Com a proximidade da data, muitas dúvidas a respeito das funções de
um presidente vem à tona. Entre elas: qual o salário do principal
representante do Poder Executivo? A remuneração bruta do
presidente é de R$ 30.934,70 por mês. No entanto, por conta dos
descontos, o pagamento final é de R$ 23.453,43. As informações são do Portal da Transparência.
OS BENEFÍCIOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Assim como os trabalhadores de outras esferas, o Presidente da
República pode usufruir de diversos direitos. O principal deles é a
moradia. O chefe do executivo tem duas residência oficiais em Brasília: o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto.
O presidente também tem direito a plano de saúde. Além
de todas as despesas dele, o benefício cobre, também, as dos familiares
diretos, como filhos, netos e pais. Outro benefício é o cartão
corporativo, que custeia uma série de despesas do governante.
No entanto, o presidente não tem férias oficiais, segundo a Constituição Federal de 1988. Tradicionalmente,
ele tira uns dias de folga durante o recesso do Poder Legislativo, mas,
em caso de emergências, é necessário interromper o descanso para
resolvê-las.
OS SALÁRIOS DOS PRESIDENTES E LÍDERES DE OUTROS PAÍSES AO REDOR DO MUNDO
Estados Unidos:O presidente Joe Bidden recebe
US$ 400 mil por ano, uma média de US$ 33 mil ou aproximadamente R$ 170
mil por mês, segundo a cotação atual.
China:Em 2015, o presidente Xi Jinping passou a ganhar 11.385 yuanes por mês, o equivalente a R$ 8.470,40, segundo a atual cotação.
Japão:O primeiro-ministro Fumlo Kishida tem um
salário anual estimado em R$ 1,3 milhão, uma média de R$ 108 mil por
mês, segundo a CNN Brasil.
Alemanha:Não existem informações de fontes
confiáveis a respeito do salário do atual chanceler do país europeu,
Olaf Scholz. No entanto, em 2017, a ex-chanceler Angela Merkel ganhava
18,8 mil euros por mês (aproxidamente, R$ 96 mil, na cotação atual),
segundo o jornal português Diário de Notícias.
Inglaterra:O primeiro-ministro Boris Johnson
tem um salário anual estimado em 155.376 euros; uma média de 12 mil
euros ou aproximadamente R$ 61 mil por mês, segundo a cotação atual.
França:O presidente Emmanuel Macron tem um salário anual estimado em R$ 1 milhão, uma média de R$ 83 mil por mês, segundo a CNN Brasil.
Canadá:O primeiro-ministro Justin Trudeau tem
um salário anual estimado entre US$ 146 mil e US$ 365 mil
(respectivamente, R$ 542 mil e R$ 1,4 milhão, segundo a cotação atual).
Itália:O presidente Sergio Mattarella recebe
179.835 euros anuais; uma média de 15 mil euros ou aproximadamente R$ 76
mil por mês, segundo a cotação atual. Em março deste ano, ele reduziu o
próprio salário e fixou com base na pensão que recebe pelo trabalho
como professor universitário, segundo o Diário de Notícias.
Portugal:O presidente Marcelo Rebelo de Sousa
recebe 106.820 euros brutos anuais; uma média de 8.900 euros ou
aproximadamente R$ 45 mil por mês, segundo a cotação atual.
Chilenos comemoram resultado de referendo que rejeitou texto da
nova Constituição do país, em 4 de setembro de 2022.| Foto: Alberto
Valdés/EFE
A rejeição do povo chileno ao texto destinado a ser a nova
Constituição do país foi inequívoca: em um referendo no qual o voto foi
obrigatório, quase 25 pontos porcentuais separaram o “rejeito” do
“aprovo”, interrompendo o que seria a “brasileirização” do texto
constitucional chileno. Com o resultado, a carta do período
pinochetista, emendada inúmeras vezes para acomodar o retorno da
democracia, seguirá valendo por mais algum tempo, até que um novo texto
seja costurado, em um processo cujo desenrolar ainda é incerto.
Em maio de 2021, boa parte do eleitorado conservador e de
centro-direita se mostrou desinteressado pela escolha dos constituintes.
Em um país com 14,9 milhões de eleitores, apenas 6,2 milhões foram
votar, uma abstenção de quase 60%. O resultado foi uma Assembleia
Constituinte majoritariamente de esquerda, a ponto de as demais forças
políticas do país não chegarem a ter o mínimo necessário de cadeiras
para barrar propostas mais radicais. Com este “passe livre”, a esquerda
chilena desenhou uma Constituição à sua imagem e semelhança, com uma
coleção infindável de direitos sem explicar ao certo como o Estado
chileno seria capaz de cumpri-los – um roteiro que o Brasil conhece
desde 1988 – e repleta de pautas identitárias, incluindo a legalização
do aborto.
O povo chileno deixou claro que não quer uma reinvenção da roda
baseada em premissas identitaristas e que descarta todos os aspectos
positivos do modelo liberal atual
Ao agir desta forma, os constituintes chilenos ignoraram a existência
de boa parte de compatriotas que não compactuavam com tais pautas, e
desprezaram todos os avanços sociais e econômicos obtidos pelo modelo
liberal herdado da ditadura de Pinochet, e que permitiu ao Chile liderar
a América Latina em indicadores importantes como IDH e liberdade
econômica. À medida que o texto foi ganhando seus contornos finais,
compreensivelmente a rejeição popular ficava mais clara, uma tendência
capturada pelas pesquisas de opinião – em fevereiro, elas davam 20
pontos porcentuais de vantagem ao “aprovo”, mas em meados de abril, com
os trabalhos da assembleia ainda em andamento, a virada já havia
ocorrido. Nem o apoio extraoficial do presidente Gabriel Boric, nem a
estratégia de “aprovar para reformar” ajudaram a campanha pela
aprovação, até porque não havia a menor garantia legal de que o texto,
uma vez ratificado, seria realmente alterado para contemplar as demandas
dos chilenos de centro-direita e conservadores.
Seja porque a húbris esquerdista não considerou em nenhum momento a
possibilidade de derrota, seja por outros motivos que poderiam até
incluir o esquecimento puro e simples, não há clareza sobre o que
ocorreria em caso de rejeição do texto constitucional no referendo. A
mesma Assembleia Constituinte eleita em 2021 teria de redigir uma
segunda proposta? Seria preciso eleger novos constituintes? Boric
convocou representantes de todas as forças políticas chilenas para
negociar a continuação do processo constitucional, pois de qualquer
forma será preciso entregar ao país uma nova Constituição: o resultado
do plebiscito de 2020 segue em vigor, e nele os eleitores, por ampla
maioria, decidiram pela redação de uma nova carta. Além disso, Boric
deve promover uma reforma ministerial que pode levar o governo mais para
o centro.
O Chile é, em muitos aspectos, um exemplo para a América Latina,
mas seu modelo não é perfeito. Seu liberalismo pode e deve ser
aperfeiçoado, abrindo mais espaço para uma atuação subsidiária do Estado
e para um cuidado especial com a parcela mais pobre da população, sem
cair em assistencialismos que perpetuam situações de dependência. Não há
como dizer ao certo se é isso que os chilenos desejam, mas agora já se
sabe com muita clareza o que o povo não quer: uma reinvenção da roda
baseada em premissas identitaristas e que descarta todos os aspectos
positivos do sistema atual. A vitória incontestável do “rejeito” – a
título de comparação, Boric venceu o segundo turno da eleição
presidencial de 2021 com 11 pontos de vantagem sobre José Antonio Kast –
é um recado que o presidente e toda a esquerda chilena não têm como
ignorar.
Ilustração de Fábio Moon e Gabriel Bá para a adaptação de “O Alienista” para os quadrinhos.| Foto: Reprodução
Assim
que abri o velho exemplar de “O Alienista”, de Machado de Assis, fui
logo sublinhando um trecho. Já disse em algum momento que gosto de
vandalizar assim meus livros. Mesmo que jamais venha a consultar aquela
citação novamente ou por mais que, em a consultando, não tenha a menor
ideia do que me levou a sublinhá-la. Gosto da aparência de um livro todo
riscado e no qual daqui a vinte anos alguém lerá “Alexandre de Moraes”
sem ter a menor ideia de quem tenha sido o gajo.
“A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí
é meu universo”. Este foi apenas o primeiro trecho sublinhado com a
anotação hoje óbvia, mas que daqui a duas décadas parecerá um
hieróglifo: “Alexandre de Moraes”. Cujo emprego único é o Estado
democrático de direito (como ele o entende) e cujo universo se restringe
aquele palacete feioso do STF. A partir daí, para mim o dr. Simão
Bacamarte perdeu os cabelos e ganhou uma toga. E a causa da loucura se
transformou na causa do Estado democrático de direito – com aspas,
muitas aspas, por favor.
A obviedade da associação entre a frase machadiana e a realidade
alexandrina desde início de século XXI me incomodou. Dei de ombros e
segui com a leitura. Algumas páginas mais tarde, anotei um dos casos de
loucura contado por Machado: “um rapaz bronco e vilão, que todos os
dias, depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado
de tropos, de antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e
latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano”. À margem anotei
que candidato ao hospício é quem se refere a Machado como “Bruxo do
Cosme Velho”. E olhei em volta para ver se ninguém por perto tinha uma
camisa-de-força.
Atenção, clipping do STF
Outra anotação de uma obviedade absoluta e um tantinho vergonhosa:
“homem de ciência, e só de ciência, nada o consternava fora da ciência”.
Aqui a primeira referência é o ministro que não se consterna com nada
fora da sua cruzada antibolsonarista. Obviedade das obviedades, tudo é
obviedade. A segunda referência talvez seja menos óbvia, e por isso
mesmo tão profunda quanto uma piscina infantil: como foram e são
ridículos os homens que, diante da pandemia de Covid-19, não se
consternavam com nada fora da ciência. “Que nunca sejamos homens de uma
coisa só!”, anotei à margem e, se não anotei, deveria ter anotado.
Ah, sim, outro trecho óbvio, mas necessário. Nele, Dona Evarista, a
esposa do alienista, está de partida para o Rio de Janeiro. Machado de
Assis assim descreve a cena: “E partiu a comitiva. Crispim Soares, ao
tornar a casa, trazia os olhos entre as duas orelhas da besta ruana em
que vinha montado; Simão Bacamarte alongava os seus pelo horizonte
adiante, deixando ao cavalo a responsabilidade do regresso. Imagem vivaz
do gênio e do vulgo! Um fita o presente, com todas as suas lágrimas e
saudades, outro devassa o futuro com todas as suas auroras”.
A anotação à margem é: “Será que Alexandre de Moraes já leu este
livro?”. Se a equipe de clipping do STF estiver lendo este texto, por
favor, estenda a pergunta ao ministro. E aproveito para perguntar ao
ministro Alexandre de Moraes se ele entende que, nessa alegoria aí,
gênio é o conservador e vulgo é o progressista que “devassa o futuro com
todas as suas auroras”. Assessor que por ventura estiver lendo, por
favor repassar essa última pergunta também ao ministro Barroso.
Obrigado.
Outro momento bom para a reflexão dos ministros do STF é quando Simão
Bacamarte se dá conta do tamanho da sua empreitada insana de curar
todos os loucos do universo. No caso, de Itaguaí. “A loucura, objeto dos
meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo
a suspeitar que é um continente”, diz o alienista. E a essa altura o
leitor, tanto o meu quanto o do Machado, já se deu conta do perigo que é
dar poder a um homem obcecado por uma causa, seja ela a ciência ou o
Estado democrático de direito, ambos com fartas aspas.
Aí em “O Alienista” o óbvio mais uma vez se realiza e Bacamarte
começa a usar o próprio poder em proveito próprio. “O alienista dizia
que só eram admitidos os casos patológicos, mas pouca gente lhe dava
crédito. Sucediam-se as versões populares. Vingança, cobiça de dinheiro,
castigo de Deus, monomania do próprio médico, plano secreto do Rio de
Janeiro com o fim de destruir em Itaguaí qualquer gérmen de prosperidade
(…), mil outras explicações, que não explicavam nada, tal era o produto
diário da imaginação pública”.
Inversão de valores Pensei, mas não anotei à margem porque a
caneta tinha caído no chão e fiquei com preguiça de pegar: Machado de
Assis previu o Twitter. E não deu a Simão Bacamarte a capacidade e
ambição contemporâneas de calar a fértil imaginação pública. Tivesse
conferido ao personagem esse super poder, Machado teria evitado, nas
páginas seguintes, a rebelião que culmina com uma reflexão (óbvia) sobre
o arbítrio, tanto do alienista quando do nosso calvo
constitucionalista: “Nada tenho que ver com a ciência; mas, se tantos
homens em quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma
que o alienado não é o alienista?”.
Tampouco eu tenho a ver com a ciência jurídica e política, mas, se
tantos homens em quem supomos liberdade de consciência são reclusos por
antidemocráticos, quem nos afirma que o antidemocrático não é o que diz
mais agir para defender a democracia? Não à toa convém aqui mencionar
outra obviedade que salta aos olhos: “O Alienista” é uma alegoria da
Revolução Francesa, liderada por iluministas crédulos na utopia da razão
e dispostos a usar de toda a violência necessária para impor os ideais
de igualdade, liberdade e fraternidade – não necessariamente nessa
ordem.
Simão Bacamarte cai em breve desgraça. Em sua defesa, evoca Deus e
“os mestres”. Chega até a se oferecer em sacrifício. Talvez (e esta é
uma interpretação que espero não ser óbvia, embora pareça) no final das
contas o alienista conheça mesmo a alma humana a ponto de antever as
ambições do líder rebelde e, por isso, saber-se seguro. “O barbeiro
sentiu despontar em si a ambição do governo; pareceu-lhe então que,
demolindo a Casa Verde e derrocando a influência do alienista, chegaria a
apoderar-se da Câmara, dominar as demais autoridades e constituir-se
senhor de Itaguaí”, escreve um Machado de Assis insuportavelmente
cínico.
Depois da rebelião, prevalece a paciência maquiavélica de Simão
Bacamarte, tão corrompido por suas certezas que passa a considerar ainda
mais loucos os que exibem qualquer vocação para a excelência ou a
santidade. “Os alienados foram alojados por classes. Fez-se uma galeria
de modestos; isto é, os loucos em que predominavam esta perfeição moral;
outra de tolerantes, outra de verídicos, outra de símplices; outra de
leais, outra de magnânimo; outra de sagazes; outra de sinceros; etc.”,
lê quem chega a esta parte do livro e resiste à vontade de jogá-lo
dramaticamente contra a parede. Seria óbvio demais falar aqui em
“inversão de valores”?
Diabólico, Simão Bacamarte corrompe toda a cidade, que passa a ver o
mal como sinal inequívoco de sanidade e o bem como marca de demência
incurável. E é neste instante que a novela de Machado de Assis perde um
pouco contato com a nossa realidade. A não ser que você queira bancar o
otimista e ler o que acontece em seguida como uma profecia. Porque,
tomado pela vaidade do suposto autoconhecimento que faz dele o mais são
entre os sãos, não resta ao alienista alternativa que não a de se
trancafiar no hospício, entregando-se “ao estudo e à cura de si mesmo”.
Diante do que anoto à margem um comentário que certamente não vou
entender na próxima releitura: “Quem sabe alguém, vendo-se como o maior
defensor da democracia em todo o universo e além, não perceba nesse
furor todo um quê de fascismo, de autoritarismo e até de totalitarismo
e, em assim se percebendo, para o bem da sanidade geral, se recolha ao
estudo e cura de si mesmo”. Fecho o livro e vou dormir exausto de tanta
obviedade.
O ministro do STF Edson Fachin.| Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
O ministro Edson Fachin, do STF, decidiu suspender alguns trechos de
decretos do presidente da República para restringir o uso de armas no
período eleitoral. Foi ele que restringiu, também, ações da polícia do
Rio de Janeiro nos morros durante a pandemia – e deu no que deu, as
favelas viraram refúgio de bandidos e facções criminosas do país
inteiro.
Fachin disse que a medida tem o intuito de evitar violência política.
“O risco de violência política torna de extrema urgência o provimento
cautelar. A campanha exaspera o risco de violência”, foram as palavras
dele. Pois a violência que vimos está completando quatro anos nesta
terça-feira e não foi com arma de fogo, foi com faca. Aconteceu em Juiz
de Fora (MG), pelas mãos de Adélio Bispo, que, desesperado por não
acreditar nas pesquisas em que Jair Bolsonaro perdia para todos, e com
um álibi na Câmara dos Deputados, tentou matar Bolsonaro. Eu não sei se
Fachin é capaz de tirar todas as facas da campanha eleitoral.
O ministro também fala em “recentes e lamentáveis episódios de
violência política” para justificar a decisão. O único episódio de que
eu lembro foi uma briga de duas pessoas por causa do uso eleitoral de
dependências de uma associação de funcionários da Itaipu. Não foi
violência política nas ruas, não foi violência coletiva. Violência
coletiva mesmo eu vi em Curitiba, quando arrancaram a bandeira nacional
do mastro, pisaram em cima e tocaram fogo. Violência coletiva eu vi
quando hordas correram pelas ruas de São Paulo, quebrando vitrines,
botando fogo em lixo, destruindo paradas de ônibus. Não sei se o
ministro Fachin pretende evitar isso e de que maneira.
Supremo se preocupa mais com bandidos que com policiais Enfim,
ele está fazendo isso porque supõe que vai haver violência política.
Lembra aquele filme de ficção com Tom Cruise, Minority Report – A Nova
Lei. A gente fica imaginando o que pode acontecer.
Depois de quase dez anos, o Museu do Ipiranga será reaberto Quero
registrar também que nesta terça-feira ocorre a reabertura do Museu do
Ipiranga, que fica lá junto ao Monumento do Ipiranga, ao mausoléu onde
estão os corpos de dom Pedro I e das duas imperatrizes, e onde ele
proclamou a independência, por onde passa o Riacho Ipiranga.
O museu estava em reforma desde 2013 e está uma beleza agora,
realmente muito bonito. A abertura será só para autoridades, no fim do
dia; na quarta, dia 7, vai abrir para aqueles que trabalharam na
recuperação, e suas famílias. À noite, fora do museu, haverá um grande
espetáculo com projeções na fachada e a participação do maestro e
pianista João Carlos Martins, um herói brasileiro. Para o público mesmo,
só abre no dia 8 de setembro. Faz tanto tempo que visitei o Museu do
Ipiranga que está na hora de ir de novo para ver como ficou a reforma.
O ministro Luís Roberto Barroso, em mais um espasmo de
onipotência do Supremo Tribunal Federal, vetou o novo piso salarial para
os enfermeiros, estabelecido por lei que o Congresso Nacional aprovou.
Mas o Congresso não é um dos três poderes da República, independente dos
outros dois, e o único autorizado a fazer leis neste país, de acordo
com as sagradas “instituições” que o STF defende com os seus inquéritos,
a sua polícia e as suas operações de busca, apreensão e quebra de
sigilo às 6 horas da manhã? A resposta é: não, o Congresso brasileiro,
eleito pela população como seu representante, não tem o direito de
aprovar as leis que conseguem o voto da maioria dos parlamentares.
Depende do STF. Se o STF está de acordo, então a lei vale. Se o STF não
aprova a lei, a lei não vale.
Acaba de acontecer mais uma vez, e mais uma vez presidente da Câmara
dos Deputados fica quietinho – diz que “entende” a decisão do STF em
vetar o novo piso, como se coubesse a ele dar-se a apreciações deste
tipo, em vez de fazer valer a decisão legítima e legal da casa que
preside. É óbvio, com mais essa reação de subserviência automática por
parte do Congresso, que o STF vai continuar governando o Brasil. Isso é o
exato contrário de democracia – é desordem. O ministro Barroso, com o
seu decreto, se mete a decidir sobre a situação financeira dos serviços
de saúde e a remuneração da enfermagem. Quem lhe deu licença para fazer
isso? O STF tem de cuidar, unicamente, do cumprimento da Constituição;
tem de decidir se isso ou aquilo é ou não é constitucional. Todas as
vezes que fizer alguma coisa fora ou além disso, estará impondo uma
ditadura ao país. É simples. Ninguém pode julgar uma decisão do STF; se
os ministros se dão o direito de resolver toda e qualquer questão, então
os ministros viram ditadores. Decidem até quanto devem ganhar os
enfermeiros; se podem decidir isso, e o que mais lhes der na telha,
então decidem tudo.
O STF, ultimamente, tem mostrado uma estranhíssima obsessão com o
respeito às regras mais rigorosas de integridade fiscal. Vetam reduções
de impostos que beneficiam diretamente a população, pois isso, na sua
opinião – que ninguém pediu, porque não é da sua conta – poderia deixar o
poder público com dificuldades para pagar os seus compromissos. Não
pensam, jamais, que o Estado possa se comportar com mais competência e,
em consequência, precisar de menos dinheiro. Pior: nunca, jamais e em
tempo algum, o STF se preocupou com austeridade fiscal. Ao contrário, é
dos principais causadores da gastança alucinada do Estado brasileiro, ao
concordar sistematicamente com toda e qualquer exigência salarial das
castas mais vorazes do serviço público – a começar pelo que diz respeito
aos gastos da própria justiça. Os enfermeiros não podem ter um piso
salarial de 4.750 reais, decidiu o ministro Barroso; é muito caro. Os
Estados e Municípios, coitados, terão muita dificuldade para pagar. Os
hospitais privados e os planos das mega empresas de seguro médico
estariam correndo risco de morte. Mas juízes podem ganhar 100.000 reais
num mês, ou muito mais, com os “penduricalhos” e “atrasados”, e o STF
acha isso a coisa mais justa e normal do mundo. Se o Estado tem
dificuldade para pagar isso, problema “deles” – ou melhor, problema do
pagador de impostos, que é quem vai ter de meter a mão no bolso para
encarar essa conta.
É óbvio, com mais essa reação de subserviência automática por parte do Congresso, que o STF vai continuar governando o Brasil
A Justiça brasileira é uma das mais caras do mundo; pode estar
gastando, com o aparelho todo, em volta dos 120 bilhões de reais por
ano. Isso, em termos proporcionais ao PIB, é quase dez vezes mais do que
gasta a justiça dos Estados Unidos; é várias vezes mais do que gastam
os países europeus A população que paga essa barbaridade recebe, em
contrapartida, uma das piores justiças do mundo, comparável ao que
existe de mais tenebroso no universo subdesenvolvido. O povo brasileiro,
por sinal, está convencido disso: só 16%, segundo uma pesquisa recente
do jornal O Estado de S. Paulo, tem respeito pelo STF. O ministro
Barroso, enquanto isso, decide sobre o salário dos enfermeiros.
Determinação foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 6
BRASÍLIA – O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a suspensão da venda, em todo o País, de todos os telefones celulares iPhone, independentemente do modelo ou geração, desacompanhados do carregador de bateria e também a cassação do registro na Anatel dos smartphones da marca a partir do modelo iPhone12.
A pasta ainda aplicou multa à fabricante Apple Computer Brasil no
valor de R$ 12.274.500. A decisão foi publicada no Diário Oficial da
União (DOU) desta terça-feira, 6, em processo instaurado pela Secretaria
Nacional do Consumidor (Senacon) em dezembro passado.
A Senacon explica que a Apple foi processada por vender os
smartphones, desde o Iphone 12, sem o respectivo carregador de energia
para tomada de parede. “As acusações são de venda casada, venda de
produto incompleto ou despido de funcionalidade essencial, recusa da
venda de produto completo mediante discriminação contra o consumidor e
transferência de responsabilidade a terceiros”.
Ao se defender, a Apple alegou, segundo a Secretaria, que a decisão
de não fornecer os carregadores de bateria em conjunto com os
smartphones teria sido por “preocupação ambiental” e “para estimular o
consumo sustentável”. A Senacon, no entanto, avaliou que os argumentos
da companhia não foram suficientes, “uma vez que a decisão da empresa de
vender os aparelhos sem carregador acabou por transferir ao consumidor
todo o ônus”.
O órgão diz que, apesar de já ter sido multada pelos Procons de
Santa Catarina, São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Caldas Novas (GO), e
de ser alvo de outras condenações judiciais, a Apple, até hoje, não
tomou nenhuma medida para minimizar o dano e segue vendendo aparelhos
celulares sem carregadores.
“Caso persista nas infrações, a Apple poderá ser considerada
reincidente, com a aplicação de novas punições ainda mais graves”, avisa
a Senacon. “A empresa ainda pode recorrer da decisão”, completa.
Correções
06/09/2022 | 08h50
Texto alterado para informar que a suspensão da venda no País se
aplica a todos os telefones celulares iPhone, independentemente do
modelo ou geração, desacompanhados do carregador de bateria. O
ministério também determinou a cassação do registro na Anatel dos
smartphones da marca a partir do modelo iPhone 12.
*Pedro Lourencini é programador e faz parte do time de desenvolvimento da ONCLICK
Por Pedro Lourencini
De forma bem simples, storytelling é a capacidade de criar e montar
histórias impactantes e inesquecíveis que “vendem” uma ideia, propósito,
conceito ou projeto. Uma forma ou método para persuadir e convencer,
técnica muito utilizada em cinema e publicidade.
Mas, por que devo conhecer esta técnica?
Utilizando alguns conceitos de storytelling é possível se expressar
de forma muito mais eficiente, seja em uma reunião, ao preencher uma
tarefa, ou mesmo em um telefonema. Com isso, você consegue o que deseja
com mais facilidade.
Ao ligar para reclamar da sua internet por exemplo, se de início já
destratar o atendente que está apenas fazendo o seu serviço. As chances
de conseguir uma solução rápida e certeira tendem a cair, pois você não
permite que ele faça o trabalho dele que é lhe ajudar. Além de que em
alguns casos só irá deixá-lo irritado e sem vontade de solucionar o seu
problema.
Porém, se ao ligar você tratar do problema com calma, até mesmo
fazendo algumas brincadeiras para “quebrar o gelo”, você consegue um
carisma maior com o atendente, motivando-o a lhe ajudar.
Um ponto importante é sempre pensar em como o que você está falando vai ser percebido.
Utilizando storytelling na TI
Trazendo o storytelling para o dia a dia da TI, ao preencher uma
tarefa para alguém, adapte o texto ao nível técnico das pessoas que irão
realizá-las, e ao de outras pessoas que podem consultar a tarefa
futuramente.
Se for técnico demais, o texto pode e vai gerar confusão, sendo
necessário que você revise o que foi escrito, converse com as pessoas
responsáveis pela execução e até mesmo realize reuniões que seriam
desnecessárias. Tudo isso, contribui para atrasar a solução do problema.
Então, caso precise reportar uma ocorrência, se imagine criando uma
história, explicando como ocorreu, passo a passo, da forma mais
detalhada possível o que deveria ter acontecido, e o porquê. Isso ajuda
muito o entendimento e a solução.
Se possível, utilize imagens para contar a história do problema,
porém, cuidado, as imagens precisam ter sentido e realmente ajudar a
compreender o ocorrido.
Pense no que você deseja que a pessoa entenda no final.
Seja simples e direto, em casos onde é permitido use uma linguagem
mais informal, tudo para que o texto não fique chato ao leitor.
Na área de TI é especialmente indicada a utilização do storytelling.
Ao reportar um erro ocorrido no cliente é importante pensar em quem vai
receber o relatório sobre o problema, o acesso do cliente ao que foi
descrito e a clareza por trás da história ocorrida.
Como um bom desenvolvedor, você precisa saber se expressar ao detalhar o que foi realizado.
Explique todo o processo analisado, o que foi feito, o porquê da
alteração, sempre pensando em quem vai ler o conteúdo escrito por você,
seja um analista de qualidade, um gerente ou supervisor, um analista de
suporte ou mesmo o cliente, você tem o dever de dar um final feliz à
história.
Uma história bem contada muda tudo.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
aquilo que é ineficiente.
Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de
pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde
queremos estar.
Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a
absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que
você já sabe.
Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo
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Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.
Auxílio Brasil de R$ 600 não está previsto na PLOA de 2023.| Foto: Divulgação/Governo Federal
O presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente, ex-presidiário e
ex-condenado Lula, e a emedebista Simone Tebet já prometeram manter o
Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem caso sejam eleitos – o petista
ainda afirmou que o benefício, que voltaria a se chamar Bolsa Família,
incluiria R$ 150 adicionais para cada criança de até 6 anos. Ciro Gomes
foi além e fala em renda mínima de R$ 1 mil. Além disso, Bolsonaro
também prometeu que, em 2023, atualizará a tabela do Imposto de Renda
Pessoa Física – “está garantido já”, afirmou a uma rádio gaúcha no
início de agosto. No entanto, nem o Auxílio Brasil maior, nem a mudança
na tabela do IR constam nos números do projeto de Lei Orçamentária Anual
(PLOA) enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional no último dia
31 de agosto.
O texto da PLOA cita, no entanto, ambos os objetivos, descritos como
“prioridade” do governo. Para o Auxílio Brasil, o projeto fala em
“esforços em busca de soluções jurídicas e de medidas orçamentárias que
permitam a manutenção do referido valor no exercício de 2023 mediante o
diálogo junto ao Congresso Nacional para o atendimento dessa
prioridade”; quanto à tabela do IR, a PLOA afirma que “se buscará
construir consenso com o Parlamento e a sociedade para efetivação da
reforma e a respectiva correção da tabela do imposto de renda”. No caso
do Auxílio Brasil, haja diálogo, pois seria preciso encontrar mais R$ 54
bilhões, já que o benefício de R$ 600 custaria R$ 160 bilhões e a PLOA
reserva R$ 105,7 bilhões para este pagamento.
Se um governo que tira cerca de um terço de tudo o que se produz no
país encontra problemas para bancar um benefício de R$ 600 aos
brasileiros mais vulneráveis, é porque o orçamento padece de disfunções
graves
Como os principais candidatos pretendem cumprir, então, as promessas
que não estão previstas na lei orçamentária? Quanto a Lula, o Brasil já
conhece bem a maneira como ele “dialoga” com o Congresso e a solução que
ele propõe: a abolição pura e simples do teto de gastos, caso o petista
consiga maioria parlamentar suficiente para aprovar reformas
constitucionais. Se não for possível realizar este trabalho de
demolição, Lula já afirmou que pretende recorrer a truques de palavras,
qualificando certas despesas como “investimento” em vez de “gasto” para
retirá-las da limitação imposta pela Carta Magna e poder, assim, gastar
mais. E todos sabemos como isso termina, pois a recessão de 2015-16,
consequência da política de gasto ilimitado do lulopetismo, ainda está
suficientemente fresca na memória da nação.
Isso não significa que as soluções adotadas até agora pelo governo
Bolsonaro tenham sido as melhores. Tanto a PEC dos Precatórios quanto a
PEC dos Benefícios foram gambiarras fiscais que deram verniz de
legalidade ao que, na prática, era uma desmoralização do teto de gastos,
pois, se se permite ao governo realizar despesas acima da correção
permitida pela Constituição, a regra constitucional é ignorada, como o
próprio ministro Paulo Guedes já chegou a admitir. O secretário especial
de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, afirmou que o governo buscará
“criar as condições fiscalmente responsáveis” para cumprir as promessas
de elevar o Auxílio Brasil e reajustar a tabela do IR; ele não deu
maiores detalhes, mas a retomada da responsabilidade fiscal é
extremamente necessária para que o Brasil possa ter um 2023 menos
conturbado diante da possibilidade de recessões no mundo desenvolvido e
que podem ter reflexos por aqui.
A grande questão, aqui, é que não basta simplesmente aumentar a
receita para poder pagar o Auxílio Brasil de R$ 600, como Bolsonaro
deixou subentendido em entrevista ao citar a taxação sobre lucros e
dividendos como possível fonte de recursos para o benefício social. O
limitador está no teto de gastos, que em 2023 deve ser de R$ 1,8
trilhão. O país poderia instituir novos impostos, arrecadar centenas de
bilhões de reais com privatizações, e ainda assim esse será o valor
máximo que o governo pode gastar. Este, aliás, é um dos méritos do teto:
impede que tempos de bonança e receitas extraordinárias transformem
governantes em esbanjadores do dinheiro público. E o secretário Colnago
já deixou claro que, hoje, o Auxílio Brasil de R$ 600 não cabe no teto –
a não ser, claro, que outras despesas sejam cortadas para abrir espaço.
Um governo que tira cerca de um terço de tudo o que se produz no
país, na forma de impostos pagos por pessoas físicas e jurídicas, não
deveria encontrar problemas para bancar um benefício de R$ 600 aos
brasileiros mais vulneráveis, mesmo com o limitador do teto de gastos.
Se é difícil tornar realidade um programa social destas dimensões, é
porque o orçamento brasileiro tem dois problemas graves: o primeiro é o
excesso de despesas claramente imorais, como o financiamento público de
partidos e campanhas políticas, ou as emendas de relator. Mas, mesmo que
por um milagre o Congresso abrisse mão desses bilhões, a conta ainda
não fecharia, e aqui chegamos ao segundo problema, que é estrutural: o
engessamento do orçamento e a falta de reformas que otimizem o gasto
público.
Nestes quatro anos, o país teve a expectativa de uma reforma
administrativa que racionalizasse os gastos com o funcionalismo, da
implantação dos “três Ds” (desindexar, desobrigar e desvincular) que
dariam ao governo maior margem de manobra no uso do dinheiro, da PEC que
permitiria o uso de dinheiro parado em fundos públicos para abater a
dívida. Nada disso se tornou realidade porque à classe política não
interessa ter de fazer escolhas racionais a respeito do bom uso do
dinheiro do contribuinte, mas que certamente desagradam lobbies, grupos
de pressão e bases eleitorais; muito mais simples é apenas encontrar uma
forma de permitir mais despesas.
O brasileiro pobre e vulnerável precisa do dinheiro na mão. Mas ele
tem ainda mais a ganhar com uma economia em ordem. A gastança ilimitada
termina em recessão, como o petismo já nos mostrou; as gambiarras erodem
lentamente a confiança na saúde fiscal do país no médio e longo prazo.
Mas um governo responsável mostra ao investidor que ele pode confiar no
Brasil e colocar aqui seu dinheiro para gerar emprego e renda. A agenda
reformista e a racionalização do orçamento são imprescindíveis e
precisam ser retomadas a partir de 2023.
O presidente chileno, Gabriel Boric, quando convocou o referendo dia dia 4 de setembro.| Foto: Alberto Valdés/EFE
O
presidente do Chile, Gabriel Boric, sinalizou no domingo (5) que fará
uma reforma ministerial nos próximos dias após os cidadãos do país
rejeitarem em plebiscito a proposta de uma nova Constituição que era
defendida pelo governo.
“Fazer frente a esses importantes e urgentes desafios exigirá ajustes
rápidos em nossas equipes governamentais”, disse Boric em discurso
transmitido em cadeia nacional de televisão logo após o anúncio do
resultado da consulta popular.
A possibilidade de uma mudança no governo estava em discussão há
algumas semanas, enquanto as pesquisas de intenção de voto já apontavam
que o “rechaço” à proposta de Carta Magna ganharia o plebiscito.
Empossado em março, o governo Boric começou a dar alguns tropeços já
nos primeiros dias, especialmente a ministra do Interior, Izkia Siches.
O próprio Boric afirmou durante uma reunião do Conselho de Ministros,
um mês depois de tomar posse, que o governo havia “decolado com
turbulência”.
Siches, primeira mulher à frente da poderosa pasta, foi um dos
maiores ativos de Boric durante a campanha eleitoral, mas para muitos
analistas políticos chilenos ela acabou se tornando um de seus maiores
passivos, especialmente depois de sua viagem conturbada à região da
Araucanía – onde há um longo conflito entre o Estado chileno e povos
mapuche – e de acusar o governo anterior de realizar deportações
irregulares, uma declaração pela qual posteriormente se desculpou.
O ministro da Secretaria Geral da Presidência (Segpres) e braço
direito de Boric, Giorgio Jackson, é outro nome que tem sido criticado –
tanto pela oposição como pela ala moderada da base governista – por sua
gestão do relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.
Outro foco foi o agravamento do conflito com os mapuche, uma das
questões mais complexas com as quais Boric tem que lidar e que na semana
passada rendeu a primeira baixa em seu gabinete ministerial.
Então titular da pasta de Desenvolvimento Social, Jeannette Vega
renunciou um dia após a prisão do líder radical mapuche Héctor Llaitul,
depois que uma de suas assessoras entrou em contato com ele em maio.
Vitoriosa na eleição para escolha do líder do Partido Conservador,
ela pressiona por uma ortodoxia partidária com impostos baixos e governo
menor
BIRMINGHAM – Quando um jornalista britânico pediu a Liz Truss na
terça-feira, 6, que indicasse a falha de caráter que mais gostaria de
consertar, ela confessou: “Acho que alguns de meus amigos diriam que sou
meio implacável”.
A resposta provocou risos contidos em uma reunião de membros do Partido Conservador;
afinal, essa pergunta é normalmente um convite para um político se
fazer de modesto enquanto conta vantagem. Mas, dessa vez, a reposta
possuiu uma aura de verdade, após uma campanha na qual Truss, a
secretária de Exterior britânica, reuniu apoios renomados, cobertura
positiva da imprensa e uma liderança aparentemente inabalável nas
pesquisas entre os membros de seu partido.
O resultado da disputa pela liderança do Partido Conservador foi
anunciado nesta segunda-feira, 5, depois que as cédulas dos cerca de 160
mil membros pagantes da legenda sejam apuradas. O oponente atrás de
Truss, Rishi Sunak,
apresentou um desempenho robusto e bem recebido no evento em
Birmingham, um lembrete que a sorte pode virar subitamente na política.
“Você está agindo como se isso já tivesse acabado — e não acabou”,
afirmou Sunak visivelmente incomodado ao moderador, John Pienaar.
A campanha transcorreu em meio à turbulência econômica que se acentua
rapidamente no país. Contas domésticas de energia estão altas, a
inflação atinge dois dígitos, e o Banco da Inglaterra alerta para uma
recessão prolongada. E nada disso afeta a aura de inevitabilidade em
torno de Truss.
Os jornais britânicos já especulam a respeito de quem ela nomeará
para o gabinete de governo e quando ela aprovará um “orçamento de
emergência”. A primeira dúvida é mais fácil de responder do que a
segunda. Apesar de passar um mês fazendo campanha, Truss deu poucas
pistas a respeito da maneira que pretende enfrentar a crise econômica —
que muitos especialistas consideram a mais grave em uma geração.
Eleições no Reino Unido
Em vez disso, ela promete cortar impostos, descartar regulações remanescentes da União Europeia e
encolher o tamanho do governo britânico — medidas que agradam o povo e
projetadas sob medida para membros do Partido Conservador, que tendem a
ser mais velhos, mais ricos e mais de direita do que o eleitorado do
partido, sem mencionar o eleitorado britânico mais amplo.
Comparações com Magaret Thatcher
Truss ficou ao lado de Johnson e continua a servir seu governo pato
manco. Mas ela vestiu o manto de Thatcher, a guerreira anticomunista,
evangelista do livre-mercado e ícone conservadora que chegou a Downing
Street em 1979, em um momento de crise econômica comparável ao atual.
“Os princípios em que ela acreditava eram os princípios corretos”,
afirmou Truss, atraindo a maior salva de palmas da noite. “Empreender,
assumir responsabilidade pessoal, dar às pessoas controle sobre seu
próprio dinheiro, colocar o dinheiro de volta nos bolsos das pessoas.”
Boris Johnson perde maioria no parlamento britânico
O parlamentar conservador britânico Phillip Lee desertou para as
fileiras dos democratas liberais favoráveis à União Europeia. A mudança
resulta na perda de maioria do primeiro-ministro britânico Boris Johnson
antes de uma votação crucial do Brexit.
Quando o assuntou mudou para segurança nacional, perguntaram a Truss
como ela reagiria diante da decisão de acionar o arsenal nuclear do
Reino Unido para defender o país. “É um dever importante do premiê”,
afirmou ela. “Estou pronta para exercê-lo.”
Essa dureza reverbera entre os correligionários mais fiéis ao
partido, mesmo que Truss ainda não tenha persuadido muitos membros de
que é a próxima encarnação da mulher que ficou conhecida como “Dama de Ferro”.
“Ela é a versão barata de Thatcher”, afirmou Tony Clark, membro do
Partido Conservador que vive nas imediações de Birmingham. Clark afirmou
que, apesar disso, planeja votar em Truss, porque acredita que ela é
uma conservadora genuína. Sunak, ainda que “intelectualmente brilhante”,
passa uma imagem de “bajulador”, afirmou ele.
Bom humor
A enfermeira aposentada Jacqueline Naylor, de 79 anos, afirmou que
provavelmente também acabará apoiando Truss, apesar do desempenho
robusto de Sunak tornar sua decisão mais difícil. Ela o culpa por
precipitar a queda de Johnson ao se demitir do cargo de chanceler do
Tesouro após escândalos inundarem o governo. Truss, notou ela, ficou ao
lado do primeiro-ministro, que continua popular nas bases conservadoras.
“Liz está preenchendo todos os critérios dos membros do partido”,
afirmou Edward Tolcher, de 62 anos, diretor financeiro de uma escola de
Solihull, um subúrbio próximo. Ele apoia Sunak, mas acha que a disputa
basicamente já está definida.
O foco certeiro de Truss nas posições conservadoras ortodoxas teve
melhor desempenho do que a estratégia de Sunak, construída dizendo aos
eleitores duras verdades, como que o Reino Unido tem de controlar a
inflação antes de cortar impostos. Truss também melhorou gradualmente
como candidata, exibindo confiança e lampejos de bom humor.
“Muita gente pensou que ela ficaria muito travada, mas ela
desempenhou melhor que o esperado”, afirmou Gavin Barwell, ex-chefe de
gabinete de May.
Mas ele e outros afirmam que Truss pode estar protelando problemas ao
se recusar a ser mais aberta em relação aos seus planos. Seu apelo por
um governo menor, acrescentaram eles, poderá atrapalhar a união da
coalizão forjada por Johnson em 2019. Sua vitória eleitoral naquele ano
foi construía atraindo eleitores trabalhistas desiludidos com o partido,
nas regiões industriais das Midlands e do norte, que foram seduzidos
por sua promessa de “cumprir logo o Brexit”.
Reduzir impostos, reverter regulações e encolher o governo são
políticas menos atraentes para eleitores da classe trabalhadora dessas
regiões, chamadas de “muro vermelho”. Muitos deles estão satisfeitos com
a generosa rede de seguridade social e consideram o governo um bastião
contra o que eles acreditam ser um sistema manipulado contra eles.
“Liz Truss está oferecendo políticas que arriscam não somente
alimentar a atual crise econômica, mas que também afrontam os valores
desses novos conservadores”, afirmou Matthew Goodwin, professor de
ciência política da Universidade de Kent.
Relações com a UE
Truss, que foi secretária do Comércio antes de se tornar secretária
do Exterior, gaba-se por ter firmado acordos no pós-Brexit com Japão,
Austrália e outros países. Ainda assim, seus instintos pelo
livre-mercado poderiam também representar uma faca de dois gumes para
tories (conservadores) recém-convertidos, que desejam um governo que
defenda a indústria britânica contra concorrentes estrangeiros.
A primeira tarefa de Truss seria unificar um partido que tem sido
fendido pelo drama dos anos Johnson e tem perdido apoio entre os
eleitores. Uma pesquisa publicada na semana passada pelo instituto
YouGov mostrou os conservadores 15 pontos porcentuais atrás dos
trabalhistas, a maior diferença em quase uma década.
Críticos preocupam-se com a possibilidade das relações do Reino Unido
com a União Europeia se deteriorarem ainda mais sob um governo de
Truss, já que ela conta com apoio da ala pró-Brexit mais ardente do
partido. Ela introduziu um projeto de lei que pretende rescindir acordos
comerciais adotados na Irlanda do Norte apenas três anos atrás como
parte do Brexit — e promete garantir sua aprovação.
“Ela é claramente adepta do antigo jogo de culpar os franceses e,
mais genericamente, os europeus para cooptar apoio na base se seu
partido”, afirmou Peter Ricketts, ex-embaixador britânico em Paris.
“Reconectar-se com a Europa será vital nesta disputa, e Truss é a última
pessoa que queremos tratando disso.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL