Ministro da Educação Victor Godoy afirmou que a nova decisão foi
tomada após um diálogo com o Ministério da Economia, que se mostrou
sensível às demandas das universidades.| Foto: Marcelo Camargo/Agência
Brasil
O Ministério da Educação (MEC) publicou uma nota nesta
sexta-feira (7) anunciando que serão restabelecidos os limites de
empenho das universidades, dos institutos federais e da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo a pasta, a
mudança será publicada em breve no Diário Oficial da União (DOU).
Do total de quantias retidas em setembro no MEC, R$ 328,5 milhões
atingiam as universidades e institutos federais. O impacto desse
bloqueio nessas instituições é variável e não atinge as verbas de ensino
obrigatórias (pagamento de salários, em sua maioria).
O MEC afirma que a nova decisão foi tomada após um diálogo com o
Ministério da Economia, que se mostrou sensível às demandas de gestores e
reitores das universidades. De acordo com o ministério, o
contingenciamento foi tomado anteriormente respeitando o equilíbrio das
contas públicas, uma prioridade para o país.
“É importante destacar que a limitação temporária de empenhos não
impactaria as universidades e os institutos, uma vez que o MEC mantém a
comunicação aberta com todos os profissionais da área da Educação para
fortalecer o ensino superior do país”, diz a pasta.
Em um vídeo divulgado nesta tarde pelas redes sociais, o ministro da
Educação Victor Godoy afirmou ter conversado com o ministro da Economia,
Paulo Guedes, que aceitou desbloquear os recursos financeiros dessas
instituições.
“Estamos fazendo uma liberação para todo mundo, para facilitar e para
agilizar a vida dos reitores e gestores”, afirmou Godoy, sem explicar
se os valores inicialmente previstos serão liberados integral e
imediatamente. Na gravação, o ministro da Educação garante ainda que a
liberação do empenho de recursos observa a Lei de Responsabilidade
Fiscal, ao mesmo tempo em que demonstra a sensibilidade do governo
federal.
Na quinta-feira (6) Godoy afirmou que a medida foi apenas um atraso
nos repasses, lembrou que o reajuste é prática comum de todos os
governos passados e que, neste ano, estaria sendo distorcida por motivos
eleitorais.
O ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas foi um dos vários aliados
de Bolsonaro a ter votação expressiva no primeiro turno.| Foto: Douglas
Gomes/divulgação
O Sudeste e o Sul são têm uma grande classe
média, a classe média é tipicamente ideologizada, e por isso a gente vê
um monte de análise chinfrim que quer reduzir tudo a direita e esquerda,
ou a comunismo e conservadorismo. O exemplo mais constante disso é
dizer que o Nordeste é de esquerda, como se fosse minimamente factível
que camponeses analfabetos esposassem uma ideologia radical de gente
letrada. Ademais, recuando no tempo, é muito fácil ver que o Nordeste
durante o regime militar era “de direita”. Ele não era de direita, nem é
de esquerda hoje. Para entender o Nordeste, é preciso entender a
política local. Entender a política local, no caso do Nordeste, passa
por entender coronelismo.
No entanto, esse mesmo erro que se comete com o Nordeste – de
considerar tudo sob uma chave ideológica e ignorar a política local – é
generalizado. Não é porque São Paulo tem muita classe média que o
eleitor paulista vota por ideologia. Compreender o papel do tucanato na
política paulista é algo completamente diferente de pegar um manual de
social-democracia. Política não se faz só com ideologia; quem gosta de
ideologia é a classe média urbana. Como a quase totalidade dos
comentaristas políticos é de classe média e alta dos centros urbanos
mais ricos…
Só assim para entender que não tenham mencionado o elefante da sala
desta eleição, que é São Paulo. O comentarista ideologizado vai olhar
para Tarcísio e dizer: “Nenhuma novidade, pois São Paulo, o estado,
nunca elegeu a esquerda!” Ora bolas, pela primeira vez na História da
República o estado de São Paulo está em vias de eleger um outsider
indicado por Brasília. Pensem nas últimas eleições. Qual era a
relevância dos governadores de São Paulo e prefeitos da capital, e o que
aconteceu nesta eleição com todos eles?
Para dimensionar a mudança por que São Paulo passa, recuemos na história da República.
A República é estabelecida por São Paulo O peso da elite de
São Paulo na política nacional se confunde com a derrubada do Império,
sediado no Rio de Janeiro, e a instauração da República.
A presidência da República começou com dois militares alagoanos,
Deodoro da Fonseca (1889 – 1891) e o sanguinário Floriano Peixoto (1891 –
1894). Nenhum dos dois foi eleito. O primeiro presidente eleito foi do
Brasil foi Prudente de Morais (1894 – 1898), civil, que era político do
interior de São Paulo desde os tempos do Império. Quando o Marechal
Deodoro deu o golpe, foram nomeadas juntas governativas para substituir
os governadores das “províncias” do Império, que passaram a se chamar
“estados”, como hoje. Pois bem: Prudente de Morais, o primeiro
presidente eleito do Brasil, foi o primeiro governador republicano de
São Paulo, apontado pelo Marechal Deodoro. Como é fato pouco disputado
que a elite cafeeira paulista e escravocrata era a principal força
econômica contrária ao Império, podemos ter uma ideia da dimensão
política que o grupo político de Prudente de Morais teve na fundação da
República.
Assim, temos que o primeiro presidente eleito do Brasil já era um
ex-governador de São Paulo. A Prudente de Morais seguiram-se (listo os
presidentes eleitos em ordem cronológica): Campos Sales, paulista,
Rodrigues Alves, paulista, e Afonso Pena, mineiro, que morre no cargo.
Todos esses paulistas pertenciam ao PRP, Partido Republicano Paulista, e
o mineiro pertencia ao Partido Republicano Mineiro. Todos eram
ex-governadores dos seus estados. Rodrigues Alves, inclusive, era um
ex-governador dos tempos do Império. Para os contemporâneos, deve ter
sido fácil enxergar a República como a tomada do poder pela elite
paulista.
Os demais políticos o período Tal como na época de Jânio/Jango, as
eleições para presidente e vice eram avulsas. Vale notar que os
primeiros vice-presidentes eleitos eram um baiano e um pernambucano. O
baiano, Manuel Vitorino era um opositor de Prudente de Morais que tomava
medidas opostas quando ocupava a presidência. Enturmado com o Marechal
de Ferro, enviou para Canudos o mesmo militar que ganhara em
Florianópolis o apelido de Treme-Terra, em função dos fuzilamentos.
Comprou o Palácio do Catete e decidiu que ali seria a sede da
presidência. Quando Prudente de Morais sofreu um atentado – um outro
homem de sobrenome Bispo tentara esfaqueá-lo –, a carreira de Manuel
Vitorino afundou.
A figura de Vitorino é interessante por ser exemplar de um certo
civil de mão de ferro que apoiava os militares. Esta era a real oposição
à política do Café com Leite puxada por São Paulo. Outros segundos
colocados nessas eleições presidenciais foram Lauro Sodré, militar
paraense que ficou em segundo lugar duas vezes (contra Campos Sales e
Afonso Pena), e Quintino Bocaiuva, um civil fluminense muito próximo dos
militares. A única exceção a esse perfil entre os segundos colocados
até aqui é Afonso Pena: o primeiro pleito no Brasil fora entre ele e
Prudente. Ao cabo, ambos tornaram-se aliados.
Além de segundo colocado em 1894, Afonso Pena foi eleito
vice-presidente junto com o veterano Rodrigues Alves em 1902. Terminado o
mandato deste, o próprio Afonso enfim se elege em 1906. Mas morre – e
aí a ordem centrada em São Paulo leva uma sacudida, pois o seu vice era
um político do Rio de Janeiro.
Uma primeira sacudida Morre o mineiro Rodrigues Alves, entra o
primeiro presidente do Rio. Nilo Peçanha, do Partido Republicano
Fluminense, um advogado mulato natural de Campos, fez um governo muito
popular e apoiou para a sua sucessão um militar: Hermes da Fonseca,
sobrinho de Deodoro, natural do Rio Grande do Sul (seu pai alagoano fora
para lá por causa da Guerra do Paraguai). Seu partido era o PRC,
Partido Republicano Conservador. Diferentemente do PRP ou do PRM, era um
partido de pretensões nacionais. Tinha expressão no Rio Grande do Sul e
em Pernambuco. O próprio Hermes estudara na Praia Vermelha, no Rio.
Hermes da Fonseca contou com o apoio amplo, mas com a oposição de São
Paulo. Desta vez, a oligarquia não tentara eleger um membro seu.
Associara-se ao baiano Ruy Barbosa e tentara emplacar o intelectual
civil contra o marechal. A eleição de 1910 foi a primeira com uma
disputa real. Em meio a muitas acusações de fraude, e contra a vontade
do Café com Leite, elegeu-se Hermes da Fonseca.
A presidência de Hermes da Fonseca (1910 – 1914) foi bastante
centralizadora e entrou em conflito com as oligarquias estaduais (na
Bahia, o Forte São Marcelo chegou a bombardear o palácio do Governo,
onde estava a Biblioteca Pública, e o aliado de Ruy Barbosa transferiu a
capital para Jequié, no sertão).
Depois de Hermes da Fonseca, porém, o Brasil voltou à política do
Café com Leite. Elegeu, nesta ordem: um presidente do PRM (Venceslau
Brás), um do PRP (Rodrigues Alves, morto antes de assumir), dois do PRM
(Epitácio Pessoa e Arthur Bernardes) e dois do PRP (Washington Luís e
Júlio Prestes). Todos eram ex-governadores de São Paulo ou de Minas,
exceto Epitácio Pessoa, que era paraibano e tinha boas relações com
ambas as oligarquias. Sua carreira política prévia incluía a chefia da
delegação brasileira no Tratado de Versalhes.
Júlio Prestes, como se sabe, não chegou a assumir porque Getúlio
Vargas saiu do Rio Grande do Sul e deu um golpe de Estado. Entre o fim
da presidência de Hermes e o golpe de Getúlio passaram-se 26 anos. Foram
anos conturbados, com as revoltas militares do Tenentismo (sendo as
mais famosas a Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana e a Coluna
Prestes), bem como com muito sangue derramado pelo Cangaço e com muito
temor de uma revolução comunista. Ainda assim, foi um período em que São
Paulo esteve no coração do poder no Brasil.
Fiéis evangélicos realizam “culto pela pátria” no centro de Curitiba, em 7 de setembro de 2022.| Foto: Fernando de Jesus
Eu
sempre gostei de acompanhar canais de notícias, como Globo News e CBN,
mas nos últimos anos quase abandonei essas mídias, em parte por falta de
tempo, em parte como método – a internet nos permite obter mais em
menos tempo. Claro, o mérito de um grande jornal é a curadoria da
informação e a qualidade da opinião, mas no segundo quesito a coisa anda
triste.
Foi um amigo próximo, o escritor Rodolfo Amorim, quem me alertou
sobre o comentário de Octávio Guedes – e eu gosto do sujeito – sobre os
primeiros resultados da eleição de domingo passado na Central das
Eleições. Pouco depois das 21h52, o jornalista lamentou “o derretimento
do mundo político”. A análise é muito boa, e o trecho merece ser lido na
íntegra:
“O que a gente viu agora, neste primeiro turno de 2022, é um
derretimento total do mundo político. O Lula (PT), com 76 anos, é uma
ilha cercada num oceano de extrema-direita e do conservadorismo. Tira o
Lula da cena para combater Jair Bolsonaro (PL), a extrema-direita do
bolsonarismo, o que sobra?”
Afirma-se o tempo todo a defesa da democracia, e o fato é que a
democracia entrega na porta do jornalismo brasileiro um mundo que ele
não quer aceitar
Perfeito; é exatamente isso. O progressismo, incluindo a
extrema-esquerda, o lulopetismo e a social-democracia, se tornou uma
ilha. Há algo de escatológico nisso, um sentimento de fim-do-mundo ou,
ao menos, de um mundo. É o “derretimento total do mundo político”. E o
jornalista observa que há um oceano à direita, no qual ele mistura sem
qualificações a “extrema-direita” e o “conservadorismo”, quase como se
fossem dois lados da mesma moeda.
Eu me sinto chocado, mas não com o resultado das eleições, e sim com o
choque – chocado com o choque – do jornalista. Eu tentei, meus amigos,
assistir com meus próprios olhos aos comentários globais sobre as
eleições no dia seguinte, até que veio a gota d’água, no Em Pauta, da
Globo News: dessa vez, da boca de Eliane Cantanhêde, que já havia falado
em 2018 dos “ventos conservadores que assolam o Brasil”:
“O Brasil é maior do que essas ondas conservadoras. Elas vêm, elas vão, e o Brasil fica.”
De certo modo eu concordo; o Brasil é maior mesmo. Mas o problema
dessa declaração também é maior; trata-se de um modo de imaginar o
Brasil que vem sendo repetidamente falsificado nesse grande altar de
validação dos sonhos políticos, que é a urna. Afirma-se o tempo todo a
defesa da democracia, e o fato é que a democracia entrega na porta do
jornalismo brasileiro um mundo que ele não quer aceitar. Esse mundo é um
“oceano”, uma “tempestade”, uma “ventania” uma “onda”, mas nunca é
admitido como o que é: uma estrutura constitutiva da nação.
VEJA TAMBÉM: A esquerda ama as igrejas evangélicas – desde que elas fiquem caladinhas Quem quiser empoderar a sua alma perdê-la-á O que as igrejas deveriam fazer com seus membros progressistas? O
que é “o Brasil”? Penso ser essa uma das maiores interrogações
implícitas na discussão contemporânea. Penso no importante trabalho
publicado por Antônio Risério, Em Busca da Nação, que denuncia com
erudição o domínio hegemônico de uma construção distorcida da história
nacional, obra de uma esquerda programática, incapaz de pensar de modo
genuninamente pluralista. Os ressentimentos cultivados pelo espírito do
lulopetismo e, agora, pelo identitarismo abortam os processos de
acomodação e fusão das diferenças nacionais, e corrompem a própria
imaginação nacional. A prova está aí: o jornalismo brasileiro, dominado
pela mentalidade de esquerda, não consegue imaginar um Brasil
conservador.
Mas o problema vai ainda mais fundo: a ascensão de Bolsonaro
dependeu, inegavelmente, do movimento evangélico brasileiro, em si mesmo
extremamente diverso, mas majoritariamente conservador na compreensão
da identidade, do sexo, do corpo e da família. Em termos de psicologia
moral, esse grupo é vetor de uma mentalidade conservadora-moderada,
diferente dos valores W.E.I.R.D., do progressismo liberal urbano,
criativo, individualista e hedonista. Seu crescimento vinha sendo
observado e tutelado havia décadas pela inteligência sociológica e
política nacional, quase como um corpo estranho na formação nacional.
Pois o fato, óbvio ao olho atento, é que as grandes teorias de
interpretação nacional nunca consideraram a possibilidade de um fenômeno
como o evangelismo moderno. O mundo de Gilberto Freyre, de Sérgio
Buarque de Holanda e de Caio Prado Jr. era aquela versão antiga do
problema brasileiro, da dialética entre uma mente conservadora,
católica, antimoderna, retrógrada, detentora da simbologia nacional, e o
progressismo social, cultural e político que floresce na onda da
urbanização e da industrialização. Depois disso o país viu se
desenvolver, entre a ditadura e a redemocratização, uma segunda versão
dessa dialética, de um conservadorismo neoliberal autoritário e uma
esquerda renovada, democrática, jovem e mais defensora dos direitos
humanos do que das “massas operárias”. Mas essas eram as cartas no jogo
até poucos anos atrás. Quando Darcy Ribeiro lançou O Povo Brasileiro, em
1995, o jogo ainda era esse.
Se agora a universidade, o jornalismo, a produção cultural nacional e
a política progressista se veem ilhados, é em parte por sua própria
arrogância
E então chegaram os evangélicos. É verdade que o début evangélico
como protagonista nacional foi profundamente desajeitado; deixou a ala
progressista de cabelo em pé, e os católicos conservadores se mantêm em
uma compreensível celebração desconfiada. Afinal, o espírito do
evangelismo nacional é muito moderno, e não corresponde bem ao velho
modelo “TFP”. Trata-se de um elemento estranho, por vezes conservador –
diante dos identitarismos da esquerda – e por vezes progressista, como
no lugar de importância dado à mulher e em seu poderoso impulso à
liberdade individual e ao empreendedorismo. Pessoalmente, acho seu
alinhamento quase incondicional com o bolsonarismo algo desastroso, mas
não penso que o movimento inteiro possa ser julgado apenas por isso.
Mas vamos ao meu ponto principal: a ascensão dos evangélicos
conservadores não é uma “onda”, ou uma “ventania”. Não se trata apenas
de um “conservadorismo” – um recorte político-ideológico verossímil, mas
insuficiente de um fenômeno muito mais espesso. Trata-se de um outro
modo de imaginar a vida, a partir da fé, que reconfigura o que significa
ser brasileiro. É outro Brasil, que nunca esteve nos livros, e acabou
de chegar. Um Brasil cheio de pecados, assim como o Brasil freyereano e o
Brasil de Florestan Fernandes; só que diferente.
A recusa teimosa de aceitar a existência desse Brasil está por trás
da perda da comunicação política. A ilha liberal-progressista fingiu,
para si mesma, que esse Brasil não existia, e o ignorou. E acabou
acontecendo aqui o mesmo que se deu em outros países ocidentais: uma
nova “luta de classes” que, por aqui, ainda não foi adequadamente
analisada, com a ascensão de um novo proletariado cultural, aliado
(ocasionalmente ou permanentemente? Não sei dizer) do antigo
conservadorismo católico. Os grandes grupos jornalísticos nacionais não
conseguem se comunicar com esse grupo; nem a antiga classe política. Por
isso ela “derreteu”; ela vinha derretendo desde 2013. Se agora a
universidade, o jornalismo, a produção cultural nacional e a política
progressista se veem ilhados, é em parte por sua própria arrogância.
Mas há uma interrogação muito pertinente, que poderia ser levantada
nesse momento: o quanto o espírito evangélico processa e adapta o antigo
conservadorismo nacional? Será ele simplesmente isso, uma versão do
conservadorismo católico, ou está em curso uma transformação dele? Será o
evangelicismo brasileiro capaz, em algum momento, de amadurecer e
contribuir substancialmente para a nação? Saberemos nos próximos anos se
tudo foi mesmo apenas uma “onda”, uma “ventania” ou, para o bem ou para
o mal, o nascimento de uma coisa nova.
Bridge sobrevive ao tempo e atrai novos jogadores por desenvolver estratégia e habilidades nos negócios
Modalidade de cartas para quatro pessoas é a preferida de alguns dos
homens mais ricos do mundo, como Bill Gates e Warren Buffett
Você já jogou bridge? O jogo de cartas jogado com um baralho
convencional é tradição entre várias gerações. Amado por personalidades e
grandes magnatas, como Bill Gates, fundador da Microsoft e Warren
Buffett, diretor executivo da Berkshire Hathaway, ambos com fortunas
superiores a US$ 100 bilhões, o jogo é incentivado como uma ferramenta
importante para treinar a estratégia e habilidades nos negócios. Mas,
como um simples jogo pode fazer a diferença nesses aspectos?
Famosa por incentivar a cultura do baralho no Brasil, a Copag é
pioneira na fabricação 100% nacional das cartas e mantém a tradição,
mesmo com mais de 114 anos de história. A empresa fez parte, ainda, da
popularização do jogo no país.
“O bridge é tradição que passa de pai para filho. Os quase 500 anos
de história mundo afora mostram que é algo permanente. Por isso, o vemos
não apenas como uma modalidade de jogos de baralho, mas como a
manutenção da história. A criação de estratégias que o jogo exige é uma
excelente ferramenta para treinar e desenvolver habilidades desde
criança. Hoje, algumas das mentes mais brilhantes e empresários mais bem
sucedidos têm um histórico ou alguma vivência com o jogo, o que nos
motiva a apostar cada vez mais no incentivo a novos adeptos, mesmo na
era da tecnologia”, explica Mariana Dall’Acqua, VP de Marketing da
Copag.
Mas, afinal, o que é o bridge, conhecido como “o jogo dos
bilionários”? Feito para jogar em quatro pessoas, divididas em dois
pares, cada mão de bridge inicia com 13 cartas. Após todas as cartas
serem distribuídas, quem as distribuiu começa um leilão, que marca o
início da partida. O jogador que deu as cartas escolhe um naipe. Então,
cada um deve jogar uma carta desse naipe, começando pela mais alta.
Depois dos descartes, quem jogou a mais alta recolhe todas da mesa, e
assim por diante, até algum dos jogadores ficar sem cartas. Vence a
primeira equipe a fazer 100 ou mais pontos.
A história de bridge atravessa séculos. Os primeiros sinais da
modalidade datam de 1529, na Inglaterra. Desde então, conquista o mundo.
Hoje, existem campeonatos profissionais por todo o planeta, inclusive
um torneio mundial. No Brasil, o próximo campeonato nacional está
marcado para outubro.
Por aqui, o bridge surge após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, em
São Paulo, pelas mãos de imigrantes italianos. Em 1931, aconteceu o
primeiro torneio de Bridge da cidade. Desde então, a modalidade cresceu e
passou por várias gerações. A tradição do país com o jogo já motivou
até mesmo uma edição do torneio mundial, em 2009. “Continuar a escrever a
história do bridge no Brasil é uma das nossas missões. Acreditamos na
força e na tradição dos jogos em cards e convidamos os mais jovens a
viver com a gente essa incrível cultura”, conclui Andrea Junqueira,
presidente da Associação Paulistana de Brigde.
Sobre a Copag
Nossa expertise com baralho ultrapassa os 100 anos de existência, e
competência, arrojo e tecnologia, bem como a preocupação com o elemento
humano, sempre foram nosso maior bem. Modernidade, inovação e
criatividade fizeram da Copag um destaque mundial. É por isso que em
2005 a empresa foi incorporada ao grupo internacional Cartamundi e hoje
tem seus baralhos distribuídos nos cinco continentes do mundo.
Voltada à preocupação com as pessoas, a Copag desenvolve projetos
junto ao seu comitê de Diversidade, o qual busca proporcionar ambientes
que promovam a pluralidade cultural e social.
FANS TOKENS DA VALEON
Os Clubes de Futebol no Brasil e no Mundo estão alinhados fora de
campo e estão investindo em inovação e no mercado de criptoativos, mais
especificamente as Fans Tokens que são moedas digitais chamadas de CHILIZ(CHZ).
A novidade é atribuir um valor de ativo financeiro a um produto com o
qual o fã cria relacionamentos e experiências com o Clube de Futebol e
que antes era apenas um serviço sem valor de revenda ou de valorização
desse ativo. As Fans Tokens ajudam os clubes a melhorar a parte financeira.
Assim como nenhum elemento do marketing faz nada sozinho, não só em clubes, mas em qualquer empresa, as Fans Tokens
também precisam ter a imagem trabalhada para chegar ao consumidor de
forma clara, oferecendo algo que seja palatável e legível ao torcedor,
ou seja, as pessoas precisam entender do que se trata este ativo digital
para poder consumi-lo.
Como toda inovação, as Fans tokens ainda estão numa
fase inicial e todos nós estamos aprendendo com elas. Não podemos perder
de foco é que a tecnologia não pode ser o fim, a tecnologia é
simplesmente o meio e é a chave para o engajamento e temos que
compreender que a tecnologia pode gerar lucro, construir operações
sustentáveis, proteger a integridade da concorrência, desenvolver
multiplataformas e muito mais.
Engajar os fãs não é algo exclusivo do esporte. Pelo contrário, todas
as marcas querem encantar seus consumidores e engajá-los das mais
variadas formas. Descobrir essas formas é uma das muitas atividades de
quem trabalha com comportamento do consumidor.
Em marketing, podemos definir o engajamento do cliente como os
comportamentos espontâneos, interativos e cocriativos do consumidor,
principalmente em trocas não transacionais entre consumidor e empresa
para atingir seus objetivos individuais e sociais.
Em outro contexto, porém, podemos pensar no engajamento como um
estado de espírito motivacional relacionado à marca e dependente do
contexto de um cliente, caracterizado por níveis específicos de
atividade cognitiva, emocional e comportamental nas interações da marca.
E, nesse aspecto, surge um fator importante: como os consumidores
engajados fornecem referências e recomendações para produtos
específicos, o engajamento do cliente é um elemento-chave nas
estratégias das empresas para o desenvolvimento de soluções, de novos
produtos e retenção de clientes. É aqui que surge a ideia da
monetização.
A Startup Valeon cria as FANS TOKENS VALEON para premiar
uma enorme comunidade de consumidores que utilizam as redes sociais,
que são o nosso público-alvo, que são as pessoas que achamos que podem
realmente se beneficiar do nosso produto que é a Plataforma Comercial
Marketplace Valeon e muitas vezes não possuem o conhecimento básico de
como o nosso produto funciona.
As Fans Tokens são para aqueles que não querem
apenas ser espectadores, mas para aqueles que desejam ter um papel mais
ativo na comunidade das redes sociais.
A tokenização fornece novas maneiras inspiradoras de
classificar valor, criando novos ativos ou reinventado os tradicionais,
abrindo portas para melhoria de processos totalmente novos, fluxos de
receitas e envolvimento dos clientes com novas oportunidades.
Pensando nisso, a Startup Valeon através do seu Site, aposta na
possibilidade de trazer o consumidor que pode estar longe ou não conhece
a Valeon para perto da gente e ainda ser nosso colaborador participando
ativamente do nosso desenvolvimento, gerando transformações e tendo o
direito de fornecer conhecimentos específicos para o desenvolvimento do
Site.
Valor do Fan Token Valeon = R$ 1,00
Solicitamos a colaboração dos consumidores do Vale do Aço
para as oportunidades de influenciarem em algumas decisões do nosso
dia-a-dia e quanto maior o peso de suas opiniões, mais Fan Tokens irá
ganhar.
1 – Você pode auxiliar no desenvolvimento do nosso Site Valeon verificando alguma possibilidade de melhoria nele.
Prêmio: 50 Fan Token Valeon
2 – As Empresas, Serviços e Profissionais que desejarem
participar aderindo suas Publicidades e Propagandas ao Site Valeon terão
descontos.
Prêmio: 30% na mensalidade
3 – Sugestões de Internautas que queiram incluir ÁLBUNS DE MÚSICAS de até 150 MB NA COLEÇÃO DE MÚSICAS do Site Valeon.
Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr
Já faz algum tempo que certas afirmações não podem ser feitas em voz
alta no Brasil sem que “fiscais da verdade” e “editores da sociedade”
queiram multar, desmonetizar, censurar ou até prender – tudo, claro, em
nome da “democracia”. Pois nesta quarta-feira o ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral, acrescentou mais um item à
lista de tabus: a amizade que une o ex-presidente, ex-presidiário e
ex-condenado Lula ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, que em seu
país aboliu as liberdades religiosa, de expressão e de imprensa. Tanto
não se pode mais falar disso em público que Twitter e Facebook foram
obrigados, em liminar, a remover cerca de 30 publicações que destacam os
laços que unem a dupla. Uma destas publicações foi feita pela Gazeta do
Povo em seu perfil no Twitter, ao noticiar a suspensão do canal da rede
de televisão CNN no país centro-americano.
Logo na primeira página da decisão, Sanseverino menciona a
“publicação por diversos perfis de redes sociais conteúdos
manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação de que o
candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de igrejas,
perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da Nicarágua”,
acrescentando que, segundo a petição da coligação de Lula, “as
publicações buscam associar que o candidato Lula apoiaria veementemente
um regime autoritário e que persegue cristãos, o que sabiamente é uma
inverdade”. E Sanseverino conclui que “as publicações impugnadas
transmitem, de fato, informação evidentemente inverídica e prejudicial à
honra e à imagem de candidato ao cargo de presidente da República nas
eleições 2022. As publicações transmitem de forma intencional e
maliciosa mensagem de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é aliado
político do ditador da Nicarágua Daniel Ortega, e assim como ele será
contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”.
Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Lula e Ortega são
aliados, porque esta é a mais pura verdade. Jamais alguém deveria ser
proibido de dizer que Ortega persegue cristãos, porque esta é a mais
pura verdade
É preciso perguntar em que planeta Sanseverino vive para afirmar, com
tanto despudor, que são “evidentemente inverídicas” as afirmações de
que Lula apoia Ortega, ou de que o ditador nicaraguense persegue os
cristãos em seu país. Os laços entre ambos estão fartamente
documentados, inclusive com episódios bastante recentes. A Nicarágua não
era uma democracia pujante que degringolou apenas nos últimos meses;
Ortega já impunha um regime de força sobre seu país havia ao menos
alguns anos, e na eleição de 2021 chegou ao ponto de perseguir seus
opositores, prendendo alguns e mandando outros para o exílio. Isso não
impediu o PT de lançar uma nota saudando a vitória do socialista (sobre a
qual, ainda por cima, pairaram muitas suspeitas de fraude) como uma
“manifestação popular e democrática” e afirmando que os sandinistas
nicaraguenses ajudariam a transformar a América Latina em uma “região de
paz e democracia social que possa servir de exemplo para todo o mundo”.
O mal-estar causado foi tanto que a nota foi removida do site do
partido posteriormente, sob a alegação de que ela não tinha sido
“submetida à direção partidária”.
Mas, para que não restasse dúvida alguma da aliança que une
lulopetismo e sandinismo, o próprio Lula saiu em defesa de seu amigo
dias depois, em entrevista ao El País. “Por que Angela Merkel pode ficar
16 anos no poder, e Daniel Ortega não?”, questionou o petista, criando
uma equivalência entre um regime parlamentarista democrático, em que as
regras do jogo são seguidas à risca, e um regime presidencialista em que
o Estado de Direito foi abolido para garantir a perpetuação de Ortega
no poder. Não se trata, portanto, de dizer que Lula é apenas aliado de
Ortega, embora não concorde com a forma como o ditador governa seu país;
mesmo depois que a tirania se implantou, o lulopetismo seguiu e segue
endossando o nicaraguense – o que não surpreende, pois Cuba e Venezuela
são ditaduras há muito mais tempo e o PT jamais lhes retirou apoio. Em
outras palavras, sim, Lula apoia veementemente um regime autoritário, e
que persegue cristãos a ponto de encarcerar bispos, proibir
manifestações públicas de devoção, expulsar congregações inteiras e
fechar canais de televisão confessionais – e laicos, como no caso da
CNN, episódio que Sanseverino quer impedir a Gazeta de noticiar no
Twitter. Não há inverdade alguma nisso.
Inverdade mesmo quem promove são os advogados de Lula e o
ministro Sanseverino quando dizem que, de acordo com as publicações,
Lula, assim como Ortega, “será contra os evangélicos e irá perseguir os
cristãos”. Afinal, nenhuma das cinco postagens censuradas que
Sanseverino cita em sua liminar diz isso; o que elas fazem é afirmar que
quem está perseguindo os cristãos é Ortega (o que é verdade), e que ele
conta com o apoio de Lula (o que também é verdade) – o quinto trecho
mencionado, aliás, nem trata de perseguição aos cristãos, pois se refere
ao corte de sinal da emissora CNN. Se isso é o melhor que o ministro
conseguiu reunir para justificar a censura, podemos afirmar sem a menor
sombra de dúvida que quem está promovendo fake news não são os autores
das publicações derrubadas, mas os advogados e o ministro que atribuem
às vítimas do arbítrio afirmações que elas não fizeram.
Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Lula e Ortega são
aliados, porque esta é a mais pura verdade. Jamais alguém deveria ser
proibido de dizer que Ortega persegue cristãos, porque esta é a mais
pura verdade. Impedir quem quer que seja, candidatos, parlamentares
(que, ainda por cima, estão protegidos pela imunidade material, descrita
no caput do artigo 53 da Constituição Federal), pessoas comuns ou
veículos de comunicação, de dizer publicamente a verdade é de uma sanha
ditatorial poucas vezes vista desde o fim do regime militar, 37 anos
atrás. Mas é o que o petismo e setores do Judiciário vêm fazendo sem a
menor hesitação. Cada novo episódio de censura imposto pelos tribunais
superiores, com o silêncio cúmplice ou mesmo o aplauso de muitos setores
da própria imprensa e da sociedade civil organizada, é uma marretada na
ainda jovem democracia brasileira.
Que Lula e seu império da mentira queiram calar quem escancara a
camaradagem entre o PT e ditadores latino-americanos é esperado; a
mentira está na essência do lulopetismo. Mas que um juiz eleitoral
aceite dessa forma transformar-se em censor é inaceitável e mostra como a
democracia já ruiu pelas mãos daqueles mesmos que afirmam trabalhar
para defendê-la.
Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr
O
ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), determinou que o Twitter e o Facebook removam 31 postagens que
apontam o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à
ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua. A censura judicial, de caráter
liminar (provisório), atinge também um tweet da Gazeta do Povo, de 22 de
setembro, com a notícia de que o regime de Ortega havia cortado o sinal
do canal de notícias CNN naquele país.
Sanseverino atendeu a um pedido de censura da coligação de Lula, que
alegou que, em conjunto, as postagens promoviam “reiterada campanha
difamatória” contra o petista, “com o objetivo de incutir no eleitor a
ideia de que ele persegue e ameaça cristãos, assim como seu aliado e
amigo, o ditador da Nicarágua Daniel Ortega”. Na decisão, o ministro diz
que as postagens, apresentadas ao TSE pela coligação de Lula, têm
“conteúdos manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação
de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de
igrejas, perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da
Nicarágua”.
Em nota, a diretora da Gazeta do Povo, Ana Amélia Cunha Pereira
Filizola, afirmou que a decisão é “censura pura e simples”. “A decisão
do TSE contra as postagens nos perfis das redes sociais da Gazeta do
Povo é, sem sombra de dúvidas, censura pura e simples. Derrubar
conteúdos verdadeiros, e perfeitamente verificáveis, é prática de
ditaduras. A decisão, no entanto, reacende a nossa vontade de continuar
lutando para que a liberdade de expressão seja totalmente reestabelecida
no Brasil, pois, infelizmente, não somos um caso único e inédito. Hoje
vemos crescer cada vez mais a interferência de Judiciário contra a
liberdade de imprensa. Vamos lutar contra a decisão arbitrária nas
esferas cabíveis.”
Entidades como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e o Instituto
Democracia e Liberdade (IDL) também criticaram a decisão (leia abaixo).
Para basear sua decisão, Sanseverino citou dispositivos do Código
Eleitoral e de resoluções do TSE que dizem que não será tolerada
propaganda eleitoral que “caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa,
bem como atingir órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública”. A
remoção dos posts também tem como base regra aprovada no fim do ano
passado pelo próprio TSE, que veda “a divulgação ou compartilhamento de
fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que
atinjam a integridade do processo eleitoral”. A matéria da Gazeta do
Povo noticiava o fechamento da CNN na Nicarágua, fato amplamente
conhecido.
“Na hipótese dos autos, em análise superficial, típica dos
provimentos cautelares, observo que as publicações impugnadas
transmitem, de fato, informação evidentemente inverídica e prejudicial à
honra e à imagem de candidato ao cargo de presidente da República nas
eleições 2022. As publicações transmitem de forma intencional e
maliciosa mensagem de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é aliado
político do ditador da Nicarágua Daniel Ortega, e assim como ele será
contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”, escreveu
Sanseverino. A reportagem da Gazeta do Povo em questão não citava a
perseguição a cristãos. Mas também é fato que a ditadura nicaraguense
está cada vez mais violenta contra a liberdade religiosa.
O magistrado deu como exemplos postagens, indicadas pela defesa de
Lula, publicadas por políticos e influenciadores digitais, contendo
críticas a atos do regime de Ortega contra veículos de mídia e
religiosos, alertando para o risco de Lula adotar medidas semelhantes no
Brasil.
Entre os alvos da ação estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o
deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o assessor internacional da
Presidência da República Filipe Martins, o deputado federal Paulo
Martins (PL-PR), o ex-secretário nacional de Cultura e deputado eleito
Mario Frias (PL-SP), o deputado estadual Tenente Nascimento
(Republicanos-SP), além de jornalistas e comentaristas políticos, como
Rafael Fontana, Leandro Ruschel e Kim Paim.
No pedido de censura, a coligação de Lula alegou que é falsa a
narrativa de que Lula apoia o regime de Ortega. Os advogados do
ex-presidente dizem que ele “jamais demonstrou qualquer tipo de apoio ao
regime da ditadura”. “Os representados propagaram conteúdo gravemente
descontextualizado, buscando propagar fato sabidamente inverídico de que
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiaria medidas autoritárias
realizadas pelo Presidente da Nicarágua Daniel Ortega”, diz a ação. Os
advogados dizem ainda que Lula “sempre pautou sua atuação de modo a
respeitar a liberdade de crenças e religiões”. Por fim, citaram agências
de checagem que teriam desmentido boatos de que Lula censuraria padres,
pastores e ameaçaria igrejas no Brasil.
Na parte em que pediu a remoção da postagem da Gazeta do Povo, a
coligação de Lula alegou que o jornal tentaria “induzir ao pensamento de
que o ex-presidente compactua com a ditadura”. “As publicações acima
referidas buscam associar que o candidato Lula apoiaria veementemente um
regime autoritário e que persegue cristãos, o que sabiamente é uma
inverdade”, disseram os advogados de Lula na ação – a postagem e a
notícia publicada pelo jornal não afirmam que o ex-presidente
perseguiria cristãos.
A defesa de Lula também pediu que o TSE determinasse que todos os
alvos da ação se abstenham de veicular conteúdos semelhantes. O ministro
não atendeu a esse último pedido. Ele determinou que Twitter e Facebook
removessem as postagens, sob pena de multa R$ 10 mil por dia. Todas as
partes foram intimadas a se defender. O Ministério Público Eleitoral,
que também opina nos processos de propaganda, ainda não apresentou
parecer.
Censura Em nota, o presidente da Associação Nacional dos Jornais
(ANJ), Marcelo Rech, criticou a decisão. “A ANJ protesta veementemente
contra a censura imposta pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do
TSE, a uma publicação do jornal Gazeta do Povo no Twitter. A decisão
contraria frontalmente a Constituição, que não admite censura à
imprensa. A legislação brasileira dispõe de uma série de mecanismos para
dirimir eventuais abusos à liberdade de expressão, mas neles não se
inclui a censura”.
O Instituto Democracia e Liberdade (IDL) também manifestou repúdio à
decisão. “Lamentamos que mais uma vez o Judiciário brasileiro atente
contra a liberdade. Agora, cerceando um dos veículos mais importantes do
Brasil, a Gazeta do Povo, jornal centenário, que é um dos pilares do
jornalismo responsável e imparcial. Em meu nome, e da instituição que
presido, o IDL, meu mais veemente repúdio”, disse, em nota, o presidente
da entidade, Edson José Ramon.
O advogado constitucionalista André Marsiglia Santos, especializado
na defesa da liberdade de imprensa, considera que, com decisões do tipo,
de retirar do ar reportagens ou postagens de veículos de comunicação, o
TSE tem interferido no processo eleitoral.
“Esse caso pode ser avaliado em conjunto com um posicionamento do TSE
que tem se tornado recorrente. Que é o de entender eventuais
imprecisões técnico-jurídicas de uma matéria, ou um apelo na notícia,
algo normal e que faz parte do fazer jornalístico, como algo sabidamente
inverídico. Isso tem servido para retirar matérias do ar e promover
censura, sob a justificativa de não haver interferência nas eleições.
Mas o que eles estão fazendo são interferências”, disse. “O que é para
ser banido é aquilo que não se pode contestar de forma alguma, uma
matéria inteira, não um trechinho ou uma imprecisão. Se há um trecho
impreciso, e a matéria sai do ar, 90% que é verídico é censurado”,
afirma.
Outro problema, diz ele, é que muitas decisões têm como base
conteúdos publicados por agências de checagem. “(As agências) não têm
função pública e não são um instituto totalmente impassível de erro.
Basear em cima disso é perigoso.” Por fim, ele observa que algumas
campanhas têm pedido ao TSE o banimento de conteúdos jornalísticos junto
com postagens de apoiadores de candidatos. “É uma estratégia de
descredibilizar imprensa que tem de ser rechaçada”, afirmou.
Liminar tem como precedente decisão de Cármen Lúcia contra Eduardo Bolsonaro
A liminar de Sanseverino apresenta como precedente outra decisão,
proferida em setembro pela ministra Cármen Lúcia, na qual ela
determinava a remoção de uma postagem de Eduardo Bolsonaro em que ele
escreveu que “Lula e PT apoiam invasões de igreja e perseguição de
cristãos”. A coligação de Lula apontou “propagação de fake news” e a
ministra concordou. Afirmou que as postagens de Eduardo configuravam
propaganda eleitoral negativa e ofensa à honra do candidato
representante [Lula] e do partido ao qual é filiado [PT].”
“Não são críticas políticas ou legítima manifestação de pensamento. O
que se tem é mensagem ofensiva à honra e imagem de pré-candidato à
presidência da República, com divulgação desinformação sabidamente
inverídica”, escreveu ministra. No dia 13 de setembro, a decisão foi
referendada por unanimidade pelos outros seis ministros que julgaram o
caso: Alexandre de Moraes (presidente do TSE), Ricardo Lewandowski,
Benedito Gonçalves (corregedor da Justiça Eleitoral), Raul Araújo,
Sérgio Banhos e Carlos Horbach.
O apoio de Lula e do PT a Ortega É antiga e conhecida a
proximidade de Lula com Ortega, que governa a Nicarágua desde 2007. Em
2010, quando era presidente, o petista disse, em tom de brincadeira, que
os dois integravam o “eixo do mal”. “Onde vai ser publicada essa foto,
[Ricardo] Stuckert?”, perguntou Lula ao fotógrafo oficial da
Presidência, enquanto apertava a mão de Ortega, durante uma cerimônia no
Itamaraty. “Vai ter uma pequena manchetezinha: ‘el goviernantes del
eixo del mal se encuentran’”, ironizou Lula.
Em 2018, quando Ortega promoveu uma repressão a opositores que
resultou na morte de mais de 360 pessoas, o PT deu respaldo ao regime,
durante um encontro do Foro de São Paulo em Havana. “Depois de tantos
sucessos, sofremos uma contraofensiva neoliberal, imperialista,
multifacetada, com guerra econômica, mediática, golpes judiciais e
parlamentares, como ocorre na Nicarágua e ocorreu na Venezuela”, disse,
durante o encontro, Mônica Valente, dirigente do PT e então
secretária-executiva da organização de esquerda.
Participaram do encontro, em julho daquele ano, a ex-presidente Dilma
Rousseff e o então presidente da Bolívia, Evo Morales, e o da
Venezuela, Nicolás Maduro.
Em 2020, quando o Foro de São Paulo completou 30 anos, num debate
online com a presença de Maduro e do líder cubano Miguel Díaz-Canel,
Ortega, ao lado da mulher, Rosario Murillo, mandou “nosso abraço e nosso
carinho para Lula, que está no nosso coração”. Lula é presidente de
honra do PT e fundou o Foro de São Paulo em 1990, junto com Fidel
Castro.
No fim do ano passado, o apoio do PT ao regime de Ortega novamente
chamou a atenção da comunidade internacional. No dia 8 de novembro, o
partido divulgou uma nota celebrando a eleição que deu a Ortega seu
quarto mandato consecutivo. Na disputa, os outros cinco candidatos
estavam presos ou exilados e três partidos de oposição foram cassados. A
Organização dos Estados Americanos (OEA) classificou a eleição como
“ilegítima”.
Em seu site, no entanto, o PT classificou a eleição na Nicarágua como
“uma grande manifestação popular e democrática” e que o resultado
demonstrava “o apoio da população a um projeto político que tem como
principal objetivo a construção de um país socialmente justo e
igualitário”.
Dois dias depois, a nota foi retirada do site do partido. À época, a
presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a nota “não foi submetida
à direção partidária”. “Posição do PT em relação a qualquer país é
defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e
respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade
é debater o Brasil com o povo brasileiro”, escreveu ela nas redes
sociais.
Ainda em novembro de 2021, numa entrevista ao jornal espanhol El
País, Lula minimizou a ditadura na Nicarágua e comparou Ortega à então
chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “Temos que defender a
autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que a
Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que
Felipe González aqui [na Espanha] pode ficar 14 anos no poder? Qual é a
lógica?”, disse o petista.
Quando a entrevistadora disse que Merkel e Gonzalez não mandavam
prender opositores, como Ortega, Lula tentou se corrigir. “Eu não posso
julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso […] Eu não
sei o que as pessoas fizeram para ser presas […] Se o Daniel Ortega
prendeu oposição para não disputar eleição, como fizeram contra mim, ele
está totalmente errado”, afirmou o ex-presidente.
Nesta terça (4), Ortega enviou uma carta a Lula parabenizando-o pela
votação no primeiro turno das eleições. “Este primeiro momento de
triunfo para as famílias e o povo do Brasil, que se levantam com
esperança e as vozes de gigantes, anima e alenta a tod@s nós.
Parabenizando você e o Brasil, nos congratulamos sabendo que o mundo
pertence a quem luta e que estamos realizando as transformações
necessárias, com coragem diária”, diz o texto.
Tiririca (PL-SP) caracterizado como Roberto Carlos em paródia feita para sua propaganda eleitoral.| Foto: Reprodução/YouTube
“Geralmente
os medíocres triunfavam, pois o sentimento de suas limitações
intelectuais e o temor da inteligência do adversário, aliados ao receio
de serem vencidos em debates com opositores mais hábeis no falar, os
levavam direta e ousadamente à ação.” (Tucídides, História da Guerra do
Peloponeso)
Nas eleições de 2010 um candidato inusitado se apresentava ao eleitor
com um slogan não menos sui generis: Francisco Everardo Oliveira Silva,
mais conhecido por seu nome artístico, Tiririca, usou como mote de
campanha a frase “Pior do que tá não fica, vote Tiririca” e, num de seus
vídeos, o palhaço dizia: “O que é que faz um deputado?” E, após um
risinho, respondia: “Na realidade, eu não sei, mas vote em mim que eu te
conto”. Foi eleito por São Paulo com 1.348.295 votos.
O parlamentar – do francês parlar, “falar” – passou quatro anos sem
fazer um discurso na tribuna do parlamento. Ainda no primeiro mandato,
apresentou oito projetos, seis deles voltados a artistas de circo, mas
não aprovou nenhum. Mas, contrariando aquilo que os analistas viam, em
2010, como voto de protesto, Tiririca foi reeleito em 2014, ainda com um
número expressivo de votos: 1.016.796. Passou todo o segundo mandato
igualmente sem discursar – ou seja, sem fazer política, sem defender
suas ideias – e continuou sem aprovar nenhum projeto. Em 6 de dezembro
de 2017 fez seu primeiro (e último, segundo ele) discurso na Câmara. Um
discurso contundente, em que se dizia muito decepcionado com a política,
que abandonaria a vida pública, e conclamava seus colegas a olharem
mais para o povo. Disse o deputado: “Vamos olhar pro nosso povo. O povo
que eu falo é aquele povo que necessita de saúde, que eu tenho certeza
que nenhum de vocês passou por isso. A gente sabe que todos nós ganhamos
bem pra trabalhar… nem todos trabalham; são 513 deputados, só oito mais
assíduos, eu sou um dos oito, um palhaço de circo, de profissão. Nunca
brinquei aqui dentro, votei de acordo com o povo”.
Espanta-me que a disputa eleitoral seja pautada não em propostas
objetivas para enfrentar os gravíssimos problemas que nos assolam, mas
que estejamos presos a uma espiral de insanidade quase absoluta
Entretanto, no ano seguinte, jogando no ralo o que havia dito meses
antes – e dando um tapa na cara daqueles que se empolgaram com o
discurso –, Tiririca se candidatou novamente e foi reeleito com
estupeficantes 453.855 votos. Agora, em 2022, por incrível que pareça,
foi novamente reeleito, mas como o deputado menos votado, com 71.754
votos. Será por ter sido o deputado que mais votou contra o “governo”
Bolsonaro em seu partido? Não sabemos, mas, aparentemente, a carreira
política de Tiririca, após quatro mandatos, está chegando ao fim. Apesar
de não ser um deputado dos mais gastões, de não ter uma grande
quantidade de assessores, de não usar apartamento funcional e não ter se
envolvido em nenhum esquema de corrupção, não podemos dizer que
Tiririca é um deputado necessário; o dinheiro público que consumiu até
agora (e consumirá até 2026) não será pouco. O leitor pode fazer as
contas, se quiser passar nervoso.
A cada eleição, o horário eleitoral brasileiro vem se tornando uma
atração de humor. Candidatos bizarros fazem um enorme sucesso – não só
aqui, mas no exterior –, o que nos faz duvidar de nossa capacidade de
compreender a importância e seriedade da representação política num
sistema democrático. Nesse sentido, Platão estava certo em considerar o
melhor sistema de governo como aquele em que os governantes eram os que
tinham melhor preparo para a tarefa, e que a sociedade só seria virtuosa
quando “a raça dos verdadeiros e autênticos filósofos” chegasse ao
poder, “ou de começarem seriamente a filosofar, por algum favor divino,
os dirigentes da cidade”.
Mas essa não parece ser a nossa preocupação, nem dos eleitores e
muito menos dos políticos, que parecem ver na política somente uma
possibilidade de se dar bem na vida e fazer um pé-de-meia com o dinheiro
facílimo que passam a ganhar sem ao menos precisar trabalhar – um
parlamentar custa aos cofres públicos 528 vezes a renda média do
brasileiro: cerca de R$ 23,8 milhões por ano, num Congresso que nos
custa em torno de R$ 14 bilhões por ano.
Isso em um país com 100 milhões de pessoas sem saneamento básico,
mais de 41 mil assassinatos anuais e uma educação que está em último
lugar em competitividade; onde 95% dos alunos saem do ensino médio sem
conhecimento adequado de Matemática e onde 38% dos universitários são
analfabetos funcionais; que tem 70 mil crianças morando na rua e que
ainda precisa, em 2022, discutir a fome e a chamada insegurança
alimentar – ainda que haja controvérsia nos dados – na casa dos milhões.
E que, para não deixar de citar um dado que me interessa
particularmente, tem uma média anual de 4,96 livros comprados por
habitante. Porém, apenas 2,43 desses livros são lidos até o fim.
Por isso espanta-me o debate político brasileiro. Espanta-me que a
disputa eleitoral seja pautada não em propostas objetivas para enfrentar
os gravíssimos problemas que nos assolam, mas que estejamos presos a
uma espiral de insanidade quase absoluta, cujas prioridades – não dos
políticos, cuja única prioridade é a eleição – são pautas ideológicas e
interesses políticos travestidos de preocupações morais. O país que
elegeu sucessivas vezes o palhaço Tiririca e acabou de eleger o
parlamento mais incontestavelmente grotesco de todos os tempos. O país
que um dia teve José Bonifácio, Rui Barbosa e Antônio Pereira Rebouças,
agora tem esses aí que não preciso nomear.
Não, caro leitor, a situação não é de normalidade. E, como disse o
filósofo Eric Voegelin, citado na epígrafe do meu artigo da semana
passada: “ninguém é obrigado a tomar parte na desordem espiritual de uma
sociedade. Pelo contrário, todos são obrigados a evitar essa sandice e
viverem sua vida em ordem”. Portanto, sigo nesse exercício de isentão
com muito gosto. Um isentão que, curiosamente, trabalha, cuida de sua
família, ensina, escreve, pensa, dialoga, crê, ora, cultiva o espírito;
enfim, que procura viver sua vida em ordem. E sigo caminhando no firme
fundamento das coisas que espero e na certeza das que não vejo (Hebreus
11,1). Amém.
Esperança Uma coisa bem pomposa e sutil, com um quê de humor e lirismo
Por Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo
Essas são as eleições dos girassóis.| Foto: Pixabay
Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens E ele sorri porque tudo é incrível. Ri dos reis e dos que não são reis (…).
Fernando Pessoa
É terça-feira e meu pescoço dói. Com dificuldade e praguejando em
idiomas que nem nunca ouvi, me levanto para pegar o celular que vibra
insistentemente – e um tanto quanto histericamente, eu acrescentaria. É
um amigo e ele está revoltado. Comigo! Pedindo desde já perdão pela
hipérbole, direi que aos berros ele reclama da crônica com viagem no
tempo. “Que coisa mais infantil, cara! Por que você não escreve um texto
sério, de jornalista, sobre as eleições?”, insulta e em seguida
pergunta o amigo.
De pronto imagino um artigo, não!, um ensaio com muitas citações e
talvez até um latinzinho para enfeitar. O título tem que ser uma coisa
bem pomposa e sutil, com um quê de humor e lirismo. “Mas sem mesóclise,
né?”, pergunto. Do outro lado da chamada de vídeo, o amigo faz uma cara
feia (a única que tem), mas concede: sem mesóclise. “Ordem dada é ordem
comprida”, digo, e saio para o escritório tropeçando na ortografia. O
erro do corretor automático é, na verdade, um prenúncio.
Porque, depois de passar dois dias pensando na tarefa que o cansaço
me obriga a recorrer ao clichê e chamar de hercúlea, desisto da
empreitada. Ao bom amigo e demais leitores que anseiam por palavras
sérias, compenetradas, todas elas de fraque, com mais de quatro sílabas e
enfileiradas na frase, peço desculpas. Um dia talvez, mas não hoje.
Porque hoje, ah, hoje pretendo que este espaço da Gazeta do Povo seja um
porto razoavelmente seguro para espíritos atribulados. Um local onde os
leitores possam encontrar a esperança que é hoje um fiapinho branco
perdido no grande tecido negro da política nacional.
“Meu ser cansado e humano” Se fosse escrever um artigo sério, me
veria obrigado a falar, por exemplo, das suspeitas que pairam sobre as
eleições. Sendo mais preciso: sobre a apuração dos votos. Você já deve
ter recebido um dos muitos vídeos que mostram a estranha simetria dos
gráficos e outros indícios que, num contexto bem diferente, isto é, num
contexto de democracia e liberdade franca, passariam despercebidos, mas
que chamam a atenção por causa da arrogância tecnocrata de Alexandre de
Moraes, Barroso, Cármen Lúcia et caterva.
Mas de que serviriam argumentos habilmente costurados em parágrafos
que se sucedem até o clímax do aforismo improvável ? Para nada. Os
leitores ficariam ainda mais nervosos. E temerosos. Afinal, se há alguma
coisa que nos irmana nos dias de hoje é este medo que nasce da sensação
de impotência. Lutamos contra um inimigo poderoso, que chega ao campo
de batalha numa liteira feita com as consciências mortas do STF e
apoiada sobre os ombros da inveja, do ressentimento, da arrogância e da
desonestidade.
Eu poderia. Ah, se poderia. Mas não vou. Não vou me lamuriar pelos 57
milhões de eleitores que, por ignorância, fé cega, teimosia ou cálculo
maquiavélico, supostamente votaram em Lula no primeiro turno.
Lamentarei, sim, o fato de não terem lido nenhum dos textos que compõem a
minha humilde Trilogia do Otimismo – “Não parece, mas Lula elegível é
boa notícia” (de 2021), “O que você fará se Lula (toc, toc, toc) vencer
as eleições?” (2022) e o recentíssimo “O que será de nós se Lula vencer
as eleições?”. Mas não me derramarei em lágrimas poeticamente comparadas
às pérolas que os suínos distraidamente consomem junto com a lavagem.
Da mesma forma, e embora eu tenha muito a escrever sobre todos esses
assuntos sérios, que não admitem metáforas, muito menos referências ao
mundo ingênuo e algo ridículo das crianças, me recuso a falar do voto
nulo. Do cidadão mimado que, entre o sorvete Liberdade e o sorvete
Comunismo que lhe oferecem, prefere se jogar no chão do Grande Shopping
da Democracia, esperneando e gritando “Baunilha!!! Eu quero sorvete de
baunilha!!!!!”.
Em vez disso, prefiro citar um poema (calma, Ewandro!). Talvez
intitulado “Poema do Menino Jesus”. Talvez do Fernando. Sim, o Pessoa.
Talvez aquele poema lá de cima, da epígrafe que você não leu ou leu sem
prestar atenção ou o que é epígrafe? O poema pouco ou nada tem a ver com
a política nacional (ainda que em seus piores momentos faça referência a
um anticlericalismo tipicamente marxista). Mas termina com uma chamada
ao sonho que, pensando bem, talvez seja sentimental demais. Desculpe
mais uma vez. É que hoje estou amargo.
Quando eu morrer, filhinho, Seja eu a criança, o mais pequeno. Pega-me tu ao colo E leva-me para dentro da tua casa. Despe o meu ser cansado e humano E deita-me na tua cama. E conta-me histórias, caso eu acorde, Para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos teus para eu brincar
O general Hamilton Mourão foi um dos candidatos vitoriosos,
apesar de estarem mal colocados nas pesquisas de intenção de voto.|
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Estão todos discutindo os erros, os reiterados erros das pesquisas
eleitorais, que já haviam acontecido em 2018 e se multiplicaram agora,
porque criou-se um grande número de empresas de pesquisa. Essa deve ser
uma atividade lucrativa, que encontra quem pague e quem acredite. Mas eu
queria destacar o que uma diretora do Datafolha afirmou a uma emissora
de televisão. Ela disse: “as pesquisas são uma fonte de informação a que
o eleitor tem acesso para definir seu voto. Mais uma fonte de
informação que o eleitor considera na hora de definir o seu voto. Se não
tivéssemos as pesquisas, a sociedade não teria todos esses dados para
poder se informar e depois decidir seu voto”.
Ou seja, ela está confessando que pesquisas influenciam na decisão do
voto. Essa é a questão crucial: uma pesquisa errada induz a uma decisão
errada. Por exemplo, se ela está mostrando que um candidato não tem
chance de vencer, e o eleitor não está disposto a “jogar fora” o seu
voto naquele candidato, a pesquisa está influenciando o resultado
eleitoral. Temos de pensar a respeito disso. A diretora estava
defendendo o seu trabalho, e foi sincera. Eu não vou dizer que seja
má-fé, pode ser erro, mas é um erro que está induzindo o eleitor a outro
erro, essa é a questão.
Mercado sabe que este novo Congresso pode levar adiante as reformas
Vocês notaram a reação do mercado às eleições de domingo? O real se
valorizou em relação ao dólar e ao euro; a bolsa de valores de São Paulo
teve uma alta incrível. Por que esse otimismo? Por causa do novo
Congresso Nacional que saiu das urnas de domingo: Câmara e Senado
conservadores, com o partido de Bolsonaro, o PL, fazendo as maiores
bancadas e trazendo com isso a possibilidade de se fazer as reformas. A
Frente Parlamentar da Agropecuária foi ao Palácio Alvorada na
quarta-feira para prestar apoio irrestrito ao presidente Bolsonaro. O
agro, sob a liderança da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que
se elegeu senadora, tem grandes esperanças de conduzir reformas
essenciais para liberar o agro. A legislação é antiga e o agro é mais
que moderno, já é pós-moderno, de tão atualizado que está. Mas é
amarrado por legislações antigas sobre defensivos, questões ambientais e
fundiárias, incluindo o tal marco temporal, sem falar da burocracia.
E, além da modernização das leis para o agro, haverá oportunidade
para as reformas que o ministro Paulo Guedes quis fazer e não
conseguiu. Esse é um grande argumento em favor da candidatura de
Bolsonaro: no domingo saiu das urnas um Congresso que ele ajudou a
moldar na campanha eleitoral, para facilitar o seu governo, pois ele
sempre se queixou de estar amarrado pelo Congresso. Esses próximos
quatro anos serão de um Congresso que seria hostil a Lula e amistoso a
Bolsonaro – tudo vai depender, claro, das decisões do próximo dia 30.
Política se discute, sim, mas sem raiva
As pessoas estão discutindo muito em torno de voto. Eu tenho dado o
seguinte conselho para as pessoas dos dois lados: se você quer trabalhar
para o seu candidato, não feche a porta para o adversário, não bata na
cara dele, abra os braços e conversem, discutam, mostrem as vantagens de
cada um. Porque quem consegue mudar um voto do primeiro turno está, na
verdade, conseguindo dois: tira um voto de um candidato e adiciona um ao
outro candidato. É uma questão de racionalidade e não de raiva, de
emotividade.
Lula no pronunciamento após o resultado do primeiro turno das eleições.| Foto: Reprodução/TV PT
O
domingo 2 de outubro foi um dia histórico. Lutando contra o consórcio
de veículos de imprensa, artistas, Judiciário, institutos de pesquisa e
esquerdistas de todos os tons, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu
cerca de 51 milhões de votos válidos (43,65%), indo para o segundo turno
contra o socialista Lula (PT) – numa eleição preparada de antemão para o
ex-presidiário vencer no primeiro turno. O tom dos discursos nos
veículos de imprensa após o primeiro turno ilustra o senso de derrota
dos esquerdistas – sobretudo diante da imensa bancada eleita de 22
senadores e cerca de 200 deputados federais conservadores e aliados do
atual presidente, além de vitórias de candidatos conservadores ao
governo em oito estados e possibilidade de vitória em outros oito
estados no segundo turno. Como foi dito por um jornalista esquerdista no
fim do domingo, em tom de indignação, “Lula é uma ilha cercada por um
oceano de conservadores”.
Aliás, a credibilidade dos institutos de pesquisa é a maior derrotada
nessa eleição – de novo. Iludiram, manipularam, influenciando o “voto
útil” sem qualquer controle ou pudor, da forma mais vergonhosa, como se
estivessem atuando em favor do candidato esquerdista. Precisa haver
investigação rigorosa e punição para os que elaboram e fazem essas
pesquisas. E toda a desconfiança em torno das urnas é culpa do STF, que
fez interferência política para não haver voto impresso aprovado pelo
Congresso Nacional e anulou as condenações do candidato socialista.
Nunca é demais reforçar: a democracia também depende da percepção de
lisura do pleito.
Também fica evidente que estamos em meio de uma crise religiosa
cristã. Num país onde 81% de seus cidadãos se declaram cristãos, mas que
tem boa parte de seus eleitores votando em um candidato socialista que
defende pautas que se opõem aos princípios morais divinos, evidencia-se
uma falha grave da Igreja cristã, o que sinaliza ensino raso, falta de
testemunho ou fé nominal. Parece que falta catequese doutrinal e
relacionamento íntimo e prático com o Deus Uno e Trino. Estes que se
declaram cristãos, mas votam em candidatos de esquerda parecem não
compreender o que é o Evangelho e suas implicações morais.
Como os eleitores de Bolsonaro podem fazer uma campanha inteligente e garantir a vitória do presidente no segundo turno?
Mas derrotar o PT no segundo turno não será fácil. Esse partido, que
já deveria ter sido extinto, é uma máquina política milionária e com uma
estrutura quase militar, com seus adeptos vivendo em estado de devoção
religiosa ao Partido e à Ideia. E o que está em jogo no segundo turno
não é apenas quem será o próximo presidente do país. O que está em jogo é
a identidade, os valores e a própria história do Brasil. Há duas visões
de mundo claramente opostas e antagônicas disputando o comando do país.
Caio Coppola afirmou: “Não adianta mais pregar para convertido
[político] e desabafar em grupo de WhatsApp, é hora de furar a bolha e
sair da zona de conforto, é momento de persuadir o próximo com a
serenidade de quem tem razão e com a compaixão de quem entende que somos
um país vítima da desinformação e da doutrinação em massa”. Como,
portanto, os eleitores de Bolsonaro podem fazer uma campanha inteligente
e garantir a vitória do presidente no segundo turno?
Não fale ou escreva com raiva e ódio. Não compartilhe ou
dissemine fake news. Peça licença para expor suas ideias. Agradeça ao
ser ouvido.
Não compartilhe nada ofensivo ao Nordeste. Não entre
no jogo que o próprio PT criou, do “nós contra eles”, dos “ricos contra
os pobres”. É preciso lembrar que o PT foi fundado em São Paulo, tinha
sua principal base no ABC e foi apoiado pela classe média do Rio de
Janeiro e do Rio Grande do Sul. Com boa e clara comunicação, uma onda
antiesquerdista pode se espalhar pelo interior do Nordeste. Ainda que
Bahia, Alagoas e Maranhão, estados com os mais baixos índices de IDH do
país, sejam feudos esquerdistas, é preciso destacar que a votação em
Bolsonaro na região Nordeste em 2022 foi 20% maior que em 2018.
Compartilhe
mensagens positivas de Bolsonaro e de suas propostas de mudança e
solidificação da democracia. Desfaça as caricaturas e insultos
fabricados por esquerdistas histéricos. Recomende ouvir o candidato,
conhecer seus ministros, ler suas propostas.
Não ataque pessoas.
Ataque ideias. É preciso deixar claro que, ao votarem em Lula, os
eleitores do PT estão apoiando um partido movido por uma ideologia que
socializou a miséria onde foi implantada, e que: Teve sua cúpula condenada pelo STF por formação de quadrilha em 2012; Teve
vários de seus filiados, além de executivos de estatais, envolvidos em
esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos dos
pagadores de impostos; Está envolvido em dezenas de escândalos de
corrupção, tais como os dos Correios, do mensalão, das refinarias de
Pasadena e Abreu e Lima, do petrolão; Deseja uma nova Assembleia Constituinte; Indicará pelo menos dois ministros para o STF, o que tornará o Judiciário ainda mais “progressista” e ativista; Apoia
as ditaduras socialistas que comandam com mão de ferro Venezuela, Cuba e
Nicarágua, onde a Igreja cristã está sendo perseguida; Apoia ditadores facínoras na África, Oriente Médio e Ásia; Odeia os Estados Unidos e Israel; Não tem respeito pelas liberdades individuais e anseia suprimir a liberdade de imprensa – o que, aliás, já começou a acontecer; Desmoraliza e aparelha o Judiciário; Justifica e apoia a desumanização e a violência simbólica e física contra seus oponentes políticos; Despreza a fé cristã e tenta controlar as igrejas católica, protestante e pentecostal; Defende a descriminalização das drogas e do aborto, a agenda LGBT e a educação doutrinada; Levou
ao descontrole da violência no país com sua política de segurança, pois
desde 2002 foram assassinadas uma média de 60 mil pessoas por ano no
Brasil, número que está em queda desde 2018; Ajudou a criar uma cultura de impunidade sem precedentes; Sucateou a segurança pública, mas não a particular, que os protege; Não aceita a vontade do povo quando esta é contrária ao partido, como no referendo do desarmamento de 2005; É
o culpado pela pior recessão do Brasil, quebrando-o economicamente e
iniciando a mais dolorosa onda de desemprego de nossa história; E defende aumento de impostos para sustentar a súcia socialista no poder.
Não compartilhe nada ofensivo ao Nordeste. Não entre no jogo que o
próprio PT criou, do “nós contra eles”, dos “ricos contra os pobres”
Muitos dos pontos acima estão nos programas de governo do PT do
passado e foram resultado direto de seus governos entre 2002 e 2016. Na
verdade, nem dá para saber qual é a atual proposta de governo dos
esquerdistas, pois os socialistas chegam ao segundo turno sem um
programa de governo. Mas duvido que tenham mudado algum de seus
objetivos sinistros. Como José Dirceu disse: “É uma questão de tempo
para a gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente
de ganhar uma eleição”. Assim, como um mágico que distrai a plateia com
suas palavras e movimentos das mãos, o descondenado Lula distrai sua
audiência com falácias e promessas mirabolantes, que escondem a real
agenda esquerdista.
Ao conversar com cristãos que votaram no PT, pergunte
como eles harmonizam sua fé com pautas como corrupção, descriminalização
das drogas e aborto, ideologia de gênero, desarmamento civil, bandidos
soltos e inimputáveis, idolatria do Estado etc. O socialismo é uma
ideologia anticristã, responsável pelo assassinato de pelo menos 100
milhões de pessoas no século 20, e que por onde passa semeia violência,
morte, fome, miséria e pobreza. Para citar o que Karl Barth disse a um
adepto do nacional-socialismo, aqueles que se dizem cristãos e votam em
partidos que se movem por tais princípios, como o PT, “têm uma fé
diferente, um espírito diferente, um Deus diferente”.
Ao conversar com aqueles que não votaram por cansaço
de ficar nas filas, como muitos idosos, encoraje-os a buscar
alternativas com ajuda de outras pessoas, como amigos e familiares.
Que ninguém se iluda com as reais intenções do PT. Pois está na
gênese deste partido o anseio de implantar um projeto autoritário no
Brasil. Que depois ninguém lamente uma guinada para o bolivarianismo
venezuelano no país, com o êxodo de brasileiros para o exterior, fuga de
investidores estrangeiros, desabastecimento e socialização da pobreza,
irreligião e violência. Votar no PT é o caminho mais rápido para o
desastre social e financeiro do país. Na verdade, se passarmos pelo
desastre de o PT ganhar o segundo turno das eleições de 2022, isso pode
vir a ser juízo de Deus sobre esse país e a sua Igreja. Pois, como
escreveu o reformador João Calvino, “quando Deus quer julgar uma nação,
Ele lhes dá governantes ímpios”. Não desejamos isso para nossos filhos e
netos, que serão as vítimas do socialismo, o “horrendo flagelo [d]a
civilização cristã”, como escreveu Pio XI na encíclica Divinis
Redemptoris.