A Bridgestone promoveu recentemente uma press trip para mostrar os
detalhes de sua alternativa sustentável às seringueiras, explorar as
instalações de produção e conhecer as pessoas por trás da ciência. A
jornada começou na fazenda de guayule, da Bridgestone, em Eloy; depois
foi a vez da instalação de processamento em Mesa e terminou em
Nashville, Tennessee, onde os pneus de borracha guayule estavam nos
veículos que competiram em um evento da NTT Indycar Series.
Bill Niaura, diretor de desenvolvimento de novos negócios da
Bridgestone, é um estudioso sobre tudo que se refere à borracha e pneu –
a viagem começou em uma sala de aula onde o grupo ouviu sobre a
história da agricultura de látex e as diferenças entre as fontes.
Quase toda a borracha natural de hoje vem de seringueiras, uma planta
de clima tropical. Leva cerca de cinco anos para a árvore amadurecer
antes de produzir látex, uma seiva líquida que escoa de cortes feitos à
mão, na casca. Em seguida, adiciona-se amônia para evitar que a seiva
coagule, com o ácido usado para extrair a borracha por meio da
coagulação. Após a remoção do excesso de umidade, o látex está pronto
para o processamento.
Embora o processo não seja excessivamente complexo, as plantações de
borracha não são ecologicamente corretas (as florestas tropicais na Ásia
e na América do Sul são destruídas à medida que as árvores são
plantadas) e o processo não é sustentável. (NR Forbes Brasil: No
Brasil, a maior parte das seringueiras comerciais não estão em área de
floresta. São Paulo responde por 70% da produção do país. E boa parte
daquelas em áreas de floresta integram projetos agroflorestais).
Além disso, as matérias-primas devem ser transportadas por milhares de
quilômetros em navios de carga para fabricação, o que deixa uma pegada
de carbono suja em seu rastro.
Russ Prock, supervisor de operações agro, explica que a guayule pode
ser plantada, cultivada e colhida com equipamentos que já são usados no
campo, embora com algumas modificações (a Prock desenvolveu várias
patentes para equipamentos agrícolas específicos para guayule).
Para a colheita, o arbusto é cortado logo acima da linha do solo, e a
planta (menos as raízes) é deixada no campo por um curto período de
tempo para secar. Em seguida, é enfardado e levado para o BPRC
(Biorubber Process Research Center), da Bridgestone, em Mesa.Mike
Hartzell, engenheiro químico sênior da Bridgestone, e Bob White, gerente
do BPRC, explicam como funciona a instalação da biorrefinaria de vários
andares.
Depois de chegar de caminhão, os fardos são colocados em um
processador onde são picados e moídos. Os solventes extraem a borracha e
as impurezas e, em seguida, os diluidores são removidos (o sistema é um
circuito fechado, onde todos os produtos químicos são filtrados e
reciclados). O produto final é uma borracha natural extrudada, que pode
ser enviada para a fabricação de pneus ou inúmeros outros produtos de
borracha com processamento mínimo.
A pesquisa e o desenvolvimento da Bridgestone não terminam na
fazenda. Para provar que a borracha de guayule é capaz de lidar com os
ambientes operacionais mais extremos, o produto de borracha natural da
BPRC foi enviado ao Centro de Tecnologia Bridgestone Americas, em Akron,
Ohio, onde foi moldado nas paredes laterais dos pneus Firestone
Firehawk IndyCar (as paredes laterais foram escolhidas porque essa área é
composta da borracha mais natural). Os testes provaram que a borracha
guayule oferecia a mesma qualidade e desempenho que os pneus de corrida
existentes.
No mês passado, os pneus de borracha guayule fizeram sua estreia
oficial de corrida no NTT Indycar Series Big Machine Music City Grand
Prix, nas ruas de Nashville, Tennessee. Apesar dos atrasos provocados
pela chuva e dos raios, os pneus tiveram um desempenho impecável na
frente de 110.000 fãs da corrida no local e de milhões pela televisão.
Ficou famosa a história daquele menino
perdido, na Índia, que cresceu sem nenhum contato humano, e passou anos
sendo criado pelos lobos no meio da mata — sobretudo porque a história
foi romanceada nos livros de Rudyard Kipling e, mais tarde, na animação
da Walt Disney Pictures. Acontece que, se na ficção, além do garoto,
todos os animais falam, têm sentimentos humanos e conflitos morais, na
história real é o menino que, assim como os animais de verdade, não é
capaz de falar. E mais: anda de quatro e não gosta de comida cozida, mas
prefere, imitando seus primeiros professores, morder a caça crua e se
lambuzar de sangue. Será preciso um longo tempo até que, bem instruído,
ele consiga abandonar seus hábitos arraigados de ferocidade, que o
privam de desfrutar de tudo aquilo que é genuinamente humano, como as
alegrias do amor e do intercâmbio intelectual, e conquiste, enfim, o seu
lugar como um igual entre todos que vivem na aldeia. Esse exemplo basta
para que se possa concluir: seria uma tolice afirmar que não é
necessário nenhum tipo de educação, ou então, como reza a sentença do
filósofo Rousseau que ficou popular, que “o homem nasce bom”, é “um bom
selvagem” que “a sociedade humana corrompe”. Muito ao contrário.
Do mesmo modo que o menino lobo, os nossos filhos também precisam
aprender de nós, ou com a nossa ajuda, como se comporta um ser humano e,
acima de tudo, como desenvolver e fazer florescer aquelas qualidades e
faculdades que são especificamente humanas, uma vez que o ser humano não
é só mais um animal entre os outros. Ora, eu não conheço ninguém que
negue a necessidade absoluta de algum tipo de educação, de uma condução
das crianças para que, de criaturinhas que não falam, elas se tornem
pessoas de verdade, e sejam capazes de viver, sozinhas e já sem a
proteção dos pais, no mundo dos adultos, entre os pares. Mas esse
consenso geral termina muito rapidamente, tão logo alguém se pergunte,
tendo como dado que alguma educação é certamente necessária, qual seria
essa educação. Quando ela deve começar? Quem deve conduzi-la, e de que
modo? Qual o nível de sua interferência nos processos naturais, e com
que métodos se deve fazer isso? Quais coisas devem ser ensinadas
primeiro, ou só depois, ou nunca? E, mais importante, mas tantas vezes
esquecido — e é bem isto que eu quero apontar aqui —, com que objetivo
se faz o que se faz, isto é, qual é exatamente o ideal, o tipo de
“pessoa de verdade” que se imagina e em que se almeja transformar os
lobinhos?
Do mesmo modo que o menino lobo, os nossos filhos também precisam
aprender de nós, ou com a nossa ajuda, como se comporta um ser humano
Esta é uma reflexão que, em meu trabalho, procuro sempre suscitar,
porque ela é de fundamental importância. Não exatamente porque os pais e
educadores em geral tenham para si um ideal ruim, uma idéia errada a
respeito da educação, ou uma teoria falsa sobre a natureza humana e os
valores que ela deve cultivar; não. Isso seria relativamente fácil de
resolver, porque idéias erradas são corrigidas pelo diálogo, pela
simples apresentação de argumentos melhores e por um bom raciocínio (se
todos os envolvidos estiverem realmente interessados na melhor idéia, e
não em manter a sua a qualquer custo). O que acontece, na verdade, é que
a maioria das pessoas não tem claro para si um ideal de ser humano, e
portanto de educação. Na maioria dos casos, vejo que isso se dá
simplesmente porque ele não nos foi transmitido em nossa própria
educação, e a cultura, de modo geral, não nos forneceu as imagens, os
exemplos e os modelos suficientes para que ele se sedimentasse em nós.
E, não tendo clara a questão, acabamos nos tornando vítimas de pessoas, e
principalmente de instituições, que vão incutindo em nós, sem que nos
demos conta, seus próprios ideais e valores a respeito. Sem que o
percebamos, muitas das nossas ações e escolhas estão contribuindo para a
conquista de objetivos com os quais, se os enxergássemos com clareza e
os trouxéssemos à consciência, não concordaríamos. E isso porque os
objetivos dessas instituições — e deixo para citá-las e tratar deste
ponto mais de perto, quem sabe, numa próxima ocasião — não são que os
nossos filhos sejam pessoas livres, sábias, nobres, que saibam amar e
tenham reverência pelo divino. Não, as suas diretrizes estão mais para
que populações inteiras troquem o amor pelo sexo animalesco, a família
pelo prazer imediato, a sabedoria pela eficiência, a vida real por uma
tela, e Deus pelo próprio ego.
E, apesar das múltiplas possibilidades de educação e dos tantos
ideais possíveis que se pode ter como fim dela, eu nunca conheci alguém
que quisesse, francamente, o pior para os seus filhos. Todos os pais que
eu conheço querem sinceramente o melhor para eles; mas se, como eu
disse, não tivermos consciente e claro o nosso ideal, e se não pautarmos
nele cada uma das nossas ações e escolhas cotidianas (ou ao menos as
julgarmos com base nele, quando falharmos), esse nosso impulso de
“desejar o melhor para os nossos filhos” será como uma força cega, um
cavalo sem condutor, a ser orientado por quem tenha algum objetivo. Dito
de outo modo: Se, na frase, a palavra “melhor” não tiver um referente
claro, se for uma caixinha vazia, alguém vai preenchê-la para nós. Por
isso é imprescindível olhar para dentro dessa caixinha, isto é, meditar,
sempre e de novo, sobre qual cremos ser a finalidade da vida humana e,
assim, a que fim a educação dos nossos filhos deve conduzi-los. E, nessa
contínua meditação, ir enriquecendo e aprofundando a nossa própria
compreensão desse fim, com exemplos e testemunhos de pessoas do passado e
do presente, gente de verdade e personagens da ficção. Afinal, se o que
guia a educação das crianças é um ideal de perfeição humana, nós mesmos
devemos desejar essa perfeição, e com base nela pautar, não somente as
nossas atitudes enquanto pais e educadores, mas todas elas — também você
e eu temos ainda muito de Mogli.
Não, as suas diretrizes estão mais para que populações inteiras
troquem o amor pelo sexo animalesco, a família pelo prazer imediato, a
sabedoria pela eficiência, a vida real por uma tela, e Deus pelo próprio
ego
Vejamos, agora, um exemplo breve, e reflitamos muito rapidamente
sobre uma atitude geral de alguns pais para com a educação dos seus
filhos, dessas que são, sem dúvida nenhuma, motivadas pelo desejo
intenso de “dar o melhor” para eles, mas cuja idéia de “melhor” talvez
esteja um pouco confusa, e tenha sido invadida por concepções um tanto
estrangeiras. Em meu último artigo, quando falávamos sobre o uso de
telas e sobre as variadas motivações que levam os pais a adotá-lo,
mencionei, como sendo uma delas, o desejo de proporcionar aos filhos a
maior quantidade possível de estímulos, para que desenvolvam
habilidades, aprendam coisas, aproveitem todos os “períodos críticos” do
seu crescimento e não desperdicem nada de todo o potencial da sua
neuroplasticidade. Meditemos com um pouco mais de atenção sobre esse
anseio.
Não convém tanto embarcar, agora, numa análise dos estudos
científicos, que, adianto a vocês, nem sempre confirmam essas teorias.
Mas nós podemos assumir, provisoriamente, que de fato exista, da maneira
como hoje se apregoa, toda essa coisa de períodos críticos do
desenvolvimento cerebral, que favorecem excepcionalmente as
sinaptogêneses, quer dizer, que contribuem para a formação de conexões
cerebrais perfeitas, que jamais serão esquecidas. O que isso passa a
significar, em outras palavras (mais especificamente, nas palavras do
anúncio do colégio, e outras propagandas)? Ora, que não se pode perder
tempo. Que é preciso fornecer às crianças, nesses primeiros anos, o
máximo de estímulos possível, para que essa época fértil da sua absorção
de informações, habilidades e conteúdos, que não vai voltar, não seja
desperdiçada. Os pais encantados por essa conversa, como querem o melhor
para os seus filhos, movem-se prontamente a fazer até sacrifícios para
que as crianças consigam dar conta de tudo. Em primeiro lugar, a melhor
escola, que seja a mais atualizada, que já tenha ensino forte de inglês,
e quem sabe mais uma língua estrangeira, e também de robótica, e cujo
uso de materiais multimídia e tablets seja a regra. E, se houver
expediente extracurricular, como mais habilidades a aprender, como um
instrumento musical, o melhor é garantir a vaga. Fora da escola, mais
aula de língua — e andam dizendo hoje dia que o melhor para a criança é
logo aprender latim! —, e talvez seja bom reforçar a matemática no
Kumon, fora o judô, a natação, o ballet, e também ir ao teatro, e fazer a
viagem, conhecer, experimentar, esquiar! E em casa o uso de telas, as
horas jogando, os mil e um aplicativos que “fazem bem” ao cérebro… Muito
bem, mas paremos um instante. Para que tudo isso mesmo? Para que a
criança, ao crescer, tenha como que instaladas em seu cérebro, da melhor
maneira possível, o maior número de destrezas e habilidades e, como um
computador de última geração, seja maximamente funcional. Não se perde
uma oportunidade sequer, e mesmo os jogos e passeios são aproveitados
como algo educativo, até que, enfim, eis! Uma super-criança, um
super-homem! — que pode até ser um pouco sofisticado e cool. Foi uma
infância corrida, cheia de leva-e-traz, não passamos muito tempo juntos,
não houve muito ócio e muitos momentos descontraídos, mas, vá lá… é
preciso fazer sacrifícios, afinal. Não lhes vai faltar emprego nunca!
Desculpe perguntar, mas… é de fato este o “melhor” que queríamos para
os nossos filhos? Emprego garantido? Será que era essa formação do
profissional do futuro o que pretendíamos fazer quando formamos nossa
família, ou acabamos sendo pressionados, e até angustiados, pelo
bombardeio da propaganda? Talvez tenhamos sido ludibriados, e estejamos,
como no conto, chocando no nosso ninho, sob a casca da palavra
“melhor”, o ovo de outra ave. Porque essa educação para a
funcionalidade, para o alto desempenho e para o “sucesso” é muito pobre
na perspectiva de tudo aquilo que a natureza humana é capaz, e é um
ideal muito medíocre. Um menino lobo que passe a caçar com armas, e não
só com as mãos e os dentes, ainda não é um homem, é só um super-lobo.
Talvez tenhamos sido ludibriados, e estejamos, como no conto,
chocando no nosso ninho, sob a casca da palavra “melhor”, o ovo de outra
ave
E reduzir a educação tão-somente à aquisição de informações e de
habilidades, para que se tenha sucesso profissional e social, não é
somente uma perda, como se avançássemos até metade do caminho, e
ficássemos sem conhecer o resto. Quando se persegue na educação um ideal
que é inferior ao que merece o ser humano, desconsiderando a sua
dignidade espiritual e a sua grandeza, mais que uma redução acontece uma
subversão: não é meio caminho, é o caminho errado, e para o lugar
errado. Quero dizer com isso que, embora, na maior parte dos casos, não
haja nada de intrinsecamente mau no aprendizado de tal ou qual
habilidade, e no treino deste ou daquele jogo, é mesmo verdade que não
se pode perder tempo; não correndo com pressa, mas desperdiçando o
valioso e maravilhoso tempo da infância com essas ninharias.
Tem um valor incalculavelmente maior, e dura para além desta vida,
criar nossas crianças para que sejam alguém, primeiro, antes e
independentemente de que sejam mais ou menos eficientes; que sejam
verdadeiramente livres, capazes de dominar seus impulsos mais baixos com
vistas àquilo que vale mais, de amar verdadeiramente o próximo, e não
somente a própria satisfação e o próprio prazer. Como disse o filósofo
Platão, a educação consiste propriamente em ensinar as crianças a
desejar o desejável, a querer por si aquilo que é melhor. Por isso digo
que o verdadeiro desenvolvimento não é, em primeiro lugar, o das
destrezas, físicas ou mentais, mas, por meio delas, o desenvolvimento
das motivações interiores. E por isso salientei, e repito, que a
atividade própria da criança é o brincar, o tranqüilo e descompromissado
ato de brincar. Na brincadeira, elas aprendem a narrar as suas
experiências, e põem à prova aquilo que vinham absorvendo do mundo: as
situações, os sentimentos, as relações de causa e efeito, etc. É
brincando que a criança processa e integra todas aquelas formas que seu
olhar, naturalmente maravilhado e curioso, colheu de fora, e é assim que
começam a construir, nos rudimentos, a sua identidade biográfica, a sua
personalidade.
É preciso, portanto, que haja esse tempo para brincar, e que o
dia-a-dia dos pequenos seja entremeado por salutares períodos de ócio,
que às vezes, ao olhar desatento, se parecem com nada, parecem tempo
perdido. Não, não é tempo perdido: é o tempo que as sementes, escondidas
na terra, precisam para crescer, em que nós não as vemos, apenas
confiamos. É o tempo de “digestão” da imaginação, em que todos os
estímulos são integrados e passam a realmente significar alguma coisa,
passam a verdadeiramente fazer parte da pessoa — e não apenas do
profissional do futuro. E o principal, nessa grande aventura da escalada
da razão, não é outra coisa senão a relação com o adulto, com aquele
que a educa e a ama, aquele que a conduz. Não importa tanto a quantidade
de estímulos e de informações, mas a relação afetiva, profunda e
estável, entre o educador e a criança, porque é através desse vínculo
que ela vai enxergar o mundo, e é por meio dele que vai interpretá-lo e
articular um mundo semelhante dentro de si.
Nós nos preocupamos e inquietamos com muitas coisas, quando apenas
uma é necessária. Não se aflija tanto com o fato de as coisas serem
caras, longe, difíceis; não se descabele tanto, indo buscar fora — fora
de casa e fora de si — as coisas de que seu filho precisa, o que é
necessário para melhor educá-lo, da melhor maneira possível… A única
coisa de que o seu lobinho realmente precisa é de você.
Confira as estratégias do festival para se manter inesquecível
Por Ana Julia Guimarães
O festival, nascido em 1985, tinha o objetivo de trazer grandes
estrelas da música internacional que não costumavam vir até a América do
Sul. E conseguiu! Logo no início, seu palco já contava com um terreno
de aproximadamente 250 mil metros quadrados com o maior palco já
construído até então no país.
Conforme os artistas foram chegando até aqui, o Rock In Rio foi
ganhando fama. No evento, o público via uma grande oportunidade de
conhecer seus ídolos. Mas isso não foi o que manteve o festival de pé – e
engajando tantas pessoas até hoje.
Os idealizadores do evento criaram visões empreendedoras que
fortaleceram a experiência do público. Entre elas: um espaço único e
inesquecível. Isso significa que, além de entregar a sua proposta de
valor – com os shows mais esperados do ano, a ideia é levar objetos,
alimentos e cenários que tornem o momento memorável.
Veja abaixo as novidades de 2022.
Rock in Rio no Metaverso
Chamado de Rock in Verse, o projeto – criado pela agência A-LAB, o game foi construído dentro de uma ilha do jogo Fortnite.
Através de espaços interativos do Rock in Verse inspirados em
atrações da edição deste ano do festival com elementos históricos, o
público se divertiu: eles puderam tocar guitarra com a dupla de DJs Cat
Dealers e participar de questionários interativos.
Além disso, no “Orbital Spinning”, era possível se encontrar com
pessoas e brincar em um globo sem gravidade, em que os avatares podiam
flutuar aleatoriamente.
Cão-robô e reconhecimento facial
Capaz de reconhecer eventos suspeitos, o Yellow – apelidado de
cão-robô, garantiu a segurança do espaço – e se tornou uma celebridade.
Criado pela empresa Boston Dynamics, o cão foi equipado com a
plataforma de inteligência artificial GenzAI, que o torna capaz de fazer
rondas, para analisar o ambiente e alertar os agentes de monitoramento
sobre irregularidades no evento.
5G no festival
Foi o primeiro teste da tecnologia em um evento grande. Com a
parceria da TIM, a Cidade do Rock estava conectada através da
transmissão de dados 5G.
Com 25 antenas de transmissão, foi possível garantir todos os vídeos, stories e fotos inesquecíveis ao público.
Por que importa?
As inovações do festival foram cruciais para garantir a fidelização
do público e tornar a experiência ainda mais individualizada. Isso faz
com que o público se lembre, além dos seus ídolos, de toda a estrutura
que o festival proporcionou.
E mais, com a estratégia de ter colocado o 5G no local, o conteúdo
foi altamente compartilhado. Algo que impulsiona o Rock in Rio ainda
para mais lugares do globo e eleva as chances de parcerias com marcas de
grande porte.
Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?
Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)
Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra
fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local,
pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas
na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer
“milão” é “caro demais”.
Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios
na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A
lógica deveria ser justamente a inversa.
Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.
O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam
conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR
DIA!).
Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.
Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?
Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?
Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?
Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?
Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…
Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?
Absolutamente nenhuma além da internet.
E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?
Marketing Digital é barato, mas não é de graça.
Vamos fazer uma conta de padaria:
Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?
Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.
Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.
Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando
metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada
carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.
Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.
Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta
pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno
de R$ 5,51.
Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.
Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…
E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.
Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco
explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números
disparados na frente do marketing tradicional.
Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.
Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você
deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para
o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?
Deixo a reflexão.
Preferências de Publicidade e Propaganda
Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago
Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para
divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais
veículos de propaganda você tem preferência?
Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das
empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros
meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.
Vantagens da Propaganda no Rádio Offline
Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.
É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda
existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou
produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio
funciona bem demais!
De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas
vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender
que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará
entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim,
concretizar suas vendas.
Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline
Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que
costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no
rádio. Frequentemente, os rádios também são usados como ruído de
fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles
também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o
ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo
quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao
usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,
A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade
para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de
marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a
mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente
estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que
não estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de
alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários
dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
visibilidade da sua marca.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.
Dinheiro público Por Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
Vista da Esplanada a partir do prédio do Congresso: recursos
federais são comprometidos por amarras da Constituição e outras normas.|
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O próximo presidente do Brasil –
seja Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou outro
candidato – comandará país com pouco margem de manobra orçamentária.
Cerca de 94% do orçamento federal está comprometido com despesas
obrigatórias – como, por exemplo, salários de servidores, pagamento de
aposentadorias, também investimentos obrigatórios em saúde e educação e
pagamento de emendas parlamentares obrigatórias. Ou seja, são
aproximadamente 6% à disposição para que o presidente decida como
aplicar. E o Congresso quer diminuir ainda mais essa fatia.
A situação não é nova. A determinação de gastos mínimos para saúde e
educação, por exemplo, foi firmada pela Constituição de 1988. Mas se
acentuou nos últimos anos. O Congresso Nacional criou mecanismos para
garantir a deputados e senadores mais controle sobre o orçamento. E esse
domínio poderia ser ainda mais expressivo se alguns dos projetos dos
parlamentares não tivessem ficado pelo caminho.
O “travamento” do orçamento do Brasil é um dos mais
significativos do mundo. Dados de 2017 da agência Moody’s diziam que o
“engessamento” na Argentina é de 85%, no Chile é de 74% e no México, de
70%. Em 2021, os EUA tinham apenas 61,3% do seu orçamento já
“carimbado”.
A política de fixar o destino de parte dos recursos públicos é,
segundo especialistas, positiva em alguns aspectos e prejudicial em
outros. A parte benéfica vem em assegurar recursos a áreas essenciais e à
garantia de direitos, o que poderia ser inviabilizado por um governo
menos afeito a esses compromissos. Já a parte negativa se dá pela
impossibilidade de se fazer mudanças expressivas na estrutura de gastos,
se isso for necessário, e na consolidação de uma sistemática que
estimula despesas ineficientes.
Como ocorreu o engessamento do orçamento A Constituição de 1988
criou obrigações para os gastos em saúde e educação que valem tanto para
a União quanto para os estados e municípios. A União precisa investir o
mínimo de 18% do seu orçamento em educação e 15% e saúde. Para os
estados, a exigência é de 25% em educação e 12% em saúde. E os
municípios têm gasto mínimo de 15% em saúde e 25% em educação.
Há ainda os pagamentos de salários e aposentadorias ao funcionalismo,
que corresponde a 53% das despesas primárias. Existem ainda outras
transferências estabelecidas pela Constituição, como Fundo de
Participação dos Estados (FPE) e Municípios (FPM), Fundo Constitucional
do Distrito Federal, transferências do Fundeb, transferências do salário
educação, transferência de royalties das compensações financeiras.
Em tempos mais recentes, as amarras passaram a ser pautadas pelas
emendas ao orçamento feitas pelo Congresso Nacional. Essas emendas são
indicações feitas por deputados e senadores que pedem a destinação de
parte dos recursos a obras e programas indicados pelos parlamentares. O
mecanismo nasceu como uma forma de aproximar o orçamento federal dos
cidadãos, já que os congressistas são representantes diretos da
população. Mas se tornou uma ferramenta de barganha para gerenciar o
apoio do Legislativo ao presidente da República.
Em 2015, o Congresso aprovou uma emenda à Constituição que
transformou em impositivas as emendas individuais dos parlamentares. Ou
seja, o governo federal passava a ser obrigado a cumprir o pagamento do
que havia sido solicitado pelos deputados e senadores. Em 2019, a
impositividade passou a vigorar também para as emendas de bancadas
estaduais – decididas pelo conjunto de parlamentares de um estado.
Outra medida que travou o orçamento foi a aprovação, em 2016, da
chamada “PEC do Teto”, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que
limitou a evolução dos gastos públicos ao reajuste pela inflação no ano
anterior, segundo o índice IPCA. Pela norma, o governo perdeu a
liberdade de, por exemplo, elevar seus gastos para áreas específicas
como a saúde, por exemplo – o aumento de despesas ficou restrito ao
ajuste da inflação. “A emenda estabeleceu que os gastos daquele ano de
2016, um ano de crise, só seriam corrigidos pelo IPCA. Não importando se
tivermos dinheiro a mais, crescimento, mais nada”, afirma a economista
Maria Lúcia Fattorelli.
O economista Marcos Mendes, professor do Insper, ressalta que existem
diferenças entre dois tipos de “gastos compulsórios”: os vinculados,
como os porcentuais para saúde e educação, e as despesas obrigatórias,
que é onde entram os pagamentos de salários e aposentadorias. Segundo
ele, as despesas obrigatórias admitem um grau maior de maleabilidade,
por estarem sujeitas a decisões políticas – por exemplo, a concessão ou
não de reajustes aos servidores e o estabelecimento de regras mais ou
menos rígidas para aposentadoria. Já as despesas vinculadas, por serem
pautadas por um porcentual, são menos flexíveis e aumentam a margem de
“carimbo” dos recursos públicos. As despesas vinculadas também impedem
um ajuste condicionado ao aumento de impostos, por serem conectadas a um
percentual da arrecadação, não a valores absolutos.
“Qualquer presidente que ganhe as eleições terá como um dos seus
desafios reequilibrar o poder de decisão. Hoje, temos um Congresso
Nacional com muito poder de decisão, mas com poucas responsabilidades
pelas decisões que toma”, diz Mendes.
Margem de manobra poderia ser ainda menor As amarras ao orçamento
poderiam ser ainda maiores se outros mecanismos propostos por deputados e
senadores tivessem sido aprovados. Durante as discussões para a
elaboração do orçamento de 2023, o senador Marcos do Val (Podemos-ES)
sugeriu que as chamadas emendas de relator ao orçamento também tivessem
caráter impositivo. A proposta acabou sendo retirada após resistência de
parte do Congresso.
As emendas de relator foram criadas há poucos anos. Trata-se de um
acerto entre o relator do orçamento e o Poder Executivo. O relator do
orçamento é um cargo cujo ocupante varia a cada ano, sempre alternando
entre um deputado e um senador. As verbas das emendas de relator foram
apelidas de “orçamento secreto” porque são pagas sem que haja critérios
claros sobre os parlamentares beneficiados. A ferramenta é vista, hoje,
como um elemento decisivo para que o presidente Bolsonaro consiga manter
uma robusta base de apoio no Congresso.
O professor Marcos Mendes diz que, por outro lado, nos últimos anos
houve algumas medidas que acabaram diminuindo um pouco as restrições do
orçamento. Uma delas foi a aprovação da reforma da Previdência, em 2019.
A medida reduziu em parte o montante gasto pelo governo federal em
aposentadorias e pensões. Outra foi a decisão de se fazer a elevação
anual do salário mínimo apenas de acordo com a inflação, sem ir além
desse parâmetro. Como o salário mínimo é referência para uma série de
gastos, qualquer medida a ele imposta tem efeito em cascata.
Mendes cita ainda um trecho da PEC do Teto de 2016, que impôs uma
limitação aos gastos de outras esferas do poder público como o
Judiciário, o Ministério Público e os tribunais de contas. “Esses órgãos
passaram a ter uma barreira para aumentar suas despesas com pessoal”,
destacou o professor do Insper.
Alívio tributário e queda no preço dos combustíveis levou a nova
deflação em agosto.| Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná/Arquivo
Pelo segundo mês consecutivo, o IPCA, índice oficial de inflação,
ficou no campo negativo, indicando recuo nos preços. A deflação de
agosto foi de 0,36%, contra retração de 0,68% em julho. E, pela primeira
vez desde setembro de 2021, o acumulado de 12 meses voltou à casa de um
dígito, estando agora em 8,73%. O índice continua muito acima dos 5%
que constituem o limite máximo de tolerância da meta oficial de
inflação, que é de 3,5%, mas ainda assim indica que provavelmente o pior
momento da pressão inflacionária já ficou para trás, enquanto boa parte
do mundo continua às voltas com preços em alta – especialmente na
Europa, onde a falta de alternativas ao gás russo está elevando o custo
da energia no exato momento em que o inverno se aproxima.
Esta nova deflação continua se devendo principalmente aos recuos nos
preços de combustíveis e energia. Há um “rescaldo” da diminuição nas
alíquotas de ICMS que começou a vigorar no fim de junho, mas
especificamente no caso dos combustíveis houve novas reduções de preços
nas refinarias, por decisão da Petrobras, em linha com a política de
preços que acompanha as flutuações do mercado internacional. A gasolina,
que havia recuado 15,48% em julho, caiu mais 11,64% em agosto; o etanol
baixou 8,67%; e o diesel, 3,76%. Por mais que se argumente que a
diminuição nos preços praticados pelos postos beneficia especialmente as
classes média e alta, que têm carro, não há como negar que combustível
mais barato, especialmente o diesel, também ajuda a reduzir custos como o
frete rodoviário, o que por sua vez tem efeito em diversos outros
preços, ainda que não tão evidente.
Com esta segunda deflação seguida e a perspectiva de um novo recuo do
IPCA em setembro, a porta para a manutenção da Selic no atual patamar
fica mais aberta
Outro grupo cuja variação nos preços precisa ser acompanhada muito de
perto é o de Alimentação e Bebidas, que havia registrado alta de 1,30%
em julho; desta vez, o aumento desacelerou para 0,24%, mas o acumulado
do ano ainda preocupa, pois está em 13,43%. Um produto que ganhou muito
destaque no índice de julho, o leite longa vida, teve queda de 1,78% em
agosto, depois de ter subido 25,46% no mês anterior. Como o fim da
entressafra está próximo, a oferta de leite deve voltar a subir, embora
seja difícil prever se os preços do produto e seus derivados voltarão
aos patamares anteriores à disparada recente.
O grande desafio, no momento, é tornar a queda de preços – ou, ao
menos, sua estabilidade – mais abrangente. O índice de difusão (a
porcentagem de itens medidos pelo IBGE que tiveram aumento nos preços)
se manteve estável, passando de 63% em julho para 65% em agosto. Ou
seja, há deflação hoje porque houve quedas expressivas em alguns poucos
itens que têm muito peso no cálculo, não porque a maioria dos produtos e
serviços está ficando ligeiramente mais barata. Se por um lado há
produtos, especialmente os da agropecuária, cuja oscilação é natural
devido à sazonalidade, por outro lado ainda há uma série de eventos
extraordinários que estão desorganizando os preços, como a insistência
chinesa em lockdowns que paralisam cadeias produtivas (um dos mais
recentes atingiu o importante polo tecnológico de Shenzhen) e os efeitos
do ataque russo à Ucrânia. Ao lado destes dois choques de oferta, é
preciso monitorar internamente os efeitos do novo Auxílio Brasil de R$
600 sobre a demanda.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou na
última segunda-feira, dia 5 (antes, portanto, da divulgação do IPCA de
agosto), que ainda não há previsão de corte nos juros, pois a luta
contra a inflação está longe de ser vencida. E ele tem razão: nem os
atuais 8,73% no acumulado de 12 meses, nem os 6,61% previstos para 2022
no mais recente boletim Focus são índices que deixam o brasileiro
confortável – e o fato de outros países estarem registrando inflações
maiores que a nossa não serve de consolo no momento em que alguém vai ao
mercado e percebe a queda no seu poder de compra. Mas, com esta segunda
deflação seguida e a perspectiva de um novo recuo do IPCA em setembro, a
porta para a manutenção da Selic no atual patamar, em vez de um novo
aumento na reunião marcada para os dias 20 e 21, fica mais aberta. Seria
um alívio bem-vindo para o setor produtivo.
Decisão contra os oito empresários Por Leonardo Desideri Brasília
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou que a Polícia
Federal fizesse busca e apreensão em endereços de oito empresários que
trocavam mensagens num grupo de WhatsApp| Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
Ao
autorizar a operação policial de busca e apreensão contra oito
empresários, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes fez mais do que criar uma aberração dentro do Poder Judiciário:
ele passou por cima do Ministério Público Federal (MPF), relativizando a
importância de um órgão essencial para a garantia do devido processo
legal.
Além de ter aberto ele próprio a série de inquéritos relacionados às
fake news e aos chamados “atos antidemocráticos”, em usurpação de
funções que são do MPF, Moraes negou os diversos pedidos de arquivamento
dos inquéritos feitos pela Procuradoria Geral da República (PGR) e não
intimou o procurador-geral da República antes das medidas contra os
empresários.
“É absolutamente inviável que medidas cautelares restritivas de
direitos fundamentais, que não constituem um fim em si mesmas, sejam
decretadas sem prévio pedido e mesmo sem oitiva do Ministério Público
Federal”, disse a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo,
em uma manifestação após a decisão. Nesta sexta-feira (9), Lindôra pediu
que o STF encerre as investigações contra os oito empresários.
A prática de escantear o MPF tem se repetido nos últimos meses, o que
preocupa muitos procuradores e promotores. Em comunicado recente, a
Associação Nacional MP Pró-Sociedade afirmou que as medidas de Moraes
são “capazes de abalar os alicerces mais profundos e importantes do
regime democrático, do devido processo legal e da proteção das demais
liberdades individuais”.
Para Marcelo Rocha Monteiro, procurador de Justiça do Ministério
Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o que vemos é o retorno à lógica da
Inquisição. “Ele [Moraes] está ignorando o sistema acusatório. Está nos
levando de volta ao sistema anterior ao acusatório, que era chamado de
sistema da inquisição. O juiz inquisidor era o único sujeito do
processo. Ele investigava, ele acusava, ele processava e ele julgava. A
ideia do sistema acusatório é separar essas funções. Tudo isso existe
para quê? A pessoa está correndo o risco de ir para a cadeia. O sistema
acusatório foi criado para preservar a neutralidade do juiz”, comenta.
Monteiro recorda que “o Poder Judiciário é inerte” e não pode tomar
nenhuma medida de investigação ou contra o réu por iniciativa própria.
“Ele só pode tomar qualquer medida como bloqueio de contas, busca e
apreensão domiciliar, interceptação telefônica ou até mesmo prisão
atendendo a pedido. De qualquer um? Não. Quem são os atores do nosso
sistema de Justiça na fase de investigação? São dois: polícia e
Ministério Público”, explica. “O que a gente tem visto neste episódio e
em vários outros é que o ministro Alexandre de Moraes tem passado por
cima do Ministério Público.”
Para Monteiro, o que torna o caso ainda mais grave é que Moraes
atendeu a um pedido de medidas cautelares feito pelo senador Randolfe
Rodrigues (Rede-PE), que é coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) à Presidência da República. “É um candidato adversário
daquele apoiado pelos investigados. Este senador não tem legitimidade e
não tem isenção, porque ele está pedindo a um juiz medidas contra
adversários do candidato dele, sendo que ele não é polícia e não é
Ministério Público. É uma ilegalidade gravíssima. Quando quem faz um
pedido ao juiz não tem legitimidade para fazer o pedido, o juiz tem que
decidir o seguinte: ‘Não tomo conhecimento deste pedido. Não estou
analisando nem o mérito. Não conheço do pedido, porque a parte que
formulou o pedido é ilegítima.’”
Ignorar pedidos de arquivamento da PGR, por si só, já é ilegal
Além de não intimar o MPF sobre as ações, de ferir o princípio da
inércia do Judiciário e de ter aceitado o pedido feito por uma parte
ilegítima, Moraes também tem ignorado os diversos pedidos de
arquivamento dos inquéritos relacionados às fake news. Isso, por si só,
segundo Monteiro, é uma grave ilegalidade, sem precedentes recentes no
Poder Judiciário. Moraes está agindo como se o MPF não existisse.
“Esse inquérito continua em andamento porque o Alexandre de Moraes
desrespeitou essa regra. O inquérito já é ilegal desde sempre. Para se
ter uma ideia, este pedido de arquivamento foi feito pela Raquel Dodge
[ex-PGR]”, recorda.
Quando o procurador-geral da República pede o arquivamento de um
inquérito ao Judiciário, o pedido é tratado como uma mera formalidade: o
Judiciário não tem outra coisa a fazer senão arquivar o inquérito. Essa
dinâmica é prevista pelo artigo 28 do Código de Processo Penal, em uma
redação que ainda está em vigor:
“Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.”
Há uma nova redação para esse dispositivo – suspensa temporariamente
por uma liminar do ministro do STF Luiz Fux – que torna ainda mais clara
a legitimidade do Ministério Público para arquivar um inquérito. “Na
nova redação, o arquivamento nem sequer passa pelo Poder Judiciário”,
diz Monteiro.
Na redação antiga, que ainda está em vigor, o promotor precisa pedir o
arquivamento formalmente ao juiz. Se o juiz discordar, ele deve remeter
o inquérito para o procurador-geral. Mas, se o procurador-geral
insistir no pedido de arquivamento, o juiz é obrigado a atender.
“Quando o pedido de arquivamento já vem do próprio procurador-geral, o
juiz não vai nem perguntar, não vai mandar o inquérito de novo para o
procurador-geral para saber se o procurador-geral concorda com o pedido
de arquivamento, porque você estaria perguntando se ele concorda com ele
próprio. Seria um caso de esquizofrenia. Então, em razão disso, o
Supremo, ao longo dos últimos 80 anos, decidiu o seguinte, várias vezes,
em um entendimento consolidado: quando o pedido de arquivamento já vem
do próprio procurador-geral, o Poder Judiciário não tem outra coisa a
fazer senão arquivar”, explica Monteiro.
Isso não é o que vem acontecendo, no entanto. Moraes tem ignorado
pedidos reiterados de arquivamento da PGR sobre os inquéritos
relacionados às fake news. No começo de agosto, por exemplo, ele negou
um pedido da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, para
arquivar uma investigação contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) no
Supremo Tribunal Federal (STF). Em fevereiro, o procurador-geral da
República, Augusto Aras, havia feito o mesmo pedido, mas também foi
ignorado. O caso é referente ao suposto vazamento de dados sigilosos de
um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker contra o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) em 2018.
Atropelando e passando por cima do MPF, Moraes tem feito o Brasil
regredir, segundo Monteiro, ao tipo de processo penal da Idade Média, em
que não havia preocupação com a neutralidade e a imparcialidade do
juiz, e no qual o juiz assumia as funções de promotor. “Tem um velho
ditado que a gente usa para falar do sistema da Inquisição: ‘Quem é
julgado pelo seu acusador precisa de Deus para fazer sua defesa’. Se
você vai ser julgado por quem está te acusando, então já está condenado,
porque ele já estava te acusando antes de te julgar”, conclui.
Exemplos de outros países mostram que não é necessário esperar
muito tempo para uma grande transformação na educação.| Foto: Pixabay
No
primeiro debate televisivo entre os candidatos à Presidência das
eleições de 2022, no domingo passado (28), a educação foi uma figurante:
nos poucos segundos dedicados ao tema, os participantes fizeram somente
críticas genéricas à situação do Brasil na área, sem apresentar ideias
concretas para a solução de problemas.
Isso pode ser, em certa medida, um reflexo do que acontece na própria
população: em maio de 2022, na última pesquisa “What Worries the
World”, do instituto Ipsos – que mede os temas que mais preocupam a
população de diversos países –, a educação apareceu apenas em sétimo
lugar no Brasil, atrás de pobreza, saúde, inflação, desemprego,
corrupção e violência.
Os problemas da educação vêm perdendo interesse no debate público
nacional, ainda que a situação do Brasil não justifique essa tendência.
Há décadas, os estudantes brasileiros evoluem a passos curtíssimos nos
exames nacionais, e o país tem desempenho pífio em comparação com outras
nações no Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes,
aparecendo nas últimas colocações.
Para alguns especialistas que se negam a integrar o status quo das
discussões sobre educação no país, há um fenômeno que colabora para esta
estagnação nos índices: a comunidade educadora está se acostumando com a
mediocridade. Predomina entre alguns pedagogos com grande influência no
debate público a ideia de que o aumento na escolarização e as pequenas
evoluções de desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) seriam satisfatórias, e desprezam-se como ultrapassadas as
receitas de sucesso de países, estados ou municípios que deram grandes
saltos na educação em pouco tempo.
Portugal, um dos exemplos de nações que avançaram rapidamente no Pisa
nas últimas décadas, recorreu a uma estratégia que costuma agradar
pouco a correntes mais ideológicas da pedagogia, mas que tende a ser
chave em praticamente todos os grandes casos de sucesso em políticas
educacionais: o foco em resultados, com metas agressivas de qualidade.
Segundo o ex-ministro da Educação do país, Nuno Crato, isso pode ser
reproduzido em qualquer país.
“Se um país como o Brasil seguir as políticas corretas, e seguir com
decisão, pode, em uma década, uma década e pouco, começar a ver
resultados muito bons. Não é uma coisa que demore muito tempo, acho eu”,
diz. “Olhem, por exemplo, para o Japão, para a Coreia do Sul, após a
guerra. Em 10, 15, 20 anos, eles mudaram tudo. E, neste momento, o
ensino na Coreia é um dos melhores do mundo, o ensino em Singapura é dos
melhores do mundo, porque eles, a seguir à guerra, decidiram investir
na educação – que não é só pôr dinheiro na educação”, observa.
Crato diz que, no caso de Portugal, a rápida melhoria nos índices se
apoiou em dois pilares: avaliações exigentes e um currículo bem
definido. “Essas são as duas coisas essenciais. São coisas relativamente
simples, mas são as coisas que muita gente evita”, diz. “Muitas vezes,
quando vou ao Brasil, eu digo: ‘Você quer perder peso? Então, pode
inventar mil coisas diferentes, mas, se você comer menos e fizer mais
exercício, perde peso. Não vale a pena estar a desviar com outras
coisas… Pôr um oleozinho na barriga, olhar para o Sol no crepúsculo e
respirar fundo, ir à curandeira… Isso não serve de nada. É muito fácil:
você come menos e faz mais exercício. Para 99% das pessoas, a solução é
esta, acabou. Não vale a pena estar a evitar o problema. Com a educação,
é a mesma coisa: não vale a pena estar a evitar o problema. Não vale a
pena estar a fugir.”
Outro componente importante do sucesso português, segundo ele, foi
que as várias gestões do ministério entre 2003 e 2015 seguiram o mesmo
modelo e “trabalharam essencialmente na mesma direção” da atenção aos
resultados. “Foi uma ideia central para todas as pessoas que trabalharam
em educação durante esse tempo”, afirma.
Para Gabriel Corrêa, líder de Políticas Educacionais da ONG Todos
Pela Educação, “reformas educacionais, quando bem formuladas,
implementadas e sustentadas, conseguem gerar resultados substanciais em
oito a dez anos”. “É possível e preciso ter esse otimismo no Brasil, mas
é um otimismo que precisa se traduzir em cobrança contínua do poder
público”, diz.
O que atravanca o salto de qualidade na educação do Brasil? Para a
educadora Ilona Becskeházy, ex-secretária de Educação Básica do MEC, o
Brasil também poderia ter resultados em pouco tempo, caso o status quo
da comunidade educacional não se opusesse à adoção de metas mais
agressivas e de modelos que já deram certo. “Se as receitas usadas em
outros países forem usadas aqui, o resultado é rápido. Esta balela de
eternidade para dar resultados é parte do discurso da resistência, e é o
que realmente pode atrasar o processo todo de superação da ignorância
gerada na escola”, diz.
Na visão dela, a receita da eficácia escolar tem os seguintes
componentes: currículo, livros didáticos, avaliação e formação docente.
“Em cada um desses campos há interesses consolidados que nunca
permitiram que o país avançasse na direção já trilhada por países
desenvolvidos. O caminho é sem novidades, portanto. Mas quem faz
currículo está de mãos dadas com quem dá aula e com quem vende material
educativo. Um currículo sério vai de encontro a muitos interesses, e é
sistematicamente atropelado”, comenta.
Para Ilona, o caminho para um salto na educação do Brasil é simples –
o que não significa fácil. O que mais dificulta uma transformação
expressiva, segundo ela, são os interesses comerciais e ideológicos de
pessoas e entidades com muito poder.
“População educada não interessa a populistas enganadores. Material
de qualidade para quem só está acostumado a vender produtos rasos e
preguiçosos significa sair da zona de conforto e perder margem.
Avaliação séria incomoda, e formação docente para ensinar em vez de
militar em sala de aula é impensável no contexto atual”, diz.
Fazendo a ressalva de que não é brasileiro e não deseja pontificar
sobre a educação de um país onde não vive, Nuno Crato observa que o
modelo de Sobral, no Ceará, poderia indicar uma boa direção para o
Brasil nos próximos anos.
“Eu diria que vocês têm um problema fundamental, que é o problema da
alfabetização. A alfabetização generalizada dos jovens na idade escolar
do ensino fundamental I é uma coisa que é relativamente fácil de ser
atingida, e que é decisiva, porque, sem estarem alfabetizados, os jovens
não vão progredir nas outras disciplinas”, diz.
Crato se opõe aos modelos de ensino que pregam a alfabetização
tardia. “Os jovens conseguem estar alfabetizados, conseguem estar a ler
aos seis, sete anos. Conseguem. Não há razão nenhuma para não estarem
alfabetizados aos seis, sete anos – até antes. Claro que alguns vão mais
depressa ou mais devagar, mas não há razão nenhuma para esperar.”
Outro ponto importante, segundo ele, é o foco nas disciplinas
básicas: a matemática e o português. “Centrar nisso, centrar na
matemática e no português na primeira, segunda, terceira série… A
seguir, claro, as ciências, as línguas – é preciso saber inglês, saber
as ciências, a história, a geografia.”
Uma novidade que pode dificultar ainda mais a busca agressiva pela
qualidade é o Sistema Nacional de Educação (SNE), um projeto de lei já
aprovado pelo Senado federal e em tramitação na Câmara. O SNE é uma
estrutura que tira do Ministério da Educação (MEC) a função de induzir
políticas de qualidade, atribuindo a tarefa de definir políticas de
educação a um conselho formado por entidades da sociedade civil, ONGs e
alguns representantes do poder público. A consequência pode ser o
engessamento dos modelos educacionais e a padronização da mediocridade,
como mostrou reportagem de dezembro de 2021 da Gazeta do Povo.
Com o SNE, será menor a flexibilidade para a adoção de modelos de
ensino eficazes que fujam dos padrões estabelecidos pelo conselho. Com
isso, haverá menos chance, por exemplo, de fenômenos como o de Sobral
(CE), ou da realização de parcerias público-privadas. A tendência é que
se cristalize o modelo de ensino público de administração estatal, que
tem sido um dos responsáveis por colocar o Brasil entre os piores do
mundo em educação.
Resultados negativos também podem aparecer rápido Crato lamenta
que a gestão que o substituiu no Ministério da Educação em Portugal
tenha abandonado as políticas educacionais que deram resultados
positivos entre 2003 e 2015. A influência de certas concepções
ideológicas acabou sendo determinante para isso, e a queda no desempenho
já começa a ser sentida nos exames internacionais.
“O que é muito curioso é que a política mudou em nome da equidade, em
nome da igualdade, em nome dos mais desfavorecidos. Mas, se formos ver
as estatísticas, quem mais sofreu foram os mais desfavorecidos. Os mais
desfavorecidos foram aqueles que mais sofreram com esta política mais
laxista e menos exigente. E nós vemos que o número de estudantes abaixo
dos mínimos necessários aumentou entre 2015 e 2019, tanto no PISA como
no TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study,
avaliação internacional de matemática).”
Outro exemplo de país que tem bom desempenho nos rankings
internacionais mas está abandonando seu modelo de sucesso é a Finlândia.
Segundo Crato, a decadência do ensino finlandês já se observa.
“A Finlândia agora dá muita atenção à chamada ‘multidisciplinaridade’
e ao chamado ‘ensino baseado no fenômeno’. A multidisciplinaridade está
bem, tudo bem, mas ela significa que nós sabemos biologia e sabemos
física. E, depois de saber biologia, de saber física, vamos tentar
encontrar soluções para certos problemas – sei lá, para a hidráulica do
coração –, ou seja, tentar perceber se aquilo que sabemos de física se
aplica àquilo que sabemos de biologia. Vamos tentar juntar as duas
coisas depois de saber cada uma delas. Mas o que a Finlândia está a
fazer em algumas escolas é que, em vez de aprender biologia e aprender
física, o aluno aprende as duas coisas ao mesmo tempo. Só aprende aquilo
que interessa às duas coisas. Isso é altamente prejudicial, porque, com
isso, nem se aprende bem física, nem biologia. Desestrutura a maneira
como as coisas são feitas”, comenta.
Para Crato, “as disciplinas são fundamentais para a estruturação do
pensamento”, e o ensino baseado no fenômeno, que suprime ou diminui a
importância das disciplinas, tende a gerar maus resultados. “É má ideia
acabar com as disciplinas ou pelo menos diluí-las num conjunto de coisas
em que não se sabe bem o que se está a estudar. E é isso que é
recomendado pelos líderes da Finlândia neste momento”, diz.
Outro erro da Finlândia, segundo ele, é que a ideia de seguir a
vontade dos estudantes tem ficado cada vez mais popular. “Dizem que
deve-se seguir muito a vontade dos alunos, que deve-se deixar os alunos,
eles próprios, terem a sua iniciativa de estudo etc. Sim, é bom seguir a
vontade dos alunos, mas o fundamental é seguir um currículo, e não a
vontade dos alunos.”
O voto em
uma democracia exemplar deveria ser um direito do cidadão, mas não uma
obrigação. Muito correto o art. 14 da Constituição de 1988 quando diz
que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com igual valor para todos”, mas fraqueja quando
em seguida diz que será obrigatório para os maiores de dezoito anos.
Acredito que nossos ilustres constituintes pensaram que tendo o
princípio do voto obrigatório nossa democracia seria mais pura e
resiliente. Obrigatoriedade do voto tem correlação com autoritarismo,
com imposição, opressão e tirania. De fato, a obrigatoriedade de
votar foi iniciada em 1965 num ambiente de regime forte quando os
militares estavam no poder. A decisão de votar ou não deveria ser do
indivíduo e não do estado. O estado existe para servir ao indivíduo e
não para lhe impor certas obrigações contrariando seus direitos e sua
liberdade. Uma democracia se revela mais madura e autêntica quanto mais
respeita e dá liberdade aos seus cidadãos.
Em 1932, decreto do então presidente Getúlio Vargas que criou a
Justiça Eleitoral, contemplou o direito de voto da mulher que foi um
grande avanço institucional e democrático e não era obrigatório. Em
1933, noventa anos atrás, as mulheres puderam, pela primeira vez, votar e
serem eleitas para a Assembleia Nacional Constituinte. A Constituição
de 1934 consolidou o voto feminino facultativo.
A decisão de votar ou não deveria ser do indivíduo e não do estado. O
estado existe para servir ao indivíduo e não para lhe impor certas
obrigações contrariando seus direitos e sua liberdade
Em 1985, no primeiro ano de governo civil após o período militar,
através de Emenda Constitucional, ficou garantido também aos analfabetos
o direito de votar e assim atingimos uma democracia onde impera o
sufrágio universal. É discutível, mas não deveríamos nos gabar de dar o
direito de votar aos analfabetos, mas sim erradicar o analfabetismo.
Temos 11 milhões de pessoas nessa condição que deveriam receber especial
atenção do estado e dos governos para eliminar essa estatística que nos
expõe perante países vizinhos e outras nações.
A democracia se enfraquece quando de posse do direito e obrigação de
votar, analfabetos, pobres e miseráveis, todos em estado de fragilidade
social, podem ser facilmente conduzidos pelos discursos e falácias de
políticos populistas. Daí a importância de retirar essas pessoas da
pobreza, inseri-las na sociedade de consumo com inclusão social,
moradia, educação e alimentação saudável. Nossa democracia só
será fortalecida se tivermos uma sociedade com menos desigualdade e
sem tamanha pobreza.
O eleitor fica perdido diante de mais de 30 partidos sem claras
linhas de atuação e posicionamento ideológico. Fica confuso por tão
parecidas ou diferentes propostas de candidatos, promessas que jamais
acontecerão, falácias que encantam seus ouvidos e suprem sua esperança.
Carência do eleitor gera fragilidade que influi no direito de escolha
que nem sempre seria a melhor. Muitos dos candidatos eleitos, que
legalmente deveriam representar o povo, se transformam em legisladores e
governantes que servem principalmente ao establishment, seus partidos,
interesses corporativistas e pessoais deixando as prioridades de seus
eleitores em segundo plano. Não é verdade que todo povo tem o governo
que merece.
Na maioria das vezes os discursos de palanque são abandonados,
promessas para se obter votos que encheram pessoas de esperança são
esquecidas e o eleitor decepcionado perde a confiança nos políticos.
Um certo número de eleitores, cidadãos que são de fato o povo, vê com
desconfiança o sistema de urnas eletrônicas sem a comprovação do voto
em papel. Criticar o atual sistema de votos propondo melhorias é quase
um crime pois a justiça eleitoral defende as urnas como se perfeitas
fossem. Aliado a isso, no momento há também uma intensa polarização
entre os principais candidatos, e muitos buscarão manifestar seu
descontentamento no voto nulo ou em branco.
O voto de cada um é a maior contribuição do cidadão para a causa do
país onde vive. É momento de grande responsabilidade pois cada um
deveria fazer um exercício de escolha dos melhores candidatos,
independentemente de viés ideológico, fazendo se representar por pessoas
de ilibada reputação, fichas limpas, não envolvidas em crimes ou
corrupção e com passado que lhe recomende. O eleitor deve se sentir
representando e escolher um político que venha a defender os seus
interesses, de sua família, de sua comunidade e de seus valores.
Deve o eleitor fazer detida análise dos candidatos, mas evitar votar
em branco ou anular seu voto pois este posicionamento talvez não seja o
melhor. Escolha um candidato e vote de acordo com a sua consciência.
Isso é exercício da cidadania e a forma de cada eleitor contribuir para o
futuro de todos.
Autor é relembrado em box com tetralogia policial sobre robôs e outra coleção com três space operas
Em 1571, um decreto da rainha Elizabeth I obrigava
seus súditos acima de seis anos a vestir, aos domingos e feriados, uma
touca de lã feita na Inglaterra, de modo a proteger a indústria local.
Dezoito anos mais tarde, o inventor William Lee construiu uma engenhosa
máquina de bordar e viajou a Londres para solicitar uma patente à
rainha, que negou: “Considere o que sua invenção poderia fazer aos meus
pobres súditos. Ela seguramente os levaria à ruína por privá-los de
emprego, transformando-os em pedintes.” Esse episódio curioso é um dos
marcos iniciais do processo de mecanização do trabalho, uma das maiores
preocupações da sociedade moderna e um dos grandes eixos temáticos na
obra do escritor russo-americano Isaac Asimov (1920-1992).
Considerado um dos mestres da ficção científica do século 20, Asimov
dedicou diversos contos e romances a imaginar o impacto dos robôs na
sociedade. Entre suas principais narrativas sobre o assunto está a
tetralogia composta pelas obras policiais futuristas As Cavernas de Aço (1954), O Sol Desvelado (1957), Os Robôs da Alvorada e Robôs e Império (1985), que acabam de ganhar uma nova edição no Brasil pela Aleph. Além dessa, a mesma editora lança outro box com Pedra no Céu, Poeira de Estrelas, As Correntes do Espaço.
Na série da tetralogia, Asimov instituiu as três leis da robótica: um
robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser
humano sofra algum mal; um robô deve obedecer às ordens que lhe sejam
dadas por seres humanos, exceto nos casos em que entrem em conflito com a
Primeira Lei; um robô deve proteger a própria existência, desde que tal
proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis. Por mais
banal que o conjunto de regras possa parecer, versões atualizadas desse
código moral influenciam até hoje o debate ético em torno da
inteligência artificial e outras tecnologias.
Asimov, entretanto, não foi o inventor da ideia de robôs. O conceito
remonta à poesia homérica nos autômatos forjados por Hefesto, passando
por mais elaboração a partir de Frankenstein ou o Prometeu Moderno (1818), de Mary Shelley, e dos contos O Homem de Areia (1816), de E.T.A. Hoffmann, The Bell-Tower (1855), de Herman Melville, e O Feitiço e o Feiticeiro (1899), de Ambrose Bierce.
Um dos aspectos abordados por Asimov em seus livros de robôs é o
desemprego, que está no cerne do termo. “Robô” é uma palavra cunhada por
Josef Capek, pintor, escritor e poeta checo. “Robota” significa
“trabalho forçado” em sérvio e sua raiz é “rab”, escravo. Seu primeiro
uso em uma obra foi na peça A Fábrica de Robôs (Rossum’s Universal Robots),
do irmão de Josef, Karel Capek, na peça de mesmo nome, escrita em 1920.
A questão trabalhista fica evidente em um diálogo entre Helena,
presidente da Liga da Humanidade, e Domin, gerente da fábrica de robôs:
“Que tipo de trabalhador você pensa ser o melhor?” / “O melhor tipo de
trabalhador? Suponho ser o honesto e dedicado.” / “Não. O melhor tipo de
trabalhador é o trabalhador mais barato. O que tem menos necessidades.”
A problemática fica clara em As Cavernas de Aço, em que o
detetive decadente Elijah Baley é designado para trabalhar em um caso
aparentemente insolúvel ao lado de um parceiro robótico, Daneel Olivaw –
como é de praxe entre terráqueos, Baley odeia robôs. Em dado momento, a
dupla improvável depara-se com um tumulto em uma loja. “Não há nada de
errado com meus homens”, argumenta o gerente. “Eles não são homens. São
robôs”, interpela uma cliente em meio à multidão ensandecida. “Eles
roubam os empregos dos homens. É por isso que sempre são protegidos pelo
governo. Eles trabalham em troca de nada e, por causa disso, famílias
têm que morar lá nos abrigos e comer purê de levedura cru.”
Embora Asimov se preocupe com a mecanização e precarização do
trabalho, ele é partidário de uma solução conciliadora. Para ele, o ódio
à tecnologia é análogo à xenofobia, ou um medo irracional do
desconhecido – filho de imigrantes russos, o autor sabia bem o que era
ser alvo desse temor. Alguns de seus personagens robóticos mais
carismáticos, como o próprio Olivaw, são retratados como vítimas da
sanha tecnofóbica. “Tornou-se muito comum, nas décadas de 1920 e 1930,
retratar os robôs como inventos perigosos que invariavelmente
destruiriam seus criadores”, escreve o autor sobre sua tetralogia
robótica. Asimov considerava essa solução narrativa (adotada por
Shelley, Capek e companhia), além de fácil, perigosamente
anti-intelectualista. A ele interessava mais propor maneiras para que a
tecnologia – de avanço inevitável – trouxesse consigo benefícios. Daí
advêm as Três Leis.
A questão da intolerância é outro mote central para a tetralogia dos
robôs de Asimov. O autor estabelece que, nesse futuro, a espécie humana
iniciou uma tímida expansão interplanetária, logo abortada, o que
originou uma divisão: os terráqueos se acotovelam em cidades
subterrâneas, verdadeiros formigueiros de gente sob austero racionamento
de leveduras, sujeitos a doenças e vivendo vidas curtas, de no máximo
cem anos; e os Siderais, que vivem confortavelmente por séculos nas
colônias, planetas mais desenvolvidos social e economicamente que a
decadente Terra. Enquanto os terráqueos sofrem de agorafobia e nutrem
ódio contra os robôs, os Siderais coexistem pacificamente com eles, mas a
tecnologia afasta os indivíduos do convívio interpessoal, reduzindo a
taxa de natalidade.
Os livros da tetralogia tratam dessa difícil relação entre a
claustrofóbica Terra e as idílicas colônias, numa comparação que
involuntariamente soa como metáfora dos hemisférios Norte e Sul no mundo
contemporâneo, inclusive abordando os mesmos problemas migratórios que
hoje são escancarados no noticiário.
Ao longo dos três primeiros romances, a dupla Baley e Olivaw ganha
entrosamento e soluciona assassinatos que estremecem a diplomacia entre
terráqueos e Siderais num cenário político conturbado e polarizado,
sempre colocando em xeque e testando os limites técnicos, éticos e
filosóficos das leis da robótica.
O quarto livro, Robôs e Império, que estava fora de catálogo
há anos, se passa décadas após a morte do detetive humano, com
flashbacks que o recolocam em ação, mas dá protagonismo a Gladia, uma
Sideral que se envolveu com Baley em livros anteriores, uma das mais
instigantes e bem construídas figuras femininas na obra de Asimov, tão
pobre em boas personagens.
Embora continue sendo uma ode ao pensamento lógico e às conclusões
racionais às quais chegam seus personagens – humanos ou robóticos –, o
último livro da saga deixa de lado as raízes policialescas dos três
anteriores para acompanhar Gladia na tentativa de impedir um conflito
generalizado entre os Siderais e os colonizadores terráqueos, que ameaça
o futuro da espécie humana – talvez numa analogia do temor de
aniquilação durante o auge da Guerra Fria.
Se nos demais romances as Três Leis são instauradas e postas à prova, em Robôs e Império elas
são levadas às últimas consequências. No romance, a primeira e mais
importante lei da robótica é burlada diante de um mecanismo lógico de
desumanização: se um robô é programado para não enxergar algumas pessoas
como seres humanos, como impedir que ele provoque dano a elas? Asimov
demonstra, com essa analogia, como o desprezo institucionalizado coloca
em risco a sobrevivência de determinados grupos na sociedade e antecipa
problemas que estão sendo enfrentados atualmente por inteligências
artificiais..
Robôs e Império, escrito nos últimos anos de vida
do autor, faz parte de um esforço, na década de 1980, para unificar todo
o seu universo ficcional, especialmente as séries dos Robôs, do Império Galáctico e da Fundação,
iniciadas nos anos 1940 e 1950. É por isso que o romance foge do tom
policialesco dos demais e amplia seu escopo para retratar a humanidade
em um ponto de virada e explicar como, na saga da Fundação, a espécie humana se espalhou pela Galáxia e não há robôs em planeta algum.
Mais importante do que isso, no entanto, é a noção que o romance
parece sugerir: é preciso se expandir para sobreviver, mas para se
expandir é fundamental que tolerância e cooperação vençam preconceito e
ódio. Isaac Asimov não tinha como saber quão necessária essa ideia se
tornaria hoje em dia, 30 anos após a sua morte.