quinta-feira, 15 de setembro de 2022

PODEMOS ESPERAR ALGUMA COISA DE BOM DA NOVA PRESIDENTE DO STF

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Ministra Rosa Weber ficará no comando do STF até outubro de 203, quando se aposenta.| Foto: Carlos Moura/STF

A ministra Rosa Weber tomou posse nesta segunda-feira, dia 12, no cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal, substituindo Luiz Fux. Seu mandato não durará o biênio habitual, pois ela completa 75 anos em outubro de 2023, ocasião em que se aposentará compulsoriamente. Rosa Weber assume o comando do Supremo em um momento delicado para a instituição, cujas decisões estão fazendo da corte um elemento desestabilizador da República: os dois anos agora encerrados foram marcados por algumas das mais escandalosas derrotas que o STF infligiu ao combate à corrupção – incluindo a anulação dos processos do ex-presidente Lula e a suspeição do ex-juiz Sergio Moro – e pela intensificação das medidas tomadas dentro dos inquéritos abusivos das fake news, dos “atos antidemocráticos” e das “milícias digitais”, em flagrante violação das garantias e liberdades individuais.

Liberdade, aliás, foi um tema muito presente no discurso de posse de Rosa Weber, mas, apesar de toda a exaltação não apenas da liberdade, mas também da democracia e da tripartição de poderes, o discurso de Rosa Weber não permite esperar que, sob sua liderança, o Supremo se torne mais comedido em sua atuação. Vejamos, por exemplo, este trecho, em que a ministra afirma que o STF “tem sido alvo de ataques injustos e reiterados, inclusive sob a pecha de um mal compreendido ativismo judicial, por parte de quem, a mais das vezes, desconhece o texto constitucional e ignora as atribuições cometidas a esta suprema corte pela Constituição, Constituição que nós juízes e juízas juramos obedecer”. Rosa Weber, assim, se recusa a reconhecer que o Supremo pratica, sim, ativismo judicial, classificando as críticas como “ataques injustos e reiterados” de quem “desconhece o texto constitucional”.

Não são as palavras, mas a atuação de Rosa Weber ao longo do próximo ano que mostrará se a democracia será mesmo celebrada e se o primado das liberdades será reverenciado pela corte

Na verdade, quem desconhece o texto constitucional é quem cria regras que não estão na Carta Magna, como o Supremo fez ao dificultar privatizações; quem inventa crimes sem legislação que os defina, como o Supremo fez ao equiparar a homofobia ao racismo; quem toma o lugar do Executivo para definir política sanitária ou tributária, como fez o Supremo ao exigir passaporte vacinal de quem chega ao Brasil e ao anular decretos presidenciais sobre cobrança de IPI. Estes são apenas alguns poucos exemplos de verdadeiro ativismo judicial da corte nos últimos anos – e Rosa Weber votou favoravelmente à interferência nos casos da homofobia, do passaporte vacinal e das privatizações (o caso do IPI ainda não foi a plenário).

Da mesma forma, é preciso lembrar que Rosa Weber também endossou a abertura do inquérito das fake news, apesar da notória concentração, nas mãos do Supremo, de papéis de vítima, investigador, acusador e julgador; apesar de a Procuradoria-Geral da República ter pedido seu arquivamento; e apesar de todas as evidências de que o inquérito estava dando margem a arbitrariedades como a censura de publicações jornalísticas. A prática, assim, vai ao encontro de afirmações feitas pela ministra em seu discurso, como a de que “o Poder Judiciário não age de ofício”; ou sobre a necessidade de assegurar “a todos os cidadãos, sem qualquer exclusão, um núcleo essencial de direitos e garantias que não podem ser transgredidos nem ignorados”; ou, ainda, citando o ex-ministro Cezar Peluso, sobre a missão do Supremo de “repelir condutas governamentais abusivas (…), neutralizar qualquer ensaio de opressão estatal e de nulificar os excessos do poder”.


“Gostaria que todos vissem nesta solenidade uma celebração da democracia e a reverência ao primado das liberdades”, afirmou a nova presidente do Supremo quase ao fim de sua fala. Mas a solenidade, neste caso, é o de menos; é a atuação de Rosa Weber ao longo do próximo ano que mostrará se a democracia será mesmo celebrada e se o primado das liberdades será reverenciado por uma corte que, até o momento, tem se destacado mais por restringir liberdades e prejudicar a democracia – ainda que seus integrantes creiam sinceramente que a estão defendendo – que por guardar a Constituição e preservar os direitos e garantias nela inscritos.


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ABERRAÇÕES JURÍDICAS DO STF

 

Ativismo judicial
Leonardo Desideri – Gazeta do Povo
Brasília


O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou que a Polícia Federal fizesse busca e apreensão em endereços de oito empresários que trocavam mensagens num grupo de WhatsApp.| Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

O inquérito autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra oito empresários continua em andamento, mesmo após um fundamentado pedido de arquivamento assinado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araujo, que acusou uma série de vícios e inconsistências na decisão de Moraes.

Assim como Lindôra, diversos juristas consultados pela Gazeta do Povo na cobertura especial que o jornal tem dado ao tema apontam aberrações jurídicas nas medidas recentes. Enumeramos algumas delas.

  1. Inquérito cria no Brasil os crimes de opinião e de cogitação
    Em petição enviada ao STF pelo arquivamento do processo contra os empresários, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araujo, destacou um dos problemas essenciais da operação autorizada por Moraes: não existe crime de ideia ou de cogitação no Brasil.

Os empresários somente emitiram opiniões e cogitaram hipóteses, mas não articularam nenhuma ação concreta, o que exclui qualquer possibilidade de criminalizá-los.

“Um ponto crucial é que apenas atos concretos, revestidos de violência ou grave ameaça, com potencialidade lesiva e finalidade especial de abolir o Estado Democrático de Direito, podem consumar o delito do artigo 359-L do Código Penal, com pena de até 8 (oito) anos de prisão, sob pena de banalização do uso do poder punitivo estatal para criminalização e censura de ideias, expressões e pensamentos críticos”, afirmou Lindôra. “No direito penal brasileiro, em regra, somente se punem os atos executórios, de maneira que a ideia ou cogitação delitivas, assim como os atos preparatórios, não interessam para os fins penais”, acrescentou.

  1. Operação contra empresários é equiparável à polícia de pensamento de regimes autoritários
    Em declaração recente à Gazeta do Povo, o advogado Adriano Soares da Costa, especialista em Direito Eleitoral, ressaltou que, ao acatar denúncias baseadas em conversas de WhatsApp vazadas, Moraes tomou uma medida contra a manifestação privada de pensamento, o que é inconstitucional e típico de governos autoritários. Ele comparou a atuação do poder público brasileiro neste caso ao que fazia a polícia secreta da Alemanha Oriental, a Stasi.

“Uma conversa em ambiente digital privado, reservado, em que empresários manifestam seu pensamento, gera uma atuação de um braço do Estado de persecução criminal. Isso é um elemento típico de ditaduras, de regimes autoritários, à margem da Constituição e da lei”, criticou. “Estão estimulando um pouco aquilo que a Stasi fazia e que os regimes autoritários faziam. É a questão da inexistência do espaço privado. O Estado passa ter o senhorio de tudo. Isso é coisa de Coreia do Norte”, diz.

  1. Moraes estaria usando a técnica da pescaria probatória
    Reportagem recente da Gazeta do Povo explica como Moraes está usando a estratégia da “pesca probatória” – ou “fishing expedition”, no termo original em inglês – para encontrar evidências contra apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro: a partir de uma denúncia sem materialidade, Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário, o congelamento de contas bancárias e em redes sociais e a expedição de mandados de busca e apreensão contra os empresários.

“Quem faz uma pescaria probatória não possui provas e não sabe o que vai encontrar ao longo da investigação, mas tem ‘convicção’ de que vai conseguir alguma coisa com a empreitada”, explicou o advogado Sean Abib, mestre em Direito Penal pela PUC-SP.

Lindôra Araujo criticou a prática em uma manifestação recente: “Pretende-se, em verdade, tentativa de abertura de prospecção probatória a ser desenvolvida por específicos atores políticos em ano eleitoral, com a correlata exploração midiática de sua atuação, e consequente intento de ‘fishing expedition’ em nova frente política em busca de protagonismo jurídico em substituição às autoridades competentes”.

  1. Moraes não aguardou posicionamento do PGR sobre as ações
    Antes das medidas contra os empresários, Moraes não aguardou um posicionamento da PGR, o que é obrigatório em qualquer operação do tipo. “É absolutamente inviável que medidas cautelares restritivas de direitos fundamentais, que não constituem um fim em si mesmas, sejam decretadas sem prévio pedido e mesmo sem oitiva do Ministério Público Federal”, disse a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, em uma manifestação após a decisão.
  2. Moraes está violando o sistema acusatório
    A operação autorizada por Moraes viola o sistema acusatório, em que as funções de acusar, investigar e julgar são exercidas por órgãos diferentes.

Em declaração à Gazeta do Povo no último dia 10, Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), disse que a lógica seguida por Moraes é a mesma da Inquisição. “Ele está ignorando o sistema acusatório. Está nos levando de volta ao sistema anterior ao acusatório, que era chamado de sistema da inquisição. O juiz inquisidor era o único sujeito do processo. Ele investigava, ele acusava, ele processava e ele julgava. A ideia do sistema acusatório é separar essas funções. Tudo isso existe para quê? A pessoa está correndo o risco de ir para a cadeia. O sistema acusatório foi criado para preservar a neutralidade do juiz.”

  1. Moraes feriu o princípio da inércia do Judiciário

Outro problema da decisão de Moraes, segundo Monteiro, é que “o Poder Judiciário é inerte” e não pode tomar nenhuma medida de investigação ou contra o réu por iniciativa própria.

“Ele só pode tomar qualquer medida como bloqueio de contas, busca e apreensão domiciliar, interceptação telefônica ou até mesmo prisão atendendo a pedido. De qualquer um? Não. Quem são os atores do nosso sistema de Justiça na fase de investigação? São dois: polícia e Ministério Público”, explicou.

  1. Moraes aceitou o pedido feito por uma parte ilegítima
    Para Monteiro, o que torna o caso ainda mais grave é que Moraes atendeu a um pedido de medidas cautelares feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-PE), que é coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.

“É um candidato adversário daquele apoiado pelos investigados. Este senador não tem legitimidade e não tem isenção, porque ele está pedindo a um juiz medidas contra adversários do candidato dele, sendo que ele não é polícia e não é Ministério Público. É uma ilegalidade gravíssima. Quando quem faz um pedido ao juiz não tem legitimidade para fazer o pedido, o juiz tem que decidir o seguinte: ‘Não tomo conhecimento deste pedido. Não estou analisando nem o mérito. Não conheço do pedido, porque a parte que formulou o pedido é ilegítima.’”

  1. STF ignorou os diversos pedidos de arquivamento dos inquéritos relacionados às fake news
    Moraes recusou não só o pedido de arquivamento do inquérito contra os empresários feito pela PGR, como também tem negado reiteradamente os diversos pedidos de arquivamento dos inquéritos relacionados às fake news.

Como explicou Monteiro na mesma reportagem, recusar os pedidos de arquivamento da PGR é algo ilegal por si só. “Esse inquérito continua em andamento porque o Alexandre de Moraes desrespeitou essa regra. O inquérito já é ilegal desde sempre. Para se ter uma ideia, este pedido de arquivamento foi feito pela Raquel Dodge (ex-PGR)”, afirmou. “O Supremo, ao longo dos últimos 80 anos, decidiu o seguinte, várias vezes, em um entendimento consolidado: quando o pedido de arquivamento já vem do próprio procurador-geral, o Poder Judiciário não tem outra coisa a fazer senão arquivar.”

  1. Medidas como apreensão de objetos e quebra de sigilo não podem ser tomadas no primeiro dia de uma investigação
    Lindôra Araujo afirma no pedido de arquivamento da investigação contra os empresários que as medidas cautelares autorizadas por Moraes não podem ser tomadas logo no primeiro dia de uma investigação.

“Não se afigura admissível que a busca e apreensão e todas as demais medidas cautelares, decretadas logo no primeiro dia da instauração da investigação, sejam as primeiras diligências apuratórias quando, na verdade, somente são reservadas a um estágio mais desenvolvido da investigação após a coleta de indícios suficientes de autoria e materialidade delitivas”, diz a vice-PGR.

  1. Um inquérito não pode ser instaurado e conduzido pelo STF

Além dos problemas específicos relacionados à operação contra empresários, a decisão mais recente de Moraes carrega todos os vícios dos inquéritos das fake news, dos atos antidemocráticos e seus correlatos.

Um dos problemas é que um inquérito não pode ser instaurado e conduzido pelo STF. Como explicou em 2021 a colunista da Gazeta do Povo Thaméa Danelon, o artigo 43 do regimento interno do STF só autoriza a instauração de uma investigação pelo próprio Supremo para apurar um crime que tenha ocorrido nas dependências do STF, e desde que os investigados tenham foro privilegiado perante este órgão.

“Nenhum desses requisitos ocorreram, pois as supostas ameaças e ofensas eventualmente praticadas não ocorreram na sede do Supremo, mas sim através das redes sociais. Além disso, os primeiros investigados não tinham foro privilegiado perante o STF, pois eram jornalistas e ex-servidores públicos. Apenas posteriormente foram incluídos deputados federais como alvos das investigações”, disse a colunista.

  1. Não existe crime de “fake news”

No mesmo texto, Thaméa lembrou que o crime de fake news não existe:
“Essa conduta não está tipificada no Código Penal e nem em outras legislações especiais. O que temos em nosso ordenamento jurídico são os crimes contra a honra, que são os delitos de injúria, calúnia e difamação; sendo completamente atécnico constar em um documento jurídico que instaura um inquérito, que visa apurar um crime que não existe”.

  1. Advogados dos investigados nos inquéritos ainda não têm acesso completo aos autos
    A operação contra os empresários é mais um desdobramento dos inquéritos relacionados às fake news, e os advogados dos investigados já estão há mais de dois anos sem acesso completo aos autos desses inquéritos. Por lei, o acesso à íntegra dos autos é prerrogativa dos advogados de defesa. “Isso é garantido não só pelo artigo 133 da Constituição, como também pelo artigo sétimo do Estatuto da Advocacia e pela Súmula 14 do Supremo, que garante que os advogados tenham acesso a todas as etapas do processo penal ou administrativo ou civil, inclusive na fase investigativa, ou seja, na fase de inquérito”, explicou Emerson Grigollete, advogado especialista em Direito Digital, em declaração de maio à Gazeta do

  2. Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/12-aberracoes-juridicas-do-inquerito-contra-empresarios-que-segue-em-andamento/
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O QUE OS PRESIDENCIÁVEIS PENSAM SOBRE O ABORTO

 

Declarações
Por
Ana Carolina Curvello – Gazeta do Povo


Os quatro principais presidenciáveis têm evitado falar sobre o aborto.| Foto: Ricardo Stuckert/PT; André Coelho/EFE; Reprodução/Facebook; Jefferson Rudy/Agência Senado

A cada eleição, a legalização do aborto sempre volta à tona. E para quem defende a vida desde a concepção, 70% da população brasileira, esse é um assunto caro e primordial na escolha de um candidato. Hoje, o assassinato de um bebê ainda não viável no ventre da mãe não é punido no Brasil em casos de estupro, risco de vida para a gestante e anencefalia do feto.

Nesta eleição, os principais candidatos que são apontados nas pesquisas para Presidência da República – Lula, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes e Simone Tebet – quase não se manifestaram sobre o aborto apesar de um ou outro já ter deixado claro o seu posicionamento em algumas entrevistas.

No plano de governo de cada presidenciável não consta nenhuma menção ao aborto ou à defesa da vida desde a concepção. E no primeiro debate presidencial, realizado no dia 28 de agosto, esse assunto sequer foi questionado.

Com intuito de conscientizar e alertar os eleitores sobre a importância de escolher candidatos que defendam o direito de nascer, o movimento Brasil sem Aborto lançou a campanha “A vida depende do seu voto”. Os candidatos que concorrem a algum cargo nesta eleição e que são contra a legalização do aborto podem assinar um termo de compromisso disponível no site do Movimento. Até o momento, nenhum candidato à Presidência da República assinou o termo.

A Gazeta do Povo, que tem entre as suas convicções a defesa da vida desde a concepção, fez um levantamento das principais declarações dos quatros presidenciáveis sobre o assunto. Confira logo abaixo:

Lula (PT)
O candidato petista e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem tentado se descolar de temas polêmicos para a sua campanha, e o aborto é um deles. Isso porque, apesar de defender publicamente que toda mulher deveria ter direito ao aborto no Brasil, tem evitado falar sobre o assunto na tentativa de se aproximar do público evangélico e católico.

“Mulheres pobres morrem tentando fazer aborto, porque o aborto é proibido, é ilegal […]. Enquanto a madame pode ir fazer um aborto em Paris, escolher ir para Berlim. Na verdade, deveria ser transformado em uma questão de saúde pública e todo mundo ter direito, e não vergonha”, disse o ex-presidente no evento da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, em 5 de abril.

Pessoas ligadas a campanha de Lula dizem que, apesar de manifestações como essa, ele tem tentado reforçar que, pessoalmente, é contra a prática do aborto e convencer que a sua principal luta seria para que pessoas pobres sejam tratadas com dignidade na rede de saúde pública.

“A única coisa que eu deixei de falar, na fala que eu disse, é que eu sou contra o aborto. Eu tenho cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Eu sou contra o aborto. O que eu disse é que é preciso transformar essa questão do aborto numa questão de saúde pública”, disse o petista em 7 de abril, em uma entrevista à rádio Jangadeiro BandNews de Fortaleza, após a repercussão negativa do discurso anterior.

Se forem levados em conta não só as manifestações, mas as realizações de Lula nos mandatos em que foi presidente do Brasil, é possível verificar que o ex-presidente, assim como o seu partido, tentou que a prática fosse amplamente aprovada no país.

Jair Bolsonaro (PL)
O presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, tem reforçado em eventos e também nas suas redes sociais o seu posicionamento contrário ao aborto. Em uma propaganda partidária, veiculada na última quinta-feira (8/9), Bolsonaro transmitiu um trecho da fala de Lula sobre o aborto (mencionado acima).

Durante sabatina na RedeTV, no dia 1º de setembro, Bolsonaro reafirmou a sua opinião. “Vamos nas pautas que tem a ver com a nossa alma, o nosso futuro eterno. O meu governo não admite sequer discutir a questão de legalizar o aborto. Nós respeitamos a vida desde a sua concepção”, disse o presidente.

No desfile do 7 de setembro, em Brasília, apoiadores do presidente informaram que ele segurou uma bandeira do Brasil sem Aborto, e reforçou a sua luta em defesa da vida no discurso para uma multidão de pessoas.

Em várias postagens no Twitter, Bolsonaro condenou a decisão de alguns países, como a Colômbia, em liberar o aborto até 24 semanas.

“No Brasil, a esquerda festeja e aplaude a liberação do aborto até o 6° mês de gestação, lamentavelmente aprovado na Colômbia. Trata-se da vida de um bebê que já tem tato, olfato, paladar e que já ouve a voz de sua mamãe. Qual o limite dessa desumanização de um ser inocente?”, escreveu o presidente, no Twitter.

Bolsonaro também já fez críticas ao ativismo judicial que tenta à todo custo descriminalizar o aborto sem o aval do Congresso Nacional. “Infelizmente, em muitos países o aborto foi legalizado através do ativismo judicial, por meio da usurpação de funções legislativas por parte das cortes superiores – Por isso, um dos critérios que usei na indicação ao Senado, para possíveis e então eleitos ministros ao STF foi a oposição ao aborto”, explicou Bolsonaro em outra publicação no Twitter.

Ciro Gomes (PDT)
O candidato à Presidência Ciro Gomes tem mantido um tom moderado e até silencioso em relação a temas polêmicos como o aborto. No final de abril, o pedetista criticou o posicionamento de Lula em relação ao tema, quando ele mencionou que o “aborto é uma questão de saúde pública e deveria ser um direito de todos”.

“Chega na véspera da eleição o Lula vem, descuidadamente, e diz ‘todo mundo deveria ter direito ao aborto’. Como assim cara pálida? Que leviandade, que pressa, que contradição. Não foi ele que mandou no Brasil por 14 anos, ele próprio 8 anos presidente, não mexeu uma palha no assunto?”, criticou Ciro durante o ato de lançamento do Movimento Cristãos Trabalhistas.

No evento do PDT, Ciro ainda assumiu que a discussão do aborto é uma das mais complexas e difíceis de solucionar. “Eu não o condeno por isso, porque não é tarefa do presidente. Isso é um trauma que qualquer sociedade humana não sabe como resolver. Não sabe pura e simplesmente”, disse Ciro.

Apesar do pedetista não deixar claro o seu posicionamento, a descriminalização do aborto é uma das bandeiras da ala feminina do PDT. Apoiadores de Ciro ressaltam que o “voto de silêncio” sobre o aborto na campanha não significa que mudanças na legislação não serão defendidas pelo presidenciável, caso ele seja eleito.

Simone Tebet (MDB)
Em fevereiro deste ano, a senadora e atual candidata à Presidência pelo MDB, Simone Tebet, assinou o manifesto “Brasil Mulheres – Juntas pela Democracia”, uma carta escrita por 28 lideranças femininas de esquerda. O texto faz apologia ao aborto (leia a íntegra aqui), ainda que sem usar essa palavra. O documento considera como “primordial e imprescindível” a “manutenção e expansão dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”. A expressão “direitos sexuais e reprodutivos das mulheres” é um eufemismo frequentemente usado por grupos abortistas para promover a prática no mundo, significado reconhecido na própria reunião em que a carta foi aprovada.

Mesmo assim, a assessoria de imprensa da candidata confirmou à Gazeta do Povo a afirmação dada por Tebet, em uma entrevista ao Flow Podcast, no dia 18 de agosto, de ser contra o aborto, salvo nos casos não punidos de acordo com o Código Penal, quando a gestação é decorrente de estupro ou há risco de vida para a mãe. Sobre a assinatura da carta, a campanha de Tebet afirmou apenas que, para a candidata, o texto “apresenta conteúdos de alta relevância para a pauta das mulheres”.

“Eu sou contra a legalização do aborto salvo os casos que já estão previstos no Código Penal. Se nós fizermos uma pesquisa, a população brasileira é mais conservadora e acredito que a maioria ainda seja contra a legalização do aborto no Brasil (…). Provavelmente, se a gente fizer uma pesquisa com as próprias senadoras, hoje, do Senado Federal, eu acredito que a maioria seja contra a legalização do aborto”, disse Tebet no Flow.

No plano de governo, a candidata não faz menção ao aborto ou à defesa do nascituro. O texto cita a realização de ações para garantir o direito ao planejamento familiar, sem explicar o sentido dessa expressão – que pode ter vários significados, como a possibilidade do aborto ou o direito a ter mais filhos. “Fortalecer a rede de cuidados voltados a gestantes e puérperas, a fim de reduzir a mortalidade infantil e garantir às mulheres o direito ao planejamento familiar”, diz o documento.

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VITIMISMO DA ESQUERDA

 

Eleições

Por
Flavio Gordon – Gazeta do Povo


A jornalista Vera Magalhães durante o 6.º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação.| Foto: Facebook/página oficial

“Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser devorado por último”, disse certa vez Winston Churchill. Afirmação com sentido similar à do psicólogo canadense Jordan Peterson: “Nunca peça desculpas a uma turba sedenta por sangue. Você não está lidando com pessoas com as quais pode restabelecer um relacionamento. Você está lidando com uma ideia sem alma que possui pessoas”.

É sempre triste constatar a dificuldade de parte da direita brasileira em assimilar essas lições. A polêmica do momento é o bate-boca entre a jornalista Vera Magalhães e o deputado estadual Douglas Garcia, ocorrido na TV Cultura por ocasião do debate entre os candidatos ao governo de São Paulo. Questionada pelo parlamentar sobre o contrato firmado entre ela e a TV Cultura (financiada pelo governo de São Paulo) para apresentar o Roda Viva, Magalhães – que tem usado o programa como palanque exclusivo para críticos e opositores do presidente Jair Bolsonaro – chamou o segurança, que se interpôs entre os dois contendores, que a essa altura trocavam farpas verbais. Garcia qualificou Magalhães de “vergonha para o jornalismo”, ecoando crítica anterior de Bolsonaro à mesma jornalista. Magalhães, por sua vez, disse ser “uma palhaçada” a atitude do deputado. Saindo em defesa da colega, o jornalista Leão Serva arrancou o telefone celular da mão de Garcia e, aos gritos de “vá para a puta que te pariu, filho da puta”, arremessou-o no ar.

Ao fim do quiproquó, Vera Magalhães correu às redes sociais para se dizer agredida. Olhando os vídeos da cena, todavia, nota-se que o deputado não a agrediu em momento algum. Se alguma agressão houve, deu-se apenas no momento em que o jornalista Leão Serva tenta destruir o aparelho celular de Garcia. Mas, para um jornalismo cada vez mais dedicado a “pensar contra os fatos para promover um novo senso comum”, a realidade não importava. Às vésperas da eleição, o ocorrido era um excelente pretexto para avançar a narrativa segundo a qual Bolsonaro, bem como seus aliados e apoiadores, são uns hidrófobos perigosos, agressores de mulheres e jornalistas.

Toda vez que age, a esquerda imagina reagir. E, mesmo quando exerce o poder das maneiras mais totalitárias e brutais, vê-se invariavelmente como vítima de um poder anterior que justifica suas ações

Assim é que a imprensa militante antibolsonarista fez o que dela se esperava, estampando nas manchetes a sentença condenatória: deputado bolsonarista agride jornalista Vera Magalhães. De modo coordenado, a esquerda político-partidária também cumpriu o seu papel na história, passando a falar em cassação do mandato do deputado por quebra de decoro. Até aí, tudo dentro do previsto. O que não estava dentro do script é o fato de o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, aderir à narrativa farsesca da “agressão” – a mesma narrativa com que Vera Magalhães e consortes tentam criminalizar Bolsonaro e os seus eleitores – e entrar de cabeça na campanha de assassinato de reputação do deputado em questão (que, de fato, não tem grande relevância, e está servindo apenas de pretexto para que a esquerda avance em sua agenda vitimista e estigmatizadora).

Desde 2018, essa mesma imprensa e essa mesma esquerda não fazem outra coisa além de estigmatizar bolsonaristas e conservadores de modo geral como agressores, criminosos, fascistas, nazistas, golpistas, negacionistas, genocidas e integrantes da Ku Klux Klan. Não custa lembrar que, por exemplo, assim foram tratados pela imprensa todos os patriotas que saíram às ruas para celebrar o bicentenário da Independência do Brasil. Caricaturando até o ponto da monstruosidade aqueles que vê como opositores, a esquerda pode sempre justificar a sua própria violência política, descrita invariavelmente como um ato de heroísmo. Trata-se, portanto, de um vitimismo sempre estratégico, mesmo ali onde a histeria – entendida aqui como a prática de sentir o que se diz e não, como na expressão sadia dos sentimentos, dizer o que se sente – parece ser autêntica.

O Partido dos Trabalhadores sempre recorreu a esse expediente. Enquanto faziam-se de vítima das mais terríveis (e imaginárias) agressões, os petistas não hesitavam em pregar abertamente a extirpação dos adversários. Inspirando-se no seu guru Che Guevara, José Dirceu não estava brincando quando, em 25 de maio de 2000, cinco dias após militantes petistas fantasiados de professores agredirem o então terminalmente adoentado governador tucano Mário Covas, comemorou a agressão dizendo que os adversários do PT tinham de apanhar “nas urnas e nas ruas”. Como tampouco brincava o ex-condenado Luiz Inácio Lula da Silva ao elogiar o vereador petista por tentar assassinar um adversário empurrando-o contra um ônibus em movimento. Tudo isso é apenas o corolário necessário de uma mesma mentalidade, que celebra como heróis da causa os agressores e os criminosos politicamente alinhados.

No meu livro A Corrupção da Inteligência, argumentei que a psicologia da esquerda revolucionária é sempre a da fera acuada, daí que sua ação política seja necessariamente impiedosa. A luta dessa esquerda – seja ela física, política ou no terreno das ideias – é sempre uma “luta à muerte”, como dizia Guevara. Toda vez que age, a esquerda imagina reagir. E, mesmo quando exerce o poder das maneiras mais totalitárias e brutais, vê-se invariavelmente como vítima de um poder anterior que justifica suas ações. Permita-me o leitor uma autocitação:

“O sentimento de culpa – a famigerada culpa ‘judaico-cristã’, como há 300 anos maldizem os revolucionários com esgares de nojo – não integra a estrutura de consciência da esquerda, e é isso que faz com que os males políticos por ela cometidos sejam mais profundos e destruidores que os demais. Não por acaso que os comunistas tenham sido, por um lado, os principais formuladores de um discurso de indignação moral contra os males do mundo e, por outro, os maiores perpetradores desses males, brindando a humanidade com um festival de horrores de dar inveja ao próprio Satanás. Há duas coisas que o comunismo fez em escala industrial: denunciar e matar. Ditadores da esquerda revolucionária serão sempre mais totalitários e sanguinários que os outros. Stalin e Mao Tsé-tung provaram-no inexoravelmente. Um revolucionário corrupto será sempre mais corrupto que um não revolucionário. Este último pode vir a sentir vergonha, ou mesmo saciar-se com o produto de seu crime. O esquerdista revolucionário, jamais. Pego em flagrante delito, erguerá no ar o punho cerrado e, prenhe de um orgulho patológico, experimentará, no fundo de seu ser, a emoção de lutar por justiça no instante em que corrompe. A moral deles é diferente da nossa, decretou o relativismo imoral de Trotski. No Brasil, os lulopetistas cansaram de dar provas dessa ética peculiar inerente à imaginação revolucionária. Qual Raskolnikov, eles se convenceram (e convenceram a elite intelectual do país) de que, por serem excepcionalmente virtuosos, haviam forçosamente de gozar de um ‘direito ao crime’.”

A esquerda raskolnikoviana protagonizada finge se escandalizar (ou se escandaliza autenticamente, mas de maneira histerioforme) com o “ódio” e a “violência” supostamente inaugurados no país por Bolsonaro e seus apoiadores. Mas fazem-no como projeção psicótica do próprio ódio recalcado (e eventualmente extravasado sob forma “artística”). Mediante a psicologia da fera acuada, racionalizam e justificam a sua própria inclinação política violenta e intolerante. Sua postura é a da tolerância repressiva de que falava o marxista frankfurtiano Herbert Marcuse: intolerância total aos movimentos (incluindo ações e palavras) da direita; tolerância total aos movimentos (incluindo agressões físicas e assassinatos) da esquerda.


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CORREIOS DÁ LUCRO

 

Estatais

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Nesta quarta fiz uma visita aos Correios e recebi relatos de todos os diretores da empresa: da área financeira, de logística, operações administrativas, segurança… E descobri uma coisa. Na minha cabeça, estatal é casa da mãe Joana, os partidos políticos mandam, não é de ninguém – é “do povo brasileiro”, mas não é de ninguém. Aí só dá prejuízo, só dá problema.

Mas dava prejuízo, dava problema, era a casa da mãe Joana, era tudo isso antes de 2019. Não havia dinheiro para a folha de pagamento. Os Correios foram roubados no seu fundo de previdência; não foi nenhum funcionário que roubou, foram partidos políticos que roubaram os funcionários, que estão pagando o prejuízo agora no contracheque.

Mas agora os Correios deram R$ 3,7 bilhões de lucro, o Tesouro Nacional saiu ganhando, os funcionários saíram ganhando, tiveram aumento. E a empresa é um sucesso de logística em tudo: diminuiu o prazo de entrega, tornou-se uma empresa eficiente outra vez, como já tinha sido há 30 anos ou mais, voltou a estar no topo do prestígio popular e todo mundo tem orgulho de trabalhar lá.

Qual é o milagre? É muito trabalho, 24 horas por dia, sete dias por semana; é boa administração, autônoma, sem nenhuma influência de político ou partido, apenas a vontade de cuidar bem de uma empresa. Então fica o registro: fui surpreendido ao saber que é possível ter boa estatal nesse país, desde que bem administrada e sem aparelhamento de partido político.


Vamos falar um pouquinho de decisões do TSE. Uma boa decisão, unânime, foi acatar a sugestão das Forças Armadas de fazer testes aleatórios de urnas em algumas cidades. Pena que não é uma quantidade maior de urnas; ainda acho que é um número pequeno, mas já é alguma coisa. Depois que visitei os Correios e vi o sucesso na entrega do Enem, de todos esses programas que envolveram milhões de brasileiros, eu disse aos diretores que bem poderiam ser eles a fazer a eleição nesse país… Enfim, poderia haver mais testes para termos mais segurança e tranquilidade, mas é o que temos até agora.

Também por unanimidade, o TSE proibiu que a campanha da reeleição do presidente da República use imagens do Sete de Setembro. Curiosamente, também na quarta-feira o Tribunal de Contas da União, que é um órgão do Poder Legislativo, mandou para o arquivo o mesmo assunto do Sete de Setembro do ano passado, dizendo que não havia nada a investigar porque não se usou dinheiro público nas manifestações. E agora o TSE veta a propaganda exatamente pela suspeição de que se usou dinheiro público, porque as festas foram organizadas pelo poder público.

Mas a manifestação popular foi feita apenas com pessoas que vieram de graça, que não cobraram nada para vir. Ninguém pagou o ônibus, sanduíche ou acampamento. Os manifestantes vieram porque quiseram, convocados pelo presidente. Parece que o TSE quer dizer que o povo não pode se manifestar espontaneamente, e que essa manifestação espontânea não pode ser usada a favor do presidente na campanha. Fica muito estranho – mas eu também admito que, como a lei eleitoral permite que governadores, prefeitos e presidentes da República e seus vices, sendo candidatos, não precisam se desincompatibilizar e podem permanecer no cargo, é preciso ter um cuidado muito grande para evitar que se use a coisa pública na campanha eleitoral.


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TECNOLOGIAS DA APPLE

 

Foto: REUTERS/Carlos Barriaa

Por Lucas Agrela – Jornal Estadão

O fim do chip físico de operadora no iPhone 14 não foi a primeira vítima da empresa americana

Apple fez de novo: a nova vítima da empresa é o cartão SIM, mais conhecido como chip de operadora. O iPhone 14 será vendido sem a tradicional bandeja de chip físico no mercado americano. Em vez disso, por padrão, o smartphone terá o eSIM, um chip digital que não pode ser removido por ser uma parte interna do próprio telefone.

O eSIM deu as caras em 2016 em um smartwatch da Samsung. Desde então, vários aparelhos adotaram a tecnologia, incluindo o Apple Watch. No entanto, no mundo dos celulares, sempre foi a segunda opção, e nunca a única. A medida impõe uma transição global para o eSIM, uma vez que é comum tanto entre brasileiros quanto entre turistas de outros países comprar um iPhone quando viajam aos Estados Unidos.

O que mudou no iPhone

Leitor de CD

A primeira vez que a Apple ajudou a matar uma tecnologia na história recente foi em 2008, quando a empresa anunciou o MacBook Air. O aparelho era extremamente fino e foi tirado de um envelope por Steve Jobs durante a apresentação, algo impensável para a época que era marcada por laptops espessos e com duração de bateria questionável.

Mas não foi só o design dos notebooks que a Apple mudou. Ela tirou um componente que era onipresente em computadores até então: o leitor de CD. Ele sumiu primeiro da linha Air e, mais tarde, de todos os seus laptops. A medida veio em uma época em que a App Store como a conhecemos hoje sequer existia. Tudo ainda era embrionário, mas a companhia fez uma aposta no futuro sem olhar para trás.

Entrada de fone de ouvido

No iPhone 7, em 2016, outra decisão de eliminar uma tecnologia foi ainda mais polêmica. Chegava ao fim o conector de 3,5 milímetros para fones de ouvido. Essa tecnologia é mais antiga do que pode parecer. O primeiro fone com fio foi inventado em 1891, pelo engenheiro francês Ernest Mercadier. Desde então, as mudanças evolucionárias vieram até que o acessório atingisse o patamar atual.

Os fones de ouvido Bluetooth começaram a nascer em 1989, com a invenção de Nils Rydbeck, à época, chefe de tecnologia da Ericsson Mobile. A criação era baseada em versões mais simples que já eram pesquisadas desde a década de 1960.

A Apple só entrou no negócio de fones de ouvido com Bluetooth a partir de 2016, o mesmo ano em que optou por tirar o conector de 3,5 mm do iPhone.

Fim da entrada de fone de ouvido forçou a Apple a incluir um adaptador no iPhone 7
Fim da entrada de fone de ouvido forçou a Apple a incluir um adaptador no iPhone 7  Foto: Jason Reed/Reuters

Flash

A tecnologia Flash, da Adobe, também foi um dos alvos da empresa fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak. O Flash foi abertamente criticado por Jobs em 2010, em uma carta pública, e apontado como principal causa de erros nos Macs daquela época.

O Flash foi crucial na web 1.0. Ele permitiu a criação de animações, apresentações e jogos em uma época que isso era quase impossível de ser feito para rodar em PCs pouco potentes. Sabe aqueles joguinhos e apresentações que circulavam em correntes de e-mail? A maioria deles era feita na tecnologia da Adobe. E a Apple deixou o iPhone sem ela mesmo assim ainda no começo da década passada.

Para Jobs, o Flash tinha problemas de segurança cibernética, era menos eficiente para a execução de vídeos do que formato aberto H.264 e a App Store poderia oferecer o acervo de games que o iPhone precisava. Além de tudo isso, Jobs ressaltou que o Flash fora criado para os computadores, consumia muita bateria e não funcionava bem em telas sensíveis ao toque. De fato, o Flash foi aposentado pela Adobe por ser uma plataforma datada. Mas a morte do Flash foi lenta e o fim do suporte aconteceu só no fim de 2020.

Carregador na caixa

A Apple também removeu a tomada do carregador da caixa do iPhone desde 2020, argumentando o bem que a medida traria ao meio ambiente e a transição para o uso de tecnologias de carregamento sem fio. No entanto, essa migração tecnológica ainda não aconteceu e a Apple enfrenta problemas com órgãos de defesa do consumidor por vender um produto de alto valor sem a tomada do carregador.

PRESIDENCIÁVEIS PENSAM EM COBRANÇA DE IMPOSTOS DIFERENTES

 

Foto: Fabio Motta/Estadão

Por Adriana Fernandes – Jornal Estadão

Simone Tebet propõe a mais justa cobrança de tributos dos mais pobres, conforme a análise do Movimento ‘Pra ser Justo’

BRASÍLIA – O movimento suprapartidário “Pra Ser Justo” fez um mapeamento dos programas de governo e das falas dos quatro presidenciáveis mais bem pontuados nas pesquisas sob a ótica de uma reforma tributária sobre o consumo e avaliou que Simone Tebet (MDB) é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres, seguida de Ciro Gomes (PDT) e, depois, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A de Jair Bolsonaro (PL) é considerada pelo estudo a mais injusta.

O grupo reúne entidades, instituições, empresários, empreendedores, especialistas e acadêmicos. Inclui Endeavor, CDPP, CLP e Destrava Brasil, entidades da sociedade civil empenhadas na reformulação do sistema tributário brasileiro. Defende uma reforma dos impostos mais simples e com justiça social: ricos pagam mais, pobres pagam menos.

Simone Tebet é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres; proposto de Jair Bolsonaro é considerada pelo estudo a mais injusta.
Simone Tebet é quem traz a proposta mais completa e justa para os mais pobres; proposto de Jair Bolsonaro é considerada pelo estudo a mais injusta. Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O movimento analisou as propostas usando como referência sete princípios mínimos defendidos pelo movimento para uma boa reforma: unificação dos tributos federais, estaduais e municipais num Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de base ampla, adoção de crédito financeiro, princípio de cobrança no destino (onde a mercadoria é consumida em vez de onde é fabricada), existência mínima de benefícios fiscais (como isenções e subsídios) e menos alíquotas, além da devolução dos tributos para pessoas de menor renda e manutenção da carga tributária global atual, ou seja, sem aumento de impostos.

Desigualdades

Líder e porta-voz do “Pra Ser Justo”, Renata Mendes diz que a prioridade do governo eleito deveria ser uma reforma tributária que reduza as desigualdades sociais e econômicas. Por isso, o foco na reforma dos tributos cobrados sobre o consumo (bens e serviços). Eles representam 44% de tudo que é arrecadado no País, e sua cobrança é considerada injusta e complexa. Para a população mais pobre, essa tributação onera 26% do orçamento familiar, enquanto, para os mais ricos, apenas 10%. Para as empresas, é considerada a mais burocrática e cara do mundo, entre 141 países. “Nosso papel não é partidário, é o de trazer uma discussão qualificada e bem mais acessível a todos”, diz Renata. O movimento apresentou as sugestões para cada um dos presidenciáveis.

Gerente do “Pra Ser Justo”, Marina Thiago destaca que Simone Tebet é a candidata até agora que mais traz o tema da reforma tributária com profundidade ao explicar os seus planos de governo, enquanto Bolsonaro está no lado oposto. A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, também foi monitorada. Guedes tem feito mais menção à reforma de tributação da renda associada ao financiamento do Auxílio Brasil.

Para o movimento, o programa e as falas de Lula e a sua equipe indicam a intenção de debater a reforma, mas os posicionamentos de Lula indicariam que esse ponto pode ter prioridade menor do que outros temas tributários, como o Imposto de Renda. Por outro lado, o movimento considera positivo que membros da campanha, como Wellington Dias e Aloizio Mercadante, mencionem a PEC 110, proposta de reforma ampla no Senado, como ponto de partida para as discussões em 2023.

O que mapeou o ‘Pra ser Justo’

• Simone Tebet (MDB)

O programa propõe uma ampla reforma tributária e afirma a intenção de reavaliar os benefícios fiscais, com metas anuais de redução. Menciona uma reforma no Imposto de Renda (IR), com a intenção de combater a desigualdade. Em seus posicionamentos, Simone Tebet e a coordenadora econômica do programa, Elena Landau, prometem implementar a reforma tributária nos primeiros seis meses de 2023. Além disso, o programa e os posicionamentos da candidata estão em linha com a sua trajetória, que é majoritariamente favorável à reforma. Foi uma das signatárias da PEC 110 e, como presidente da CCJ, cobrou compromisso do governo com a agenda.

• Ciro Gomes (PDT)

O programa propõe uma ampla reforma tributária sobre o consumo. Afirma a intenção de reavaliar os benefícios fiscais, com reduções no primeiro ano de governo, e menciona mudanças em outras bases, como a tributação de lucros e dividendos no IR e a implementação do imposto sobre grandes fortunas. Em seus posicionamentos, Ciro Gomes mencionou a reforma tributária sobre o consumo e o IVA. Apesar de destacar essa intenção, ele alega haver grandes resistências por parte dos entes federativos mais ricos, o que demandaria mais articulação durante o seu governo.

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• Lula (PT)

O programa propõe uma ampla reforma tributária e menciona a intenção de uma reforma do IR para corrigir as desigualdades. Em suas falas, Lula menciona a reforma tributária sobre o consumo, mas relembra os desafios políticos enfrentados no Congresso com as duas propostas que enviou, em 2003 e 2008. Também mencionou a intenção de propor novamente uma rodada de negociações. Apesar dos posicionamentos favoráveis, em reunião na Fiesp, o candidato mencionou a possibilidade de propor mudanças menores por meio de um fatiamento da reforma. O programa e as falas de Lula e sua equipe indicam a intenção de debater a reforma tributária. Porém, ainda é sucinto em relação à tributação do consumo, não havendo menção ao IVA. Os posicionamentos também indicam que esse ponto pode ter uma prioridade menor que outros temas tributários durante o governo, como o IR.

• Jair Bolsonaro (PL)

O programa menciona a intenção de realizar reformas estruturantes para garantir emprego e renda, simplificar a legislação e reduzir a carga tributária. Mas o programa e as falas de Bolsonaro e sua equipe ainda não incluem explicitamente a intenção de uma reforma tributária ampla sobre o consumo, que implemente um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), modelo adotado em 170 países e que é recomendado pela OCDE. A única proposta com maior detalhamento é a correção na tabela do IR para isentar quem recebe até cinco salários mínimos, em referência ao projeto de lei 2.337, de 2021, em tramitação – embora esse projeto proponha atualmente isentar as rendas a partir de R$ 2,5 mil mensais. Em discursos este ano, tanto Bolsonaro quanto Guedes têm mencionado a intenção de diminuir tributos da folha de pagamentos.

INOVAÇÃO NA CORREIRA E NOS NEGÓCIOS

 

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🎸 Rock in Rio usa cão-robô para fazer a segurança do festival. Netflix entra para o mercado de games. LG lança plataforma de NFT. Essas são algumas das últimas novidades de grandes marcas.

Perceba como elas apostam em inovações que não necessariamente tem a ver com o core do negócio.

Isso acontece porque não basta oferecer o melhor produto, é preciso conhecer novos comportamentos do consumidor e trazer para o mercado algo diferente e inovador. É esse tipo de ação que diferencia o negócio dos concorrentes.

Por exemplo, o cão-robô do Rock in Rio, usa tecnologia 5G, faz rondas graças à inteligência artificial implementada nele e detecta eventos suspeitos. Tudo é reportado em tempo real para os agentes de segurança (humanos) do festival.

O resultado? Além de facilitar a ronda do evento, virou celebridade, atraiu o olhar do público e viralizou nas redes sociais (alô, marketing). Os robôs foram desenvolvidos pela famosa empresa de robótica Boston Dynamics.

Já a Netflix, que criou um serviço disruptivo, agora tem enfrentado a concorrência direta (caso você queira se aprofundar, leia este artigo). Entre várias iniciativas para não ficar para trás, o streaming entrou para o bilionário mercado de games.

A estratégia está em abocanhar o público gamer, mas também em oferecer uma nova experiência para os usuários, já que os jogos têm temas dos títulos do streaming. Ou seja, é uma forma de engajar espectadores que buscam entretenimento além de filmes e séries.

Por fim, a LG, uma das mais tradicionais marcas, lançou uma plataforma de NFT (token não fungível) dedicada à compra e venda de tokens pela televisão. Não à toa. Uma das formas de se manter relevante no mercado é estar de olho nas inovações do agora e entender como aplicá-las no negócio.

Inovar não é uma tarefa fácil. Está mais para uma maratona do que uma corrida de 100 metros, né? 😅 Mas aqui estão algumas dicas:

Tire as ideias do papel. A melhor maneira para inovar é colocando em prática. Desta forma e com a análise de dados, você vai entender se de fato é uma boa ideia e quais pontos deve ajustar.

Use o método 80/20 do Google. Em 80% do tempo, as pessoas focam em suas tarefas, e nos 20% restantes, a empresa incentiva que elas se envolvam em projetos de outras áreas e busquem inovação que faça a companhia crescer. Um dos maiores cases de sucesso dessa metodologia no Google é o Gmail.

Resumindo 📝

Para inovar, é preciso enxergar além do core da sua empresa. Isso porque, não basta oferecer o melhor produto, é preciso conhecer novos comportamentos do consumidor e trazer para o mercado algo diferente e inovador. É esse tipo de ação que diferencia o negócio dos concorrentes. Uma boa dica é tirar a ideia do papel e executá-la.

7 empresas que morreram nos últimos anos por não inovar

Entenda como não repetir os erros de companhias gigantes que foram ultrapassadas por inovações

Inovação é o que mantém as empresas vivas. Não há como negar mais isso. Se a sua empresa não inova, muito provavelmente outra companhia virá e tomará seu lugar. E o pior: isso também afeta empresas que já foram grandes inovadoras em seus dias.

Para continuar inovando, empresas podem tomar dois caminhos: conversar com startups ou criar programas de P&D (pesquisa e desenvolvimento) dentro de suas casas. Aqui preferimos a primeira opção, sai mais barato e efetivo para grandes empresas.

Outra opção é conhecer empresas de grande sucesso que foram à falência por não inovarem. Aqui nós trazemos os grandes cases do mercado com nomes como Blockbuster, Kodak, Yahoo!, Xerox, MySpace, Atari, Blackberry, AOL, Nokia e Hitachi. Eles te dão uma noção de como algumas mudanças de perspectiva poderiam ter salvado – talvez seja o que falta na sua empresa também. 

Conheça 7 empresas gigantes que faliram nos últimos anos:

1. Blockbuster

Esse é um dos casos mais famosos das últimas décadas. Quem não tem memórias de ir até uma “locadora” para alugar alguns filmes? Bom. Essa era já morreu e levou a maior franquia desse segmento junto com ela. A Blockbuster era uma companhia gigante e com uma grande clientela fiel. E mesmo assim, morreu em pouquíssimos anos, quase de maneira surreal.

As pessoas deixaram de alugar DVDs para assistir através de serviço de streaming em demanda, como Netflix e Amazon Prime Video (e aqui no Brasil ainda teve a crueldade da pirataria para completar). Para piorar: a companhia teve a oportunidade de comprar a Netflix em 2000 e não comprou – resolveu focar as forças em ser a melhor varejista possível, o que acabou indo por terra quando as pessoas deixaram de visitar suas lojas para alugar DVD. Tudo bem, na época a Netflix era só um serviço de DELIVERY de DVD. A empresa faliu em 2013, depois de patinar por anos. É ainda mais doloroso saber que ela teve a faca e o queijo na mão, mas tomou as decisões erradas.

Atualmente, só sobrou uma Blockbuster aberta em todo o mundo – na cidade de Bent, estado americano do Oregon. Ela continua aberta por dois motivos: a) saudosistas da região vão para lá, além de muitos turistas e b) o dono não paga aluguel no terreno da loja. Ou seja, isso atesta que o modelo de negócios da empresa ruiu completamente, dando lugar a outra coisa nova e melhor.

2. Kodak

Outra história famosíssima de marca super popular, reconhecida, praticamente sinônimo de seu setor e que faliu por falta de inovação. Na década de 1970, a Kodak chegou a ser dona de 80% da venda das câmeras e de 90% de filmes fotográficos. E na mesma década, ela mesma inventou o que ia falir a empresa: a câmera digital. E surpreendentemente, ela ainda foi quase líder neste mercado, quando começou a competir.

Eles poderiam ter ido ainda melhor se tivessem acordado lá atrás. O que aconteceu é que, prevendo que câmera digital iria prejudicar a venda de filmes, eles engavetaram a tecnologia. Duas décadas depois, as câmeras digitais apareceram com força e quebraram a Kodak. Ela até tentou sobreviver, lançou câmeras digitais, mas seu nome não era mais sinônimo de fotografia como tinha sido décadas atrás. Faliu em 2012 e acabou com uma marca famosíssima, que, embora esteja de volta nos dias de hoje com algumas iniciativas interessantes, não é mais a mesma.

É muito importante lembrar que as empresas que quebraram a Kodak tiveram uma série de problemas na frente. O caso mais interessante talvez seja da GoPro, que é extremamente focada em hardware de captação de imagens. Como o celular passou a fazer esse tipo de trabalho, esse tipo de companhia também passou a ter problemas, demitindo centenas de funcionários recentemente. Ou seja, não basta inovar uma vez: precisa também seguir a inovação.

3. Yahoo!

Em 2005 o Yahoo! era o maior portal de internet do mundo e chegou a valer US$ 125 bilhões. Pouco mais de 10 anos depois, a companhia foi vendida por um preço modestíssimo para a Verizon, apenas por US$ 4,8 bilhões. Uma fração dos US$ 44,6 bilhões oferecidos pela Microsoft em 2008, quando a empresa já estava em crise. Tudo isso para sacramentar a morte da empresa como companhia independente.

Recentemente, a Verizon vendeu seu conglomerado de mídia – que inclui o Yahoo e a AOL – por US$ 5 bilhões para o fundo de capital privado Apollo Global Management.

O que deu errado? O posicionamento da companhia e a falta de inovação. Ela poderia ser o maior portal de pesquisa da internet, mas decidiram ser um portal de mídia. Foi por isso que não compraram o Google e não conseguiram comprar o Facebook. Aliás, a primeira oportunidade de comprar o Google foi por US$ 1 milhão, quando a atual empresa mais valiosa do mundo era só uma startup.

4. Xerox

Se as outras histórias são mais famosas, essa é a mais espetacular na minha opinião. Ela não faliu (eu menti para você no título da matéria, desculpa!), mas vale muito menos do que duas décadas atrás, mesmo sendo uma das companhias que ajudaram a criar várias tecnologias que usamos atualmente – com um dos times mais inovadores de toda a história. E seu nome, que é sinônimo no Brasil de cópia, hoje é muito menos relevante.

O PARC (Palo Alto Research Center) da Xerox tinha objetivo de criar novas tecnologias inovadoras. E conseguiram: computadores, impressão à laser, Ethernet, peer-to-peer, desktop, interfaces gráficas, mouse e muito mais. Steve Jobs só criou a interface gráfica de seus computadores após uma visita ao centro da Xerox, no coração do Vale do Silício. E ele não foi o único a “copiar” uma tecnologia deles com o intuito de lucrar. Muitos outros o fizeram e ganharam bastante dinheiro com as tecnologias desenvolvidas pela Xerox.

Contudo, um player do mercado pouco aproveitou das tecnologias desenvolvidas pela companhia: a própria Xerox. Isso é uma prova de que não adianta ter um time de inovação dentro da sua empresa criando coisas sensacionais. Inovação também é gestão. Não adianta ter os melhores inovadores na companhia se seus gerentes não conseguem implementar essas inovações para o mercado – uma regra de ouro para Larry Page, fundador do Google.

5. MySpace

A primeira grande rede social dos Estados Unidos, que teve o mesmo destino do Orkut. O MySpace começou a ganhar fôlego e tração baseada na ideia de que as pessoas queriam se conectar com outras ao redor do mundo, dividir fotos e outras mídias. Parecia bacana, mas a plataforma estagnou.

Pouco tempo depois, o Facebook surgiu do nada e tomou o espaço do MySpace facilmente, criando inúmeras novas funcionalidades. O Facebook se tornou muito popular em pouco tempo e roubou todo o espaço que o MySpace tinha. Foi vendido para um grupo gigante e depois sumiu. Seu irmão mais novo vale mais de US$ 800 bilhões e é uma das empresas mais promissoras do mundo.

6. Atari

Outra empresa do Vale do Silício que foi engolida pelos competidores por produzir produtos de qualidade questionáveis (alguém se lembra do jogo do ET?). Não bastou criar um mercado gigante de videogames praticamente sozinha, inovando com o Pong ou com o Atari 2600.

A companhia superaqueceu o mercado de videogames no início da década de 1980 e chegou a ter que enterrar milhares de fitas não vendidas e assumir o prejuízo. Quando o mercado se recuperou, outras empresas mais inovadoras haviam tomado a liderança, como a Nintendo. A Atari até tentou entrar novamente no mercado, mas nunca mais teve sucesso. Faliu, ressuscitou, faliu de novo e atual fase da empresa foi vendida em 2008 apenas para manter a valiosa marca viva.

7. BlackBerry

Mais uma grande empresa que faliu recentemente e que você vai lembrar do que ocorreu. A real inventora do smartphone foi a RIM no começo dos anos 2000. A companhia chegou a ter mais de 50% do mercado de celulares nos Estados Unidos, em 2007. Contudo, naquele mesmo ano, começou a sua derrocada.

O primeiro iPhone foi lançado no dia 29 de junho de 2007. A Blackberry ignorou as tecnologias que o iPhone estava trazendo, como o touch-screen e julgou que a empresa nunca seria capaz de se tornar o standard corporativo por não conseguir lidar com a segurança a nível de e-mail empresarial.

Mas a Apple dominou o mercado de consumidores pessoas-físicas e promoveu o BYOD (Bring Your Own Device, traga seu próprio aparelho) dentro das empresas. Com isso, o mercado foi redefinido e a Blackberry perdeu quase todo seu marketshare. A empresa faliu e atualmente tenta se redefinir lentamente, com aparelhos que usam o sistema operacional Android.

O QUE A SUA EMPRESA PODE APRENDER COM ESSES EXEMPLOS?

A lista de empresas que faliram por falta de inovação vai mais longe, mas essas 7 representam grande valor histórico e de mercado. A Kodak, por exemplo, surgiu de uma grande invenção, soube galgar nas inovações ao longo de anos, mas se sentiu ameaçada pelas câmeras digitais.

E isso não tem a ver só com as adaptações tecnológicas e inovadoras dentro da empresa, como bem nos mostrou a Xerox. Uma gestão que não inova, a falta de olhar para o cliente, a não implementação de uma rotina de aprendizagem contínua, todos esses são fatores que fazem com que empresas não aguentem.

A questão aqui é: como está a sua empresa neste cenário de mudanças? Ela segue se adaptando ou parou no tempo?

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Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.

inovação é a palavra-chave da nossa startup. Nossa empresa busca oferecer soluções criativas para demandas que sempre existiram, mas não eram aproveitadas pelo mercado.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

TSE VETA PROPAGANDAS DE PUBLICIDADE DO GOVERNO

 

Por

“Defeso eleitoral”
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília


Edson Fachin e Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE, rejeitaram nove pedidos de publicidade do governo| Foto: Antonio Augusto/TSE

Desde o início de julho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) vetou nove dos 28 pedidos do governo Jair Bolsonaro já analisados para veicular campanhas institucionais, propagandas e pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e TV sobre suas ações. Pela Lei Eleitoral, nos três meses que antecedem a eleição (período conhecido como “defeso eleitoral”), a administração federal é obrigada a submeter à Corte as peças de publicidade que pretende divulgar nos meios de comunicação, na internet, nas redes e nas ruas.

Isso porque, nesse período, a norma proíbe aos agentes públicos anunciar atos, programas, obras, serviços e campanhas “salvo em caso de grave e urgente necessidade pública”, exceção que deve sempre ser aferida pela Justiça Eleitoral. No caso do governo federal, essa decisão cabe ao presidente do TSE. Um levantamento feito pela reportagem mostra que de 2 julho para cá, os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que ocuparam o cargo desde então, reconheceram urgência e gravidade para autorizar 19 campanhas e rejeitar nove.

Nesse último grupo, há quatro pedidos do governo para autorizar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a realizar pronunciamentos no horário nobre, em todos os canais de TV e emissoras de rádio, para incentivar a população a se vacinar contra a poliomielite, a rubéola, o sarampo, a febre amarela e a varíola dos macacos.

Há ainda um pedido rejeitado para veiculação de campanha de vacinação contra a raiva animal; duas campanhas vetadas para convocação de formandos na área de saúde para o serviço militar obrigatório; outras duas campanhas ligadas ao Dia Nacional do Consumo e outra de alerta à população sobre cuidados em áreas de dutos da Transpetro.

Vetos a pronunciamentos sobre a vacinação
No primeiro pedido por pronunciamentos a favor da vacinação, a Secretaria de Comunicação (Secom) apontou utilidade pública, no sentido de “reduzir o risco de reintrodução do poliovírus e garantir proteção contra diversas doenças imunopreveníveis”. Inicialmente, o governo pedia que o pronunciamento fosse realizado no dia 5 de agosto, Dia Nacional da Saúde.

Fachin, no entanto, rejeitou esse primeiro pedido, por entender que não foi demonstrada gravidade ou urgência num pronunciamento de “comemoração ao Dia Nacional da Saúde”. “Trata-se, enfim, de uma comemoração e não de situação que agasalhe providência informada pelo caráter de gravidade ou, tampouco, urgência”, diz a decisão, assinada em 28 de julho.

No dia 2 de agosto, o ministro Fachin autorizou o lançamento da Campanha Nacional de Poliomielite e de Multivacinação 2022, para veiculação de propagandas na mídia, entre 8 de agosto e 9 de setembro, para convocar os pais a vacinarem os filhos. Neste caso, que não envolvia um pronunciamento, ele verificou “interesse público, na medida em que assegura o direito à informação e à saúde e oportuniza acesso às vacinas, contribuindo para o aumento das coberturas vacinais e eliminação das doenças imunopreveníveis”.

Ainda assim, o governo insistiu na tentativa de fazer um pronunciamento. Num novo pedido, submeteu o texto que seria lido por Queiroga, em que ele enaltece o sucesso e a abrangência do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que erradicou a poliomielite em 1989, e alerta para o perigo de ressurgimento da doença, que causa paralisia infantil.

“Precisamos agir agora, para evitar a reintrodução de enfermidades como a poliomielite e a rubéola, bem como controlar casos de sarampo e febre amarela […] Quero me dirigir, especialmente aos pais e mães deste Brasil, e convidá-los a levar seus filhos aos postos de vacinação. Não é aceitável que pessoas, especialmente as crianças, adoeçam e morram de enfermidades para as quais já existe vacina há muitos e muitos anos. É fundamental o empenho de todos, dos governos e da sociedade, para recuperarmos os altos índices de vacinação e protegermos todos os brasileiros”, diziam trechos do pronunciamento.

O objetivo é que ele fosse exibido nos dias nos dias 9, 10 ou 11 de agosto. Fachin, no entanto, negou o pedido, pois considerou que a tônica do discurso não era a vacinação, mas outras partes que narravam a atuação do Ministério da Saúde “no passado remoto e próximo, além de renovar a pretensão de manifestar-se sobre o Dia Nacional da Saúde”. Por fim, argumentou que a Constituição “desautoriza a personificação de programas da administração pública federal”, especialmente no período das eleições.

Ainda em agosto, a Secom tentou pela terceira vez autorização para o pronunciamento, desta vez junto a Alexandre de Moraes, que assumiu a presidência do TSE no dia 16. O órgão apresentou um texto semelhante, mas mais enxuto. Moraes, no entanto, rejeitou, lembrando que uma campanha de mídia com as informações sobre a vacinação já havia sido autorizada por Fachin, “inexistindo a necessária demonstração da gravidade ou urgência que justifiquem a aparição da figura do Ministro da Saúde em cadeia nacional”.

O novo presidente do TSE repetiu o argumento do antecessor contra a personificação e que havia intuito “nitidamente político-eleitoral”, especialmente em trechos em que o ministro exaltava o SUS, o PNI e na saudação final, em que diria “Deus abençoe o nosso Brasil!”.

No dia 22 de agosto, Moraes ainda negou outro pedido de pronunciamento, desta vez para incentivar a vacinação contra a varíola dos macacos.

A Secom apontou a existência de mais de 2 mil casos no país, a situação de emergência internacional e a necessidade de manifestação do ministro da Saúde para evitar o “desespero coletivo da sociedade diante do temor de uma doença desconhecida”. “A inserção do pronunciamento, em tom de alerta e esclarecimento, com informações claras e objetivas, tem o potencial maior de despertar a conscientização da população sobre os cuidados, prevenção e as orientações em caso de sintomas e de confirmação da doença – ações individuais essenciais para a proteção da saúde coletiva e de extrema importância neste momento”, argumentou o órgão. O plano era veicular o pronunciamento nos dias 18, 19, 20 ou 21 de agosto.

Moraes, no entanto, rejeitou, novamente alegando que uma campanha com peças publicitárias já havia sido autorizada, se opondo à aparição do ministro, com base no princípio da impessoalidade.

Além desses pronunciamentos, o TSE inicialmente também vetou a veiculação de uma campanha de vacinação contra a raiva animal. Em 15 de agosto, um dia antes de deixar o comando do tribunal, Edson Fachin observou que as propagandas começariam no dia 10, mas que não haveria data final, o que, segundo ele, prejudica a análise sobre a gravidade e urgência. Depois, verificou que, nos últimos 12 anos, foram notificados somente 45 casos de raiva em humanos. O governo recorreu e, só no dia 1º de setembro, 20 dias depois do marco inicial para veiculação da campanha, Alexandre de Moraes a autorizou, ao verificar que só neste ano foram registrados cinco casos, levando à morte três adolescentes e duas crianças, sendo quatro indígenas.

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Campanhas autorizadas pelo TSE, mas com restrições

Dos 28 pedidos de publicidade institucional do governo analisados até a última sexta-feira (9), data de fechamento desta reportagem, o TSE havia autorizado a veiculação de 19 campanhas, sendo 11 por parte de Edson Fachin e oito por parte de Alexandre de Moraes.

Na área de saúde, foram permitidas a divulgação de propagandas informativas – mas sem pronunciamentos – sobre a vacinação contra diversas doenças, como Covid, hepatites virais, poliomielite e varíola dos macacos. Também foi autorizada campanha a favor da amamentação.

Na área da educação, foram liberadas campanhas para avisar estudantes sobre datas e formas de inscrição no Prouni (programa de bolsas de estudo no ensino superior), para adesão ao Fies (que concede empréstimos para pagamento de mensalidades em faculdades privadas), de ingresso no Instituto Federal Catarinense (escola técnica profissionalizante), para provas do Encceja (exame que certifica adultos nos ensinos fundamental e médio) e para inscrição de graduandos em medicina em residências médicas.

Também foram permitidas campanhas sobre o Censo 2022, de alertas sobre incêndios, de pagamento de taxas em áreas da União ocupadas por particulares, e também da comemoração do Bicentenário da Independência.

Todas essas autorizações, no entanto, vieram acompanhadas de uma série de restrições do TSE. Em praticamente todas, não se permite menção ao governo federal e, em várias, a propaganda sequer poderia divulgar o endereço eletrônico gov.br, que disponibiliza uma série de serviços online para os cidadãos. Os ministros permitiram apenas a aparição do ministério responsável pelo programa e do link específico para ele na internet.

Em algumas decisões, Fachin afirmou que a menção ao governo federal implicaria em promoção da atual gestão de Bolsonaro, o que provocaria desequilíbrio na disputa eleitoral. Moraes agiu de forma semelhante, em alguns casos, proibindo até que o endereço na internet do serviço contivesse a abreviação “gov”.

“Defiro a liminar para autorizar a veiculação da referida publicidade institucional, permitida apenas a identificação do Ministério da Saúde, órgão responsável pela campanha, devendo ser afastada no material publicitário, porém, a alusão a sítio da internet contendo, mesmo de forma abreviada, menção ao ‘governo’”, decidiu o ministro, por exemplo, ao autorizar a campanha de incentivo à dose de reforço da vacina contra a Covid.

Dentro do governo, a avaliação é que essas restrições são exageradas e podem prejudicar o acesso fácil a informações úteis para o atendimento nos serviços públicos. A proibição de pronunciamentos também é criticada, pois considera-se que uma manifestação verbal do ministro tem muito mais peso, abrangência e eficácia para incentivar a vacinação.


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PIORES REPRESENTANTES ELEITOS ENGESSÃM O ORÇAMENTO

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Congresso Nacional tem se empenhado em encontrar formas de se apropriar de parcelas ainda maiores do Orçamento da União.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Quando a população vai às urnas e elege um novo governo, espera que o eleito seja capaz de implantar o programa que apresentou durante a campanha eleitoral. Isso pode ser feito por meio da escolha de ministros e outros cargos de primeiro escalão, mas também por meio de investimentos e gastos naquilo que o governante considera prioritário. Ao menos deveria ser assim, mas no caso brasileiro qualquer presidente da República, independentemente de viés político-ideológico, tem uma margem estreitíssima de escolha: de todo o Orçamento da União, apenas 6% está genuinamente à disposição do governante para usar naquilo que considerar mais importante – todo o resto está comprometido em despesas de execução obrigatória ou cuja escolha não está nas mãos do Executivo, e sim do Legislativo.

O engessamento é fruto da “sociedade de desconfiança” em que vivemos, na qual sempre se pressupõe o pior da parte dos representantes eleitos – embora seja preciso dizer que não poucas vezes eles efetivamente dão razões para tal. Estipula-se porcentagens mínimas de investimento em saúde e educação porque se imagina que, sem tal exigência, os gestores deixarão esses serviços à míngua; as emendas parlamentares tornam-se impositivas porque, do contrário, elas serão usadas como ferramenta de barganha em que a liberação é trocada por apoio em votações importantes (como de fato já o foram em muitas ocasiões). Em uma “sociedade de confiança”, pelo contrário, um gestor seria livre para alocar os recursos públicos onde considerasse necessário, e seria devidamente punido pelo eleitor quatro anos depois caso não investisse bem; Executivo e Legislativo dialogariam com liberdade sobre os gastos considerados importantes pelos parlamentares, sem imposições nem barganhas.

O teto de gastos força gestores a compreender que o dinheiro público não é infinito e que, por isso, é preciso fazer escolhas, uma tarefa que políticos detestam porque sempre deixa insatisfeitos

Em vez de o país trabalhar para chegar a este nível, prefere-se o caminho mais fácil do engessamento, deixando-se essa margem mínima – uma das menores do mundo – para os gastos discricionários do governo, enquanto todo o resto é engolido por despesas “carimbadas” pela Constituição, por outras leis e pela vontade dos congressistas, que tentam reduzir ainda mais essa margem e se apropriar de parcela ainda maior do Orçamento. O instrumento mais recente é o das “emendas de relator”, uma ferramenta que existe para pequenas correções de caráter técnico no Orçamento, mas que nos últimos anos se transformou em uma imoralidade que envolve dezenas de bilhões de reais. O Congresso já tentou transformá-las em impositivas no Orçamento de 2020, e o acinte foi tanto que até um notório adversário do governo, como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apoiou o veto presidencial afirmando que havia um “golpe parlamentarista” em andamento. Para o Orçamento de 2023, o caráter impositivo dessas emendas voltou a ser sugerido, mas sem sucesso.

Como, então, desengessar o Orçamento? O alvo mais óbvio tem sido o teto de gastos, o instrumento de ajuste fiscal aprovado em 2016 e que limita a despesa global do governo, corrigindo-a apenas pela inflação. O teto, no entanto, está longe de ser o problema. Pode-se até argumentar que aprová-lo antes das reformas da Previdência e administrativa não foi a melhor ideia, e que teria sido melhor primeiro reduzir no médio e longo prazo parte importante dos gastos “carimbados” aprovando tais reformas, para só então impor o teto. Mas ele efetivamente impede que governos gastadores comprometam o futuro do país e garante que eventuais receitas extraordinárias sirvam para reduzir a dívida pública, em vez de serem torradas, não raro contratando-se despesas permanentes. Não nos passa despercebido o fato de que o próprio teto de gastos também é, de certa forma, sintoma da “sociedade de desconfiança”, pois traz embutido o pressuposto de que, sem esse freio, governantes gastarão como se não houvesse amanhã; é preciso trabalhar para que ele um dia se torne desnecessário, com gestores empenhados em tratar com respeito o dinheiro tomado do contribuinte brasileiro.


Mas, enquanto isso não ocorre, o país precisa aprender a aplicar uma das virtudes do teto: ele força gestores a compreender que o dinheiro público não é infinito e que, por isso, é preciso fazer escolhas. Essa é tarefa que políticos detestam, pois tais escolhas sempre deixarão alguém descontente – aliados, grupos de pressão, corporações; sempre é muito mais simples elevar a despesa para que todos saiam satisfeitos. E será possível fazer melhores escolhas se finalmente as reformas que atacam o gasto público forem realizadas, em conjunto com a aplicação dos “três Ds” defendidos por Paulo Guedes desde a campanha de 2018: desindexar, desvincular e desobrigar. Isso pode ser feito de forma gradual, abrindo espaço aos poucos no Orçamento para elevar a margem que o governo teria para usar como achar melhor e implantar seu programa de governo. Afinal, quando um governante não pode executar suas plataformas porque praticamente todo o dinheiro já está empenhado em outras finalidades, também o eleitor vê traídos os seus anseios para o país.


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