Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr
Já faz algum tempo que certas afirmações não podem ser feitas em voz
alta no Brasil sem que “fiscais da verdade” e “editores da sociedade”
queiram multar, desmonetizar, censurar ou até prender – tudo, claro, em
nome da “democracia”. Pois nesta quarta-feira o ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral, acrescentou mais um item à
lista de tabus: a amizade que une o ex-presidente, ex-presidiário e
ex-condenado Lula ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, que em seu
país aboliu as liberdades religiosa, de expressão e de imprensa. Tanto
não se pode mais falar disso em público que Twitter e Facebook foram
obrigados, em liminar, a remover cerca de 30 publicações que destacam os
laços que unem a dupla. Uma destas publicações foi feita pela Gazeta do
Povo em seu perfil no Twitter, ao noticiar a suspensão do canal da rede
de televisão CNN no país centro-americano.
Logo na primeira página da decisão, Sanseverino menciona a
“publicação por diversos perfis de redes sociais conteúdos
manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação de que o
candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de igrejas,
perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da Nicarágua”,
acrescentando que, segundo a petição da coligação de Lula, “as
publicações buscam associar que o candidato Lula apoiaria veementemente
um regime autoritário e que persegue cristãos, o que sabiamente é uma
inverdade”. E Sanseverino conclui que “as publicações impugnadas
transmitem, de fato, informação evidentemente inverídica e prejudicial à
honra e à imagem de candidato ao cargo de presidente da República nas
eleições 2022. As publicações transmitem de forma intencional e
maliciosa mensagem de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é aliado
político do ditador da Nicarágua Daniel Ortega, e assim como ele será
contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”.
Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Lula e Ortega são
aliados, porque esta é a mais pura verdade. Jamais alguém deveria ser
proibido de dizer que Ortega persegue cristãos, porque esta é a mais
pura verdade
É preciso perguntar em que planeta Sanseverino vive para afirmar, com
tanto despudor, que são “evidentemente inverídicas” as afirmações de
que Lula apoia Ortega, ou de que o ditador nicaraguense persegue os
cristãos em seu país. Os laços entre ambos estão fartamente
documentados, inclusive com episódios bastante recentes. A Nicarágua não
era uma democracia pujante que degringolou apenas nos últimos meses;
Ortega já impunha um regime de força sobre seu país havia ao menos
alguns anos, e na eleição de 2021 chegou ao ponto de perseguir seus
opositores, prendendo alguns e mandando outros para o exílio. Isso não
impediu o PT de lançar uma nota saudando a vitória do socialista (sobre a
qual, ainda por cima, pairaram muitas suspeitas de fraude) como uma
“manifestação popular e democrática” e afirmando que os sandinistas
nicaraguenses ajudariam a transformar a América Latina em uma “região de
paz e democracia social que possa servir de exemplo para todo o mundo”.
O mal-estar causado foi tanto que a nota foi removida do site do
partido posteriormente, sob a alegação de que ela não tinha sido
“submetida à direção partidária”.
Mas, para que não restasse dúvida alguma da aliança que une
lulopetismo e sandinismo, o próprio Lula saiu em defesa de seu amigo
dias depois, em entrevista ao El País. “Por que Angela Merkel pode ficar
16 anos no poder, e Daniel Ortega não?”, questionou o petista, criando
uma equivalência entre um regime parlamentarista democrático, em que as
regras do jogo são seguidas à risca, e um regime presidencialista em que
o Estado de Direito foi abolido para garantir a perpetuação de Ortega
no poder. Não se trata, portanto, de dizer que Lula é apenas aliado de
Ortega, embora não concorde com a forma como o ditador governa seu país;
mesmo depois que a tirania se implantou, o lulopetismo seguiu e segue
endossando o nicaraguense – o que não surpreende, pois Cuba e Venezuela
são ditaduras há muito mais tempo e o PT jamais lhes retirou apoio. Em
outras palavras, sim, Lula apoia veementemente um regime autoritário, e
que persegue cristãos a ponto de encarcerar bispos, proibir
manifestações públicas de devoção, expulsar congregações inteiras e
fechar canais de televisão confessionais – e laicos, como no caso da
CNN, episódio que Sanseverino quer impedir a Gazeta de noticiar no
Twitter. Não há inverdade alguma nisso.
Inverdade mesmo quem promove são os advogados de Lula e o
ministro Sanseverino quando dizem que, de acordo com as publicações,
Lula, assim como Ortega, “será contra os evangélicos e irá perseguir os
cristãos”. Afinal, nenhuma das cinco postagens censuradas que
Sanseverino cita em sua liminar diz isso; o que elas fazem é afirmar que
quem está perseguindo os cristãos é Ortega (o que é verdade), e que ele
conta com o apoio de Lula (o que também é verdade) – o quinto trecho
mencionado, aliás, nem trata de perseguição aos cristãos, pois se refere
ao corte de sinal da emissora CNN. Se isso é o melhor que o ministro
conseguiu reunir para justificar a censura, podemos afirmar sem a menor
sombra de dúvida que quem está promovendo fake news não são os autores
das publicações derrubadas, mas os advogados e o ministro que atribuem
às vítimas do arbítrio afirmações que elas não fizeram.
Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Lula e Ortega são
aliados, porque esta é a mais pura verdade. Jamais alguém deveria ser
proibido de dizer que Ortega persegue cristãos, porque esta é a mais
pura verdade. Impedir quem quer que seja, candidatos, parlamentares
(que, ainda por cima, estão protegidos pela imunidade material, descrita
no caput do artigo 53 da Constituição Federal), pessoas comuns ou
veículos de comunicação, de dizer publicamente a verdade é de uma sanha
ditatorial poucas vezes vista desde o fim do regime militar, 37 anos
atrás. Mas é o que o petismo e setores do Judiciário vêm fazendo sem a
menor hesitação. Cada novo episódio de censura imposto pelos tribunais
superiores, com o silêncio cúmplice ou mesmo o aplauso de muitos setores
da própria imprensa e da sociedade civil organizada, é uma marretada na
ainda jovem democracia brasileira.
Que Lula e seu império da mentira queiram calar quem escancara a
camaradagem entre o PT e ditadores latino-americanos é esperado; a
mentira está na essência do lulopetismo. Mas que um juiz eleitoral
aceite dessa forma transformar-se em censor é inaceitável e mostra como a
democracia já ruiu pelas mãos daqueles mesmos que afirmam trabalhar
para defendê-la.
Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr
O
ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), determinou que o Twitter e o Facebook removam 31 postagens que
apontam o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à
ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua. A censura judicial, de caráter
liminar (provisório), atinge também um tweet da Gazeta do Povo, de 22 de
setembro, com a notícia de que o regime de Ortega havia cortado o sinal
do canal de notícias CNN naquele país.
Sanseverino atendeu a um pedido de censura da coligação de Lula, que
alegou que, em conjunto, as postagens promoviam “reiterada campanha
difamatória” contra o petista, “com o objetivo de incutir no eleitor a
ideia de que ele persegue e ameaça cristãos, assim como seu aliado e
amigo, o ditador da Nicarágua Daniel Ortega”. Na decisão, o ministro diz
que as postagens, apresentadas ao TSE pela coligação de Lula, têm
“conteúdos manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação
de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de
igrejas, perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da
Nicarágua”.
Em nota, a diretora da Gazeta do Povo, Ana Amélia Cunha Pereira
Filizola, afirmou que a decisão é “censura pura e simples”. “A decisão
do TSE contra as postagens nos perfis das redes sociais da Gazeta do
Povo é, sem sombra de dúvidas, censura pura e simples. Derrubar
conteúdos verdadeiros, e perfeitamente verificáveis, é prática de
ditaduras. A decisão, no entanto, reacende a nossa vontade de continuar
lutando para que a liberdade de expressão seja totalmente reestabelecida
no Brasil, pois, infelizmente, não somos um caso único e inédito. Hoje
vemos crescer cada vez mais a interferência de Judiciário contra a
liberdade de imprensa. Vamos lutar contra a decisão arbitrária nas
esferas cabíveis.”
Entidades como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e o Instituto
Democracia e Liberdade (IDL) também criticaram a decisão (leia abaixo).
Para basear sua decisão, Sanseverino citou dispositivos do Código
Eleitoral e de resoluções do TSE que dizem que não será tolerada
propaganda eleitoral que “caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa,
bem como atingir órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública”. A
remoção dos posts também tem como base regra aprovada no fim do ano
passado pelo próprio TSE, que veda “a divulgação ou compartilhamento de
fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que
atinjam a integridade do processo eleitoral”. A matéria da Gazeta do
Povo noticiava o fechamento da CNN na Nicarágua, fato amplamente
conhecido.
“Na hipótese dos autos, em análise superficial, típica dos
provimentos cautelares, observo que as publicações impugnadas
transmitem, de fato, informação evidentemente inverídica e prejudicial à
honra e à imagem de candidato ao cargo de presidente da República nas
eleições 2022. As publicações transmitem de forma intencional e
maliciosa mensagem de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é aliado
político do ditador da Nicarágua Daniel Ortega, e assim como ele será
contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”, escreveu
Sanseverino. A reportagem da Gazeta do Povo em questão não citava a
perseguição a cristãos. Mas também é fato que a ditadura nicaraguense
está cada vez mais violenta contra a liberdade religiosa.
O magistrado deu como exemplos postagens, indicadas pela defesa de
Lula, publicadas por políticos e influenciadores digitais, contendo
críticas a atos do regime de Ortega contra veículos de mídia e
religiosos, alertando para o risco de Lula adotar medidas semelhantes no
Brasil.
Entre os alvos da ação estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o
deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o assessor internacional da
Presidência da República Filipe Martins, o deputado federal Paulo
Martins (PL-PR), o ex-secretário nacional de Cultura e deputado eleito
Mario Frias (PL-SP), o deputado estadual Tenente Nascimento
(Republicanos-SP), além de jornalistas e comentaristas políticos, como
Rafael Fontana, Leandro Ruschel e Kim Paim.
No pedido de censura, a coligação de Lula alegou que é falsa a
narrativa de que Lula apoia o regime de Ortega. Os advogados do
ex-presidente dizem que ele “jamais demonstrou qualquer tipo de apoio ao
regime da ditadura”. “Os representados propagaram conteúdo gravemente
descontextualizado, buscando propagar fato sabidamente inverídico de que
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiaria medidas autoritárias
realizadas pelo Presidente da Nicarágua Daniel Ortega”, diz a ação. Os
advogados dizem ainda que Lula “sempre pautou sua atuação de modo a
respeitar a liberdade de crenças e religiões”. Por fim, citaram agências
de checagem que teriam desmentido boatos de que Lula censuraria padres,
pastores e ameaçaria igrejas no Brasil.
Na parte em que pediu a remoção da postagem da Gazeta do Povo, a
coligação de Lula alegou que o jornal tentaria “induzir ao pensamento de
que o ex-presidente compactua com a ditadura”. “As publicações acima
referidas buscam associar que o candidato Lula apoiaria veementemente um
regime autoritário e que persegue cristãos, o que sabiamente é uma
inverdade”, disseram os advogados de Lula na ação – a postagem e a
notícia publicada pelo jornal não afirmam que o ex-presidente
perseguiria cristãos.
A defesa de Lula também pediu que o TSE determinasse que todos os
alvos da ação se abstenham de veicular conteúdos semelhantes. O ministro
não atendeu a esse último pedido. Ele determinou que Twitter e Facebook
removessem as postagens, sob pena de multa R$ 10 mil por dia. Todas as
partes foram intimadas a se defender. O Ministério Público Eleitoral,
que também opina nos processos de propaganda, ainda não apresentou
parecer.
Censura Em nota, o presidente da Associação Nacional dos Jornais
(ANJ), Marcelo Rech, criticou a decisão. “A ANJ protesta veementemente
contra a censura imposta pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do
TSE, a uma publicação do jornal Gazeta do Povo no Twitter. A decisão
contraria frontalmente a Constituição, que não admite censura à
imprensa. A legislação brasileira dispõe de uma série de mecanismos para
dirimir eventuais abusos à liberdade de expressão, mas neles não se
inclui a censura”.
O Instituto Democracia e Liberdade (IDL) também manifestou repúdio à
decisão. “Lamentamos que mais uma vez o Judiciário brasileiro atente
contra a liberdade. Agora, cerceando um dos veículos mais importantes do
Brasil, a Gazeta do Povo, jornal centenário, que é um dos pilares do
jornalismo responsável e imparcial. Em meu nome, e da instituição que
presido, o IDL, meu mais veemente repúdio”, disse, em nota, o presidente
da entidade, Edson José Ramon.
O advogado constitucionalista André Marsiglia Santos, especializado
na defesa da liberdade de imprensa, considera que, com decisões do tipo,
de retirar do ar reportagens ou postagens de veículos de comunicação, o
TSE tem interferido no processo eleitoral.
“Esse caso pode ser avaliado em conjunto com um posicionamento do TSE
que tem se tornado recorrente. Que é o de entender eventuais
imprecisões técnico-jurídicas de uma matéria, ou um apelo na notícia,
algo normal e que faz parte do fazer jornalístico, como algo sabidamente
inverídico. Isso tem servido para retirar matérias do ar e promover
censura, sob a justificativa de não haver interferência nas eleições.
Mas o que eles estão fazendo são interferências”, disse. “O que é para
ser banido é aquilo que não se pode contestar de forma alguma, uma
matéria inteira, não um trechinho ou uma imprecisão. Se há um trecho
impreciso, e a matéria sai do ar, 90% que é verídico é censurado”,
afirma.
Outro problema, diz ele, é que muitas decisões têm como base
conteúdos publicados por agências de checagem. “(As agências) não têm
função pública e não são um instituto totalmente impassível de erro.
Basear em cima disso é perigoso.” Por fim, ele observa que algumas
campanhas têm pedido ao TSE o banimento de conteúdos jornalísticos junto
com postagens de apoiadores de candidatos. “É uma estratégia de
descredibilizar imprensa que tem de ser rechaçada”, afirmou.
Liminar tem como precedente decisão de Cármen Lúcia contra Eduardo Bolsonaro
A liminar de Sanseverino apresenta como precedente outra decisão,
proferida em setembro pela ministra Cármen Lúcia, na qual ela
determinava a remoção de uma postagem de Eduardo Bolsonaro em que ele
escreveu que “Lula e PT apoiam invasões de igreja e perseguição de
cristãos”. A coligação de Lula apontou “propagação de fake news” e a
ministra concordou. Afirmou que as postagens de Eduardo configuravam
propaganda eleitoral negativa e ofensa à honra do candidato
representante [Lula] e do partido ao qual é filiado [PT].”
“Não são críticas políticas ou legítima manifestação de pensamento. O
que se tem é mensagem ofensiva à honra e imagem de pré-candidato à
presidência da República, com divulgação desinformação sabidamente
inverídica”, escreveu ministra. No dia 13 de setembro, a decisão foi
referendada por unanimidade pelos outros seis ministros que julgaram o
caso: Alexandre de Moraes (presidente do TSE), Ricardo Lewandowski,
Benedito Gonçalves (corregedor da Justiça Eleitoral), Raul Araújo,
Sérgio Banhos e Carlos Horbach.
O apoio de Lula e do PT a Ortega É antiga e conhecida a
proximidade de Lula com Ortega, que governa a Nicarágua desde 2007. Em
2010, quando era presidente, o petista disse, em tom de brincadeira, que
os dois integravam o “eixo do mal”. “Onde vai ser publicada essa foto,
[Ricardo] Stuckert?”, perguntou Lula ao fotógrafo oficial da
Presidência, enquanto apertava a mão de Ortega, durante uma cerimônia no
Itamaraty. “Vai ter uma pequena manchetezinha: ‘el goviernantes del
eixo del mal se encuentran’”, ironizou Lula.
Em 2018, quando Ortega promoveu uma repressão a opositores que
resultou na morte de mais de 360 pessoas, o PT deu respaldo ao regime,
durante um encontro do Foro de São Paulo em Havana. “Depois de tantos
sucessos, sofremos uma contraofensiva neoliberal, imperialista,
multifacetada, com guerra econômica, mediática, golpes judiciais e
parlamentares, como ocorre na Nicarágua e ocorreu na Venezuela”, disse,
durante o encontro, Mônica Valente, dirigente do PT e então
secretária-executiva da organização de esquerda.
Participaram do encontro, em julho daquele ano, a ex-presidente Dilma
Rousseff e o então presidente da Bolívia, Evo Morales, e o da
Venezuela, Nicolás Maduro.
Em 2020, quando o Foro de São Paulo completou 30 anos, num debate
online com a presença de Maduro e do líder cubano Miguel Díaz-Canel,
Ortega, ao lado da mulher, Rosario Murillo, mandou “nosso abraço e nosso
carinho para Lula, que está no nosso coração”. Lula é presidente de
honra do PT e fundou o Foro de São Paulo em 1990, junto com Fidel
Castro.
No fim do ano passado, o apoio do PT ao regime de Ortega novamente
chamou a atenção da comunidade internacional. No dia 8 de novembro, o
partido divulgou uma nota celebrando a eleição que deu a Ortega seu
quarto mandato consecutivo. Na disputa, os outros cinco candidatos
estavam presos ou exilados e três partidos de oposição foram cassados. A
Organização dos Estados Americanos (OEA) classificou a eleição como
“ilegítima”.
Em seu site, no entanto, o PT classificou a eleição na Nicarágua como
“uma grande manifestação popular e democrática” e que o resultado
demonstrava “o apoio da população a um projeto político que tem como
principal objetivo a construção de um país socialmente justo e
igualitário”.
Dois dias depois, a nota foi retirada do site do partido. À época, a
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a nota “não foi submetida
à direção partidária”. “Posição do PT em relação a qualquer país é
defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e
respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade
é debater o Brasil com o povo brasileiro”, escreveu ela nas redes
sociais.
Ainda em novembro de 2021, numa entrevista ao jornal espanhol El
País, Lula minimizou a ditadura na Nicarágua e comparou Ortega à então
chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “Temos que defender a
autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que a
Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que
Felipe González aqui [na Espanha] pode ficar 14 anos no poder? Qual é a
lógica?”, disse o petista.
Quando a entrevistadora disse que Merkel e Gonzalez não mandavam
prender opositores, como Ortega, Lula tentou se corrigir. “Eu não posso
julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso […] Eu não
sei o que as pessoas fizeram para ser presas […] Se o Daniel Ortega
prendeu oposição para não disputar eleição, como fizeram contra mim, ele
está totalmente errado”, afirmou o ex-presidente.
Nesta terça (4), Ortega enviou uma carta a Lula parabenizando-o pela
votação no primeiro turno das eleições. “Este primeiro momento de
triunfo para as famílias e o povo do Brasil, que se levantam com
esperança e as vozes de gigantes, anima e alenta a tod@s nós.
Parabenizando você e o Brasil, nos congratulamos sabendo que o mundo
pertence a quem luta e que estamos realizando as transformações
necessárias, com coragem diária”, diz o texto.
Tiririca (PL-SP) caracterizado como Roberto Carlos em paródia feita para sua propaganda eleitoral.| Foto: Reprodução/YouTube
“Geralmente
os medíocres triunfavam, pois o sentimento de suas limitações
intelectuais e o temor da inteligência do adversário, aliados ao receio
de serem vencidos em debates com opositores mais hábeis no falar, os
levavam direta e ousadamente à ação.” (Tucídides, História da Guerra do
Peloponeso)
Nas eleições de 2010 um candidato inusitado se apresentava ao eleitor
com um slogan não menos sui generis: Francisco Everardo Oliveira Silva,
mais conhecido por seu nome artístico, Tiririca, usou como mote de
campanha a frase “Pior do que tá não fica, vote Tiririca” e, num de seus
vídeos, o palhaço dizia: “O que é que faz um deputado?” E, após um
risinho, respondia: “Na realidade, eu não sei, mas vote em mim que eu te
conto”. Foi eleito por São Paulo com 1.348.295 votos.
O parlamentar – do francês parlar, “falar” – passou quatro anos sem
fazer um discurso na tribuna do parlamento. Ainda no primeiro mandato,
apresentou oito projetos, seis deles voltados a artistas de circo, mas
não aprovou nenhum. Mas, contrariando aquilo que os analistas viam, em
2010, como voto de protesto, Tiririca foi reeleito em 2014, ainda com um
número expressivo de votos: 1.016.796. Passou todo o segundo mandato
igualmente sem discursar – ou seja, sem fazer política, sem defender
suas ideias – e continuou sem aprovar nenhum projeto. Em 6 de dezembro
de 2017 fez seu primeiro (e último, segundo ele) discurso na Câmara. Um
discurso contundente, em que se dizia muito decepcionado com a política,
que abandonaria a vida pública, e conclamava seus colegas a olharem
mais para o povo. Disse o deputado: “Vamos olhar pro nosso povo. O povo
que eu falo é aquele povo que necessita de saúde, que eu tenho certeza
que nenhum de vocês passou por isso. A gente sabe que todos nós ganhamos
bem pra trabalhar… nem todos trabalham; são 513 deputados, só oito mais
assíduos, eu sou um dos oito, um palhaço de circo, de profissão. Nunca
brinquei aqui dentro, votei de acordo com o povo”.
Espanta-me que a disputa eleitoral seja pautada não em propostas
objetivas para enfrentar os gravíssimos problemas que nos assolam, mas
que estejamos presos a uma espiral de insanidade quase absoluta
Entretanto, no ano seguinte, jogando no ralo o que havia dito meses
antes – e dando um tapa na cara daqueles que se empolgaram com o
discurso –, Tiririca se candidatou novamente e foi reeleito com
estupeficantes 453.855 votos. Agora, em 2022, por incrível que pareça,
foi novamente reeleito, mas como o deputado menos votado, com 71.754
votos. Será por ter sido o deputado que mais votou contra o “governo”
Bolsonaro em seu partido? Não sabemos, mas, aparentemente, a carreira
política de Tiririca, após quatro mandatos, está chegando ao fim. Apesar
de não ser um deputado dos mais gastões, de não ter uma grande
quantidade de assessores, de não usar apartamento funcional e não ter se
envolvido em nenhum esquema de corrupção, não podemos dizer que
Tiririca é um deputado necessário; o dinheiro público que consumiu até
agora (e consumirá até 2026) não será pouco. O leitor pode fazer as
contas, se quiser passar nervoso.
A cada eleição, o horário eleitoral brasileiro vem se tornando uma
atração de humor. Candidatos bizarros fazem um enorme sucesso – não só
aqui, mas no exterior –, o que nos faz duvidar de nossa capacidade de
compreender a importância e seriedade da representação política num
sistema democrático. Nesse sentido, Platão estava certo em considerar o
melhor sistema de governo como aquele em que os governantes eram os que
tinham melhor preparo para a tarefa, e que a sociedade só seria virtuosa
quando “a raça dos verdadeiros e autênticos filósofos” chegasse ao
poder, “ou de começarem seriamente a filosofar, por algum favor divino,
os dirigentes da cidade”.
Mas essa não parece ser a nossa preocupação, nem dos eleitores e
muito menos dos políticos, que parecem ver na política somente uma
possibilidade de se dar bem na vida e fazer um pé-de-meia com o dinheiro
facílimo que passam a ganhar sem ao menos precisar trabalhar – um
parlamentar custa aos cofres públicos 528 vezes a renda média do
brasileiro: cerca de R$ 23,8 milhões por ano, num Congresso que nos
custa em torno de R$ 14 bilhões por ano.
Isso em um país com 100 milhões de pessoas sem saneamento básico,
mais de 41 mil assassinatos anuais e uma educação que está em último
lugar em competitividade; onde 95% dos alunos saem do ensino médio sem
conhecimento adequado de Matemática e onde 38% dos universitários são
analfabetos funcionais; que tem 70 mil crianças morando na rua e que
ainda precisa, em 2022, discutir a fome e a chamada insegurança
alimentar – ainda que haja controvérsia nos dados – na casa dos milhões.
E que, para não deixar de citar um dado que me interessa
particularmente, tem uma média anual de 4,96 livros comprados por
habitante. Porém, apenas 2,43 desses livros são lidos até o fim.
Por isso espanta-me o debate político brasileiro. Espanta-me que a
disputa eleitoral seja pautada não em propostas objetivas para enfrentar
os gravíssimos problemas que nos assolam, mas que estejamos presos a
uma espiral de insanidade quase absoluta, cujas prioridades – não dos
políticos, cuja única prioridade é a eleição – são pautas ideológicas e
interesses políticos travestidos de preocupações morais. O país que
elegeu sucessivas vezes o palhaço Tiririca e acabou de eleger o
parlamento mais incontestavelmente grotesco de todos os tempos. O país
que um dia teve José Bonifácio, Rui Barbosa e Antônio Pereira Rebouças,
agora tem esses aí que não preciso nomear.
Não, caro leitor, a situação não é de normalidade. E, como disse o
filósofo Eric Voegelin, citado na epígrafe do meu artigo da semana
passada: “ninguém é obrigado a tomar parte na desordem espiritual de uma
sociedade. Pelo contrário, todos são obrigados a evitar essa sandice e
viverem sua vida em ordem”. Portanto, sigo nesse exercício de isentão
com muito gosto. Um isentão que, curiosamente, trabalha, cuida de sua
família, ensina, escreve, pensa, dialoga, crê, ora, cultiva o espírito;
enfim, que procura viver sua vida em ordem. E sigo caminhando no firme
fundamento das coisas que espero e na certeza das que não vejo (Hebreus
11,1). Amém.
Esperança Uma coisa bem pomposa e sutil, com um quê de humor e lirismo
Por Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
Essas são as eleições dos girassóis.| Foto: Pixabay
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens E ele sorri porque tudo é incrível. Ri dos reis e dos que não são reis (…).
Fernando Pessoa
É terça-feira e meu pescoço dói. Com dificuldade e praguejando em
idiomas que nem nunca ouvi, me levanto para pegar o celular que vibra
insistentemente – e um tanto quanto histericamente, eu acrescentaria. É
um amigo e ele está revoltado. Comigo! Pedindo desde já perdão pela
hipérbole, direi que aos berros ele reclama da crônica com viagem no
tempo. “Que coisa mais infantil, cara! Por que você não escreve um texto
sério, de jornalista, sobre as eleições?”, insulta e em seguida
pergunta o amigo.
De pronto imagino um artigo, não!, um ensaio com muitas citações e
talvez até um latinzinho para enfeitar. O título tem que ser uma coisa
bem pomposa e sutil, com um quê de humor e lirismo. “Mas sem mesóclise,
né?”, pergunto. Do outro lado da chamada de vídeo, o amigo faz uma cara
feia (a única que tem), mas concede: sem mesóclise. “Ordem dada é ordem
comprida”, digo, e saio para o escritório tropeçando na ortografia. O
erro do corretor automático é, na verdade, um prenúncio.
Porque, depois de passar dois dias pensando na tarefa que o cansaço
me obriga a recorrer ao clichê e chamar de hercúlea, desisto da
empreitada. Ao bom amigo e demais leitores que anseiam por palavras
sérias, compenetradas, todas elas de fraque, com mais de quatro sílabas e
enfileiradas na frase, peço desculpas. Um dia talvez, mas não hoje.
Porque hoje, ah, hoje pretendo que este espaço da Gazeta do Povo seja um
porto razoavelmente seguro para espíritos atribulados. Um local onde os
leitores possam encontrar a esperança que é hoje um fiapinho branco
perdido no grande tecido negro da política nacional.
“Meu ser cansado e humano” Se fosse escrever um artigo sério, me
veria obrigado a falar, por exemplo, das suspeitas que pairam sobre as
eleições. Sendo mais preciso: sobre a apuração dos votos. Você já deve
ter recebido um dos muitos vídeos que mostram a estranha simetria dos
gráficos e outros indícios que, num contexto bem diferente, isto é, num
contexto de democracia e liberdade franca, passariam despercebidos, mas
que chamam a atenção por causa da arrogância tecnocrata de Alexandre de
Moraes, Barroso, Cármen Lúcia et caterva.
Mas de que serviriam argumentos habilmente costurados em parágrafos
que se sucedem até o clímax do aforismo improvável ? Para nada. Os
leitores ficariam ainda mais nervosos. E temerosos. Afinal, se há alguma
coisa que nos irmana nos dias de hoje é este medo que nasce da sensação
de impotência. Lutamos contra um inimigo poderoso, que chega ao campo
de batalha numa liteira feita com as consciências mortas do STF e
apoiada sobre os ombros da inveja, do ressentimento, da arrogância e da
desonestidade.
Eu poderia. Ah, se poderia. Mas não vou. Não vou me lamuriar pelos 57
milhões de eleitores que, por ignorância, fé cega, teimosia ou cálculo
maquiavélico, supostamente votaram em Lula no primeiro turno.
Lamentarei, sim, o fato de não terem lido nenhum dos textos que compõem a
minha humilde Trilogia do Otimismo – “Não parece, mas Lula elegível é
boa notícia” (de 2021), “O que você fará se Lula (toc, toc, toc) vencer
as eleições?” (2022) e o recentíssimo “O que será de nós se Lula vencer
as eleições?”. Mas não me derramarei em lágrimas poeticamente comparadas
às pérolas que os suínos distraidamente consomem junto com a lavagem.
Da mesma forma, e embora eu tenha muito a escrever sobre todos esses
assuntos sérios, que não admitem metáforas, muito menos referências ao
mundo ingênuo e algo ridículo das crianças, me recuso a falar do voto
nulo. Do cidadão mimado que, entre o sorvete Liberdade e o sorvete
Comunismo que lhe oferecem, prefere se jogar no chão do Grande Shopping
da Democracia, esperneando e gritando “Baunilha!!! Eu quero sorvete de
baunilha!!!!!”.
Em vez disso, prefiro citar um poema (calma, Ewandro!). Talvez
intitulado “Poema do Menino Jesus”. Talvez do Fernando. Sim, o Pessoa.
Talvez aquele poema lá de cima, da epígrafe que você não leu ou leu sem
prestar atenção ou o que é epígrafe? O poema pouco ou nada tem a ver com
a política nacional (ainda que em seus piores momentos faça referência a
um anticlericalismo tipicamente marxista). Mas termina com uma chamada
ao sonho que, pensando bem, talvez seja sentimental demais. Desculpe
mais uma vez. É que hoje estou amargo.
Quando eu morrer, filhinho, Seja eu a criança, o mais pequeno. Pega-me tu ao colo E leva-me para dentro da tua casa. Despe o meu ser cansado e humano E deita-me na tua cama. E conta-me histórias, caso eu acorde, Para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos teus para eu brincar
O general Hamilton Mourão foi um dos candidatos vitoriosos,
apesar de estarem mal colocados nas pesquisas de intenção de voto.|
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Estão todos discutindo os erros, os reiterados erros das pesquisas
eleitorais, que já haviam acontecido em 2018 e se multiplicaram agora,
porque criou-se um grande número de empresas de pesquisa. Essa deve ser
uma atividade lucrativa, que encontra quem pague e quem acredite. Mas eu
queria destacar o que uma diretora do Datafolha afirmou a uma emissora
de televisão. Ela disse: “as pesquisas são uma fonte de informação a que
o eleitor tem acesso para definir seu voto. Mais uma fonte de
informação que o eleitor considera na hora de definir o seu voto. Se não
tivéssemos as pesquisas, a sociedade não teria todos esses dados para
poder se informar e depois decidir seu voto”.
Ou seja, ela está confessando que pesquisas influenciam na decisão do
voto. Essa é a questão crucial: uma pesquisa errada induz a uma decisão
errada. Por exemplo, se ela está mostrando que um candidato não tem
chance de vencer, e o eleitor não está disposto a “jogar fora” o seu
voto naquele candidato, a pesquisa está influenciando o resultado
eleitoral. Temos de pensar a respeito disso. A diretora estava
defendendo o seu trabalho, e foi sincera. Eu não vou dizer que seja
má-fé, pode ser erro, mas é um erro que está induzindo o eleitor a outro
erro, essa é a questão.
Mercado sabe que este novo Congresso pode levar adiante as reformas
Vocês notaram a reação do mercado às eleições de domingo? O real se
valorizou em relação ao dólar e ao euro; a bolsa de valores de São Paulo
teve uma alta incrível. Por que esse otimismo? Por causa do novo
Congresso Nacional que saiu das urnas de domingo: Câmara e Senado
conservadores, com o partido de Bolsonaro, o PL, fazendo as maiores
bancadas e trazendo com isso a possibilidade de se fazer as reformas. A
Frente Parlamentar da Agropecuária foi ao Palácio Alvorada na
quarta-feira para prestar apoio irrestrito ao presidente Bolsonaro. O
agro, sob a liderança da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que
se elegeu senadora, tem grandes esperanças de conduzir reformas
essenciais para liberar o agro. A legislação é antiga e o agro é mais
que moderno, já é pós-moderno, de tão atualizado que está. Mas é
amarrado por legislações antigas sobre defensivos, questões ambientais e
fundiárias, incluindo o tal marco temporal, sem falar da burocracia.
E, além da modernização das leis para o agro, haverá oportunidade
para as reformas que o ministro Paulo Guedes quis fazer e não
conseguiu. Esse é um grande argumento em favor da candidatura de
Bolsonaro: no domingo saiu das urnas um Congresso que ele ajudou a
moldar na campanha eleitoral, para facilitar o seu governo, pois ele
sempre se queixou de estar amarrado pelo Congresso. Esses próximos
quatro anos serão de um Congresso que seria hostil a Lula e amistoso a
Bolsonaro – tudo vai depender, claro, das decisões do próximo dia 30.
Política se discute, sim, mas sem raiva
As pessoas estão discutindo muito em torno de voto. Eu tenho dado o
seguinte conselho para as pessoas dos dois lados: se você quer trabalhar
para o seu candidato, não feche a porta para o adversário, não bata na
cara dele, abra os braços e conversem, discutam, mostrem as vantagens de
cada um. Porque quem consegue mudar um voto do primeiro turno está, na
verdade, conseguindo dois: tira um voto de um candidato e adiciona um ao
outro candidato. É uma questão de racionalidade e não de raiva, de
emotividade.
Lula no pronunciamento após o resultado do primeiro turno das eleições.| Foto: Reprodução/TV PT
O
domingo 2 de outubro foi um dia histórico. Lutando contra o consórcio
de veículos de imprensa, artistas, Judiciário, institutos de pesquisa e
esquerdistas de todos os tons, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu
cerca de 51 milhões de votos válidos (43,65%), indo para o segundo turno
contra o socialista Lula (PT) – numa eleição preparada de antemão para o
ex-presidiário vencer no primeiro turno. O tom dos discursos nos
veículos de imprensa após o primeiro turno ilustra o senso de derrota
dos esquerdistas – sobretudo diante da imensa bancada eleita de 22
senadores e cerca de 200 deputados federais conservadores e aliados do
atual presidente, além de vitórias de candidatos conservadores ao
governo em oito estados e possibilidade de vitória em outros oito
estados no segundo turno. Como foi dito por um jornalista esquerdista no
fim do domingo, em tom de indignação, “Lula é uma ilha cercada por um
oceano de conservadores”.
Aliás, a credibilidade dos institutos de pesquisa é a maior derrotada
nessa eleição – de novo. Iludiram, manipularam, influenciando o “voto
útil” sem qualquer controle ou pudor, da forma mais vergonhosa, como se
estivessem atuando em favor do candidato esquerdista. Precisa haver
investigação rigorosa e punição para os que elaboram e fazem essas
pesquisas. E toda a desconfiança em torno das urnas é culpa do STF, que
fez interferência política para não haver voto impresso aprovado pelo
Congresso Nacional e anulou as condenações do candidato socialista.
Nunca é demais reforçar: a democracia também depende da percepção de
lisura do pleito.
Também fica evidente que estamos em meio de uma crise religiosa
cristã. Num país onde 81% de seus cidadãos se declaram cristãos, mas que
tem boa parte de seus eleitores votando em um candidato socialista que
defende pautas que se opõem aos princípios morais divinos, evidencia-se
uma falha grave da Igreja cristã, o que sinaliza ensino raso, falta de
testemunho ou fé nominal. Parece que falta catequese doutrinal e
relacionamento íntimo e prático com o Deus Uno e Trino. Estes que se
declaram cristãos, mas votam em candidatos de esquerda parecem não
compreender o que é o Evangelho e suas implicações morais.
Como os eleitores de Bolsonaro podem fazer uma campanha inteligente e garantir a vitória do presidente no segundo turno?
Mas derrotar o PT no segundo turno não será fácil. Esse partido, que
já deveria ter sido extinto, é uma máquina política milionária e com uma
estrutura quase militar, com seus adeptos vivendo em estado de devoção
religiosa ao Partido e à Ideia. E o que está em jogo no segundo turno
não é apenas quem será o próximo presidente do país. O que está em jogo é
a identidade, os valores e a própria história do Brasil. Há duas visões
de mundo claramente opostas e antagônicas disputando o comando do país.
Caio Coppola afirmou: “Não adianta mais pregar para convertido
[político] e desabafar em grupo de WhatsApp, é hora de furar a bolha e
sair da zona de conforto, é momento de persuadir o próximo com a
serenidade de quem tem razão e com a compaixão de quem entende que somos
um país vítima da desinformação e da doutrinação em massa”. Como,
portanto, os eleitores de Bolsonaro podem fazer uma campanha inteligente
e garantir a vitória do presidente no segundo turno?
Não fale ou escreva com raiva e ódio. Não compartilhe ou
dissemine fake news. Peça licença para expor suas ideias. Agradeça ao
ser ouvido.
Não compartilhe nada ofensivo ao Nordeste. Não entre
no jogo que o próprio PT criou, do “nós contra eles”, dos “ricos contra
os pobres”. É preciso lembrar que o PT foi fundado em São Paulo, tinha
sua principal base no ABC e foi apoiado pela classe média do Rio de
Janeiro e do Rio Grande do Sul. Com boa e clara comunicação, uma onda
antiesquerdista pode se espalhar pelo interior do Nordeste. Ainda que
Bahia, Alagoas e Maranhão, estados com os mais baixos índices de IDH do
país, sejam feudos esquerdistas, é preciso destacar que a votação em
Bolsonaro na região Nordeste em 2022 foi 20% maior que em 2018.
Compartilhe
mensagens positivas de Bolsonaro e de suas propostas de mudança e
solidificação da democracia. Desfaça as caricaturas e insultos
fabricados por esquerdistas histéricos. Recomende ouvir o candidato,
conhecer seus ministros, ler suas propostas.
Não ataque pessoas.
Ataque ideias. É preciso deixar claro que, ao votarem em Lula, os
eleitores do PT estão apoiando um partido movido por uma ideologia que
socializou a miséria onde foi implantada, e que: Teve sua cúpula condenada pelo STF por formação de quadrilha em 2012; Teve
vários de seus filiados, além de executivos de estatais, envolvidos em
esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos dos
pagadores de impostos; Está envolvido em dezenas de escândalos de
corrupção, tais como os dos Correios, do mensalão, das refinarias de
Pasadena e Abreu e Lima, do petrolão; Deseja uma nova Assembleia Constituinte; Indicará pelo menos dois ministros para o STF, o que tornará o Judiciário ainda mais “progressista” e ativista; Apoia
as ditaduras socialistas que comandam com mão de ferro Venezuela, Cuba e
Nicarágua, onde a Igreja cristã está sendo perseguida; Apoia ditadores facínoras na África, Oriente Médio e Ásia; Odeia os Estados Unidos e Israel; Não tem respeito pelas liberdades individuais e anseia suprimir a liberdade de imprensa – o que, aliás, já começou a acontecer; Desmoraliza e aparelha o Judiciário; Justifica e apoia a desumanização e a violência simbólica e física contra seus oponentes políticos; Despreza a fé cristã e tenta controlar as igrejas católica, protestante e pentecostal; Defende a descriminalização das drogas e do aborto, a agenda LGBT e a educação doutrinada; Levou
ao descontrole da violência no país com sua política de segurança, pois
desde 2002 foram assassinadas uma média de 60 mil pessoas por ano no
Brasil, número que está em queda desde 2018; Ajudou a criar uma cultura de impunidade sem precedentes; Sucateou a segurança pública, mas não a particular, que os protege; Não aceita a vontade do povo quando esta é contrária ao partido, como no referendo do desarmamento de 2005; É
o culpado pela pior recessão do Brasil, quebrando-o economicamente e
iniciando a mais dolorosa onda de desemprego de nossa história; E defende aumento de impostos para sustentar a súcia socialista no poder.
Não compartilhe nada ofensivo ao Nordeste. Não entre no jogo que o
próprio PT criou, do “nós contra eles”, dos “ricos contra os pobres”
Muitos dos pontos acima estão nos programas de governo do PT do
passado e foram resultado direto de seus governos entre 2002 e 2016. Na
verdade, nem dá para saber qual é a atual proposta de governo dos
esquerdistas, pois os socialistas chegam ao segundo turno sem um
programa de governo. Mas duvido que tenham mudado algum de seus
objetivos sinistros. Como José Dirceu disse: “É uma questão de tempo
para a gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente
de ganhar uma eleição”. Assim, como um mágico que distrai a plateia com
suas palavras e movimentos das mãos, o descondenado Lula distrai sua
audiência com falácias e promessas mirabolantes, que escondem a real
agenda esquerdista.
Ao conversar com cristãos que votaram no PT, pergunte
como eles harmonizam sua fé com pautas como corrupção, descriminalização
das drogas e aborto, ideologia de gênero, desarmamento civil, bandidos
soltos e inimputáveis, idolatria do Estado etc. O socialismo é uma
ideologia anticristã, responsável pelo assassinato de pelo menos 100
milhões de pessoas no século 20, e que por onde passa semeia violência,
morte, fome, miséria e pobreza. Para citar o que Karl Barth disse a um
adepto do nacional-socialismo, aqueles que se dizem cristãos e votam em
partidos que se movem por tais princípios, como o PT, “têm uma fé
diferente, um espírito diferente, um Deus diferente”.
Ao conversar com aqueles que não votaram por cansaço
de ficar nas filas, como muitos idosos, encoraje-os a buscar
alternativas com ajuda de outras pessoas, como amigos e familiares.
Que ninguém se iluda com as reais intenções do PT. Pois está na
gênese deste partido o anseio de implantar um projeto autoritário no
Brasil. Que depois ninguém lamente uma guinada para o bolivarianismo
venezuelano no país, com o êxodo de brasileiros para o exterior, fuga de
investidores estrangeiros, desabastecimento e socialização da pobreza,
irreligião e violência. Votar no PT é o caminho mais rápido para o
desastre social e financeiro do país. Na verdade, se passarmos pelo
desastre de o PT ganhar o segundo turno das eleições de 2022, isso pode
vir a ser juízo de Deus sobre esse país e a sua Igreja. Pois, como
escreveu o reformador João Calvino, “quando Deus quer julgar uma nação,
Ele lhes dá governantes ímpios”. Não desejamos isso para nossos filhos e
netos, que serão as vítimas do socialismo, o “horrendo flagelo [d]a
civilização cristã”, como escreveu Pio XI na encíclica Divinis
Redemptoris.
Opinião Por Pedro Henrique Alves, especial para a Gazeta do Povo
Felipe D’Ávila, candidato do Partido Novo à presidência nas eleições de 2022| Foto: EFE/Fernando Bizerra
O
Partido Novo é um dos maiores perdedores desta eleição, não pelo número
de cadeiras pura e simplesmente, mas porque analisou de forma
completamente errada o momento político do país e apostou numa isenção
atrapalhada como discurso oficial. Desde quando Amoedo se tornou inimigo
confesso de Bolsonaro, em meados de 2019, aceitando colocar em dúvida
seu liberalismo em troca de aceitação progressista, até a nova liderança
do partido, que resolveu apostar em Felipe D’Ávila como candidato
próprio, houve inúmeros erros de leitura política da atualidade
brasileira pelo referido partido.
Só para contextualizarmos o leitor, o Novo elegeu oito deputados
federais em 2018, a maior bancada do partido liberal, e esperava
aumentar significativamente esse quadro neste ano, fiando-se na ideia de
que as pautas liberais do governo legaria sobras abundantes de
simpatizantes para seus candidatos; que a onda popular do neoliberalismo
brasileiro traria simpatizantes puritanos aos seus portos. Errou feio.
Perdeu cinco cadeiras e praticamente sumiu dos estados da federação, uma
perda de 63% com relação ao pleito de 2018. Grande parte dos liberais
entenderam que, ainda que o presidente não seja um liberal de berço
esplêndido, puro sangue, ainda que seus discursos, muitas vezes, sejam
patéticos e destemperados, ter apostado em D’Ávila em nome de uma
independência abobada, enquanto a esquerda se unia para eleger Lula,
definitivamente não poderia ser uma escolha inteligente — sob nenhuma
perspectiva.
Mas preciso ser sincero, o Partido Novo tem algo que eu realmente
admiro com veemência: a independência política e a coragem de criticar
até mesmo aqueles mais alinhados a eles próprios. Poucas virtudes me
agradam tanto quanto a independência. Foi com tal espírito, por exemplo,
que os líderes do partido retiraram da liderança Amoedo e toda turma
que o sustentava — não raro, sob críticas duras e públicas dos próprios
parlamentares da sigla. Mas a autonomia crítica não deve ser uma crença
fideísta, e entre as poucas virtudes que me agradam mais que a
independência está a inteligência política.
Analisar racionalmente as consequências e as situações políticas
imediatas é um exercício político necessário para os que atuam nesse
meio, ignorar o fato que se apresenta para ficar com a virgindade
ideológica é religião, não política. Ou seja, no ímpeto de serem
independentes, muitos do Novo se tornaram radicais de um puritanismo
partidário. A impressão popular de que somente Bolsonaro teria força
política para combater Lula, e Lula para combater Bolsonaro, se fez fato
no resultado do primeiro turno.
Os 0,47% de votos de D’Ávila são vergonhosos para as pretensões do
partido, ainda mais para os estrategistas da sigla. Sem dúvida, o
partido saiu enfraquecido não só politicamente, mas também moralmente.
Isso porque não há glória em ser independente numa ilha autoconstruída,
assim como não há vislumbre de vitória e honra em 0,47% de votos em um
sistema eleitoral de maioria simples.
Ninguém ficou realmente espantado com a votação pífia de D’Ávila.
Quem, nas vésperas da votação, sinceramente esperava algo diferente? A
realidade polarizada do país, para o bem ou para o mal, não pede licença
para existir, apenas se mostra como ela é. Tentar dobrar a realidade
sob um discurso intransigente de terceira via sempre foi utopia pura
sorvida de um só gole por Tabet, Ciro e D’Ávila. A postura do Novo de se
afastar do presidente Bolsonaro por conta dos seus discursos
atabalhoados, em troca de uma independência completamente insustentável e
politicamente inócua, apesar de não ser condenável, de longe não foi
politicamente inteligente – nem para o partido, nem para seus
candidatos.
A atual agenda liberal do governo é com certeza o que mais se
aproximou de um real liberalismo nacional desde o Segundo Império. Ora,
ao final, o ministério da economia do governo nacional tinha à sua
frente um clássico liberal de Chicago, uma equipe formada por
integrantes genuinamente liberais e até libertários que iam da Escola
Austríaca aos simpatizantes do Novo. As pautas liberais e agendas
reformistas do governo sempre foram claras e atuantes; pode-se reclamar
da forma e dos métodos, mas não da clareza ideológica e das incursões
pró-mercado que Bolsonaro e sua equipe emplacaram nos últimos anos.
Maquiavel mostrou, em ‘O Príncipe’, que a política é feita
majoritariamente na inteligência do player em antecipar acontecimentos e
analisar corretamente possibilidades. Aquele que é capaz de supor
acertadamente as movimentações sociais e políticas com maior
antecedência estará melhor preparado para julgar a fortuna que
disputará.
A política propõe cenários pragmáticos nos quais a independência pode
rapidamente se tornar sinal de fraqueza, não rara a abnegação de
princípios se torna teimosia egocêntrica, levando o casto valoroso a
destruir a ideia cultuada porque não quer imaginar que mãos impuras
possam tocar e dividir seu baú de valores. Saber regular seus princípios
ao “o que se tem para hoje” é a genialidade dos grandes desse meio.
Se Thatcher tivesse aguardado os reais conservadores apoiá-la, não
teria saído dos subúrbios políticos de seu partido; se Reagan aguardasse
que os liberais americanos dessem a mão para ele, teria sido mais
sensato voltar para suas atuações em Hollywood. Para um puritano liberal
ou conservador, nunca haverá um candidato à altura de sua espera, a não
ser ele próprio ou alguém de sua casta.
A atual necessidade do pacto liberal-conservador é evidente até para
os mais ingênuos dos liberais, e não falo que é evidente agora, é
evidente pelo menos desde quando Lula se apresentou como candidato da
esquerda. Com certeza a falta dessa leitura política foi o grande revés
do partido Novo. Bolsonaro e Lula não estão no mesmo pacote moral, o que
muitos afiliados da sigla liberal frisaram constantemente em suas
campanhas, trata-se de uma mentira factual levada a cabo por muitos com
uma espécie de religiosismo político próprio.
Os erros e excessos de Bolsonaro não chegam nem perto da postura,
projetos e consequências de um Lula no poder; se colocados em
perspectiva, torna-se risível fazer tal comparação. No entanto, Felipe
D’Ávila, após a votação do dia 2, já sinalizou mais uma vez neutralidade
entre Lula e Bolsonaro, e o partido resolveu não apoiar formalmente a
candidatura do presidente à reeleição, porém liberou sua bancada para
apoiar quem eles queiram. Por outra via, Romeu Zema, Marcel van Hattem e
Paulo Ganime, além de outros deputados estaduais e vereadores da sigla,
já sinalizaram apoio a Bolsonaro.
O silêncio reiterado de muitos líderes liberais só reforça ainda mais
o amadorismo que até agora pautou as decisões do partido Novo, tornando
a sigla um partido quase irrelevante no Legislativo nacional pelos
próximos quatro anos. Como liberal que sou, amaria ver um presidente com
tais valores governar a nação, falo isso com total sinceridade. Mas os
pés no chão e o pragmatismo da sensatez me impedem de alimentar de
ilusões. A realidade que agora toca a campainha de nossos lares é apenas
uma: Ou Lula, ou Bolsonaro.
E não, caros liberais, neste momento, não há como ficar “neutro”, tal
“independência” não passa de fraqueza moral, afinal, não decidir –
nessa situação – já é uma forma de decisão. Como a história ratifica,
nos momentos difíceis, os neutros costumam cair no ostracismo político,
no esquecimento, na pequenez.
Quem hoje se lembra com orgulho do pacifista Neville Chamberlain, que
tentou dialogar com Hitler e quase derrubou a Europa toda com sua
“neutralidade” gourmet? Quantos hoje admiram e aplaudem a memória de
Richard Nixon por ter adulado e aprovado Mao Tsé Tung em troca de uma
diplomacia tola?
A isenção sofisticada desses liberais e a neutralidade pseudovirtuosa
da Faria Lima, em tempos de bruma autoritária, onde o socialismo deixou
de ser uma ameaça para se tornar iminente, são muito bizarras de serem
contempladas. Já dizia Ayn Rand: “Você pode ignorar a realidade, mas não
pode ignorar as consequências de ignorar a realidade”. Você pode não
votar em Bolsonaro, mas não poderá ignorar as consequências de um Lula
eleito.
Dia 15 de setembro foi comemorado o Dia do Cliente. Diferente do
consumidor, que não baseia sua decisão de compra com nenhum vínculo
anterior, o cliente busca pelas marcas com as quais já teve uma
experiência positiva e foi bem atendido.
A frase “o cliente tem sempre razão” foi modernizada para: “o cliente está no centro das tomadas de decisões”.
Rodrigo Maruxo, diretor da MRX Consultoria especializada em
estratégias de ecommerce, explica que a visão de customer centricity é,
basicamente, colocar o consumidor final como centro em suas tomadas de
decisão.
“Por mais óbvio que pareça, não colocar a necessidade do cliente no
centro das suas decisões pode demandar muitos ajustes futuros no seu
projeto. Por isso, é fundamental observar todos os pontos de contato com
cliente, como: televendas; representantes comerciais; site
institucional; o próprio e-commerce da empresa; e o autosserviço. Quando
pensamos em cutomer centricity é importante ter em mente que seu
projeto responda a seguinte questão “como meus clientes desejam ser
atendidos em cada um destes canais? Afinal, ao aplicar o modelo D2C
(Direct to Consumer), não se trata apenas sobre como você quer atender o
mercado com seu produto e/ou serviço. Mas também se trata,
principalmente, sobre como o cliente deseja ser atendido para a
experiência do cliente ser mais promissora e positiva. Além disso,
haverá maior aderência da base consumidora, curvas de aprendizado
reduzidos e chances de sucesso potencializadas”, explica Rodrigo Maruxo,
sócio-fundador da MRX Consultoria.
É preciso focar o planejamento estratégico no cliente. Desde o
primeiro contato com o consumidor em potencial, passando pelas diversas
etapas da jornada de venda, até mesmo no pós-venda, é preciso focar no
cliente. “Isso porque, toda estratégia de customer centricity são
pensadas de uma forma que o cliente se sinta à vontade com a sua empresa
do primeiro ao último momento. É importante fazer um estudo detalhado
sobre o comportamento do potencial cliente, observando coisas como:
preferências, desejos, objetivos e dificuldades”, complementa Maruxo.
E pensar no customer centricity como foco da estratégia é importante
não apenas para melhorar ações presentes, mas também a projeção de ações
futuras da empresa. Afinal, é o cliente que dita o que será consumido,
se o resultado vai ser lucrativo.
Cinco dicas para começar a pensar estratégias com foco em customer centricity?
1 – Mudança de pensamento – Para criar uma cultura
que, de fato, valorize o cliente, é preciso que a empresa comece a ter
seu pensamento nesse foco. Dessa forma, nas reuniões, nos planejamentos,
nas ações etc o cliente deve ganhar destaque e ser tratado como parte
fundamental.
2 – Conheça e entenda seu cliente – Para que
estratégias de customer centricity sejam bem-sucedidas é primordial que
sua empresa conheça a fundo seus potenciais consumidores. Tudo isso é
possível por meio de pesquisas e também com a ajuda de CRM (Customer
Relationship Managemente ou em tradução: Gestão de Relacionamento com o
Cliente).
3 – Saiba utilizar os canais de relacionamento –
Hoje em dia, os canais de atendimento são os mais variados possíveis,
são muitas opções. No entanto, além de usar esses canais, é preciso
saber usá-los e fazer com que todos tenham um padrão, o mesmo tom, a
mesma qualidade de atendimento.
4 – Acompanhe o desempenho da sua estratégia – De
nada adianta fazer todo um planejamento de customer centricity se sua
equipe não acompanha os resultados, o desempenho do trabalho. É
fundamental que tudo isso seja visto de perto.
5 – Utilize os feedbacks da melhor forma – Os
feedbacks, junto com o acompanhamento do desempenho da sua estratégia,
são fundamentais para que estratégias futuras sejam cada vez mais
assertivas com o seu consumidor ideal.
Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda,
empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de
reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.
São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os
negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.
Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento
das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de
consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas
possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os
negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e
se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade,
personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e
serviços.
Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do
comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios
passa pelo digital.
Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais
rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é
uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar
diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo
para o seu comércio.
Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de
vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma
poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.
Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página
principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações
importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e
veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem
completo para a nossa região do Vale do Aço.
Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por mais de 165.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/
também tem sido visto por mais de 2.950.000 de pessoas, valores
significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos.
Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a
sua empresa.
Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser
inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a
Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da
região capaz de alavancar as suas vendas.
Investing.com – O resultado do primeiro turno da eleição presidencial
foi surpreendente. Se a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva foi confirmada, de acordo com as pesquisas, não se pode dizer o
mesmo para a performance do atual presidente e candidato à reeleição
Jair Bolsonaro (PL).
Lula teve 48,2% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro conquistou
43,4%, 4 pontos percentuais acima do compilado médio dos institutos de
pesquisas. Foi o placar mais apertado de primeiro turno desde a eleição
de 1989.
Contribuíram para o ótimo desempenho do presidente a votação melhor
do que esperada em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. “A eleição
está aberta”, diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente
Corretora.
Segundo pesquisa da Warren Insights, 54,8% dos investidores avaliam o
resultado do pleito como melhor do que o esperado, enquanto 30,8% em
linha e 14,4% como pior do que o esperado.
O que pode decidir a eleição?
Na avaliação do Goldman Sachs (NYSE:GS), em relatório assinado pelo
economista Alberto Ramos, a expectativa é de uma disputa muito
polarizada e competitiva. “Esperamos que as próximas pesquisas venham
com uma diferença entre Lula e Bolsonaro abaixo de 8 a 10 pontos
percentuais em relação a levantamentos antes do primeiro turno”, avalia o
economista.
O relatório elenca fatores que podem ser decisivos para a vitória de um dos candidatos, entre os quais são:
Campanha eficiente e focalizada;
Conexão com eleitores;
Diálogo com os 20,9% dos eleitores que se abstiveram no primeiro turno;
Pedido de voto corpo a corpo no dia da eleição.
Ramos também sugere aos investidores monitorar declarações de apoio
público formal ou informal dos principais candidatos derrotados a Lula
ou Bolsonaro. “Pesquisas sugerem que a maioria dos eleitores de Ciro
Gomes (PDT) estão inclinados a votar em Lula, embora a maioria dos
apoiadores de Ciro já tenha migrado para Lula no primeiro turno”,
projeta Ramos.
“Enquanto os apoiadores de Simone Tebet deve ser divididos [entre Lula e Bolsonaro]”, completa.
As hipóteses para explicar os votos de Bolsonaro que as pesquisas não previram
BBC News
A votação acima do previsto pelos institutos de pesquisas do
presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros candidatos associados ao
bolsonarismo gerou surpresa e debates.
Na véspera do primeiro turno, as pesquisas Datafolha e Ipec mostravam
uma vantagem de cerca de 14 pontos percentuais de Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) sobre Bolsonaro.
O Datafolha estimou em 36% o número de votos válidos de Bolsonaro, e o
Ipec, em 37%, o que daria, em uma conta simples, em torno de 42 milhões
dos 118,2 milhões de votos válidos computados no último domingo (2/10)
pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Mas o atual presidente teve, na realidade, 51 milhões de votos
válidos, ou seja, 43,2%, acima da margem de erro das pesquisas, de dois
pontos percentuais.
No rescaldo do primeiro turno, especialistas levantam hipóteses que –
isoladamente ou em conjunto – podem ajudar a explicar as discrepâncias.
Ao mesmo tempo, representantes dos institutos de pesquisa dizem que
as sondagens captam o momento e não são uma previsão de futuro.
Censo defasado
Retrato mais fiel da composição da população brasileira, o Censo está
desatualizado: os dados consolidados mais recentes são de 2010. A
coleta de dados atualizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) deveria ter acontecido em 2020, mas foi adiada duas
vezes – por conta da pandemia e por falta de verbas – e só começou em
agosto de 2022.
E qual o impacto eleitoral disso? É que os institutos conduzem suas
pesquisas de opinião com base em amostras de recortes da população – de
renda, idade, classe social ou religião, por exemplo.
Se essas amostras estatísticas forem embasadas em conjuntos
populacionais desatualizados, isso pode impactar o resultado das
pesquisas eleitorais, segundo estatísticos.
Os institutos de pesquisa, é claro, têm ciência das limitações
impostas pelo Censo e usam dados adicionais para calibrar suas
amostragens – como os da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad)
ou do Tribunal Superior Eleitoral.
Mesmo assim, analistas veem a possibilidade de certos grupos
teoricamente mais alinhados a Bolsonaro estarem subestimados. Os
evangélicos, por exemplo, eram 22% no Censo de 2010, mas pesquisas do
Datafolha já sinalizavam que esse público havia subido para 31% da
população em 2019.
Mobilização entre evangélicos
A campanha entre o eleitorado evangélico na reta final, por sinal,
pode ter feito diferença em favor de Bolsonaro, avaliou a brasilianista
Amy Erica Smith, da Universidade Estadual de Iowa.
“É possível que a campanha dentro das igrejas ou nas redes sociais
direcionada aos fiéis evangélicos tenha tido um papel relevante nos
resultados”, disse à BBC News Brasil a professora, que é autora do livro Religion and Brazilian Democracy: Mobilizing the People of God (Religião e Democracia Brasileira: Mobilizando o Povo de Deus, em tradução literal).
Ela agregou que é comum que nos dias que antecedem o pleito ou no
próprio domingo de votação, líderes religiosos defendam candidatos em
sermões ou redes sociais.
“Com isso, pode haver mudanças de última hora em favor do candidato
apoiado pelas igrejas”, disse. “Alguns chamam isso de clientelismo, mas
não é bem por aí, porque não há necessariamente compra de votos. O que
acontece é que muitas pessoas ainda estão indecisas e acabam tomando a
decisão no último dia, influenciadas pelas igrejas”.
Outra possibilidade para esse grupo não ter sido plenamente captado
pelos institutos de opinião é que “Bolsonaro em vários momentos pregou
certa desconfiança em relação às pesquisas. Isso pode ter feito com que
alguns de seus eleitores não respondessem aos questionários e
pesquisadores”, avalia Smith.
“As pessoas estão mais informadas em relação ao perigo das fake news
do que estavam em 2018, quando muitos foram pegos de surpresa. Mas
certamente esse tipo de desinformação com fundo religioso terá grande
impacto no resultado”, disse à BBC News Brasil, antes das eleições,
Magali Cunha, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser) e
editora-geral do Coletivo Bereia, especializado em checagem de notícias
falsas com teor religioso.
‘Voto envergonhado’
Um fenômeno ainda a ser plenamente compreendido nestas eleições é o do chamado “voto envergonhado” ou
“amedrontado” – ou seja, de eleitores que deixariam de expressar sua
preferência às sondagens eleitorais por “vergonha” ou “medo”.
Esse fenômeno se baseia em uma teoria de comunicação de massa
conhecida como “espiral do silêncio”, segundo a qual o indivíduo tende a
omitir sua opinião quando ela contraria a opinião dominante, por medo
de isolamento social.
Nos meses anteriores à votação, o cientista político Antonio
Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe (Instituto de
Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), levantou a hipótese de haver
voto envergonhado em Bolsonaro entre camadas do eleitorado em que Luiz
Inácio Lula da Silva se manteve majoritário, por exemplo nas camadas de
baixa renda e escolaridade.
Lavareda disse na ocasião que discrepâncias entre resultados de
pesquisas de intenção de voto presenciais (quando as pessoas podem se
sentir mais inibidas a falar diante de pessoas conhecidas) e por
telefone poderiam sugerir uma subnotificação de votos bolsonaristas.
O cientista político Felipe Nunes, do instituto de pesquisas Quaest,
disse que, na verdade, seus levantamentos haviam identificado o
contrário: um possível voto envergonhado em Lula, explicável pelo medo
de sofrer violência ou por ser associado aos escândalos de corrupção
atribuídos ao PT.
Outros institutos de pesquisa, como Ipec e Datafolha, disseram não
ter identificado evidências de subnotificação, mas já adiantavam que só
depois das eleições seria possível ter certeza se a “espiral do
silêncio” de fato aconteceria ou não.
Voto útil cirista?
Outro fator que vai ser debatido na campanha do segundo turno é o
destino dos votos dos candidatos atrás de Bolsonaro e Lula nas
pesquisas, em especial Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT).
A campanha de Ciro, em particular, desidratou na reta final do
primeiro turno. O candidato, que se apresentava como a principal
alternativa para a polarização no país, acabou com 3,5% dos votos
válidos (3 pontos percentuais a menos do que nas pesquisas), atrás de
Tebet, com 6,34%.
Houve muito esforço da militância petista para tentar migrar votos de
Ciro para Lula ainda no primeiro turno. Na avaliação de Felipe Nunes,
do Quaest, porém, tudo indica que Bolsonaro é quem se beneficiou dessa
desidratação cirista ainda no primeiro turno. “O voto útil que a gente
observou na reta final do (eleitor do) Ciro foi todo na direção de
Bolsonaro”, disse ele em entrevista ao UOL.
O outro lado dessa equação, porém, é que, caso esse movimento a favor
de Bolsonaro já tenha de fato acontecido, o saldo restante de votos em
Ciro provavelmente tem mais chances de migrar para Lula no segundo
turno, na avaliação de Nunes.
Mas, para o analista Bruno Carazza, autor de Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro,
ainda é cedo para cravar para onde foram os votos de Ciro, uma vez que
Lula pode ter herdado parte desses votos no primeiro turno.
Engajamento em Estados antipetistas
Um dos destaques do primeiro turno foi a votação expressiva do
ex-ministro bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) a governador
em São Paulo. Ele estava em segundo lugar nas pesquisas de opinião, mas
acabou com mais votos válidos (42,3% a 35,7%) do que Fernando Haddad
(PT), com quem vai disputar o segundo turno.
Uma possibilidade é que Tarcísio tenha recebido voto útil de parte dos eleitores do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB).
Mas seu desempenho sinaliza algo também para a disputa nacional: que
Bolsonaro e aliados se beneficiaram ainda mais do que o previsto do
sentimento antipetista em Estados onde Lula mantém alta rejeição, como
nos da região Sudeste, que abriga o maior colégio eleitoral do país.
Em São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, Bolsonaro ganhou com
folga de Lula no primeiro turno – à frente por cerca de 7, 10 e 12
pontos percentuais, respectivamente.
Nessa região, Lula só venceu em Minas Gerais (por 5 pontos
percentuais), apesar de as pesquisas de opinião terem previsto uma
vantagem de Lula no Sudeste – o Datafolha previa vantagem de 8 pontos
percentuais do candidato petista na região.
De modo geral, o interior do país – tanto do Sudeste quanto do Sul e
do Centro-Oeste – tem sido negligenciado por acadêmicos, analistas e
imprensa, avalia Carazza.
Dessa forma, deixa-se de compreender um conjunto de valores e anseios
diferentes dos que predominam nos grandes centros urbanos, bem como
como de representá-los corretamente do ponto de vista estatístico,
aponta o analista.
“E o Bolsonaro se comunica muito bem nessa região, algo que ficou
explícito na votação (expressiva de aliados do presidente) para Câmara e
Senado”.
Na Câmara, por exemplo, o PL, partido de Bolsonaro, terá a maior bancada.
Alta abstenção
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou que a abstenção no último
domingo foi de 20,9%, ou seja, 32 milhões de brasileiros aptos a votar
não compareceram às urnas.
É uma porcentagem parecida à de 2018 (de 20,3%), mas ainda assim a maior das últimas duas décadas em pleitos presidenciais.
Outro tema que tem despertado debates é quanto a se os institutos de
pesquisa estão conseguindo captar com precisão a opinião de determinados
públicos, como o conservador.
“Não é uma surpresa que teremos segundo turno, mas é uma surpresa que
será um segundo turno competitivo”, disse à BBC News Brasil o
brasilianista Brian Winter.
“Está claro que o Brasil, assim como os Estados Unidos, tem um
eleitor conservador que não aparece de forma adequada nas pesquisas.
Como na Itália, Suécia, Estados Unidos e Reino Unido, há uma população
conservadora muito energizada que a mídia e outros consistentemente
subestimam.”
Nos EUA, em 2020, lembra ele, as pesquisas eleitorais davam ao
democrata Joe Biden uma vantagem muito mais ampla sobre Donald Trump do
que mostrou o resultado nas urnas.
“Essa sensação de sentar em frente à TV, observar a divulgação de
resultados e ficar surpreso com o número de votos conservadores é um
déjà vu que passamos dez vezes ao longo dos últimos seis anos, desde a
eleição de Trump [em 2016]”, diz Winter.
Ele ressalta que os próprios conservadores podem ser mais reativos a
dar entrevistas aos institutos de pesquisa, porque muitos acham que o
sistema está contra eles.
Agora, é preciso entender o quanto esse fenômeno pode estar se
repetindo entre o público conservador no Brasil, avalia Bruno Carazza.
Felipe Nunes, do Quaest, rebateu as críticas às pesquisas de opinião.
“A gente passou a campanha inteira dizendo que pesquisa não é
prognóstico (do que vai acontecer), é diagnóstico, (mas) chega a
eleição, as pessoas esquecem disso e cobram das pesquisas algo que elas
são incapazes de fazer, que é adivinhar o que o eleitor vai fazer”,
disse ele em entrevista ao UOL nesta segunda-feira.
O papel da pesquisa, agregou ele, é “nos ajudar a entender os
movimentos que estão por vir”, disse ele, destacando que a votação de
Lula esteve dentro da margem de erro prevista pelas pesquisas e que a de
Bolsonaro pode ter se beneficiado de movimentos como o voto cirista.
Na semana anterior à votação, Luciana Chong, diretora do Datafolha,
disse também ao UOL que a serventia da pesquisa eleitoral é “trazer
várias fotografias” dos momentos que antecedem a eleição.
Com reportagem de Paula Adamo Idoeta, Luis Barrucho, Julia Braun e Thais Carrança, da BBC News Brasil em Londres e São Paulo
– Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-6311639