CNJ quer fiscalizar filhos de manifestantes que questionam lisura das eleições
Por Cristina Graeml – Gazeta do Povo
CNJ é o novo STF ou o novo TSE, porque um tirano é pouco para
tentar conter multidões de tias do zap e tios do churrasco, com seus
filhos e netos, famílias inteiras de manifestantes que um certo ministro
passeando em Nova York definiu como “manés”.
Se os manifestantes suportaram ao longo de anos perseguições,
difamações, até prisões ilegais, por que não aguentariam também uma
investida contra seus filhos?
Nesta sexta (18) a Gazeta do Povo publicou reportagem informando que o
Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu acionar juízes das Varas de
Infância e Juventude de todo o país para investigar a presença de
crianças nos atos em frente a quartéis.
Promotores do Ministério Público e policiais estaduais também foram
orientados a entrar na caça a possíveis violações aos direitos humanos
de crianças e adolescentes presentes nos atos, que parte considerável da
imprensa, políticos de esquerda e ministros das cortes superiores chama
de “golpistas” e “antidemocráticos”.
Manifestações, pais e filhos Você pode até não concordar com as
manifestações que estão acontecendo na frente dos quartéis de todo o
país há quase três semanas, desde o dia seguinte ao segundo turno das
eleições.
Mesmo discordando das reivindicações dos manifestantes ou dos locais
escolhidos por eles para pedir mais transparência nas eleições, suponho
que não aceite interfência de um órgão público sobre a forma como cada
um educa seus filhos.
A impressão que fica é que, como não tinham mais o que alegar para
tentar desfazer os protestos, resolveram constranger os pais. Afinal,
onde já se viu levar criança para o meio de gente pacata, que veste as
cores da bandeira em sinal de amor à pátria e demonstra civismo ao
protestar, sem depredar?
Decisão do CNJ causa revolta A notícia da nova determinação do CNJ
motivou o advogado gaúcho Valter Nagelstein, ex-candidato a prefeito de
Porto Alegre em 2020, a gravar um vídeo em que externa toda a sua
indignação.
Nagelstein exagera na interpretação do comunicado do CNJ, insinuando
que pais podem até perder a guarda dos filhos por determinação de
representantes do MP, da polícia ou da própria Justiça local.
Na verdade, a orientação é para que esses profissionais investiguem
se há alguma violação a direitos humanos das crianças nos acampamentos.
A confusão é, porém, bastante compreeensível num país em que,
recentemente, autoridades judiciais ameaçaram tirar a guarda dos filhos
que não fossem levados a tomar a vacina contra a Covid-19. Isso mesmo
que tivessem recomendação médica para não vacinar, já que a próprioa
bula da vacina não garantia segurança quanto a possíveis efeitos
adversos.
Desabafo Clicando no play da imagem que ilustra essa página, você
pode assistir ao meu vídeo com uma análise de mais este caso da chamada
tirania da toga. Junto está o vídeo do advogado, que viralizou no
whatsapp.
“É tão grave o momento que nós estamos vivendo que eu vou dizer o que
vou dizer agora, invocando as minhas prerrogativas e garantias
constitucionais como advogado”, diz Valter Nagelstein logo na abertura
do vídeo. “Que tipo de regime, pergunto, retira pela força filhos dos
pais?”
“Pois hoje, 17 de novembro de 2022, o Conselho Nacional de Justiça
emitiu recomendação a todos os juizados da Infância e da adolescência no
Brasil, aos Ministérios Públicos e as polícias dos estados, para que
identifiquem a presença de crianças em acampamentos de pessoas que
protestam, exercendo um direito constitucional que o STF diz que não é
mais direito constitucional: direito de reunião, direito de contestação,
direito de protesto.”
O advogado segue dizendo que adjetivaram esse direito de
“antidemocrático” e, agora, o CNJ determinou que as crianças sejam
identificadas e retiradas dos seus pais.
“Que tipo de loucura é essa que nós estamos vivendo? O que justifica
essas coisas? Até quando será preciso suportar, para que nós tenhamos um
rasgo de luz e de lucidez para trazer tudo para o seu centro, para o
seu leito natural?”
Valter Nagelstein, advogado, em vídeo que circula na internet
A orientação do CNJ pode até não chegar ao ponto de falar em retirada
da guarda das crianças, mas certamente tem o intuito de causar
constrangimento e medo nos pais, a ponto de, quem sabe, dissuadi-los de
seguir nas manifestações.
Tenho pra mim que o contorcionismo do sistema para impedir que o
brasileiro insista no direito a eleições limpas e transparentes, levará
mais e mais gente às ruas. Com ou sem os filhos por perto.
Fazuelli Ristorante anuncia cardápio criado pelo chef Alckmin
Por Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
No Fazuelli Ristorante o chef Alckmin pode exercer toda a sua
criatividade com pratos como o “robá-lo a socialismo fabiano” e o “guido
na mantega”.| Foto: Gilberto Marques/ Facebook
O Fazuelli
Ristorante, de propriedade do multimilionário palestrante internacional
Lizinácio, abriu as portas há poucas semanas, no dia 30 de outubro.
Pujantemente decorado pela socialite-com-consciência-social Janja da
Sylvah em estilo neobrutalista soviético com um quê de cafona, o
restaurante tem chamado a atenção da high society por seus
frequentadores ilustres e por seu cardápio inusitado – criação do chef
Alckmin.
Nascido numa família de abastados criadores do chuchu, os Tucanos,
ainda na adolescência Alckmin (cujo nome real é Astolfo) decidiu
abandonar o cultivo das frutas cucurbitáceas comumente confundidas com
legumes para aprender gastronomia nas cozinhas das escolas públicas de
São Paulo. Depois de décadas preparando os mais variados tipos de
merenda, ele ganhou o MasterChef com um prato de traíra com – oh!,
ironia do destino – chuchus fritos no óleo de peroba.
A receita e a vitória no reality show lhe renderam um convite para
chefiar a cozinha do Fazuelli Ristorante, onde Alckmin pôde exercer toda
a sua criatividade gastronômica saciando o paladar falsamente rebuscado
e o bolso perdulário de celebridades do mundo da política e do crime
organizado. Como Marcos Willians Herbas Camacho, CEO da 1533.Ltda, que
para o prato mais famoso de Alckmin, o robá-lo à socialismo fabiano, deu
5 estrelas no iFood.
Coração inquieto que é, porém, o chef do único restaurante 5 estrelas
do Guia Marcola decidiu mudar recentemente todo o cardápio do Fazuelli
Ristorante. Alckmin, porém, faz questão de deixar registrado um alerta:
quem espera um cardápio inspirado pela cozinha lulinha paz & amor
vai ter que procurar outro lugar para comer, porque, de agora em diante,
o Fazuelli Ristorante servirá apenas pratos da culinária
comunoprogressista-desenvolvimentista.
É um cardápio extenso, atualmente com 283 pratos, entre ex-ministros,
acusados e presos por corrupção, globalistas, ecochatos, ongueiros e
comunas da velha guarda. No Fazuelli Ristorante todos os pratos custam
R$13,45 + pixuleco. E aqui aproveito para destacar o prato preferido dos
empreiteiros e industriais frequentadores do Fazuelli: o guido na
mantega – um extravagante antepasto que mistura de inflação alta e
campeões nacionais, com retrogosto de queda no PIB.
Como prato principal, o comensal tem opções com os mais variados
níveis de esquerdismo. Paladares mais exigentes podem optar pelo filé de
Okamoto (preparado com deliciosas lascas de fundos de pensão), pelo
randolfe a passarinho ou pelo sarapatel humberto costa, preparado com
sangue desviado do SUS. Já para os que preferem passar fome e só vão ao
restaurante para celebrar negociatas espúrias mesmo, o prato mais
indicado é o holodomor à Flávio Dino. A opção vegana fica por conta do
tradicional churrasco de melancia, servido nos tamanhos Bela e Preta,
dependendo do apetite do cliente.
Entre as sobremesas, vale mencionar o janones de morango com creme de
leite condensado, receita que, por força do hábito, Alckmin diz ter
roubado de um minerim doidim.
O Fazuelli Ristorante fica num tenebroso anexo do STF. O restaurante
está com reservas feitas até as próximas eleições (se houver), mas isso
não é nada que uma propinazinha para o maître Daniel (codinome) não
resolva.
Mariana Carneiro, Julia Lindner e Gustavo Côrtes – Jornal Estadão
As mesas diretoras da Câmara e do Senado apresentaram,
no meio do feriado da República, duas emendas para incluir no Orçamento
de 2023 a previsão de gastos para bancar o reajuste de parlamentares e
de servidores no ano que vem. O aumento estava no radar após o Judiciário conceder um reajuste de 18% para seus funcionários (sendo 9% em 2023). No Legislativo,
a expectativa era a de que a notícia viria após a eleição. Dito e
feito, a cúpula do Senado quer R$ 199,3 milhões para reajustar os
salários de senadores e de servidores. Na Câmara, o pedido é de R$ 370,4
milhões, válido também para os políticos. O custo total do reajuste no
Legislativo, caso seja aprovado pelos próprios congressistas, será de
cerca de R$ 569 milhões em 2023.
Congresso. Foto: Gabriela Biló/Estadão
FOLGA. Tanto o Legislativo quanto o Judiciário podem
conceder reajustes porque têm espaço nos seus respectivos tetos de
gastos após a manobra feita pelo governo Bolsonaro, em 2021, para
ampliar as despesas do Executivo com a PEC dos Precatórios.
PLACAR. O Executivo consumiu todo o seu espaço
aberto em 2022, mas os demais poderes não. O reajuste dos servidores do
Executivo está previsto em 4,5% e custa, por ora, R$ 3,5 bi.
Abaixo, as emendas protocoladas pelas mesas da Câmara e do Senado para reservar a verba do reajuste:
Vencimentos mensais de deputados federais e senadores vão passar de
R$ 33,7 mil para R$ 36,8 mil se reajuste para 2023 for aprovado
BRASÍLIA – A Câmara e o Senado decidiram
oficializar o pedido para que os salários de parlamentares e servidores
sejam reajustados. Por meio de emendas, as duas Casas pedem a reserva
de R$ 370,4 milhões do Orçamento de 2023 para aumentar as remunerações
da Câmara e R$ 199,3 milhões para elevar as do Senado. Se aprovado o
reajuste, os salários de deputados e senadores subiriam de R$ 33,7 mil
para R$ 36,8 mil.
O Estadão revelou em agosto que a cúpula do
Congresso já estava com o pedido de aumento salarial engatilhado e
planejava apresentar a proposta após a eleição, para não prejudicar
deputados federais e senadores que tentavam renovar o mandato. Nesta
sexta-feira, a Coluna do Estadão mostrou que a medida foi oficializada no meio do feriado da Proclamação da República.
Medida foi articulada por parlamentares no meio do feriado da Proclamação da República.
A articulação para aumentar os vencimentos ocorreu após iniciativa de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 10 de agosto, a Corte aprovou, por unanimidade, uma proposta de
aumento de 18% para seus integrantes e todos os magistrados da Justiça
Federal, o que representa um impacto de aproximadamente R$ 4,6 bilhões. O
reajuste, se aprovado, eleva o salário dos ministros do STF de R$ 39,3
mil para R$ 46,3 mil.
Os pedidos de ampliação dos salários ainda precisam ser autorizados
pelo Congresso, mas a tendência é dar aval às iniciativas com a
aprovação do Orçamento para 2023.
Questionado pelo Estadão, o presidente da Comissão
Mista de Orçamento do Congresso, deputado Celso Sabino (União
Brasil-PA), evitou comentar o assunto. “Nem vi ainda”, afirmou.
O parlamentar disse estar focado nas negociações para aprovar a
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que é articulada
pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
com o objetivo de abrir espaço fiscal para pagar o novo Bolsa Família
de R$ 600 e o aumento do salário mínimo. “A pauta é a PEC”, disse o
deputado federal.
As emendas foram apresentadas após reuniões feitas pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG),
com as Mesas Diretoras das duas Casas. O argumento para a correção dos
valores é de que há recursos no caixa e, ainda, que deputados, senadores
e servidores estão há oito anos sem reajuste. O último foi dado em
2014.
Quando os ministros do Supremo decidiram aumentar os próprios
salários, o movimento despertou forte reação negativa na sociedade
civil, que tem cobrado um enxugamento da máquina pública.
Por Vinícius Valfré, Fabio Grellet, Ananda Müller, Samuel Lima, José Maria Tomazela, Augusto Tenório e Camila Costa da Cunha – Jornal Estadão
Manifestantes questionam vitória de Lula e pedem de nova eleição a intervenção; no DF, comando da PM não vê conduta ilícita
BRASÍLIA, FLORIANÓPOLIS, RECIFE, RIO DE JANEIRO, SÃO PAULO E SOROCABA
– Passadas mais de duas semanas do resultado da eleição, apoiadores do
presidente Jair Bolsonaro seguem concentrados nas proximidades de instalações das Forças Armadas em atos contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
O movimento espalhado pelo País ganhou caráter de vigília na frente de
quartéis e tiros de guerra, com a aglomeração de centenas de
manifestantes. Não há líderes nacionais definidos.
O Estadão percorreu sedes militares em São Paulo,
interior paulista, Brasília, Rio, Florianópolis e Recife, na quinta, 17,
e nesta sexta-feira, 18. Atos são realizados em todas as regiões do
Brasil. Secretarias de Segurança Pública, Ministério da Defesa e
Exército foram procurados, mas não informaram o número de manifestantes
nem quantos protestos estão ativos no País. Nos pontos de concentração
visitados pela reportagem, haviam entre dezenas e centenas de pessoas.
Apoiadores
do presidente Bolsonaro permanecem acampados em frente ao Quartel
General do Exército, em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão
Em comum, os manifestantes acampam para pedir “socorro”. Apesar do
direito constitucional à manifestação, há defesa de intervenção militar,
mensagens antidemocráticas e registros de confrontos, além do
inconformismo com o resultado das urnas. Também a partir desta sexta, de
acordo com balanços da Polícia Rodoviária Federal(PRF), foram retomados bloqueios em estradas.
Relatórios enviados pelas Polícias Militar, Civil e Federal e por Ministérios Públicos nos Estados e no Distrito Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) indicam o perfil de supostos líderes. Segundo os documentos aos quais o Estadão teve
acesso, políticos, policiais, sindicalistas e ruralistas incentivam os
protestos e os financiam. Entre os participantes, porém, há sobretudo
idosas e idosos, com a presença reduzida de jovens e famílias.
“Vamos ficar aqui até que as Forças Armadas impeçam o verdadeiro
golpe, que é a posse do Lula”, afirmou um senhor na Praça Duque de
Caxias, na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio. Diante do
Comando Militar do Leste, responsável pela tropa terrestre no Rio, em
Minas e no Espírito Santo, ele se apresentou apenas como Luiz, de 67
anos e “da reserva”.
Apoiadores do presidente Bolsonaro se aglomeraram no Comando Militar do Leste, no Rio Foto: Pedro Kirilos/Estadão
Parte da área está ocupada por barracas e lonas de circo, cenário que
se repete pelo Brasil. Há palavras de ordem como “Forças Armadas,
salvem o Brasil” e “se for preciso a gente acampa, porque o ladrão não
sobe a rampa”, em referência ao Palácio do Planalto.
Na capital fluminense, os apoiadores de Bolsonaro, que perdeu para
Lula por uma diferença de pouco mais de 2 milhões de votos (50,9% ante
49,1%), se aglomeram em torno do Panteão Duque de Caxias, que guarda os
restos mortais de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias
(1803-1880), patrono do Exército. São cerca de 200 pessoas que, de
tempos em tempos, entoam os Hinos Nacional e da Independência.
“Atenção, pessoal: em cinco minutos a gente vai cantar o Hino
Nacional, e depois dele vamos distribuir lanche, mas só para quem cantar
bem alto, hein?”, anunciou o locutor pelas caixas de som. Os
manifestantes – a grande maioria com camisa da seleção brasileira ou uma
similar amarela – se postaram de frente para o comando, colocaram a mão
direita no peito e cantaram o Hino. A música foi encerrada e começou a
distribuição de sanduíches.
Protesto
em Recife, assim como em outras capitais, tem menor número de pessoas
após os atos mais volumosos no feriado do dia 15 de
novembro. Foto: Augusto Tenório
Inspiração
Já o acampamento na frente do Quartel-general do Exército em Brasília
quer servir de inspiração. Uma militante que se identifica como Kátia
Stillus usa redes sociais para dar orientações a financiadores e prestar
contas, embora os manifestantes digam que o protesto é
“auto-organizado”, com a colaboração dos próprios participantes. Nesta
sexta, um grupo anunciou a arrecadação de R$ 10,9 mil. Há ainda doações
privadas e acesso liberado para veículos com mantimentos. A reportagem
presenciou a chegada de um caminhão com verduras e legumes ao local.
Em discurso na quarta, Kátia pediu para que os participantes não
desistam e afirmou que a insistência deles influencia acampamentos nos
Estados. “Brasília está alimentando os movimentos (pelo País) cada
vez que eles veem a gente debaixo de chuva, cada vez que uma imagem de
um povo orando de joelhos chega”, disse. “Temos o povo do nosso lado,
que se dane o resto. Amém.”
A concentração na capital federal foi marcada por alta adesão no
feriado da Proclamação da República, na terça. Desde então, o nível de
participação caiu. Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro,
compareceu ao local na quarta. Na porta do Palácio da Alvorada, o
candidato a vice de Bolsonaro, general Braga Netto, disse nesta semana a
apoiadores que o presidente está bem e eles não devem perder a fé. No
Twitter, Eduardo Bolsonaro recomendou “não parar, não precipitar, não
retroceder”.
Wassef compareceu ao protesto em Brasília. Foto: Instagram/Reprodução
‘Conduta lícita’
A manifestação com pedido de golpe em Brasília tem infraestrutura,
com palco e alto-falante pelo qual são repassadas a programação e a
pauta. Há banheiros químicos nas imediações da Praça dos Cristais, na
frente da sede do Exército. Apesar da organização, não é possível,
segundo o comando da PM, “atribuir, categoricamente, o status de
liderança a nenhum cidadão, por não haver entidades estruturadas na
mobilização”.
As autoridades não estimam o total de militantes. Em ofício ao STF,
foram listadas as placas de 234 caminhões que dão suporte aos atos, com
os respectivos donos, pessoas físicas e jurídicas. Conforme informou a
PM ao Supremo, não se constataram “quaisquer irregularidades ou condutas
ilícitas praticadas por seus proprietários”.
Nova eleição
No Recife, a aglomeração se dá no Comando Militar do Nordeste. Nesta
sexta, havia 90 pessoas no local. As reivindicações vão desde
intervenção e manutenção de Bolsonaro na Presidência à realização de
nova eleição. Uma fonte do Exército, ouvida sob reserva pelo Estadão, garantiu que “o direito de ir e vir está preservado”.
Em
São Paulo, além dos grupos fixos, é possível observar manifestantes
itinerantes, indo e voltando, sem necessariamente passar o dia no
local. Foto: Felipe Rau/Estadão
Um dos alvos na frente do 63.º Batalhão de Infantaria, em
Florianópolis, é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Cerca de 300
pessoas se organizam de modo informal e colaborativo e se comunicam com
frequência em grupos de WhatsApp para promover a estrutura do QG, onde
são distribuídos água, mantimentos, adereços e bandeiras do Brasil.
Trabalhadores escolhem o contraturno do expediente para protestar.
“Queremos eleições limpas”, dizem em cartazes e gritos de ordem, mas não
há quaisquer indicativos de fraude no pleito.
O argumento também reverbera em Sorocaba (SP). “Você acompanhou antes do dia 30 (de outubro) as
manifestações a favor de um candidato e de outro? Você quer dizer que o
candidato que foi eleito é o que estava na frente? Nós desconfiamos,
sim (de fraude)”, disse o empresário Roberto Henrique França,
que esteve na frente da Base de Apoio Regional do Exército, no bairro
Santa Rosália, com cerca de mais 60 pessoas. No interior paulista, há
ainda protestos ao menos em Ribeirão Preto, Taubaté, Lorena, São José do
Rio Preto, São Carlos, Bauru, Piracicaba, Campinas e Jundiaí.
Impaciência
Na cidade de São Paulo, a vigília ocorre no Comando Militar do
Sudeste, na região do Parque do Ibirapuera. O grupo reúne cerca de cem
manifestantes e quer a anulação da eleição, também sob a alegação de
fraude nas urnas eletrônicas. Pede ainda a perda de poderes dos
ministros do STF. São cerca de 50 barracas ao longo da Avenida Mário
Kozel Filho.
Em Florianópolis, o TSE foi alvo dos protestos. Foto: Camila Costa da Cunha
Cartazes trazem frases como “Brazil was stolen” (o Brasil foi
roubado) e “SOS Forças Armadas”. Os dias de “resistência civil” são
contados em uma placa e, até anteontem, chegava a 18. Além dos grupos
fixos, foi possível observar manifestantes itinerantes, indo e voltando,
sem necessariamente passar o dia no local. Segundo vendedores
ambulantes, a movimentação ocorre por causa do fim do horário de
expediente. A reportagem abordou dezenas de manifestantes, mas todos se
recusaram a conceder entrevista ao Estadão.
Em rodas de conversa, apoiadores de Bolsonaro se mostravam
impacientes com a inércia das Forças Armadas e com a ausência de
declarações contundentes do presidente. “Está cheio de gente e ninguém
faz nada”, disse uma manifestante. “Se Bolsonaro não falar, nós estamos
roubados”, disse um homem, ao argumentar que o governo do PT planeja
confiscar bens da população. “Se Deus quiser, acaba antes da Copa”,
afirmou outro. O Mundial do Catar começa neste domingo, 20.
Assédio, machismo, falta de oportunidades, salários menores, síndrome
da impostora, esses são apenas alguns dos obstáculos que as mulheres
vêm enfrentando no mercado da comunicação e marketing; especialistas
listam os principais desafios das mulheres nesse meio
No dia 19 de novembro, comemoramos o Dia Mundial do Empreendedorismo
Femino. Essa foi uma data estabelecida pela Organização das Nações
Unidas (ONU), em 2014, que busca destacar e valorizar o papel das
mulheres no mundo do empreendedorismo. As mulheres passam por diversos
desafios tanto na vida pessoal, quanto profissional.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
número de mulheres superou em 4,8 milhões o de homens no Brasil. A
população estimada em 2021 é de 212,7 milhões de pessoas. Desse total,
108,7 milhões (51,1%) são mulheres. Mesmo sendo maioria ainda não
desfrutam da justa representatividade do seu desempenho dentro das
empresas, principalmente entre os cargos de liderança.
Outro dado também importante é do relatório “Women in the Workplace
2021”, da consultoria McKinsey, que revela que quanto mais alto for o
cargo, menor a presença feminina – enquanto há 62% de homens brancos na
alta liderança (C-Suite), há apenas 20% de mulheres brancas. De homens
de cor, há 13%, e o percentual de mulheres é ainda mais baixo, atingindo
apenas 4%.
Abaixo, as especialistas listam 15 Desafios das mulheres para 2023. Confira:
1 – Equidade Salarial: “A diferença entre o salário
recebido por homens e mulheres é antigo tópico de discussão e luta, em
várias áreas. Apesar disso, progride a passos lentos pois ainda é comum
notar a mesma vaga com salários e benefícios completamente diferentes e
menores para as mulheres, principalmente em posições criativas ou de
liderança, mesmo que isso se revele na abertura que determinada empresa
tem na negociação na hora da contratação”, revela Fernanda Ramos,
especialista em comunicação e diretora de marketing com mais de 18 anos
de experiência.
Para se ter uma ideia, são frequentes os casos em que o masculino
recebe 20% a mais do que o feminino. Os números mostram a discrepância
salarial entre homens e mulheres: em 2019, o rendimento médio mensal
deles no Brasil foi 28,7% maior. Segundo o IBGE, enquanto os
profissionais do sexo masculino receberam R$ 2.555 – acima da média
nacional de R$ 2.308 -, as mulheres ganharam R$ 1.985.
2. Autoconhecimento: “Quando falamos de mulheres no
mundo corporativo, seja em posição de liderança ou não, uma das
principais lições que devemos ter é sobre autoconhecimento. Dentro de um
negócio, as mulheres entendem e aprendem sobre seus próprios pontos
fortes e também ganham a oportunidade de utilizá-los a seu favor. Por
outro lado, o autoconhecimento também é importante na hora de conhecer
suas próprias limitações e pontos fracos, e utilizar disso para ter a
chance de modificá-los. Dessa forma, o crescimento segue sendo crescente
– tanto pessoal quanto profissionalmente falando”, explica Dani
Verdugo, CEO do Grupo THE.
3 – Machismo: O machismo predomina nos arredores
políticos que são marcados pela baixa representatividade feminina. A
sobrecarga de atividades atribuídas às mulheres pela sociedade, os
empecilhos do sistema político-partidário, o preconceito e a
desvalorização das mulheres muitas vezes as mantém longe da candidatura.
“É fato que não se pode negar a realidade do preconceito e machismo
contra mulheres e mães tanto na política como no mercado de trabalho
atual. Não deveria ser assim, mas é a realidade, para se destacar a
mulher tem que ser tecnicamente muito melhor qualificada do que qualquer
homem que exerça a sua mesma função e ainda ter garra para dar conta,
com mestria das suas duplas e, às vezes, triplas jornadas de trabalho.
Mas na minha visão, o principal é ser uma candidata focada em
resultados. Se o resultado final do seu trabalho é acima da média, isso
vai ser o seu cartão de visitas”, diz Larissa DeLucca, que é CEO da
Negócios Acelerados e Diretora da Fundação Mulheres Aceleradas.
4. O apoio entre as mulheres: “O que todos
precisamos entender é que nenhuma caminhada se faz sozinha. Quando as
mulheres acreditam uma na outra, se apoiam e lutam todos os dias para
ocupar espaços de destaque dentro das empresas, isso serve para abrir
portas para outras mulheres também. O percurso nunca é fácil, por conta
disso, quando uma mulher conquista um espaço de destaque e liderança
dentro de uma organização, ela tende a puxar outras mulheres com ela
para que façam parte desse crescimento”, indica Dani Verdugo é CEO do
Grupo THE, grupo de empresas dedicado à alta performance através de
pessoas constituído por: Executive Search, na THE Consulting; a THE
Projects em Talent Development e a THE Tech, uma Edtech.
5 – Assédio no ambiente de trabalho: “A desigualdade
de gênero ainda cria outros obstáculos no ambiente de trabalho,
causando conflitos e gerando impactos psicológicos negativos para as
mulheres. Nesse cenário, é muito comum citarmos o assédio sexual como um
dos principais problemas mas existem outros tipos de assédios e
despespeitos muito cometidos contra mulheres. Para se ter uma ideia, uma
pesquisa da Aberje aponta que 72% das mulheres ja’ sofreram algum tipo
de assédio no trabalho. Em meio a essa realidade, sempre acredito que
informação e conhecimento são nossos melhores aliados, como sociedade e
como times diversos que precisam conviver, colaborar e evoluir. No
ambiente corporativo, é preciso que mulheres e homens se unam com o
mesmo objetivo, com amplo apoio da liderança, a fim de implementar
canais cada vez mais seguros de comunicação, aconselhamento, denúncia e
gestão de consequências”, orienta Fernanda Ramos, especialista em
comunicação e diretora de marketing com mais de 18 anos de experiência.
6 – Equilíbrio entre a vida pessoal e profissional:
Pesquisas da ISMA-BR (International Stress Management Association no
Brasil) mostram que é grande o número de pessoas que negligenciam a vida
pessoal ao se dedicar mais à profissional por medo de demissão ou de
ficar para trás em promoções.
“Apesar dessa pauta estar sendo discutida há décadas, ela nunca foi
tão atual como agora. Na realidade pós-Covid, onde a delimitação de
espaços entre casa-escritório segue ainda em processo de redesenho, as
organizações estão ficando para trás e demorando para se adaptar às
novas demandas e necessidades de suas equipes e de suas famílias. Muitos
profissionais estão exercendo seu poder de decisão e tomando para si o
protagonismo nessa discussão, equilibrando a balança de poder entre
empregado e empregador. É um movimento que precisa acontecer tanto entre
mulheres quanto entre homens, também baseado em dados que comprovam a
melhora da produtividade, da entrega das equipes e também da saúde
física e emocional do colaborador. Para funcionar, o propósito deve
estar alinhado com o propósito da empresa”, esclarece Fernanda Ramos,
especialista em comunicação e diretora de marketing com mais de 18 anos
de experiência
7 – Falta de oportunidade de promoção: Uma pesquisa
divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio
Vargas (FGV-IBRE) apontou que, desde 2012, a taxa de desemprego das
mulheres é superior à dos homens. De acordo com o levantamento, o índice
de desempregadas era de 16,45% em 2021, o equivalente a mais de 7,5
milhões de mulheres. No total, o índice médio anual de desemprego na
economia foi de 13,20% em 2021, de acordo com o levantamento. O estudo
foi feito com base em análise de dados da PNAD de 2021, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Esse é mais um efeito da
mesma causa. Para além de respeitar e legitimar as mulheres em qualquer
posição que seja, é necessário compreender que existe um déficit
histórico e que a aceleração da solução passa por pensar ativamente na
geração de oportunidades, desenvolver estruturas e abrir vagas pensadas e
direcionadas para a equidade de gênero”, complementa Fernanda.
8. Reconhecimento de valores: “Quando encontramos
mulheres em posições de liderança dentro de uma empresa, sabemos que o
papel dela será fundamental para criar ambientes mais criativos e
acolhedores. Além disso, as líderes femininas também costumam ter um
olhar mais empático e sensível com os colaboradores, algo que ajuda no
reconhecimento de valores – tanto no reconhecimento de valor de um
colaborador, quanto no impacto direto nos valores da organização”, conta
Dani Verdugo.
9. Faça a sua voz ser ouvida: No mercado de
trabalho, não é raro que mulheres sejam silenciadas por suas opiniões,
muitas vezes não são ouvidas apenas pelo gênero. “É importante saber que
a argumentação não servirá somente no aspecto profissional, mas no
pessoal também. No mundo dos negócios vendemos nossas ideias e projetos
todos os dias para parceiros, fornecedores e líderes. Damos e recebemos
feedback. Isso diz muito sobre a importância de sabermos veicular nossas
ideias e ideais de uma forma clara e convincente, mas não somente no
ambiente profissional, mas principalmente pessoal”, mostra Maytê
Carvalho, professora, comunicóloga e autora do livro “Ouse Argumentar:
Comunicação assertiva para sua voz ser ouvida”.
10. Não se deixe ser silenciada: “Em alguns
momentos, é comum que os debates terminem em ofensas e tons de vozes
elevados. Nesses casos, é importante pedir um tempo e continuar a
discussão em outro momento. Não podemos confundir tempo-limite com
tratamento de silêncio. O primeiro é empático, o segundo é perverso. São
utilizados por narcisistas como forma de punir e constranger o outro.
Além disso, é necessário ficar atento a como as pessoas podem utilizar
da argumentação a seu favor. Muitos manipulam o interlocutor com
falácias e ultimatos como, por exemplo, a falácia do ataque pessoal ou
do apelo à misericórdia. É preciso estar atento e vigiar como nós
falamos com os outros e como os outros falam conosco. Toda fala revela
dinâmicas invisíveis de poder e de influência”, conclui Maytê.
11 – Violência no relacionamento: a grande parte das
mulheres só percebe que está em um relacionamento patriarcal quando
começa a sofrer violência, seja ela qual for o tipo. “O que acontece é
que o casal pode identificar se está nesse tipo de relação ou com
requisitos patriarcais sem chegar ao nível da violência. A principal
dica é sempre conversar, perceber se estão operando em atitudes
estereotipadas e conversar sobre as exigências que um tem em relação ao
outro. Infelizmente, isso exige um nível de autoconhecimento no nível de
consciência sobre as formas de opressão, algo que a maior parte dos
brasileiros não tem. Então, a identificação de um relacionamento
patriarcal e abusivo, acaba acontecendo somente quando a mulher começa a
sofrer violência”, explica Mayra Cardozo, advogada especialista em
Direitos Humanos e Penal, também é mentora de Feminismo e Inclusão e
líder de empoderamento.
12 – A baixa autoestima: nesses casos de
relacionamento, a autoestima e a autoconfiança ficam cada vez mais
minimizadas. “As mulheres começam a se diminuir, seja na relação ou em
outros ambientes que ela frequenta. Se ela costuma ter uma postura
submissa em casa, em que o homem gere o dinheiro da casa, toma as
últimas decisões e ela atua de uma maneira servil, provavelmente essas
atitudes são reproduzidas no ambiente de trabalho. Dessa forma, a mulher
começa a ter uma postura, não só em relação ao seu parceiro, mas ao
longo da vida, de passar o tempo todo sem ter voz ativa, se desempoderar
de tomar o rumo da própria vida, passar a vida em um backstage e não no
palco porque o palco já está ocupado pelo homem”, completa Mayra
Cardozo.
13 – Ajuda psicológica: o tratamento psicológico é
importante tanto para quem está em processo de descobrir que está em um
relacionamento patriarcal, quanto para quem já saiu. “É importante fazer
um tratamento e trabalhar em um processo de autoconhecimento, em que
seja capaz de perceber e questionar as crenças que ela tem sobre os
relacionamentos, sobre qual deve ser a função de uma mulher, o que ela
quer para a vida dela. Muitas vezes, sem conhecer as crenças que
carregam, mesmo após sair de um relacionamento patriarcal e abusivo, a
mulher acaba se envolvendo em um outro relacionamento assim. A melhor
maneira de se curar de um relacionamento abusivo é passar por um
processo de autoconhecimento, em que a mulher questione aquilo que foi
introjetado nela, para que ela não seja mais atraída por essas formas de
relacionamento”, entende Mayra Cardozo.
14 – Conhecimento: para entender os sinais, sobre
estar em um relacionamento patriarcal ou não, é preciso ter um nível de
consciência sobre o que é ter um relacionamento desse. “É importante
entender o que é o patriarcado, o que é uma pessoa machista e o que a
mulher entende sobre o feminismo. Infelizmente, a maior parte das
pessoas não têm essa consciência e acaba sofrendo situações abusivas e
machistas sem saber que é algo errado. Uma dica necessária é estudar
sobre isso, sobre o feminismo, sociedade patriarcal, crenças
introjetadas na sociedade. Entender irá criar um arcabouço teórico para
que a mulher se sinta confiante de falar que está sofrendo um
relacionamento desse”, diz Mayra Cardozo, advogada especialista em
Direitos Humanos e Penal, também é mentora de Feminismo e Inclusão e
líder de empoderamento.
15 – Novas fontes de amor: para quem consegue deixar
um relacionamento patriarcal e abusivo, é importante ter em mente a
necessidade de encontrar outras fontes de amor e se empoderar. “Não
adianta nada deixar o relacionamento e acabar se envolvendo com outras
pessoas que são machistas, misóginas e vão configurar novos
relacionamentos abusivos. O ideal é que a mulher vá norteando a sua
fonte de amor, para que tenha mais confiança para sair de um
relacionamento que a faz sofrer, e consiga encontrar uma outra realidade
de amor e relacionamento com seus próximos parceiros”, conclui Mayra
Cardozo, advogada especialista em Direitos Humanos e Penal, também é
mentora de Feminismo e Inclusão e líder de empoderamento.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.
O que é o projeto da Lei de Responsabilidade Social e como se relaciona com a PEC fura-teto Por Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
Brasilia
DF 01 10 2019 A senadora Simone Tebet e o senador Tasso Jereissati
durante sessão da Comissão de constituição e justiça do Senado para
votação do relatorio da Reforma da Previdencia. (Foto: Marcelo
Camargo/Ag. Brasil)
Simone Tebet (MDB-MS) deu parecer favorável ao projeto da Lei de
Responsabilidade Social de autoria de Tasso Jereissati (PSDB-CE): ambos
estão em fim de mandato.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um
projeto de lei que cria normas e metas para investimentos na área
social voltou a ganhar força no Congresso Nacional após o presidente
eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados defenderem que a
responsabilidade social e a responsabilidade fiscal devem caminhar
juntas. Chamada de Lei de Responsabilidade Social, a proposta de autoria
do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) visa aperfeiçoar a rede de
proteção social do país.
O projeto define que o combate à miséria no Brasil deve partir de
três programas sociais prioritários: o Benefício de Renda Mínima (BRM),
que atuaria de forma similar ao Bolsa Família; a Poupança Seguro Família
(PSF), que ajudaria trabalhadores informais no ato da queda de sua
renda; e o Programa Mais Educação (PME), que consistiria no depósito
mensal de recursos em uma conta em nome de jovens que estão na escola,
para que eles tenham acesso à verba após a conclusão do ensino médio.
Outra determinação do projeto é o estabelecimento de metas para os
níveis de pobreza e extrema pobreza no Brasil. A pobreza deveria estar
em 12% no primeiro ano de vigência da lei, recuando para 10% no
terceiro; com a extrema pobreza, a exigência seria de 4% a 2%. A
sugestão determina que, caso os níveis não sejam alcançados, o governo
federal precisa apresentar justificativas ao Congresso, que deliberaria a
respeito.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), relatora do projeto de Lei da
Responsabilidade Social, elogia a proposta em seu relatório e faz
contrastes entre a iniciativa e o atual Auxílio Brasil, implantado pelo
governo Bolsonaro em substituição ao Bolsa Família.
“Vemos na Lei de Responsabilidade Social outras vantagens em relação
ao Auxílio Brasil. Uma é prever um conjunto mais enxuto de pagamentos,
em vez do grande número de benefícios previstos no Auxílio Brasil, que –
além de não terem sido justificados nem terem tido contas apresentadas –
podem complicar a operação na ponta da nossa rede de proteção social”,
argumentou a senadora.
Em que pé está a proposta no Senado Na última quarta-feira (16), a
proposta de Tasso constou na pauta da Comissão de Constituição, Justiça
e Cidadania (CCJ) do Senado, mas não foi apreciada por falta de quórum.
Senadores da base aliada de Jair Bolsonaro (PL) boicotaram a reunião.
O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), havia dito,
ainda na terça-feira (15), que a convocação do encontro da CCJ tinha
“cheiro de manobra” para “tramitar a PEC que não existe”.
Posteriormente, com o cancelamento da reunião confirmado, ele escreveu
que a “manobra” havia sido frustrada e que seus adversários não
ganhariam “no atropelo”.
A crítica de Portinho não é exatamente ao projeto da Lei de
Responsabilidade Social, mas sim à proposta de emenda à Constituição
(PEC) fura-teto, que vai começar a tramitar no Senado e que é vista no
entorno de Lula como a garantia de recursos para programas sociais, como
Auxílio Brasil e Farmácia Popular.
Os dois projetos, entretanto, conversam entre si. A Lei de
Responsabilidade Social prevê o estabelecimento permanente de fontes de
recursos para programas de cunho social e metas específicas para reduzir
a pobreza e extrema pobreza no Brasil. Já a PEC assegura os recursos
para programas sociais fora do teto de gastos e sem prazo definido, o
que tem causado apreensão no mercado financeiro.
Na noite de quarta, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB)
foi ao Congresso apresentar uma minuta da PEC a deputados federais e
senadores. Relator do Orçamento para 2023, o senador Marcelo Castro
(MDB-PI) se uniu ao presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre
(UB-AP), para enfatizar que o texto entregue por Alckmin é uma sugestão
de integrantes do futuro governo e que o documento definitivo será
elaborado pelos parlamentares. Castro disse também que acredita na
aprovação da PEC pelo Senado ainda no mês de novembro.
Armínio Fraga, Pedro Malan e Edmar Bacha pedem responsabilidade fiscal em carta aberta a Lula Alcolumbre
rebateu a crítica de Portinho e disse ser “impossível” que ele e o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), imponham uma PEC. Para
que uma PEC seja implantada, precisa ser aprovada tanto por Câmara
quanto por Senado, com o voto favorável de pelo menos três quintos dos
membros de cada Casa, com dois turnos de votação em cada uma.
Nesta quinta-feira (17), em nota, o líder do governo disse que os
senadores da base estão “dispostos a dialogar para ter o Auxílio Brasil
no valor de R$ 600″, mas discordam da proposta por ela ser extrateto e
por um período de quatro anos”. “Não adianta dar o aumento e causar
inflação, crescimento dos juros. Tudo isso vai corroer o valor de
compra. Ou seja, não haverá ganho”, afirmou Portinho.
Com a prioridade de momento sendo a tramitação da PEC fura-teto,
Alcolumbre disse que ainda não há uma previsão de inserção do projeto da
Lei de Responsabilidade Social na pauta de uma reunião futura da CCJ.
Portinho afirmou que não falará sobre o assunto até que ocorra uma nova
etapa da tramitação.
Um complicador é o fim de mandato de Tasso e de Tebet. Ambos não
estarão no Congresso a partir de 2023: o senador tucano optou por não
participar das eleições de 2022 e a senadora, que está em fim de
mandato, concorreu à Presidência da República e ficou em terceiro lugar.
Ela integra o gabinete de transição de Lula no grupo técnico que
discute a área social.
O Senado promete fazer um esforço concentrado nas próximas semanas,
com a meta de “limpar” pautas de votação, mas não há um indicativo de
que a proposta de responsabilidade social fará parte da empreitada.
Lei de Responsabilidade Social recebe acenos públicos A
intersecção entre responsabilidade social e responsabilidade fiscal vem
ganhando força após manifestações públicas do futuro governo Lula. O
presidente eleito afirmou nesta quinta, no Egito, onde participa da
COP27, que não adianta falar em responsabilidade fiscal sem antes pensar
na responsabilidade social.
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin fez um gesto neste sentido
ao anunciar os primeiros membros do gabinete de transição justamente nas
áreas de economia e social, no último dia 8, deixando claro que as duas
áreas caminham juntas e têm a mesma importância para o futuro governo.
Entre os nomes anunciados estava o da senadora Simone Tebet, relatora do
projeto de Lei de Responsabilidade Social.
Já o economista Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e
apontado como um dos “pais” do Plano Real, declarou nesta semana,
durante palestra em Nova York, que as responsabilidades fiscal e social
não podem ser opostas. Para ele, as duas metas precisam ser pautadas de
forma simultânea e expôs que a desestatização de empresas pode ser uma
fonte de recursos para custear os programas sociais.
“Políticas sociais sem responsabilidade fiscal geram uma crise
econômica que acaba por inviabilizá-las. Temos exemplos opostos também”,
disse Arida, que é historicamente próximo do PSDB e adversário do PT,
mas faz parte da ala de economistas que auxilia Lula na transição
governamental.
No mesmo evento em Nova York, o ministro do Supremo Tribunal Federal
Gilmar Mendes demonstrou apoio à criação de uma Lei de Responsabilidade
Social. “O Brasil foi um dos pioneiros entre economias emergentes a
adotar uma Lei de Responsabilidade Fiscal, com inegável sucesso no
objetivo de criar uma cultura de controle e transparência na atividade
financeira do Estado. Choca que, até hoje, não tenhamos feito o mesmo no
âmbito social”.
“Coloco-me na fileira daqueles que estimam que precisamos
urgentemente de uma Lei de Responsabilidade Social que, à semelhança da
Lei de Responsabilidade Fiscal, estabeleça normas de organização
administrativo-federativa voltada para a responsabilidade na elaboração,
implementação, consolidação e expansão de políticas públicas sociais de
todos os Entes Federativos”, completou.
Para ele, uma Lei de Responsabilidade Social pode ser de grande valia
para estabelecer critérios técnicos para a execução de obras e serviços
públicos, por exemplo. “Nessa ordem de ideias, o fiscal e o social se
complementam”, disse.
O ministro do STF Luís Roberto Barroso.| Foto: Nelson Jr./STF
“Perdeu, mané, não amola.” Com essas palavras, não muito diferentes
das que um assaltante usa diante de sua vítima, o ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso quis se livrar de um
brasileiro que insistia em lhe fazer questões sobre o processo eleitoral
brasileiro, como “o senhor vai responder às Forças Armadas?” e “o
senhor vai deixar o código-fonte ser exposto?” – a abordagem, a julgar
pelas imagens, se deu sem nenhum tipo de xingamento ou agressão da parte
de quem, ao mesmo tempo, filmava e perguntava. O episódio ocorreu nesta
terça-feira, em Nova York, para onde Barroso e outros colegas de STF
haviam viajado para um evento organizado pela Lide, entidade fundada
pelo ex-governador paulista João Doria, e é um resumo perfeito de muito
do que vem ocorrendo no Brasil atual.
A insatisfação dos brasileiros com os tribunais superiores não surgiu
com o processo eleitoral recentemente encerrado. Há tempos o Supremo
adotou uma linha de ativismo judicial que atropela os demais poderes, e
desde a abertura do abusivo inquérito das fake news por Dias Toffoli,
que entregou a relatoria a Alexandre de Moraes, o Estado Democrático de
Direito vem sendo abalado por uma série de decisões. Ataque sistemático à
liberdade de expressão, violação da imunidade parlamentar, medidas
cautelares desproporcionais ou inexistentes no ordenamento jurídico,
criminalização de meras opiniões manifestadas privadamente – tudo isso
tem aparecido no arsenal do Supremo, independentemente de quais sejam as
intenções e convicções dos ministros. A eleição veio para exacerbar o
que já existia, e o Tribunal Superior Eleitoral apenas contribuiu para
elevar a temperatura. A Justiça Eleitoral agiu de forma completamente
desigual nas restrições impostas às campanhas de Jair Bolsonaro e Lula,
além de ressuscitar a censura prévia e de transformar em tabu qualquer
menção às urnas eletrônicas, escolhendo o porrete em vez do
esclarecimento para lidar com os questionamentos sobre a lisura do
processo eleitoral.
Já há muito tempo o princípio segundo o qual “juiz só se pronuncia
nos autos” – e também na docência ou em publicações acadêmicas, como
permite a Lei Orgânica da Magistratura – é letra morta nos tribunais
superiores
Os brasileiros que interpelaram Barroso – que nem pertence mais ao
TSE, tendo deixado a corte em fevereiro de 2022 – e seus colegas durante
essa breve temporada nova-iorquina não são uma minoria de tresloucados;
eles dão voz a milhões de cidadãos indignados com a maneira como os
tribunais superiores se tornaram verdadeiros agentes políticos, deixando
de lado a imparcialidade que se espera do Judiciário, principalmente
daqueles que compõem a cúpula deste poder. É é preciso admitir que, se
neste caso específico a pessoa que fazia perguntas a Barroso se portou
com certa civilidade, o mesmo não pode ser dito de outros episódios
ocorridos durante a mesma viagem; na Times Square, o mesmo ministro
ouviu de uma brasileira, em tom de ameaça, que ele deveria tomar
“cuidado” porque “o povo brasileiro é maior do que a suprema corte”,
enquanto Moraes foi chamado de “ladrão”, “vagabundo” e “juiz de m…”.
Por estarem nos Estados Unidos, um país que coloca pouquíssimas
restrições à liberdade de expressão, esses brasileiros indignados podem
até estar a salvo de qualquer consequência legal, mas ainda assim há
manifestações que cruzam os limites da moralidade e da crítica bem
apresentada (e também da licitude, caso tudo isso ocorresse no Brasil).
Se é verdade que personalidades públicas devem estar mais preparadas que
um cidadão comum para suportar uma barragem de críticas e até mesmo de
agressões verbais, em algum momento o copo transborda. O “perdeu, mané”
pode ter sido este momento, mas não deixa de ser emblemático que
exatamente essas palavras tenham sido ditas exatamente por esse
ministro, que tanto se gaba do seu papel de “empurrar a história” por
meio do papel “iluminista” do Supremo, movido pela “razão humanista”,
para citar termos usados pelo próprio Barroso em célebre artigo de 2018
na Folha de S.Paulo. O desprezo pelo povo, por suas convicções e suas
preocupações é evidente – tanto na forma mais articulada quanto na forma
mais deselegante.
Um último aspecto de todo este episódio ainda merece menção.
Afinal, trata-se de ministros da mais alta corte brasileira indo ao
exterior para palestrar sobre o Brasil – ironicamente, em um painel
intitulado “Brasil e o respeito à liberdade e à democracia”. Já há muito
tempo o princípio segundo o qual “juiz só se pronuncia nos autos” – e
também na docência ou em publicações acadêmicas, como permite a Lei
Orgânica da Magistratura – é letra morta nos tribunais superiores,
embora seja convenientemente invocado de tempos em tempos para punir
magistrados como a juíza Ludmila Lins Grillo. Ministros do STF são
presença constante em eventos como o de Nova York, mas também na
imprensa e em várias outras instâncias das quais eles deveriam se
abster, mesmo que convidados. Falam tranquilamente sobre pessoas e
assuntos que podem muito bem ter de vir a julgar, quando já não os estão
julgando. Será difícil encontrar exibicionismo semelhante entre seus
pares de supremas cortes de democracias sólidas do Ocidente.
Portanto, quando ministros nada discretos, que não raro manifestam
opiniões políticas, que desprezam as convicções da população e que se
acostumaram a rebater questionamentos não com respostas claras, mas com
medidas cautelares, se encontram em “ambiente neutro” com brasileiros
insatisfeitos, cansados e convictos de que sua única arma é a
desmoralização, o resultado só pode ser o que ocorreu em Nova York. Este
é um retrato fiel de todas as tensões que tomam conta do país, e que a
cúpula do Judiciário brasileiro vem alimentando com suas ações. E, neste
retrato, por mais que a imprensa e os ministros tentem pintar com as
piores cores possíveis a atitude de brasileiros indignados, é preciso
dizer que a pior figura quem faz são aqueles que têm por missão
institucional defender a Constituição e a democracia, mas cujas atitudes
só têm levado à erosão de ambas.
É pior do que uma carona no jatinho, é a banalização da corrupção
Por Deltan Dallagnol – Gazeta do Povo
AME9870.
SAO PAULO (BRASIL), 30/10/2022.- El expresidente brasileño Luiz Inácio
Lula da Silva ofrece un discurso hoy tras su triunfo en la segunda
vuelta de las elecciones, en Sao Paulo (Brasil). El exmandatario Luiz
Inácio Lula da Silva ganó este domingo la segunda vuelta de las
elecciones presidenciales en Brasil con un 50,83 % frente al 49,17 % que
obtuvo el actual gobernante, Jair Bolsonaro, con el 98,81 % de las
urnas escrutadas. EFE/ Sebastiao Moreira
O presidente eleito Lula, ao lado do deputado José Guimarães,
cujo chefe de gabinete foi preso com 100 mil dólares escondidos na
cueca.| Foto: EFE/ Sebastiao Moreira
As ações das pessoas
expressam mais do que suas palavras. Em geral é mais fácil mentir do que
fingir. Ações tendem a ser mais genuínas. Por isso, significam mais.
Talvez as ações não falem mais, mas falam melhor do que palavras. É
pelos frutos que se conhece a árvore.
Nesta semana, Lula pegou uma “carona” para o Egito no jatinho de José
Seripieri Filho, o “Júnior da Qualicorp”. O fretamento de um vôo
similar custaria entre um e três milhões de reais. Lula nem assumiu o
cargo e já ganhou um benefício milionário de um empresário amigo.
E não é qualquer amigo. Júnior foi preso em um desmembramento da
operação Lava Jato e depois acusado por corrupção, lavagem de dinheiro e
caixa dois. Fez acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral
da República.
No acordo, além de pagar cerca de 200 milhões de reais a título de
ressarcimento, Júnior confessou crimes. O conteúdo do acordo, dois anos
depois de celebrado, ainda está sob sigilo, mas a Folha de São Paulo
reportou um dos episódios relatados.
Em geral é mais fácil mentir do que fingir. Ações tendem a ser mais
genuínas. Por isso, significam mais. Talvez as ações não falem mais, mas
falam melhor do que palavras
O fato seria a nomeação do ex-presidente da empresa de planos de
saúde que Júnior fundou, a Qualicorp, para trabalhar na Agência Nacional
de Saúde (ANS) no governo de Dilma Roussef.
Assim, a Qualicorp teria infiltrado um espião no quartel general que
regula e fiscaliza exatamente seu setor. Quando as entidades reguladas
capturam as agências reguladoras, quem perde é a sociedade e o interesse
público.
Recentemente, por exemplo, estava em discussão se planos e operadoras
de saúde deveriam ou não arcar com o tratamento integral de autistas. A
decisão impactaria a vida de centenas de milhares de pessoas, entre
autistas e familiares.
Usuários clamavam por atendimento integral. As empresas do setor se
opunham. A decisão foi favorável aos usuários. Uma ANS cooptada pelas
empresas para maximizar o lucro delas poderia facilmente fechar os olhos
para os interesses ou direitos dos usuários.
Por que o governo do PT permitiu a infiltração na ANS de alguém com
evidente conflito de interesses? As doações de Júnior ao PT foram
desinteressadas? Esse acontecimento pode ser entendido à luz de outros
do governo do PT.
No Mensalão, o governo do PT se associou a grandes bancos que
buscavam atos governamentais que lhes fossem favoráveis num esquema de
corrupção de 100 milhões de reais.
No Petrolão, vimos os grandes empreiteiros e o governo do PT de mãos
dadas para roubar em bilhões o Brasil. A operação greenfield revelou que
muitas empresas escolhidas para ser “campeãs nacionais” foram
favorecidas pelo BNDES em troca de propinas para partidos e políticos.
Esse tipo de associação espúria entre parte da classe política e
econômica, para perpetuar seus domínios e extrair riqueza da população, é
o que estudiosos chamam de capitalismo de compadrio. É o diagnóstico e a
receita do subdesenvolvimento brasileiro.
No Mensalão, o governo do PT se associou a grandes bancos que
buscavam atos governamentais que lhes fossem favoráveis num esquema de
corrupção de 100 milhões de reais
De um lado, políticos angariam polpudas doações para campanhas,
mantendo e ampliando seu poder. De outro lado, os grandes empresários
alcançam favores governamentais que alavancam seu crescimento em
prejuízo da livre concorrência, da inovação e da eficiência operacional.
A carona no avião do amigo por si só não é ilegal, mas parece mais do
mesmo. Não só em razão do passado de Júnior e dos governos do PT, mas
por causa do presente.
Após anunciado o resultado das eleições, Lula discursou ao lado do
deputado petista José Guimarães, cujo chefe de gabinete foi preso em
2005 com 100 mil dólares escondidos na cueca. Guimarães foi acusado, mas
foi livrado em 2021 pela prescrição de seu caso.
No passado, Lula dizia que não sabia. Ele alegou que não sabia, por
exemplo, que seus ministros, companheiros e aliados estavam envolvidos
em crimes. Pelo menos 27 deles foram presos. Contudo, não pode alegar
que desconhece o passado dos nomes de sua equipe de transição.
Uma rápida pesquisa na internet mostra que 19 nomes da equipe, dentre
os 71 da lista divulgada em 10 de novembro, foram delatados,
investigados, acusados ou até condenados. Mais de um quarto.
Programas de integridade recomendam que relacionamentos sejam
suspensos ou encerrados com indivíduos e empresas investigados por
corrupção. É uma medida de cautela recomendada até para proteger a
reputação contra a vergonha e censura pública.
Contudo, isso não é preocupação para Lula. Na sua equipe estão nomes
como de Gleisi Hoffman, investigada por corrupção, lavagem de dinheiro e
falsidade num inquérito parado há quatro anos no STF. A suspeita é de
que teria recebido mais de 800 mil reais em propinas por contratos entre
o Ministério do Planejamento e a empresa Consist.
Uma rápida pesquisa na internet mostra que 19 nomes da equipe, dentre
os 71 da lista divulgada em 10 de novembro, foram delatados,
investigados, acusados ou até condenados
Está no rol também Guido Mantega, acusado pelo Ministério Público em
investigação decorrente do caso JBS que revelou benefícios indevidos
concedidos pelo BNDES de até 8 bilhões. Tornou-se réu por formação de
quadrilha, gestão fraudulenta e crimes contra o sistema financeiro.
André Ceciliano, petista que integra o time de Lula, foi alvo da
operação Tris in Idem. Foi apontado pelo Ministério Público na
investigação como “protagonista” de esquema de desvios de recursos da
saúde liderado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel.
Há muitos outros nomes que estiveram enrolados na Justiça como Renan
Calheiros, Jader Barbalho e Paulo Bernardo, para ficar dentre os mais
conhecidos. Afinal, se até o presidente e seu vice podem ser pessoas
processadas ou até ter sido condenadas por crimes, por que os membros de
sua equipe não poderiam?
Não se trata de julgar aqui pessoas cuja responsabilidade deve ser
definida pela Justiça, mas de compreender a mensagem que tudo isso
passa. É a mesma mensagem que o PT transmitiu ao passar a mão na cabeça
de condenados em escândalos de corrupção como José Dirceu e José
Genoino.
A mensagem é de que a corrupção passou a ser aceita como normal.
Nesse sentido, o PT normalizou a corrupção, embora isso também seja
verdadeiro num sentido mais forte: a corrupção se tornou uma norma de
conduta em certos contextos como a Petrobras.
O que é normal não merece punição criminal. A banalização da
corrupção política é a semente da sua impunidade, promovida pelo
Congresso e garantida pela cúpula do Judiciário.
As ações de Lula dizem ainda mais ao discursar ao lado de Guimarães,
formar sua equipe de transição e viajar de carona no jatinho do
empresário amigo. Essas ações gritam: a corrupção não é motivo de
vergonha.
A diferença é que, como presidente, a mensagem de Lula influencia
milhões e é vista por todo planeta. Se roubar não é motivo para
vergonha, o que seria? No Brasil, o mau exemplo vem de cima.
Imagem feita em 9 de novembro mostra caminhões parados nas
proximidades do quartel do Exército em Brasília.| Foto: EFE / Joédson
Alves / Arquivo
O ministro Alexandre de Moraes bloqueou as contas bancárias de 43
pessoas físicas e jurídicas, em geral do agro, os que produzem a riqueza
do país, que garantem o equilíbrio do balanço de pagamentos e a
segurança alimentar. O bloqueio ocorreu porque eles supostamente
participaram ou estão participando das manifestações, que são garantidas
por uma cláusula pétrea da Constituição: o inciso XVI do artigo 5.º,
que diz que todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização. A ironia é que
esses bloqueados vão ficar sem dinheiro para pagar seus funcionários no
fim do mês. E, no entanto, eles pagam os impostos que sustentam as
folhas de pagamento do poder público – inclusive do Supremo.
Agora eu vejo uma parte da mídia – e me envergonha dizer isso – que
voltou à segunda metade dos anos 1960, quando havia o dedo-duro, que
entregava quem falasse mal do governo. Isso voltou, e nem foi agora:
voltou já durante a pandemia, porque eu vi repórter de televisão dizendo
que Fulano estava na praia, que não podia… meu Deus, que vergonha! São
direitos consagrados pela Constituição, a liberdade de locomoção, a
liberdade de reunião, a livre expressão do pensamento.
Com gastança, Lula quer colocar o Brasil no caminho da Argentina
O futuro presidente Lula está com problemas. Mostraram um rombo de
quase R$ 200 bilhões no teto de gastos. A bolsa despencou, o dólar
subiu, os investidores puseram o pé no freio; perguntaram para Lula a
esse respeito, e ele simplesmente respondeu: “paciência, não cai por
conta de pessoas sérias, mas de especuladores”. Só que as pessoas sérias
que estavam ajudando a equipe econômica estão quietas e de cara no
chão. Pérsio Arida, André Lara Resende, Henrique Meirelles – que já caiu
fora, já deu tchauzinho. Esse é o caminho da Argentina: a gastança que
dá 100% de inflação. O Banco Central estava conseguindo conter a
inflação, mas vai tudo por água abaixo com o excesso de gastos.
Infelizmente é isso o que está acontecendo.
O jatinho nada ecológico que levou Lula ao Egito Já que outro
dia eu falei de Lula no Egito, o Poder 360 fez o cálculo do jatinho: a
ida e a volta dão 25 horas de emissão de gás carbônico. Um cidadão
brasileiro normal vai levar 16 anos para emitir esse mesmo carbono.
Lula, lembre-se, está usando o jatinho de um empresário que foi preso em
julho de 2020, envolvido em um escândalo de milhões de campanha de José
Serra.
Identitarismo reclama, mas é a população que rejeita suas pautas Militantes
LGBT, feministas e movimento negro estão reclamando que têm dificuldade
de avançar pautas da extrema-esquerda no futuro governo. Mas não é o
governo, é a população brasileira. Não são apenas os 58 milhões de
eleitores de Bolsonaro que não têm essa pauta. No mínimo metade dos 60
milhões de eleitores de Lula também não têm essa pauta. Votaram em Lula
sem saber em que estavam votando. Perguntem-lhes se eles aprovam o
aborto ou a ideologia de gênero para as crianças nas escolas; certamente
não aprovam. Além disso, todo mundo que conhece o presidente eleito
sabe das piadinhas homofóbicas dele.
Este tem sido, até agora, o
governo da desesperança – e do medo, da suspeita, da desconfiança e de
tudo aquilo que pode haver de pior na expectativa do futuro próximo para
o país. Ainda falta um mês e meio para Lula assumir a presidência da
República, mas desde que foi declarado vencedor das eleições de 2022 sua
atuação pública só produziu notícia ruim. A cada vez que ele abre a
boca, as coisas pioram: a bolsa de valores derrete, o dólar dispara, os
juros para operações futuras sobem. É o contrário, exatamente, do que
vinha acontecendo até sua eleição – quando cada mês registrava melhoras
em todos os índices econômicos essenciais, da inflação ao desemprego,
das exportações à arrecadação federal, do gasto público ao lucro das
estatais. De 3 de novembro para cá, a casa começou a cair – e ninguém
está pondo mais força na demolição do que o novo presidente.
O governo que Lula vai começar sempre foi um desastre anunciado e
garantido em contrato. Nada, desta vez, de busca de consenso, moderação,
“Carta aos Brasileiros”, como foi na sua primeira chegada ao governo.
Em vez disso, agora, Lula se inclinou o tempo todo para o extremismo, o
rancor e o discurso da esquerda radical. A elite empresarial e o seu
entorno fizeram de conta que estava tudo bem; Lula é assim mesmo, fica
falando essas coisas, mas tudo é só conversa de campanha, pois ele é um
sujeito responsável e não vai jogar o país numa aventura etc. etc. etc.
Na hora de governar ele vai ser sério etc. etc. etc. Foi mais um
raciocínio idiota. O Lula-2022 é diferente do Lula-2002 – e é esse o
Lula que está valendo hoje. Ele está convencido que a eleição o
autorizou a fazer tudo o que quer, e já no dia seguinte à eleição estava
exigindo que o Brasil lhe dê licença para gastar como bem entender o
dinheiro do Estado. É a sua ideia fixa do momento: abolir o teto de
gastos, a âncora que há anos vem segurando a inflação, o valor do real e
a estabilidade financeira. Dane-se o equilíbrio entre receita e despesa
– segundo ele, isso impede a “justiça social” e, portanto, precisa ser
derrubado.
Ainda falta um mês e meio para Lula assumir a presidência da
República, mas desde que foi declarado vencedor das eleições de 2022 sua
atuação pública só produziu notícia ruim
O primeiro ato do homem que veio para “salvar a democracia”, segundo o
STF, a esquerda e a maior parte da mídia, é, como se vê, uma agressão
direta à lei vigente; Lula não aceita a regra do jogo, e exige uma
mudança na Constituição para fazer o tipo de governo que tem na cabeça.
Programas sociais, obviamente, só fazem sentido se forem acompanhados o
tempo todo de responsabilidade fiscal; se não for assim, produzem
inflação e desemprego diretos na veia, e isso só piora a vida daqueles a
quem se pretende ajudar. Mas Lula está cego para isso: só pensa em
eliminar o teto de gastos e governar o Brasil como sua propriedade
privada. É materialmente impossível, assim, evitar que a economia reaja
mal – a economia, não o “mercado”. A Bolsa de Valores despenca e o dólar
dispara porque a população em geral perdeu a confiança na seriedade do
governo que se aproxima; não tem nada a ver com meia dúzia de operadores
de bolsa e outras frações da elite, como Lula quer fazer crer. É apenas
mais uma de suas falsificações: ele reclama que “o mercado” está muito
“sensível”, trata com desprezo a queda da Bolsa e a subida do dólar –
“paciência”, diz – e leva adiante a mentira de que só uma elitezinha
está incomodada com a sua guerra ao teto de gastos e o começo desastroso
do seu governo. Os fatos mostram o contrário disso: quem vai pagar
integralmente pela desordem fiscal não é o sujeito que anda de Porsche, e
sim o que está na fila do ônibus. Alguma dúvida?
Os liberais-equilibrados-centristas que apoiaram Lula estão
assustados com ele; os que quiseram exercer uma influência “moderadora”
em seu governo constatam que viveram uma miragem. Tudo isso estava
escrito desde que Lula ganhou a sua candidatura do STF. Fingiram que
não, para “salvar a democracia”. Podem, agora, voltar a seus vinhos de
safra e retornar às conversas em que se fala mal de Lula. Quem vai
entrar no pau, com inflação, desemprego e outras realizações do governo
petista é a população – os “manés” do ministro Barroso.