segunda-feira, 22 de agosto de 2022

LULA QUER ACABAR COM A LEI DA FICHA LIMPA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O ex-presidente Lula (PT) chamou a Lei da Ficha Limpa de “bobagem”, em entrevista a emissora de rádio mineira.| Foto: Sérgio Dutti/PSB

O ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula tem todos os motivos para não gostar da Lei da Ficha Limpa, que ele próprio sancionou em 2010. Afinal, foi ela que o impediu de se candidatar à Presidência da República em 2018, já que ele tinha condenação por colegiado – no caso, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região – no caso do tríplex do Guarujá. E, se o Supremo Tribunal Federal não tivesse tirado da cartola, em uma das decisões mais absurdas de sua história recente, uma anulação de todos os processos contra Lula, combinada com uma igualmente absurda declaração de suspeição de Sergio Moro, o petista ainda seria um ficha-suja e não poderia tentar retornar ao Planalto, mesmo que já não estivesse preso como estava em 2018.

Aliás, é oportuno mencionar que mesmo em 2018 houve quem, no TSE, defendesse a candidatura de um ficha-suja, que o PT insistiu em registrar com estardalhaço, mostrando seu desprezo pela lei: o ministro Edson Fachin, felizmente, foi voto vencido no julgamento que negou o registro da candidatura do petista e forçou sua substituição por Fernando Haddad. Dois anos depois daquele episódio, Fachin mostrou que seguia convicto de seu erro, quando afirmou, na abertura de um Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral, que a candidatura de Lula em 2018 “teria feito bem à democracia brasileira” e fortalecido o “império da lei” – que lei teria sido “fortalecida” com a participação de um ficha-suja no pleito é difícil saber. Infelizmente, Fachin, que até então vinha se portando com elogiável rigor nos casos envolvendo a Lava Jato e o próprio Lula no Supremo, deu uma guinada inexplicável quando, em março de 2021, decidiu anular todos os processos contra o petista baseado em um entendimento incorreto, que já tinha sido analisado e derrotado no próprio STF. Sua decisão teratológica, confirmada depois em plenário com o apoio de mais sete ministros, limpou a ficha de Lula. A suspeição de Moro, por sua vez, completou o trabalho ao invalidar praticamente todo o robustíssimo conjunto probatório que poderia levar o petista a novas condenações caso os processos fossem reiniciados; sem que as provas tenham valor jurídico, as denúncias têm sido todas rejeitadas, isso quando não acaba havendo prescrição, como no próprio caso do tríplex.

A Lei da Ficha Limpa deixou claro que o brasileiro quer ver afastados da vida política, por um tempo razoável, aqueles que usaram cargos públicos para se envolver em atos de corrupção, seja em benefício próprio, seja para construir projetos de perpetuação no poder

Pois Lula, no último dia 17, em entrevista a uma emissora de rádio de Belo Horizonte, chamou a Lei da Ficha Limpa de “uma bobagem (…) tal como ela foi feita”, e afirmou que ela precisava ser “rediscutida”. E que ninguém seja ingênuo: por essa “rediscussão” não há como entender uma melhoria ou um aprimoramento da legislação, mas a sua piora ou, quem sabe, sua abolição pura e simples. Afinal, Lula parece não ver problema com a presença de corruptos do passado ou do presente na vida política. “Essas pessoas cometeram erros, outras cometeram crimes, outras pessoas foram julgadas, outras condenadas, mas essas pessoas estão livres fazendo política. Essas pessoas são presidentes de partidos, essas pessoas têm mandatos. Então você não pode criminalizar porque a pessoa cometeu apenas um crime, mas ele já foi julgado, já foi absolvido ou já cumpriu pena e vida que segue”.

De fato, se um político condenado por corrupção já cumpriu toda a pena que lhe foi imposta, e já viu transcorrido o período de inelegibilidade previsto em lei, é seu direito pretender voltar à vida política. O fato de o eleitor querer dar uma segunda (ou terceira, ou quarta, ou quinta…) chance a tais pessoas, bem como a outros políticos que ainda são réus por casos de ladroagem, mostra que ainda falta a muitos brasileiros maior consciência do quanto a corrupção lhes prejudica, mas não há ilegalidade nisso. A fala de Lula, no entanto, vai além: ele pretende normalizar – se não do ponto de vista legal, ao menos do ponto de vista moral – a relevância política de quem foi pego lesando o povo brasileiro por meio da corrupção.


A Lei da Ficha Limpa foi uma enorme conquista do povo brasileiro, fruto de uma mobilização popular poucas vezes vista na história do país em termos de coleta de assinaturas. Ela deixou claro que o brasileiro quer ver afastados da vida política, por um tempo razoável, aqueles que se aproveitaram de seus cargos públicos para se envolver em atos de corrupção, seja em benefício próprio, seja para fraudar a democracia por meio da construção de projetos de perpetuação no poder, como no mensalão e no petrolão. Tentativas de amenizar a lei não têm faltado: em dezembro de 2020, o ministro Nunes Marques, do STF, reduziu liminarmente os prazos de inelegibilidade, atendendo a pedido do PDT – a liminar caiu no plenário, mas por questões processuais, sem que o mérito da ação fosse analisado. O Congresso Nacional teve mais sucesso ao aprovar o PLP 9/2021, que retirou a inelegibilidade de gestores condenados apenas a pagar multas, mas outra tentativa de afrouxar a lei, desta vez por meio de um novo Código Eleitoral, está parada no Senado depois de passar pela Câmara.

Com todo o edifício do combate à corrupção sendo demolido aos poucos, em reação ao enorme sucesso da Operação Lava Jato, Lula se mostra mais que disposto a contribuir com sua marretada. O arcabouço legal que permitiu a investigadores e juízes colocar ladrões na cadeia e impede que eles voltem logo à vida pública está sob forte ataque daqueles que se julgavam intocáveis, mas descobriram-se vulneráveis. A Lei da Ficha Limpa é parte deste arcabouço, e não surpreende que ela esteja na mira do mais célebre político brasileiro a ter sofrido seus efeitos, sem falar do tempo passado na cadeia. Lula acha a lei atual uma “bobagem”; quem dera sua opinião pudesse ser classificada apenas como uma “bobagem”, pois ela é muito mais que isso: é um sinal de que tudo deve voltar a ser como antes caso o petismo reconquiste o Planalto.


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RÚSSIA ATACA PROPOSITADAMENTE ALVOS CIVÍS NA UCRÂNIA

 

Guerra na Ucrânia

Por
Mariana Braga


Serviço de emergência faz atendimento em Kharkiv após bombardeio, em 19 de agosto de 2022.| Foto: EFE/EPA/VASILIY ZHLOBSKY

Três crianças pequenas são mortas enquanto passeiam com os pais durante ataques a Vinnystia, uma cidade ucraniana fora das maiores concentrações militares. Cenas como essa envolvendo civis em regiões distantes dos fronts são assustadoramente comuns. Desde a invasão russa ao país vizinho, há evidências de que atingir civis não é apenas acidente: faz parte da estratégia russa.

Além de mirar em escolas, hospitais, residências e centros comerciais, as tropas de Vladimir Putin têm campos de concentração na Ucrânia, onde pessoas comuns são agredidas e executadas. Uma organização não-governamental aponta que há pelo menos 18 campos em que ucranianos são torturados.

Em julho, três mísseis atingiram prédios residenciais e um clube de férias, matando dezenas de civis, entre eles crianças, na região de Odessa. Uma semana antes, um míssil atingiu um supermercado na pequena cidade de Krementchouck, matando vinte e duas pessoas que faziam compras em um fim de tarde.

“Nós não lemos a mente dos comandantes russos, mas observamos que os ataques geralmente são realizados em plena luz do dia, quando há multidões nas ruas. Muitas vezes não há sequer um alvo militar por perto”, observou Kirill Mikhailov, membro da Equipe de Inteligência de Conflitos, um grupo de analistas militares fundado por russos que agora estão no exílio, ao jornal Le Monde.

“Esta é a nova tática da Rússia: atacar áreas residenciais e pressionar as elites políticas ocidentais para forçar a Ucrânia a vir à mesa de negociações. Isso não vai funcionar”, disse Mykhailo Podoliak, assessor do governo presidencial da Ucrânia em coletiva no começo de julho.

No final do mês passado, a embaixadora dos Estados Unidos em Kiev, Bridget Brink, disse que Washington está “examinando a possibilidade de definir a Rússia como patrocinadora do terrorismo”. Já a diplomacia europeia, através do líder Josep Borrell, falou de “comportamento bárbaro” e denunciou crimes de guerra feitos por russos.

Campos de concentração 
O extremo dessa crueldade acontece em pelo menos 18 centros de concentração estabelecidos pelos russos nas áreas ocupadas do Donbass, de acordo com um relatório da organização Media Initiative for Human Rights, entregue em 28 de julho à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

Nesses centros, russos e separatistas pró-Rússia fiscalizam principalmente homens suspeitos de portar armas ou de serem agentes disfarçados, mas também visam mulheres ou menores de idade.

Durante essas inspeções, civis são submetidos a pressões físicas e psicológicas, conforme aponta o relatório. Victoria, uma mulher de Mariupol, foi detida com o marido em Bezimenne, no oblast de Donetsk. “À meia-noite e meia, um soldado entrou na sala, chamou meu marido pelo sobrenome e o mandou sair.  Foi a última vez que o vi.  A mãe dele tentou descobrir para onde o haviam levado. Eles disseram que ninguém iria nos contar e que ele deve ter sido abatido”, relatou Victoria, de acordo com o documento. 

Outra testemunha, Mariya Vdovychenko, descreveu uma conversa mantida entre dois soldados separatistas do Donbass na vila de Manhush, onde ela foi interrogada: “O que você fez com aqueles que passaram pela filtragem?”, perguntou um deles. “Matei 10, depois parei de contar, porque ficou chato”, respondeu o outro.  

Oleksii, que foi detido em um campo de concentração em Olenivka, detalhou as condições de vida no local. “Havia 40 de nós em uma cela, 30 dormiam enquanto os outros permaneciam de pé”. A testemunha também informou, segundo destaca o relatório, que os detentos passavam por racionamento de água, não tinham instalações sanitárias e eram “espancados constantemente”.  

Por que os civis? 
Para o coronel da reserva e especialista militar ucraniano Serhi Grabsky,“os civis são vulneráveis ao ataque” devido ao efeito psicológico. “Alertas noturnos desgastam as pessoas. Os russos querem a destruição total de qualquer espírito de resistência civil, porque não conseguiram quebrar o exército ucraniano”, destacou o especialista ao Le Monde. Segundo ele, a Rússia tem arsenal suficiente para continuar sua campanha de terror “por pelo menos mais seis meses”.

Sergueï Jirnov, antigo oficial da KGB e especialista no militarismo russo, escreve no livro L’engrenage (publicado pela Albin Michel, sem tradução em português) que “o russo, no seu sistema de pensamento perverso, só respeita aqueles de quem tem medo”. “Como os covardes, ele testa seu adversário e observa sua reação para saber até onde ele pode ir”, ressalta Jirnov.


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MODELO SOCIALISTA DE GOVERNO ACABOU COM A VENEZUELA

 


“Mãe Pátria”: como o colapso da Venezuela destruiu uma família

Por
Maria Clara Vieira


Livro de jornalista venezuelana relata como um Estado tirânico corrompe até as relações familiares| Foto: EFE

A “Arábia Saudita” da Venezuela. Assim era conhecida a cidade de Maracaibo, o segundo maior município do país, a cerca de 700 quilômetros de Caracas, na longínqua década de 1970, quando um dos maiores booms do petróleo transformou a pequena nação da América do Sul na nova promessa continental. Foi nesta cidade que a família da jornalista Paula Ramón construiu suas bases, nos tempos em que o pujante Estado venezuelano, impulsionado pela criação da PDVSA, se tornou o grande financiador do desenvolvimento do país.

Filha de uma mãe natural de um pequeno município nos Andes e de um pai espanhol deportado durante o regime franquista e feito prisioneiro nos campos de concentração alemães durante a Segunda Guerra, Paula, que vive no Brasil como repórter correspondente da AFP, é a caçula dos três filhos do casal, um dos centenas de milhares a surfar a onda de benesses concedidas pelo governo nos tempos de bonança – para, em poucos anos, experimentar a derrocada.

A trágica história da Venezuela, bem como seus desdobramentos contemporâneos, são bastante familiares aos leitores da Gazeta do Povo: trata-se de um caso ilustrativo do que o cientista político americano Michael L. Ross apelidou de “maldição do petróleo”, cujos grandes protagonistas são Hugo Chávez e seu sucessor não menos despótico, Nicolás Maduro. Amparado por uma narrativa íntima e detalhada, o livro “Mãe Pátria” (Ed. Companhia das Letras), de autoria da jornalista, vai além dos golpes e crises que marcaram as últimas décadas na Venezuela: trata-se de um testemunho pessoal do fracasso de uma família em paralelo com o de uma nação inteira.

Leia mais: 37 textos para entender como o socialismo destruiu a Venezuela

Em 1947, o país que atraiu Jesús Ramón, pai de Paula, à América Latina, era próspero e promissor, o que possibilitou que o imigrante e a esposa, Paulina, nas décadas seguintes, construíssem uma vida estável com casa própria, um quarto para cada filho e até um Atari. Em 1974, os recursos oriundos do petróleo começariam a jorrar sob o governo de Carlos Andréz Pérez, que acelerou o longo processo de inchaço do aparelho estatal. Até então, tudo o que o “ouro negro” tocava, virava lucro.

“Os venezuelanos tinham poder de compra, o desemprego era inferior a 5%, a educação e a saúde eram públicas, viagens ao exterior para fazer compras ou adquirir caixas de uísque escocês eram coisas cotidianas para muita gente na Venezuela de então. Caracas, efervescente e cosmopolita, era chamada de ‘sucursal do céu'”, descreve Paula.

Quando a jornalista nasceu, em 1981, o fim do boom petroleiro começou a dar pistas de que o desenvolvimento venezuelano não era sustentável – bem como as condições experimentadas pelas famílias: “No começo da década, meu pai, assim como o Estado, havia torrado tudo”, conta. Ainda assim, permaneciam a casa e os serviços básicos de qualidade. Enquanto os dois irmãos mais velhos foram para escolas públicas, Paula foi enviada a um colégio particular, pago através de subsídios.

O encantamento com Chávez

Como resultado da desaceleração da economia, o início dos anos 1990 traria uma onda de revoltas no país. A jornalista se recorda de que, na manhã de 4 de fevereiro de 1992, seus pais – ele, simpatizante da social-democracia e, ela, descrente da política – “pareciam seduzidos pela desenvoltura daquele Chávez”, um jovem comandante que dizia querer “encaminhar o país para um destino melhor”.

Vítima de um infarto em 1993, Jesús Ramón não viveria para ver “o Comandante” chegar ao poder. Severamente reduzidos pela morte do patriarca, os rendimentos da família voltariam a crescer com os novos programas sociais: havia dinheiro para sobremesas e festas aos finais de semana.

Em 2002, com o apoio maciço da população, Hugo Chávez se tornava “o dono do Estado e do país”. Sete anos depois, começaram os intermináveis anos de escassez – e as sucessivas reformas na casa da família para conter a violência galopante. A cada ano, os parcos recursos da família eram convertidos em novos muros e grades, enquanto nem as caixas d’água escapavam da mira dos assaltantes.

Na mesma época, o governo daria início a uma completa reformulação na área da saúde, outra promessa associada aos excedentes do petróleo que nunca vieram. E Paulina, a mãe, portadora de uma doença autoimune e de um quadro de artrite, precisou de um seguro-saúde e passou a demandar mais atenção dos filhos – sobretudo, da filha caçula.

“O cobertor de minha mãe se encurtava como nunca, e meu trabalho era coser remendos. Foi a partir daí que o lado emocional se misturou com o econômico, criando um redemoinho que se intensificou com o passar dos anos. (…) Aos poucos, ficou claro para mim que nem sempre eu teria uma solução para lutar com os constantes desafios da vida na Venezuela, cuja realidade desumana e distorcida se tornara o novo normal”, relata a autora.

Família destruída
É neste ponto que a autora começa a destrinchar um aspecto pouco explorado quando se trata da história política e econômica de um país: centrada principalmente em sua relação com a mãe e com os irmãos, Paula narra como decisões tomadas por líderes que se creem (e se projetam como) deuses, podem ser um poderoso catalisador da destruição de relações sociais e, sobretudo, de laços familiares.

“O tempo todo acontecia alguma coisa nova na Venezuela, ou então entre minha mãe e meus irmãos, ou entre minha mãe e mim, ou simplesmente com a minha mãe. Num dia ela estava reclamando que eu não a havia tratado bem, para logo em seguida me pedir que lhe fizesse uma transferência on-line. No meio disso tudo, me contava como estava decepcionada com algum dos meus irmãos, ou com os dois ao mesmo tempo, para poucas horas depois me recriminar por ignorar como sua saúde estava precária. É difícil saber o quanto do nosso drama era fruto apenas das nossas brigas familiares e o quanto era consequência do agravamento das coisas na Venezuela”.

Formada em uma universidade pública, a autora morou na China, nos Estados Unidos e no Brasil – decisão que suscitou uma avalanche de ressentimentos. De um lado, há a mãe, que ora parece ter orgulho da filha, ora se ressente de sua mudança. Do outro, os irmãos, um de caráter hermético e prático, que imigrou ilegalmente para o Panamá em 2015 e manteve algum relacionamento com as mulheres da família até o falecimento de Paulina; o outro, um policial devotado ao chavismo.

“Chávez se enraizou de tal forma na nossa vida que adquiriu a força de um mito. Tornou-se um divisor de águas em nossa história. Não apenas marcou um antes e um depois, mas transformou as nossas fissuras numa separação cuja solução às vezes parece um desafio maior que a própria crise econômica”, narra Paula. “Eu era uma privilegiada por não morar na Venezuela, por ter comida, por não ouvir passos no telhado e por ter direito de me preocupar com problemas pessoais, como o fim do meu casamento ou minha insatisfação profissional, mas às vezes sentia que minha família queria me castigar por isso”.

Segue-se uma sucessão de tragédias nacionais e familiares. Em suas viagens à terra natal, já entre 2015 e 2016, a jornalista registra a emergência do mercado paralelo do dólar e as madrugadas na fila do supermercado por itens básicos de higiene e alimentação, além das viagens com malas abarrotadas de mantimentos para a mãe – contando com o péssimo estado dos aparelhos de raio-X nos aeroportos.

Recusando-se a deixar a casa de Maracaibo, símbolo de uma era de estabilidade, Paulina, com a saúde severamente agravada, passa a depender de uma empregada contratada pela filha, gerando uma nova avalanche de discussões. “Eu confiava em Luz, mas minha mãe desconfiava até de Andrés, seu próprio filho, que, como soube mais tarde, não só estava levando as coisas da casa como colocava na cabeça da minha mãe as suspeitas contra Luz”.

Derrota dos povos livres
Ao final da vida, tendo se mudado para a cidade de San Cristóval por insistência da filha, Paulina acabou passando fome nas mãos da própria irmã, que aceitou recebê-la apenas para se aproveitar das remessas de comida e mantimentos enviados pela jornalista. É difícil não se comover com o relato da autora que, descobrindo o caso após a morte da mãe, chega a se culpar pela mudança. “Mãe, eu não sabia mais o que fazer, pensei”.

Como um retrato da brutalização das relações humanas em meio à guerra pela sobrevivência, “Mãe Pátria” é mais do que um poderoso alerta do que um Estado tirânico é capaz de sufocar. Trata-se, também, de uma ilustração fidedigna do ensaio “Maldanado propõe um brinde”, incluso nas “Cartas de um diabo a seu aprendiz”, de C. S. Lewis, no qual o autor descreve o ponto de vista de um demônio a orientar seu pupilo:

“A derrota de povos livres e a multiplicação de estados escravos são para nós um meio, mas o fim real é a destruição de indivíduos, pois somente os indivíduos podem ser salvos ou condenados, tornar-se filhos do Inimigo ou nosso alimento. O valor supremo, para nós, de qualquer revolução, guerra ou fome está na angústia individual, na traição, no ódio, na raiva e no desespero que elas são capazes de produzir”.


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SERÁ QUE DESSA VEZ VAMOS GANHAR O PRÊMIO NOBEL?

Alexandre Garcia

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

EXPEDIÇÃO SAFRA 2019 – ARGENTINA – COLHEITA DE SOJA, DISTRITO: VICTORIA, PROV. ENTRE RIOS. FOTO: MICHEL WILLIAN/GAZETA DO POVO – 11.04.2019


EXPEDIÇÃO SAFRA 2019 – ARGENTINA – COLHEITA DE SOJA, DISTRITO: VICTORIA, PROV. ENTRE RIOS. FOTO: MICHEL WILLIAN/GAZETA DO POVO – 11.04.2019| Foto: Michel Willian/

Brasil não tem um único Prêmio Nobel, o grande Prêmio Nobel que é conferido todos os anos pela academia da Suécia. Argentina tem cinco. Chile tem, Colômbia tem, Guatemala tem. Nós não temos nenhum. A nossa esperança é nesse ano. Nobel da Paz por alimentar o mundo com Alysson Paolinelli, ministro da Agricultura do governo [Ernesto] Geisel, que bombou a Embrapa.

A Embrapa havia sido criada no governo anterior, o governo [de Emílio Garrastazu] Médici. Acho que foi o primeiro país do mundo a ter sucesso em clima tropical. Os grandes produtores de grãos eram de clima temperado. Tanto que o Brasil meridional é que produzia trigo, arroz e começou a produzir soja. Aí se descobriu o Cerrado. Não se dava um tostão furado por um hectare de terra do Cerrado.

Veio a tecnologia e se corrigiu o solo ácido com calcário. Hoje tem outras formas de corrigir, como o pó de rocha. Vieram os fertilizantes, a genética e as novas sementes. Veio a pecuária e as raças mais resistentes da pecuária, da suinocultura, dos aviários. E foi aquele crescimento exponencial. De 40 milhões de toneladas, em 1975, a gente está chegando a 300 milhões de toneladas de grãos. E abastecendo o mundo com proteína animal e vegetal. Com a possibilidade de ter trigo no Nordeste, arroz no Brasil Central, feijão, soja, algodão, açúcar, sucos, carne de frango, ovos. Podemos abastecer o mundo, disse Alysson Paolinelli, se não houver burrice e nem ideologia.

MST barra entrega de terras
Na quinta-feira passada, no assentamento Palmares, em Paraupebas, o MST impediu a entrega de títulos de propriedades para 120 famílias. O Incra remarcou a entrega para outra data, porque o MST impediu. Por que? Porque essas famílias deixam de depender do MST.

Roberto Requião, no Paraná, disse “não recebam o título, a não ser assinado por Deus e com firma reconhecida. Não adiantou nada: 179 famílias receberam títulos em um assentamento em Londrina na semana passada. 374 mil títulos já foram entregues neste governo. 374 mil famílias. Imagine quantas pessoas libertadas do jugo da dependência e que agora são donas de terra. Elas podem hipotecar sua terra. A terra entra em inventário, em herança.

Tentar impedir que as pessoas recebam título de propriedade rural é como tentar impedir que a pessoa receba água do São Francisco, lá no Nordeste, e continue dependendo do carro-pipa ou de político que faz promessa

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TSE CRIOU LEIS DRACONIANAS PARA AS ELEIÇÕES

 

Segura, coração!!

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Desde que me foi explicada a draconiana lei eleitoral, não consigo deixar de pensar em maneiras de brincar com as ambições censórias do TSE.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

Desde que me foi muito bem explicada a draconiana lei eleitoral, não consigo deixar de pensar em maneiras de contornar o que vejo como uma censura velada, baseada na premissa para lá de duvidosa de que é possível criar um ambiente em que os candidatos concorram em igualdade de condições. Não é. E, aqui, peço desculpas aos técnicos em semiótica eleitoral que por ventura estejam me lendo e detectando uma crítica velada ao TSE e à nossa democracia toda perfeitinha. Eu? Magina!

Por força dessa lei confusa e asinina, incapaz de levar em conta a demanda por criatividade, humor e até rebeldia, e ainda mais num período tão tenso quanto o eleitoral, não posso escrever, por exemplo, uma crônica sobre o número primo que vem depois do 11. Sim, esse mesmo em que você está pensando: o sétimo número de Fibonacci. O sexto número primo. O número atômico do alumínio.

Por consequência, em teoria acho que não posso dizer que esse número fatídico e infeliz está associado ao azar. E não é desde 10 de fevereiro de 1980, como podem pensar os mais maliciosos. Não à toa, o filósofo grego Hesíodo, 700 anos antes de Cristo, já aconselhava as pessoas a não plantarem naquele dia do mês que sucede o 12º e antecede o 14º.

Da mesma forma, para não parecer que estou fazendo propaganda a favor ou contra um dos candidatos, como se minha lábia fosse mágica e alguém estivesse mesmo disposto a se deixar convencer por causa de uma mera crônica, não convém mencionar o número atômico do titânio, que por curiosidade também é o número de ossos do crânio humano. Não posso, portanto, escrever sobre minha predileção pelo bingo nem contar aquela vez em que ganhei um carro (de brinquedo) quando o locutor cantou “dois patinhos na lagoa!”.

Por fim, ou melhor, por semifim, já que depois do intertítulo eleitoral gratuito tem mais texto, não posso dar vazão aos meus poderes premonitórios a fim de descrever como será o dia seguinte às eleições. Tampouco posso exercer meu pleno direito à fantasia mais doida imaginando uma surpreendente vitória da Terceira Via ou daquelas outras vias tão alternativas que a gente não sabe nem o nome.

Intertítulo Eleitoral Gratuito
Outra coisa que a lei impede com veemência e, sinceramente, de uma forma até um tanto quanto grosseira é questionar o sistema eleitoral brasileiro. (O de Bangladesh pode?). Uma pena, porque ouvi dizer que o sistema eleitoral brasileiro é infalível e onisciente. “Qual o sentido da vida, ó Sistema Eleitoral Brasileiro?”, queria questionar. Queria tanto! Mas não posso. O tio do TSE não deixa.

Assim como não posso mencionar pesquisas eleitorais. Pelo menos não sem mencionar metodologia, número de registro e um monte de outras parafilias burocráticas. Mas não vale a pena se (me) irritar. Pelo contrário, o negócio é rir da ambição tola das autoridades eleitorais que, vou repetir, querem criar um ambiente impossivelmente igualitário. Sem falar que as pesquisas hoje em dia só servem para dar aquela animada no papo do boteco, depois que já conversamos sobre futebol e mulheres, digo, literatura.

Direito de resposta
As punições variam de um “ai, ai, ai, menino mau!” até cinco minutos no cantinho do castigo, multa, prisão, apedrejamento e crucificação em praça pública. Ou nas redes sociais, que seja. Mas isso não é o pior. O pior mesmo é o “direito de resposta”. Imagina que horrível ver este espaço tão bem cuidado e cheiroso de repente ocupado pelo texto de um burocrata desses que não gostam de tomar banho e não sabem onde a mamãe guardou a cuequinha, mas que querem mudar o mundo!

Agora o “por fim” é para valer. Quero dizer que, pelo andar da carruagem, daqui a duas ou três eleições é bem capaz de o TSE proibir toda e qualquer coisa que se assemelhe remotamente à propaganda eleitoral. O cidadão, todo animado para participar da festa da democracia, vai chegar diante da infalível urna eletrônica e se deparará com uns rostos e nomes a esmo. E votará com base na… intuição semiesclarecida. O que, pensando bem, é mais ou menos o que já acontece, embora finjamos acreditar que.


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FAZENDAS MARINHAS MÓVEIS É A MELHOR SOLUÇÃO

 

Por

 João Lara Mesquita – Jornal Estadão

 

Fazendas marinhas offshore, o início de uma nova era

Antes de mais nada, a aquicultura é o setor de produção de alimentos que mais cresce no mundo. A indústria tem potencial para ajudar na luta contra a desnutrição além de aumentar a oferta de alimentos. A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação prevê que a produção aquícola crescerá 80% até 2050. Contudo, as fazendas marinhas de peixes no litoral são polêmicas. Seja na Europa, ou América do Sul, as criações de peixes marinhos deixam um rastro de poluição incontestável. Agora começam a surgir as primeiras fazendas marinhas offshore; uma nova era na produção de peixes e crustáceos?

 fazenda marinha móvel
Fazendas móveis em protótipo da Ocean Sovereign.

Principais problemas das fazendas de peixes

marine.offshore.bureauveritas.com diz com razão que ‘os principais problemas que afetam atualmente a indústria são poluição, doenças, além de fuga de peixes. Os governos estão sob pressão sobretudo de grupos ambientais para melhorar a sustentabilidade’.

E conclui: ‘Para evitar o impacto ambiental em áreas vulneráveis, como lagoas, fiordes e baías, os produtores podem optar pela instalação offshore’.

É fácil entender. Ao largo, as correntes marinhas mais fortes podem diluir os resíduos e desse modo evitar a degradação que acontece naquelas do litoral.

A falta de regulamentação

Entretanto, diz, hoje há relativamente pouca regulamentação do setor. Existe regulamentação nacional em alguns países, notadamente Escócia e Noruega.

No entanto, há pouca regulamentação de instalações offshore em outras partes do mundo, por exemplo, na região da Oceania, incluindo o Pacífico Sul e Nova Zelândia, apesar do número crescente de projetos em desenvolvimento.

Crescimento da produção mundial

Apesar dos problemas de fazendas do litoral, ou a falta de regulamentação das offshore, o crescimento mundial da atividade é fato. Desse modo, diz a FAO, desde 2018 cinquenta por cento da produção global é obtida por meio da aquicultura. A China lidera a produção em até 50%. Mas a Indonésia, países do norte da Europa e Chile são outros grandes contribuintes.

Necessidades da produção offshore

Segundo a seguradora www.swissre.com, a piscicultura para produtos de frutos do mar de alto valor precisa de baixas temperaturas da água até 130 quilômetros da costa e com profundidades de até 1.000 metros.

Ainda assim, segundo estudo publicado na ScienceDirect (2021), A aquicultura offshore pode ter um impacto ambiental menor do que outros tipos localizados mais próximos da costa. Contudo, são necessárias mais pesquisas para obter resultados conclusivos.

Estes são alguns dos motivos que inspiraram a…

Startup  Ocean Sovereign propõe fazendas móveis

Segundo Karl Morris, chefe de desenvolvimento de negócios da empresa, a Ocean Sovereign é a única proprietária das aprovações regulatórias, planos finais de execução/engenharia e projeto. Isso inclui melhorias no projeto inicial para obter as aprovações. Também fechamos acordos com grandes estaleiros capazes de construir uma embarcação tão especial”.

Segundo o site da empresa, a Ocean Sovereign com a tecnologia Ocean Arks resolve esses desafios. Nós movemos a aquicultura para o mar e os peixes para onde pertencem, ou seja, seu habitat natural o oceano.

Buscamos reduzir significativamente os riscos de doenças, utilizando materiais naturais como o cobre para redes de pesca, com propriedades antimicrobianas comprovadas há anos, além de não exigir produtos químicos para manter as redes limpas, nem grandes equipes de mergulhadores e barcos para sua manutenção.

As fazendas de salmão do Chile estão entre as mais criticadas. Agora diz o salmonbusiness.com, a startup chilena Ocean Arks Tech planeja duas arcas para transportar até 3.900 toneladas de peixes em quatro a oito baias a bordo de um navio semiautônomo.

Custos das fazendas móveis

O projeto da Ocean Ark original tem capacidade para armazenar até 3.900 toneladas de peixes e deve custar US$ 22 milhões.

Embora o projeto tenha sido considerado navegável e digno de produção, haverá muito mais obstáculos legislativos a serem superados antes que a piscicultura seja permitida nas zonas econômicas exclusivas (ZEEs) de cada país. Enquanto isso, a produção offshore já é permitida.

Talvez, com a tecnologia aplicada, esteja nascendo uma nova era de fato sustentável para as fazendas de peixes. É cedo para comemorar, mas é um avanço.

NECESSIDADE DE SE MANTER ATIVO APÓS 50 ANOS E ESCOLHER NOVA PROFISSÃO

 

Guilherme Lima Monteiro – Daniele Assis

De acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Previdência, atualmente pessoas acima dos 50 anos representam apenas 17% da força de trabalho no Brasil. Porém, esta situação tende a mudar porque a estrutura etária do país está se alterando. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2060, os indivíduos acima dos 60 anos devem totalizar 25,5% dos brasileiros. 

Com o envelhecimento gradual da população, se o percentual de pessoas mais velhas empregadas não aumentar, o país poderá sofrer com falta de mão de obra. A necessidade de se manter ativo no mercado de trabalho após os 50 anos, ou iniciar uma nova profissão, será cada vez maior.   

Guilherme Lima Monteiro, analista do Rede de Carreiras, aponta qual é o perfil de quem busca fazer uma transição de carreira, a partir dos 50 anos. “São profissionais que foram desligados de empregos anteriores e já não conseguem atuar em suas áreas de formação originais. E também aqueles que atuaram por um longo período em determinada área e hoje gostariam de novos desafios, novos ares”.  

Daniele Assis, psicóloga e também colaboradora do Rede de Carreiras, destaca os principais desafios e vantagens para quem passa por esse processo. “As principais vantagens são conhecimentos e competências adquiridos em sua trajetória profissional, como resiliência, foco, trabalho em equipe, disciplina, dentre outros.”   

Já dentre os desafios estão o dinamismo e grande competitividade entre os profissionais do mercado; as novas tecnologias, os conflitos geracionais e novas metodologias de trabalho que este profissional precisará se adaptar. Além das novas competências que são exigidas pelo mercado de trabalho.  

Daniele e Guilherme ressaltam que dar oportunidades a trabalhadores mais maduros pode trazer benefícios ao ambiente de trabalho das empresas. São profissionais que possuem uma grande bagagem de conhecimentos e soft skills que foram desenvolvidas ao longo da trajetória.  

É sempre tempo de aprender e mudar 

A psicóloga evidencia que a capacidade de se reinventar é uma característica essencial, não só para quem tenha passado por uma transição de carreira, mas para todos os profissionais. “O mundo vive em constante evolução, por tanto, é necessário que sempre estejamos preparados para as novas tendências de mercado, sendo assim é fundamental que o processo de aprendizagem seja contínuo em qualquer idade.”   

Para realizar uma transição de carreira bem-sucedida, Guilherme enfatiza alguns pontos que devem ser priorizados pelos profissionais: autoconhecimento, planejamento (estabelecendo metas atingíveis, a curto e médio prazo), pesquisar sobre as áreas no qual deseja atuar e resiliência para lidar com os desafios.   

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

domingo, 21 de agosto de 2022

CONTAS DO PT DE 2018 ESTÃO IRREGULARES

 

Analistas da Corte suspeitam de irregularidades na contratação de alguns fornecedores e pedem ao tribunal que rejeite contas

O ex-presidente Lula e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad

O ex-presidente Lula e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad

RICARDO STUCKERT – R7

Um relatório produzido pela Asepa (Assessoria de Exame de Contas Partidárias) do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apontou indícios de irregularidades na prestação de contas das campanhas dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad em 2018. Os analistas e técnicos judiciários que fizeram o levantamento pedem à Corte que reprove as contas de ambos, que neste ano disputarão, respectivamente, a Presidência da República e o Governo de São Paulo.

Segundo o documento, alguns contratos firmados antes de o registro de candidatura de Lula ao Palácio do Planalto em 2018 ser rejeitado pelo TSE foram aproveitados por Haddad quando o PT decidiu lançá-lo à Presidência. Em determinados casos, a Asepa constatou que as despesas foram pagas integralmente pela campanha de Lula, mas parte dos serviços foi prestada a Haddad. De acordo com o órgão técnico, na prestação de contas não há informações de que Lula tenha doado recursos ao correligionário.

A Asepa ainda verificou que Lula e Haddad firmaram acordos com fornecedores comuns, com cada uma das candidaturas pagando metade dos valores totais previstos no contrato, denotando indicativo de continuidade de prestação dos serviços. Entretanto, segundo o órgão, Haddad efetuou novas contratações junto aos fornecedores, não aditando os contratos existentes em nome de Lula.

Ainda de acordo com a análise dos técnicos, constataram-se outras despesas relativas a fornecedores em comum às quais o somatório dos valores pagos por ambas as chapas ultrapassou o montante originário.

Segundo a assessoria, os contratos questionados movimentaram pouco mais de R$ 13,8 milhões e foram pagos com recursos do fundo eleitoral. O órgão diz que os acordos firmados por Lula deveriam ser pagos de forma proporcional ao período em que ele foi candidato, o que não teria acontecido.

A natureza dos serviços prestados que foram contestados pela Asepa compreende locação de bens móveis e imóveis, produção de programas de rádio, TV e vídeo, transporte e deslocamento, infraestrutura para telecomunicações e processamento de dados, atividades de militância, apoio administrativo e pesquisas eleitorais.

As informações da assessoria foram enviadas ao ministro Benedito Gonçalves, que vai julgar as contas de Lula e Haddad de 2018. Na última segunda-feira (15), o magistrado pediu novas informações aos técnicos antes de tomar a decisão. Ele solicitou, por exemplo, a comprovação de que a execução dos contratos pagos integralmente por Lula favoreceram exclusivamente a campanha dele ou se houve benefício à de Haddad, como doação estimável. 

R7 entrou em contato com as assessorias de Lula e Haddad, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

MEDIDAS GOVERNAMENTAIS ATENUAM A INFLAÇÃO

 

Preços
Vandré Kramer


Safra recorde é um dos fatores que ajudam no combate à inflação.| Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo

Depois de permanecer 11 meses acima de 10%, a inflação anual pode descer do patamar dos dois dígitos em agosto. Isso porque, após o IPCA registrar a menor taxa da série histórica em julho, quando caiu 0,68%, uma nova deflação pode estar a caminho neste mês, puxada novamente pela queda dos preços dos combustíveis.

Por consequência, as expectativas para o IPCA ao fim de 2022 também estão em baixa. Há sete semanas, elas estão diminuindo, mostra o relatório Focus, um compilado de projeções coletadas pelo Banco Central. O ponto médio (mediana) está em 7,02%.

Uma série de fatores contribui para essa tendência de redução na inflação. Entre eles estão:

a redução de impostos e consequentemente de preços de combustíveis e energia;
a queda nos preço das commodities no mercado internacional;
a expectativa de uma boa safra no Brasil; e
a desaceleração da economia global.

Enquanto caem para 2022, as estimativas para 2023 têm sido revisadas para cima – estão em alta há 18 semanas e chegaram a 5,36%, segundo o Focus. “Os incentivos dados pelo governo são um ponto de atenção, pois tem impacto na inflação de serviços principalmente”, diz a economista Eduarda Korzenowski, da Somma Investimentos.

Confira a seguir, em detalhes, os fatores que contribuem para uma queda da inflação no curto prazo, e o que joga na direção oposta.

O que ajuda o Brasil no combate à inflação

  1. Redução de impostos e de preços de combustíveis e energia

A redução de impostos sobre os combustíveis e a energia foi o principal fator que contribuiu para a deflação registrada em julho. Uma emenda constitucional promulgada no fim de junho alterou as alíquotas do ICMS de combustíveis, energia, telecomunicações e transporte público para o limite entre 17% e 18%, dependendo do estado.

Segundo o IBGE, em julho houve queda de 15,48% no preço da gasolina, de 11,38% no etanol e de 5,78% na energia elétrica residencial. O único dos combustíveis a ficar mais caro no mês foi o óleo diesel, 4,59%.

A tendência é de que uma nova deflação seja registrada em agosto. Desta vez, o impulso da redução dos impostos vem combinado a reduções no preço dos combustíveis nas refinarias, em reação ao recuo das cotações do petróleo no mercado internacional.

Em 19 de julho, a Petrobras anunciou uma redução de 4,93% na gasolina. No dia 29, houve uma segunda queda, de 3,89%. Em 4 de agosto, foi a vez do primeiro corte no preço do diesel desde maio de 2021: 3,56%. Nova baixa do diesel, de 4,07%, entrou em vigor na última sexta-feira (12). E, no dia 15, nova redução nos preços da gasolina. Desta vez, de 4,85%.

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  1. Queda no preço das commodities

Outro fator que pode ajudar na batalha contra a inflação é a queda nas cotações das commodities, algumas delas retornando ao patamar anterior ao do início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “Há uma reversão em andamento”, diz Eduarda Korzenowski, da Somma Investimentos.

Desde o pico, atingido em maio, o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) caiu 4,2%, em reais, e 11,7%, em dólares. Há espaço para mais quedas, aponta o Bradesco, principalmente entre as agrícolas. Esse alívio favorece a redução na inflação à frente.

Segundo as economistas Ana Beatriz Moreira dos Santos e Myriã Bast, a principal causa deste movimento é a reavaliação, nos mercados, sobre o tamanho da desaceleração das economias desenvolvidas. Isso tem levando a uma expectativa de redução na demanda por matérias-primas.

Em paralelo, continua em curso o processo de recomposição das cadeias de produção e fornecimento, levando a um equilíbrio mais positivo do balanço entre oferta e demanda. “O preço dos fretes está mais comportado, os prazos de entrega, se regularizando, e os custos pararam de subir”, diz Tatiana Nogueira, analista de inflação da XP.

“No curto prazo, o andamento do clima para a safra nos EUA é decisivo. Para o ano que vem, os modelos climáticos sugerem condições mais favoráveis do que em 2022, com a transição do La Niña para neutralidade. Ademais, a demanda chinesa por grãos já tem se enfraquecido”, dizem Santos e Bast.

As commodities metálicas foram as que mais recuaram até o momento: cerca de 25% desde o pico, atingido em março. No entanto, as economistas do Bradesco consideram que o movimento mais relevante já foi incorporado aos preços, não havendo espaço adicional para quedas, a menos que haja uma sinalização mais negativa do segmento imobiliário na China.

No caso das commodities energéticas, a avaliação é de que há uma margem pequena para queda nos preços. Os estoques permanecem baixos e a oferta segue apertada, mesmo com a queda no ritmo de crescimento da economia. “A guerra entre Rússia e Ucrânia e seus desdobramentos mudaram, ao menos temporariamente, o equilíbrio dos preços de petróleo e gás natural para cima.”

  1. Expectativa de uma boa safra

A produção agrícola recorde prevista para 2022 também pode colaborar para uma queda nos preços. Dados do IBGE sinalizam para uma produção total de 261,4 milhões de toneladas no ano, 3,2% superior à de 2021.

“Uma produção recorde beneficia o país pela maior disponibilidade de alimentos no mercado interno, reduz a pressão sobre os preços desses produtos. E, como o agronegócio é parte importante do nosso PIB, a produção recorde no campo poderá impulsionar o crescimento da economia do país”, diz Daniely Martins, consultora sênior da EY e membro do Centro de Excelência em Agronegócio.

Pedro Renault, economista do Itaú, aponta que a perspectiva de menor demanda à frente contribui para interromper a escalada do preço das commodities, mas não necessariamente forçará uma acomodação brusca. “Os balanços entre oferta e demanda tendem a seguir bastante apertados, entre outros motivos, porque a demanda por alimentos (principalmente os mais básicos) é menos sensível a ciclos econômicos”, diz o analista.

  1. Desaceleração da economia global

Outro fator que ajuda a baixar a inflação é a desaceleração da economia mundial, à medida que a demanda perde vigor. No mês passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou as expectativas de crescimento do PIB global neste ano de 3,6% para 3,2%. O mesmo foi feito para 2023: as projeções caíram de 3,6% para 2,9%.

“Os governos pararam de transferir renda; o poder de compra foi corroído e os consumidores rebalancearam sua estratégia de consumo, passando a focar em serviços”, ressalta Tatiana Nogueira, da XP.

Para tentar conter a inflação, algumas das maiores economias mundiais estão aumentando os juros. Os Estados Unidos subiram, no fim de julho, a taxa referencial em 0,75 ponto percentual, passando para o intervalo de 2,25% a 2,5%. Nos 12 meses encerrados em julho, os preços nos EUA aumentaram 8,5%, puxados principalmente pela energia e pelos alimentos, que registram a maior alta acumulada desde março de 1979.

Situação parecida vive a Zona do Euro, que em julho aumentou a taxa-base pela primeira vez em 11 anos. O ritmo foi forte: meio ponto percentual de alta, enquanto o mercado esperava 0,25 ponto. Nos 12 meses encerrados em junho, a inflação no bloco chegou a 8,6%, mais de quatro vezes a meta do Banco Central Europeu (BCE).

O que dificulta o combate à inflação
Medidas fiscais do governo estão estimulando a demanda e atenuam a desaceleração inflacionária, apontam economistas ouvidos pela Gazeta do Povo. Um dos principais efeitos é sobre a inflação dos serviços. “Ela está pressionada por causa dos incentivos dados pelo governo”, diz a economista da Somma Investimentos.

Apesar de ter desacelerado em julho, a dinâmica do grupo de serviços é de pressão até o fim do ano, com uma variação estimada em 0,75% ao mês, segundo cálculos da XP Investimentos.

A deflação registrada em julho foi concentrada em poucos itens. Dos nove grupos que compõem o cálculo da inflação, houve retração em apenas dois: habitação e transportes. E 63% dos itens do IPCA tiveram alta no mês passado. “Isso o mostra que a inflação ainda segue disseminada pela economia”, destaca o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung.

A corretora aponta que os preços de bens industriais devem desacelerar nos próximos meses, mas tendem a continuar elevados por causa dos custos pressionados e da demanda estimulada. A elevação do Auxílio Brasil e outros benefícios vão injetar mais de R$ 40 bilhões na economia neste segundo semestre.

Os estímulos fiscais tendem a contribuir para uma desaceleração mais suave da atividade econômica até o final do ano, ante o inicialmente esperado. “A nosso ver, os impulsos de renda devem compensar, no curto prazo, os efeitos baixistas do aumento das taxas de juros e da maior percepção de risco acerca do ambiente econômico global e doméstico”, cita a XP.
A expectativa é de que despesas que, no momento, são transitórias se tornem permanentes a partir de 2023. Há discussões políticas que indicam para a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, com um custo estimado de cerca de R$ 59 bilhões.

Outras despesas permanentes podem ser incorporadas ao Orçamento do ano que vem, como o reajuste de servidores públicos, o pagamento de precatórios postergados e a criação de novas despesas. Assim sendo, a tendência é de que haja um retorno nos déficits do governo central.

Há, também, a possibilidade adicional de desonerações serem mantidas. Economistas da XP lembram que as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sobre os combustíveis foram reduzidas a zero até o final do ano: “No entanto, se os preços do petróleo continuarem elevados, é possível que o governo estenda a medida no próximo ano, o que pode levar a uma perda de arrecadação de até R$ 52 bilhões.”


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/quatro-fatores-que-ajudam-o-brasil-na-guerra-contra-a-inflacao-e-um-obstaculo/
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AS REFORMAS SERÃO MAIS UMA PROMESSA DOS POLÍTICOS?

 

Propostas dos presidenciáveis

Por
Guilherme Grandi – Gazeta do Povo

APP IRPF – 23-03-2018 – A Receita Federal tem um aplicativo próprio para facilitar o envio da declaração do Imposto de Renda. O APP Meu Imposto de Renda pode ser utilizado em dispositivos móveis, tais como tablets e smartphones.


Aplicativo da Receita Federal: uma das reformas prometidas pelos candidatos a presidente é a tributária.| Foto: Marcelo Andrade/arquivo/Gazeta do Povo

A discussão não é nova, e deve ser retomada no próximo mandato presidencial. As prometidas reformas de Estado, principalmente a tributária e a administrativa, podem começar a sair do papel após três décadas de promessas eleitorais. Pelo menos é o que esse o compromisso dos principais candidatos que concorrem à Presidência da República neste ano.

Em praticamente todos os programas de governo há propostas de se simplificar os impostos e melhorar a administração pública os serviços prestados à população. Candidatos a presidente também têm enfatizado a em entrevistas a necessidade de ajustes para conseguir governar.

Entre todas as propostas e declarações já concedidas pelos candidatos sobre as reformas administrativa e tributárias, as do presidente Jair Bolsonaro (PL) são as mais avançadas – já começaram no atual mandato. Embora não se fale exatamente nos termos “reforma tributária” e “reforma administrativa”, seu programa de governo diz que reduções e simplificações de tributos vêm sendo implantadas e que pretende, entre outras medidas, corrigir a tabela do Imposto de Renda para pessoas físicas em 31%.

No campo administrativo, o plano de governo de Bolsonaro também prioriza “a modernização dos processos de governança da condução da política econômica, alinhando o país às melhores práticas internacionais”, mas sem especificar como fará isso.

“De certa forma, o Brasil já teve uma reforma silenciosa no serviço público [durante o governo Bolsonaro], com a implantação do EGov e do aplicativo Caixa Tem, em que os próprios cidadãos resolvem demandas sem precisar necessariamente de um servidor”, diz Mário Sérgio Lepre, mestre em ciência política e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também diz que pretende fazer as reformas necessárias, mas com um “debate para saber se é isso que a sociedade quer”. A afirmação foi dada durante a sabatina da Fiesp, na qual reforçou a necessidade de “taxar a parte mais rica da sociedade, taxar menos a produtividade e taxar mais patrimônio”.

O petista também disse, em entrevista à rádio Super de Belo Horizonte na quarta-feira (17), que vai corrigir a tabela do Imposto de Renda e simplificar a tributação, mas que ainda vai desenhar uma proposta.

Lula enfatiza ainda necessidade de promover uma reforma na administração do Estado, mas sem aprofundar exatamente o que pretende fazer. Em seu plano de governo, cita que será para trazer “mais transparência aos processos decisórios, no trato da coisa pública de modo geral, direcionando a esfera pública e a ação governamental para as entregas públicas que realizem os direitos constitucionais”.

Ciro Gomes (PDT) defende uma reforma tributária que taxe grandes fortunas e lucros e dividendos, gerando uma receita de R$ 140 bilhões para bancar alguns dos programas assistencialistas como o de renda mínima. A alíquota do imposto sobre grandes fortunas ficaria entre de 0,5% a 1,5%. Segundo ele, a ideia seria, por outro lado, reduzir impostos para os brasileiros mais pobres e também daqueles que incidem sobre o consumo.

O pedetista também vem citando em entrevistas a necessidade de se fazer uma reforma administrativa, mas sem detalhar o que exatamente será alterado na estrutura da gestão governamental. Em sabatina à Fiesp em julho, ele disse que é preciso “promover a reforma administrativa, avaliar os elementos de rigidez orçamentária e revisar os regimes tributários especiais existentes” para melhorar o ambiente macroeconômico de negócios no país.

No plano de governo, ele explica que devem ser implantadas iniciativas de ampla desburocratização e digitalização dos serviços do governo federal, aberturas de bancos de dados e uma modificação nos processos seletivos para a contratação pública, com uma seleção baseada em competências para a ocupação de cargos e funções de liderança “até o nível equivalente ao de Diretor (antigo DAS 101.5)”. Também propõe uma “Lei de Qualidade do Gasto” para a estruturação do orçamento ao redor de programas e projetos e o estabelecimento de um novo modelo de planejamento orçamentário, focado na qualidade do gasto público e na transparência.

Já Simone Tebet (MDB) prometeu seguir adiante com a reforma tributária que tramita no Senado desde 2020. O projeto pretende criar o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) e um Fundo Nacional de Compensação para compensar a perda de arrecadação que estados e municípios podem ter com a desoneração de ICMS e ISS, respectivamente, dos bens e serviços.

Ela também afirma que fará uma “reforma do Estado brasileiro”, promovendo uma melhoria significativa na qualidade do serviço e produtos oferecidos aos cidadãos “por meio da adoção de metas e indicadores integrados e transparentes”. Isso, segundo a candidata, vai tornar o Estado mais eficiente, ágil, produtivo e amigável para o cidadão, com objetivo de ampliar e melhorar a oferta de serviços públicos.

Em entrevista ao Flow Podcast na última quinta (18), ela afirmou ainda que a reforma administrativa a se fazer é a que for possível, mas que a ideia é acabar com os supersalários sem atingir o servidor. “O servidor só tem que ser avaliado periodicamente para ver se é pontual, assíduo, não falta serviço, é esforçado. Ele está desatualizado? Vamos colocar ele no curso, vamos atualizar esse servidor”, disse.

Dias antes, ao canal My News, Simone Tebet disse que a Constituição já tem dispositivos que tratam da estabilidade do funcionalismo público, que é o que a atual reforma administrativa em tramitação no Congresso pretende mexer. “Precisa regulamentar”, resumiu.

Veículos vão sabatinar candidatos a presidente e aos governos de SP, RJ e MG
Reformas tributária e administrativas podem sair do papel, dizem especialistas
A discussão sobre as reformas tributária e administrativa não é nova e vai exigir do próximo presidente um poder de articulação que vai além apenas da bancada governista no Congresso. Em ambas as reformas, há interesses divergentes de estados, municípios, setores da sociedade produtiva e funcionalismo público. Mas analistas ouvidos pela Gazeta do Povo afirmam acreditar que elas podem sair do papel.

Rafael Cortez, especialista em política econômica e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP), diz que, após tantos anos de divergências, parece estar surgindo uma consciência geral de que é preciso avançar na discussão para não tornar o país ingovernável.

“Me parece que há uma conjuntura para o próximo mandato que, potencialmente, pode engendrar um ambiente para mudanças nesses dois campos. Nestes anos de uma estrutura tributária complexa e caótica, tem se gerado maiores evidências não só no setor público, mas também no mundo privado, da necessidade de se atacar alguns pontos principalmente no campo tributário. Há uma janela de oportunidade para esse tema ser retomado com alguma chance de sucesso”, diz o especialista.

As reformas tributária e administrativa são duas discussões que, segundo ele, vão afetar diretamente o bolso dos mais vulneráveis, por atingir diretamente as muitas variáveis que provocam a inflação e a dificuldade de tornar a máquina administrativa pública mais eficiente. É toda uma engrenagem que, no fim das contas, acaba custando caro tanto para os empresários como para a sociedade.

“É uma dissonância entre aqueles que seriam beneficiados e os que perderiam alguma coisa com as reformas. Todo mundo sabe que do jeito que está, não está bom”, afirma Mário Sérgio Lepre, mestre em ciência política e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Rafael Cortez explica ainda que é preciso se fazer uma ampla discussão para implementar as reformas estruturais necessárias, pois vai além de apenas conciliar diferentes interesses. “É uma agenda que mexe no coração do pacto federativo, que é inclusive uma cláusula pétrea da Constituição. O balanceamento é muito delicado, e tem que começar com um gesto do Executivo que queira organizar a base de apoio para criar incentivos para essas mudanças”, completa.

A atual gestão de Jair Bolsonaro tem três propostas tramitando no Congresso desde 2020: duas na Câmara dos Deputados, para reformar a tributação e a administração pública, e uma no Senado, também relativa aos impostos.

Antes, Michel Temer (MDB) deixou o Palácio do Planalto com a conclusão de apenas uma reforma, a trabalhista, e uma proposta de reforma previdenciária que não seguiu adiante.

Já Dilma Rousseff (PT) começou a implantar uma reforma tributária fatiada, com a aprovação do Supersimples para os pequenos empresários, e uma administrativa com revisão na quantidade de ministérios, secretarias, cargos em comissão, gastos de custeio e contratação de serviços terceirizados.

E Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terminou o mandato com uma proposta de reforma da previdência e uma reforma do judiciário, tentando implantar um controle externo.


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