sábado, 12 de novembro de 2022

MANIFESTAÇÕES EM FRENTE AOS QUARTÉIS

 

Por
Bruna Frascolla


Manifestantes protestam em frente a quartel do Exército Brasileiro em São Paulo| Foto: Fernando Bizerra/EFE

Nesse momento de instabilidade, é oportuno assistir ao “Nem tudo se desfaz”, de Josias Teófilo. O documentário é bom para refrescar a memória, pois trata do início das manifestações de direita e chega até o (imaginava-se) o seu ápice, que era a eleição de Bolsonaro. No começo, tudo parecia ser só mais uma manifestação de beautiful people, um quebra-quebra daqueles que jornalista e “imprensa internacional” acham bonito. Até que as ruas passaram a ser ocupadas por outro tipo de manifestante.

Entre os 20 centavos e o “não vai ter copa”, os black blocs e os estudantes profissionais passaram a conviver com uma turma de camisa canarinho. Enquanto os de sempre queimavam a bandeira nacional, os novatos a empunhavam alegremente e usavam a camisa da CBF como meio de expressar o seu nacionalismo.

Muitos tentaram tomar a frente da nova movimentação. Perante a constante expulsão daqueles que tentavam transformar o movimento em algo partidário, despontaram movimentos apartidários que se colocavam como organizadores de manifestações. Dessa época são o Vem Pra Rua e o MBL, surgidos, respectivamente, em outubro e novembro de 2014.

Esses movimentos organizados gozavam de certa aceitação perante a imprensa antipetista. Eram jovens lideranças que renovariam a política do país. Com o tempo, o Vem Pra Rua minguou e o MBL, desde quando se tornou oposição a Bolsonaro, não consegue convencer mais ninguém de que são um movimento político movido por ideais, em vez de mera disputa por poder.

Seja como for, para manter a respeitabilidade, esses movimentos organizados precisavam dar um chega-pra-lá num certo perfil de manifestante: o velho com camisa da CBF que trazia cartazes pedindo intervenção militar e artigo 142, às vezes com uma tradução esquisita para o inglês. Eram piada, serviam para memes, ninguém os levava a sério.

No fim do governo Bolsonaro, as massas continuam mobilizadas e o país continua instável. Mas massas não se aglomeram mais à frente de Bolsonaro. Agora elas se aglomeram defronte dos quartéis e clamam por intervenção militar. E mais: hoje mesmo os chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica assinaram uma inusual nota “à imprensa e às instituições” reafirmando que elas têm esse direito.

Quem era Bolsonaro para o povo?

Dada a mudança do foco das manifestações, convém lembrar a imagem de Bolsonaro pré presidência. Ele era o deputado cuja atuação começou como a de uma espécie de sindicalista dos militares. É claro que, dada a importância nacional da categoria, as atividades de tal “sindicalista” têm uma importância muito maior do que se sua profissão fosse a de padeiro ou professor. Ao cabo, transformou-se num defensor das Forças Armadas durante o governo FHC, que pretendia “enxugar a máquina” para além do prudente. Não custa lembrar, também, que FHC foi por muitos anos um pesquisador subsidiado pela Fundação Ford, que há décadas se empenha em criar tensões raciais no nosso país. Em virtude disso, sua atividade parlamentar era facilmente atrelada ao estatismo, e não era de surpreender que, em questões econômicas, votasse de modo parecido com nacionalistas de esquerda, tais como Aldo Rebelo. Para Bolsonaro se eleger após o estrago de Dilma, só carregando Paulo Guedes para cima e para baixo, garantindo que ele seria o seu “posto Ipiranga”. A promessa despertou muito ceticismo, mas foi cumprida.

A outra atividade “sindical” de Bolsonaro foi a que começou a colocá-lo sob os holofotes foi a defesa dos militares que participaram da repressão aos comunistas durante a ditadura. A própria redemocratização fora puxada por manifestações de rua que jornalista acha bonito, com jovens “idealistas” de cara pintada, pedindo por democracia. Havia então um consenso entre as classes falantes que o regime militar foi horrível e a democracia é um valor em si mesmo. Bolsonaro furava esse consenso com muito espalhafato. Com o tempo, a esquerda, em conjunto com a imprensa, passou a avançar na questão de costumes. Bolsonaro também fez uma oposição estridente e acumulou mais holofotes ainda. Passou de um parlamentar de nicho a um vocalizador da maioria silenciosa no que concerne aos costumes (aí incluída a leniência com os bandidos).

O que Bolsonaro era para as elites?
Recentemente, Silvio Grimaldo escreveu que o establishment não entendeu que Bolsonaro era um agente de estabilização. Concordo com ele neste aspecto. Vamos ao contexto: num cenário de perpétua agitação, Bolsonaro lidera as massas e as mantém apaziguadas. O caso máximo talvez seja o Sete de Setembro, quando Bolsonaro conseguiu a façanha de lotar Brasília numa manifestação contra o STF para… Receber uma cartinha de Temer e pedir desculpas ao Supremo. Antes, dizia-se: o país estava em chamas por causa de Bolsonaro. Hoje, após as eleições, faz mais sentido dizer que o país só não explodiu graças a Bolsonaro, que é como o pito estridente desta panela de pressão. As elites achavam esse pito barulhento demais e resolveram apertá-lo para baixo, silenciando-o. Após as eleições passou a chamar Bolsonaro para apagar incêndio, pedindo a ele que, usando sua palavra e sua autoridade, rogasse aos manifestantes que parassem de obstruir estradas. Surpresa: não funcionou.

As estradas continuaram obstruídas em vários pontos do país após o pedido de Bolsonaro. E os manifestantes agora se dirigem aos quartéis das forças armadas.

Efeitos do presente na avaliação do passado
Se possível, peço que olhe esta imagem que tem circulado na internet. Mostra um velho vestindo camisa da CBF, enrolado na bandeira do Brasil, ostentando uma placa. Até aí, é uma figura idêntica ao dos que pedem intervenção militar desde 2013. O detalhe que fez a imagem circular é que ele tem as duas pernas amputadas (talvez seja diabético) e na placa se lê: “Minhas pernas não me trouxeram mas meu coração me arrastou!”. Mas eu peço que olhe mais ainda. Atrás dele, de verde e amarelo e enrolados em bandeiras do Brasil, há gente jovem.

Esse nicho de manifestantes que começou como escória em 2013 apresentou uma força de vontade e uma fé no Brasil enormes, que deveriam envergonhar qualquer jovem reclamão. Agora, contagiou idades mais novas e, até prova em contrário, se converteu na tendência dominante das manifestações. Porque agora não há mais peias em pedir intervenção militar. Bolsonaro foi preterido; as Forças Armadas, escolhidas.

De todo modo, a idade dos que sempre pediram intervenção militar mostra que a maioria silenciosa não estava de acordo com a versão oficial dos fatos, forjada primeiro pela TV, que romanceava a guerrilha, e depois sacramentada pela Comissão da Verdade. A maioria silenciosa que viveu o governo Médici, por exemplo, se lembrava do período como uma era feliz de pleno emprego, no qual o cidadão de bem não tinha medo de sair na rua. Depois a imprensa e a esquerda vieram ao mesmo tempo com a conversa de que o período militar era horrível e os bandidos são vítimas da sociedade. Agora o STF solta bandido, impede o policial de entrar no morro, e, não contente, vai atrás de cidadãos de bem que exercem o seu direito constitucional de expressar suas opiniões.

Várias pesquisas de opinião mostram as Forças Armadas como uma das instituições, senão a instituição, que mais goza de confiança no país. A classe falante deveria pensar duas vezes antes de tratar o regime militar inequivocamente como a pior época da nossa história recente.

Histeria à direita
Creio que os nervos nunca tenham estado tão aflorados com as manifestações de Bolsonaro quanto com as das Forças Armadas. Elas não se manifestam nunca; resolveram se manifestar agora.

Há poucos dias o Brasil assistiu às lives do argentino, que apresentava anomalias estatísticas. As lives eram transmitidas do estrangeiro e eram apresentadas por um estrangeiro porque o TSE censurava quem considerasse a lisura das urnas. O resumo da apresentação era que urnas antigas apresentavam mais votos para Lula, mesmo em comparação a seções vizinhas de idêntico perfil demográfico. O TSE poderia contra-argumentar, mas censurou a conta do Twitter do economista Marcos Cintra, insuspeito de bolsonarismo, que comentou que esperava respostas do Tribunal. A censura que durara até a eleição tinha vindo para ficar.

Pouco depois, estava para sair o relatório das Forças Armadas, que foram convidadas a auditar as eleições. Aí o povo, que tanto esperava das Forças Armadas, ficou doido. Os youtubers que fizessem as previsões mais sensacionalistas ganhavam mais visualizações e superchats, então espalhou-se a crença de que a intervenção era iminente, faltando apenas o relatório bombástico.

De fato, tal relatório veio: as Forças Armadas denunciaram a obstrução ao seu trabalho de verificação, bem como a impossibilidade de atestar que as eleições foram seguras. Aquilo que era tabu durante a live do argentino foi afirmado por tais autoridades. A imprensa, porém, resolveu deturpar o relatório, afirmando que fraudes não foram encontradas, quando o xis da questão era justamente a impossibilidade de encontrar eventuais fraudes.

Outro fato que levou a uma histeria generalizada na direita é a relação esquizoide que Olavo de Carvalho tinha com as Forças Armadas, transmitiu aos seus pupilos e espalhou pela cultura. Por um lado, segundo Olavo, os militares salvaram o Brasil de uma ameaça real e iminente em 64. Por outro, foram lenientes demais ao censurarem pouco e permitirem que o marxismo avançasse no Brasil com métodos gramscianos. Assim, uns 90% dos olavetes se sentem mais anticomunistas do que “os militares” (todos) pelo mero fato de terem lido Olavo, que é um best-seller. Quando eles não tinham nascido, Heleno trabalhava com Sylvio Frota, que liderava a oposição à abertura. Mas eles sabem muito mais do que Heleno e são mais anticomunistas do que ele. É uma arrogância só comparável à dos próprios comunistas, que se sentem os tais por terem lido uns livrinhos e subscreverem uma série de ideias, sem ter feito nada.

Ao cabo, o estilo estridente tanto de Bolsonaro quanto de Olavo tornou certas pessoas incapazes de atentar ao conteúdo de um relatório e a focar apenas no tom. É possível que acreditem na propaganda comunista, segundo a qual militares são broncos e burros. Porque, ao que parece, o relatório só prestaria se fosse escrito em linguagem agressiva e recomendasse cascudos às autoridades. Na prática, o relatório liberou que se questionasse o sistema, coisa que o TSE tinha, na prática, criminalizado. Mas como não teve showman, live ou anúncio de tanques na rua, os histéricos ficaram puxando os cabelos.

Mais um feito hoje
Ao contrário do que foi noticiado primeiro, o comandante do Exército, e não Bolsonaro, foi quem convocou uma reunião de urgência com os generais. Hoje os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica assinaram uma nota inédita na história da Nova República. Entre outras coisas, reforça que é livre o direito à manifestação pacífica. É pouco? Bom, esta semana a Amazônia tem sido palco de conflitos. No Pará, manifestantes fecham estradas – tipo de manifestação ao qual se opõe a nota. Mas na capital do Acre há manifestações pacíficas na frente do Exército clamando por intervenção. E Alexandre de Moraes mandou a PM acriana acabar com ela.

A nota das Forças Armadas tira a autoridade de Alexandre de Moraes. Coisa que não esteve ao alcance de Bolsonaro, o conciliador.


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MORTES DE GAL COSTA E ROLANDO BOLDRIN

 

Gal e Boldrin

Por
Francisco Escorsim


Gal Costa canta em homenagem a João Gilberto, na TV Globo. A cantora faleceu em 9 de novembro de 2022.| Foto: TV Globo / Renato Rocha Miranda

Há semanas em que o difícil é escolher sobre o que escrever, em outras encontrar sobre o que escrever. Às vezes acontece de um assunto se impor, mais raro perdurar avançando pelos dias, tornando-se desesperador quando permanece por semanas sem fim. É o que tem acontecido, infelizmente.

Das agruras de cronista, nenhuma me é pior do que essa, até porque, do tanto já dito e redito sobre o que não pode ser dito, que mais haveria a falar senão mais do mesmo sobre mais do mesmo? Ou (mais) um lamento pretensiosamente lírico de impotência comungada com o leitor?

E a pensar estava nessa impotência quando veio a notícia do falecimento de Gal Costa. Seria um desses assuntos a se impor? Acompanhando a grande mídia durante o dia, bem que tentaram, mas sem sucesso. A expectativa pela divulgação do relatório das Forças Armadas sobre as eleições era maior, como chuva de prata que cai sem parar, e quando enfim veio a público… amanhã será jamais.

É quase inevitável não enxergar nas mortes de Rolando Boldrin e Gal Costa um símbolo do que estamos a viver

Já desistindo de procurar por outro tema, eis que no fim do dia li nas redes sociais que Rolando Boldrin também havia morrido. Aí o ontem falou mais alto no meu peito humano. Brotaram do coração as memórias de uns tantos domingos da infância, quando acordava cedo e brincava no tapete da sala com os jogos de botões, fazendo grandes finais de Copa com Zico heptacampeão mundial, com a tevê ligada ao fundo. Quando começava a abertura do Som Brasil, com Boldrin cantando aquela moda que eu gostava, eu parava e prestava atenção, sem entender como seria remédio para os meus desenganos, que ainda nem os tinha.

É curioso como alguém pode fazer tanta parte de sua história sem que você conheça muito sobre a pessoa. Rolando Boldrin era daquelas presenças constantes para mim, por causa de sua voz. Eu pouco assistia ao programa, voltava a brincar e a tevê era um barulho de vida a fazer as vezes de torcida de minhas partidas imaginárias. A única voz constante era a dele. Várias vezes, no futuro, não o reconhecia pelo rosto, nem pelo nome, mas bastava ele falar que lá ia eu, como criança, lembrar dos meus botões.

Quando Boldrin já não apresentava mais o programa, havia sido substituído por Lima Duarte, meus botões já sofriam a rivalidade de jogos de futebol “reais”. Acompanhava um amigo nas partidas de futebol de salão do pai dele nos domingos de manhã. Não lembro onde era a quadra, mas recordo bem das árvores em torno, acho que araucárias ou pinheiros. Lembro também do banco traseiro do carro, acho que um Santana, mas principalmente de uma música que quase sempre tocava, não sei se no toca-fitas ou rádio: Um Dia de Domingo, no dueto de Gal Costa com Tim Maia.

Há uma versão desta música somente com Gal cantando, gravada ao vivo. Gosto dos arranjos novos criados, transformando a breguice do original em algo cool, com Gal brincando de imitar Tim, cantando com voz grave um trecho da música. O dedilhar da guitarra me devolve àquelas manhãs de domingo, à espera dos adultos terminarem suas partidas e liberarem a quadra para brincarmos. Uma quadra imensa, com traves de gol de tamanho desproporcional, uma bola pesada demais. Ainda assim, tentávamos. E os chiados dos tênis nas tábuas da quadra faziam parecer que o jogo era para valer. Como a nossa democracia, pensando bem.

É quase inevitável não enxergar nas mortes de Boldrin e Gal um símbolo do que estamos a viver. Porque é fácil identificar Boldrin com a voz do caipira do interior, representante da música regional, daquele Brasil que preferiu Bolsonaro. Ainda que ele não tenha votado, ainda que defendesse outra coisa. Não sei e não faz diferença para isso. Assim como Gal representaria o outro lado, aquela voz que, embora igualmente regional, tornou-se mainstream e, por isso mesmo, recebeu muito mais destaque na grande imprensa do que a morte de Boldrin (o que diz muito da imprensa, nada sobre Boldrin ou Gal).

Mas não importam os lados, o que pensamos, o que representamos, o quão diferentes somos, o quão distantes, apartados, divididos estejamos. A morte nos reúne a todos num vasto Eclesiastes, cuja palavra significa “aquele que reúne”. Ainda que seja a reunião numa lembrança de um tempo em que tudo era um Som Brasil, cabendo ambos, todos, numa manhã de domingo, vendo o sol amanhecer. Hoje, talvez isso não seja mais possível. O jeito é tocar essa vida marvada, fazendo de conta que ainda é cedo.

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BUSCAS POR VOZ VÃO SUPERAR AS ESCRITAS?

 

Por Carol Junqueira e Jonas Marinho – Marketing e Cultura da Simplex

Será que as buscas por voz vão superar as escritas? Se sim, quando isso pode ocorrer? Essas são duas questões que estão postas há pelo menos 10 anos ou, no mínimo, desde que a qualidade dos sistemas de buscas por voz como Google, Siri, Alexa, Cortana, Bixby entre outros atingiu níveis que tornaram seu uso realmente viável.

Se olharmos os números, veremos que as buscas exclusivamente por voz ainda estão num patamar muito baixo, mas seguem com tendência de crescimento, em especial quando realizadas por meio de dispositivos móveis. É o que indica a segunda edição da pesquisa State of Search Brasil, realizada em 2021. O levantamento aponta que os usuários que realizam buscas exclusivamente por voz representam apenas 2% do total de usuários de notebooks e desktops, mas sobem para 5% quando são realizadas por smartphones. Quando considerados os usuários que utilizam tanto voz como escrita em suas buscas, os valores sobem para 32% e 47% respectivamente. E um dado relevante é que esses números cresceram 25% em relação a 2020.

Pode até parecer pouco, mas isso demanda atenção de empresas e profissionais de SEO, pois se trata de uma tendência de mudança no comportamento do usuário, que pode interferir expressivamente nos resultados de buscas. O crescente aumento do uso dos assistentes de voz e, também, dos aplicativos de metaverso, vão contribuir para impulsionar as buscas feitas por voz.

Diante dessas tendências, as chamadas buscas de cauda longa (long tail), que utilizam três ou mais palavras, possuem maior probabilidade de ocorrer, pois é natural que, ao fazermos buscas por voz, utilizarmos frases mais completas ou fazermos isso na forma de perguntas. Nesse cenário, softwares que auxiliem na criação automática e escalável de páginas web, que fazem a correlação dessas palavras, podem ajudar, e muito, a garantir um bom posicionamento nas buscas.

Outro ponto que merece destaque e que vai interferir diretamente no número de impressões é a tendência de aumento nas buscas por meio dos sistemas de assistentes de voz. Isso terá cada vez mais impacto nas métricas.

Diferentemente das pesquisas realizadas diretamente no Google, as consultas feitas via assistente de voz não geram impressões. Vejamos um exemplo: se perguntarmos qual a distância entre São Paulo e Belo Horizonte diretamente à assistente eletrônica, receberemos a resposta, mas ela não vai gerar uma impressão, como seria se utilizássemos um buscador como o Google, por exemplo. Será uma impressão a menos para algum site que aparecia na primeira posição para esse tipo de busca.

Outra métrica que sofrerá alterações é a de volume de tráfego. Há uma tendência que perguntas, como por exemplo sobre a previsão do tempo, migrem cada vez mais para assistentes de voz. São milhares, talvez milhões de buscas que aos poucos deixarão de ser feitas em buscadores, que não vão mais gerar volume de tráfego e nem impressões. Outras perguntas que devem migrar para os assistentes de voz são, por exemplo, sobre as cotações de moedas, fechamento de bolsa de valores ou mesmo a receita de algum prato.

Em um futuro próximo, conforme os assistentes de voz ampliarem as possibilidades de realização de compras, os usuários serão direcionados diretamente para determinados supermercados, lojas parceiras ou ligadas diretamente a esses assistentes. Isso não impactará apenas nas métricas, mas diretamente nas conversões de vendas. Essas são apenas algumas tendências que devemos acompanhar de perto e ficarmos atentos aos impactos que elas poderão trazer para empresas e negócios.

Ao longo dos anos, as equipes de SEO sempre tiveram que enfrentar expressivos desafios e as buscas por voz são apenas mais um que se apresenta para um futuro próximo. Mas, afinal, alguém falou que seria fácil?

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sexta-feira, 11 de novembro de 2022

REAÇÃO DA BASE DE APOIO DO BOLSONARO AO RELATÓRIO DAS FORÇA ARMADAS

 

Sistema eleitoral

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília


Senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) e outros senadores governistas pediram à PGR uma investigação sobre as urnas com base no relatório do Ministério da Defesa.| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, ainda não definiu se vai usar o relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação elaborado pelas Forças Armadas – que não apontou fraude, mas também não excluiu essa possibilidade – para embasar uma contestação do resultado das eleições. Por ora, a cúpula do partido e Bolsonaro ainda avaliam o diagnóstico apresentado pelo Ministério da Defesa, mas há conversas nos bastidores com militares, o “núcleo duro” do governo e aliados do Congresso para decidir os próximos passos.

Nesta quinta-feira (10), Bolsonaro teria se reunido com os comandantes das Forças Armadas, generais do Alto Comando e o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, de forma presencial e remota, para discutir o relatório e os protestos populares em frente aos quartéis. A informação foi divulgada pelo site O Antagonista.

Segundo afirmam interlocutores do núcleo duro de Bolsonaro à Gazeta do Povo, uma nota conjunta das Forças Armadas será divulgada nesta sexta-feira (11). Ela será assinada pelos comandantes do Exército, general Freire Gomes, da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Júnior.

O teor da nota ainda é desconhecido, mas militares e aliados do governo presumem que as Forças Armadas devem reforçar a defesa do relatório produzido a fim de rechaçar o discurso de críticos, que acusam os militares de terem sofrido influência política de Bolsonaro. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por exemplo, disse nesta quinta que o chefe do Executivo tem que pedir “desculpas” por ter “usado” os militares para fiscalizar as urnas eletrônicas sem necessidade. A prova disso é que o relatório não apontou fraude nas eleições deste ano.

“Um presidente da República, que é o chefe supremo das Forças Armadas, não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisa que é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional”, disse Lula. “O resultado foi humilhante. Eu não sei se o presidente está doente, mas ele tem a obrigação de vir à televisão e pedir desculpas para a sociedade brasileira e pedir desculpas às Forças Armadas, por ter usado as Forças Armadas”, complementou.

O colegiado a qual Lula se refere é a Comissão de Transparência das Eleições (CTE), que foi constituída pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ampliar a fiscalização e transparência do processo eleitoral. Ocorre, porém, que, diferentemente do que o presidente eleito sugere, não houve imposição de Bolsonaro para que as Forças Armadas fossem inseridas no comitê. Elas foram convidadas pelo então presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso.

O convite de Barroso às Forças Armadas foi interpretado pela caserna como uma intenção de ratificação da segurança das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral. À época, o general Fernando Azevedo e Silva, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, foi convidado a assumir a direção-geral do TSE, mas desistiu após a contrariedade dos militares às suspeitas das intenções do magistrado. Aliados do presidente não descartam que a nota prevista para sexta enfatize isso.

Que brecha o relatório dos militares deixa para contestações às eleições
A despeito da avaliação de Bolsonaro e do PL sobre contestar ou não o resultado, a base governista no Congresso está convencida que o relatório das Forças Armadas e o ofício assinado pelo ministro da Defesa dão brecha para questionamentos. Um dos pontos diz respeito à possibilidade de “relevante risco à segurança do processo” eleitoral após a “compilação do código-fonte e consequente geração dos programas”.

Os militares sustentam que, dos testes de funcionalidade, realizados por meio do Teste de Integridade e do Projeto-Piloto com Biometria, não é possível afirmar que “o sistema eletrônico de votação está isento de influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”. Em função disso, as Forças Armadas sugeriram “realizar uma investigação técnica para melhor conhecimento do ocorrido na compilação do código-fonte e de seus possíveis efeitos”.

Os militares também recomendam “promover a análise minuciosa dos códigos binários que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas”. A fim de atender a esses questionamentos, os militares sugeriram ao TSE a criação de uma “comissão específica” composta por “técnicos renomados da sociedade” e por “técnicos representantes das entidades fiscalizadoras”.


Os apontamentos e recomendações foram suficientes para a base aliada de Bolsonaro no Senado acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR). Capitaneados pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), 14 senadores pediram investigação baseado no relatório dos militares. “Diante de um processo eleitoral tão conturbado, dirimir possíveis dúvidas é um dever do Estado”, diz.

O senador Marcos Rogério (PL-RO) foi outro a se manifestar. Ele critica a nota do TSE que fala em analisar “oportunamente” as sugestões encaminhadas para o aperfeiçoamento do sistema e cobra celeridade. “Em razão das dificuldades que [as Forças Armadas] tiveram para fazer essa investigação para afastar de vez qualquer dúvida em relação ao processo, são sugestões importantes e que não são para serem analisadas oportunamente, é preciso encarar com a urgência que o caso requer”, disse à TV Jovem Pan.

O deputado federal Filipe Barros (PL-PR) fez discurso na tribuna do plenário da Câmara para citar trechos técnicos do relatório que apontam não haver garantias de que o código-fonte examinado pelas entidades fiscalizadoras — inclusive as próprias Forças Armadas, técnicos de partidos e outros especialistas — é o mesmo instalado nas urnas na forma de programas executáveis. “O que vimos no relatório é uma completa falta de sensibilidade e seriedade do TSE”, critica.

O deputado federal General Girão (PL-RN) foi outro a criticar o TSE na tribuna da Câmara. “Quando você vê o relatório pela primeira vez você tem aquele impacto de decepção. Quando lê pela segunda ou terceira vez você vê que, ali, tem duas mensagens fortes. A primeira é que os nossos técnicos não tiveram a autorização do Tribunal Superior Eleitoral de fazerem a conferência do código-fonte das urnas. E a segunda é dizer que, deste jeito, como foi feito, sim, cabem invasões no código-fonte”, diz.

Em coletiva de imprensa na terça-feira (8), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse que aguardaria o relatório das Forças Armadas para definir se o partido contestaria ou não o resultado. “Eu acho que, dependendo do que eles apresentarem, nós vamos brigar para o TSE responder para a gente esses questionamentos que possam trazer. Nós fizemos alguns, eu faço alguns diariamente até para alguns amigos do TSE”, declarou.

O que diz o TSE sobre o relatório das Forças Armadas
Em nota publicada pelo TSE na quarta-feira (9), após o recebimento e a divulgação do documento, o ministro Alexandre de Moraes, presidente da Corte Eleitoral, afirmou que o tribunal recebeu o documento “com satisfação”. “Assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, [o Ministério da Defesa] não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”, diz a nota.

O tribunal informou ainda que as “as sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas” e finalizou afirmando que “as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e que as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos”.

A reportagem entrou em contato com o TSE novamente nesta quinta-feira (10) e a assessoria reforçou que o posicionamento é o mesmo que já foi divulgado na quarta. A Corte Eleitoral reforçou que as sugestões “serão oportunamente analisadas”.

O relatório de fiscalização era aguardado com ansiedade, seja por ministros do Supremo Tribunal Federal e do TSE apreensivos com a possibilidade de que fosse usado por Bolsonaro para contestar a eleição de Lula, seja por apoiadores do atual mandatário que têm se reunido em frente aos quartéis, em capitais e várias cidades do país, para pedir uma intervenção das Forças Armadas para impedir a posse do petista, o que contraria a Constituição Federal, com base em uma suspeita infundada de fraude.

O envio do documento ao tribunal foi antecipado – inicialmente, o plano da Defesa era encaminhar o relatório 30 dias após a análise de toda a fiscalização realizada.

Também nesta quinta, o TSE publicou no site oficial a informação de que organismos internacionais e nacionais atestaram a confiabilidade das eleições brasileiras. “Missões de Observação Eleitoral (MOEs) que acompanharam as Eleições Gerais de 2022 atestaram: o processo eleitoral brasileiro é seguro, confiável, transparente e eficaz, e as urnas eletrônicas são uma fortaleza da democracia”, informa.

Segundo a Corte, mais de 120 observadores internacionais acompanharam a votação e a totalização dos resultados durante os primeiro e segundo turnos após analisar “por meses” a urna eletrônica. “Além dos observadores estrangeiros, oito instituições nacionais presenciaram os trabalhos do processo eleitoral deste ano”, diz o TSE.


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ESTRADAS MAL CONSERVADAS IMPEDEM O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Caminhoneiro sofre com os gastos de manutenção e gasolina. A PR-280 está com muitos buracos e lombadas. Na imagem, o caminhoneiro Godfrid Carlos Pachtmann, 60 anos. Expedição Paraná 2014.


Rodovias mal conservadas são um dos fatores que ajudam a minar a produtividade nacional.| Foto: Brunno Covello/Arquivo/Gazeta do Povo

Entre as áreas nas quais o governo de Jair Bolsonaro mais se destacou nesses quatro anos está a da infraestrutura. Tarcísio de Freitas pode ser tranquilamente listado como um dos ministros mais bem-sucedidos da equipe de Bolsonaro, e agora terá pela frente o governo do estado de São Paulo, para o qual foi eleito em 30 de outubro. O Ministério da Infraestrutura comandou um programa de concessões e privatizações que só não foi mais amplo devido à desorganização econômica causada pela pandemia de Covid-19; se o petismo não se empenhar em desfazer esse trabalho, teremos boas novidades, especialmente em modais ainda subaproveitados no país, como as ferrovias e a navegação de cabotagem.

No entanto, ainda há muitas razões para preocupação em relação ao principal modal de transporte do país. A nova edição do relatório anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) aponta para uma deterioração da malha rodoviária brasileira, inclusive nos trechos já concedidos à iniciativa privada – que, apesar disso, continuam muito superiores em qualidade às rodovias administradas diretamente pelos governos federal ou estaduais. Enquanto 69% da malha concedida é considerada “ótima” ou “boa”, esse porcentual cai para 24,7% no caso das rodovias sob gestão pública; na outra ponta, enquanto apenas 5,2% da extensão concedida é considerada “ruim” ou “péssima”, 30,5% das rodovias administradas pelo governo foram assim classificadas. A avaliação inclui pavimento (desgaste, trincas e buracos na pista, por exemplo), sinalização (como placas e pintura de faixas) e geometria (canteiros centrais ou proteções, faixas adicionais em subidas, acostamento etc.).

Pisar no freio do programa de concessões rodoviárias, agora, é condenar os brasileiros e o setor produtivo a conviver com autênticas “rotas do queijo suíço”

Apenas o mau estado de boa parte das rodovias já seria razão suficiente para alerta: as rodovias classificadas como “ruins” e “péssimas” correspondem a 27,8 mil quilômetros, dos 110,3 mil km avaliados pela CNT. O quadro fica ainda pior quando se percebe que a qualidade das estradas vem caindo. O “ótimo/bom” das rodovias com gestão pública era de 32,5% em 2019; caiu para 28,2% em 2021 (não houve pesquisa em 2020 devido à pandemia) e agora está em 24,7%. No caso das rodovias concedidas, o “ótimo/bom” caiu de 74,2% no ano passado para os atuais 69%. De acordo com a CNT, o país precisaria de R$ 72 bilhões apenas para reconstruir e recuperar estradas com pavimento danificado ou destruído, e mais R$ 22,7 bilhões para manutenção de rodovias desgastadas, para impedir que se deteriorem ainda mais. A título de comparação, todo o orçamento do Ministério da Infraestrutura previsto para 2023 no Projeto de Lei Orçamentária Anual é de R$ 17 bilhões – e apenas uma parte disso vai para as rodovias.

O prejuízo causado por estradas ruins é enorme e amplamente conhecido: o principal está nas vidas perdidas em acidentes causados pela má condição das pistas, aliada ao mau comportamento dos motoristas. Mas também existe impacto econômico e ambiental: segundo a CNT, o custo com acidentes supera há muitos anos o investimento feito nas estradas – em 2022, até agosto, os gastos estimados com acidentes são de R$ 8,3 bilhões, contra R$ 3,9 bilhões investidos nas rodovias. Estradas ruins elevam o consumo de combustível e encarecem o frete, e a CNT estima que 1 bilhão de litros de diesel poderiam ter sido economizados se ônibus e caminhões trafegassem em rodovias boas ou ótimas, em vez de enfrentar pavimentos aos pedaços; os R$ 4,9 bilhões gastos com esse combustível extra teriam servido para a compra de 6 mil caminhões mais novos e menos poluentes, ou para reflorestar 103 mil hectares, pouco menos que toda a área do município de Belém (PA).


O setor de infraestrutura brasileiro se beneficiou, nos últimos quatro anos, de um governo que tinha a convicção sobre o necessário protagonismo da iniciativa privada. O próximo governo, sabe-se, não compartilha dessa crença. As concessões das eras Lula e Dilma Rousseff foram quase que uma imposição da realidade, diante da aproximação de megaeventos e da evidente disparidade entre o investimento necessário e os recursos estatais disponíveis. Mesmo assim, elas ainda traziam o ranço estatista em modelagens ruins, como a dos leilões de aeroportos, felizmente abandonada no governo Michel Temer.

Pisar no freio do programa de concessões rodoviárias, agora, é condenar os brasileiros e o setor produtivo a conviver com autênticas “rotas do queijo suíço”. Os desafios são muitos: a economia mundial segue fragilizada e os trechos ainda por conceder já não são os mais atrativos. Mas o Brasil acumula décadas de experiência em concessões rodoviárias, e tem especialistas capazes de distinguir o que funciona do que não deu certo. Reduzir a dependência brasileira das estradas por meio do incentivo aos outros modais não significa descuidar da malha rodoviária nacional. Mas será preciso abandonar os preconceitos estatistas e usar toda a inteligência necessária para atrair os investidores.

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PT NÃO DEFINE O SISTEMA ECONÔMICO PARA O MERCADO

 

E ainda: Negociações no Congresso

Por
Anderson Gonçalves – Gazeta do Povo


Mercado repercute indefinições na economia.| Foto: Divulgação/B3

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Em meio à indefinição sobre a equipe econômica do futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as negociações para furar o teto de gastos e a alta da inflação, o mercado financeiro teve um dia agitado nesta quinta-feira (10). A bolsa de valores registrou queda de 3,35% e o dólar fechou o dia cotado a quase R$ 5,40. Lula, que pela manhã havia criticado o teto de gastos, comentou a reação: “nunca vi mercado tão sensível como o nosso”. Veja o que mais disse o petista.

Contas no vermelho. A verdade é que as promessas feitas por Lula, como o Auxílio Brasil de R$ 600 e o aumento real do salário mínimo, devem levar as contas públicas de volta ao vermelho e elevar a dívida do governo.

Base no Congresso. Enquanto isso, aliados de Lula trabalham na construção de uma base aliada junto a partidos de centro no Congresso, a fim de garantir a governabilidade a partir de 2023. Saiba como estão as negociações.

Política, Economia e Mundo
Relatório sobre as urnas. O Ministério da Defesa comentou o relatório sobre a fiscalização das urnas eletrônicas e disse que ele “não exclui a possibilidade de fraude ou inconsistência”. Veja também como reagiram a base do presidente Jair Bolsonaro e seu partido, o PL.

Manifestações nos quartéis. As manifestações em frente a quartéis indicam que Lula terá uma oposição forte vinda das ruas. Veja o que dizem alguns parlamentares. Nossa reportagem acompanhou a mobilização em Brasília, onde manifestantes dizem que “não há data para acabar”.

Giro pelo mundo. Promotores de Los Angeles arquivaram o caso contra uma empresa acusada de enviar à China dados sobre funcionários eleitorais. Ainda nos EUA, derrotas de aliados na midterms ameaçam a candidatura de Donald Trump em 2024.

Opinião da Gazeta
O desafio das estradas. Entre as áreas nas quais o governo de Jair Bolsonaro mais se destacou nesses quatro anos está a da infraestrutura. No entanto, ainda há muitas razões para preocupação em relação ao principal modal de transporte do país. Veja um trecho da opinião da Gazeta:

O prejuízo causado por estradas ruins é enorme e amplamente conhecido: o principal está nas vidas perdidas em acidentes causados pela má condição das pistas, aliada ao mau comportamento dos motoristas. Mas também existe impacto econômico e ambiental: segundo a CNT, o custo com acidentes supera há muitos anos o investimento feito nas estradas.

O que mais você precisa saber hoje
Censura de parlamentares. “Há uma ditadura do poder Judiciário em relação a outros poderes”, diz Marcel van Hattem

Futuro governo. Após se destacar na campanha, Tebet ganha autonomia do MDB para “escolher” ministério

Pandemia. Como o ensino remoto e o fechamento de escolas derrubaram o desempenho escolar nos EUA

Artigo. Maduro e Kerry dão risadinha juntos na Conferência do Clima da ONU

Colunas e artigos
Censura escancarada. Depois do economista Marcos Cintra, foi a vez do jornalista Adrilles Jorge ficar impedido de se comunicar com seus quase um milhão de seguidores por ordem de Alexandre de Moraes. Cristina Graeml conversou com ele sobre mais esse caso de censura.

J.R. Guzzo mostra que os 33 milhões de famintos no Brasil sumiram após a eleição de Lula.

Luís Ernesto Lacombe faz uma crônica sobre o rei dos porões.

Para inspirar
As tendências para decoração natalina. O Natal vem aí e, para os entusiastas dessa época, a decoração é uma atração à parte. A cada ano, as inovações surpreendem com temáticas, cores e personagens variados. Por isso, levantamos as principais tendências para você fazer apostas certeiras.

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INTERPRETARAM MAL O RELATÓRIO DAS FORÇAS ARMADAS SOBRE A ELEIÇÃO

 

Relatório sobre urnas

Por
Alexandre Garcia

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conclui a assinatura digital e lacração dos sistemas eleitorais que serão usados nas eleições de outubro (José Cruz/Agência Brasil)


Relatório do Ministério da Defesa não conclui nem que houve fraude, nem que o processo é totalmente inviolável.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

As fake news continuam. Vejam só: o Ministério da Defesa, na quarta-feira, soltou uma nota explicando, em resumo, que durante a eleição houve acesso à rede na hora que estavam distribuindo o código-fonte e gerações de códigos binários. Portanto, não é possível assegurar que o sistema está isento de códigos maliciosos e, por isso, o Ministério da Defesa recomenda investigar o ocorrido com o código-fonte e analisar códigos binários que foram executados nas urnas. Mas o jornalismo de hoje em dia abriu manchete dizendo: “o Ministério da Defesa confirma que não houve fraude”.

Então, o Ministério da Defesa teve de soltar outra nota para repetir o que havia dito na primeira nota. Parece que não entenderam; é claro que não quiseram entender. “O Ministério da Defesa não descartou a possibilidade de fraude, porque o TSE restringiu o acesso ao código-fonte dos aparelhos e às bibliotecas do software das urnas. Não é possível, então, assegurar que os programas executados nas urnas estão livres de inserções maliciosas que alterem seu funcionamento”, diz o ministério, que pediu uma comissão para estudar isso. Só que o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, parece que cortou o barato; já disse que este assunto se encerrou, usando o passado.

Enquanto isso, o presidente eleito Lula, antes de visitar o Supremo, fez um discurso dizendo que o presidente Bolsonaro humilhou as Forças Armadas ao pô-las para fiscalizar as eleições, quando quem devia fiscalizar era a sociedade civil. Ele sabe, você sabe, eu sei que não foi o presidente Bolsonaro quem fez isso; foi o TSE que pediu para as Forças Armadas integrarem aquele mutirão de fiscalizadores que tinha OAB, partidos políticos, TCU etc. Então, o que o futuro presidente fez foi tentar jogar as Forças Armadas contra Bolsonaro. Como assim? Já estamos nas tentativas de jogar uns contra os outros? Estranho…


MDB na transição e Lula no Egito
A transição tem mais duas pessoas importantes, notáveis, e que você conhece. O MDB anunciou, para integrar a equipe de transição – que agora tem 13 partidos –, dois grandes nomes do partido: Renan Calheiros e Jader Barbalho. Pois é… enquanto isso, Lula vai para o Egito, a Sharm El Sheikh, numa pontinha do Mar Vermelho, para a conferência mundial do clima. Vão com ele Janja, Marina Silva, Simone Tebet, Celso Amorim, Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e mais 20 deputados e 13 senadores, inclusive o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o mesmo que vem segurando os requerimentos sobre ministros do Supremo. A ex-corregedora do Superior Tribunal de Justiça, ministra Eliana Calmon, disse na Jovem Pan, em entrevista da qual eu participei, que o Supremo segura inquéritos envolvendo parlamentares, e os parlamentares seguram os requerimentos do Supremo. Aquela história de uma mão lava a outra.

Mas falando em Egito, vocês todos lembram que em 2011 o povo foi para a rua e não saiu de lá até que, no 18.º dia de protesto, caiu o ditador Hosni Mubarak, que estava havia 30 anos do poder. Foi parte da Primavera Árabe.


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OS 33 MILHÕES DE FAMINTOS QUE O PT ALEGAVA TER SUMIRAM DEPOIS DA ELEIÇÃO

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

The poor old man’s hands hold an empty bowl. The concept of hunger or poverty. Selective focus. Poverty in retirement.Homeless. Alms


| Foto: Bigstock

Onde teriam ido parar, à esta altura do jogo, os “33 milhões” de brasileiros que passam “fome?” Eles foram um tema de grande sucesso na propaganda eleitoral de campanha – afinal, segundo o PT, o presidente Jair Bolsonaro era pessoalmente responsável por este horror, e não se pode votar num candidato que impede as pessoas de comer, não é mesmo? O problema, naturalmente, iria sumir a partir de 1º. de janeiro de 2023 com o começo do governo Lula; no mesmo dia, na hora da janta, já estaria todo mundo de bucho cheio. Claro que sim – prepare-se para passar os próximos anos ouvindo que o Brasil não tem problema nenhum, de qualquer tipo, e se tiver algum a culpa será da “herança maldita” de Bolsonaro etc. etc. etc. Mas, neste caso, não foi preciso nem esperar a posse: o problema já não existe mais, pela excelente razão de que nunca existiu.

Quem afirma isso não é nenhum marqueteiro bolsonarista – é o Banco Mundial, considerado a autoridade pública mais realista na avaliação de questões ligadas à miséria. Segundo o seu último relatório, que acaba de ser divulgado, a extrema pobreza no Brasil caiu em 2020 para o patamar mais baixo da série histórica dessas medições, iniciadas em 1980. Os brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, considerada o marco básico para a medição da fome, caíram para menos de 2% da população – 1,9%, mais exatamente, o que equivale a pouco mais que 4 milhões de pessoas. Em relação ao ano anterior, 2019, mais de 7 milhões de brasileiros saíram da miséria – pelos critérios do Banco Mundial, a situação de quem ganha 2,15 dólares por dia, ou algo como 330 reais por mês. De 2020 para 2022, o número de miseráveis caiu mais ainda, com o começo do pagamento do “Auxílio Brasil”, de 400 reais por mês. Ou seja, no mundo dos fatos: nunca o Brasil teve um número tão baixo de pessoas vivendo na pobreza extrema e, portanto, sujeitas à fome. É exatamente o contrário da “verdade” revelada por Lula e pelo PT durante toda a campanha eleitoral.

O fato, auto evidente desde sempre pelo raciocínio lógico, é que o número de “33 milhões” de mortos de fome jamais fez sentido nenhum; é resultado do boletim de uma ONG, nada mais que isso, e sem a mais remota comprovação ou fundamento técnico. Não é uma informação do IBGE, ou de qualquer entidade séria, brasileira ou internacional – sempre foi uma invenção de militantes de esquerda, com objetivos claramente políticos. Como poderia, aritmeticamente, haver 33 milhões de pessoas passando fome no Brasil? Em maio deste ano, segundo os números do Cadastro Único do Ministério da Cidadania, havia cerca de 185.000 moradores de rua no país – um número que ajuda muito a definir as dimensões da miséria nacional. Este número está subestimado? Não inclui os miseráveis que não moram na rua, ou que vivem em áreas rurais? Muito bem: multiplique-se a cifra por dez. Vai dar menos de 2 milhões de pessoas.  Ainda não está bom? Então que se multiplique por vinte. Vai dar menos de 4 milhões – o que está perto dos números do Banco Mundial. Num caso e no outro, o que esses totais têm a ver com os “33 milhões” do PT? Não têm absolutamente nada a ver.

Nunca o Brasil teve um número tão baixo de pessoas vivendo na pobreza extrema e, portanto, sujeitas à fome. É exatamente o contrário da “verdade” revelada por Lula e pelo PT durante toda a campanha eleitoral

Ainda bem que com a volta de Lula ao governo essas e quaisquer outras desgraças vão desparecer. Não vai mais haver fome, nem gente pobre, todo mundo vai ter carro, morar num apartamento com varanda e viajar de avião. Está tudo resolvido.

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LULA NÃO QUER RESPEITAR O TETO DE GASTOS E A RESPONSABILIDADE FISCAL

 

A responsabilidade fiscal não é uma maldade para beneficiar banqueiros, mas obrigação de um governo sério para proteger a todos, principalmente os mais pobres

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ia muito bem, na articulação de apoios e nas manifestações, mas começou a tropeçar nas palavras. E começou cedo, numa área muito delicada: a economia. Chorar ao falar da fome é digno de Lula, de sua biografia e de seus compromissos de campanha, mas atacar “a tal estabilidade fiscal”? Como assim?

É coisa para um Jair Bolsonaro em guerra com o submisso Paulo Guedes, não para um Lula em incessante busca de apoios. A reação foi rápida: o mercado se alvoroçou, o dólar disparou para R$ 5,39, a Bolsa caiu. Desnecessariamente.

É hora de deixar Bolsonaro para trás e olhar para frente. Sem ódio e com responsabilidade. Aliás, não só fiscal.
É hora de deixar Bolsonaro para trás e olhar para frente. Sem ódio e com responsabilidade. Aliás, não só fiscal. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A responsabilidade fiscal não é uma maldade para beneficiar banqueiros, mas obrigação de um governo sério para proteger a todos, principalmente os mais pobres. Estourar as contas públicas é tirar dinheiro de quem mais precisa do Estado e soa como o velho mantra de que “um pouco de inflação não faz mal a ninguém”. Faz, sim, mais ainda para os pobres que Lula acha que está defendendo ao atacar a responsabilidade fiscal.

Na quarta, Lula foi no ponto, ao enfatizar suas prioridades, falar da “dívida social de 500 anos com os pobres” e definir, em tese, a diferença entre gastos e investimentos quando se trata de educação, saúde e pobreza – de gente, enfim. E deu um passo adiante, mas no limite: “Guardar dinheiro para pagar dívida de banqueiro?”

Faz sentido, sem jogar para o alto a responsabilidade e sem atrapalhar o objetivo maior, de manter força na sociedade, sólida base no Congresso e confiança dos setores produtivos e financeiros, para botar o barco na água, navegar com segurança em águas turvas e fazer a transição até a terra firme.

Nesta quinta-feira, 10, porém, Lula voltou ao palanque: “Por que as pessoas falam que é preciso cortar gastos, fazer superávit e teto de gastos?”. Pôs Janja num lugar que não cabe a ela e errou no tom e no discurso, que agrada ao PT e à esquerda, mas não convém a um governo de união, comprometido com o desenvolvimento sustentável. Para repetir o óbvio, a prioridade de combater a miséria, precisa atacar princípios de boa governança e uma política econômica responsável?

Lula acerta na transição com Persio Arida e André Lara Resende, bons quadros petistas, aliados e mulheres admiráveis, batendo nas teclas da “normalidade”, “harmonia entre os Poderes”, “reconstrução”, “esperança”. Não deveria voltar a falar mal da herança de FHC nem atacar Bolsonaro e meter as Forças Armadas no meio. É hora de deixar Bolsonaro para trás e olhar para frente. Sem ódio e com responsabilidade. Aliás, não só fiscal.

A JUSTIÇA AOS PÉS DO REI DOS PORÕES

Quem manda no Brasil

Por
Luís Ernesto Lacombe – Gazeta do Povo


Detalhe da Alegoria do Mau Governo, afresco de Ambrogio Lorenzetti no Palazzo Pubblico de Siena (Itália). O Tirano é rodeado pelas figuras da Avareza, do Orgulho e da Vanglória; aos seus pés, a Justiça aparece amarrada.| Foto:

Ele é a verdade. Ele é a justiça. Ele tem todos os poderes. Suas leis são nossas leis. Suas ordens não podem demorar a ser cumpridas. E o prazo deve ser curto mesmo. Ele é bonzinho, oferece solidariamente algumas horas para que entendam suas boas intenções e se rendam. Ele é a bondade, o detentor de todas as virtudes. Não há ser mais correto, mais bem intencionado.

Seu argumento é claro: é assim, e pronto. Liberdade de expressão apenas para aqueles que a mereçam, que saibam o que se pode e o que não se pode falar. Onde já se viu? Esqueçam as leis que não são dele, calúnia, injúria, difamação… Esqueçam essa história de que alguém que se sinta prejudicado deve pedir ressarcimento. Ninguém faz pedidos, ninguém tem esse direito, exceto seus companheiros. Todos devem cumprir ordens, as ordens dele, o que a cabeça e o fígado dele determinam.

Nosso pensamento foi sequestrado por um santo homem. O resgate é a purificação da nossa alma. Ele cuida de nós, cuida da nossa vida, é nosso tutor. Só ele sabe que informações devemos receber, só ele sabe o que devemos dizer

Não perguntem, não indaguem, não contestem. Isso é coisa de moleque, de rebelde, de gente que não enxerga o lindo caminho da pacificação por meio do poder absoluto. Pensem como ele, sigam seus ensinamentos. Não façam birra. Ele já explicou tão explicadinho o que é fake news, o que é desinformação. Suas verdades devem ser as verdades de todos. Se você não pensa como ele, sua intolerância fica patente e justifica um castigo.

Parlamentares, campeões de votos, cantores, empresários, jornalistas, comunicadores, calem a boca! Povo nas ruas, povo pacífico e ordeiro, cale a boca! E volte para casa. O autoritarismo está aí para defender nosso bem maior: a democracia. É assim tão difícil de entender? Ou será preciso desencarcerar mais bandidos de verdade e aprisionar metade da população?

Nosso pensamento foi sequestrado por um santo homem. O resgate é a purificação da nossa alma. Ele cuida de nós, cuida da nossa vida, é nosso tutor. Só ele sabe que informações devemos receber, só ele sabe o que devemos dizer. Sua democracia é tão clara: ou pensa como ele ou não pensa. Tão simples.


Do que posso falar?
Não é intimidação nem controle nem manipulação. É carinho, é preocupação paterna, fraterna, é cuidado extremo. Não há nada a denunciar. Temos de agradecer. A luz que vem dele nos guiará. Ele é o mais poderoso dos poderosos de todos os tempos. Devemos ser gratos… Contestar seu reinado é atacar a democracia.

Por isso, se ele perguntar, como aquele antigo personagem de Jô Soares: “Dessa terra que eu amo, desse povo que eu piso o que sou, o que sou, o que sou?” Nós, os pisoteados, devemos responder, num coro só, compreendendo a salvação, a redenção que ele representa: “Sois rei! Sois rei! Sois rei!”


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luis-ernesto-lacombe/o-rei-dos-poroes/
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AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...