sábado, 8 de outubro de 2022

MEC NÃO VAI MAIS CONTINGENCIAR VERBAS DA EDUCAÇÃO

 

Orçamento
Por
Gazeta do Povo

Predio do Ministerio da Educacao


Ministro da Educação Victor Godoy afirmou que a nova decisão foi tomada após um diálogo com o Ministério da Economia, que se mostrou sensível às demandas das universidades.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) publicou uma nota nesta sexta-feira (7) anunciando que serão restabelecidos os limites de empenho das universidades, dos institutos federais e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Segundo a pasta, a mudança será publicada em breve no Diário Oficial da União (DOU).

Do total de quantias retidas em setembro no MEC, R$ 328,5 milhões atingiam as universidades e institutos federais. O impacto desse bloqueio nessas instituições é variável e não atinge as verbas de ensino obrigatórias (pagamento de salários, em sua maioria).

O MEC afirma que a nova decisão foi tomada após um diálogo com o Ministério da Economia, que se mostrou sensível às demandas de gestores e reitores das universidades. De acordo com o ministério, o contingenciamento foi tomado anteriormente respeitando o equilíbrio das contas públicas, uma prioridade para o país.

“É importante destacar que a limitação temporária de empenhos não impactaria as universidades e os institutos, uma vez que o MEC mantém a comunicação aberta com todos os profissionais da área da Educação para fortalecer o ensino superior do país”, diz a pasta.

Em um vídeo divulgado nesta tarde pelas redes sociais, o ministro da Educação Victor Godoy afirmou ter conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, que aceitou desbloquear os recursos financeiros dessas instituições.

“Estamos fazendo uma liberação para todo mundo, para facilitar e para agilizar a vida dos reitores e gestores”, afirmou Godoy, sem explicar se os valores inicialmente previstos serão liberados integral e imediatamente. Na gravação, o ministro da Educação garante ainda que a liberação do empenho de recursos observa a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao mesmo tempo em que demonstra a sensibilidade do governo federal.

Na quinta-feira (6) Godoy afirmou que a medida foi apenas um atraso nos repasses, lembrou que o reajuste é prática comum de todos os governos passados e que, neste ano, estaria sendo distorcida por motivos eleitorais.


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A MAIOR SURPRESA DESSAS ELEIÇÕES ESTÁ EM SÃO PAULO

 

Por
Bruna Frascolla


O ex-ministro Tarcísio Gomes de Freitas foi um dos vários aliados de Bolsonaro a ter votação expressiva no primeiro turno.| Foto: Douglas Gomes/divulgação

O Sudeste e o Sul são têm uma grande classe média, a classe média é tipicamente ideologizada, e por isso a gente vê um monte de análise chinfrim que quer reduzir tudo a direita e esquerda, ou a comunismo e conservadorismo. O exemplo mais constante disso é dizer que o Nordeste é de esquerda, como se fosse minimamente factível que camponeses analfabetos esposassem uma ideologia radical de gente letrada. Ademais, recuando no tempo, é muito fácil ver que o Nordeste durante o regime militar era “de direita”. Ele não era de direita, nem é de esquerda hoje. Para entender o Nordeste, é preciso entender a política local. Entender a política local, no caso do Nordeste, passa por entender coronelismo.

No entanto, esse mesmo erro que se comete com o Nordeste – de considerar tudo sob uma chave ideológica e ignorar a política local – é generalizado. Não é porque São Paulo tem muita classe média que o eleitor paulista vota por ideologia. Compreender o papel do tucanato na política paulista é algo completamente diferente de pegar um manual de social-democracia. Política não se faz só com ideologia; quem gosta de ideologia é a classe média urbana. Como a quase totalidade dos comentaristas políticos é de classe média e alta dos centros urbanos mais ricos…

Só assim para entender que não tenham mencionado o elefante da sala desta eleição, que é São Paulo. O comentarista ideologizado vai olhar para Tarcísio e dizer: “Nenhuma novidade, pois São Paulo, o estado, nunca elegeu a esquerda!” Ora bolas, pela primeira vez na História da República o estado de São Paulo está em vias de eleger um outsider indicado por Brasília. Pensem nas últimas eleições. Qual era a relevância dos governadores de São Paulo e prefeitos da capital, e o que aconteceu nesta eleição com todos eles?

Para dimensionar a mudança por que São Paulo passa, recuemos na história da República.


A República é estabelecida por São Paulo
O peso da elite de São Paulo na política nacional se confunde com a derrubada do Império, sediado no Rio de Janeiro, e a instauração da República.

A presidência da República começou com dois militares alagoanos, Deodoro da Fonseca (1889 – 1891) e o sanguinário Floriano Peixoto (1891 – 1894). Nenhum dos dois foi eleito. O primeiro presidente eleito foi do Brasil foi Prudente de Morais (1894 – 1898), civil, que era político do interior de São Paulo desde os tempos do Império. Quando o Marechal Deodoro deu o golpe, foram nomeadas juntas governativas para substituir os governadores das “províncias” do Império, que passaram a se chamar “estados”, como hoje. Pois bem: Prudente de Morais, o primeiro presidente eleito do Brasil, foi o primeiro governador republicano de São Paulo, apontado pelo Marechal Deodoro. Como é fato pouco disputado que a elite cafeeira paulista e escravocrata era a principal força econômica contrária ao Império, podemos ter uma ideia da dimensão política que o grupo político de Prudente de Morais teve na fundação da República.

Assim, temos que o primeiro presidente eleito do Brasil já era um ex-governador de São Paulo. A Prudente de Morais seguiram-se (listo os presidentes eleitos em ordem cronológica): Campos Sales, paulista, Rodrigues Alves, paulista, e Afonso Pena, mineiro, que morre no cargo. Todos esses paulistas pertenciam ao PRP, Partido Republicano Paulista, e o mineiro pertencia ao Partido Republicano Mineiro. Todos eram ex-governadores dos seus estados. Rodrigues Alves, inclusive, era um ex-governador dos tempos do Império. Para os contemporâneos, deve ter sido fácil enxergar a República como a tomada do poder pela elite paulista.

Os demais políticos o período
Tal como na época de Jânio/Jango, as eleições para presidente e vice eram avulsas. Vale notar que os primeiros vice-presidentes eleitos eram um baiano e um pernambucano. O baiano, Manuel Vitorino era um opositor de Prudente de Morais que tomava medidas opostas quando ocupava a presidência. Enturmado com o Marechal de Ferro, enviou para Canudos o mesmo militar que ganhara em Florianópolis o apelido de Treme-Terra, em função dos fuzilamentos. Comprou o Palácio do Catete e decidiu que ali seria a sede da presidência. Quando Prudente de Morais sofreu um atentado – um outro homem de sobrenome Bispo tentara esfaqueá-lo –, a carreira de Manuel Vitorino afundou.

A figura de Vitorino é interessante por ser exemplar de um certo civil de mão de ferro que apoiava os militares. Esta era a real oposição à política do Café com Leite puxada por São Paulo. Outros segundos colocados nessas eleições presidenciais foram Lauro Sodré, militar paraense que ficou em segundo lugar duas vezes (contra Campos Sales e Afonso Pena), e Quintino Bocaiuva, um civil fluminense muito próximo dos militares. A única exceção a esse perfil entre os segundos colocados até aqui é Afonso Pena: o primeiro pleito no Brasil fora entre ele e Prudente. Ao cabo, ambos tornaram-se aliados.

Além de segundo colocado em 1894, Afonso Pena foi eleito vice-presidente junto com o veterano Rodrigues Alves em 1902. Terminado o mandato deste, o próprio Afonso enfim se elege em 1906. Mas morre – e aí a ordem centrada em São Paulo leva uma sacudida, pois o seu vice era um político do Rio de Janeiro.

Uma primeira sacudida
Morre o mineiro Rodrigues Alves, entra o primeiro presidente do Rio. Nilo Peçanha, do Partido Republicano Fluminense, um advogado mulato natural de Campos, fez um governo muito popular e apoiou para a sua sucessão um militar: Hermes da Fonseca, sobrinho de Deodoro, natural do Rio Grande do Sul (seu pai alagoano fora para lá por causa da Guerra do Paraguai). Seu partido era o PRC, Partido Republicano Conservador. Diferentemente do PRP ou do PRM, era um partido de pretensões nacionais. Tinha expressão no Rio Grande do Sul e em Pernambuco. O próprio Hermes estudara na Praia Vermelha, no Rio.

Hermes da Fonseca contou com o apoio amplo, mas com a oposição de São Paulo. Desta vez, a oligarquia não tentara eleger um membro seu. Associara-se ao baiano Ruy Barbosa e tentara emplacar o intelectual civil contra o marechal. A eleição de 1910 foi a primeira com uma disputa real. Em meio a muitas acusações de fraude, e contra a vontade do Café com Leite, elegeu-se Hermes da Fonseca.

A presidência de Hermes da Fonseca (1910 – 1914) foi bastante centralizadora e entrou em conflito com as oligarquias estaduais (na Bahia, o Forte São Marcelo chegou a bombardear o palácio do Governo, onde estava a Biblioteca Pública, e o aliado de Ruy Barbosa transferiu a capital para Jequié, no sertão).

Depois de Hermes da Fonseca, porém, o Brasil voltou à política do Café com Leite. Elegeu, nesta ordem: um presidente do PRM (Venceslau Brás), um do PRP (Rodrigues Alves, morto antes de assumir), dois do PRM (Epitácio Pessoa e Arthur Bernardes) e dois do PRP (Washington Luís e Júlio Prestes). Todos eram ex-governadores de São Paulo ou de Minas, exceto Epitácio Pessoa, que era paraibano e tinha boas relações com ambas as oligarquias. Sua carreira política prévia incluía a chefia da delegação brasileira no Tratado de Versalhes.

Júlio Prestes, como se sabe, não chegou a assumir porque Getúlio Vargas saiu do Rio Grande do Sul e deu um golpe de Estado. Entre o fim da presidência de Hermes e o golpe de Getúlio passaram-se 26 anos. Foram anos conturbados, com as revoltas militares do Tenentismo (sendo as mais famosas a Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana e a Coluna Prestes), bem como com muito sangue derramado pelo Cangaço e com muito temor de uma revolução comunista. Ainda assim, foi um período em que São Paulo esteve no coração do poder no Brasil.


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A ESQUERDA É UMA ILHA E A DIREITA É UM OCEANO

 

Eleições

Por
Guilherme de Carvalho


Fiéis evangélicos realizam “culto pela pátria” no centro de Curitiba, em 7 de setembro de 2022.| Foto: Fernando de Jesus

Eu sempre gostei de acompanhar canais de notícias, como Globo News e CBN, mas nos últimos anos quase abandonei essas mídias, em parte por falta de tempo, em parte como método – a internet nos permite obter mais em menos tempo. Claro, o mérito de um grande jornal é a curadoria da informação e a qualidade da opinião, mas no segundo quesito a coisa anda triste.

Foi um amigo próximo, o escritor Rodolfo Amorim, quem me alertou sobre o comentário de Octávio Guedes – e eu gosto do sujeito – sobre os primeiros resultados da eleição de domingo passado na Central das Eleições. Pouco depois das 21h52, o jornalista lamentou “o derretimento do mundo político”. A análise é muito boa, e o trecho merece ser lido na íntegra:

“O que a gente viu agora, neste primeiro turno de 2022, é um derretimento total do mundo político. O Lula (PT), com 76 anos, é uma ilha cercada num oceano de extrema-direita e do conservadorismo. Tira o Lula da cena para combater Jair Bolsonaro (PL), a extrema-direita do bolsonarismo, o que sobra?”

Afirma-se o tempo todo a defesa da democracia, e o fato é que a democracia entrega na porta do jornalismo brasileiro um mundo que ele não quer aceitar

Perfeito; é exatamente isso. O progressismo, incluindo a extrema-esquerda, o lulopetismo e a social-democracia, se tornou uma ilha. Há algo de escatológico nisso, um sentimento de fim-do-mundo ou, ao menos, de um mundo. É o “derretimento total do mundo político”. E o jornalista observa que há um oceano à direita, no qual ele mistura sem qualificações a “extrema-direita” e o “conservadorismo”, quase como se fossem dois lados da mesma moeda.

Eu me sinto chocado, mas não com o resultado das eleições, e sim com o choque – chocado com o choque – do jornalista. Eu tentei, meus amigos, assistir com meus próprios olhos aos comentários globais sobre as eleições no dia seguinte, até que veio a gota d’água, no Em Pauta, da Globo News: dessa vez, da boca de Eliane Cantanhêde, que já havia falado em 2018 dos “ventos conservadores que assolam o Brasil”:

“O Brasil é maior do que essas ondas conservadoras. Elas vêm, elas vão, e o Brasil fica.”

De certo modo eu concordo; o Brasil é maior mesmo. Mas o problema dessa declaração também é maior; trata-se de um modo de imaginar o Brasil que vem sendo repetidamente falsificado nesse grande altar de validação dos sonhos políticos, que é a urna. Afirma-se o tempo todo a defesa da democracia, e o fato é que a democracia entrega na porta do jornalismo brasileiro um mundo que ele não quer aceitar. Esse mundo é um “oceano”, uma “tempestade”, uma “ventania” uma “onda”, mas nunca é admitido como o que é: uma estrutura constitutiva da nação.

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O que é “o Brasil”? Penso ser essa uma das maiores interrogações implícitas na discussão contemporânea. Penso no importante trabalho publicado por Antônio Risério, Em Busca da Nação, que denuncia com erudição o domínio hegemônico de uma construção distorcida da história nacional, obra de uma esquerda programática, incapaz de pensar de modo genuninamente pluralista. Os ressentimentos cultivados pelo espírito do lulopetismo e, agora, pelo identitarismo abortam os processos de acomodação e fusão das diferenças nacionais, e corrompem a própria imaginação nacional. A prova está aí: o jornalismo brasileiro, dominado pela mentalidade de esquerda, não consegue imaginar um Brasil conservador.

Mas o problema vai ainda mais fundo: a ascensão de Bolsonaro dependeu, inegavelmente, do movimento evangélico brasileiro, em si mesmo extremamente diverso, mas majoritariamente conservador na compreensão da identidade, do sexo, do corpo e da família. Em termos de psicologia moral, esse grupo é vetor de uma mentalidade conservadora-moderada, diferente dos valores W.E.I.R.D., do progressismo liberal urbano, criativo, individualista e hedonista. Seu crescimento vinha sendo observado e tutelado havia décadas pela inteligência sociológica e política nacional, quase como um corpo estranho na formação nacional.

Pois o fato, óbvio ao olho atento, é que as grandes teorias de interpretação nacional nunca consideraram a possibilidade de um fenômeno como o evangelismo moderno. O mundo de Gilberto Freyre, de Sérgio Buarque de Holanda e de Caio Prado Jr. era aquela versão antiga do problema brasileiro, da dialética entre uma mente conservadora, católica, antimoderna, retrógrada, detentora da simbologia nacional, e o progressismo social, cultural e político que floresce na onda da urbanização e da industrialização. Depois disso o país viu se desenvolver, entre a ditadura e a redemocratização, uma segunda versão dessa dialética, de um conservadorismo neoliberal autoritário e uma esquerda renovada, democrática, jovem e mais defensora dos direitos humanos do que das “massas operárias”. Mas essas eram as cartas no jogo até poucos anos atrás. Quando Darcy Ribeiro lançou O Povo Brasileiro, em 1995, o jogo ainda era esse.

Se agora a universidade, o jornalismo, a produção cultural nacional e a política progressista se veem ilhados, é em parte por sua própria arrogância

E então chegaram os evangélicos. É verdade que o début evangélico como protagonista nacional foi profundamente desajeitado; deixou a ala progressista de cabelo em pé, e os católicos conservadores se mantêm em uma compreensível celebração desconfiada. Afinal, o espírito do evangelismo nacional é muito moderno, e não corresponde bem ao velho modelo “TFP”. Trata-se de um elemento estranho, por vezes conservador – diante dos identitarismos da esquerda – e por vezes progressista, como no lugar de importância dado à mulher e em seu poderoso impulso à liberdade individual e ao empreendedorismo. Pessoalmente, acho seu alinhamento quase incondicional com o bolsonarismo algo desastroso, mas não penso que o movimento inteiro possa ser julgado apenas por isso.

Mas vamos ao meu ponto principal: a ascensão dos evangélicos conservadores não é uma “onda”, ou uma “ventania”. Não se trata apenas de um “conservadorismo” – um recorte político-ideológico verossímil, mas insuficiente de um fenômeno muito mais espesso. Trata-se de um outro modo de imaginar a vida, a partir da fé, que reconfigura o que significa ser brasileiro. É outro Brasil, que nunca esteve nos livros, e acabou de chegar. Um Brasil cheio de pecados, assim como o Brasil freyereano e o Brasil de Florestan Fernandes; só que diferente.

A recusa teimosa de aceitar a existência desse Brasil está por trás da perda da comunicação política. A ilha liberal-progressista fingiu, para si mesma, que esse Brasil não existia, e o ignorou. E acabou acontecendo aqui o mesmo que se deu em outros países ocidentais: uma nova “luta de classes” que, por aqui, ainda não foi adequadamente analisada, com a ascensão de um novo proletariado cultural, aliado (ocasionalmente ou permanentemente? Não sei dizer) do antigo conservadorismo católico. Os grandes grupos jornalísticos nacionais não conseguem se comunicar com esse grupo; nem a antiga classe política. Por isso ela “derreteu”; ela vinha derretendo desde 2013. Se agora a universidade, o jornalismo, a produção cultural nacional e a política progressista se veem ilhados, é em parte por sua própria arrogância.

Mas há uma interrogação muito pertinente, que poderia ser levantada nesse momento: o quanto o espírito evangélico processa e adapta o antigo conservadorismo nacional? Será ele simplesmente isso, uma versão do conservadorismo católico, ou está em curso uma transformação dele? Será o evangelicismo brasileiro capaz, em algum momento, de amadurecer e contribuir substancialmente para a nação? Saberemos nos próximos anos se tudo foi mesmo apenas uma “onda”, uma “ventania” ou, para o bem ou para o mal, o nascimento de uma coisa nova.


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JOGO DE CARTAS DESENVOLVE HABILIDADES NOS NEGÓCIOS

 

Isabela Carvalho – Hatsur Comunicação Integrada

Hand holding cards ready to play bridge

Bridge sobrevive ao tempo e atrai novos jogadores por desenvolver estratégia e habilidades nos negócios

Modalidade de cartas para quatro pessoas é a preferida de alguns dos homens mais ricos do mundo, como Bill Gates e Warren Buffett

 Você já jogou bridge? O jogo de cartas jogado com um baralho convencional é tradição entre várias gerações. Amado por personalidades e grandes magnatas, como Bill Gates, fundador da Microsoft e Warren Buffett, diretor executivo da Berkshire Hathaway, ambos com fortunas superiores a US$ 100 bilhões, o jogo é incentivado como uma ferramenta importante para treinar a estratégia e habilidades nos negócios. Mas, como um simples jogo pode fazer a diferença nesses aspectos?

Famosa por incentivar a cultura do baralho no Brasil, a Copag é pioneira na fabricação 100% nacional das cartas e mantém a tradição, mesmo com mais de 114 anos de história. A empresa fez parte, ainda, da popularização do jogo no país.

“O bridge é tradição que passa de pai para filho. Os quase 500 anos de história mundo afora mostram que é algo permanente. Por isso, o vemos não apenas como uma modalidade de jogos de baralho, mas como a manutenção da história. A criação de estratégias que o jogo exige é uma excelente ferramenta para treinar e desenvolver habilidades desde criança. Hoje, algumas das mentes mais brilhantes e empresários mais bem sucedidos têm um histórico ou alguma vivência com o jogo, o que nos motiva a apostar cada vez mais no incentivo a novos adeptos, mesmo na era da tecnologia”, explica Mariana Dall’Acqua, VP de Marketing da Copag.

Mas, afinal, o que é o bridge, conhecido como “o jogo dos bilionários”? Feito para jogar em quatro pessoas, divididas em dois pares, cada mão de bridge inicia com 13 cartas. Após todas as cartas serem distribuídas, quem as distribuiu começa um leilão, que marca o início da partida. O jogador que deu as cartas escolhe um naipe. Então, cada um deve jogar uma carta desse naipe, começando pela mais alta. Depois dos descartes, quem jogou a mais alta recolhe todas da mesa, e assim por diante, até algum dos jogadores ficar sem cartas. Vence a primeira equipe a fazer 100 ou mais pontos.

A história de bridge atravessa séculos. Os primeiros sinais da modalidade datam de 1529, na Inglaterra. Desde então, conquista o mundo. Hoje, existem campeonatos profissionais por todo o planeta, inclusive um torneio mundial. No Brasil, o próximo campeonato nacional está marcado para outubro.

Por aqui, o bridge surge após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, em São Paulo, pelas mãos de imigrantes italianos. Em 1931, aconteceu o primeiro torneio de Bridge da cidade. Desde então, a modalidade cresceu e passou por várias gerações. A tradição do país com o jogo já motivou até mesmo uma edição do torneio mundial, em 2009. “Continuar a escrever a história do bridge no Brasil é uma das nossas missões. Acreditamos na força e na tradição dos jogos em cards e convidamos os mais jovens a viver com a gente essa incrível cultura”, conclui Andrea Junqueira, presidente da Associação Paulistana de Brigde.

Sobre a Copag

Nossa expertise com baralho ultrapassa os 100 anos de existência, e competência, arrojo e tecnologia, bem como a preocupação com o elemento humano, sempre foram nosso maior bem. Modernidade, inovação e criatividade fizeram da Copag um destaque mundial. É por isso que em 2005 a empresa foi incorporada ao grupo internacional Cartamundi e hoje tem seus baralhos distribuídos nos cinco continentes do mundo.

Voltada à preocupação com as pessoas, a Copag desenvolve projetos junto ao seu comitê de Diversidade, o qual busca proporcionar ambientes que promovam a pluralidade cultural e social.

FANS TOKENS DA VALEON

Os Clubes de Futebol no Brasil e no Mundo estão alinhados fora de campo e estão investindo em inovação e no mercado de criptoativos, mais especificamente as Fans Tokens que são moedas digitais chamadas de CHILIZ(CHZ).

A novidade é atribuir um valor de ativo financeiro a um produto com o qual o fã cria relacionamentos e experiências com o Clube de Futebol e que antes era apenas um serviço sem valor de revenda ou de valorização desse ativo. As Fans Tokens ajudam os clubes a melhorar a parte financeira.

Assim como nenhum elemento do marketing faz nada sozinho, não só em clubes, mas em qualquer empresa, as Fans Tokens também precisam ter a imagem trabalhada para chegar ao consumidor de forma clara, oferecendo algo que seja palatável e legível ao torcedor, ou seja, as pessoas precisam entender do que se trata este ativo digital para poder consumi-lo.

Como toda inovação, as Fans tokens ainda estão numa fase inicial e todos nós estamos aprendendo com elas. Não podemos perder de foco é que a tecnologia não pode ser o fim, a tecnologia é simplesmente o meio e é a chave para o engajamento e temos que compreender que a tecnologia pode gerar lucro, construir operações sustentáveis, proteger a integridade da concorrência, desenvolver multiplataformas e muito mais.

Engajar os fãs não é algo exclusivo do esporte. Pelo contrário, todas as marcas querem encantar seus consumidores e engajá-los das mais variadas formas. Descobrir essas formas é uma das muitas atividades de quem trabalha com comportamento do consumidor.

Em marketing, podemos definir o engajamento do cliente como os comportamentos espontâneos, interativos e cocriativos do consumidor, principalmente em trocas não transacionais entre consumidor e empresa para atingir seus objetivos individuais e sociais.

Em outro contexto, porém, podemos pensar no engajamento como um estado de espírito motivacional relacionado à marca e dependente do contexto de um cliente, caracterizado por níveis específicos de atividade cognitiva, emocional e comportamental nas interações da marca. E, nesse aspecto, surge um fator importante: como os consumidores engajados fornecem referências e recomendações para produtos específicos, o engajamento do cliente é um elemento-chave nas estratégias das empresas para o desenvolvimento de soluções, de novos produtos e retenção de clientes. É aqui que surge a ideia da monetização.

A Startup Valeon cria as FANS TOKENS VALEON para premiar uma enorme comunidade de consumidores que utilizam as redes sociais, que são o nosso público-alvo, que são as pessoas que achamos que podem realmente se beneficiar do nosso produto que é a Plataforma Comercial Marketplace Valeon e muitas vezes não possuem o conhecimento básico de como o nosso produto funciona.

As Fans Tokens são para aqueles que não querem apenas ser espectadores, mas para aqueles que desejam ter um papel mais ativo na comunidade das redes sociais.

A tokenização fornece novas maneiras inspiradoras de classificar valor, criando novos ativos ou reinventado os tradicionais, abrindo portas para melhoria de processos totalmente novos, fluxos de receitas e envolvimento dos clientes com novas oportunidades.

Pensando nisso, a Startup Valeon através do seu Site, aposta na possibilidade de trazer o consumidor que pode estar longe ou não conhece a Valeon para perto da gente e ainda ser nosso colaborador participando ativamente do nosso desenvolvimento, gerando transformações e tendo o direito de fornecer conhecimentos específicos para o desenvolvimento do Site.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

LULA APOIA ORTEGA DITADOR DA NICARÁGUA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr

Já faz algum tempo que certas afirmações não podem ser feitas em voz alta no Brasil sem que “fiscais da verdade” e “editores da sociedade” queiram multar, desmonetizar, censurar ou até prender – tudo, claro, em nome da “democracia”. Pois nesta quarta-feira o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral, acrescentou mais um item à lista de tabus: a amizade que une o ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula ao ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, que em seu país aboliu as liberdades religiosa, de expressão e de imprensa. Tanto não se pode mais falar disso em público que Twitter e Facebook foram obrigados, em liminar, a remover cerca de 30 publicações que destacam os laços que unem a dupla. Uma destas publicações foi feita pela Gazeta do Povo em seu perfil no Twitter, ao noticiar a suspensão do canal da rede de televisão CNN no país centro-americano.

Logo na primeira página da decisão, Sanseverino menciona a “publicação por diversos perfis de redes sociais conteúdos manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de igrejas, perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da Nicarágua”, acrescentando que, segundo a petição da coligação de Lula, “as publicações buscam associar que o candidato Lula apoiaria veementemente um regime autoritário e que persegue cristãos, o que sabiamente é uma inverdade”. E Sanseverino conclui que “as publicações impugnadas transmitem, de fato, informação evidentemente inverídica e prejudicial à honra e à imagem de candidato ao cargo de presidente da República nas eleições 2022. As publicações transmitem de forma intencional e maliciosa mensagem de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é aliado político do ditador da Nicarágua Daniel Ortega, e assim como ele será contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”.

Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Lula e Ortega são aliados, porque esta é a mais pura verdade. Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Ortega persegue cristãos, porque esta é a mais pura verdade

É preciso perguntar em que planeta Sanseverino vive para afirmar, com tanto despudor, que são “evidentemente inverídicas” as afirmações de que Lula apoia Ortega, ou de que o ditador nicaraguense persegue os cristãos em seu país. Os laços entre ambos estão fartamente documentados, inclusive com episódios bastante recentes. A Nicarágua não era uma democracia pujante que degringolou apenas nos últimos meses; Ortega já impunha um regime de força sobre seu país havia ao menos alguns anos, e na eleição de 2021 chegou ao ponto de perseguir seus opositores, prendendo alguns e mandando outros para o exílio. Isso não impediu o PT de lançar uma nota saudando a vitória do socialista (sobre a qual, ainda por cima, pairaram muitas suspeitas de fraude) como uma “manifestação popular e democrática” e afirmando que os sandinistas nicaraguenses ajudariam a transformar a América Latina em uma “região de paz e democracia social que possa servir de exemplo para todo o mundo”. O mal-estar causado foi tanto que a nota foi removida do site do partido posteriormente, sob a alegação de que ela não tinha sido “submetida à direção partidária”.

Mas, para que não restasse dúvida alguma da aliança que une lulopetismo e sandinismo, o próprio Lula saiu em defesa de seu amigo dias depois, em entrevista ao El País. “Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder, e Daniel Ortega não?”, questionou o petista, criando uma equivalência entre um regime parlamentarista democrático, em que as regras do jogo são seguidas à risca, e um regime presidencialista em que o Estado de Direito foi abolido para garantir a perpetuação de Ortega no poder. Não se trata, portanto, de dizer que Lula é apenas aliado de Ortega, embora não concorde com a forma como o ditador governa seu país; mesmo depois que a tirania se implantou, o lulopetismo seguiu e segue endossando o nicaraguense – o que não surpreende, pois Cuba e Venezuela são ditaduras há muito mais tempo e o PT jamais lhes retirou apoio. Em outras palavras, sim, Lula apoia veementemente um regime autoritário, e que persegue cristãos a ponto de encarcerar bispos, proibir manifestações públicas de devoção, expulsar congregações inteiras e fechar canais de televisão confessionais – e laicos, como no caso da CNN, episódio que Sanseverino quer impedir a Gazeta de noticiar no Twitter. Não há inverdade alguma nisso.


Inverdade mesmo quem promove são os advogados de Lula e o ministro Sanseverino quando dizem que, de acordo com as publicações, Lula, assim como Ortega, “será contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”. Afinal, nenhuma das cinco postagens censuradas que Sanseverino cita em sua liminar diz isso; o que elas fazem é afirmar que quem está perseguindo os cristãos é Ortega (o que é verdade), e que ele conta com o apoio de Lula (o que também é verdade) – o quinto trecho mencionado, aliás, nem trata de perseguição aos cristãos, pois se refere ao corte de sinal da emissora CNN. Se isso é o melhor que o ministro conseguiu reunir para justificar a censura, podemos afirmar sem a menor sombra de dúvida que quem está promovendo fake news não são os autores das publicações derrubadas, mas os advogados e o ministro que atribuem às vítimas do arbítrio afirmações que elas não fizeram.

Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Lula e Ortega são aliados, porque esta é a mais pura verdade. Jamais alguém deveria ser proibido de dizer que Ortega persegue cristãos, porque esta é a mais pura verdade. Impedir quem quer que seja, candidatos, parlamentares (que, ainda por cima, estão protegidos pela imunidade material, descrita no caput do artigo 53 da Constituição Federal), pessoas comuns ou veículos de comunicação, de dizer publicamente a verdade é de uma sanha ditatorial poucas vezes vista desde o fim do regime militar, 37 anos atrás. Mas é o que o petismo e setores do Judiciário vêm fazendo sem a menor hesitação. Cada novo episódio de censura imposto pelos tribunais superiores, com o silêncio cúmplice ou mesmo o aplauso de muitos setores da própria imprensa e da sociedade civil organizada, é uma marretada na ainda jovem democracia brasileira.

Que Lula e seu império da mentira queiram calar quem escancara a camaradagem entre o PT e ditadores latino-americanos é esperado; a mentira está na essência do lulopetismo. Mas que um juiz eleitoral aceite dessa forma transformar-se em censor é inaceitável e mostra como a democracia já ruiu pelas mãos daqueles mesmos que afirmam trabalhar para defendê-la.


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TSE CENSURA JORNAL A PEDIDO DE LULA

 

Censura judicial
Por
Gazeta do Povo


Daniel Ortega e Lula em 2010, durante visita do ditador nicaraguense a Brasília.| Foto: EFE/Fernando Bizerra Jr

O ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que o Twitter e o Facebook removam 31 postagens que apontam o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua. A censura judicial, de caráter liminar (provisório), atinge também um tweet da Gazeta do Povo, de 22 de setembro, com a notícia de que o regime de Ortega havia cortado o sinal do canal de notícias CNN naquele país.

Sanseverino atendeu a um pedido de censura da coligação de Lula, que alegou que, em conjunto, as postagens promoviam “reiterada campanha difamatória” contra o petista, “com o objetivo de incutir no eleitor a ideia de que ele persegue e ameaça cristãos, assim como seu aliado e amigo, o ditador da Nicarágua Daniel Ortega”. Na decisão, o ministro diz que as postagens, apresentadas ao TSE pela coligação de Lula, têm “conteúdos manifestamente inverídicos em que se propaga a desinformação de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a invasão de igrejas, perseguiria os cristãos, bem como apoiaria a ditadura da Nicarágua”.

Em nota, a diretora da Gazeta do Povo, Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, afirmou que a decisão é “censura pura e simples”. “A decisão do TSE contra as postagens nos perfis das redes sociais da Gazeta do Povo é, sem sombra de dúvidas, censura pura e simples. Derrubar conteúdos verdadeiros, e perfeitamente verificáveis, é prática de ditaduras. A decisão, no entanto, reacende a nossa vontade de continuar lutando para que a liberdade de expressão seja totalmente reestabelecida no Brasil, pois, infelizmente, não somos um caso único e inédito. Hoje vemos crescer cada vez mais a interferência de Judiciário contra a liberdade de imprensa. Vamos lutar contra a decisão arbitrária nas esferas cabíveis.”

Entidades como a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e o Instituto Democracia e Liberdade (IDL) também criticaram a decisão (leia abaixo).

Para basear sua decisão, Sanseverino citou dispositivos do Código Eleitoral e de resoluções do TSE que dizem que não será tolerada propaganda eleitoral que “caluniar, difamar ou injuriar qualquer pessoa, bem como atingir órgãos ou entidades que exerçam autoridade pública”. A remoção dos posts também tem como base regra aprovada no fim do ano passado pelo próprio TSE, que veda “a divulgação ou compartilhamento de fatos sabidamente inverídicos ou gravemente descontextualizados que atinjam a integridade do processo eleitoral”. A matéria da Gazeta do Povo noticiava o fechamento da CNN na Nicarágua, fato amplamente conhecido.

“Na hipótese dos autos, em análise superficial, típica dos provimentos cautelares, observo que as publicações impugnadas transmitem, de fato, informação evidentemente inverídica e prejudicial à honra e à imagem de candidato ao cargo de presidente da República nas eleições 2022. As publicações transmitem de forma intencional e maliciosa mensagem de que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva é aliado político do ditador da Nicarágua Daniel Ortega, e assim como ele será contra os evangélicos e irá perseguir os cristãos”, escreveu Sanseverino. A reportagem da Gazeta do Povo em questão não citava a perseguição a cristãos. Mas também é fato que a ditadura nicaraguense está cada vez mais violenta contra a liberdade religiosa.

O magistrado deu como exemplos postagens, indicadas pela defesa de Lula, publicadas por políticos e influenciadores digitais, contendo críticas a atos do regime de Ortega contra veículos de mídia e religiosos, alertando para o risco de Lula adotar medidas semelhantes no Brasil.

Entre os alvos da ação estão o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o assessor internacional da Presidência da República Filipe Martins, o deputado federal Paulo Martins (PL-PR), o ex-secretário nacional de Cultura e deputado eleito Mario Frias (PL-SP), o deputado estadual Tenente Nascimento (Republicanos-SP), além de jornalistas e comentaristas políticos, como Rafael Fontana, Leandro Ruschel e Kim Paim.

No pedido de censura, a coligação de Lula alegou que é falsa a narrativa de que Lula apoia o regime de Ortega. Os advogados do ex-presidente dizem que ele “jamais demonstrou qualquer tipo de apoio ao regime da ditadura”. “Os representados propagaram conteúdo gravemente descontextualizado, buscando propagar fato sabidamente inverídico de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiaria medidas autoritárias realizadas pelo Presidente da Nicarágua Daniel Ortega”, diz a ação. Os advogados dizem ainda que Lula “sempre pautou sua atuação de modo a respeitar a liberdade de crenças e religiões”. Por fim, citaram agências de checagem que teriam desmentido boatos de que Lula censuraria padres, pastores e ameaçaria igrejas no Brasil.

Na parte em que pediu a remoção da postagem da Gazeta do Povo, a coligação de Lula alegou que o jornal tentaria “induzir ao pensamento de que o ex-presidente compactua com a ditadura”. “As publicações acima referidas buscam associar que o candidato Lula apoiaria veementemente um regime autoritário e que persegue cristãos, o que sabiamente é uma inverdade”, disseram os advogados de Lula na ação – a postagem e a notícia publicada pelo jornal não afirmam que o ex-presidente perseguiria cristãos.

A defesa de Lula também pediu que o TSE determinasse que todos os alvos da ação se abstenham de veicular conteúdos semelhantes. O ministro não atendeu a esse último pedido. Ele determinou que Twitter e Facebook removessem as postagens, sob pena de multa R$ 10 mil por dia. Todas as partes foram intimadas a se defender. O Ministério Público Eleitoral, que também opina nos processos de propaganda, ainda não apresentou parecer.

Censura
Em nota, o presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Marcelo Rech, criticou a decisão. “A ANJ protesta veementemente contra a censura imposta pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do TSE, a uma publicação do jornal Gazeta do Povo no Twitter. A decisão contraria frontalmente a Constituição, que não admite censura à imprensa. A legislação brasileira dispõe de uma série de mecanismos para dirimir eventuais abusos à liberdade de expressão, mas neles não se inclui a censura”.

O Instituto Democracia e Liberdade (IDL) também manifestou repúdio à decisão. “Lamentamos que mais uma vez o Judiciário brasileiro atente contra a liberdade. Agora, cerceando um dos veículos mais importantes do Brasil, a Gazeta do Povo, jornal centenário, que é um dos pilares do jornalismo responsável e imparcial. Em meu nome, e da instituição que presido, o IDL, meu mais veemente repúdio”, disse, em nota, o presidente da entidade, Edson José Ramon.

O advogado constitucionalista André Marsiglia Santos, especializado na defesa da liberdade de imprensa, considera que, com decisões do tipo, de retirar do ar reportagens ou postagens de veículos de comunicação, o TSE tem interferido no processo eleitoral.

“Esse caso pode ser avaliado em conjunto com um posicionamento do TSE que tem se tornado recorrente. Que é o de entender eventuais imprecisões técnico-jurídicas de uma matéria, ou um apelo na notícia, algo normal e que faz parte do fazer jornalístico, como algo sabidamente inverídico. Isso tem servido para retirar matérias do ar e promover censura, sob a justificativa de não haver interferência nas eleições. Mas o que eles estão fazendo são interferências”, disse. “O que é para ser banido é aquilo que não se pode contestar de forma alguma, uma matéria inteira, não um trechinho ou uma imprecisão. Se há um trecho impreciso, e a matéria sai do ar, 90% que é verídico é censurado”, afirma.

Outro problema, diz ele, é que muitas decisões têm como base conteúdos publicados por agências de checagem. “(As agências) não têm função pública e não são um instituto totalmente impassível de erro. Basear em cima disso é perigoso.” Por fim, ele observa que algumas campanhas têm pedido ao TSE o banimento de conteúdos jornalísticos junto com postagens de apoiadores de candidatos. “É uma estratégia de descredibilizar imprensa que tem de ser rechaçada”, afirmou.

Liminar tem como precedente decisão de Cármen Lúcia contra Eduardo Bolsonaro

A liminar de Sanseverino apresenta como precedente outra decisão, proferida em setembro pela ministra Cármen Lúcia, na qual ela determinava a remoção de uma postagem de Eduardo Bolsonaro em que ele escreveu que “Lula e PT apoiam invasões de igreja e perseguição de cristãos”. A coligação de Lula apontou “propagação de fake news” e a ministra concordou. Afirmou que as postagens de Eduardo configuravam propaganda eleitoral negativa e ofensa à honra do candidato representante [Lula] e do partido ao qual é filiado [PT].”

“Não são críticas políticas ou legítima manifestação de pensamento. O que se tem é mensagem ofensiva à honra e imagem de pré-candidato à presidência da República, com divulgação desinformação sabidamente inverídica”, escreveu ministra. No dia 13 de setembro, a decisão foi referendada por unanimidade pelos outros seis ministros que julgaram o caso: Alexandre de Moraes (presidente do TSE), Ricardo Lewandowski, Benedito Gonçalves (corregedor da Justiça Eleitoral), Raul Araújo, Sérgio Banhos e Carlos Horbach.

O apoio de Lula e do PT a Ortega
É antiga e conhecida a proximidade de Lula com Ortega, que governa a Nicarágua desde 2007. Em 2010, quando era presidente, o petista disse, em tom de brincadeira, que os dois integravam o “eixo do mal”. “Onde vai ser publicada essa foto, [Ricardo] Stuckert?”, perguntou Lula ao fotógrafo oficial da Presidência, enquanto apertava a mão de Ortega, durante uma cerimônia no Itamaraty. “Vai ter uma pequena manchetezinha: ‘el goviernantes del eixo del mal se encuentran’”, ironizou Lula.

Em 2018, quando Ortega promoveu uma repressão a opositores que resultou na morte de mais de 360 pessoas, o PT deu respaldo ao regime, durante um encontro do Foro de São Paulo em Havana. “Depois de tantos sucessos, sofremos uma contraofensiva neoliberal, imperialista, multifacetada, com guerra econômica, mediática, golpes judiciais e parlamentares, como ocorre na Nicarágua e ocorreu na Venezuela”, disse, durante o encontro, Mônica Valente, dirigente do PT e então secretária-executiva da organização de esquerda.

Participaram do encontro, em julho daquele ano, a ex-presidente Dilma Rousseff e o então presidente da Bolívia, Evo Morales, e o da Venezuela, Nicolás Maduro.

Em 2020, quando o Foro de São Paulo completou 30 anos, num debate online com a presença de Maduro e do líder cubano Miguel Díaz-Canel, Ortega, ao lado da mulher, Rosario Murillo, mandou “nosso abraço e nosso carinho para Lula, que está no nosso coração”. Lula é presidente de honra do PT e fundou o Foro de São Paulo em 1990, junto com Fidel Castro.

No fim do ano passado, o apoio do PT ao regime de Ortega novamente chamou a atenção da comunidade internacional. No dia 8 de novembro, o partido divulgou uma nota celebrando a eleição que deu a Ortega seu quarto mandato consecutivo. Na disputa, os outros cinco candidatos estavam presos ou exilados e três partidos de oposição foram cassados. A Organização dos Estados Americanos (OEA) classificou a eleição como “ilegítima”.

Em seu site, no entanto, o PT classificou a eleição na Nicarágua como “uma grande manifestação popular e democrática” e que o resultado demonstrava “o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”.

Dois dias depois, a nota foi retirada do site do partido. À época, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a nota “não foi submetida à direção partidária”. “Posição do PT em relação a qualquer país é defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte de governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro”, escreveu ela nas redes sociais.

Ainda em novembro de 2021, numa entrevista ao jornal espanhol El País, Lula minimizou a ditadura na Nicarágua e comparou Ortega à então chanceler da Alemanha, Angela Merkel. “Temos que defender a autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que Felipe González aqui [na Espanha] pode ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?”, disse o petista.

Quando a entrevistadora disse que Merkel e Gonzalez não mandavam prender opositores, como Ortega, Lula tentou se corrigir. “Eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso […] Eu não sei o que as pessoas fizeram para ser presas […] Se o Daniel Ortega prendeu oposição para não disputar eleição, como fizeram contra mim, ele está totalmente errado”, afirmou o ex-presidente.

Nesta terça (4), Ortega enviou uma carta a Lula parabenizando-o pela votação no primeiro turno das eleições. “Este primeiro momento de triunfo para as famílias e o povo do Brasil, que se levantam com esperança e as vozes de gigantes, anima e alenta a tod@s nós. Parabenizando você e o Brasil, nos congratulamos sabendo que o mundo pertence a quem luta e que estamos realizando as transformações necessárias, com coragem diária”, diz o texto.


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PALHAÇO TIRIRICA SE REELEGE NESSA ELEIÇÃO

 

Congresso Nacional

Por
Paulo Cruz


Tiririca (PL-SP) caracterizado como Roberto Carlos em paródia feita para sua propaganda eleitoral.| Foto: Reprodução/YouTube

“Geralmente os medíocres triunfavam, pois o sentimento de suas limitações intelectuais e o temor da inteligência do adversário, aliados ao receio de serem vencidos em debates com opositores mais hábeis no falar, os levavam direta e ousadamente à ação.” (Tucídides, História da Guerra do Peloponeso)

Nas eleições de 2010 um candidato inusitado se apresentava ao eleitor com um slogan não menos sui generis: Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido por seu nome artístico, Tiririca, usou como mote de campanha a frase “Pior do que tá não fica, vote Tiririca” e, num de seus vídeos, o palhaço dizia: “O que é que faz um deputado?” E, após um risinho, respondia: “Na realidade, eu não sei, mas vote em mim que eu te conto”. Foi eleito por São Paulo com 1.348.295 votos.

O parlamentar – do francês parlar, “falar” – passou quatro anos sem fazer um discurso na tribuna do parlamento. Ainda no primeiro mandato, apresentou oito projetos, seis deles voltados a artistas de circo, mas não aprovou nenhum. Mas, contrariando aquilo que os analistas viam, em 2010, como voto de protesto, Tiririca foi reeleito em 2014, ainda com um número expressivo de votos: 1.016.796. Passou todo o segundo mandato igualmente sem discursar – ou seja, sem fazer política, sem defender suas ideias – e continuou sem aprovar nenhum projeto. Em 6 de dezembro de 2017 fez seu primeiro (e último, segundo ele) discurso na Câmara. Um discurso contundente, em que se dizia muito decepcionado com a política, que abandonaria a vida pública, e conclamava seus colegas a olharem mais para o povo. Disse o deputado: “Vamos olhar pro nosso povo. O povo que eu falo é aquele povo que necessita de saúde, que eu tenho certeza que nenhum de vocês passou por isso. A gente sabe que todos nós ganhamos bem pra trabalhar… nem todos trabalham; são 513 deputados, só oito mais assíduos, eu sou um dos oito, um palhaço de circo, de profissão. Nunca brinquei aqui dentro, votei de acordo com o povo”.

Espanta-me que a disputa eleitoral seja pautada não em propostas objetivas para enfrentar os gravíssimos problemas que nos assolam, mas que estejamos presos a uma espiral de insanidade quase absoluta

Entretanto, no ano seguinte, jogando no ralo o que havia dito meses antes – e dando um tapa na cara daqueles que se empolgaram com o discurso –, Tiririca se candidatou novamente e foi reeleito com estupeficantes 453.855 votos. Agora, em 2022, por incrível que pareça, foi novamente reeleito, mas como o deputado menos votado, com 71.754 votos. Será por ter sido o deputado que mais votou contra o “governo” Bolsonaro em seu partido? Não sabemos, mas, aparentemente, a carreira política de Tiririca, após quatro mandatos, está chegando ao fim. Apesar de não ser um deputado dos mais gastões, de não ter uma grande quantidade de assessores, de não usar apartamento funcional e não ter se envolvido em nenhum esquema de corrupção, não podemos dizer que Tiririca é um deputado necessário; o dinheiro público que consumiu até agora (e consumirá até 2026) não será pouco. O leitor pode fazer as contas, se quiser passar nervoso.

A cada eleição, o horário eleitoral brasileiro vem se tornando uma atração de humor. Candidatos bizarros fazem um enorme sucesso – não só aqui, mas no exterior –, o que nos faz duvidar de nossa capacidade de compreender a importância e seriedade da representação política num sistema democrático. Nesse sentido, Platão estava certo em considerar o melhor sistema de governo como aquele em que os governantes eram os que tinham melhor preparo para a tarefa, e que a sociedade só seria virtuosa quando “a raça dos verdadeiros e autênticos filósofos” chegasse ao poder, “ou de começarem seriamente a filosofar, por algum favor divino, os dirigentes da cidade”.

Mas essa não parece ser a nossa preocupação, nem dos eleitores e muito menos dos políticos, que parecem ver na política somente uma possibilidade de se dar bem na vida e fazer um pé-de-meia com o dinheiro facílimo que passam a ganhar sem ao menos precisar trabalhar – um parlamentar custa aos cofres públicos 528 vezes a renda média do brasileiro: cerca de R$ 23,8 milhões por ano, num Congresso que nos custa em torno de R$ 14 bilhões por ano.

Isso em um país com 100 milhões de pessoas sem saneamento básico, mais de 41 mil assassinatos anuais e uma educação que está em último lugar em competitividade; onde 95% dos alunos saem do ensino médio sem conhecimento adequado de Matemática e onde 38% dos universitários são analfabetos funcionais; que tem 70 mil crianças morando na rua e que ainda precisa, em 2022, discutir a fome e a chamada insegurança alimentar – ainda que haja controvérsia nos dados – na casa dos milhões. E que, para não deixar de citar um dado que me interessa particularmente, tem uma média anual de 4,96 livros comprados por habitante. Porém, apenas 2,43 desses livros são lidos até o fim.

Por isso espanta-me o debate político brasileiro. Espanta-me que a disputa eleitoral seja pautada não em propostas objetivas para enfrentar os gravíssimos problemas que nos assolam, mas que estejamos presos a uma espiral de insanidade quase absoluta, cujas prioridades – não dos políticos, cuja única prioridade é a eleição – são pautas ideológicas e interesses políticos travestidos de preocupações morais. O país que elegeu sucessivas vezes o palhaço Tiririca e acabou de eleger o parlamento mais incontestavelmente grotesco de todos os tempos. O país que um dia teve José Bonifácio, Rui Barbosa e Antônio Pereira Rebouças, agora tem esses aí que não preciso nomear.

Não, caro leitor, a situação não é de normalidade. E, como disse o filósofo Eric Voegelin, citado na epígrafe do meu artigo da semana passada: “ninguém é obrigado a tomar parte na desordem espiritual de uma sociedade. Pelo contrário, todos são obrigados a evitar essa sandice e viverem sua vida em ordem”. Portanto, sigo nesse exercício de isentão com muito gosto. Um isentão que, curiosamente, trabalha, cuida de sua família, ensina, escreve, pensa, dialoga, crê, ora, cultiva o espírito; enfim, que procura viver sua vida em ordem. E sigo caminhando no firme fundamento das coisas que espero e na certeza das que não vejo (Hebreus 11,1). Amém.

ESPERANÇA PARA OS DESESPERADOS POLÍTICOS

 

Esperança
Uma coisa bem pomposa e sutil, com um quê de humor e lirismo

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Essas são as eleições dos girassóis.| Foto: Pixabay

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis (…).

  • Fernando Pessoa

É terça-feira e meu pescoço dói. Com dificuldade e praguejando em idiomas que nem nunca ouvi, me levanto para pegar o celular que vibra insistentemente – e um tanto quanto histericamente, eu acrescentaria. É um amigo e ele está revoltado. Comigo! Pedindo desde já perdão pela hipérbole, direi que aos berros ele reclama da crônica com viagem no tempo. “Que coisa mais infantil, cara! Por que você não escreve um texto sério, de jornalista, sobre as eleições?”, insulta e em seguida pergunta o amigo.

De pronto imagino um artigo, não!, um ensaio com muitas citações e talvez até um latinzinho para enfeitar. O título tem que ser uma coisa bem pomposa e sutil, com um quê de humor e lirismo. “Mas sem mesóclise, né?”, pergunto. Do outro lado da chamada de vídeo, o amigo faz uma cara feia (a única que tem), mas concede: sem mesóclise. “Ordem dada é ordem comprida”, digo, e saio para o escritório tropeçando na ortografia. O erro do corretor automático é, na verdade, um prenúncio.

Porque, depois de passar dois dias pensando na tarefa que o cansaço me obriga a recorrer ao clichê e chamar de hercúlea, desisto da empreitada. Ao bom amigo e demais leitores que anseiam por palavras sérias, compenetradas, todas elas de fraque, com mais de quatro sílabas e enfileiradas na frase, peço desculpas. Um dia talvez, mas não hoje. Porque hoje, ah, hoje pretendo que este espaço da Gazeta do Povo seja um porto razoavelmente seguro para espíritos atribulados. Um local onde os leitores possam encontrar a esperança que é hoje um fiapinho branco perdido no grande tecido negro da política nacional.

“Meu ser cansado e humano”
Se fosse escrever um artigo sério, me veria obrigado a falar, por exemplo, das suspeitas que pairam sobre as eleições. Sendo mais preciso: sobre a apuração dos votos. Você já deve ter recebido um dos muitos vídeos que mostram a estranha simetria dos gráficos e outros indícios que, num contexto bem diferente, isto é, num contexto de democracia e liberdade franca, passariam despercebidos, mas que chamam a atenção por causa da arrogância tecnocrata de Alexandre de Moraes, Barroso, Cármen Lúcia et caterva.

Mas de que serviriam argumentos habilmente costurados em parágrafos que se sucedem até o clímax do aforismo improvável ? Para nada. Os leitores ficariam ainda mais nervosos. E temerosos. Afinal, se há alguma coisa que nos irmana nos dias de hoje é este medo que nasce da sensação de impotência. Lutamos contra um inimigo poderoso, que chega ao campo de batalha numa liteira feita com as consciências mortas do STF e apoiada sobre os ombros da inveja, do ressentimento, da arrogância e da desonestidade.

Eu poderia. Ah, se poderia. Mas não vou. Não vou me lamuriar pelos 57 milhões de eleitores que, por ignorância, fé cega, teimosia ou cálculo maquiavélico, supostamente votaram em Lula no primeiro turno. Lamentarei, sim, o fato de não terem lido nenhum dos textos que compõem a minha humilde Trilogia do Otimismo – “Não parece, mas Lula elegível é boa notícia” (de 2021), “O que você fará se Lula (toc, toc, toc) vencer as eleições?” (2022) e o recentíssimo “O que será de nós se Lula vencer as eleições?”. Mas não me derramarei em lágrimas poeticamente comparadas às pérolas que os suínos distraidamente consomem junto com a lavagem.

Da mesma forma, e embora eu tenha muito a escrever sobre todos esses assuntos sérios, que não admitem metáforas, muito menos referências ao mundo ingênuo e algo ridículo das crianças, me recuso a falar do voto nulo. Do cidadão mimado que, entre o sorvete Liberdade e o sorvete Comunismo que lhe oferecem, prefere se jogar no chão do Grande Shopping da Democracia, esperneando e gritando “Baunilha!!! Eu quero sorvete de baunilha!!!!!”.

Em vez disso, prefiro citar um poema (calma, Ewandro!). Talvez intitulado “Poema do Menino Jesus”. Talvez do Fernando. Sim, o Pessoa. Talvez aquele poema lá de cima, da epígrafe que você não leu ou leu sem prestar atenção ou o que é epígrafe? O poema pouco ou nada tem a ver com a política nacional (ainda que em seus piores momentos faça referência a um anticlericalismo tipicamente marxista). Mas termina com uma chamada ao sonho que, pensando bem, talvez seja sentimental demais. Desculpe mais uma vez. É que hoje estou amargo.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar


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OS ELITORES BRASILEIROS AINDA SÃO INFLUENCIADOS PELAS PESQUISAS

Eleições

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


O general Hamilton Mourão foi um dos candidatos vitoriosos, apesar de estarem mal colocados nas pesquisas de intenção de voto.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Estão todos discutindo os erros, os reiterados erros das pesquisas eleitorais, que já haviam acontecido em 2018 e se multiplicaram agora, porque criou-se um grande número de empresas de pesquisa. Essa deve ser uma atividade lucrativa, que encontra quem pague e quem acredite. Mas eu queria destacar o que uma diretora do Datafolha afirmou a uma emissora de televisão. Ela disse: “as pesquisas são uma fonte de informação a que o eleitor tem acesso para definir seu voto. Mais uma fonte de informação que o eleitor considera na hora de definir o seu voto. Se não tivéssemos as pesquisas, a sociedade não teria todos esses dados para poder se informar e depois decidir seu voto”.

Ou seja, ela está confessando que pesquisas influenciam na decisão do voto. Essa é a questão crucial: uma pesquisa errada induz a uma decisão errada. Por exemplo, se ela está mostrando que um candidato não tem chance de vencer, e o eleitor não está disposto a “jogar fora” o seu voto naquele candidato, a pesquisa está influenciando o resultado eleitoral. Temos de pensar a respeito disso. A diretora estava defendendo o seu trabalho, e foi sincera. Eu não vou dizer que seja má-fé, pode ser erro, mas é um erro que está induzindo o eleitor a outro erro, essa é a questão.

Mercado sabe que este novo Congresso pode levar adiante as reformas

Vocês notaram a reação do mercado às eleições de domingo? O real se valorizou em relação ao dólar e ao euro; a bolsa de valores de São Paulo teve uma alta incrível. Por que esse otimismo? Por causa do novo Congresso Nacional que saiu das urnas de domingo: Câmara e Senado conservadores, com o partido de Bolsonaro, o PL, fazendo as maiores bancadas e trazendo com isso a possibilidade de se fazer as reformas. A Frente Parlamentar da Agropecuária foi ao Palácio Alvorada na quarta-feira para prestar apoio irrestrito ao presidente Bolsonaro. O agro, sob a liderança da ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que se elegeu senadora, tem grandes esperanças de conduzir reformas essenciais para liberar o agro. A legislação é antiga e o agro é mais que moderno, já é pós-moderno, de tão atualizado que está. Mas é amarrado por legislações antigas sobre defensivos, questões ambientais e fundiárias, incluindo o tal marco temporal, sem falar da burocracia.


E, além da modernização das leis para o agro, haverá oportunidade para as reformas que o ministro Paulo Guedes quis fazer e não conseguiu. Esse é um grande argumento em favor da candidatura de Bolsonaro: no domingo saiu das urnas um Congresso que ele ajudou a moldar na campanha eleitoral, para facilitar o seu governo, pois ele sempre se queixou de estar amarrado pelo Congresso. Esses próximos quatro anos serão de um Congresso que seria hostil a Lula e amistoso a Bolsonaro – tudo vai depender, claro, das decisões do próximo dia 30.

Política se discute, sim, mas sem raiva

As pessoas estão discutindo muito em torno de voto. Eu tenho dado o seguinte conselho para as pessoas dos dois lados: se você quer trabalhar para o seu candidato, não feche a porta para o adversário, não bata na cara dele, abra os braços e conversem, discutam, mostrem as vantagens de cada um. Porque quem consegue mudar um voto do primeiro turno está, na verdade, conseguindo dois: tira um voto de um candidato e adiciona um ao outro candidato. É uma questão de racionalidade e não de raiva, de emotividade.


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CONSELHO AOS ELEITORES DO BOLSONARO PARA ELE GANHAR A ELEIÇÃO

 

Eleições

Por
Franklin Ferreira – Gazeta do Povo


Lula no pronunciamento após o resultado do primeiro turno das eleições.| Foto: Reprodução/TV PT

O domingo 2 de outubro foi um dia histórico. Lutando contra o consórcio de veículos de imprensa, artistas, Judiciário, institutos de pesquisa e esquerdistas de todos os tons, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu cerca de 51 milhões de votos válidos (43,65%), indo para o segundo turno contra o socialista Lula (PT) – numa eleição preparada de antemão para o ex-presidiário vencer no primeiro turno. O tom dos discursos nos veículos de imprensa após o primeiro turno ilustra o senso de derrota dos esquerdistas – sobretudo diante da imensa bancada eleita de 22 senadores e cerca de 200 deputados federais conservadores e aliados do atual presidente, além de vitórias de candidatos conservadores ao governo em oito estados e possibilidade de vitória em outros oito estados no segundo turno. Como foi dito por um jornalista esquerdista no fim do domingo, em tom de indignação, “Lula é uma ilha cercada por um oceano de conservadores”.

Aliás, a credibilidade dos institutos de pesquisa é a maior derrotada nessa eleição – de novo. Iludiram, manipularam, influenciando o “voto útil” sem qualquer controle ou pudor, da forma mais vergonhosa, como se estivessem atuando em favor do candidato esquerdista. Precisa haver investigação rigorosa e punição para os que elaboram e fazem essas pesquisas. E toda a desconfiança em torno das urnas é culpa do STF, que fez interferência política para não haver voto impresso aprovado pelo Congresso Nacional e anulou as condenações do candidato socialista. Nunca é demais reforçar: a democracia também depende da percepção de lisura do pleito.

Também fica evidente que estamos em meio de uma crise religiosa cristã. Num país onde 81% de seus cidadãos se declaram cristãos, mas que tem boa parte de seus eleitores votando em um candidato socialista que defende pautas que se opõem aos princípios morais divinos, evidencia-se uma falha grave da Igreja cristã, o que sinaliza ensino raso, falta de testemunho ou fé nominal. Parece que falta catequese doutrinal e relacionamento íntimo e prático com o Deus Uno e Trino. Estes que se declaram cristãos, mas votam em candidatos de esquerda parecem não compreender o que é o Evangelho e suas implicações morais.

Como os eleitores de Bolsonaro podem fazer uma campanha inteligente e garantir a vitória do presidente no segundo turno?

Mas derrotar o PT no segundo turno não será fácil. Esse partido, que já deveria ter sido extinto, é uma máquina política milionária e com uma estrutura quase militar, com seus adeptos vivendo em estado de devoção religiosa ao Partido e à Ideia. E o que está em jogo no segundo turno não é apenas quem será o próximo presidente do país. O que está em jogo é a identidade, os valores e a própria história do Brasil. Há duas visões de mundo claramente opostas e antagônicas disputando o comando do país.

Caio Coppola afirmou: “Não adianta mais pregar para convertido [político] e desabafar em grupo de WhatsApp, é hora de furar a bolha e sair da zona de conforto, é momento de persuadir o próximo com a serenidade de quem tem razão e com a compaixão de quem entende que somos um país vítima da desinformação e da doutrinação em massa”. Como, portanto, os eleitores de Bolsonaro podem fazer uma campanha inteligente e garantir a vitória do presidente no segundo turno?

  1. Não fale ou escreva com raiva e ódio. Não compartilhe ou dissemine fake news. Peça licença para expor suas ideias. Agradeça ao ser ouvido.
  1. Não compartilhe nada ofensivo ao Nordeste. Não entre no jogo que o próprio PT criou, do “nós contra eles”, dos “ricos contra os pobres”. É preciso lembrar que o PT foi fundado em São Paulo, tinha sua principal base no ABC e foi apoiado pela classe média do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Com boa e clara comunicação, uma onda antiesquerdista pode se espalhar pelo interior do Nordeste. Ainda que Bahia, Alagoas e Maranhão, estados com os mais baixos índices de IDH do país, sejam feudos esquerdistas, é preciso destacar que a votação em Bolsonaro na região Nordeste em 2022 foi 20% maior que em 2018.
  2. Compartilhe mensagens positivas de Bolsonaro e de suas propostas de mudança e solidificação da democracia. Desfaça as caricaturas e insultos fabricados por esquerdistas histéricos. Recomende ouvir o candidato, conhecer seus ministros, ler suas propostas.
  3. Não ataque pessoas. Ataque ideias. É preciso deixar claro que, ao votarem em Lula, os eleitores do PT estão apoiando um partido movido por uma ideologia que socializou a miséria onde foi implantada, e que:
    Teve sua cúpula condenada pelo STF por formação de quadrilha em 2012;
    Teve vários de seus filiados, além de executivos de estatais, envolvidos em esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos dos pagadores de impostos;
    Está envolvido em dezenas de escândalos de corrupção, tais como os dos Correios, do mensalão, das refinarias de Pasadena e Abreu e Lima, do petrolão;
    Deseja uma nova Assembleia Constituinte;
    Indicará pelo menos dois ministros para o STF, o que tornará o Judiciário ainda mais “progressista” e ativista;
    Apoia as ditaduras socialistas que comandam com mão de ferro Venezuela, Cuba e Nicarágua, onde a Igreja cristã está sendo perseguida;
    Apoia ditadores facínoras na África, Oriente Médio e Ásia;
    Odeia os Estados Unidos e Israel;
    Não tem respeito pelas liberdades individuais e anseia suprimir a liberdade de imprensa – o que, aliás, já começou a acontecer;
    Desmoraliza e aparelha o Judiciário;
    Justifica e apoia a desumanização e a violência simbólica e física contra seus oponentes políticos;
    Despreza a fé cristã e tenta controlar as igrejas católica, protestante e pentecostal;
    Defende a descriminalização das drogas e do aborto, a agenda LGBT e a educação doutrinada;
    Levou ao descontrole da violência no país com sua política de segurança, pois desde 2002 foram assassinadas uma média de 60 mil pessoas por ano no Brasil, número que está em queda desde 2018;
    Ajudou a criar uma cultura de impunidade sem precedentes;
    Sucateou a segurança pública, mas não a particular, que os protege;
    Não aceita a vontade do povo quando esta é contrária ao partido, como no referendo do desarmamento de 2005;
    É o culpado pela pior recessão do Brasil, quebrando-o economicamente e iniciando a mais dolorosa onda de desemprego de nossa história;
    E defende aumento de impostos para sustentar a súcia socialista no poder.

Não compartilhe nada ofensivo ao Nordeste. Não entre no jogo que o próprio PT criou, do “nós contra eles”, dos “ricos contra os pobres”

Muitos dos pontos acima estão nos programas de governo do PT do passado e foram resultado direto de seus governos entre 2002 e 2016. Na verdade, nem dá para saber qual é a atual proposta de governo dos esquerdistas, pois os socialistas chegam ao segundo turno sem um programa de governo. Mas duvido que tenham mudado algum de seus objetivos sinistros. Como José Dirceu disse: “É uma questão de tempo para a gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição”. Assim, como um mágico que distrai a plateia com suas palavras e movimentos das mãos, o descondenado Lula distrai sua audiência com falácias e promessas mirabolantes, que escondem a real agenda esquerdista.

  1. Ao conversar com cristãos que votaram no PT, pergunte como eles harmonizam sua fé com pautas como corrupção, descriminalização das drogas e aborto, ideologia de gênero, desarmamento civil, bandidos soltos e inimputáveis, idolatria do Estado etc. O socialismo é uma ideologia anticristã, responsável pelo assassinato de pelo menos 100 milhões de pessoas no século 20, e que por onde passa semeia violência, morte, fome, miséria e pobreza. Para citar o que Karl Barth disse a um adepto do nacional-socialismo, aqueles que se dizem cristãos e votam em partidos que se movem por tais princípios, como o PT, “têm uma fé diferente, um espírito diferente, um Deus diferente”.
  1. Ao conversar com aqueles que não votaram por cansaço de ficar nas filas, como muitos idosos, encoraje-os a buscar alternativas com ajuda de outras pessoas, como amigos e familiares.

Que ninguém se iluda com as reais intenções do PT. Pois está na gênese deste partido o anseio de implantar um projeto autoritário no Brasil. Que depois ninguém lamente uma guinada para o bolivarianismo venezuelano no país, com o êxodo de brasileiros para o exterior, fuga de investidores estrangeiros, desabastecimento e socialização da pobreza, irreligião e violência. Votar no PT é o caminho mais rápido para o desastre social e financeiro do país. Na verdade, se passarmos pelo desastre de o PT ganhar o segundo turno das eleições de 2022, isso pode vir a ser juízo de Deus sobre esse país e a sua Igreja. Pois, como escreveu o reformador João Calvino, “quando Deus quer julgar uma nação, Ele lhes dá governantes ímpios”. Não desejamos isso para nossos filhos e netos, que serão as vítimas do socialismo, o “horrendo flagelo [d]a civilização cristã”, como escreveu Pio XI na encíclica Divinis Redemptoris.

ELEIÇÕES 2022
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