domingo, 1 de janeiro de 2023

O GOVERNO ATUAL FEZ REFORMA AGRÁRIA SEM PRECISAR TOMAR TERRA DE NINGUÉM

 

Avanços e retrocessos

Por
Marcos Tosi – Gazeta do Povo

INVASÃO MST – PONTA GROSSA – 06 FEVEREIRO 2010 – PARANÁ – Grupo de sem-terra invadiu 33 alqueires da fazenda do ex-coronel da Polícia Militar, Waldir Copetti Neves, na região do Botuquara, em Ponta Grossa. A fazenda já havia sido invadida pelo mesmo grupo de sem-terra em 2005 e 2007 – foto Henry Milléo / Agência de Notícias Gazeta do Povo


Sem-terras conversam com policiais militares durante invasão de fazenda em Ponta Grossa (PR), em 2010| Foto: Henry Milléo / Arquivo Gazeta do Povo

Imagine uma política de reforma agrária em que os candidatos a um pedaço de terra se submetam a processo de seleção pública, convocado por edital, com total transparência e publicidade dos critérios para aprovação?

Muitos brasileiros talvez não saibam, mas esse é o sistema adotado pelo Incra desde 2019, com 66 editais publicados e 3.580 vagas para lotes de reforma agrária em 19 estados. No total, 897 famílias já foram assentadas sob tais critérios no Ceará, Minas Gerais, Paraíba e Santa Catarina. O velho modelo em que o governo apenas reagia às invasões, depredações e negociata de lotes foi aposentado ainda no governo de Michel Temer, quando o Tribunal de Contas mandou suspender as desapropriações de imóveis rurais, a seleção de famílias e a concessão de crédito, diante de um mar de irregularidades herdadas das administrações petistas. À época, o TCU apontou que 580 mil famílias (de um total de 960 mil) assentadas apresentavam indícios de irregularidade no ingresso ao programa de reforma agrária ou não cumpriam os requisitos exigidos por lei.

Após o freio de arrumação, o atual governo retomou a reforma agrária, mas com premissas totalmente diferentes. O Incra dedicou-se a separar o joio do trigo – foram depurados do programa empresários, políticos e até pessoas mortas – e passou a identificar as famílias em conformidade com os critérios exigidos pela Lei 8.629/1993, como a experiência anterior com a terra, seja como pequeno proprietário, trabalhador rural, parceiro, arrendatário ou posseiro. As invasões, na comparação com governos petistas, praticamente foram zeradas. No governo Bolsonaro, a média nunca chegou sequer a duas invasões por mês, enquanto nos governos do PT atingiu picos de quase 30 invasões por mês.

Fonte: Incra| Marcos Garcia Tosi
Titular terras “causa ojeriza” ao MST e à Contag
Uma etapa que antes nunca chegava – a da titulação da propriedade para os assentados – ganhou destaque na atual administração. O governo Bolsonaro deve encerrar o mandato com quase 450 mil títulos de propriedade emitidos, mais do que todo o volume concedido no período de administrações petistas. “O MST e a Contag sempre tiveram ojeriza a isso. Por que se você titula a terra e dá uma estrutura para o assentado, você tira a pessoa da dominação política. E dominação política faz parte do MST, ele vive de fazer dominação dos pobres”, diz Xico Graziano, ex-deputado federal e presidente do Incra no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, nos anos 90.

Pois a ordem na casa começou a ser perturbada, imediatamente após o resultado das eleições presidenciais. O Movimento dos Sem-Terra (MST), que forma a militância campesina do Partido dos Trabalhadores (PT), aproveitou um dos primeiros feriados pós-eleição (o MST sempre prefere os feriados) para invadir duas fazendas no interior da Bahia. E mentindo sobre o suposto abandono de uma das propriedades, que pertence à FERBASA, maior produtora de ferroligas do país.

A senha para início das invasões tinha sido dada pelo líder do movimento, João Pedro Stedile. Em vídeo, analisando o momento político, Stedile conclamou o retorno dos antigos métodos de desestabilização: “Na história da humanidade, nunca houve mudanças sem a pressão popular. Se o segredo é esse, nós devemos continuar organizando o povo para realizar as mobilizações e pressão popular para que haja mudanças”.

Antes da eleição, em entrevista ao podcast Três por Quatro, Stedile tinha sido mais direto. “Acho que a vitória do Lula, que se avizinha, trará uma consequência natural, um reânimo para retomarmos as grandes mobilizações de massa, que não é só passeata, é quando a classe trabalhadora recupera a iniciativa na luta de massas, então ela passa a atuar na defesa dos seus direitos de mil formas, fazendo greve, ocupações de terra, ocupação de terreno, mobilizações, como foi no grande período de 1978 a 1989”.

Lula sabe que MST não invade apenas terra improdutiva
Nada mais desconectado da nova realidade brasileira. Graziano é taxativo: “Não existe mais terra ociosa no Brasil, não tem mais área improdutiva, obviamente, com as exceções de sempre. Se esses malucos invadirem propriedade rural, será em fazenda produtiva”. Graziano lembra que Lula disse na campanha eleitoral que o MST só invade terra improdutiva. “Mentira. Ele sabe que não é verdade”, rebate. Colocar reforma agrária como um item prioritário na pauta do país seria uma decisão anacrônica. Já foram destinados à reforma agrária 90 milhões de hectares e sua própria implementação “assustou fazendeiro relapsos” no passado, pondera o ex-deputado. O cenário mudou com a transformação capitalista da agricultura brasileira, sua modernização tecnológica e salto de produtividade, na esteira do Plano Real, que estabilizou a economia e atacou a especulação do capital fundiário.

“Reforma agrária é um processo já encerrado na história da civilização. Não tem mais. Começou lá na época de Roma antiga e acabou nos anos 60. O Brasil fez uma reforma agrária fora de época e essa é a principal razão pela qual é um tremendo insucesso. Espalhamos favelas pela zona rural, porque hoje é o mundo da tecnologia, não adianta enxada e vontade para trabalhar um pedacinho de terra. Não é isso que garante qualidade de vida e renda no campo. Então, esse ciclo está encerrado”, enfatiza o ex-dirigente do Incra.

No Paraná, um dos estados mais agitados por invasões de terra nos anos 90 e início dos anos 2.000, a Federação da Agricultura (FAEP) disse acreditar que o governo eleito tem ciência de que o setor agropecuário segura há anos a balança comercial do país. E que não irá permitir “a rotina do campo passe por desordem”. “Sobretudo, esperamos que os produtores rurais do Paraná e do Brasil tenham segurança jurídica para continuar produzindo alimentos”, disse, em nota, a federação. Tom parecido adotou a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), que posicionou-se afirmando que é preciso um governo “do país, acima de tudo”, que proporcione “segurança jurídica para o produtor, defendendo-o das invasões de terra, da taxação confiscatória ou desestabilizadora ou dos excessos da regulação estatal”.

04-09-2001-S‹o Jose dos Pinhais-agricultura familiar. foto-Antonio Costa.

| Antonio Costa / Arquivo Gazeta do Povo


Seleção hoje é feita longe das invasões
Atualmente, com a chamada Plataforma de Governança Territorial, a seleção dos candidatos à reforma agrária ocorre longe de invasões e acampamentos. “Com essa ferramenta, a gente pode efetivamente recepcionar de maneira impessoal, sem intermediários, as famílias que almejam serem beneficiárias do programa. Conseguimos qualificar a demanda, saber quantas famílias são, quem se enquadra ou não nos requisitos, e onde está concentrada a maior demanda para essa política”, explica Giuseppe Serra Seca Vieira, diretor de Desenvolvimento e Consolidação de Assentamentos do Incra.

Com a informatização do processo, o Estado pode identificar as demandas e decidir, em cima de dados objetivos, onde precisa intervir para criar um novo projeto de assentamento. “Não há dependência da pessoa ser indicada por ninguém, ou ser parte da lista de alguém. Ela busca se inserir no processo por meio dos editais abertos, um sistema público, sem custo para o cidadão e impessoal”, destaca Vieira.

A mesma plataforma que organiza eletronicamente a fila de interessados também possibilita aos assentados requerer uma análise para titulação das terras, independentemente da anuência de qualquer movimento, seja MST, Contag ou Pastoral da Terra. Quem encontra alguma dificuldade de acessar os meios digitais pode ser ajudado pelos servidores do Incra ou de prefeituras conveniadas – mas essa ajuda se limita ao preenchimento dos formulários, não envolvendo nenhuma tutela ou “patrocínio” da causa.

Interessados em lotes de já podem se inscrever on-line
Até aqui, as inscrições tinham de ser feitas presencialmente em locais e datas indicadas nos editais. Desde o dia 1º de novembro, no entanto, o processo ficou mais ágil, e qualquer interessado pode fazer um pré-cadastro on-line. A partir do CPF o sistema verifica se a pessoa atende aos critérios de elegibilidade, cruzando dados de diversas bases governamentais. E todo o processo é público, ou seja, qualquer um pode conferir a relação dos inscritos, os pedidos de inscrição indeferidos, a pontuação classificatória e relação de candidatos aprovados.

Para o pouco que ainda restar de reforma agrária, Graziano diz que o atual sistema adotado pelo Incra, de editais para seleção pública de interessados em trabalhar na terra, representa um avanço significativo. “Todo o processo sempre foi feito sem qualquer capacidade de planejamento, o pessoal invade e você tem que resolver o problema da invasão. Isso é um processo completamente diferente do que invadir e colocar na terra gente que não tem capacidade, não tem preparo no mundo da tecnologia para evoluir. Acho elogiável”, sublinha.

Graziano pontua que chegou a propor um modelo parecido, de inscrição pelos Correios, nos anos 90, para que houvesse seleção e capacitação das pessoas em escolas de agronomia, antes da entrega de qualquer terra. Mas o que acabou prevalecendo nos anos seguintes foi a indústria da reforma agrária. “Havia uma sacanagem geral, em termos de negociata mesmo. Tinha gente grossa envolvida nesse processo, ganhando dinheiro comprando terra, vendendo terra para reforma agrária. Mas como é difícil de provar, é difícil escrever isso também”.

Amigo de Lula foi condenado por negociata com o Incra
Ainda que o ex-deputado não aponte nomes, um dos beneficiários das negociatas com o Incra teria sido o pecuarista José Carlos Bumlai, compadre de Lula, que segundo perícias contratadas pelo Ministério Público Federal vendeu uma fazenda em Corumbá (MS) para o Incra com superfaturamento de R$ 7,5 milhões. Bumlai acabou condenado pela Operação Lava Jato, em 2016, a 9 anos e dez meses de prisão, por corrupção passiva, entre outros crimes, inclusive um empréstimo fraudulento de R$ 12,17 milhões, dinheiro que teria sido repassado integralmente ao Partido dos Trabalhadores.

Em seu site, o MST dá conta da existência de 80 mil militantes em acampamentos precários espalhados pelo país. Apesar das invasões recentes na Bahia, João Pedro Stedile tem dito que o foco, no momento, está na articulação de sete mil comitês populares, “articulados em sindicatos, mandatos, movimentos populares e partidos”. “É importantíssimo que esses comitês se reúnam e tenham vida própria. E o que fazer lá no comitê? Discutir um plano de emergência para o governo Lula”, disse Stedile. Seja o que for o tal “plano de emergência”, se trouxer a reboque invasões e baderna no campo, terá de atropelar, também, conquistas institucionais e civilizatórias dos últimos anos. Para Graziano, se as invasões retornarem, “ficará claro ser um movimento anti-histórico”.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/selecao-publica-para-reforma-agraria-zerou-invasoes-com-pt-esbulho-esta-de-volta/
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PODEMOS TER ESPERANÇA COM O NOVO GOVERNO?

 

Lula ganhou uma nova chance na Presidência, mas seu governo, que começa hoje, só será bem-sucedido se abandonar velhos dogmas que só atrasaram o desenvolvimento do País

Por Notas & Informações – Jornal Estadão

O início de um novo governo sempre inspira a renovação da esperança de milhões de brasileiros por tempos mais venturosos para o País. Neste começo de ano, em particular, as expectativas em relação ao futuro próximo são diretamente proporcionais ao assombro manifestado pela maioria dos eleitores nas urnas diante de múltiplos retrocessos havidos no passado recente.

Este jornal não é indiferente a essa aspiração coletiva e deseja sorte, sabedoria e temperança ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A faina que se descortina para o novo chefe de Estado e de governo exigirá dele atributos de liderança política que, seguramente, não foram testados em seus mandatos anteriores.

Ao fim e ao cabo, o eventual sucesso do governo Lula significará que mazelas renitentes em áreas sensíveis como educação, saúde e distribuição de renda, entre outras, se não podem ser superadas nos próximos quatro anos, terão sido ao menos mitigadas pelas escolhas feitas pelo novo mandatário. E tudo que for feito com responsabilidade e espírito republicano pelo novo governo para recolocar o País no trilho do desenvolvimento e, principalmente, melhorar a qualidade de vida de milhões de nossos concidadãos decerto será celebrado nesta página.

Lula dará um passo fundamental para fazer de seu terceiro mandato presidencial uma história escrita por mais êxitos do que fracassos se, desde o início, compreender sinceramente que seu triunfo eleitoral não representou uma vitória exclusiva sua ou dos petistas nem tampouco uma chancela da maioria da sociedade à integra da retrógrada agenda política e econômica do PT.

Se os petistas acharem que ganharam a eleição sozinhos, cometerão um erro fundamental que pode pôr a perder, mais do que a governabilidade de Lula, o desenvolvimento do País. É tudo que não desejamos.

Em incontáveis ocasiões, Lula fez questão de deixar clara sua preocupação com o atendimento das necessidades dos cidadãos mais vulneráveis. É louvável que o presidente da República ponha no topo de seu rol de prioridades a criação das condições para a melhora da qualidade de vida de tantos brasileiros, milhões dos quais não conseguem nem sequer fazer três refeições por dia. Porém, há duas formas de atender a essa demanda mais que premente: a demagógica, fugaz; e a responsável, duradoura.

O PT já governou o País por quase 14 anos. São sobejamente conhecidas as medidas desastrosas que o partido já adotou para tratar daquelas mazelas sociais. A política petista, populista e eleitoreira, sobretudo durante o segundo mandato de Lula e no de sua sucessora, Dilma Rousseff, levou o Brasil à ruína. Seus efeitos são sentidos ainda hoje.

Presumindo que dinheiro é recurso infinito, ou seja, que brota no chão ao sabor das vontades do governante, o PT conseguiu provocar a pior recessão econômica em muitas décadas e realizou a proeza de praticamente dizimar todas as conquistas sociais das próprias administrações petistas. É difícil imaginar que os petistas, famosos por não aprenderem nada nem esquecerem nada, tenham tirado as lições corretas do desastre que provocaram, mas, como foi dito, é tempo de esperança.

Espera-se – talvez em vão, o tempo dirá – que Lula, uma vez empossado, enfim desça do palanque e governe o Brasil com seriedade e equilíbrio. O presidente gosta de repetir a cantilena de que responsabilidade fiscal é inimiga da responsabilidade social. Nada mais errado, por uma questão elementar: não se pode cuidar verdadeiramente dos mais pobres sem dinheiro para sólidas políticas públicas de transferência de renda e geração de empregos.

É mais que hora de novas ideias para solucionar velhos problemas. Não faltam excelentes propostas para desenvolver o Brasil a partir de novas abordagens sobre políticas públicas nas áreas de educação, saúde, agronegócio, indústria e preservação ambiental, entre tantas outras. Universidades, partidos políticos e organizações da sociedade civil têm contribuído para esse esforço nacional com estudos que têm tudo para levar o País a bom porto.

Lula deve estabelecer as prioridades imbuído desse espírito de renovação, com coragem para abandonar velhos dogmas que só atrasaram o desenvolvimento do País.

NETWORKING FACILITA OS NEGÓCIOS

Redação StartSe

Como usar o Networking e rede de contatos como estratégia para promover um negócio? Neste post vamos falar como você pode usar isso na sua carreira!

O ser humano só está no topo da cadeia alimentar devido a sua capacidade de se comunicar com outros de sua espécie. Estamos falando do poder das relações sociais.

E não é apenas na vida pessoal que os relacionamentos são importantes. Desde o início de nossas carreiras profissionais, estamos desenvolvendo habilidades de comunicação que nos fazem criar novas oportunidades de negócio.

Aprendemos que, para nos tornarmos empreendedores de sucesso, precisamos ser protagonistas da nossa própria carreira, estar atentos o tempo todo às tendências de mercado e as preferências e mudanças de hábito do consumidor.

Estamos sempre falando com pessoas, conhecendo novos produtos e serviços: fazendo networking. O networking é uma das estratégias mais baratas e eficientes de se fazer negócios.

No Vale do Silício, por exemplo, o networking é usado como principal estratégia para startups conseguirem chegar ao topo.

Ao conhecer pessoas de diferentes perfis e contextos culturais, ganhamos novas formas de enxergar o mundo, nos tornamos pessoas mais criativas e formamos grupos que ajudam a fomentar o ecossistema da inovação e do empreendedorismo.

Com as novas tecnologias e a internet, criamos redes de contato realmente poderosas e eficientes, capazes de compartilhar informações relevantes em poucos segundos para qualquer parte do planeta.

Podemos participar de eventos, webinars, grupos de WhatsApp ou contribuir com nosso conhecimento em fóruns de discussão em redes sociais, ampliando infinitamente estas redes de contato.

Fato é que quanto mais avançada a sua capacidade de networking, maior a probabilidade de conseguir boas oportunidades de trabalho, parcerias, investimentos e clientes.

Por isso, se você deseja começar sua própria startup ou está pensando em estratégias para promovê-la no mercado, o networking, sem dúvida é uma ótima forma de fazer isso.

Mas afinal, quais são as formas de fazer networking e como se beneficiar desta rede de contatos poderosa? Continue lendo este post!

O QUE É NETWORKING E PARA QUE SERVE?

A arte de fazer conexões com outras pessoas é bem antiga. A palavra Networking vem do inglês e significa ‘capacidade de estabelecer uma rede de contatos’.

O objetivo do networking é muito bem definido: promover a interação entre pessoas, formando um sistema de suporte no qual todos compartilham informações e serviços de interesse em comum.

Ela serve para trocar informações relevantes e construir um relacionamento com pessoas que têm interesses em comum.

Da comunidade focada em discutir novidades de tecnologia e varejo eletrônico no Facebook até os grupos de moda feminina ou produtos naturais no WhatsApp.

Existem diversas formas de fazer networking.

VANTAGENS DO NETWORKING

Criar novas oportunidades profissionais e de carreira

Encontrar parceiros ou investidores

Prospectar leads e novos clientes para ampliar vendas

Aumentar o awareness e a influência da sua empresa no mercado

Desenvolver novas habilidades técnicas ou sociais

Aprimorar projetos em andamento

Formar alianças ou grupos de ajuda mútua

7 DICAS PARA FAZER UM BOM NETWORKING

1. PARTICIPE DE EVENTOS

Com tantas mudanças ocorrendo na Nova Economia, eventos são uma fonte muito rica de informação relevante e atualizada sobre mercados de consumo.

Independente do seu nicho de negócio, os eventos são a oportunidade perfeita para criar novas conexões profissionais, conhecer empresas, tendências e técnicas diferentes.

Pesquise por eventos e conferências na sua cidade e programe-se para assistir às palestras que achar mais interessante (não se esqueça de levar seu cartão de visitas!).

Também vale a pena interagir com os palestrantes: faça perguntas, apresente-se pessoalmente e adicione-os nas redes sociais para acompanhar seus conteúdos e contribuir com comentários.

Se o evento possuir área de exposição, vale a pena dar uma passada nos estandes para conhecer mais sobre os fornecedores, o que fazem, como vendem seus produtos e serviços.

Tipos de eventos

Eventos sobre empreendedorismo

Meetups, Congressos, Simpósios e Seminários sobre tendências em tecnologia

Conferências de segmentos em alta como Fintechs e Law Tech

Programas internacionais

Eventos com foco em gestão e inovação

Programas de imersão para executivos

Eventos de Gestão de Marketing

Eventos sobre Cultura da Inovação

Eventos sobre Transformação Digital

Por que participar de eventos?

Descobrir novas soluções para os problemas da sua startup ou empresa

Manter-se atualizado sobre as mudanças do seu mercado e consumidor

Fazer benchmarking de concorrentes

Firmar novas parcerias

Contratar novas ferramentas e softwares

Fazer novos contatos e networking

Encontrar novos clientes

Tirar dúvidas com palestrantes, mentores e especialistas do seu nicho de atuação

Desenvolver novas habilidades

Para ter insights para criar novos produtos e serviços

2. INSCREVA-SE EM WEBINARS

O webinar é uma aula online (ao vivo ou previamente gravado) com duração média de 40 minutos a 1 hora.

Este formato de conteúdo vem crescendo muito nos últimos anos: 25% das marcas que possuem uma estratégia de marketing de conteúdo utilizam o webinar para divulgar produtos e serviços.

Entre as inúmeras vantagens, está a de ser mais econômico, tanto para quem organiza o evento, quanto para quem o assiste.

Por ser online, ele dispensa os altos custos com aluguel para realizar uma palestra, além de gastos com alimentação e transporte para os participantes.

Além disso, o webinar é bastante prático, por ser realizado online, você recebe a notificação por e-mail com a programação e um lembrete pouco tempo antes do início do evento.

Os webinars ou ‘seminários online’ são ótimas oportunidades de networking, por falarem de assuntos de interesse específicos e possuírem o sistema de chat online, no qual todos os participantes podem enviar perguntas e interagir entre si.

3. FAÇA CURSOS ONLINE E PRESENCIAIS

Cursos presenciais também ajudam a formar excelentes redes de contato.

A sala de aula, por mais tradicional que seja, é um ambiente muito propício para que as pessoas compartilhem o conhecimento que já adquiriram sobre um determinado assunto, além de favorecer a concentração, o foco e a disciplina nos estudos.

Por outro lado, se você é um empreendedor ou gestor com pouco tempo disponível, vale a pena investir em um bom curso online.

Mas lembre-se de que, o segredo para obter bons resultados com esta modalidade é ser disciplinado e eliminar as distrações ao estudar online.

Por isso, prepare um ambiente adequado, com boa iluminação e silêncio antes de começar.

Independente do formato ou do tema do curso, aproveite o tempo com os colegas de curso e com os professores para falar sobre suas aspirações profissionais ou apresentar a proposta da sua empresa ou startup.

Estes momentos são oportunidades perfeitas para fazer novos clientes, conhecer investidores ou encontrar parceiros estratégicos.

4. ESCREVA ARTIGOS PARA BLOGS E PORTAIS

Outra forma de estimular o networking é escrevendo artigos para portais de conteúdo ou criar posts para o seu blog ou parceiros.

Além de ser uma ótima estratégia de marketing de conteúdo, por gerar conteúdo exclusivo e qualificado a favor da reputação da sua marca, escrever artigos te torna mais conhecido no seu mercado.

E sabe qual é a melhor parte? Esta é uma das estratégias mais baratas e eficientes para começar a construir sua rede de contatos.

É muito simples começar: faça uma lista de portais de conteúdo e blogs do seu nicho de atuação que você considere estratégicos para o seu negócio.

Pode ser um blog ou site relevante, onde investidores ou seus clientes em potencial possam ter a chance de te encontrar.

Entre em contato com o editor-chefe ou o proprietário do canal por e-mail ou telefone e verifique se ele(a) aceita autores convidados.

Importante é não esquecer de monitorar os comentários, sugestões e feedbacks dos leitores após enviar os conteúdos.

Esta troca de experiências e opiniões é o que vai enriquecer o seu networking e abrir portas para aprofundar seu relacionamento com o público interessado.

Vantagens de escrever posts de blog e artigos

Contribui para aumentar a sua reputação diante de investidores

É uma ótima forma de gerar discussões relevantes acerca de um assunto

É uma excelente fonte de networking

Ajuda a otimização de buscas e SEO das suas estratégias de marketing e vendas

Atrai o interesse de leads e prospects qualificados

É uma estratégia de longo prazo (se forem atualizados, os posts não perdem valor com o tempo)

Contribui com as ações de marketing e vendas ao divulgar seus produtos e serviços de forma indireta

Te ajuda a entender quem é o seu público-leitor

5. GRUPOS EM REDES SOCIAIS

O Facebook e o Linkedin são as duas redes sociais mais usadas para networking. O Slack, ferramenta de comunicação corporativa também possui grupos de discussão e tem ganhado um grande número de adeptos.

Para qualificar ainda mais suas conexões, mantenha o seu perfil nas redes sempre atualizado e faça buscas específicas por perfis de seu interesse.

Ao adicionar alguém em uma rede social ou solicitar a entrada em um grupo envie uma mensagem personalizada contando um pouco sobre o motivo do pedido de contato.

Vantagens usar grupos em redes sociais como networking

Manter contato diário com comunidades de seu interesse

Fazer pesquisas de mercado ou enquetes

Criar oportunidades qualificadas para interagir com clientes e investidore

Divulgar o seu MVP (Mínimo Produto Viável) ou solicitar a opinião das pessoas sobre algum produto e serviço em desenvolvimento

Fazer benchmarking e tirar insights práticos para aplicar na sua startup

6. DAR AULAS E PALESTRAS

Preparar-se para uma aula ou palestra é uma forma de aprendizado única! Além da experiência em si, dar aulas e palestras te coloca em contato com pessoas de diferentes lugares, empresas e níveis corporativos.

Muita gente acaba pedindo conselhos após a apresentação, ou até mesmo entrando em contato por e-mail ou Linkedin para aprofundar o bate-papo. É daí que surge o networking qualificado e as oportunidades de ampliar negócios.

7. PARTICIPAR DE ASSOCIAÇÕES

As associações geralmente estão sempre atualizadas sobre as mudanças político-econômicas, legislativas e tendências de mercado.

Por isso, elas também são convocadas para opinarem sobre projetos de lei, consultas públicas, entre outras ações pertinentes ao governo e entidades do setor.

Pode ser muito interessante envolver-se com estas associações a fim de participar ativamente de tomadas de decisão importantes para o setor que a sua startup atua.

Lembre-se: o networking só vale a pena se você aprofundar os relacionamentos com a sua rede de contatos.

Do contrário você se tornará apenas um colecionador de telefones e perfis nas redes sociais.

Invista tempo de qualidade para trocar informações e experiências com as pessoas nos fóruns e grupos online, conferências e cursos.

Com certeza o retorno sobre este investimento será satisfatório.

A importância do bom site da Valeon para o seu negócio

Moysés Peruhype Carlech

Antigamente, quando um cliente precisava de um serviço, buscava contatos de empresas na Lista Telefônica, um catálogo que era entregue anualmente ou comprado em bancas de jornais que listava os negócios por áreas de atuação, ordem alfabética e região de atuação.

De certa forma, todos os concorrentes tinham as mesmas chances de serem encontrados pelos clientes, mas existiam algumas estratégias para que os nomes viessem listados primeiro, como criar nomes fantasia com as primeiras letras do alfabeto.

As listas telefônicas ficaram no passado, e, na atualidade, quando um cliente deseja procurar uma solução para sua demanda, dentre outros recursos, ele pesquisa por informações na internet.

O site da Valeon é essencial para que sua empresa seja encontrada pelos seus clientes e ter informações sobre a empresa e seus produtos 24 horas por dia.  Criamos uma marca forte, persuasiva e, principalmente, com identidade para ser reconhecida na internet. 

Investimos nas redes sociais procurando interagir com o nosso público através do Facebook, Google, Mozilla e Instagram. Dessa forma, os motivos pelos quais as redes sociais ajudam a sua empresa são inúmeros devido a possibilidade de interação constante e facilitado como o público-alvo e também a garantia de posicionamento no segmento de marketplaces do mercado, o que faz com que o nosso cliente sempre acha o produto ou a empresa procurada.

A Plataforma Comercial site Marketplace da Startup Valeon está apta a resolver os problemas e as dificuldades das empresas e dos consumidores que andavam de há muito tempo tentando resolver, sem sucesso, e o surgimento da Valeon possibilitou a solução desse problema de na região do Vale do Aço não ter um Marketplace que Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos e o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

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Moysés Peruhype Carlech

Existem várias empresas especializadas no mercado para desenvolver, gerenciar e impulsionar o seu e-commerce. A Startup Valeon é uma consultoria que conta com a expertise dos melhores profissionais do mercado para auxiliar a sua empresa na geração de resultados satisfatórios para o seu negócio.

Porém, antes de pensar em contratar uma empresa para cuidar da loja online é necessário fazer algumas considerações.

Por que você deve contratar uma empresa para cuidar da sua Publicidade?

Existem diversos benefícios em se contratar uma empresa especializada para cuidar dos seus negócios como a Startup Valeon que possui profissionais capacitados e com experiência de mercado que podem potencializar consideravelmente os resultados do seu e-commerce e isto resulta em mais vendas.

Quando você deve contratar a Startup Valeon para cuidar da sua Publicidade online?

A decisão de nos contratar pode ser tomada em qualquer estágio do seu projeto de vendas, mas, aproveitamos para tecermos algumas considerações importantes:

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

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sábado, 31 de dezembro de 2022

MORRE O PAPA BENTO XVI

 

Papa emérito
Conheça a longa vida de um papa genial

Por
Jônatas Dias Lima – Gazeta do Povo

MADRID, 21/08/2011.- Pope Benedict XVI saids goobye at the flight of steps prior to take his fligh in Barajas airport in Madrid, Spain, 21 August 2011 Benedict XVI ends today his four-day visit in the Spanish capital where he has attended the celebrations of the World Youth Day. The WYD, which runs from 16 August until 21 August 2011, is a worldwide encounter with the Pope which is celebrated every three years in a different country. EFE/Andres Ballesteros


O Papa Bento XVI se despede no lance de escadas antes de pegar um voo no aeroporto de Barajas em Madri, Espanha, 21 de agosto de 2011| Foto: EFE

De alguma forma, o papa João Paulo II parecia saber o destino do homem que por vinte e quatro anos foi seu braço direito e a mente brilhante que o ajudou a erguer um dos pontificados mais marcantes na história da Igreja Católica. A transformação do cardeal Joseph Ratzinger no papa Bento XVI está ligada de forma indelével ao papel que desempenhou junto ao seu santo antecessor na condição de prefeito para a Congregação da Doutrina da Fé e conselheiro pessoal. Por três vezes o fiel cardeal pediu oficialmente para se aposentar, ouvindo um fraterno “não” do pontífice polonês em todas as tentativas. Foi assim, sendo mantido na ativa meio que a contragosto, para além do que se costumava permitir, que Ratzinger entrou na fase mais importante de sua vida aos 78 anos, herdando um trono que ele conhecia bem e por isso mesmo nunca desejou.

Neste sábado (31), o mundo se despediu do papa mais longevo de todos os tempos, embora seu pontificado tenha durado pouco menos de oito anos. Aos 95, enfim Bento XVI completou a corrida, tendo “guardado a fé” (II Tim 4,7) como poucos fizeram com tamanha maestria antes dele.

Selecionar os fatos mais marcantes de uma vida tão extensa e repleta de realizações é um desafio assustador, mas ao menos podemos nos inspirar no exemplo do próprio Ratzinger que, não sem temor, encarou e cumpriu a tarefa de prosseguir e aprofundar o trabalho de um gigante.

O 265º papa da Igreja Católica nasceu na pequena cidade bávara de Marktl am Inn, em 1927, num Sábado de Aleluia, sendo batizado no mesmo dia. Com um pai policial, ele passa os primeiros dez anos de sua vida viajando muito e a família acaba adotando como lar a cidade de Traunstein, próximo da fronteira com a Áustria. É ali onde ele passa a maior parte de sua infância e adolescência, sempre acompanhado de seus irmãos mais velhos, Maria e Georg. Ambos se fizeram muito presentes na vida de Ratzinger mesmo após sua mudança para Roma.

Chega a década de 1940 numa Europa em ebulição, assombrada com as ameaças de uma nova guerra e sua Alemanha ocupa o centro das tensões, graças ao regime totalitário imposto pelo novo fuhrer. Contudo, a educação e a fé transmitidas por sua família preparam Joseph para as dificuldades que viriam em seguida.  Em seu livro de memórias, Ratzinger conta que viu os nazistas açoitarem o pároco da capela que frequentava antes de começar a celebração da missa. Pouco tempo depois, seguindo a sina de todo garoto alemão daquele período, foi obrigado a participar de atividades da Juventude Hitlerista.

O horror de um novo conflito mundial se concretiza, bem como o derramamento de sangue que todos sabiam que ocorreria. Em 1945, nos últimos meses da Segunda Guerra, o regime que o jovem Joseph detestava começa a fraquejar e impõe que estudantes internos devem trabalhar para mantê-lo. “Assim, o pequeno grupo de seminaristas da minha classe – nascidos em 1926 e 1927 – foi convocado para a Flak, em Munique”. Flak era o nome dado às baterias de defesa antiaéreas dos nazistas. Sobre esse período, sua autobiografia não diz muito, mas revela que foram dias amargos: “não preciso contar detalhadamente os muitos aborrecimentos que o tempo na Flak trouxe consigo, especialmente para uma pessoa tão pouco militar como eu”.

De fato, sua verdadeira luta, aquela na qual investiria todos os seus esforços e potências, viria décadas depois, servindo ao verdadeiro Senhor, não a um tirano. Ratzinger acaba por desertar e volta para casa. Mais tarde é preso por soldados norte-americanos e solto com o fim da guerra.

Com o pesadelo nazista chegando ao fim, surge a possibilidade de retomar o caminho rumo ao sacerdócio, sendo ordenado em 29 de junho de 1951, aos 24 anos. Seguindo uma vocação irresistível ao ensino, começa a lecionar já no ano seguinte, assumindo como professor na Escola Superior de Freising. Dois anos depois, torna-se doutor em teologia, com uma tese focada na obra de Santo Agostinho. Posteriormente, só em doutorados honoris causa viriam outros dez.

A partir desse ponto, sua vida acadêmica não parou mais, tendo produzido novos escritos inclusive após se tornar papa emérito. Como professor de teologia passou por universidades em Bonn, Münster e Tubinga, onde se tornou catedrático de Dogmática e História do Dogma na Universidade de Ratisbona, da qual também foi vice-reitor.

Estamos na década de 60, quando o papa João XXIII convoca o Concílio Vaticano II, um importante evento que reuniu bispos de todo o mundo e cuja última edição havia ocorrido há quase um século. O encontro que teve consequências tremendas para a Igreja das próximas décadas foi assistido de perto pelo padre Ratzinger que foi escolhido para atuar como perito, ao lado do cardeal Joseph Frings, arcebispo de Colônia. Depois, o destaque obtido o leva a desempenhar cargos importantes na Conferência Episcopal Alemã e na Comissão Teológica Internacional.

Em 1977, o papa que encerra o concílio, Paulo VI, nomeia o prodigioso sacerdote como arcebispo de Munique e Freising, num salto de etapas pouco comum, já que para arquidioceses importantes o padrão era o de se nomear bispos ou bispos auxiliares, mas não padres. A ascensão na hierarquia ganharia um grau a mais no mesmo ano, quando o pontífice lhe concede o barrete escarlate. Foi quando o alemão recebeu o primeiro título pelo qual ficará conhecido em todo o mundo, atraindo amigos e inimigos: cardeal Ratzinger.

Papa Bento XVI, durante a missa celebrada no aeródromo Cuatro Vientos em Madrid, Espanha, 21 de agosto de 2011. EFE/Javier Lizon| EFE
João Paulo II 
A providência quis que já no ano seguinte à sua chegada ao cardinalato, Ratzinger fosse convocado a colocar em prática o mais precioso dos atributos da função, o de votar no conclave que escolheria o novo papa. Em agosto de 1978 acompanha a eleição do cardeal italiano Albino Luciani, que assumiria o nome pontifício de João Paulo. Passados 33 dias, uma surpresa trágica abala a Igreja e de forma muito particular aos cardeais que participaram daquele conclave. O papa morre de embolia pulmonar, deixando a sede vacante pela segunda vez no mesmo ano, o que exige dos cardeais uma nova eleição.

No mês de outubro, a maioria dos votantes opta dessa vez por um não italiano, o primeiro em 455 anos, cuja relativa juventude também chamou a atenção dos observadores. Aos 54 anos, Karol Wojtyła, o cardeal arcebispo de Cracóvia, na Polônia, se tornava o papa João Paulo II. Poucos anos depois, a vida do cardeal Ratzinger seria profundamente modificada pelas escolhas do novo sucessor de Pedro.

Em 1980, a inteligência e a cordialidade de Ratzinger se sobrassaem novamente durante o sínodo dos bispos que discutiu o tema “A missão da família cristã no mundo contemporâneo”, evento no qual ocupou o papel de relator. Um ano depois, o papa polonês o nomeia prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, tornando-o a máxima autoridade abaixo do papa no que diz respeito ao ensino da Igreja nas questões de fé e moral. Posteriormente, biógrafos de João Paulo II relatarão que ele raramente faria algum discurso ou publicaria qualquer texto sem que o mesmo não tivesse sido revisado por Ratzinger.

A lealdade do cardeal alemão ao papa e o zelo pela correta doutrina eram tão notórias que seus críticos logo o apelidariam de Rottweiller de Deus, o que remetia muito mais à sua origem germânica e ao seu dever de guardião da fé do que ao seu temperamento pacato. Os ataques à ortodoxia defendida por Ratzinger cresceram sobremaneira após 1984, quando foi publicada com sua assinatura a instrução Libertatis nuntius, na qual são formalmente condenados alguns aspectos da Teologia da Libertação, corrente teológica popular na América Latina e que interpretava a fé cristã a partir da visão marxista, frequentemente substituindo pontos cruciais da doutrina católica por conceitos mais úteis ao pensamento revolucionário.

Expor e criticar a instrumentalização da Igreja por uma ideologia foi um ato corajoso que lhe custou caro. Muito das narrativas difamatórias usadas contra Bento XVI após sua eleição como papa eram, na verdade, versões recicladas dos insultos emitidos por teólogos da década de 80 diretamente afetados pelo documento e que nunca superaram seu rancor.

Catecismo 
Relevantes analistas católicos apontam hoje que, ao menos em parte, o avanço da Teologia da Libertação podia ser explicado pela confusão instaurada na Igreja após o Concílio Vaticano II e a reforma litúrgica que veio em seguida. Os mais tradicionalistas não hesitam em depositar a culpa no concílio em si, enquanto outros – Ratzinger entre eles – apontavam para as interpretações enviesadas dos documentos pastorais emitidos naquela ocasião. Faltava clareza quanto ao que de fato a Igreja dizia sobre uma extensa lista de questões e nesse quesito – clareza – Ratzinger sempre foi um especialista. Foi então que João Paulo II confiou a ele a presidência da comissão encarregada de produzir um novo catecismo para a Igreja, uma espécie de compêndio que explicasse de forma didática em que consiste a fé católica, fazendo uso de linguagem acessível ao homem contemporâneo, mas fiel à Tradição de dois mil anos.

A tarefa consumiu boa parte do tempo e energia do cardeal entre os anos de 1986 e 1992, quando o resultado do intenso trabalho foi enfim publicado. Em pouco tempo, o Catecismo da Igreja Católica escrito por Ratzinger e seus colaboradores se tornaria o manual de cabeceira de todo católico que buscasse crer e viver conforme ensina a Igreja fundada por Cristo e governada pelos sucessores dos apóstolos. O texto foi traduzido para inúmeros idiomas e posteriormente ganhou novas versões, algumas mais resumidas, na forma de perguntas e respostas, outras, adaptadas para jovens e crianças. Para muitos, o Catecismo da Igreja Católica é seu maior e mais duradouro legado espiritual.

A despedida do amigo 
A chegada do novo milênio trouxe para Ratzinger a esperança de que sua missão estivesse perto de ser concluída e, quem sabe, logo poderia enfim dedicar-se a uma vida mais contemplativa, ou voltar à vida acadêmica que amava, o que lhe permitiria escrever os livros que havia planejado há muito tempo, mas jamais conseguira graças à agenda intensa do papa e as consequentes tarefas que caíam sobre sua mesa. No entanto, como sabemos, o desenrolar da história não foi bem assim.

Em 2002, um João Paulo II já bastante debilitado pelo Parkinson aprova a eleição de Ratzinger como decano do colégio cardinalício, posição que lhe permitiria exercer uma série de funções importantes após a morte do pontífice, fato que ocorreria três anos mais tarde, em 2 abril de 2005. No dia 8, numa Praça de São Pedro completamente lotada, incluindo a presença de chefes de estado de todo o mundo, é o próprio Ratzinger quem celebra o funeral do papa e amigo que mudou sua vida.

Poucos dias depois, o cargo de decano do colégio cardinalício impunha também sobre ele o dever de presidir a missa de abertura do conclave que definiria o sucessor de João Paulo II. Na homilia, uma mensagem forte para o escolhido, seja lá quem fosse, sobre as nefastas consequências do relativismo, tema que se faria presente por todo o seu pontificado.

A eleição 
Quando as portas da Capela Sistina se fecharam, as listas de papabile fervilhavam na imprensa e nas casas de apostas. O nome de Ratzinger não constava em muitas delas, principalmente por causa dos seus 78 anos de idade. Outros, ainda mais equivocados, achavam impossível que os cardeais escolhessem alguém que, de certa forma, seria considerado mais conservador do que o próprio João Paulo II.

A torcida contrária não surtiu efeito e no dia 19 de abril de 2005, logo após a subida da fumaça branca que anuncia eleição de um novo papa, a figura que surge na sacada do Palácio Apostólico é a do cardeal Ratzinger, ou melhor, Bento XVI, o nome que assume fazendo referência, principalmente, ao padroeiro da Europa, São Bento de Núrsia, pai da tradição monástica no Ocidente.

Assim, o intelectual discreto, dotado de uma mente potente, mas comedido e até tímido nos gestos, teria de se acostumar com o clamor das multidões que criavam enormes expectativas a cada aparição do pontífice, em muito, graças às duas décadas de cativantes performances de João Paulo II, um líder nato, agraciado com personalidade magnética e muito carisma, qualidades às quais Bento XVI sabia bem que não possuía e que eram inimitáveis.

Ciente do quanto seu velho amigo transformou a figura do que vem a ser um papa, Bento assumiu tentando dar continuidade à forma de pastoreio iniciada pelo polonês: muitas viagens, uso intenso da mídia e eventos de massa. É claro que adaptações foram necessárias, afinal, Wojtyła inventou aquela rotina aos 54, mas Bento também foi favorecido pela sorte – ou pela providência? – já que herdou como primeiro megaevento agendado a Jornada Mundial da Juventude em Colônia, Alemanha, sua terra. O encontro reuniu 1,5 milhão de jovens católicos provenientes do mundo todo para celebrar a memória do amado João Paulo II e conhecer o novo líder que logo teria o nome musicado entre palmas e tambores, exatamente como faziam com JP2, o acrônimo predileto com o qual se referiam ao antigo pontífice.

No natal daquele mesmo ano, 2005, seria publicada sua primeira encíclica, Deus caritas est, uma reflexão profunda sobre o amor. A próxima foi dedicada a outra virtude teologal, Spe Salvi, de 2007, sobre a esperança cristã. Na terceira, publicada em 2009, Bento XVI deixa sua contribuição à doutrina social da Igreja. Intitulada Caritas in veritate, o texto faz uma análise da economia contemporânea, critica a divisão crescente entre ricos e pobres e chega a pedir uma verdadeira “autoridade política mundial” que seja preocupada com o bem comum.

Também em 2009 ocorre um de seus gestos mais determinantes na busca por ovelhas desgarradas. O papa retira a excomunhão de quatro bispos ordenados ilicitamente por Marcel Lefebvre, 1988, um arcebispo francês que liderou uma revolta contra as reformas instauradas após o Concílio Vaticano II, especialmente no campo litúrgico. O objetivo era o de facilitar a reconciliação com o grupo fundado por ele, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, mas também não deixava de ser um reflexo da preocupação que o então cardeal Ratzinger demonstrou em vários escritos com a decadência na liturgia católica, a falta de zelo pelo sagrado e o quanto isso afetava até mesmo a fé eucarística, central na vida da Igreja. Essa tentativa de reaproximação foi preparada dois anos antes, sobretudo com o motu proprio Summorum Pontificum, um documento que autorizou o clero de todo o mundo a celebrar, de forma extraordinária, a missa em latim conforme o missal anterior à reforma litúrgica realizada na década de 60, uma demanda preciosa para as comunidades tradicionalistas.

Viagens 
Durante seu pontificado Bento XVI fez 25 viagens apostólicas, aquelas feitas para outros países, fora da Itália. Dessas, destaca-se a visita ao Brasil, 2007, para acompanhar a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, ocorrida em Aparecida. Antes de se reunir com os bispos, ele vai à São Paulo, reúne-se com jovens no estádio do Pacaembu e canoniza Frei Galvão, o primeiro santo nascido no Brasil.

Em 2009, cumprindo o que passou a ser visto como obrigatório para todo papa, vai à Jerusalém rezar na igreja do Santo Sepulcro. Em 2012, para renovar a delicada ponte construída por seu antecessor, visita Cuba e se encontra com o ditador Fidel Castro. Na mesma viagem vai ao México, ocasião na qual sofre uma queda, fato posteriormente citado pelo próprio Bento XVI como determinante para a decisão que tomaria no ano seguinte e que surpreenderia o mundo.

Renúncia 
Em 11 de fevereiro de 2013, numa reunião com cardeais, Bento XVI lê a carta de renúncia que havia preparado há meses, afirmando que a partir de 28 de fevereiro daquele ano, a sede de São Pedro ficaria vaga e que deveria ser convocado um novo conclave para a eleição do próximo Sumo Pontífice.

No texto, Bento XVI diz:

“Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.

No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.

Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005 (…)”.

Como não podia deixar de ser, o anúncio provocou enorme perturbação na Igreja em todo o mundo e, claro, especulações. Para todos, era bastante compreensível que aos 85 anos manter uma agenda de compromissos como a que um papa tem era bem difícil, portanto, a justificativa seria plausível. O problema estava no ineditismo do ato. Embora houvesse outros casos na história de papas que renunciaram, eles ocorreram séculos atrás e nenhum deles o fez em tempos de paz, de forma completamente livre, como Bento decidiu fazer. Em todos os casos sempre houve o contexto de guerras, deposições, sequestros, enfim, situações trágicas não tão incomuns para governantes da Idade Média.

Dessa vez não era o caso. Bento XVI simplesmente concluiu que não desempenhava mais tão bem suas funções e escolheu abrir mão de um poder único no mundo, de forma totalmente livre, conforme enfatizou tanto na carta de renúncia quanto em entrevistas posteriores, como a que concedeu ao jornalista Peter Seewald, no livro O Último Testamento, publicado em 2017. Para quem não dispõe de uma vida espiritual que dê sentido a tamanho desprendimento, o ato parecia incompreensível, até suspeito. Grupos anticlericais sedentos por ferir a credibilidade da Igreja apontavam para os casos de abusos de menores por padres ocorridos em décadas passadas e relatados sobretudo na Europa e Estados Unidos. Para vinculá-los a pontífice alemão era preciso omitir todas as estruturas eclesiais e procedimentos criados pelo próprio Bento XVI para que crimes horrendos como aqueles não voltassem a ocorrer, incluindo maior punição para culpados e estipulando regras mais rígidas na seleção de candidatos ao sacerdócio.

Por outro lado, a renúncia também provocou reação nas alas mais tradicionalistas da Igreja que variavam entre considerar o ato um erro grave ou uma completa impossibilidade teológica. De fato, mesmo após a eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como o sucessor de Bento XVI, houve quem nunca o tenha reconhecido, pois, para eles, supostamente, só poderia haver um papa e este seria Bento XVI até sua morte, independentemente do que fosse proclamado ou formalmente estabelecido. Esses grupos, que o amavam profundamente, foram a verdadeira razão pela qual o agora papa emérito se preocupou tanto em reafirmar que tomou a decisão livremente e que agora havia um novo sucessor de Pedro no trono.

Em 2019, em entrevista ao jornal Corriere della Sera, por exemplo, ele recordou a histórica luta da Igreja Católica para manter sua unidade, destacando que ela sempre esteve em perigo: “Foi assim em toda a sua história. Guerras, conflitos internos, ameaças de cismas. Mas sempre prevaleceu a consciência de que a Igreja é e deve ficar unida. A sua unidade sempre foi mais forte do que as lutas e as guerras internas”. Concluiu afirmando, enfaticamente: “O Papa é um só: Francisco”.

Emérito 
A prudência de Bento XVI e o profundo respeito por seu sucessor – por mais diferentes que fossem e sem compartilhar da mesma proximidade que o unia a João Paulo II – o levaram a optar por uma vida de reclusão, dentro do próprio Vaticano, de modo a não interferir de modo algum no novo pontificado. Assim, a partir do dia em que se tornou emérito, seus dias se assemelhavam aos de um monge. Conforme contou seu secretário pessoal, o arcebispo Georg Gänswein, por ocasião do aniversário de 95 anos, a rotina de Bento XVI no Mosteiro Mater Eclesiae, seu lar final, não mudou muito desde que se mudou para lá, em 2013.

Fisicamente cada vez mais frágil, mas incrivelmente lúcido, o pontífice ancião começava o dia com a missa e as orações do breviário. Depois, o café da manhã, uma pausa, e então se dedicava às correspondências e às leituras da manhã. “De vez em quando, há espaço para a música, até a hora do almoço”, dizia Gänswein, completando que o período da tarde era dedicado a receber eventuais visitas e a recitação do terço durante uma pequena caminhada nos Jardins do Vaticano. À noite, a janta e uma oração antes de se deitar.

Foi assim, contemplativo, vivendo num quarto modesto até demais, que Bento XVI terminou seus dias, livre de todo o poder que somente o líder máximo de 1,3 bilhão de católicos tem ao seu alcance. Serenamente, o genial Joseph Ratzinger, cuja formidável obra deve um dia render-lhe o título de Doutor da Igreja, completa sua Páscoa deixando em todos que o amam a certeza de que profético o lema escolhido para seu episcopado, décadas atrás, só pode ter sido revelado pelo próprio Deus, dada a precisão com que foi cumprido. O “cooperador da Verdade” finalmente descansa e se encontra com aquele que guiou seus quase cem anos de vida dedicados a fazer Cristo ser conhecido, amado e compreendido.


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PROMESSAS DE RETROCESSO NA ECONOMIA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Fernando Haddad, que será ministro da Fazenda no governo Lula, é filiado ao PT desde 1983 e revela simpatia por ideias marxistas.| Foto: Raul Martinez/EFE


Como se não bastassem todas as perspectivas negativas que se descortinam desde as primeiras declarações de Lula sobre responsabilidade fiscal, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou que o próximo governo pode desfazer uma conquista importante dos dois antecessores do petista. “Nós temos uma interface com a OCDE que não é pequena. Em relação à entrada na OCDE do Brasil, isso é uma política que vai ser definida pelo governo, não pelo Ministério da Fazenda. É uma decisão de governo que vai ser reconsiderada pelo presidente Lula e vai revisitar esse tema a partir de janeiro”, afirmou Haddad no Centro Cultural Banco do Brasil, sede da equipe de transição.

No fim de janeiro deste ano, o conselho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico aprovou um convite para que o Brasil e mais cinco nações (Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia) iniciassem as negociações formais para a adesão ao “clube dos países ricos”, assim chamado porque a maioria de seus membros é de nações desenvolvidas, com PIB per capita alto e boas práticas socioeconômicas. Em sua primeira passagem pelo Planalto, o petismo jamais teve interesse em aderir à OCDE – no máximo, assinou um acordo de cooperação em 2015, sob Dilma Rousseff. A adesão passou a ser um objetivo brasileiro a partir de 2017, com Michel Temer, e que foi mantido por Jair Bolsonaro e sua equipe econômica. À época do convite, estimava-se que o Brasil levaria de três a cinco anos para adaptar suas normas aos padrões da entidade: o sucesso neste trabalho demonstraria que o Brasil teria condições de se juntar efetivamente à OCDE, e ainda havia muito a fazer.

Quando finalmente abrem-se as portas para o acesso a um grupo que puxa seus membros para cima, o petismo parece querer mantê-las bem trancadas

Dos 147 instrumentos normativos da OCDE aos quais o Brasil ainda precisava aderir, nas contas do chanceler Carlos França em janeiro, vários deles lidavam com temas importantíssimos, como reforma tributária, abertura comercial e combate à corrupção. Este último tema levou a OCDE a prestar especial atenção ao Brasil ao menos desde que o Supremo Tribunal Federal acabou com a prisão após condenação em segunda instância; o chefe de um grupo de trabalho anticorrupção da OCDE foi enviado ao Brasil para se informar sobre a decisão e manifestou preocupação com outros retrocessos, como a Lei de Abuso de Autoridade e a desfiguração do pacote anticrime proposto pelo ex-ministro Sergio Moro. Desde então, a situação apenas piorou, com o desmonte completo da Lava Jato, a anulação de seus resultados e a iminente posse no cargo máximo do país daquele que foi o principal investigado da operação, e que só está prestes a receber a faixa presidencial porque o mesmo STF que acabou com a prisão em segunda instância tirou da cartola uma inacreditável anulação de processos baseada em “erro de CEP” e uma igualmente inacreditável suspeição de Moro.

VEJA TAMBÉM:
O Brasil e o convite para a OCDE (editorial de 27 de janeiro de 2022)
A liberdade econômica patina no Brasil (editorial de 16 de fevereiro de 2022)
O recado da OCDE para o Brasil (editorial de 16 de dezembro de 2020)


Olhando por esse aspecto, não chega a surpreender que o PT não queira que o Brasil avance no processo de adesão à OCDE, pois isso significaria promover muito do que o partido abomina em termos de políticas econômicas, responsabilidade fiscal, liberdade econômica, grau de intervencionismo estatal na economia, boa governança e combate à ladroagem. As normas da OCDE, apesar de serem o resultado de décadas de acúmulo de experiência sobre a melhor forma de promover o desenvolvimento para a população dos países-membros, são reduzidas pela retórica petista a meros instrumentos “neoliberais”, de redução da autonomia brasileira ou qualquer outro termo dos surrados dicionários esquerdistas para atacar medidas cujo efeito positivo sobre o crescimento econômico é amplamente documentado.

Desistir do ingresso na OCDE, como Haddad dá a entender que Lula fará, será uma nova confirmação de uma sina brasileira, nas palavras de Roberto Campos: a de não perder uma oportunidade de perder uma oportunidade. Quando finalmente abrem-se as portas para o acesso a um grupo que puxa seus membros para cima, o petismo parece querer mantê-las bem trancadas. O que seria um impulso para o Brasil realizar as importantes reformas que segue relutando em fazer estará perdido, ao menos enquanto o petismo permanecer no poder. A nova “herança maldita” já começa a se desenhar.


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REFORMA ADMINISTRATIVA DE BOLSONARO

 

Serviço público
Governo Lula quer “enterrar” reforma administrativa proposta por Bolsonaro

Por
Guilherme Grandi


Relatório do gabinete de transição de Lula afirma que a reforma administrativa proposta por Bolsonaro tinha “más intenções”.| Foto: André Borges/EFE


Duas das reformas estruturantes mais esperadas pelo mercado e que já estão no Congresso devem ter caminhos diferentes no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A primeira, a tributária, foi elencada como prioritária pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A reforma administrativa do Estado, por sua vez, deve ser “enterrada”.

O deputado Rogério Correia (PT-MG), que coordenou a área técnica do trabalho na equipe de transição, sugeriu que a reforma administrativa da PEC 32/2020 seja arquivada.

O relatório final do gabinete de transição de Lula afirma que a reforma administrativa do governo Bolsonaro tinha “más intenções”, ecoando avaliações que PT e esquerda fizeram nos últimos anos a respeito da ideia de rever as regras do serviço público.

“[No governo Bolsonaro] a gestão pública permaneceu à deriva, distante de uma concepção de Estado republicano, democrático e desenvolvimentista. Ao contrário, essa agenda foi fortemente dominada pelas más intenções da PEC 32/2020, que mais atrapalharam que ajudaram a identificar os verdadeiros problemas estruturais do setor público brasileiro, a saber: o autoritarismo, o burocratismo, o privatismo, o fiscalismo e o corporativismo”, diz um trecho do relatório da transição.

A PEC 32/2020 foi enviada à Câmara dos Deputados em setembro de 2020 e aprovada um ano depois por uma comissão especial. Deveria ser votada em plenário na sequência, mas não avançou por falta de esforço do governo Bolsonaro, conforme o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o “entorno do presidente bloqueou” o avanço da reforma.

Entre as propostas da reforma administrativa que desagradam os servidores estão:

possibilidade de demissão por desempenho insuficiente;
corte transitório de jornada de trabalho e remuneração em até 25% em caso de crise fiscal;
permissão para contratação temporária pelo prazo de dez anos;
travas para benefícios tidos como “privilégios”; e
fim da aposentadoria compulsória como modalidade de punição.
Tais medidas não prosperariam no Congresso em pleno ano eleitoral, segundo sentenciou o deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara, no fim de 2021.

A discussão da reforma administrativa quase não ganhou holofotes durante a campanha presidencial. Lula pouco a citou em seu plano de governo e em sabatinas. De modo geral, o PT e toda a esquerda se opunham a regras mais rígidas para o serviço público.

O presidente eleito reconhecia que era preciso rever as carreiras de Estado, mas não ia muito além. Falava genericamente, defendendo “dar mais transparência aos processos decisórios, no trato da coisa pública de modo geral, direcionando a esfera pública e a ação governamental para as entregas públicas que realizem os direitos constitucionais”.

Para Mário Sérgio Lepre, professor e mestre em Ciência Política pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), qualquer reforma administrativa terá muita dificuldade em avançar em um Congresso muito sensível a pressões corporativistas.

“Isso mexe em uma série de coisas que vão gerar um ambiente corporativista que impede o debate, porque o próprio deputado está inserido nisso. [O funcionalismo] é um setor extremamente delicado e que vai utilizar toda a sua força política. Imagina fazendo greves para todos os lados. Eles têm um instrumento de pressão muito forte”, diz Lepre.

O cientista político comenta que os próprios estudos para se fazer uma reforma administrativa passam por servidores que são concursados e têm estabilidade de emprego, e que vão depender de outros servidores igualmente na mesma situação: “São poucos deputados que votariam tranquilamente”.

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Petista defende discutir com os servidores antes de elaborar nova reforma
O deputado Rogério Correia afirmou que Lula deve negociar com Lira para o projeto não avançar. Para ele, é preciso rediscutir o serviço público no país com os próprios servidores antes de elaborar uma nova reforma.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Correia defendeu a substituição da PEC 32/2020 por “uma mesa de diálogo com os servidores públicos, governo e sociedade em geral para discutir o funcionamento do serviço público no Brasil pós-pandemia e pós-governo Bolsonaro”.

Segundo ele, o pente-fino feito pelo grupo de transição constatou “grande defasagem” de servidores que se aposentaram e não foram repostos em áreas como educação, saúde, meio ambiente e outras. Para o deputado, a reforma administrativa do governo Bolsonaro ia na contramão da necessidade do Estado, ao buscar enxugar o serviço público, permitindo o acúmulo de funções e a redução da jornada de trabalho.

Outro dispositivo criticado pelo petista permitia a celebração de convênios com a iniciativa privada para diversos serviços públicos, e não apenas para ações e programas específicos que hoje já são realizados por organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs) e organizações sociais (OSs).

“O cerne dela é a privatização dos serviços públicos. No final das contas, essa PEC vai definhando o serviço público e substituindo pela iniciativa privada. Por isso a necessidade de retirá-la da tramitação. Mas isso não significa que a gente não tenha que discutir mais eficiência, como melhorar [os serviços prestados], quais são os parâmetros, direitos e deveres dos servidores, tudo entra nos debates que temos que fazer”, disse o deputado.

Reforma administrativa do governo Bolsonaro não alcançava Judiciário nem Legislativo

Um dos pontos mais criticados, mesmo por defensores da reforma administrativa, foi que as regras propostas pelo governo Bolsonaro não mexiam com os poderes Judiciário e Legislativo, onde estão alguns dos servidores mais bem-remunerados do Estado.

Essa lacuna foi usada pela esquerda como pretexto para obstruir as discussões. “Os principais argumentos do governo de garantir bons serviços à população e reduzir privilégios parecem contraditórios à medida que o texto da PEC deixou de fora de algumas carreiras, como militares, juízes e Ministério Público, além de cargos políticos, os quais também não serão afetados pelas medidas propostas”, disse a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) em voto conjunto com parlamentares do PT e do PSB.

A deputada observou que algumas dessas carreiras recebem benefícios que não são afetados pelo teto constitucional. Uma outra proposta no Congresso busca atacar exatamente esse ponto: o projeto de lei 6.726/2016, que normatiza as regras para o pagamento de adicionais aos salários de servidores públicos (como gratificações e auxílios).

O relator do projeto, deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR), afirma que a economia aos cofres públicos poderia chegar a R$ 3 bilhões. Segundo ele, a tramitação travou no Senado por pressão de magistrados e procuradores.

Em uma audiência pública, representantes de associações que integram a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas) disseram que o projeto conteria “riscos à democracia e à independência funcional das categorias”.

Quais os principais pontos da reforma administrativa do governo Bolsonaro
No texto apresentado por Paulo Guedes para justificar a reforma administrativa, o tema da estabilidade foi um dos que mais gerou controvérsia, por condicioná-la à avaliação de desempenho e tempo de trabalho, além de estabelecer novos vínculos jurídicos com o Estado.

Segundo o ministro da Economia, o ingresso no serviço público continuaria sendo por concurso, mas com diferentes regimes de contratação:

  1. Vínculo de experiência – período de experiência efetivo como etapa do concurso para ingresso em cargo por prazo indeterminado ou em cargo típico de Estado, estabelecendo um marco bem delimitado para avaliação mais abrangente e tomada de decisão quanto à admissão do servidor em cargo que compõe o quadro de pessoal de caráter permanente, a depender de classificação, dentro do quantitativo previsto no edital do concurso público, entre os mais bem avaliados ao final do período;
  2. Vínculo por prazo determinado – vai possibilitar a admissão de pessoal para necessidades específicas e com prazo certo, a atender: (a) necessidade temporária decorrente de calamidade, de emergência, de paralisação em atividades essenciais ou de acúmulo transitório de serviço; (b) atividades, projetos ou necessidades de caráter temporário ou sazonal, com indicação expressa da duração dos contratos; e (c) atividades ou procedimentos sob demanda;
  3. Cargo com vínculo por prazo indeterminado – para o desempenho de atividades contínuas que não sejam típicas de Estado, abrangendo atividades técnicas, administrativas ou especializadas e que envolvem maior contingente de pessoas;
  4. Cargo típico de Estado – com garantias, prerrogativas e deveres diferenciados, será restrito aos servidores que tenham como atribuição o desempenho de atividades que são próprias do Estado, sensíveis, estratégicas e que representam, em grande parte, o poder extroverso do Estado;
  5. Cargo de liderança e assessoramento – vai corresponder não apenas aos atuais cargos em comissão e funções de confiança, mas também a outras posições que justifiquem a criação de um posto de trabalho específico com atribuições estratégicas, gerenciais ou técnicas.
    “De qualquer forma, é importante destacar que nem os atuais servidores ocupantes de cargo efetivo nem aqueles que vierem a ser admitidos no novo serviço público poderão ser desligados pelo arbítrio de uma pessoa ou em virtude de motivação político-partidária”, disse Guedes na justificativa.

A PEC 32/2020 também propõe a suspensão de férias por períodos maiores de 30 dias por ano, veda aumento de remuneração ou de parcelas indenizatórias com efeitos retroativos e também a aposentadoria compulsória como modalidade de punição.

A reforma passa a permitir a acumulação de cargos, “aproximando a realidade do setor público à do setor privado”. “Propõe-se a inversão da lógica: a acumulação será, em regra, permitida desde que haja compatibilidade de horário e não implique conflito de interesse”, afirma a justificativa da PEC.

As medidas, entre outras, seriam regulamentadas posteriormente por leis específicas. Após a apresentação, a PEC recebeu mais 75 emendas dos deputados, entre elas a garantia da estabilidade aos servidores contratados antes da aprovação; a que cria um regime jurídico “peculiar” específico para policiais civis da União, Distrito Federal, estados e municípios; a que disciplina o acúmulo de cargos, entre outras.


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BOLSONARO ABANDONOU OS SEUS SEGUIDORES?

 

Reação à live de despedida
O que eles dizem
Por
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília

-FOTODELDÍA- BRA50. BRASILIA (BRASIL), 29/12/2022.- Soldados prestan guardia en los alrededores de un campamento de simpatizantes del presidente brasileño, Jair Bolsonaro, hoy, en el Cuartel General del Ejército, en Brasilia (Brasil). Uno de los mayores desafíos que afrontará el presidente electo brasileño, Luiz Inácio Lula da Silva, será extirpar la política de los cuarteles y desmilitarizar el Gobierno, tras cuatro años de puertas abiertas con Jair Bolsonaro. EFE/ Andre Borges


Manifestante na frente do QG do Exército, em Brasília| Foto: André Borges/EFE

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma transmissão ao vivo no YouTube nesta sexta-feira (30) para prestar contas da sua gestão e comentar o atual momento político do país. A live, que quebrou um longo período de silêncio de Bolsonaro, foi mal recebida por grande parte de seus apoiadores, mas também ganhou declarações em tom de agradecimento.

Em mensagens a que a Gazeta do Povo teve acesso de grupos de WhatsApp que reúnem apoiadores e personalidades próximas ao presidente, a reação foi majoritariamente negativa. Em um deles, uma figura política de alto escalão afirmou pelo app: “Estamos desesperados! Seremos cassados, caçados e presos!”. Outras mensagens enviadas nestes grupos durante a live dão o tom da repercussão:

“Se for pra ter um líder desse, melhor nem ter.”
“Que ânimo um cara desses dá?”
“Está visivelmente acabado.”
“Bolsonaro foi colocado pelos petistas para arrasar com tudo.”
“Ele tira completamente a esperança do povo. Se o Haddad tivesse ganhado em 2018, seria melhor.”
“Ele segue falando dos problemas como se não tivesse parte nem pudesse fazer nada. Como se fosse um mero comentarista político.”
“De todos os fins possíveis, Bolsonaro nos deu o pior.”


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Na transmissão, Bolsonaro defendeu o legado de seu governo, que, segundo ele, teve “um saldo bastante positivo, em que pesem os problemas que tivemos”.

O presidente também deu um recado aos manifestantes que acamparam em quartéis-generais para protestar contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Creio no patriotismo, na inteligência, na garra de vocês. Sei o que vocês passaram ao longo desses dois meses de protestos, com sol, chuva. Isso não vai ficar perdido. Imagens foram para fora do Brasil. Aqui dentro despertou milhões de pessoas a estudarem por que tivemos essas manifestações. O pessoal passou a entender o que tem a perder, o que é a política brasileira”, disse.

No Twitter, algumas reações às falas do presidente entre figuras da direita também tiveram um tom de decepção:

“Eu apoiava o Bolsonaro até o momento em que ele deixou famílias embaixo da chuva durante dois meses mesmo sabendo ser inviável qualquer manobra política para reverter as eleições. Mas, em retrospectiva, ele nunca foi um líder. Não seria agora que viraria. Foi, na verdade, uma figura extremamente carismática, honesta e criada no tsunami do terremoto que foi o acesso à informação na internet. Não posso imaginar o que ele tenha passado sendo arremessado ao cargo, quase que contra sua vontade, sem a competência necessária”, disse a advogada Débora Luciano.

Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, disse que “acabou a chance de devolver as instituições ao povo, de subordinar o Estado à Nação”. “Virá agora o ataque furioso do corruptariado (todo o aparato estatal, elite política, mídia, capitalismo de laços e o tripé Crime-Clima-China) para destruir a alma e tiranizar o corpo da Nação. O povo está sozinho. E sua única esperança é justamente assumir a solidão, essa estranha solidão de 214 milhões contra algumas dezenas de espertos, omissos e criminosos, para que das profundezas do desalento possamos extrair um novo sentido de vida e luta”, afirmou.


O influenciador católico Bernardo Küster demonstrou pessimismo em relação à política como caminho para transformação: “A bigorna da realidade chegou e está causando, infelizmente, muito desespero na população, que foi em grande parte enganada foi vendedores de ilusões (tic-tac, 72 horas, Diário Oficial e áudios de Zap). Foco na lucidez, estudo, família e Deus. Não dê suas energias a políticos.”

Paulo Eneas, editor do site conservador Crítica Nacional, disse que “a única preocupação de Bolsonaro após o segundo turno das eleições era procurar uma narrativa conveniente para preservar seu capital político-eleitoral”. A jornalista Fernanda Salles, popular entre apoiadores de Bolsonaro, disse: “Fomos completamente abandonados!”

A deputada federal reeleita Bia Kicis (PL-DF) tuitou: “O sistema é perverso. Agora precisamos de resiliência. Vamos lembrar dos ensinamentos: tempos fáceis fazem homens fracos, homens fracos fazem tempos difíceis, tempos difíceis fazem homens fortes.”

Apoiadores também fazem declarações em tom de agradecimento a Bolsonaro
Apesar das críticas e do tom pessimista de alguns direitistas, outras personalidades da direita preferiram usar o Twitter para agradecer ao presidente.

A ex-ministra Damares Alves, afirmou que Bolsonaro “entra para a história como o homem que ressuscitou em nós o amor pela Pátria”. “Ele deixa um legado para gerações e formou líderes que estão prontos para dar continuidade a sua luta. Obrigada por tudo, presidente! Que Deus o abençoe. Juntos sempre!”

Para Bárbara Destefani, do canal Te Atualizei, a live de Bolsonaro não dá motivos para pessimismo. “O Brasil não acaba em 1° de janeiro. Ficar com raiva é esperado, até humano. Mas eu sou grata ao presidente e tudo que ele simbolizou. Não é o fim do livro, eu vejo como o início de um novo capítulo. Eu sei que não é hora para ser otimista, mas aos que desistiram: me incluam fora dessa.”

Para o influenciador Kim Paim, durante a live, Bolsonaro “deu a direção, falou sobre a necessidade de obter consensos e formar maioria” e “deixou claro as dificuldades e falta de apoio”. “Creio que ele fez de tudo o que podia. Também fez questão de ressaltar que o Brasil não acaba dia 1⁰”, comentou.

A deputada federal reeleita Carol De Toni (PL-SC) agradeceu a Bolsonaro e disse: “Por mais que seja difícil aceitar a atual conjuntura, a direita precisa de união e força para enfrentar o que vem pela frente. Não vamos desistir do Brasil.” Já o deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) não fez comentários sobre a live e se limitou a agradecer: “Obrigado, @jairbolsonaro”.

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