terça-feira, 6 de setembro de 2022

SALÁRIOS DO PRESIDENTE DO BRASIL E DE OUTROS PAÍSES

 

Matheus Queiroz – Purepeople

O primeiro turno das Eleições 2022 acontece no dia 02 de outubro e o principal foco neste ano é a votação para presidente, que traz uma disputa acirrada entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, o atual chefe do Governo.

Quanto ganha o presidente do Brasil? Veja o salário de Bolsonaro e outros líderes mundiais© www.presidencia.pt

Com a proximidade da data, muitas dúvidas a respeito das funções de um presidente vem à tona. Entre elas: qual o salário do principal representante do Poder Executivo? A remuneração bruta do presidente é de R$ 30.934,70 por mês. No entanto, por conta dos descontos, o pagamento final é de R$ 23.453,43. As informações são do Portal da Transparência.

OS BENEFÍCIOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Assim como os trabalhadores de outras esferas, o Presidente da República pode usufruir de diversos direitos. O principal deles é a moradia. O chefe do executivo tem duas residência oficiais em Brasília: o Palácio da Alvorada e a Granja do Torto.

O presidente também tem direito a plano de saúde. Além de todas as despesas dele, o benefício cobre, também, as dos familiares diretos, como filhos, netos e pais. Outro benefício é o cartão corporativo, que custeia uma série de despesas do governante.

No entanto, o presidente não tem férias oficiais, segundo a Constituição Federal de 1988. Tradicionalmente, ele tira uns dias de folga durante o recesso do Poder Legislativo, mas, em caso de emergências, é necessário interromper o descanso para resolvê-las.

OS SALÁRIOS DOS PRESIDENTES E LÍDERES DE OUTROS PAÍSES AO REDOR DO MUNDO

Estados Unidos: O presidente Joe Bidden recebe US$ 400 mil por ano, uma média de US$ 33 mil ou aproximadamente R$ 170 mil por mês, segundo a cotação atual.

China: Em 2015, o presidente Xi Jinping passou a ganhar 11.385 yuanes por mês, o equivalente a R$ 8.470,40, segundo a atual cotação.

Japão: O primeiro-ministro Fumlo Kishida tem um salário anual estimado em R$ 1,3 milhão, uma média de R$ 108 mil por mês, segundo a CNN Brasil.

Alemanha: Não existem informações de fontes confiáveis a respeito do salário do atual chanceler do país europeu, Olaf Scholz. No entanto, em 2017, a ex-chanceler Angela Merkel ganhava 18,8 mil euros por mês (aproxidamente, R$ 96 mil, na cotação atual), segundo o jornal português Diário de Notícias.

Inglaterra: O primeiro-ministro Boris Johnson tem um salário anual estimado em 155.376 euros; uma média de 12 mil euros ou aproximadamente R$ 61 mil por mês, segundo a cotação atual.

França: O presidente Emmanuel Macron tem um salário anual estimado em R$ 1 milhão, uma média de R$ 83 mil por mês, segundo a CNN Brasil.

Canadá: O primeiro-ministro Justin Trudeau tem um salário anual estimado entre US$ 146 mil e US$ 365 mil (respectivamente, R$ 542 mil e R$ 1,4 milhão, segundo a cotação atual).

Itália: O presidente Sergio Mattarella recebe 179.835 euros anuais; uma média de 15 mil euros ou aproximadamente R$ 76 mil por mês, segundo a cotação atual. Em março deste ano, ele reduziu o próprio salário e fixou com base na pensão que recebe pelo trabalho como professor universitário, segundo o Diário de Notícias.

Portugal: O presidente Marcelo Rebelo de Sousa recebe 106.820 euros brutos anuais; uma média de 8.900 euros ou aproximadamente R$ 45 mil por mês, segundo a cotação atual.

CHILENOS NÃO APROVAM A NOVA CONSTITUIÇÃO DO PAÍS

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Chilenos comemoram resultado de referendo que rejeitou texto da nova Constituição do país, em 4 de setembro de 2022.| Foto: Alberto Valdés/EFE

A rejeição do povo chileno ao texto destinado a ser a nova Constituição do país foi inequívoca: em um referendo no qual o voto foi obrigatório, quase 25 pontos porcentuais separaram o “rejeito” do “aprovo”, interrompendo o que seria a “brasileirização” do texto constitucional chileno. Com o resultado, a carta do período pinochetista, emendada inúmeras vezes para acomodar o retorno da democracia, seguirá valendo por mais algum tempo, até que um novo texto seja costurado, em um processo cujo desenrolar ainda é incerto.

Em maio de 2021, boa parte do eleitorado conservador e de centro-direita se mostrou desinteressado pela escolha dos constituintes. Em um país com 14,9 milhões de eleitores, apenas 6,2 milhões foram votar, uma abstenção de quase 60%. O resultado foi uma Assembleia Constituinte majoritariamente de esquerda, a ponto de as demais forças políticas do país não chegarem a ter o mínimo necessário de cadeiras para barrar propostas mais radicais. Com este “passe livre”, a esquerda chilena desenhou uma Constituição à sua imagem e semelhança, com uma coleção infindável de direitos sem explicar ao certo como o Estado chileno seria capaz de cumpri-los – um roteiro que o Brasil conhece desde 1988 – e repleta de pautas identitárias, incluindo a legalização do aborto.

O povo chileno deixou claro que não quer uma reinvenção da roda baseada em premissas identitaristas e que descarta todos os aspectos positivos do modelo liberal atual

Ao agir desta forma, os constituintes chilenos ignoraram a existência de boa parte de compatriotas que não compactuavam com tais pautas, e desprezaram todos os avanços sociais e econômicos obtidos pelo modelo liberal herdado da ditadura de Pinochet, e que permitiu ao Chile liderar a América Latina em indicadores importantes como IDH e liberdade econômica. À medida que o texto foi ganhando seus contornos finais, compreensivelmente a rejeição popular ficava mais clara, uma tendência capturada pelas pesquisas de opinião – em fevereiro, elas davam 20 pontos porcentuais de vantagem ao “aprovo”, mas em meados de abril, com os trabalhos da assembleia ainda em andamento, a virada já havia ocorrido. Nem o apoio extraoficial do presidente Gabriel Boric, nem a estratégia de “aprovar para reformar” ajudaram a campanha pela aprovação, até porque não havia a menor garantia legal de que o texto, uma vez ratificado, seria realmente alterado para contemplar as demandas dos chilenos de centro-direita e conservadores.

Seja porque a húbris esquerdista não considerou em nenhum momento a possibilidade de derrota, seja por outros motivos que poderiam até incluir o esquecimento puro e simples, não há clareza sobre o que ocorreria em caso de rejeição do texto constitucional no referendo. A mesma Assembleia Constituinte eleita em 2021 teria de redigir uma segunda proposta? Seria preciso eleger novos constituintes? Boric convocou representantes de todas as forças políticas chilenas para negociar a continuação do processo constitucional, pois de qualquer forma será preciso entregar ao país uma nova Constituição: o resultado do plebiscito de 2020 segue em vigor, e nele os eleitores, por ampla maioria, decidiram pela redação de uma nova carta. Além disso, Boric deve promover uma reforma ministerial que pode levar o governo mais para o centro.


O Chile é, em muitos aspectos, um exemplo para a América Latina, mas seu modelo não é perfeito. Seu liberalismo pode e deve ser aperfeiçoado, abrindo mais espaço para uma atuação subsidiária do Estado e para um cuidado especial com a parcela mais pobre da população, sem cair em assistencialismos que perpetuam situações de dependência. Não há como dizer ao certo se é isso que os chilenos desejam, mas agora já se sabe com muita clareza o que o povo não quer: uma reinvenção da roda baseada em premissas identitaristas e que descarta todos os aspectos positivos do sistema atual. A vitória incontestável do “rejeito” – a título de comparação, Boric venceu o segundo turno da eleição presidencial de 2021 com 11 pontos de vantagem sobre José Antonio Kast – é um recado que o presidente e toda a esquerda chilena não têm como ignorar.


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DECISÕES DO MINISTRO ALEXANDRE DE MORAIS VIERAM DO LIVRO O ALIENISTA?

 

Tá doido?!

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Ilustração de Fábio Moon e Gabriel Bá para a adaptação de “O Alienista” para os quadrinhos.| Foto: Reprodução

Assim que abri o velho exemplar de “O Alienista”, de Machado de Assis, fui logo sublinhando um trecho. Já disse em algum momento que gosto de vandalizar assim meus livros. Mesmo que jamais venha a consultar aquela citação novamente ou por mais que, em a consultando, não tenha a menor ideia do que me levou a sublinhá-la. Gosto da aparência de um livro todo riscado e no qual daqui a vinte anos alguém lerá “Alexandre de Moraes” sem ter a menor ideia de quem tenha sido o gajo.

“A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é meu universo”. Este foi apenas o primeiro trecho sublinhado com a anotação hoje óbvia, mas que daqui a duas décadas parecerá um hieróglifo: “Alexandre de Moraes”. Cujo emprego único é o Estado democrático de direito (como ele o entende) e cujo universo se restringe aquele palacete feioso do STF. A partir daí, para mim o dr. Simão Bacamarte perdeu os cabelos e ganhou uma toga. E a causa da loucura se transformou na causa do Estado democrático de direito – com aspas, muitas aspas, por favor.

A obviedade da associação entre a frase machadiana e a realidade alexandrina desde início de século XXI me incomodou. Dei de ombros e segui com a leitura. Algumas páginas mais tarde, anotei um dos casos de loucura contado por Machado: “um rapaz bronco e vilão, que todos os dias, depois do almoço, fazia regularmente um discurso acadêmico, ornado de tropos, de antíteses, de apóstrofes, com seus recamos de grego e latim, e suas borlas de Cícero, Apuleio e Tertuliano”. À margem anotei que candidato ao hospício é quem se refere a Machado como “Bruxo do Cosme Velho”. E olhei em volta para ver se ninguém por perto tinha uma camisa-de-força.

Atenção, clipping do STF

Outra anotação de uma obviedade absoluta e um tantinho vergonhosa: “homem de ciência, e só de ciência, nada o consternava fora da ciência”. Aqui a primeira referência é o ministro que não se consterna com nada fora da sua cruzada antibolsonarista. Obviedade das obviedades, tudo é obviedade. A segunda referência talvez seja menos óbvia, e por isso mesmo tão profunda quanto uma piscina infantil: como foram e são ridículos os homens que, diante da pandemia de Covid-19, não se consternavam com nada fora da ciência. “Que nunca sejamos homens de uma coisa só!”, anotei à margem e, se não anotei, deveria ter anotado.

Ah, sim, outro trecho óbvio, mas necessário. Nele, Dona Evarista, a esposa do alienista, está de partida para o Rio de Janeiro. Machado de Assis assim descreve a cena: “E partiu a comitiva. Crispim Soares, ao tornar a casa, trazia os olhos entre as duas orelhas da besta ruana em que vinha montado; Simão Bacamarte alongava os seus pelo horizonte adiante, deixando ao cavalo a responsabilidade do regresso. Imagem vivaz do gênio e do vulgo! Um fita o presente, com todas as suas lágrimas e saudades, outro devassa o futuro com todas as suas auroras”.

A anotação à margem é: “Será que Alexandre de Moraes já leu este livro?”. Se a equipe de clipping do STF estiver lendo este texto, por favor, estenda a pergunta ao ministro. E aproveito para perguntar ao ministro Alexandre de Moraes se ele entende que, nessa alegoria aí, gênio é o conservador e vulgo é o progressista que “devassa o futuro com todas as suas auroras”. Assessor que por ventura estiver lendo, por favor repassar essa última pergunta também ao ministro Barroso. Obrigado.

Outro momento bom para a reflexão dos ministros do STF é quando Simão Bacamarte se dá conta do tamanho da sua empreitada insana de curar todos os loucos do universo. No caso, de Itaguaí. “A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente”, diz o alienista. E a essa altura o leitor, tanto o meu quanto o do Machado, já se deu conta do perigo que é dar poder a um homem obcecado por uma causa, seja ela a ciência ou o Estado democrático de direito, ambos com fartas aspas.

Aí em “O Alienista” o óbvio mais uma vez se realiza e Bacamarte começa a usar o próprio poder em proveito próprio. “O alienista dizia que só eram admitidos os casos patológicos, mas pouca gente lhe dava crédito. Sucediam-se as versões populares. Vingança, cobiça de dinheiro, castigo de Deus, monomania do próprio médico, plano secreto do Rio de Janeiro com o fim de destruir em Itaguaí qualquer gérmen de prosperidade (…), mil outras explicações, que não explicavam nada, tal era o produto diário da imaginação pública”.

Inversão de valores
Pensei, mas não anotei à margem porque a caneta tinha caído no chão e fiquei com preguiça de pegar: Machado de Assis previu o Twitter. E não deu a Simão Bacamarte a capacidade e ambição contemporâneas de calar a fértil imaginação pública. Tivesse conferido ao personagem esse super poder, Machado teria evitado, nas páginas seguintes, a rebelião que culmina com uma reflexão (óbvia) sobre o arbítrio, tanto do alienista quando do nosso calvo constitucionalista: “Nada tenho que ver com a ciência; mas, se tantos homens em quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado  não é o alienista?”.

Tampouco eu tenho a ver com a ciência jurídica e política, mas, se tantos homens em quem supomos liberdade de consciência são reclusos por antidemocráticos, quem nos afirma que o antidemocrático não é o que diz mais agir para defender a democracia? Não à toa convém aqui mencionar outra obviedade que salta aos olhos: “O Alienista” é uma alegoria da Revolução Francesa, liderada por iluministas crédulos na utopia da razão e dispostos a usar de toda a violência necessária para impor os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade – não necessariamente nessa ordem.

Simão Bacamarte cai em breve desgraça. Em sua defesa, evoca Deus e “os mestres”. Chega até a se oferecer em sacrifício. Talvez (e esta é uma interpretação que espero não ser óbvia, embora pareça) no final das contas o alienista conheça mesmo a alma humana a ponto de antever as ambições do líder rebelde e, por isso, saber-se seguro. “O barbeiro sentiu despontar em si a ambição do governo; pareceu-lhe então que, demolindo a Casa Verde e derrocando a influência do alienista, chegaria a apoderar-se da Câmara, dominar as demais autoridades e constituir-se senhor de Itaguaí”, escreve um Machado de Assis insuportavelmente cínico.

Depois da rebelião, prevalece a paciência maquiavélica de Simão Bacamarte, tão corrompido por suas certezas que passa a considerar ainda mais loucos os que exibem qualquer vocação para a excelência ou a santidade. “Os alienados foram alojados por classes. Fez-se uma galeria de modestos; isto é, os loucos em que predominavam esta perfeição moral; outra de tolerantes, outra de verídicos, outra de símplices; outra de leais, outra de magnânimo; outra de sagazes; outra de sinceros; etc.”, lê quem chega a esta parte do livro e resiste à vontade de jogá-lo dramaticamente contra a parede. Seria óbvio demais falar aqui em “inversão de valores”?

Diabólico, Simão Bacamarte corrompe toda a cidade, que passa a ver o mal como sinal inequívoco de sanidade e o bem como marca de demência incurável. E é neste instante que a novela de Machado de Assis perde um pouco contato com a nossa realidade. A não ser que você queira bancar o otimista e ler o que acontece em seguida como uma profecia. Porque, tomado pela vaidade do suposto autoconhecimento que faz dele o mais são entre os sãos, não resta ao alienista alternativa que não a de se trancafiar no hospício, entregando-se “ao estudo e à cura de si mesmo”.

Diante do que anoto à margem um comentário que certamente não vou entender na próxima releitura: “Quem sabe alguém, vendo-se como o maior defensor da democracia em todo o universo e além, não perceba nesse furor todo um quê de fascismo, de autoritarismo e até de totalitarismo e, em assim se percebendo, para o bem da sanidade geral, se recolha ao estudo e cura de si mesmo”. Fecho o livro e vou dormir exausto de tanta obviedade.


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UMA CANETADA DO STF ACABA COM A VIOLÊNCIA POLÍTICA?

 

STF e eleições

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


O ministro do STF Edson Fachin.| Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro Edson Fachin, do STF, decidiu suspender alguns trechos de decretos do presidente da República para restringir o uso de armas no período eleitoral. Foi ele que restringiu, também, ações da polícia do Rio de Janeiro nos morros durante a pandemia – e deu no que deu, as favelas viraram refúgio de bandidos e facções criminosas do país inteiro.

Fachin disse que a medida tem o intuito de evitar violência política. “O risco de violência política torna de extrema urgência o provimento cautelar. A campanha exaspera o risco de violência”, foram as palavras dele. Pois a violência que vimos está completando quatro anos nesta terça-feira e não foi com arma de fogo, foi com faca. Aconteceu em Juiz de Fora (MG), pelas mãos de Adélio Bispo, que, desesperado por não acreditar nas pesquisas em que Jair Bolsonaro perdia para todos, e com um álibi na Câmara dos Deputados, tentou matar Bolsonaro. Eu não sei se Fachin é capaz de tirar todas as facas da campanha eleitoral.

O ministro também fala em “recentes e lamentáveis episódios de violência política” para justificar a decisão. O único episódio de que eu lembro foi uma briga de duas pessoas por causa do uso eleitoral de dependências de uma associação de funcionários da Itaipu. Não foi violência política nas ruas, não foi violência coletiva. Violência coletiva mesmo eu vi em Curitiba, quando arrancaram a bandeira nacional do mastro, pisaram em cima e tocaram fogo. Violência coletiva eu vi quando hordas correram pelas ruas de São Paulo, quebrando vitrines, botando fogo em lixo, destruindo paradas de ônibus. Não sei se o ministro Fachin pretende evitar isso e de que maneira.


Supremo se preocupa mais com bandidos que com policiais
Enfim, ele está fazendo isso porque supõe que vai haver violência política. Lembra aquele filme de ficção com Tom Cruise, Minority Report – A Nova Lei. A gente fica imaginando o que pode acontecer.

Depois de quase dez anos, o Museu do Ipiranga será reaberto
Quero registrar também que nesta terça-feira ocorre a reabertura do Museu do Ipiranga, que fica lá junto ao Monumento do Ipiranga, ao mausoléu onde estão os corpos de dom Pedro I e das duas imperatrizes, e onde ele proclamou a independência, por onde passa o Riacho Ipiranga.

O museu estava em reforma desde 2013 e está uma beleza agora, realmente muito bonito. A abertura será só para autoridades, no fim do dia; na quarta, dia 7, vai abrir para aqueles que trabalharam na recuperação, e suas famílias. À noite, fora do museu, haverá um grande espetáculo com projeções na fachada e a participação do maestro e pianista João Carlos Martins, um herói brasileiro. Para o público mesmo, só abre no dia 8 de setembro. Faz tanto tempo que visitei o Museu do Ipiranga que está na hora de ir de novo para ver como ficou a reforma.

ELEIÇÕES 2022
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PISO DA ENFERMAGEM CAUSA PREJUÍZO E GASTANÇA DO JUDICIÁRIO NÃO

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: Fellipe Sampaio /SCO/STF


O ministro Luís Roberto Barroso, em mais um espasmo de onipotência do Supremo Tribunal Federal, vetou o novo piso salarial para os enfermeiros, estabelecido por lei que o Congresso Nacional aprovou. Mas o Congresso não é um dos três poderes da República, independente dos outros dois, e o único autorizado a fazer leis neste país, de acordo com as sagradas “instituições” que o STF defende com os seus inquéritos, a sua polícia e as suas operações de busca, apreensão e quebra de sigilo às 6 horas da manhã? A resposta é: não, o Congresso brasileiro, eleito pela população como seu representante, não tem o direito de aprovar as leis que conseguem o voto da maioria dos parlamentares. Depende do STF. Se o STF está de acordo, então a lei vale. Se o STF não aprova a lei, a lei não vale.

Acaba de acontecer mais uma vez, e mais uma vez presidente da Câmara dos Deputados fica quietinho – diz que “entende” a decisão do STF em vetar o novo piso, como se coubesse a ele dar-se a apreciações deste tipo, em vez de fazer valer a decisão legítima e legal da casa que preside. É óbvio, com mais essa reação de subserviência automática por parte do Congresso, que o STF vai continuar governando o Brasil. Isso é o exato contrário de democracia – é desordem. O ministro Barroso, com o seu decreto, se mete a decidir sobre a situação financeira dos serviços de saúde e a remuneração da enfermagem. Quem lhe deu licença para fazer isso? O STF tem de cuidar, unicamente, do cumprimento da Constituição; tem de decidir se isso ou aquilo é ou não é constitucional. Todas as vezes que fizer alguma coisa fora ou além disso, estará impondo uma ditadura ao país. É simples. Ninguém pode julgar uma decisão do STF; se os ministros se dão o direito de resolver toda e qualquer questão, então os ministros viram ditadores. Decidem até quanto devem ganhar os enfermeiros; se podem decidir isso, e o que mais lhes der na telha, então decidem tudo.

O STF, ultimamente, tem mostrado uma estranhíssima obsessão com o respeito às regras mais rigorosas de integridade fiscal. Vetam reduções de impostos que beneficiam diretamente a população, pois isso, na sua opinião – que ninguém pediu, porque não é da sua conta – poderia deixar o poder público com dificuldades para pagar os seus compromissos. Não pensam, jamais, que o Estado possa se comportar com mais competência e, em consequência, precisar de menos dinheiro. Pior: nunca, jamais e em tempo algum, o STF se preocupou com austeridade fiscal. Ao contrário, é dos principais causadores da gastança alucinada do Estado brasileiro, ao concordar sistematicamente com toda e qualquer exigência salarial das castas mais vorazes do serviço público – a começar pelo que diz respeito aos gastos da própria justiça.  Os enfermeiros não podem ter um piso salarial de 4.750 reais, decidiu o ministro Barroso; é muito caro. Os Estados e Municípios, coitados, terão muita dificuldade para pagar. Os hospitais privados e os planos das mega empresas de seguro médico estariam correndo risco de morte. Mas juízes podem ganhar 100.000 reais num mês, ou muito mais, com os “penduricalhos” e “atrasados”, e o STF acha isso a coisa mais justa e normal do mundo. Se o Estado tem dificuldade para pagar isso, problema “deles” – ou melhor, problema do pagador de impostos, que é quem vai ter de meter a mão no bolso para encarar essa conta.

É óbvio, com mais essa reação de subserviência automática por parte do Congresso, que o STF vai continuar governando o Brasil

A Justiça brasileira é uma das mais caras do mundo; pode estar gastando, com o aparelho todo, em volta dos 120 bilhões de reais por ano. Isso, em termos proporcionais ao PIB, é quase dez vezes mais do que gasta a justiça dos Estados Unidos; é várias vezes mais do que gastam os países europeus A população que paga essa barbaridade recebe, em contrapartida, uma das piores justiças do mundo, comparável ao que existe de mais tenebroso no universo subdesenvolvido. O povo brasileiro, por sinal, está convencido disso: só 16%, segundo uma pesquisa recente do jornal O Estado de S. Paulo, tem respeito pelo STF. O ministro Barroso, enquanto isso, decide sobre o salário dos enfermeiros.


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VENDA DE IPHONE PROIBIDA SEM CARREGADOR

Foto: Lucy Nicholson/Reuters

Por Luci Ribeiro – Jornal Estadão

Determinação foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, 6

BRASÍLIA – O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou a suspensão da venda, em todo o País, de todos os telefones celulares iPhone, independentemente do modelo ou geração, desacompanhados do carregador de bateria e também a cassação do registro na Anatel dos smartphones da marca a partir do modelo iPhone12.

A pasta ainda aplicou multa à fabricante Apple Computer Brasil no valor de R$ 12.274.500. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 6, em processo instaurado pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) em dezembro passado.

A Senacon explica que a Apple foi processada por vender os smartphones, desde o Iphone 12, sem o respectivo carregador de energia para tomada de parede. “As acusações são de venda casada, venda de produto incompleto ou despido de funcionalidade essencial, recusa da venda de produto completo mediante discriminação contra o consumidor e transferência de responsabilidade a terceiros”.

Ministério da Justiça; pasta suspendeu venda de iPhone 12 sem carregador de bateria na caixa.
Ministério da Justiça; pasta suspendeu venda de iPhone 12 sem carregador de bateria na caixa.  Foto: Divulgação

Ao se defender, a Apple alegou, segundo a Secretaria, que a decisão de não fornecer os carregadores de bateria em conjunto com os smartphones teria sido por “preocupação ambiental” e “para estimular o consumo sustentável”. A Senacon, no entanto, avaliou que os argumentos da companhia não foram suficientes, “uma vez que a decisão da empresa de vender os aparelhos sem carregador acabou por transferir ao consumidor todo o ônus”.

O órgão diz que, apesar de já ter sido multada pelos Procons de Santa Catarina, São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Caldas Novas (GO), e de ser alvo de outras condenações judiciais, a Apple, até hoje, não tomou nenhuma medida para minimizar o dano e segue vendendo aparelhos celulares sem carregadores.

“Caso persista nas infrações, a Apple poderá ser considerada reincidente, com a aplicação de novas punições ainda mais graves”, avisa a Senacon. “A empresa ainda pode recorrer da decisão”, completa.

Correções

06/09/2022 | 08h50

Texto alterado para informar que a suspensão da venda no País se aplica a todos os telefones celulares iPhone, independentemente do modelo ou geração, desacompanhados do carregador de bateria. O ministério também determinou a cassação do registro na Anatel dos smartphones da marca a partir do modelo iPhone 12.

 

TENHA A CAPACIDADE DE CRIAR HISTÓRIAS IMPACTANTES

*Pedro Lourencini é programador e faz parte do time de desenvolvimento da ONCLICK 

Por Pedro Lourencini

De forma bem simples, storytelling é a capacidade de criar e montar histórias impactantes e inesquecíveis que “vendem” uma ideia, propósito, conceito ou projeto. Uma forma ou método para persuadir e convencer, técnica muito utilizada em cinema e publicidade.

Mas, por que devo conhecer esta técnica?

Utilizando alguns conceitos de storytelling é possível se expressar de forma muito mais eficiente, seja em uma reunião, ao preencher uma tarefa, ou mesmo em um telefonema. Com isso, você consegue o que deseja com mais facilidade.

Ao ligar para reclamar da sua internet por exemplo, se de início já destratar o atendente que está apenas fazendo o seu serviço. As chances de conseguir uma solução rápida e certeira tendem a cair, pois você não permite que ele faça o trabalho dele que é lhe ajudar. Além de que em alguns casos só irá deixá-lo irritado e sem vontade de solucionar o seu problema.

Porém, se ao ligar você tratar do problema com calma, até mesmo fazendo algumas brincadeiras para “quebrar o gelo”, você consegue um carisma maior com o atendente, motivando-o a lhe ajudar.

Um ponto importante é sempre pensar em como o que você está falando vai ser percebido. 

Utilizando storytelling na TI

Trazendo o storytelling para o dia a dia da TI, ao preencher uma tarefa para alguém, adapte o texto ao nível técnico das pessoas que irão realizá-las, e ao de outras pessoas que podem consultar a tarefa futuramente.

Se for técnico demais, o texto pode e vai gerar confusão, sendo necessário que você revise o que foi escrito, converse com as pessoas responsáveis pela execução e até mesmo realize reuniões que seriam desnecessárias. Tudo isso, contribui para atrasar a solução do problema.

Então, caso precise reportar uma ocorrência, se imagine criando uma história, explicando como ocorreu, passo a passo, da forma mais detalhada possível o que deveria ter acontecido, e o porquê. Isso ajuda muito o entendimento e a solução.

Se possível, utilize imagens para contar a história do problema, porém, cuidado, as imagens precisam ter sentido e realmente ajudar a compreender o ocorrido.

Pense no que você deseja que a pessoa entenda no final.

Seja simples e direto, em casos onde é permitido use uma linguagem mais informal, tudo para que o texto não fique chato ao leitor.

Na área de TI é especialmente indicada a utilização do storytelling. Ao reportar um erro ocorrido no cliente é importante pensar em quem vai receber o relatório sobre o problema, o acesso do cliente ao que foi descrito e a clareza por trás da história ocorrida.

Como um bom desenvolvedor, você precisa saber se expressar ao detalhar o que foi realizado. 

Explique todo o processo analisado, o que foi feito, o porquê da alteração, sempre pensando em quem vai ler o conteúdo escrito por você, seja um analista de qualidade, um gerente ou supervisor, um analista de suporte ou mesmo o cliente, você tem o dever de dar um final feliz à história.

Uma história bem contada muda tudo.

                   O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?                  

Moysés Peruhype Carlech

Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”, sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial da Startup Valeon.

Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?

Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu WhatsApp?

Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.

A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e eficiente.  Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e aumentar o engajamento dos seus clientes.

Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. – Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o próximo nível de transformação.

O que funcionava antes não necessariamente funcionará no futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo aquilo que é ineficiente.

Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde queremos estar.

Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que você já sabe.

Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na internet.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

MUITAS PROMESSAS DOS PRESIDENCIÁVEIS SEM ORÇAMENTO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Auxílio Brasil de R$ 600 não está previsto na PLOA de 2023.| Foto: Divulgação/Governo Federal


O presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula, e a emedebista Simone Tebet já prometeram manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem caso sejam eleitos – o petista ainda afirmou que o benefício, que voltaria a se chamar Bolsa Família, incluiria R$ 150 adicionais para cada criança de até 6 anos. Ciro Gomes foi além e fala em renda mínima de R$ 1 mil. Além disso, Bolsonaro também prometeu que, em 2023, atualizará a tabela do Imposto de Renda Pessoa Física – “está garantido já”, afirmou a uma rádio gaúcha no início de agosto. No entanto, nem o Auxílio Brasil maior, nem a mudança na tabela do IR constam nos números do projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional no último dia 31 de agosto.

O texto da PLOA cita, no entanto, ambos os objetivos, descritos como “prioridade” do governo. Para o Auxílio Brasil, o projeto fala em “esforços em busca de soluções jurídicas e de medidas orçamentárias que permitam a manutenção do referido valor no exercício de 2023 mediante o diálogo junto ao Congresso Nacional para o atendimento dessa prioridade”; quanto à tabela do IR, a PLOA afirma que “se buscará construir consenso com o Parlamento e a sociedade para efetivação da reforma e a respectiva correção da tabela do imposto de renda”. No caso do Auxílio Brasil, haja diálogo, pois seria preciso encontrar mais R$ 54 bilhões, já que o benefício de R$ 600 custaria R$ 160 bilhões e a PLOA reserva R$ 105,7 bilhões para este pagamento.

Se um governo que tira cerca de um terço de tudo o que se produz no país encontra problemas para bancar um benefício de R$ 600 aos brasileiros mais vulneráveis, é porque o orçamento padece de disfunções graves

Como os principais candidatos pretendem cumprir, então, as promessas que não estão previstas na lei orçamentária? Quanto a Lula, o Brasil já conhece bem a maneira como ele “dialoga” com o Congresso e a solução que ele propõe: a abolição pura e simples do teto de gastos, caso o petista consiga maioria parlamentar suficiente para aprovar reformas constitucionais. Se não for possível realizar este trabalho de demolição, Lula já afirmou que pretende recorrer a truques de palavras, qualificando certas despesas como “investimento” em vez de “gasto” para retirá-las da limitação imposta pela Carta Magna e poder, assim, gastar mais. E todos sabemos como isso termina, pois a recessão de 2015-16, consequência da política de gasto ilimitado do lulopetismo, ainda está suficientemente fresca na memória da nação.

Isso não significa que as soluções adotadas até agora pelo governo Bolsonaro tenham sido as melhores. Tanto a PEC dos Precatórios quanto a PEC dos Benefícios foram gambiarras fiscais que deram verniz de legalidade ao que, na prática, era uma desmoralização do teto de gastos, pois, se se permite ao governo realizar despesas acima da correção permitida pela Constituição, a regra constitucional é ignorada, como o próprio ministro Paulo Guedes já chegou a admitir. O secretário especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, afirmou que o governo buscará “criar as condições fiscalmente responsáveis” para cumprir as promessas de elevar o Auxílio Brasil e reajustar a tabela do IR; ele não deu maiores detalhes, mas a retomada da responsabilidade fiscal é extremamente necessária para que o Brasil possa ter um 2023 menos conturbado diante da possibilidade de recessões no mundo desenvolvido e que podem ter reflexos por aqui.

A grande questão, aqui, é que não basta simplesmente aumentar a receita para poder pagar o Auxílio Brasil de R$ 600, como Bolsonaro deixou subentendido em entrevista ao citar a taxação sobre lucros e dividendos como possível fonte de recursos para o benefício social. O limitador está no teto de gastos, que em 2023 deve ser de R$ 1,8 trilhão. O país poderia instituir novos impostos, arrecadar centenas de bilhões de reais com privatizações, e ainda assim esse será o valor máximo que o governo pode gastar. Este, aliás, é um dos méritos do teto: impede que tempos de bonança e receitas extraordinárias transformem governantes em esbanjadores do dinheiro público. E o secretário Colnago já deixou claro que, hoje, o Auxílio Brasil de R$ 600 não cabe no teto – a não ser, claro, que outras despesas sejam cortadas para abrir espaço.


Um governo que tira cerca de um terço de tudo o que se produz no país, na forma de impostos pagos por pessoas físicas e jurídicas, não deveria encontrar problemas para bancar um benefício de R$ 600 aos brasileiros mais vulneráveis, mesmo com o limitador do teto de gastos. Se é difícil tornar realidade um programa social destas dimensões, é porque o orçamento brasileiro tem dois problemas graves: o primeiro é o excesso de despesas claramente imorais, como o financiamento público de partidos e campanhas políticas, ou as emendas de relator. Mas, mesmo que por um milagre o Congresso abrisse mão desses bilhões, a conta ainda não fecharia, e aqui chegamos ao segundo problema, que é estrutural: o engessamento do orçamento e a falta de reformas que otimizem o gasto público.

Nestes quatro anos, o país teve a expectativa de uma reforma administrativa que racionalizasse os gastos com o funcionalismo, da implantação dos “três Ds” (desindexar, desobrigar e desvincular) que dariam ao governo maior margem de manobra no uso do dinheiro, da PEC que permitiria o uso de dinheiro parado em fundos públicos para abater a dívida. Nada disso se tornou realidade porque à classe política não interessa ter de fazer escolhas racionais a respeito do bom uso do dinheiro do contribuinte, mas que certamente desagradam lobbies, grupos de pressão e bases eleitorais; muito mais simples é apenas encontrar uma forma de permitir mais despesas.

O brasileiro pobre e vulnerável precisa do dinheiro na mão. Mas ele tem ainda mais a ganhar com uma economia em ordem. A gastança ilimitada termina em recessão, como o petismo já nos mostrou; as gambiarras erodem lentamente a confiança na saúde fiscal do país no médio e longo prazo. Mas um governo responsável mostra ao investidor que ele pode confiar no Brasil e colocar aqui seu dinheiro para gerar emprego e renda. A agenda reformista e a racionalização do orçamento são imprescindíveis e precisam ser retomadas a partir de 2023.


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POPULAÇÃO DO CHILE REJEITA UMA NOVA CONSTITUIÇÃO

 

Chile
Gazeta do Povo com Agência EFE


O presidente chileno, Gabriel Boric, quando convocou o referendo dia dia 4 de setembro.| Foto: Alberto Valdés/EFE

O presidente do Chile, Gabriel Boric, sinalizou no domingo (5) que fará uma reforma ministerial nos próximos dias após os cidadãos do país rejeitarem em plebiscito a proposta de uma nova Constituição que era defendida pelo governo.

“Fazer frente a esses importantes e urgentes desafios exigirá ajustes rápidos em nossas equipes governamentais”, disse Boric em discurso transmitido em cadeia nacional de televisão logo após o anúncio do resultado da consulta popular.

A possibilidade de uma mudança no governo estava em discussão há algumas semanas, enquanto as pesquisas de intenção de voto já apontavam que o “rechaço” à proposta de Carta Magna ganharia o plebiscito.

Empossado em março, o governo Boric começou a dar alguns tropeços já nos primeiros dias, especialmente a ministra do Interior, Izkia Siches.

O próprio Boric afirmou durante uma reunião do Conselho de Ministros, um mês depois de tomar posse, que o governo havia “decolado com turbulência”.

Siches, primeira mulher à frente da poderosa pasta, foi um dos maiores ativos de Boric durante a campanha eleitoral, mas para muitos analistas políticos chilenos ela acabou se tornando um de seus maiores passivos, especialmente depois de sua viagem conturbada à região da Araucanía – onde há um longo conflito entre o Estado chileno e povos mapuche – e de acusar o governo anterior de realizar deportações irregulares, uma declaração pela qual posteriormente se desculpou.

O ministro da Secretaria Geral da Presidência (Segpres) e braço direito de Boric, Giorgio Jackson, é outro nome que tem sido criticado – tanto pela oposição como pela ala moderada da base governista – por sua gestão do relacionamento entre o Executivo e o Legislativo.

Outro foco foi o agravamento do conflito com os mapuche, uma das questões mais complexas com as quais Boric tem que lidar e que na semana passada rendeu a primeira baixa em seu gabinete ministerial.

Então titular da pasta de Desenvolvimento Social, Jeannette Vega renunciou um dia após a prisão do líder radical mapuche Héctor Llaitul, depois que uma de suas assessoras entrou em contato com ele em maio.


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LIZ TRUSS É ELEITA A NOVA PRIMEIRO-MINISTRO DA INGLATERRA

 

Foto: Jeff Overs/BBC

Por Mark Landler – The New York Times

Vitoriosa na eleição para escolha do líder do Partido Conservador, ela pressiona por uma ortodoxia partidária com impostos baixos e governo menor

BIRMINGHAM – Quando um jornalista britânico pediu a Liz Truss na terça-feira, 6, que indicasse a falha de caráter que mais gostaria de consertar, ela confessou: “Acho que alguns de meus amigos diriam que sou meio implacável”.

A resposta provocou risos contidos em uma reunião de membros do Partido Conservador; afinal, essa pergunta é normalmente um convite para um político se fazer de modesto enquanto conta vantagem. Mas, dessa vez, a reposta possuiu uma aura de verdade, após uma campanha na qual Truss, a secretária de Exterior britânica, reuniu apoios renomados, cobertura positiva da imprensa e uma liderança aparentemente inabalável nas pesquisas entre os membros de seu partido.

Perto do fim da corrida pela sucessão do primeiro-ministro Boris Johnson, a marcha de Truss para Downing Street parece de fato implacável. Depois de um início de campanha tumultuado, Truss, de 47 anos, cimentou seu status como favorita absoluta para se tornar a terceira mulher a liderar o Reino Unido, depois de Margaret Thatcher e Theresa May.

Imagem divulgada pela BBC mostra Liz Truss (à esquerda) em entrevista para a emissora. Caso favoritismo se confirme, Truss será a terceira mulher a comandar o Reino Unido
Imagem divulgada pela BBC mostra Liz Truss (à esquerda) em entrevista para a emissora. Caso favoritismo se confirme, Truss será a terceira mulher a comandar o Reino Unido Foto: Jeff Overs / AFP

O resultado da disputa pela liderança do Partido Conservador foi anunciado nesta segunda-feira, 5, depois que as cédulas dos cerca de 160 mil membros pagantes da legenda sejam apuradas. O oponente atrás de Truss, Rishi Sunak, apresentou um desempenho robusto e bem recebido no evento em Birmingham, um lembrete que a sorte pode virar subitamente na política.

“Você está agindo como se isso já tivesse acabado — e não acabou”, afirmou Sunak visivelmente incomodado ao moderador, John Pienaar.

A campanha transcorreu em meio à turbulência econômica que se acentua rapidamente no país. Contas domésticas de energia estão altas, a inflação atinge dois dígitos, e o Banco da Inglaterra alerta para uma recessão prolongada. E nada disso afeta a aura de inevitabilidade em torno de Truss.

Os jornais britânicos já especulam a respeito de quem ela nomeará para o gabinete de governo e quando ela aprovará um “orçamento de emergência”. A primeira dúvida é mais fácil de responder do que a segunda. Apesar de passar um mês fazendo campanha, Truss deu poucas pistas a respeito da maneira que pretende enfrentar a crise econômica — que muitos especialistas consideram a mais grave em uma geração.

Eleições no Reino Unido

Em vez disso, ela promete cortar impostos, descartar regulações remanescentes da União Europeia e encolher o tamanho do governo britânico — medidas que agradam o povo e projetadas sob medida para membros do Partido Conservador, que tendem a ser mais velhos, mais ricos e mais de direita do que o eleitorado do partido, sem mencionar o eleitorado britânico mais amplo.

Comparações com Magaret Thatcher

Truss ficou ao lado de Johnson e continua a servir seu governo pato manco. Mas ela vestiu o manto de Thatcher, a guerreira anticomunista, evangelista do livre-mercado e ícone conservadora que chegou a Downing Street em 1979, em um momento de crise econômica comparável ao atual.

“Os princípios em que ela acreditava eram os princípios corretos”, afirmou Truss, atraindo a maior salva de palmas da noite. “Empreender, assumir responsabilidade pessoal, dar às pessoas controle sobre seu próprio dinheiro, colocar o dinheiro de volta nos bolsos das pessoas.”

Boris Johnson perde maioria no parlamento britânico

O parlamentar conservador britânico Phillip Lee desertou para as fileiras dos democratas liberais favoráveis à União Europeia. A mudança resulta na perda de maioria do primeiro-ministro britânico Boris Johnson antes de uma votação crucial do Brexit.

Quando o assuntou mudou para segurança nacional, perguntaram a Truss como ela reagiria diante da decisão de acionar o arsenal nuclear do Reino Unido para defender o país. “É um dever importante do premiê”, afirmou ela. “Estou pronta para exercê-lo.”

Essa dureza reverbera entre os correligionários mais fiéis ao partido, mesmo que Truss ainda não tenha persuadido muitos membros de que é a próxima encarnação da mulher que ficou conhecida como “Dama de Ferro”.

“Ela é a versão barata de Thatcher”, afirmou Tony Clark, membro do Partido Conservador que vive nas imediações de Birmingham. Clark afirmou que, apesar disso, planeja votar em Truss, porque acredita que ela é uma conservadora genuína. Sunak, ainda que “intelectualmente brilhante”, passa uma imagem de “bajulador”, afirmou ele.

Bom humor

A enfermeira aposentada Jacqueline Naylor, de 79 anos, afirmou que provavelmente também acabará apoiando Truss, apesar do desempenho robusto de Sunak tornar sua decisão mais difícil. Ela o culpa por precipitar a queda de Johnson ao se demitir do cargo de chanceler do Tesouro após escândalos inundarem o governo. Truss, notou ela, ficou ao lado do primeiro-ministro, que continua popular nas bases conservadoras.

“Liz está preenchendo todos os critérios dos membros do partido”, afirmou Edward Tolcher, de 62 anos, diretor financeiro de uma escola de Solihull, um subúrbio próximo. Ele apoia Sunak, mas acha que a disputa basicamente já está definida.

O foco certeiro de Truss nas posições conservadoras ortodoxas teve melhor desempenho do que a estratégia de Sunak, construída dizendo aos eleitores duras verdades, como que o Reino Unido tem de controlar a inflação antes de cortar impostos. Truss também melhorou gradualmente como candidata, exibindo confiança e lampejos de bom humor.

“Muita gente pensou que ela ficaria muito travada, mas ela desempenhou melhor que o esperado”, afirmou Gavin Barwell, ex-chefe de gabinete de May.

Rishi Sunak (à esq.) e Liz Truss (direita) debatem em um programa de TV suas propostas para liderar o Partido Conservador
Rishi Sunak (à esq.) e Liz Truss (direita) debatem em um programa de TV suas propostas para liderar o Partido Conservador  Foto: Jonathan Hordle / EFE/EPA

Mas ele e outros afirmam que Truss pode estar protelando problemas ao se recusar a ser mais aberta em relação aos seus planos. Seu apelo por um governo menor, acrescentaram eles, poderá atrapalhar a união da coalizão forjada por Johnson em 2019. Sua vitória eleitoral naquele ano foi construía atraindo eleitores trabalhistas desiludidos com o partido, nas regiões industriais das Midlands e do norte, que foram seduzidos por sua promessa de “cumprir logo o Brexit”.

Reduzir impostos, reverter regulações e encolher o governo são políticas menos atraentes para eleitores da classe trabalhadora dessas regiões, chamadas de “muro vermelho”. Muitos deles estão satisfeitos com a generosa rede de seguridade social e consideram o governo um bastião contra o que eles acreditam ser um sistema manipulado contra eles.

“Liz Truss está oferecendo políticas que arriscam não somente alimentar a atual crise econômica, mas que também afrontam os valores desses novos conservadores”, afirmou Matthew Goodwin, professor de ciência política da Universidade de Kent.

Relações com a UE

Truss, que foi secretária do Comércio antes de se tornar secretária do Exterior, gaba-se por ter firmado acordos no pós-Brexit com Japão, Austrália e outros países. Ainda assim, seus instintos pelo livre-mercado poderiam também representar uma faca de dois gumes para tories (conservadores) recém-convertidos, que desejam um governo que defenda a indústria britânica contra concorrentes estrangeiros.

A primeira tarefa de Truss seria unificar um partido que tem sido fendido pelo drama dos anos Johnson e tem perdido apoio entre os eleitores. Uma pesquisa publicada na semana passada pelo instituto YouGov mostrou os conservadores 15 pontos porcentuais atrás dos trabalhistas, a maior diferença em quase uma década.

Críticos preocupam-se com a possibilidade das relações do Reino Unido com a União Europeia se deteriorarem ainda mais sob um governo de Truss, já que ela conta com apoio da ala pró-Brexit mais ardente do partido. Ela introduziu um projeto de lei que pretende rescindir acordos comerciais adotados na Irlanda do Norte apenas três anos atrás como parte do Brexit — e promete garantir sua aprovação.

“Ela é claramente adepta do antigo jogo de culpar os franceses e, mais genericamente, os europeus para cooptar apoio na base se seu partido”, afirmou Peter Ricketts, ex-embaixador britânico em Paris. “Reconectar-se com a Europa será vital nesta disputa, e Truss é a última pessoa que queremos tratando disso.” / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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