segunda-feira, 12 de setembro de 2022

80% DOS JORNALISTAS SÃO DE OPOSIÇÃO

 

Viés político

Por
Bruna Komarchesqui

Spring, 2016 – Washington DC, USA – News room at the Washington Post. Newsroom of a major American newspaper


Redação do Washington Post, nos Estados Unidos| Foto: Bigstock

A queixa de que a maioria dos jornalistas é de esquerda (militando em causas progressistas) e as coberturas não são tão imparciais quanto alegam os veículos pode ir além de mera implicância ou intuição dos leitores de notícias. Em sua edição mais recente, uma das maiores pesquisas feitas com jornalistas brasileiros mostra que a maioria esmagadora (81%) dos que responderam sobre convicções políticas se declararam de esquerda (52,8%) ou centro-esquerda (29%). Por outro lado, apenas 4% dos jornalistas disseram ter posicionamento mais à direita (sendo 1,4% de direita e 2,5% de centro-direita). Até mesmo os que se identificam como extrema-esquerda (2%) superam os que os que se dizem de direita. Apenas 0,1% classificam-se como de extrema-direita.

Dados mais antigos já davam indicações parecidas. Em 2017, ao rebater um ataque do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad à imprensa, o então editor-executivo, hoje diretor de redação da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila, admitiu que “as Redações são formadas em sua maioria por uma elite intelectual de jovens progressistas de esquerda” e que “o resultado era palpável nas páginas do jornal, por mais que os profissionais se empenhassem em fazer valer o princípio de apartidarismo que é pilar do Projeto Editorial da Folha”.

Segundo escreveu Dávila, a redação da Folha tinha, na época, 78% de jornalistas identificados como centro-esquerda. “Em 2014, no segundo ano de governo Haddad, censo interno realizado pelo Datafolha atestou que 55% dos jornalistas da casa se consideravam de esquerda, e 23%, de centro. Indagados sobre como situavam o próprio jornal, 50% o colocavam no centro, e 30%, na esquerda. A maioria adotava posição liberal em relação a aborto, direitos homossexuais e drogas, em números eloquentemente superiores aos da população brasileira como um todo: 82% a favor da descriminalização da maconha e 96% a favor da união civil entre homossexuais, ante 77% e 39% dos brasileiros, respectivamente”, pormenorizou.

Definindo Haddad como possivelmente “o prefeito mais paparicado por jornalistas em toda a história de São Paulo”, o editor-executivo acrescentou que “por causa dessas características [dos jornalistas], encontrou terreno fértil nas Redações a agenda ‘São Paulo, Nova Amsterdã’”, do petista, que trazia propostas como o “biciclicentrismo das ciclofaixas e ciclovias” e o pagamento de salários a usuários de crack.

Na mesma época, em dezembro de 2017, um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo mostrou que não existia um posicionamento político dominante no Brasil. Segundo a pesquisa, houve um empate técnico na escolha do brasileiro pela direita, esquerda, centro e por uma postura independente. Todas as posições tinham, então, pouco mais de 20% das preferências, e se igualavam dentro da margem de erro de 2%. Ou seja, o ambiente posicionado mais à esquerda das redações, evidenciado por Dávila, não refletia uma tendência geral entre a população. E as pautas trabalhadas, portanto, poderiam estar descoladas dos anseios dos cidadãos.

“Os jornalistas de direita, em sua maioria, procuram fazer análises, sem confundir com opinião. Já os de esquerda são militantes, fora algumas exceções, como Fernando Gabeira, que consegue fazer uma análise independente da posição dele, ou William Waack, por exemplo. Mas a maior parte dessa geração com menos de 50 anos tem uma visão viciada e confunde análise com posições pessoais. Isso empobrece a maior parte do jornalismo”, analisa a professora de filosofia Bruna Torlay, diretora de conteúdo da Revista Esmeril.

Torlay estende a crítica aos veículos nacionais que, na opinião dela, perdem ao não abrir espaço para jornalistas com visões divergentes. “São poucos os jornais que contam com jornalistas do espectro associado à direita, cuja característica é não difundir narrativas forçadas sobre a esquerda. Esses veículos também costumam ser plurais e abrir espaço para pessoas de centro-esquerda, o que não acontece nos outros, que só contratam profissionais de centro-esquerda”, afirma.

A ciência pode explicar esse comportamento. Um estudo conduzido pelos psicólogos sociais Jesse Graham (Universidade do Sul da Califórnia), Brian Nosek (Universidade da Virgínia) e Jonathan Haidt mostrou que os conservadores entendem melhor a esquerda do que o contrário. Os pesquisadores pediram a mais de duas mil pessoas que respondessem a um questionário, com três tipos de opiniões políticas: as suas próprias, fingindo serem progressistas/esquerdistas típicos, e fingindo serem conservadores/direitistas típicos. Como resultado, os moderados e conservadores foram mais precisos em representar o papel dos outros grupos. E quanto mais progressistas eram os respondentes, mais imprecisas foram suas previsões sobre como pensam os demais grupos.

Matriz marxista na formação 
Outra explicação possível para o fenômeno do esquerdismo nas redações advém da própria formação acadêmica. Nos Estados Unidos, por exemplo, as universidades pendem para a esquerda. Em 2017, a Young America’s Foundation afirmava que, para cada orador conservador, havia 11 do outro lado do espectro político. Em algumas instituições de maior prestígio, como a Princeton, a proporção era de 30 docentes democratas para cada republicano. Já aqui no Brasil, um estudo realizado com professores de História de países do Mercosul, em 2018, revelou que 84,5% dos docentes brasileiros disseram preferir siglas de esquerda ou centro-esquerda.

“Educação é formação num ambiente de liberdade, de abertura, num ambiente de diálogo, de debate. A universidade e o ensino básico estiveram, e eu acho que ainda estão, muito dominadas por uma matriz marxista. Nós estamos há décadas e décadas com essa matriz. E eu diria não só essa matriz, mas uma matriz militante, ativamente militante, samba de uma nota só. Isso tem consequências. Quando a ideologia domina o processo de conhecimento, o que desaparece é o conhecimento”, opina Carlos Alberto Di Franco, que é doutor em Comunicação, especialista em Jornalismo Brasileiro e Comparado e consultor de empresas informativas.

“No Brasil, não é o esquerdismo que predomina, é a mediocridade. O comodismo é maior entre os brasileiros do que a identificação com uma ideologia”, completa Bruna Torlay. “O progressista é a pessoa que não contestou a própria formação recebida na universidade, não procurou outras fontes além da bibliografia distribuída pelos professores, e a maioria dos cursos é de esquerda. As pessoas que têm curiosidade correm o risco de rever suas posições, porque não são acomodadas, vão além e procuram outras teorias, autores e visões de mundo. No Brasil, a desvalorização da alta cultura faz a mediocridade predominar. As pessoas não vão além do obrigatório, e o obrigatório é esquerdista. É pela mediocridade que a coisa se mantém”, defende.

Filiados a partidos superam recorte populacional 
O relatório Perfil do Jornalista Brasileiro 2021 obteve 6.650 respostas de jornalistas, por meio de enquete em rede, entre 16 de agosto e 1º de outubro do ano passado. A maioria dos respondentes trabalha no Brasil, sendo que 56 ouvidos atuam no exterior. As perguntas sobre posicionamento ideológico foram respondidas por 1.978 profissionais. Entre eles, 8,3% não quiseram informar suas convicções. A posição ao centro correspondeu a 4,7% dos ouvidos.

Em uma pergunta aberta sobre posicionamento ideológico, pouco mais de 2% dos entrevistados responderam, com destaque para definições como “esquerda ambientalista” e “esquerda radical”. Também houve 13 respostas defendendo a neutralidade, a imparcialidade ou afirmando que não se sentem representados. Pouco mais de 10% se declarou filiado a algum partido político, com uma tendência à participação em partidos de esquerda (o PT aparece no topo, com 4,1% dos ouvidos, seguido por PSOL, com 1,8%, e PCdoB, com 0,8%). De acordo com a pesquisa, o Tribunal Superior Eleitoral apontava 16 milhões de pessoas filiadas a partidos políticos em 2021, o que correspondia a 7,4% dos brasileiros. Ou seja, o índice de filiação entre os jornalistas (10,3%) supera o da população em geral.

Perguntas sobre ética no exercício da profissão foram respondidas por 1.462 jornalistas. Para 86% deles credibilidade é extremamente importante, e 12,8% consideram muito importante; 71% disseram que diversidade é extremamente importante e 24,8%, muito importante. Equilíbrio é tido como um valor de importância para 94,6% dos profissionais. Já a imparcialidade é vista como extremamente importante por 46% deles e muito importante por 27%. Quase 65% apontaram a pressão de anunciantes, patrões, governos ou outros como fator que impede o exercício ético do jornalismo.

O estudo foi liderado pelo Laboratório de Sociologia do Trabalho da Universidade de Santa Catarina (Lastro/UFSC) e articulado nacionalmente pela Rede de Estudos sobre Trabalho e Profissão (RETIJ), da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).

EUA seguem mesma tendência 
Realizada a cada dez anos, a última edição da pesquisa The American Journalist [O Jornalista Americano], publicada em 2013, mostrava que metade dos jornalistas dos EUA (50,2%) se diziam independentes, 28,1% afirmavam ser democratas (perto do índice geral da população, que é de 30%) e 7,1% republicanos (número bem menor que os 24% de adultos que se identificam com o Partido Republicano no país).

“É certamente verdade, pelo menos nos Estados Unidos, que a maioria dos meios de comunicação mainstream é composta e liderada por pessoas que estão predominantemente à esquerda do centro. Muitas razões foram sugeridas para isso, mas não acho que haja uma explicação simples ou direta”, pontua Stephanie Slade, editora-sênior da revista conservadora americana Reason, em entrevista à Gazeta do Povo. “Também é verdade que há mais canais de centro-direita do que nunca, e também mais canais não ideológicos ou específicos de áreas temáticas. Os seres humanos nunca puderam escolher entre um conjunto tão diversificado de fontes de informação, para melhor e para pior”, completa.

Para a jornalista, embora todos tenham suas inclinações, alguns profissionais e veículos se esforçam mais pela imparcialidade na escolha das pautas, fontes e ênfases. Ou seja, é possível fazer jornalismo ético e de alta qualidade sem ser “neutro”.

“Na revista Reason, onde trabalho, acreditamos que a liberdade é melhor que a escravidão, o governo constitucionalmente limitado é melhor que o autoritarismo e os mercados são melhores que a economia planificada. Nossas reportagens refletem esses princípios e estamos abertos a isso. No entanto, como todos os bons jornalistas, estamos comprometidos com a honestidade, a verdade e a justiça em nossas reportagens. Só porque você tem uma ‘perspectiva’ não lhe dá licença para ignorar os fatos ou distorcer a realidade ao seu gosto. Na verdade, se os fatos estão causando problemas para você, provavelmente é um sinal de que você precisa revisar sua perspectiva”, alerta Slade.

Viés exagerado? 
Durante uma viagem em 2020, o então presidente dos Estados Unidos Donald Trump disse que a mídia o tratou pior do que qualquer presidente anterior. Segundo um grupo de cientistas norte-americanos que trabalhou em um levantamento entre 2017 e 2018 para investigar se as preferências políticas dos profissionais de imprensa têm influência em dois tipos de viés (nos assuntos que escolhem cobrir e no tom da cobertura), a alegação de Trump não tem fundamento.

À solicitação “descrevam (sua) própria ideologia (política) pessoal” em uma escala de cinco pontos, variando de muito liberal [nos EUA, liberal equivale à esquerda; no Brasil, o conceito é similar ao europeu, mais associado à direita e à conotação de Estado mínimo] a muito conservador, a maioria dos jornalistas respondeu se declarando independente ou moderada. Para superar esse “obstáculo”, os pesquisadores optaram, então, por identificar a ideologia de cada indivíduo com base em quem ele segue no Twitter (o que, segundo eles, teve resultados muito próximos da realidade para aqueles jornalistas que responderam se posicionando politicamente). A investigação envolveu quase 7 mil repórteres que cobrem política. “Descobrimos que a maioria dos jornalistas é muito liberal. O jornalista médio está à esquerda de políticos liberais proeminentes como o ex-presidente Barack Obama”, reconhecem.

Os pesquisadores enviaram a todos os jornalistas sugestões aleatórias de pautas sobre um suposto candidato liberal ou conservador. A conclusão foi que os profissionais não se mostraram mais tendenciosos a cobrir um candidato de sua própria ideologia, o que derrubaria a hipótese do primeiro tipo de viés. A pesquisa também identificou o posicionamento de quase 700 jornais locais e nacionais e analisou todas as notícias disponíveis sobre os 100 primeiros dias de Trump no cargo. O levantamento contou com um software que estima o tom emocional na linguagem escrita de 0 a 100 (sendo que 50 é considerado tom neutro).

“Embora haja uma relação entre a ideologia de um jornal e o tom da cobertura, o efeito é pequeno. Consideramos o tom médio de três jornais, um na extrema-direita de nossa escala, um no centro e um na extrema-esquerda. Para todos os três, o tom é próximo de 50. Os jornais conservadores não são líderes de torcida abertos de Trump, e os veículos liberais não são excessivamente negativos. (…)  A maior parte da cobertura jornalística é moderada e apresenta poucos vieses facilmente identificáveis”, defendem os pesquisadores.

Apesar das conclusões do estudo norte-americano, na prática as evidências mostram uma tendência a “distorção” na cobertura, de acordo com as preferências políticas dos profissionais. Voltando ao artigo escrito por Sérgio Dávila, um levantamento feito pelo Banco de Dados da Folha de S. Paulo, em agosto de 2017, comparou as coberturas dos seis primeiros meses da gestão de Fernando Haddad com o mesmo período da administração João Doria.

O petista teve 619 menções no jornal, 443 delas com efeito neutro (72%), 83 com efeito positivo (13%) e 93 com efeito negativo (15%). Já o tucano foi mencionado 1.027 vezes, 683 delas foram neutras (67%), 54 positivas (5%) e 290 negativas (28%). “À parte a dominância bem-vinda dos índices de neutralidade em um caso e outro (72% para Haddad e 67% para Doria), impressiona como os percentuais de menções negativas e positivas se invertem: a proporção de textos de leitura negativa em relação ao tucano (28%) é quase o dobro da do petista (15%), enquanto a proporção de textos de leitura positiva em relação ao petista (13%) é quase o triplo da do tucano (5%)”, analisou Dávila.

Moldando a percepção da realidade 
O escritor Cal Thomas, colunista do site conservador de notícias Daily Signal, alerta que o controle da linguagem pela mídia “molda a percepção do público e, eventualmente, a opinião”. Ele destaca uma “propensão da mídia de usar palavras como ‘extrema-direita’ e ‘extremo’ quando mencionam conservadores, mas muitas vezes se recusam a associar a palavra ‘liberal’ ou ‘esquerda radical’ a pessoas cujas políticas e pontos de vista se encaixam nessa descrição”.

Um reflexo desse comportamento, afirma Thomas, seria a “grande lacuna entre o que as pessoas acreditam ser verdade e o que é verificável”. Uma pesquisa citada pelo escritor mostra que, enquanto indivíduos transgêneros representam apenas 1% da população dos EUA, as pessoas acreditam que a proporção estimada é de 21%. Se por um lado 3% no país se identificam como gay, lésbica, bissexual ou transgênero, por outro o público pensa que o número é de 30%. A população negra dos EUA é de 12%, mas os ouvidos pela pesquisa acham que é de 41%. O número real de hispânicos é de 17%, enquanto a percepção é de 39%. No caso dos ateus a variação vai dos 3% reais para os 33% percebidos.

“O que explica essa vasta disparidade entre percepção e realidade? Só pode ser a mídia de notícias e entretenimento e o que ela escolhe destacar, bem como o viés que traz para assuntos e questões que busca promover, denegrir ou ignorar”, reforça. “Como James Freeman observou recentemente no The Wall Street Journal: ‘O costume atual no jornalismo sustenta que a legislação patrocinada pelos democratas carrega o título preferido pelos democratas, enquanto um projeto de lei patrocinado pelos republicanos carrega o título preferido pelos democratas’”, acrescenta.

Como os conservadores percebem a mídia 
Uma pesquisa publicada em dezembro pelo Tow Center for Digital Journalism, da Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia, investigou as percepções e os sentimentos de um grupo de conservadores sobre a cobertura da pandemia da Covid-19 nos EUA. Os pesquisadores promoveram grupos focais com 25 consumidores de notícias conservadores do sudeste da Pensilvânia e de Nova Jersey, entre setembro de 2020 e maio de 2021.

Para os entrevistados, as principais operações da mídia americana (o que inclui veículos como New York Times, Washington Post e CNN) e suas notícias podem ser classificadas como “liberais” – o que, na visão deles, significa um desprezo por conservadores e pelo que consideram como cultura americana tradicional. As reclamações dos participantes do estudo, porém, não estão ligadas à adoção de valores liberais pela mídia ou à negligência das opiniões dos conservadores, mas ao que classificaram como “esforços para envergonhar os conservadores e desacreditá-los como participantes legítimos da vida pública”.

A maioria dos entrevistados não descartou a ameaça da Covid-19 de forma definitiva, mas acredita que a cobertura midiática culpou conservadores e o presidente Donald Trump pelo número de vítimas da pandemia. Para eles, os jornalistas insistiram em estatísticas negativas e minimizaram os impactos econômicos de medidas de bloqueio. “O que eles estão fazendo na verdade é culpar certas pessoas”, disse um aposentado, que tinha um posto de gasolina.

Alguns entrevistados disseram que os conservadores são vistos na grande mídia como “párias” e “selvagens”, “que precisam ser expurgados da sociedade”. Outros garantiram que estão sofrendo “ostracismo”. Vale ressaltar que o objetivo do estudo não era investigar se as percepções dos participantes tinham base na realidade, mas saber como os conservadores percebem o noticiário.

Para os autores do estudo, a solução para conquistar a confiança dos conservadores não está em uma “precisão rigorosa ou imparcialidade conspícua” por parte dos jornalistas. Tampouco, na opinião deles, funciona a grande mídia ignorar essa parcela da população e relegá-la ao consumo de conteúdos que nem sempre passaram pelos filtros de apuração jornalísticos. “A necessidade de ampla cooperação social diante da crise de saúde pública com a Covid-19 mostra o problema profundo que é uma parcela significativa da população estar divorciada de notícias confiáveis”, opinam os autores, nas conclusões do estudo.

“Nossos entrevistados veem os principais meios de comunicação como parte de um grupo de instituições liberais dedicadas a transformar conservadores em párias. (…) Os jornalistas podem ou não ver o distanciamento conservador como sua culpa. Mas se o objetivo é informar uma ampla faixa do público, eles precisarão convencer mais pessoas de que esse é, de fato, seu objetivo”, afirmam Doron Taussig e Anthony Nadler, dois dos autores da pesquisa, em artigo publicado no site americano The Conversation.


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CANDIDATO POPULISTA DA OPOSIÇÃO DESPREZA O POVO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Lula durante ato em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.| Foto: Ricardo Stuckert / Flickr Lula Oficial

Um tipo particular de autoproclamado “democrata” ganhou destaque nos últimos dias: aquele que despreza a voz do povo quando ela diz o que tais pessoas não gostariam de ouvir. Assim foram, por exemplo, as reações de formadores de opinião diante do referendo de 4 de setembro no qual os chilenos rejeitaram, por ampla margem, uma Constituição que refletia mais os delírios esquerdistas e pautas identitárias que a opinião da maioria da população. Mas isso foi apenas uma prévia do que estava por vir nas comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro.

Como o apocalipse golpista profetizado por adversários políticos e jornalistas não se concretizou, restou-lhes criticar aspectos secundários das manifestações que tiveram a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro. Ironicamente – ou não –, coube justamente àquele que tais políticos e formadores de opinião descrevem como a encarnação da democracia e da moderação desferir o ataque mais virulento aos brasileiros que foram às ruas no Sete de Setembro. “Foi uma coisa muito engraçada o ato do Bolsonaro. Parecia uma reunião da Ku Klux Klan. Só faltou o capuz. Não tinha negro, não tinha pardo, não tinha pobre, trabalhador”, afirmou o ex-presidente, ex-presidiário, ex-condenado e candidato Lula em comício na cidade fluminense de Nova Iguaçu, no dia 8.

Foi a racistas homicidas que Lula equiparou os milhões de brasileiros presentes às manifestações pacíficas da última quarta-feira – e que certamente incluíram negros, pardos, trabalhadores e pobres

A pretensão lulista de descrever com exatidão os participantes de atos tão multitudinários – e desprezá-los por não se encaixar em determinado perfil – é o de menos. A comparação feita por ele é que salta aos olhos pela agressividade. A Ku Klux Klan é um grupo supremacista branco que, historicamente, não se limitou a defender e promover o racismo nos Estados Unidos; estamos falando, aqui, de verdadeiros assassinos. No auge do grupo, ocorrido em fins do século 19 e início do século 20, a KKK foi responsável por ao menos 4 mil mortes no sul dos EUA, muitas delas com requintes de crueldade, sem falar em outras agressões, inclusive estupros, cometidas tanto contra negros quanto contra brancos que ajudassem ex-escravos ou simpatizassem com a causa dos direitos civis. Foi a racistas homicidas, portanto, que Lula equiparou os milhões de brasileiros presentes às manifestações pacíficas da última quarta-feira – e que certamente incluíram negros, pardos, trabalhadores e pobres.

Para “democratas” da estirpe de Lula, pessoas como os chilenos que disseram “não” à nova Constituição e os brasileiros que apoiam Bolsonaro não são dignas de terem sua voz ouvida, porque não se ajoelham diante de certas pautas ou de certas pessoas. Não são “o povo”, são algo à parte, alienígena… e perigoso, contra quem vale tudo – afinal, há como tolerar racistas homicidas? O Lula que derrama lágrimas por um militante petista assassinado por um apoiador de Bolsonaro, em outro lamentável episódio de violência política, é o mesmo que desumaniza milhões de brasileiros, equiparando-os a abjetos supremacistas brancos, e o mesmo que elogia um ex-vereador de seu partido por ter atirado um empresário na direção de um caminhão em movimento.


Não basta, para um autêntico democrata, apenas condenar a violência política quando ela atinge extremos como os que temos visto ultimamente, consequência desse processo de desumanização do adversário a que nos referimos dois meses atrás, por ocasião da morte do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR). O verdadeiro democrata compreende e aceita que haja quem pense de forma diferente; o verdadeiro democrata reconhece o valor e a legitimidade da voz do povo nas ruas e nas urnas mesmo quando ela lhe desagrada; pode manifestar sua frustração com o desfecho diferente do desejado, mas jamais desqualificar essa voz como se a democracia só existisse quando é a própria posição que prevalece. Essa desqualificação já é sinal de um grave déficit democrático, mas a doença se revela ainda mais séria quando vem acompanhada de tentativas de transformar em párias ou criminosos quem pensa de forma diferente, como acaba de fazer Lula.


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RECEITA DE CUSCUZ CLÃ

Tirado do livro da Bela Gil

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Esta receita contém soja, leite, ovo, glúten e principalmente muitos lugares-comuns das crônicas que emulam o estilo dos livros de culinária.| Foto: Reprodução/ Twitter

Atenção! Esta receita contém soja, leite, ovo, glúten e principalmente muitos lugares-comuns das crônicas que emulam o estilo dos livros de culinária. Aprecie com moderação. O consumo excessivo de cuscuz clã pode causar impotência. Se persistirem os sintomas, um médico deverá ser consultado. Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar. Pilhas não incluídas.

UTENSÍLIOS
1 forno especial para assados marxistas (made in China, claro)
1 partido comunistoide untado com uma generosa camada de mentira
1 palco diante de uma militância paga

INGREDIENTES
½ xícara de burrice
3 ou 4 intelectuais
1 litro de cachaça (pode ser da mais barata mesmo)
1 milho
Doses generosas de narcisismo
Puxa-sacos (a gosto)
1 ex-presidiário de voz rouca
1 litro de suco de jornalismo militante
Progressismo (a gosto)
Identitarismo fresco (para decorar)
1 folhinha de TSE (opcional)
Grãos de pesquisas eleitorais (opcional)

RENDIMENTO
45%, segundo o Datafolha

MODO DE PREPARO
No partido comunistoide previamente untado com uma generosa camada de mentira, misture os intelectuais e a burrice. Mas tem que ser burrice de qualidade, hein? Prefira a francesa, marca Sorbonne. Na impossibilidade de usar o produto importado, sugiro a marca USP. Para este cuscuz clã, usei uma Djamila, um Paulo Freire e um Foucault que já estava quase vencido. Assim que a mistura começar a espumar de raiva, acrescente o milho.

Adicione a cachaça. Pode ser da mais barata mesmo. Deixe descansar. De preferência num carguinho público ou, se não for possível, num sindicato. Você vai notar que a mistura inicial adquirirá um aspecto de arrogância bem viscosa. Quanto estiver neste ponto, adicione generosas doses de narcisismo. Aumente o petismo e ferva por cinco segundos ou até o fim deste parágrafo.

Não se assuste muito com essa gororoba que você tem em mãos. Assuste-se só um pouco e tente não vomitar. O grude, você vai ver, logo vai ganhar consistência, até porque a crônica está chegando ao fim. Pegue esse mingau de desonestidade que você tem em mãos e o transfira para um palco diante de uma militância paga. Salpique os puxa-sacos por toda a superfície e, no meio delas, coloque um ex-presidiário de voz rouca.

Agora, com muito cuidado, derrame sobre o ex-presidiário de voz rouca a suco de jornalismo militante. Isso, bem devagar. Certifique-se de que ele esteja todo banhado no brilho reluzente e rubro das narrativas esquerdistas, das conjunções adversativas e dos factoides que mudarão o mundo. Salpique com progressismo e decore com identitarismo fresco. Mas não exagere, senão começa a feder. Para garantir o êxito da receita, tem gente que gosta de acrescentar uma folhinha de TSE ou alguns grãos de pesquisas eleitorais.

Coloque tudo no forno especial para assados marxistas. Com alguma sorte para você e azar de quem vai comer, depois de 30 minutos em petismo alto o cuscuz clã está pronto. Sirva com um copo de fel, inveja e ressentimento.


Para você, leitor do futuro: ao se referir às pessoas que foram às manifestações do dia 7 de setembro de 2022, Lula disse que pareciam todos membros da Ku Klux Klan, o grupo racista norte-americano. Fingindo ignorância, porém, o ex-presidiário disse algo que soou como “cuscuz clã”. Daí a receita de hoje.

ELEIÇÕES 2022
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PATIDOS DE OPOSIÇÃO NÃO QUEREM AS IMAGENS DE 7 DE SETEMBRO

 

Eleições

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Imagens do ato de 7 de setembro na propaganda eleitoral de Bolsonaro| Foto: Reprodução

Na última sexta-feira (9), estive almoçando com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Ele me disse que ainda não havia sido tomada a decisão de o presidente Jair Bolsonaro (PL) interromper a campanha para ir aos funerais da rainha Elizabeth II. Agora está decidido: ele vai.

Aliás, a campanha de Bolsonaro teve neste sábado (10) uma proibição, por parte de um ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, atendendo a um pedido da coligação formada por PT, PV, PCdoB, PSOL, REDE, PSB, Solidariedade, Avante, Agir e Pros, suspendeu uma propaganda que usava imagens daquele oceano de gente nos eventos do dia 7 de setembro.

Interessante que toda aquela gente foi para a rua no Brasil inteiro por convocação do presidente Bolsonaro. Ou seja, o mérito é dele, mas não pode mostrar. Acontece que a propaganda que não entrou parece estar bombando nas redes sociais – tem uma parte linda em que aparecem crianças dizendo “vote em mim”.

Claro que, com esse pedido ao TSE, a coligação adversária passa recibo do sucesso do dia 7. Está reconhecendo que foi muito grande e que, por isso, está pedindo para proibir. O PL, que é o partido de Bolsonaro, não iria proibir se quisessem mostrar qualquer tipo de manifestação pública da outra coligação. Aliás, eu acho que até deveriam mostrar o povo que estava nos comícios em Taboão da Serra (SP), em Nova Iguaçu (RJ), que foram bem diferentes do 7 de setembro.

Piso da enfermagem nas mãos do STF
Eu queria falar um pouco sobre a lei que instituiu um piso salarial para a enfermagem. No Congresso Nacional, para se aprovar um projeto, o texto passa por comissões, estuda-se, faz audiências públicas, ouvem-se as partes, são feitos cálculos, em que são verificados os recursos disponíveis para isso. Depois, a matéria vai a plenário da Câmara e do Senado. Se a redação muda em uma Casa, volta de novo para a anterior. E, após muita discussão, se por fim é aprovado, o projeto vai para o presidente da República, que, por sua vez, pode sancionar, vetar integralmente ou vetar partes.

O presidente sancionou o piso da enfermagem, que foi publicado em Diário Oficial e entrou em vigor. Mas aí, a confederação dos hospitais entra no Supremo Tribunal Federal (STF), cai nas mãos do ministro Luiz Roberto Barroso, e o ministro suspende a lei bem no dia do pagamento da folha. Seriam R$ 4.750 para enfermeiros, 70% desse valor para técnicos de enfermagem e 50% para auxiliares.

Agora o caso foi para o plenário do Supremo, e a votação está em 5×2 – os dois votos a favor dos enfermeiros são de André Mendonça e Kassio Nunes Marques. Vamos ver no que é que pode dar isso, mas eu acho o seguinte: um homem, ou onze, não pode derrubar decisões que foram tomadas por 81 senadores, 513 deputados e um presidente da República com 58 milhões de votos. Ainda mais porque nenhum dos ministros do Supremo teve voto. Nenhum tem representação popular direta. Contrariou a Constituição? Não, porque passou pela Comissão de Constituição e Justiça para se verificar isso. Então para mim é incompreensível o que está acontecendo.

Não acredito mais em pesquisas eleitorais
Para encerrar, vou contar o que fiz nas eleições de 2018. Mais ou menos nessa época, 30 dias antes das eleições, eu anotei todos os resultados de pesquisas eleitorais. É por isso que eu não acredito mais em pesquisa. Não vão me tapear pela segunda vez. Tem uma dezena de agências fazendo pesquisa, e os resultados estão semelhantes àqueles de 2018.

Não vejo por que alguém vá se valer de pesquisa para decidir o voto, ainda mais em uma eleição em que os dois principais candidatos são muito conhecidos. Acho que nunca nesse país foi tão fácil escolher, porque um deles foi presidente por oito anos e mandou na presidência por mais seis, totalizando 14 anos. E o outro, no dia da eleição, vai ter três anos e nove meses de presidente. Então está muito fácil escolher, porque é bem conhecido o que já fizeram os dois principais candidatos.


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GASTANÇA DOS DEPUTADOS EM VIAGENS PELO MUNDO

 


Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Arthur Lira no Harvard Club de New York| Foto: Reprodução/Facebook

A pandemia da Covid-19 ainda matava duas centenas de pessoas por dia, mas os deputados já estavam viajando pelo mundo. No primeiro semestre, 40 deles gastaram R$ 1 milhão nas viagens em “missões oficiais” a 30 cidades. Dois seguranças e 1 assessor do presidente da Câmara, Arthur Lira, receberam 10,5 diárias no valor total de R$ 30 mil – cada um – numa viagem para New York, em maio. Cada diária saiu por R$ 2,8 mil. Cada passagem de dois seguranças de Lira para Los Angeles, em junho, custou R$ 29 mil.

A equipe de segurança e assessoria técnica de Lira em New York custou R$ 125 mil. O presidente esteve em eventos da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas – estado de Lira –, do Banco BTG Pactual e da ISO Datagro. No dia 10 de maio, ele palestrou na na Conferência “Brazil & the World Economy”, no Harvard Club. A assessoria e acompanhamento policial a Lira na Cúpula das Américas, em Los Angeles, e na inauguração do Vice-Consulado do Brasil em Orlando custaram mais R$ 113 mil.

As deputadas Celina Leão (PP-DF) e Margarete Coelho (PP-PI) também estiveram em Los Angeles e Orlando, com despesas totais de R$ 64 mil. A passagem mais cara entre todos os voos foi a de Celina – R$ 24,4 mil. Com as diárias, as suas despesas somaram R$ 34 mil.

A viagem das 21 noites

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, a convite Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, partiu em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) em missão comercial a países árabes e do leste europeu, com a participação dos Ministérios das Relações Exteriores e da Defesa e da Apex-Brasil, para reuniões com parlamentares e autoridades, de 18 de maio a 7 de julho.

Eduardo recebeu cinco diárias no valor de R$ 10,5 mil. Mas o policial legislativo Luiz Henrique Salazar recebeu 20,5 diárias no valor de R$ 44 mil para fazer o mesmo roteiro, na missão de proteção de autoridade (escolta motorizada e proteção pessoal), “à disposição em tempo integral em toda a sua agenda”. Em todo o seu roteiro, foi transportado na aeronave da FAB.

Nas redes sociais, Eduardo procurou mostrar intimidade com o príncipe Sheik Nasser Bin Hamad  Al Khalifa, encarregado do petróleo e gás no Bahrein e Comandante da Guarda Real. “Amigo que é amigo chega dando banda ou mata-leão! Hehe. Jiu jitsu brasileiro fazendo amizades pelo mundo”. O deputado também esteve no Marrocos, Egito, Omã, Emirados Árabes, Kuwait, Catar, Iraque, Arábia Saudita, Hungria e República Theca.

Eduardo Bolsonaro procura demonstrar intimidade com Sheyk: “Amigo chega dando banda”. foto: Reprodução/Facebook


Aécio aplaudido de pé
O ex-presidente da Câmara Aécio Neves (PSDB-MG) participou do Fórum Jurídico de Lisboa, em julho. Com passagem na classe executiva, no valor de R$ 22 mil, a despesa da viagem chegou a R$ 35,5 mil. No relatório de viagem, Aécio registrou que foi aplaudido de pé na Assembleia da República ao ser apresentado aos parlamentares portugueses pelo presidente da casa, Eduardo Ferro Rodrigues.

No Fórum Jurídico, organizado pela Universidade de Lisboa e pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa – criado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, Aécio encontrou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um dos palestrantes do evento.

Deputado informa em relatório de viagem que foi aplaudido em pé na Assembleia da República de Portugal. foto: Reprodução/FacebookVEJA TAMBÉM:
Bolsonaro acelera viagens no ano eleitoral e gastos do mandato superam R$ 100 milhões
Las Vegas, Milão, Lisboa, Fátima
A viagem de Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) para New York, para a Conferencia Internacional sobre reciclagem e Gestão de Resíduos, em maio, custou R$ 27 mil, sendo R$ 16 mil com passagem aérea. A deputada Greyce Elias (Avante-MG) viajou a Frankfurt para a Comitiva de Turismo – Imex 2022, feira para o setor de turismo de lazer. As despesas somaram R$ 23,5 mil.

Mariana Carvalho (Republicanos-RO) gastou R$ 19,5 mil na viagem a Porto (Portugal) para participar da Conferência Internacional sobre Educação Médica, bem como de visita ao Consulado-Geral do Brasil no Porto, e da cerimônia de Assinatura de Memorando de Entendimento entre o MS e a Universidade do Porto.

Vinícius Carvalho (Republicanos-SP) esteve na ISRI 2022 Convention and Exposition – evento da indústria da reciclagem, em Las Vegas, em março, com despesas de R$ 17 mil. Neucimar Fraga (PP-ES) participou da Feira de Rochas Ornamentais “Coverings 2022”, também em Las Vegas, em abril. A viagem custou R$ 20,2 mil.

Euclides Petersen (PDC-MG) e Ruy Carneiro (PSC-PB) estiveram no evento Digitalks Lisboa 2022, em junho. O custo da comitiva chegou a R$ 35 mil. Carlos Chiodini (MDB-SC) foi para a mostra brasileira no FuoriSalone 2022, durante a Semana de Design de Milão. Recebeu apenas R$ 5 mil em diárias, mas teve as despesas com passagens e hospedagem pagas pela Apex-Brasil.

Bia Kicis (PL-DF) e Eduardo Cury (PSDB-SP) viajaram a Portugal para participar de conferência no Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas, da Universidade de Lisboa. Bia fez ainda visita ao Santuário de Fátima, como integrante da Frente Parlamentar Católica. “Fui recebida pelo Cônsul Honorário em Fátima, Carlos Evaristo”, informou a deputada no seu relatório de viagem. O deslocamento da comitiva custou R$ 45 mil.

A reportagem questionou o presidente da Câmara sobre o valor das passagens e diárias para seus seguranças. Não houve resposta.

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PRODUÇÃO DE BORRACHA NO DESERTO

 

Michael Harley

SCHNELL AUTO – Forbes Brasil

A Bridgestone promoveu recentemente uma press trip para mostrar os detalhes de sua alternativa sustentável às seringueiras, explorar as instalações de produção e conhecer as pessoas por trás da ciência. A jornada começou na fazenda de guayule, da Bridgestone, em Eloy; depois foi a vez da instalação de processamento em Mesa e terminou em Nashville, Tennessee, onde os pneus de borracha guayule estavam nos veículos que competiram em um evento da NTT Indycar Series.

Bill Niaura, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Bridgestone, é um estudioso sobre tudo que se refere à borracha e pneu – a viagem começou em uma sala de aula onde o grupo ouviu sobre a história da agricultura de látex e as diferenças entre as fontes.

Quase toda a borracha natural de hoje vem de seringueiras, uma planta de clima tropical. Leva cerca de cinco anos para a árvore amadurecer antes de produzir látex, uma seiva líquida que escoa de cortes feitos à mão, na casca. Em seguida, adiciona-se amônia para evitar que a seiva coagule, com o ácido usado para extrair a borracha por meio da coagulação. Após a remoção do excesso de umidade, o látex está pronto para o processamento.

Embora o processo não seja excessivamente complexo, as plantações de borracha não são ecologicamente corretas (as florestas tropicais na Ásia e na América do Sul são destruídas à medida que as árvores são plantadas) e o processo não é sustentável. (NR Forbes Brasil: No Brasil, a maior parte das seringueiras comerciais não estão em área de floresta. São Paulo responde por 70% da produção do país. E boa parte daquelas em áreas de floresta integram projetos agroflorestais). Além disso, as matérias-primas devem ser transportadas por milhares de quilômetros em navios de carga para fabricação, o que deixa uma pegada de carbono suja em seu rastro.

BRIDGESTONE_Divulgação© Fornecido por Forbes Brasil

BRIDGESTONE_Divulgação

Russ Prock, supervisor de operações agro, explica que a guayule pode ser plantada, cultivada e colhida com equipamentos que já são usados no campo, embora com algumas modificações (a Prock desenvolveu várias patentes para equipamentos agrícolas específicos para guayule).

Para a colheita, o arbusto é cortado logo acima da linha do solo, e a planta (menos as raízes) é deixada no campo por um curto período de tempo para secar. Em seguida, é enfardado e levado para o BPRC (Biorubber Process Research Center), da Bridgestone, em Mesa.Mike Hartzell, engenheiro químico sênior da Bridgestone, e Bob White, gerente do BPRC, explicam como funciona a instalação da biorrefinaria de vários andares.

Depois de chegar de caminhão, os fardos são colocados em um processador onde são picados e moídos. Os solventes extraem a borracha e as impurezas e, em seguida, os diluidores são removidos (o sistema é um circuito fechado, onde todos os produtos químicos são filtrados e reciclados). O produto final é uma borracha natural extrudada, que pode ser enviada para a fabricação de pneus ou inúmeros outros produtos de borracha com processamento mínimo.

BRIDGESTONE_divulgação© Fornecido por Forbes Brasil

BRIDGESTONE_divulgação

A pesquisa e o desenvolvimento da Bridgestone não terminam na fazenda. Para provar que a borracha de guayule é capaz de lidar com os ambientes operacionais mais extremos, o produto de borracha natural da BPRC foi enviado ao Centro de Tecnologia Bridgestone Americas, em Akron, Ohio, onde foi moldado nas paredes laterais dos pneus Firestone Firehawk IndyCar (as paredes laterais foram escolhidas porque essa área é composta da borracha mais natural). Os testes provaram que a borracha guayule oferecia a mesma qualidade e desempenho que os pneus de corrida existentes.

No mês passado, os pneus de borracha guayule fizeram sua estreia oficial de corrida no NTT Indycar Series Big Machine Music City Grand Prix, nas ruas de Nashville, Tennessee. Apesar dos atrasos provocados pela chuva e dos raios, os pneus tiveram um desempenho impecável na frente de 110.000 fãs da corrida no local e de milhões pela televisão.

SEU FILHO LOBINHO PRECISA DE VOCÊ

 

Por
Samia Marsili – Gazeta do Povo

happy family dad mom and daughters walking on the field stand admiring the sunset looking at the sky and the sun. Healthy lifestyle for children and parents. family relationships.


| Foto: Bigstock

Ficou famosa a história daquele menino perdido, na Índia, que cresceu sem nenhum contato humano, e passou anos sendo criado pelos lobos no meio da mata — sobretudo porque a história foi romanceada nos livros de Rudyard Kipling e, mais tarde, na animação da Walt Disney Pictures. Acontece que, se na ficção, além do garoto, todos os animais falam, têm sentimentos humanos e conflitos morais, na história real é o menino que, assim como os animais de verdade, não é capaz de falar. E mais: anda de quatro e não gosta de comida cozida, mas prefere, imitando seus primeiros professores, morder a caça crua e se lambuzar de sangue. Será preciso um longo tempo até que, bem instruído, ele consiga abandonar seus hábitos arraigados de ferocidade, que o privam de desfrutar de tudo aquilo que é genuinamente humano, como as alegrias do amor e do intercâmbio intelectual, e conquiste, enfim, o seu lugar como um igual entre todos que vivem na aldeia. Esse exemplo basta para que se possa concluir: seria uma tolice afirmar que não é necessário nenhum tipo de educação, ou então, como reza a sentença do filósofo Rousseau que ficou popular, que “o homem nasce bom”, é “um bom selvagem” que “a sociedade humana corrompe”. Muito ao contrário.

Do mesmo modo que o menino lobo, os nossos filhos também precisam aprender de nós, ou com a nossa ajuda, como se comporta um ser humano e, acima de tudo, como desenvolver e fazer florescer aquelas qualidades e faculdades que são especificamente humanas, uma vez que o ser humano não é só mais um animal entre os outros. Ora, eu não conheço ninguém que negue a necessidade absoluta de algum tipo de educação, de uma condução das crianças para que, de criaturinhas que não falam, elas se tornem pessoas de verdade, e sejam capazes de viver, sozinhas e já sem a proteção dos pais, no mundo dos adultos, entre os pares. Mas esse consenso geral termina muito rapidamente, tão logo alguém se pergunte, tendo como dado que alguma educação é certamente necessária, qual seria essa educação. Quando ela deve começar? Quem deve conduzi-la, e de que modo? Qual o nível de sua interferência nos processos naturais, e com que métodos se deve fazer isso? Quais coisas devem ser ensinadas primeiro, ou só depois, ou nunca? E, mais importante, mas tantas vezes esquecido — e é bem isto que eu quero apontar aqui —, com que objetivo se faz o que se faz, isto é, qual é exatamente o ideal, o tipo de “pessoa de verdade” que se imagina e em que se almeja transformar os lobinhos?

Do mesmo modo que o menino lobo, os nossos filhos também precisam aprender de nós, ou com a nossa ajuda, como se comporta um ser humano

Esta é uma reflexão que, em meu trabalho, procuro sempre suscitar, porque ela é de fundamental importância. Não exatamente porque os pais e educadores em geral tenham para si um ideal ruim, uma idéia errada a respeito da educação, ou uma teoria falsa sobre a natureza humana e os valores que ela deve cultivar; não. Isso seria relativamente fácil de resolver, porque idéias erradas são corrigidas pelo diálogo, pela simples apresentação de argumentos melhores e por um bom raciocínio (se todos os envolvidos estiverem realmente interessados na melhor idéia, e não em manter a sua a qualquer custo). O que acontece, na verdade, é que a maioria das pessoas não tem claro para si um ideal de ser humano, e portanto de educação. Na maioria dos casos, vejo que isso se dá simplesmente porque ele não nos foi transmitido em nossa própria educação, e a cultura, de modo geral, não nos forneceu as imagens, os exemplos e os modelos suficientes para que ele se sedimentasse em nós. E, não tendo clara a questão, acabamos nos tornando vítimas de pessoas, e principalmente de instituições, que vão incutindo em nós, sem que nos demos conta, seus próprios ideais e valores a respeito. Sem que o percebamos, muitas das nossas ações e escolhas estão contribuindo para a conquista de objetivos com os quais, se os enxergássemos com clareza e os trouxéssemos à consciência, não concordaríamos. E isso porque os objetivos dessas instituições — e deixo para citá-las e tratar deste ponto mais de perto, quem sabe, numa próxima ocasião — não são que os nossos filhos sejam pessoas livres, sábias, nobres, que saibam amar e tenham reverência pelo divino. Não, as suas diretrizes estão mais para que populações inteiras troquem o amor pelo sexo animalesco, a família pelo prazer imediato, a sabedoria pela eficiência, a vida real por uma tela, e Deus pelo próprio ego.

E, apesar das múltiplas possibilidades de educação e dos tantos ideais possíveis que se pode ter como fim dela, eu nunca conheci alguém que quisesse, francamente, o pior para os seus filhos. Todos os pais que eu conheço querem sinceramente o melhor para eles; mas se, como eu disse, não tivermos consciente e claro o nosso ideal, e se não pautarmos nele cada uma das nossas ações e escolhas cotidianas (ou ao menos as julgarmos com base nele, quando falharmos), esse nosso impulso de “desejar o melhor para os nossos filhos” será como uma força cega, um cavalo sem condutor, a ser orientado por quem tenha algum objetivo. Dito de outo modo: Se, na frase, a palavra “melhor” não tiver um referente claro, se for uma caixinha vazia, alguém vai preenchê-la para nós. Por isso é imprescindível olhar para dentro dessa caixinha, isto é, meditar, sempre e de novo, sobre qual cremos ser a finalidade da vida humana e, assim, a que fim a educação dos nossos filhos deve conduzi-los. E, nessa contínua meditação, ir enriquecendo e aprofundando a nossa própria compreensão desse fim, com exemplos e testemunhos de pessoas do passado e do presente, gente de verdade e personagens da ficção. Afinal, se o que guia a educação das crianças é um ideal de perfeição humana, nós mesmos devemos desejar essa perfeição, e com base nela pautar, não somente as nossas atitudes enquanto pais e educadores, mas todas elas — também você e eu temos ainda muito de Mogli.

Não, as suas diretrizes estão mais para que populações inteiras troquem o amor pelo sexo animalesco, a família pelo prazer imediato, a sabedoria pela eficiência, a vida real por uma tela, e Deus pelo próprio ego

Vejamos, agora, um exemplo breve, e reflitamos muito rapidamente sobre uma atitude geral de alguns pais para com a educação dos seus filhos, dessas que são, sem dúvida nenhuma, motivadas pelo desejo intenso de “dar o melhor” para eles, mas cuja idéia de “melhor” talvez esteja um pouco confusa, e tenha sido invadida por concepções um tanto estrangeiras. Em meu último artigo, quando falávamos sobre o uso de telas e sobre as variadas motivações que levam os pais a adotá-lo, mencionei, como sendo uma delas, o desejo de proporcionar aos filhos a maior quantidade possível de estímulos, para que desenvolvam habilidades, aprendam coisas, aproveitem todos os “períodos críticos” do seu crescimento e não desperdicem nada de todo o potencial da sua neuroplasticidade. Meditemos com um pouco mais de atenção sobre esse anseio.

Não convém tanto embarcar, agora, numa análise dos estudos científicos, que, adianto a vocês, nem sempre confirmam essas teorias. Mas nós podemos assumir, provisoriamente, que de fato exista, da maneira como hoje se apregoa, toda essa coisa de períodos críticos do desenvolvimento cerebral, que favorecem excepcionalmente as sinaptogêneses, quer dizer, que contribuem para a formação de conexões cerebrais perfeitas, que jamais serão esquecidas. O que isso passa a significar, em outras palavras (mais especificamente, nas palavras do anúncio do colégio, e outras propagandas)? Ora, que não se pode perder tempo. Que é preciso fornecer às crianças, nesses primeiros anos, o máximo de estímulos possível, para que essa época fértil da sua absorção de informações, habilidades e conteúdos, que não vai voltar, não seja desperdiçada. Os pais encantados por essa conversa, como querem o melhor para os seus filhos, movem-se prontamente a fazer até sacrifícios para que as crianças consigam dar conta de tudo. Em primeiro lugar, a melhor escola, que seja a mais atualizada, que já tenha ensino forte de inglês, e quem sabe mais uma língua estrangeira, e também de robótica, e cujo uso de materiais multimídia e tablets seja a regra. E, se houver expediente extracurricular, como mais habilidades a aprender, como um instrumento musical, o melhor é garantir a vaga. Fora da escola, mais aula de língua — e andam dizendo hoje dia que o melhor para a criança é logo aprender latim! —, e talvez seja bom reforçar a matemática no Kumon, fora o judô, a natação, o ballet, e também ir ao teatro, e fazer a viagem, conhecer, experimentar, esquiar! E em casa o uso de telas, as horas jogando, os mil e um aplicativos que “fazem bem” ao cérebro… Muito bem, mas paremos um instante. Para que tudo isso mesmo? Para que a criança, ao crescer, tenha como que instaladas em seu cérebro, da melhor maneira possível, o maior número de destrezas e habilidades e, como um computador de última geração, seja maximamente funcional. Não se perde uma oportunidade sequer, e mesmo os jogos e passeios são aproveitados como algo educativo, até que, enfim, eis! Uma super-criança, um super-homem! — que pode até ser um pouco sofisticado e cool. Foi uma infância corrida, cheia de leva-e-traz, não passamos muito tempo juntos, não houve muito ócio e muitos momentos descontraídos, mas, vá lá… é preciso fazer sacrifícios, afinal. Não lhes vai faltar emprego nunca!

Desculpe perguntar, mas… é de fato este o “melhor” que queríamos para os nossos filhos? Emprego garantido? Será que era essa formação do profissional do futuro o que pretendíamos fazer quando formamos nossa família, ou acabamos sendo pressionados, e até angustiados, pelo bombardeio da propaganda? Talvez tenhamos sido ludibriados, e estejamos, como no conto, chocando no nosso ninho, sob a casca da palavra “melhor”, o ovo de outra ave. Porque essa educação para a funcionalidade, para o alto desempenho e para o “sucesso” é muito pobre na perspectiva de tudo aquilo que a natureza humana é capaz, e é um ideal muito medíocre. Um menino lobo que passe a caçar com armas, e não só com as mãos e os dentes, ainda não é um homem, é só um super-lobo.

Talvez tenhamos sido ludibriados, e estejamos, como no conto, chocando no nosso ninho, sob a casca da palavra “melhor”, o ovo de outra ave

E reduzir a educação tão-somente à aquisição de informações e de habilidades, para que se tenha sucesso profissional e social, não é somente uma perda, como se avançássemos até metade do caminho, e ficássemos sem conhecer o resto. Quando se persegue na educação um ideal que é inferior ao que merece o ser humano, desconsiderando a sua dignidade espiritual e a sua grandeza, mais que uma redução acontece uma subversão: não é meio caminho, é o caminho errado, e para o lugar errado. Quero dizer com isso que, embora, na maior parte dos casos, não haja nada de intrinsecamente mau no aprendizado de tal ou qual habilidade, e no treino deste ou daquele jogo, é mesmo verdade que não se pode perder tempo; não correndo com pressa, mas desperdiçando o valioso e maravilhoso tempo da infância com essas ninharias.

Tem um valor incalculavelmente maior, e dura para além desta vida, criar nossas crianças para que sejam alguém, primeiro, antes e independentemente de que sejam mais ou menos eficientes; que sejam verdadeiramente livres, capazes de dominar seus impulsos mais baixos com vistas àquilo que vale mais, de amar verdadeiramente o próximo, e não somente a própria satisfação e o próprio prazer. Como disse o filósofo Platão, a educação consiste propriamente em ensinar as crianças a desejar o desejável, a querer por si aquilo que é melhor. Por isso digo que o verdadeiro desenvolvimento não é, em primeiro lugar, o das destrezas, físicas ou mentais, mas, por meio delas, o desenvolvimento das motivações interiores. E por isso salientei, e repito, que a atividade própria da criança é o brincar, o tranqüilo e descompromissado ato de brincar. Na brincadeira, elas aprendem a narrar as suas experiências, e põem à prova aquilo que vinham absorvendo do mundo: as situações, os sentimentos, as relações de causa e efeito, etc. É brincando que a criança processa e integra todas aquelas formas que seu olhar, naturalmente maravilhado e curioso, colheu de fora, e é assim que começam a construir, nos rudimentos, a sua identidade biográfica, a sua personalidade.

É preciso, portanto, que haja esse tempo para brincar, e que o dia-a-dia dos pequenos seja entremeado por salutares períodos de ócio, que às vezes, ao olhar desatento, se parecem com nada, parecem tempo perdido. Não, não é tempo perdido: é o tempo que as sementes, escondidas na terra, precisam para crescer, em que nós não as vemos, apenas confiamos. É o tempo de “digestão” da imaginação, em que todos os estímulos são integrados e passam a realmente significar alguma coisa, passam a verdadeiramente fazer parte da pessoa — e não apenas do profissional do futuro. E o principal, nessa grande aventura da escalada da razão, não é outra coisa senão a relação com o adulto, com aquele que a educa e a ama, aquele que a conduz. Não importa tanto a quantidade de estímulos e de informações, mas a relação afetiva, profunda e estável, entre o educador e a criança, porque é através desse vínculo que ela vai enxergar o mundo, e é por meio dele que vai interpretá-lo e articular um mundo semelhante dentro de si.

Nós nos preocupamos e inquietamos com muitas coisas, quando apenas uma é necessária. Não se aflija tanto com o fato de as coisas serem caras, longe, difíceis; não se descabele tanto, indo buscar fora — fora de casa e fora de si — as coisas de que seu filho precisa, o que é necessário para melhor educá-lo, da melhor maneira possível… A única coisa de que o seu lobinho realmente precisa é de você.

ROCK IN RIO NO METAVERSO

Confira as estratégias do festival para se manter inesquecível

Por Ana Julia Guimarães

O festival, nascido em 1985, tinha o objetivo de trazer grandes estrelas da música internacional que não costumavam vir até a América do Sul. E conseguiu! Logo no início, seu palco já contava com um terreno de aproximadamente 250 mil metros quadrados com o maior palco já construído até então no país.

Conforme os artistas foram chegando até aqui, o Rock In Rio foi ganhando fama. No evento, o público via uma grande oportunidade de conhecer seus ídolos. Mas isso não foi o que manteve o festival de pé – e engajando tantas pessoas até hoje.

Os idealizadores do evento criaram visões empreendedoras que fortaleceram a experiência do público. Entre elas: um espaço único e inesquecível. Isso significa que, além de entregar a sua proposta de valor – com os shows mais esperados do ano, a ideia é levar objetos, alimentos e cenários que tornem o momento memorável.

Veja abaixo as novidades de 2022.

Rock in Rio no Metaverso

Chamado de Rock in Verse, o projeto – criado pela agência A-LAB, o game foi construído dentro de uma ilha do jogo Fortnite.

Através de espaços interativos do Rock in Verse inspirados em atrações da edição deste ano do festival com elementos históricos, o público se divertiu: eles puderam tocar guitarra com a dupla de DJs Cat Dealers e participar de questionários interativos.

Além disso, no “Orbital Spinning”, era possível se encontrar com pessoas e brincar em um globo sem gravidade, em que os avatares podiam flutuar aleatoriamente.

Cão-robô e reconhecimento facial

Capaz de reconhecer eventos suspeitos, o Yellow – apelidado de cão-robô, garantiu a segurança do espaço – e se tornou uma celebridade.

Criado pela empresa Boston Dynamics, o cão foi equipado com a plataforma de inteligência artificial GenzAI, que o torna capaz de fazer rondas, para analisar o ambiente e alertar os agentes de monitoramento sobre irregularidades no evento.

5G no festival

Foi o primeiro teste da tecnologia em um evento grande. Com a parceria da TIM, a Cidade do Rock estava conectada através da transmissão de dados 5G.

Com 25 antenas de transmissão, foi possível garantir todos os vídeos, stories e fotos inesquecíveis ao público.

Por que importa?

As inovações do festival foram cruciais para garantir a fidelização do público e tornar a experiência ainda mais individualizada. Isso faz com que o público se lembre, além dos seus ídolos, de toda a estrutura que o festival proporcionou.

E mais, com a estratégia de ter colocado o 5G no local, o conteúdo foi altamente compartilhado. Algo que impulsiona o Rock in Rio ainda para mais lugares do globo e eleva as chances de parcerias com marcas de grande porte.

Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?

Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)

Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local, pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer “milão” é “caro demais”.

Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A lógica deveria ser justamente a inversa.

Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.

O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR DIA!).

Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.

Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?

Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?

Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?

Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?

Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…

Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?

Absolutamente nenhuma além da internet.

E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?

Marketing Digital é barato, mas não é de graça.

Vamos fazer uma conta de padaria:

Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?

Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.

Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.

Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.

Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.

Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno de R$ 5,51.

Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.

Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…

E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.

Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números disparados na frente do marketing tradicional.

Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.

Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?

Deixo a reflexão.

Preferências de Publicidade e Propaganda

Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago

Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais veículos de propaganda você tem preferência?

Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.

Vantagens da Propaganda no Rádio Offline

Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.

É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio funciona bem demais!

De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim, concretizar suas vendas.

Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline

Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no rádio. Frequentemente, os rádios também são usados ​​como ruído de fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,

A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.

Vantagens da Propaganda Online

Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia digital.

Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda mais barato.

Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança, voltando para o original quando for conveniente.

Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e de comentários que a ela recebeu.

A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.

Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a empresa.

Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.

Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que não estão.

Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.

A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.

Vantagens do Marketplace Valeon

Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.

Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por meio dessa vitrine virtual. 

Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente. Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos diferentes.

Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma, proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.

Quando o assunto é e-commerce, os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em 2020. 

Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a visibilidade da sua marca.

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

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domingo, 11 de setembro de 2022

O GOVERNO SÓ TEM 6% DO ORÇAMENTO PARA GASTAR EM OBRAS

 

Dinheiro público
Por
Olavo Soares – Gazeta do Povo
Brasília


Vista da Esplanada a partir do prédio do Congresso: recursos federais são comprometidos por amarras da Constituição e outras normas.| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O próximo presidente do Brasil – seja Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou outro candidato – comandará país com pouco margem de manobra orçamentária. Cerca de 94% do orçamento federal está comprometido com despesas obrigatórias – como, por exemplo, salários de servidores, pagamento de aposentadorias, também investimentos obrigatórios em saúde e educação e pagamento de emendas parlamentares obrigatórias. Ou seja, são aproximadamente 6% à disposição para que o presidente decida como aplicar. E o Congresso quer diminuir ainda mais essa fatia.

A situação não é nova. A determinação de gastos mínimos para saúde e educação, por exemplo, foi firmada pela Constituição de 1988. Mas se acentuou nos últimos anos. O Congresso Nacional criou mecanismos para garantir a deputados e senadores mais controle sobre o orçamento. E esse domínio poderia ser ainda mais expressivo se alguns dos projetos dos parlamentares não tivessem ficado pelo caminho.


O “travamento” do orçamento do Brasil é um dos mais significativos do mundo. Dados de 2017 da agência Moody’s diziam que o “engessamento” na Argentina é de 85%, no Chile é de 74% e no México, de 70%. Em 2021, os EUA tinham apenas 61,3% do seu orçamento já “carimbado”.

A política de fixar o destino de parte dos recursos públicos é, segundo especialistas, positiva em alguns aspectos e prejudicial em outros. A parte benéfica vem em assegurar recursos a áreas essenciais e à garantia de direitos, o que poderia ser inviabilizado por um governo menos afeito a esses compromissos. Já a parte negativa se dá pela impossibilidade de se fazer mudanças expressivas na estrutura de gastos, se isso for necessário, e na consolidação de uma sistemática que estimula despesas ineficientes.

Como ocorreu o engessamento do orçamento
A Constituição de 1988 criou obrigações para os gastos em saúde e educação que valem tanto para a União quanto para os estados e municípios. A União precisa investir o mínimo de 18% do seu orçamento em educação e 15% e saúde. Para os estados, a exigência é de 25% em educação e 12% em saúde. E os municípios têm gasto mínimo de 15% em saúde e 25% em educação.

Há ainda os pagamentos de salários e aposentadorias ao funcionalismo, que corresponde a 53% das despesas primárias. Existem ainda outras transferências estabelecidas pela Constituição, como Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Municípios (FPM), Fundo Constitucional do Distrito Federal, transferências do Fundeb, transferências do salário educação, transferência de royalties das compensações financeiras.

Em tempos mais recentes, as amarras passaram a ser pautadas pelas emendas ao orçamento feitas pelo Congresso Nacional. Essas emendas são indicações feitas por deputados e senadores que pedem a destinação de parte dos recursos a obras e programas indicados pelos parlamentares. O mecanismo nasceu como uma forma de aproximar o orçamento federal dos cidadãos, já que os congressistas são representantes diretos da população. Mas se tornou uma ferramenta de barganha para gerenciar o apoio do Legislativo ao presidente da República.

Em 2015, o Congresso aprovou uma emenda à Constituição que transformou em impositivas as emendas individuais dos parlamentares. Ou seja, o governo federal passava a ser obrigado a cumprir o pagamento do que havia sido solicitado pelos deputados e senadores. Em 2019, a impositividade passou a vigorar também para as emendas de bancadas estaduais – decididas pelo conjunto de parlamentares de um estado.

Outra medida que travou o orçamento foi a aprovação, em 2016, da chamada “PEC do Teto”, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limitou a evolução dos gastos públicos ao reajuste pela inflação no ano anterior, segundo o índice IPCA. Pela norma, o governo perdeu a liberdade de, por exemplo, elevar seus gastos para áreas específicas como a saúde, por exemplo – o aumento de despesas ficou restrito ao ajuste da inflação. “A emenda estabeleceu que os gastos daquele ano de 2016, um ano de crise, só seriam corrigidos pelo IPCA. Não importando se tivermos dinheiro a mais, crescimento, mais nada”, afirma a economista Maria Lúcia Fattorelli.

O economista Marcos Mendes, professor do Insper, ressalta que existem diferenças entre dois tipos de “gastos compulsórios”: os vinculados, como os porcentuais para saúde e educação, e as despesas obrigatórias, que é onde entram os pagamentos de salários e aposentadorias. Segundo ele, as despesas obrigatórias admitem um grau maior de maleabilidade, por estarem sujeitas a decisões políticas – por exemplo, a concessão ou não de reajustes aos servidores e o estabelecimento de regras mais ou menos rígidas para aposentadoria. Já as despesas vinculadas, por serem pautadas por um porcentual, são menos flexíveis e aumentam a margem de “carimbo” dos recursos públicos. As despesas vinculadas também impedem um ajuste condicionado ao aumento de impostos, por serem conectadas a um percentual da arrecadação, não a valores absolutos.

“Qualquer presidente que ganhe as eleições terá como um dos seus desafios reequilibrar o poder de decisão. Hoje, temos um Congresso Nacional com muito poder de decisão, mas com poucas responsabilidades pelas decisões que toma”, diz Mendes.

Margem de manobra poderia ser ainda menor
As amarras ao orçamento poderiam ser ainda maiores se outros mecanismos propostos por deputados e senadores tivessem sido aprovados. Durante as discussões para a elaboração do orçamento de 2023, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) sugeriu que as chamadas emendas de relator ao orçamento também tivessem caráter impositivo. A proposta acabou sendo retirada após resistência de parte do Congresso.

As emendas de relator foram criadas há poucos anos. Trata-se de um acerto entre o relator do orçamento e o Poder Executivo. O relator do orçamento é um cargo cujo ocupante varia a cada ano, sempre alternando entre um deputado e um senador. As verbas das emendas de relator foram apelidas de “orçamento secreto” porque são pagas sem que haja critérios claros sobre os parlamentares beneficiados. A ferramenta é vista, hoje, como um elemento decisivo para que o presidente Bolsonaro consiga manter uma robusta base de apoio no Congresso.

O professor Marcos Mendes diz que, por outro lado, nos últimos anos houve algumas medidas que acabaram diminuindo um pouco as restrições do orçamento. Uma delas foi a aprovação da reforma da Previdência, em 2019. A medida reduziu em parte o montante gasto pelo governo federal em aposentadorias e pensões. Outra foi a decisão de se fazer a elevação anual do salário mínimo apenas de acordo com a inflação, sem ir além desse parâmetro. Como o salário mínimo é referência para uma série de gastos, qualquer medida a ele imposta tem efeito em cascata.

Mendes cita ainda um trecho da PEC do Teto de 2016, que impôs uma limitação aos gastos de outras esferas do poder público como o Judiciário, o Ministério Público e os tribunais de contas. “Esses órgãos passaram a ter uma barreira para aumentar suas despesas com pessoal”, destacou o professor do Insper.


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