Peter Boghossian, crítico do identitarismo,
condena o conceito: “A pressão social que se sente para fazer
deferência à ‘vivência’ está nos impedindo de descobrir qual problema é
real e precisa ser resolvido e qual é uma ilusão social coletiva”,
tuitou Boghossian no ano passado.
“O envolvimento dos nossos embaixadores não diz respeito a cortar
conteúdo potencialmente controverso”, explica a Inclusive Minds, “mas,
em vez disso, a incluir e incorporar autenticidade e vozes e
experiências inclusivas desde o começo” (ênfase no original). Quanto a
obras antigas, a ONG explica que os embaixadores normalmente não fazem o
trabalho de revisão, mas que podem dar uma contribuição de valor “no
que diz respeito a revisar a linguagem que pode ser danosa e perpetuar
estereótipos nocivos”.
Uma das funcionárias da ONG foi Jo Ross-Barrett, que se descreve como
“anarquista não-binária, assexual, em relação poliamorosa, que está no
espectro do autismo”. Em 2022, ela deu a entender, no LinkedIn, que
estava trabalhando em um grande projeto secreto que envolvia “entregar
uma revisão em larga escala e abrangente de problemas de inclusão e
soluções em potencial para os proprietários de direitos autorais e
editores de uma das coleções clássicas mais famosas de livros infantis
do mundo (detalhes sob sigilo até a publicação)”.
Após o site conservador National Review republicar esta descrição, o
perfil de Ross-Barrett na rede social ficou fora do ar por dias, depois
retornou sem publicações próprias. O perfil informa que ela atua hoje em
dia como consultora independente de diversidade, equidade e inclusão,
antes tendo trabalhado para a Inclusive Minds por três anos e nove
meses, com desligamento em junho de 2022. Um porta-voz da Roald Dahl
Story Company disse ao jornal Hollywood Reporter que a revisão da obra
do autor pela Inclusive Minds começou em 2020, antes da aquisição dos
direitos pela Netflix.
A pessoa à frente da organização hoje é A. M. Dassu, que já publicou
livros como “Fight Back” (algo como “Reaja”), a história de uma garota
muçulmana que luta contra a “islamofobia” depois de um ataque terrorista
em seu bairro, e “Boot It” (algo como “Pontapé”), história de dois
garotos de minorias étnicas que enfrentam o racismo em seu time
esportivo.
Uma “leitora sensível” envolvida na ONG é Gift Ajimokun, que se
declara “negra, queer e neurodiversa”. Ela já trabalhou para a Penguin,
onde fundou uma “comunidade interna para pessoas de cor na Penguin
Random House que tem como meta promover as vozes de funcionários de cor
além de nossos autores”, segundo o National Review.
Uma atual embaixadora da inclusão é Sarah Mehrali, que reclamou que
“O Jardim Secreto”, que ela atribuiu a “C. S. Lewis”, não contém
“pessoas de cor”. Na verdade, a autora do livro é Frances Hodgson
Burnett. “Aprendi que pessoas de cor não fazem aventuras” em livros como
este, queixou-se Mehrali.
Uma ex-embaixadora, que atuou em 2020, é Lois Brookes. Ela diz, em
descrição própria no site de sua empresa, que tem “identidade e
histórico muito interseccionais”, e lista como atributos “lésbica”,
“judia”, “cigana romani”, “deprimida” e “ansiosa”. Outros embaixadores
têm perfil similar e também enfatizam aspectos de sua identidade que têm
pouco ou nada a ver com interesse em literatura.
Penguin “recua” e oferece as obras originais Na sexta (24), a
editora Penguin anunciou que publicará até o fim do ano a Coleção
Clássica Roald Dahl, com 17 títulos, em seu próprio selo geral, deixando
as versões editadas pelos leitores sensíveis para seu selo infantil
Puffin. Para a coleção, a empresa prometeu a inclusão de “material de
arquivo relevante para cada uma das histórias”.
A coleção, sem edições que mudam o texto original ou eliminam
adjetivos considerados ofensivos por ativistas, ficará “em paralelo com
os recém-lançados livros Puffin de Roald Dahl para leitores jovens, que
são projetados para crianças que podem estar navegando de forma
independente por conteúdo escrito pela primeira vez”.
“Os leitores terão liberdade de escolher qual versão das histórias de
Dahl eles preferem”, disse a nota da editora, que elogia efusivamente o
talento do autor e repete a ideia de que os livros editados são uma
forma segura de as crianças começarem o hábito da leitura, mas não usa
nenhum dos termos preferidos pela Inclusive Minds.
A partir de hoje, preços mais caros para gasolina e para o álcool. O
governo não pode abrir mão de nos cobrar, de nós que abastecemos nossos
veículos, quase R$ 29 bilhões do PIS e Cofins. E, claro, a gente vai
pagar também mais do que isso porque o preço da gasolina, desde
criancinha eu sei, influencia o preço de tudo. Só tem alguns coleguinhas
que não sabem disso e estão dizendo que só quem vai pagar é o dono do
carro.
A decisão contrariou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que queria
manter a isenção, mas atendeu ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
que está precisando de dinheiro. Aliás, quando o governo fala em reforma
tributária, claro que é para aumentar impostos, porque o déficit está
em R$ 231 bilhões pelo orçamento, e ainda tem mais os gastos de um
governo que inchou e passou a ter 37 ministérios.
São Paulo Queria lembrar do governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas, o governador que dormiu na prefeitura de São Sebastião, botou
um colchão no chão e ficou lá. Agora voltou para a capital e já se
reuniu com os industriais do estado. Ele diz que tem que
reindustrializar o meio Brasil, que é São Paulo, a indústria de São
Paulo. E para isso vai criar uma campanha de política tributária e de
desburocratização. Estimular São Paulo significa estimular o PIB
brasileiro, não tenho a menor dúvida quanto a isso.
Alexandre de Moraes e os militares Estou achando estranho essa
decisão do ministro Alexandre de Moraes, de autorizar a Polícia Federal a
incluir no inquérito do 8 de janeiro, militares do Exército brasileiro,
sendo que o Exército já está fazendo um inquérito para entregar ao
Ministério Público Militar.
Eu acho que é um atrito desnecessário porque, por exemplo, imagina se
houver busca e apreensão por parte da Polícia Federal na casa de um
general, como é que fica? Mas, enfim, os juristas é que devem responder
essas questões que se tornam cada vez mais graves e importantes.
CPI Bom, agora já tem assinaturas suficientes para instalar a CPI
mista de deputados e senadores para investigar o 8 de janeiro. Na
próxima reunião do Congresso Nacional vai ter de ser lido o requerimento
e aí instalada a CPI. Já tem assinatura mais do que suficiente de
deputados e senadores para isso. Depende agora da vontade do presidente
do Congresso, que é o senhor Rodrigo Pacheco, para ler o requerimento e
começar essa investigação para saber o que aconteceu de fato no dia 8,
as causas, as consequências e os envolvidos.
Ingerência na Petrobras
Vai voltar a ingerência de preços na Petrobras. Eu já mencionei o
aumento no preço dos combustíveis. Haddad, o ministro da Fazenda, já
está dando palpite dentro da Petrobras. O presidente da Petrobras veio
para uma reunião com o chefe da política do governo, que é o ministro
Rui Costa, do Gabinete Civil, e Haddad. Mas e os acionistas da
Petrobras, como é que ficam?
O governo é o acionista majoritário em ações com direito a voto, mas
as outras pessoas – são milhões de acionistas, inclusive de outros
países –, o acionista que está investindo para ter dividendos? Vai ter
um colchão, como diz Haddad, para restringir a margem de lucro da
Petrobras, mudar a política de preços, que é o preço internacional
cotado ao dólar? Vai voltar ao que era antes? Esse é um assunto muito
importante e nós temos de ficar de olho nisso também.
Por fim, queria registrar aqui que aquela advogada que acusou a
Prevent Senior de tratar uma doença, no caso a Covid, lá na CPI e depois
na televisão, foi condenada a pagar uma indenização para a Prevent
Senior no valor de R$ 300 mil por danos morais.
Mais uma foto do Lula. Infelizmente, serão muitas nos próximos quatro anos.| Foto: Ricardo Stuckert
É
oficial. Não consigo ler mais nada sem que seja em busca de assuntos
para este espaço. De Shakespeare a Jorge Amado, passando por Gustavo
Corção e Marques Rebelo (minhas leituras recentes), são raras as páginas
que não me inspiram a fazer alguma relação com o Brasil de 2023. O
resultado é um caderno cheio de anotações ininteligíveis e, por
consequência, todo um cemitério de ideias que jamais foram ou irão além
da centelha inicial.
Agora mesmo estava lendo Marques Rebelo – um daqueles escritores que
um dia foram canônicos e que hoje ninguém nem sabe quem é. E numa das
primeiras crônicas que escolho aleatoriamente numa coletânea, me deparo
com o autor de “A Estrela Sobe” (nunca li) falando sobre as fugas a que
nos submetemos. O álcool. O jogo. A pesca submarina. A coleção de
caixinha de fósforos.
Tempos inocentes, aqueles. Em 1954, não passava pela cabeça de Rebelo
abordar nenhum dos vícios que hoje nos servem de fuga. Drogas lícitas e
ilícitas. Videogame. Netflix. Redes sociais. Sexo. No final das contas,
percebo depois de uma releitura, a crônica é só uma desculpa para falar
da coleção de caixinha de fósforos que lhe serve de alívio depois de um
dia especialmente ruim. Um luxo a que os cronistas de hoje não podem se
dar.
Marques Rebelo não fala de política. Ao menos não nesta crônica.
Embora nela se encontre uma descrição da fuga pela “malandragem” que se
encaixa perfeitamente nos políticos de hoje. Me diga se não: “[a fuga]
de salvador da pátria, de cruzado contra o roubo e o golpe, aplicando
para esta redentora luta o número mais considerável de golpes, de
roubos, de calúnias e de falsidades”. Ele está falando da militância
petista ou estou delirando?
A associação automática e a pergunta me fazem imediatamente pensar na
maior fuga do nosso tempo. Maior do que as drogas, o sexo, o videogame,
o futebol e, obviamente, as coleções de caixinhas de fósforo: a
política. E sempre que falo disso aparece alguém para rebater com o
argumento velho e surrado do “pelo menos agora o brasileiro acordou para
a realidade”. Algo nessa linha.
Até quando? De fato é muito legal que agora o brasileiro ao menos
saiba qual ideologia está por trás do roubo sistemático do dinheiro
público. Não muda muita coisa, o roubo continua, mas pelo menos agora a
gente sabe o nome e o partido do bandido, bem como a filosofia política
que embasa o roubo. Assim a gente pode escolher com mais propriedade o
bandido que vai nos roubar.
Mas não dá para negar que a política, muito mais do que um campo de
debate e ações visando o bem comum, é para o cidadão comum uma fuga da
realidade. O que chega a ser paradoxal, uma vez que a política se
pretende justamente a transformar essa realidade. Que seja. O fato é que
hoje mais e mais pessoas veem na política, com sua eterna sensação de
impotência, com sua indignação permanente, com sua lógica rasteira e
apressada, com seu sectarismo e com seu maquiavelismo perverso, um meio
de fugir da vida.
Um jeito de encontrar no outro, seja ele uma autoridade ou um
militante, o responsável (ou responsáveis) por suas mazelas interiores.
Aquelas que a política jamais alcançará. É uma fuga dos sofrimentos que
nos irmanam: a louça que se acumula na pia, as dívidas, o amor não
correspondido, a doença. E principalmente a consciência dos próprios
defeitos. Para que se olhar no espelho se é mais fácil apontar o dedo e
dizer que a culpa é do Lula ou do Bolsonaro?
E o mais preocupante: é uma fuga das grandes questões que sempre
afligiram e fascinaram os homens. Perguntas que nenhum político jamais
será capaz de responder. O que é o homem? Qual meu papel no mundo? Qual o
sentido da vida? O que há para além da morte? Indagações que antes nos
uniam a Deus e que hoje substituímos pelo estéril “até quando?” repetido
à exaustão sempre que nos deparamos com a mais recente sandice dos
nossos políticos.
Acabou o Carnaval e, como dizem por aí, é a partir daqui que começa o
ano. Controvérsias a parte, tenho a impressão de que alguns assuntos
“não se guardam para quando o Carnaval chegar” e, certamente, a
regulação das plataformas digitais está desfilando por aí faz tempo.
Nesse clima, vou apresentar os desafios da matéria. Na sequência,
identificar experiências e propostas regulatórias recentes e, por fim,
dar alguns “palpites” com minhas impressões sobre os debates.
Sobre os desafios que envolvem o tema, esses parecem transitar entre
limitação de discursos de ódio e ofensas sérias, graves e que afrontam a
dignidade humana, comprometem eleições limpas e livres e, certamente
não fazem avançar o arranjo democrático e o fundamento básico deste
modelo: a liberdade de expressão. É curioso que parece que estamos
diante de um paradoxo em que a liberdade-antídoto contra o arbítrio pode
virar a liberdade–veneno que mata a democracia.
Na semana que passou, a Conferência da Unesco “Por uma Internet Confiável” (Internet for Trust) reuniu
mais de 3.000 mil participantes, dentre os quais representantes de
governos, órgãos regulatórios, empresas digitais, universidades e
sociedade civil, com o objetivo de discutir medidas capazes de proteger
garantias fundamentais e direitos humanos.
No Brasil, o tema da regulação de plataformas não é novo. Existem
esforços desde as primeiras discussões sobre o Marco Civil da Internet
(Lei 12.965/2014), inspirado nos princípios para governança e uso da
internet (decálogo do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br,
disponível em: https://principios.cgi.br/)
e que contou com forte mobilização de recurso dos setores organizados
em torno do tema (sociedade civil, universidade, empresários, governos).
Houve também toda a discussão regulatória que aprovou a Lei Geral de
Proteção de Dados (Lei 13.709/2018), cujo objetivo foi tratar os dados
pessoais como um bem a ser protegido e inerente à privacidade do
cidadão, criando obrigações para empresas (plataformas digitais estão
incluídas) e organizações civis e públicas que acessam esses dados.
E, mais recentemente, as discussões em torno do PL 2.630/2020, que
institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência
na Internet, também uma proposta regulatória importante, fruto de
muitas discussões entre governo, setores organizados, dentre os quais
movimentos sociais, as próprias plataformas e serviços de mensageria
(Youtube, Facebook, Instagram, WhatsApp, TikTok, Twitter entre outros),
governos e estudiosos do tema e que, encontra-se na Câmara Federal
aguardando decisão, já tendo sido apreciado pelo Senado Federal.
Tudo para dizer que apesar de espinhoso o tema, os esforços em buscar
soluções de equilíbrio no marco das estruturas legais existentes e as
possíveis de serem criadas, estão sendo empreendidos, seja no plano
internacional ou no nacional. Mas, que observações podemos sublinhar
acerca de destas iniciativas? Ai, vem os palpites e percepções. Na minha
compreensão, medidas regulatórias devem levar em conta alguns aspectos
que enumero abaixo:
Fugir do pega-mata-come, ou seja, criminalizar não pode ser o único caminho e pode ser um caminho perigoso.
Pensar no poder político e econômico que as plataformas têm. Medidas
que ampliem a autonomia das plataformas em retirar conteúdos sem
supervisão pública pode fazer com que essas sejam altamente
fortalecidas, sendo seletivas no exercício dessa atribuição. E, é
importante lembrar que em todas as experiências regulatórias nacionais
citadas nesse texto, as plataformas mobilizaram recursos, fizeram lobby
e corpo-a-corpo para apresentar e defender seus interesses e objetivos. Uma nota que me ocorre: desinformação pode ser altamente lucrativa.
Tornar o debate o mais compreensível possível. Nesse ponto, acho que
traduzir o tecnicismo do tema (e devo dizer, há muitos termos difíceis
na discussão) para pessoas simples pode ser uma boa estratégia de
popularizar o tema e, claro, ampliar o engajamento na sociedade civil.
E, debater, debater, incansavelmente. Pensar soluções que garantam o
equilíbrio entre direitos e garantias fundamentais, não somente a
liberdade de expressão, mas também a proteção de dados pessoais, a
transparência das empresas que operam esse enorme volume de dados e
informação e a defesa da democracia.