Além de risos, a simplicidade algo grosseira da candidata Lourdes
Melo (PCO) desperta preocupações quanto a uma democracia que se recusa à
autocrítica.| Foto: Reprodução/ Twitter
Calma. Já volto para
falar sobre o caso da professora Lourdes Melo (PCO), a candidata ao
governo do Piauí que me fez primeiro rir e depois pensar nas
deficiências e perversidades da democracia (sir Alexandre de Moraes que
me perdoe falar uma heresia dessas!). Antes, porém, quero e vou prender
sua atenção com uma frase de efeito que ainda por cima é uma paráfrase
de Chesterton. Ei-la: “quem ignora os problemas da democracia merece as
soluções da ditadura”.
A frase original falava dos problemas do capitalismo e das “soluções”
do socialismo. Convém pedir ao leitor um pouco de parcimônia com o
verbo “merecer”. Nem Chesterton nem eu desejamos o mal de ninguém.
“Merecer”, tanto na frase quanto na paráfrase, tem um tom educativo,
carinhoso e ligeiramente cômico. É como uma mãe que diz que quem não
escova os dentes merece enfrentar a tortura do dentista.
Sobre a professora Lourdes Melo, ela é uma velha conhecida dos
piauienses. Desde 2006 ela se candidata ora ao governo do estado ora à
prefeitura de Teresina. Os resultados, você há de imaginar, são pífios.
Na eleição passada, por exemplo, a simpática velhinha mal-humorada
amealhou meros 156 votos. Que, por algum motivo que não vale nem a pena
pesquisar, foram anulados.
Desta vez Lourdes Melo chama a atenção das redes sociais por seu
jeito entre o simplório e o barraqueiro. Durante um debate entre os
candidatos ao governo do Piauí, ela chamou uma concorrente de “Barbie
bolsonarista” e partiu para o confronto contra o pobre do mediador.
“Você quer me calar?!”, perguntou ela quando interrompida. “Ah, você
quer me proteger?!”, insistiu ela na agressividade depois de ouvir as
explicações sensatas do mediador. Realmente a dona Lourdes não estava
num bom dia. Ou estava no seu dia de Aracy de Almeida.
Democracia não é perfeita Num primeiro momento, o estilo
comicamente autoritário de Lourdes Melo rende boas risadas. Não risadas
ótimas nem excelentes, mas boas. Depois, porém, o coração que sussurra
sensatez à razão se impõe. Há algo de muito errado, de muito perverso
com uma democracia que permite a senhorinhas como Lourdes Melo se
acreditarem capazes de mudar o mundo. Ou, no mínimo, o Piauí.
E, no entanto, essa ilusão está na base dos regimes democráticos, nos
quais qualquer pessoa, inclusive a ex-professora e ex-sindicalista
piauiense, mas também um ex-presidiário um ex-palhaço, pode tentar se
eleger e, assim, mudar a porção do mundo sob jurisdição de seu cargo.
Correndo atrás dessa cenoura, muita gente dedica a vida a alcançar o
poder da caneta mágica. Como se mudar as condições de vida num lugar
como o Piauí fosse uma questão de vontade política – chavão que anda
desaparecido do debate público, mas que explica boa parte da nossa
desgraça.
Essa é só uma das deficiências da democracia – essa mesma que as
autoridades “democraticamente” não nos permitem questionar. Digo, você e
eu até podemos questionar, desde que usemos argumentos inócuos e
palavras doces. Sem esquecer os pronomes de tratamento que terminam em
“íssimo”. A representatividade, o valor igualitário do voto numa
sociedade com interesses tão diferentes e a ameaça de uma caquistocracia
são outras deficiências que me ocorrem assim, de supetão.
Quando essas e outras deficiências são apontadas por alguém com menos
juízo do que eu, logo aparecem autoridades e especialistas para dizer
que não, veja bem, a democracia é a pior forma de governo, à exceção de
todas as outras, etc. e tal. E tendo a concordar. Difícil de engolir é a
arrogância de quem diz que a democracia é perfeita. Só porque –
surpresa! – essa democracia que está aí serve bem aos interesses de
certa casta que não vê problema algum em trocar dois ou três princípios
por um privilegiozinho à toa.
Fato é que, depois de várias reformas políticas e mudanças mais e
menos sutis na estrutura do Estado, o que a democracia nos legou foi
esse Brasil que temos hoje e com o qual apenas uma casta está
satisfeita. Tão satisfeita que bate no peito para dizer: a democracia é
minha e ninguém tasca! Como escrevi lá em cima, num momento raro e
modesto de semigenialidade e parafraseando o grande e gordo G. K.
Chesterton, “quem ignora os problemas da democracia merece as soluções
da ditadura”. Ou as soluções de qualquer outro regime autoritário (ou
pelo menos não-democrático) que, mesmo não sendo, se diga capaz de
proteger a sociedade da liderança dos despreparados e mal-intencionados.
Sancionada em janeiro, a Lei 14.300, conhecida como ‘Taxação do Sol’, muda regras para quem gera a própria energia
Você provavelmente já ouviu falar do neologismo “prosumidor”, a
mistura dos termos “produtor” e “consumidor”, usado no caso daquelas
pessoas que são consumidores e produtores de energia elétrica.
Esse tipo de consumidor gera energia para consumo da residência com
painéis solares e, caso haja excedente, pode vender para a própria rede.
Adotar um sistema fotovoltaico pode ser muito vantajoso porque chega a
gerar economias entre 80% a 90% da conta. Não se consegue zerar a conta
porque não é possível eliminar a tarifa mínima e a taxa de iluminação
pública. Existem dois tipos básicos de sistemas de energia solar.
O mais adotado é o on grid, ligado à rede de distribuição de energia,
de maneira que os painéis geram energia durante o dia, mas para uso
noturno e dias de baixa luminosidade a eletricidade vem do distribuidor.
Painéis de energia solar em residência; adotar um sistema fotovoltaico pode ser muito vantajoso Foto: Daniel Teixiera/Estadão
Há, também, o off grid, usado em locais isolados porque usa um grupo
de baterias para armazenamento da energia e, assim, fica independente da
rede de distribuição. No entanto, o investimento para instalação do
sistema de placas solares é alto. Um projeto desse tipo deve ter um kit
de energia solar, mais custos do projeto, instalação e homologação na
distribuidora e está, na média, em R$ 30 mil. Mas cada caso é um caso.
Os interessados podem encontrar facilmente diversos fornecedores e devem
simular esses gastos.
A vida útil dos equipamentos é de 25 a 30 anos. Assim, para uma
residência que gasta na faixa de R$ 750 mensais, o retorno do
investimento deve ocorrer entre 4 e 5 anos. Atualmente, são oferecidas
várias formas de pagamento. Para esses projetos os financiamentos têm
taxas reduzidas e com prazo de até 72 meses. Isso significa que a pessoa
poderá fazer a instalação sem tirar dinheiro do bolso e pagar o
empréstimo com o valor da redução da conta mensal, além de poder aplicar
essa economia futuramente por um bom prazo.
Uma dica é aplicar a economia em títulos do Tesouro Direto.
Simulação da aplicação da economia mensal de R$ 675,00 no papel Tesouro
IPCA+ com vencimento em 2055 traria rendimento líquido total de R$
1.155.009,00.
Outro ganho potencial da instalação de sistemas solares é a
possibilidade de geração de energia além da necessidade de consumo. A
energia extra produzida pode ser injetada na rede, o que gera créditos
para serem abatidos na conta mensal dentro de até cinco anos. No
entanto, esses ganhos podem não se manter tão substanciais porque em
janeiro foi sancionada a Lei 14.300, conhecida como “Taxação do Sol”,
que muda regras para quem gera a própria energia. A principal mudança é a
cobrança de tarifa ao direcionar o excedente energético para a
concessionária, com valor ainda a ser definido pela Aneel.
Normalmente, tem-se o hábito de fechar as janelas assim que chove. É
um erro de muitos, você pode aproveitar a chuva para abrir as janelas
por pelo menos alguns minutos.
A chuva tem o efeito de oxigenar e, portanto, purificar o ar da nossa
casa ou local de trabalho. Nada funciona melhor do que a chuva para
limpar os ambientes poluídos de nossas cidades. As gotas de chuva
coletam e removem as partículas poluentes, fazendo com que as nuvens de
poluição desapareçam. Graças a isso, podemos respirar um ar muito melhor
quando chove e depois da chuva.
Outro efeito benéfico da chuva no nosso ambiente interior é o aroma
agradável que ela nos dá. Todos nós sentimos o cheiro, pouco antes de
uma tempestade cair. É um cheiro muito característico. E então dizemos
sem dúvida: “Vai chover.”
Este cheiro especial vem do ozônio. Esta molécula está sempre
presente na atmosfera, mas sua concentração em áreas baixas aumenta em
dias de tempestade. Isso acontece porque os raios favorecem sua
formação. A chuva, elemento purificador da água, que limpa, leva todo o
mal.
Foi demonstrado que após algumas horas de chuva o ambiente deixa de
estar tão carregado e a temperatura é regulada (mesmo no inverno). Este
ambiente previamente carregado é precisamente aquele que frequentemente
causa dores de cabeça, exaustão e desconforto em muitas pessoas
eletrossensíveis.
Observa-se que depois de uma tempestade as pessoas parecem mais animadas e relaxadas.
O cheiro da chuva é uma mistura de muitas essências que surgem da
Terra e até da atmosfera. É muito agradável e geralmente nos faz parar
por pelo menos um momento, respirar fundo e sentir que fazemos parte de
um planeta que está bem vivo.
À medida que o mundo volta a alguma normalidade, começamos a perceber
também que a forma de vender mudou fundamentalmente em comparação com
os tempos pré-pandemia. Embora isso traga muitas oportunidades, também
apresenta novos desafios que os vendedores precisam considerar.
Aqui estão quatro dos principais desafios enfrentados pelos vendedores e como resolvê-los:
Construindo confiança em um ambiente virtual
O afastamento das interações presenciais mudou o jogo no setor de
vendas. Vendedores precisam adaptar suas técnicas e estratégias para
construir credibilidade e confiança em um ambiente virtual, o que fica
mais difícil com a barreira causada pelo distanciamento entre o cliente
potencial e o vendedor.
O ano de 2022 tem sido diferente para os vendedores, pois o cenário
de vendas mudou muito. O vendedor que puder aproveitar a tecnologia de
forma a personalizar virtualmente essas mensagens vencerá neste ano.
Como agora há tantos vendedores entrando em contato por e-mail e
telefone, em vez de se encontrar pessoalmente com as pessoas, você
precisa descobrir maneiras inteligentes para fazer negócios com uma
abordagem personalizada.
Entrar em contato com as pessoas certas
A transição para um ambiente de vendas virtual pode dificultar a
conexão com os tomadores de decisão. Isso é especialmente importante,
pois agora é mais fácil para a concorrência enviar e-mails em massa e
firmar conexões pelo LinkedIn, de modo que o espaço para networking
digital já está inundado.
A necessidade de ficar frente a frente com tomadores de decisão está
se tornando cada vez mais desafiadora – especialmente com o aumento
contínuo de líderes e executivos trabalhando em casa. As explosões de
e-mails de vendas não personalizadas se tornarão ainda menos eficazes.
Os representantes precisarão garantir que não apenas pesquisaram uma
conta, mas que têm um forte ‘ponto de vista’ e um apelo à ação muito
claro, independente do meio.
Adaptando-se a tempos incertos em um mundo pós-pandemia
Tempos incertos quase sempre resultam em resultados incertos. Alguns
vendedores prosperam com a mudança e descobrem que a incerteza é algo
que os motiva. Outros acham que a incerteza se arrasta em seu próprio
desempenho. Com as empresas adotando novos ritmos, as vendas devem mudar
e os vendedores precisam ser ágeis o suficiente para se adaptar a isso.
A transição para o novo mundo pós-covid é um desafio que deve estar
no foco dos vendedores em 2022. Durante a pandemia, vimos muitas
empresas ficarem remotas e suspenderem reuniões presenciais, resultando
em uma nova dinâmica de cultura de escritório promovida por ferramentas
de comunicação. Também vimos mudanças nas estratégias de marketing e
vendas com a implementação de novas ferramentas de marketing digital e
divulgação.
No futuro, provavelmente veremos as empresas reavaliando os
protocolos de negócios em torno do trabalho remoto e revisitando suas
estratégias de geração de leads e aquisição de clientes. Dependendo de
qual direção sua empresa decidir seguir, os vendedores podem enfrentar
alterações mais permanentes nas políticas remotas – transformando a
maneira como trabalham com seus gerentes e colegas de trabalho. E se as
empresas decidirem continuar (ou fazer a transição para) os esforços de
vendas remotos daqui para frente, poderão ver mudanças nos processos.
Além disso, podem ter que lidar com a implementação de novas
tecnologias para promover vendas remotas, marketing e coordenação de
serviços. Flexibilidade e vontade de avançar serão atributos-chave no
próximo ano – como foi no ano passado também.
Mantendo a produtividade
A maioria das empresas precisou fazer a transição para um ambiente de
vendas remoto durante a pandemia, mas esse modelo pode resultar em
falta de produtividade, com problemas de eficiência por uma mudança nos
hábitos de compra dos clientes em potencial. De acordo com o Sales
Enablement Report da HubSpot, as organizações de vendas que fizeram a
transição para um modelo de vendas mais remoto têm maior probabilidade
de atuar com eficiência e coesão.
O relatório ainda destaca o fato de que as organizações de vendas
foram forçadas a operar remotamente. Os representantes precisam se
tornar mais criativos à medida que os hábitos de compra mudam. Gerentes
estão sendo solicitados a encontrar novas maneiras de melhorar a
produtividade do vendedor e os líderes a impulsionar o crescimento por
meio da incerteza.
Assim, enquanto um grau de normalidade é retomado, 2022 ainda tem
sido um ano de desafios. Mas nenhum é insuperável. Os vendedores devem
reconhecer a necessidade da agilidade em suas abordagens para lidar com
os desafios do novo cenário de vendas, neste ano e além.
Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda,
empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de
reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.
São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os
negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.
Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento
das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de
consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas
possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os
negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e
se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade,
personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e
serviços.
Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do
comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios
passa pelo digital.
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região capaz de alavancar as suas vendas.
A Nicarágua se tornou um tema em destaque nas redes sociais
brasileiras nos últimos dias, depois que o presidente Jair Bolsonaro
(PL), membros do seu partido e alguns de seus apoiadores associaram o
governo autoritário de Daniel Ortega e casos de perseguição religiosa no
país à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em evento com religiosos e fiéis evangélicos em Juiz de Fora (MG) na
terça-feira (16/8), Bolsonaro afirmou que Ortega é “aliado” do petista e
vem perseguindo cristãos na Nicarágua. O presidente ainda se referiu a
Lula como “descondenado”.
“Estamos acompanhando o que acontece em outros países da América do
Sul, como a Nicarágua, onde rádios católicas foram fechadas, procissões
impedidas”, disse.
Nesta quinta-feira (18/8), o filho do presidente e senador Flávio
Bolsonaro (PL) compartilhou em seu perfil no Twitter uma postagem que
também fazia menção ao país sul-americano. “Um aviso aos católicos e
evangélicos: Na Nicarágua, o amigo de Lula, anda prendendo padre e
fechando igrejas! Vigia!”, escreveu.
Em sua página no Twitter, Lula afirmou que pretende tratar “todas as
religiões com respeito”. “Religião é para cuidar da fé, não para fazer
política. Eu faço campanha eleitoral respeitando religião, e não uso o
nome de Deus em vão”, escreveu.
Essas não foram as primeiras vezes em que Bolsonaro e seus aliados
usaram a administração de Daniel Ortega como exemplo de esquerda não
democrática.
As menções ao governo do ex-revolucionário sandinista têm sido cada
vez mais presentes entre apoiadores da campanha do atual presidente para
atacar adversários.
Mas, afinal, quem é Ortega e qual seu papel na atual onda de repressão na Nicarágua?
O líder mais antigo das Américas
De baixa estatura e com grandes óculos quadrados, Daniel Ortega não
se parecia com um típico militar quando chamou a atenção do mundo pela
primeira vez na década de 1980.
No entanto, como líder da revolução sandinista de esquerda da
Nicarágua, foi creditado por derrubar um ditador e depois os rebeldes
patrocinados pelos EUA, que tentaram bloquear sua empreitada por um
poder legítimo.
Agora em 2022, quatro décadas depois, Ortega foi empossado para seu
quarto mandato consecutivo como presidente após vencer as eleições em
novembro do ano passado.
O processo eleitoral foi duramente criticado pela comunidade
internacional, que o classificou como “antidemocrático”, “ilegítimo” e
“sem credibilidade”. Mais de 30 líderes da oposição foram presos,
incluindo sete candidatos presidenciais que não puderam concorrer.
Terminado o atual mandato, Ortega soma 20 anos consecutivos no poder.
Se contarmos outros mandatos, ele já ocupou a cadeira de presidente da
Nicarágua por um total de 29 anos e é o líder mais antigo das Américas.
Para seus apoiadores, ele continua sendo um verdadeiro patriota. Eles
o chamam de Comandante Daniel, em um misto de reverência e carinho.
Seus críticos, que incluem muitos ex-aliados, dizem que ele se tornou
um governante corrupto e autoritário, que deu as costas a seus ideais
revolucionários e está cada vez mais parecido com o ditador que ajudou a
depor.
Juventude revolucionária
Filho de um sapateiro, Ortega ainda era adolescente quando ingressou
na Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), de esquerda.
O grupo lutou contra a ditadura de Anastasio Somoza, cuja família governava o país desde 1936.
Na década de 1960, o jovem abandonou o curso de direito para se
comprometer totalmente com a causa. Quando ainda estava na casa dos 20
anos, ele assaltou uma agência bancária na capital, Manágua, com uma
metralhadora, em uma tentativa de arrecadar fundos. Ele foi preso e
severamente torturado durante sete anos na prisão.
Em 1974, ele conseguiu a libertação antecipada — junto com outros
sandinistas — em uma troca de reféns. O acordo previa seu envio para
Cuba e ele usou a oportunidade para se especializar em táticas de
guerrilha e depois voltou para sua terra natal, onde a revolta liderada
por camponeses estava prestes a se transformar em uma guerra civil em
grande escala.
Os sandinistas tomaram o poder em 1979, forçando o presidente Somoza
ao exílio. Ortega foi eleito seu sucessor em 1984, depois de servir no
conselho de “reconstrução nacional” de cinco membros dos sandinistas.
A maioria dos observadores internacionais reconheceu a eleição de 1984 como livre e justa, apesar das reclamações da oposição.
No entanto, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, classificou o
pleito como uma “farsa” e intensificou seu apoio a grupos armados
contrarrevolucionários conhecidos como Contras.
Isso aconteceu no auge da Guerra Fria, quando Washington via os
sandinistas como uma frente do comunismo soviético e cubano, e uma
ameaça aos governos apoiados pelos EUA em toda a América Central.
Dezenas de milhares de nicaraguenses morreram na guerra dos Contras e
a Corte Internacional de Justiça (CIJ) mais tarde decidiu que os EUA
violaram o direito internacional em sua intervenção.
Apesar de ter conquistado ganhos importantes, principalmente em
saúde, educação e reforma agrária, o primeiro governo sandinista foi
criticado por seus fracassos econômicos.
O impacto da guerra com os Contras e as sanções dos EUA tornaram impossível a reconstrução econômica.
Nas eleições presidenciais de 1990, Ortega foi derrotado pela
candidata liberal da oposição Violeta Chamorro, uma ex-colaboradora que
rompeu com os sandinistas cada vez mais radicais e que formalmente
encerrou a guerra.
Uma combinação de acusações de corrupção e divisões profundas dentro
do movimento sandinista levaram Ortega a sofrer mais duas derrotas
eleitorais em 1995 e 2001.
Entre as duas campanhas, sua enteada Zoilamérica Narváez o acusou de estuprá-la repetidamente quando criança.
Ortega negou e evitou o julgamento invocando sua imunidade como
membro do Congresso. Sua esposa Rosario Murillo -— uma poetisa que ele
conheceu na prisão — o apoiou, dizendo que as acusações de sua filha
eram “vergonhosas”.
As reputações pessoais de Ortega e Murillo foram duramente prejudicadas pelo escândalo.
Em 2006, Ortega fez um retorno inesperado para a campanha
presidencial das eleições daquele ano ao se afastar de suas fortes
raízes comunistas, dizendo que buscaria investimentos estrangeiros para
aliviar a pobreza generalizada — a Forbes classifica a Nicarágua como o
segundo país mais pobre do hemisfério ocidental.
Em uma campanha planejada por sua esposa, as bandeiras sandinistas
pretas e vermelhas foram amplamente substituídas por cartazes de
campanha cor-de-rosa; o uniforme militar verde-oliva foi trocado por
camisas brancas sem gola, e os slogans marxistas foram trocados por um
vago compromisso com “cristianismo, socialismo e solidariedade”.
“Jesus Cristo é meu herói agora”, disse ele, em uma tentativa de diálogo com a população mais religiosa.
Dias antes de ser eleito, ele provocou ainda mais controvérsia ao
indicar que não seria contra uma proibição total do aborto. A atitude
recebeu elogios de líderes católicos e evangélicos, mas enfureceu
eleitores liberais e grupos de direitos humanos.
Avanços antidemocráticos
Em 2009, a Suprema Corte da Nicarágua removeu os obstáculos
constitucionais para permitir que Ortega concorresse a mais um mandato —
uma medida que a oposição condenou como ilegal.
Outras mudanças constitucionais foram feitas para permitir que ele concorresse a um terceiro mandato consecutivo em 2016.
Muitos boicotaram a votação, dizendo que era injusta, já que a
oposição havia sido anulada. No entanto, Ortega insistiu que as mudanças
eram necessárias para a estabilidade do país.
Ele escolheu sua esposa como sua companheira de chapa em 2016. Como
vice-presidente, Murillo é a mais eloquente do casal, muitas vezes
fazendo longos discursos na televisão.
A revolta de 2018
Em abril de 2018, grupos pró-governo reprimiram violentamente uma
pequena manifestação contra as reformas do sistema previdenciário da
Nicarágua.
O clamor entre os críticos de Ortega fez com que o movimento se transformasse em um pedido popular por sua renúncia.
À medida que a violência continuava, um estudante universitário
ganhou destaque por chamar Ortega de assassino em um debate
televisionado.
Em julho, grupos de direitos humanos disseram que o número de pessoas
mortas na violência relacionada aos protestos ultrapassou 300.
Ortega resistiu aos apelos para renunciar ou convocar eleições.
Murillo atribuiu a crise a “uma invasão de espíritos malignos que querem
que o mal reine na Nicarágua”.
Perseguição religiosa
Mais recentemente, multiplicaram-se as acusações de perseguição contra a Igreja Católica no país.
A tensão entre o governo de Daniel Ortega e a instituição cresceu
desde que o clero forneceu abrigo a estudantes envolvidos nos protestos
de 2018.
Segundo uma pesquisa enviada à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na
sigla em inglês) e publicada em julho, a Igreja Católica na Nicarágua
sofreu mais de 190 ataques e profanações em menos de quatro anos.
Em 2019, o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, deixou o país após receber várias ameaças de morte.
Em março deste ano, o governo expulsou o Núncio Apostólico — o
equivalente da Igreja Católica a um embaixador — em um movimento que o
Vaticano classificou como uma “medida unilateral injustificada”.
Em julho, freiras Missionárias da Caridade de Santa Teresa, uma ordem
fundada pela Madre Teresa de Calcutá, foram obrigadas a deixar o país
depois que sua organização foi considerada ilegal.
Além disso, segundo a agência de notícias oficial do Vaticano, o
bispo da Diocese de Matagalpa (norte do país), Dom Álvarez, e seis
sacerdotes, estão desde 4 de agosto impedidos de deixar o bispado onde
vivem, que está cercado por forças especiais da polícia.
O próprio presidente Ortega acusou o clero católico de ser “golpista” e os chamou de “demônios de batina”.
A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
afirmou ter enviado uma carta ao presidente da Conferência Episcopal de
Nicarágua, dom Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, para expressar sua
solidariedade com a atual situação da Igreja Católica no país.
Deltan Dallagnol: “Dizer que a Lava Jato destruiu uma empresa é
colocar a culpa no policial que encontra o corpo da vítima e não no
bandido que a matou”| Foto: EFE/Hedeson Alves
Durante um debate
na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), no dia 9 de agosto, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da
República pelo PT, acusou o ex-chefe da força-tarefa Lava Jato Deltan
Dallagnol de destruir a petroquímica Braskem, do grupo Odebrecht. “Eu
sonhava que o Brasil tivesse a terceira maior indústria petroquímica do
mundo e queria que a Braskem fosse essa grande empresa. Apareceu a Lava
Jato para destruir a Braskem. Em nome de quem? De um fedelho chamado
Dallagnol, que encheu a cabeça de vocês de mentira, que conseguiu criar
um mundo de mentiras”, declarou Lula.
Investigada pela operação Lava Jato, em maio de 2019, a Braskem
assinou um acordo de leniência com a Advocacia-Geral da União (AGU) e
com a Controladoria-Geral da União (CGU), comprometendo-se a devolver R$
2,87 bilhões ao governo federal. “Os valores a serem ressarcidos pela
empresa envolvem os pagamentos de dano, enriquecimento ilícito e multa
no âmbito de contratos fraudulentos envolvendo recursos públicos
federais e de edição de atos normativos produzidos a partir de
pagamentos de vantagens indevidas”, de acordo com a AGU.
Na ocasião, a Braskem já havia depositado R$ 1,33 bilhão, referente a
um acordo fechado em 2016 com o Ministério Público Federal, que incluía
autoridades suíças e americanas, no valor total de R$ 3,1 bilhões –
sendo R$ 2,2 bilhões destinados ao Brasil. O novo compromisso firmado em
2019 pelos dois órgãos de controle englobou o primeiro na parte
relacionada aos pagamentos devidos aos cofres brasileiros. Ou seja, a
empresa ainda precisaria pagar R$ 1,54 bilhão (corrigido pela taxa
Selic) ao país, em seis parcelas anuais, entre 2020 e 2025. Do total a
ser devolvido pela Brasken, R$ 2 bilhões serão destinados à União e
cerca de R$ 800 milhões, à Petrobras.
Considerada a “joia da coroa” do grupo Odebrecht (atual Novonor) e
responsável por metade de seu faturamento na época das investigações, a
indústria petroquímica Braskem foi diretamente beneficiada por ações dos
governos de Lula, segundo delações premiadas de dois ex-presidentes da
empresa, Emílio Odebrecht e Pedro Novis, e do ex-executivo Alexandrino
de Alencar, no âmbito da Lava Jato.
“Dizer que a Lava Jato destruiu uma empresa é colocar a culpa no
policial que encontra o corpo da vítima e não no bandido que a matou. A
culpa da destruição das empresas cai sobre as costas dos políticos e dos
partidos que lideraram o maior escândalo de corrupção da história do
Brasil. O que a Lava Jato fez foi descobrir, comprovar e punir os
criminosos que usam roupas de políticos e se associaram a criminosos que
se vestem de empresários, que se ocuparam de um empreendimento que não
era do interesse da sociedade e, sim, do seu próprio bolso e da
perpetuação de seu poder”, defende Deltan Dallagnol.
Segundo o ex-chefe da força-tarefa Lava Jato, além de o acordo com
Odebrecht e Braskem “envolver uma das maiores devoluções de recursos da
história, não do Brasil, mas do mundo”, as delações de “apenas uma
dessas empresas implicaram 415 políticos de 26 diferentes partidos”. “O
acordo revelou provas de corrupção de autoridades em 12 diferentes
países e a lavagem de dinheiro em outros dez países, colocando o Brasil
na liderança da corrupção mundial, algo que deve ser motivo de vergonha,
não de orgulho”, afirma Dallagnol. “O que estão fazendo é como aquele
marido que assedia a esposa moralmente e ainda coloca a culpa nela.
Estão duplamente querendo vitimizar a sociedade brasileira. Eles a
violam quando roubam e querem dizer que a culpa da situação é da
sociedade, um absurdo”, completa.
A Gazeta do Povo procurou a Braskem, mas não obteve retorno até o
fechamento desta reportagem. Na época do acordo de leniência com o MPF, a
empresa declarou que “reconhece a sua responsabilidade pelos atos de
seus ex-integrantes e agentes e lamenta quaisquer condutas passadas” e
garantiu estar “implementando diversas iniciativas para evitar que as
ações passadas voltem a ocorrer no futuro”. A Braskem também concordou
em se submeter a um monitoramento de conformidade externo e
independente, por um período de até três anos (o que foi cumprido), com o
compromisso de aprimorar seu programa de conformidade e combate à
corrupção e de “aprofundar as amplas medidas de remediação já adotadas”.
“Superamos essa fase e agora vamos concentrar nosso foco no futuro.
Estamos implementando práticas, políticas e processos mais robustos em
toda a nossa companhia, a fim de aperfeiçoar o nosso sistema de
governança e conformidade. A Braskem possui sólidas condições
financeiras e seguirá com sua estratégia de crescimento e
internacionalização, por meio de práticas empresariais pautadas pela
ética”, disse Fernando Musa, presidente da Braskem em dezembro de 2016.
Como está a Braskem hoje Com 20 anos de existência, a Braskem se
define em seu site como “a maior produtora de resinas termoplásticas nas
Américas e a maior produtora de polipropileno nos Estados Unidos”. Em
balanço publicado na semana passada, a empresa afirma que fechou o
trimestre com prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão (em decorrência do
impacto da variação cambial e do aumento nas provisões para arcar com
indenizações de moradores da capital alagoana, cujos bairros sofreram
afundamento em decorrência da atividade mineradora, segundo o Serviço
Geológico do Brasil). No acumulado do ano, a Companhia registrou lucro
líquido de R$ 2,5 bilhões.
Segundo a nota, a posição de caixa da Braskem “garante a cobertura
dos vencimentos de dívida nos próximos 66 meses, mesmo não considerando a
linha de crédito rotativa internacional disponível no valor de US$ 1
bilhão, com vencimento até 2026. A receita líquida do trimestre foi de
R$ 25,4 bilhões”.
Embora Lula tenha acusado a Lava Jato de destruir a Braskem, a
Procuradoria da República ressaltou na época da leniência que “os
acordos permitem a preservação das empresas e a continuidade de suas
atividades, inclusive para gerar valores necessários à reparação dos
ilícitos. Além disso, os acordos estabelecem mecanismos destinados a
assegurar a adequação e a efetividade das práticas de integridade das
empresas, prevenindo a ocorrência de novos ilícitos e privilegiando em
grau máximo a ética e a transparência na condução de seus negócios”.
Recorde o caso Em novembro de 2016, Emílio Odebrecht afirmou em
sua delação que “pagamentos para campanhas eleitorais (…) contribuíram
(…) nas decisões que tanto o presidente Lula quanto outros integrantes
do quadro do PT tomaram durante a gestão, que foram coincidentes com os
nossos interesses e fundamentais para o crescimento e consolidação da
Braskem”.
Nascida em 2002, da fusão de Copene, OPP, Trikem, Proppet,
Nitrocarbono e Polialden, a empresa começou a se delinear dez anos
antes, quando os grupos Odebrecht e Mariani arremataram pelo valor
mínimo do leilão as ações que o Econômico Empreendimentos, braço do
banco baiano, detinha na Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste).
As “enormes resistências da Petrobras” à privatização do setor
petroquímico, como ressaltou Alexandrino Alencar, no documento da
delação premiada, levou executivos da Odebrecht a procurar Lula,
favorito à sucessão de Fernando Henrique Cardoso nas eleições de 2002. A
tratativa, segundo revelaram as investigações da Lava Jato, era apoiar a
campanha do presidenciável, “entendendo que [Lula] teria posicionamento
mais aberto para a [privatização da] petroquímica”, segundo o delator
Pedro Novis. “[Uma vez no governo, o então ministro da Fazenda, Antônio]
Palocci reconhecia a empresa como uma das grandes doadoras e apoiadoras
do PT e dos mandatos do presidente Lula, o que nos assegurou durante
todos esses anos um tratamento diferenciado e preferencial”, revelou.
As delações premiadas de executivos da Odebrecht narram algumas
situações em que Lula teria colocado os interesses da Braskem à frente
dos da Petrobras. “Evidentemente levando em consideração nossa posição
de financiador da campanha, foi decidido pelo presidente Lula que
doravante os assuntos relativos ao setor petroquímico seriam assuntos de
governo, e não interna corporis (da Petrobras). Teriam que ser
previamente aprovados por Dilma, e qualquer decisão estratégica seria
precedida de diálogo prévio com a Braskem”, narrou Novis.
“Os significativos pagamentos realizados a pretexto de contribuição
de campanha às duas candidaturas de Lula (em 2002 e 2006) foram
fundamentais para que as tentativas da Petrobras de frear o crescimento
da Braskem não prosperassem, e para que a Braskem conseguisse consolidar
o setor petroquímico brasileiro, permitindo que a empresa viesse a se
tornar uma petroquímica com capacidade para competir em qualquer mercado
do mundo”, completou o delator.
De acordo com a delação de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo, em
2009, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria lhe pedido R$ 50
milhões como contribuição à campanha presidencial de Dilma Rousseff, em
contrapartida à criação do chamado Refis da Crise. A MP 470 permitia o
parcelamento da dívida tributária da Braskem, que chegaria a R$ 4
bilhões na época. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral sobre a
campanha da petista em 2014, Mantega classificou como “mentirosas” e
“uma peça de ficção” as declarações de Odebrecht.
Em outubro do ano passado, o ex-presidente da Braskem José Carlos
Grubisich foi condenado pelo Tribunal Federal do Brooklyn a 20 meses de
prisão nos Estados Unidos pela participação em um esquema de suborno
envolvendo funcionários da Petrobras, investigado pela da Lava Jato.
Além da prisão, o executivo terá que pagar uma multa no valor de US$ 1
milhão e teve US$ 2,2 milhões em bens confiscados pela justiça
americana. Meses antes, Grubisich se declarou culpado à justiça
americana, admitindo o desvio de U$ 250 milhões da empresa, para o
pagamento de propinas a funcionários públicos e partidos políticos do
Brasil de modo a “garantir” os interesses da companhia.
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, foi o destaque na sétima
rodada de concessão de terminais aéreos, realizada em 18 de agosto.|
Foto: Divulgação/Ministério da Infraestrutura
A incerteza quanto aos rumos da economia global, cada vez mais
abalada pela inflação e por perspectivas ruins de crescimento, e a
imprevisibilidade do cenário eleitoral brasileiro impediram que a sétima
rodada de leilões de aeroportos fosse mais concorrida, mesmo incluindo
uma das principais “joias da coroa” do setor aéreo nacional, o aeroporto
de Congonhas, em São Paulo. Mesmo assim, o resultado foi bastante
positivo: o bloco que contou com o terminal paulistano e outros 10
aeroportos foi arrematado pela espanhola Aena, a única a apresentar
oferta, com ágio de 231% em relação ao lance mínimo. O leilão ainda
contou com dois “miniblocos”: os aeroportos do Campo de Marte (São
Paulo) e Jacarepaguá (Rio), voltados à aviação executiva, ficaram com o
fundo de investimentos XP Infra IV FIP-IE; e o único bloco a ter
disputa, entre os franceses da Vinci e os brasileiros da Novo Norte,
terminou com vitória brasileira para os aeroportos de Belém (PA) e
Macapá (AP).
O bloco que inclui Congonhas também tem três aeroportos no Mato
Grosso do Sul (Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã), quatro no Pará
(Santarém, Marabá, Paraupebas e Altamira) e três em Minas Gerais
(Uberlândia, Montes Claros e Uberaba). Todos eles terão de receber
investimentos, no modelo criado durante o governo de Michel Temer e
mantido por Jair Bolsonaro. O número pode até dar a impressão de que o
bloco teria osso demais para pouco filé, mas Congonhas é o segundo
aeroporto mais movimentado do país em número de passageiros, atrás
apenas de Guarulhos; além disso, alguns dos terminais menores são pontos
de entrada para destinos turísticos consolidados ou em ascensão,
especialmente no Pantanal e na região amazônica; ou atendem regiões de
forte desenvolvimento econômico, como o Triângulo Mineiro.
A modernização dos aeroportos nacionais é essencial para que o Brasil
possa suprir a demanda presente e futura por transporte aéreo, seja em
viagens de negócios, seja para fortalecer o turismo
Com esta sétima rodada de concessões no setor aeroportuário, a
parcela do tráfego de passageiros circulando por aeroportos privatizados
subirá para cerca de 90%. Restam apenas três terminais relevantes ainda
sem administrador privado: o Santos Dumont, no Rio, foi retirado desta
rodada para ser licitado junto com o Galeão, cuja concessão foi
devolvida no início deste ano – mesma situação de Viracopos, em Campinas
(SP), cuja concessionária está em processo de recuperação judicial,
tendo acusado o governo federal de não ter cumprido obrigações
importantes do contrato. Como nenhum dos três aeroportos deve ser
leiloado este ano, seu futuro depende da orientação econômica do
candidato que vencer o pleito presidencial de outubro.
O setor de transporte aéreo de passageiros foi um dos mais afetados
durante a pandemia, e sua recuperação vem ocorrendo com intensidade tão
inesperada que a Europa vem enfrentando um caos aéreo. No Brasil, mesmo
com a recomposição das malhas aéreas reduzidas nos dois últimos anos, a
demanda por passagens é grande o suficiente para figurar ao lado do
aumento de custos de operação (como o combustível de aviação) entre as
principais causas da disparada dos preços dos bilhetes – eles registram
alta de 77,68% no acumulado de 12 meses até julho, segundo o IBGE, que
calcula o IPCA, índice oficial de inflação. Apenas no mês passado,
enquanto o índice geral teve deflação, as passagens subiram mais 8,02%.
A modernização dos aeroportos nacionais é essencial para que o
país possa suprir a demanda presente e futura por transporte aéreo, seja
em viagens de negócios, seja para fortalecer o turismo – a título de
comparação, usando números pré-pandemia da Organização Mundial do
Turismo, da ONU, em 2019 o Brasil registrou 6,4 milhões de visitantes
estrangeiros; se o país recebesse fluxo semelhante ao da Turquia (51
milhões) ou da Tailândia (40 milhões), nossos aeroportos já teriam
entrado em colapso. O modelo de blocos adotado desde 2017 ainda tem o
potencial de impulsionar a aviação regional, já que os administradores
de grandes terminais também precisam investir e melhorar aeroportos em
cidades menores. Com aeroportos melhores e mais incentivo à entrada de
novos competidores no ramo do transporte aéreo, o Brasil tem a chance de
destravar outro importante gargalo da infraestrutura nacional.
Vocês já imaginaram se um manifestante, na frente do Daniel Ortega ou
do presidente de Cuba, ou do Maduro, da Venezuela, começar a gritar:
“covarde, vagabundo, safado”. Imagina? Sai dali preso, em alguns lugares
nunca mais vai sair da prisão.
Pois aconteceu, ontem de manhã, na frente do Palácio Alvorada. Um
sujeito que tem ido lá várias vezes para filmar perguntas que ele faz
pra constranger simpatizantes do presidente. E dessa vez ele tentou
constranger o presidente. E o presidente ficou cinco minutos conversando
com ele, dando respostas, depois de todas essas ofensas. Queria saber
sobre lei, reforma tributária, sobre armas, delação premiada, sobre ser
apoiado pelo centrão. O presidente explicou que se um presidente não for
apoiado pelo centrão, ele não consegue fazer nada, não passa nada pela
Câmara, pois o centrão tem trezentos votos e a Câmara tem quinhentos e
três deputados.
Agora eu quero ver alguém dizer que o presidente Bolsonaro é
autoritário. Muito pelo contrário. Além de comer pastel por aí, acho que
ele treinou como engolir sapo também. Porque um outro presidente já
mandaria prender e impediria a gravação de tudo isso que foi gravado por
todo mundo.
O presidente não faz censura. Quem faz censura é o Supremo. Dizem que
essa pessoa é advogado, morador de Brasília e que serviu o exército até
o início do ano. Caiu lá ou foi derrubado por alguém, aí começou a
gritar e vieram as ofensas ao presidente da República. Aliás, estava
acusando os manifestantes de cometer idolatria em relação a Bolsonaro.
Aeroportos Mais aeroportos vão ter o atendimento melhorado. Agora é
o de Congonhas. No leilão de ontem, vai ficar com a empresa espanhola
que já está com outros aeroportos, a Aena. Está presente em Maceió,
Aracaju, Recife, Juazeiro do Norte, no Ceará, além de Campo Grande, no
Mato Grosso do Sul. Está pagando R$ 2.450 bilhões, e assumindo o
compromisso de investir mais R$5,8 bilhões em melhorias, não apenas para
Congonhas, mas outros aeroportos além daqueles que já têm. Aqueles que
também adquiriu para ficar com Congonhas: Corumbá, Ponta Porã, Santarém,
Marapá, Parauapebas, Altamira, Uberlândia, Uberaba e Montes Claros.
Tudo isso.
A empresa Novo Norte, brasileira, vai ficar com os aeroportos de
Belém e Macapá. Já são 49 nesse governo. Olha a melhoria que acontece
quando se privatiza. Não sei por que a Infraero mandava, era dona de
aeroporto. Foi uma mania do governo militar de estatizar. Os portos que
foram privatizados passaram a funcionar, as estradas, estão discutindo
até hoje a cobrança dos pedágios, de quem paga.
No entanto, veja só o esgoto, que era de companhias estaduais e
municipais. A metade das residências do país não tem esgoto, porque, foi
um fracasso do estado brasileiro. Aí quando privatiza, a água do mar já
fica limpa, é incrível.
Lei da Improbidade E por fim, leis brasileiras. Como são
boazinhas! A nossa justiça também. Os nossos deputados fizeram um leis
que são favoráveis aos que as infringem. Essa lei da improbidade. “Ah
não, eu deixei desviar, mas eu não sabia! Ah eu fiz errado, isso aqui,
mas eu não sabia. Eu assumi a prefeitura, mas eu sou ignorante”.
Não, isso não é desculpa. A ninguém é lícito alegar o desconhecimento
da lei. Então, por quê? Aí tem uma lei de improbidade que considera que
se a pessoa fez sem querer, aí não tem problema. Só se ele fez
mal-intencionado, de boa fé. Eu quero ver o Ministério Público provar
essas coisas. Mas aí o Supremo, por sete a quatro, diz que a lei da
improbidade não pode ser aplicada naqueles que estão sendo processados,
mas ainda podem entrar com recurso.
O ex-presidente Lula, candidato que a esquerda
nacional, as empreiteiras de obras públicas e as classes intelectuais
já consideram vencedor das próximas eleições presidenciais, tem algum
problema com o seu projeto de governo – e, a cada dia que passa, parece
mais empenhado em piorar o defeito que está travando o motor do plano
mestre que propõe ao eleitorado. Lula, basicamente, não fala sobre um
novo Brasil. Quer, ao contrário, voltar ao pior Brasil do passado. Fala
muito pouco sobre o que pretende fazer. Em compensação, fala o tempo
todo no que vai desmanchar. O problema, nessa proposta, é que Lula só
promete desfazer o que está bom; não tem nenhuma ideia séria para
consertar nada do que está errado, mas não para de pregar a eliminação
do que está certo.
Sua última proposta de destruição é a Lei da Ficha Limpa, que
dificulta a volta à vida pública de políticos condenados na justiça
criminal, sobretudo por corrupção. Lula disse que a lei “é uma bobagem”;
quer que ela seja revogada, dentro do que seus admiradores chamam de
“revogazo”, ou a eliminação em massa de tudo aquilo que os incomoda na
administração do país. A lei não impediu que o próprio Lula, condenado
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por
nove juízes diferentes, esteja aí disputando a presidência da República.
O STF, numa das decisões mais alucinadas de sua história, simplesmente
“anulou” todas as ações penais que havia contra ele. Não se disse, aí,
uma única palavra sobre culpa ou sobre provas; apenas zeraram tudo,
alegando que houve um engano de endereço no seu processo. Mas, assim
mesmo, o ex-presidente não quer mais saber de ficha limpa para os
políticos deste país. Não vale a pena correr nenhum risco; é mais
seguro, na sua opinião, acabar com tudo logo de uma vez.
Lula, basicamente, não fala sobre um novo Brasil. Quer, ao contrário,
voltar ao pior Brasil do passado. Fala muito pouco sobre o que pretende
fazer. Em compensação, fala o tempo todo no que vai desmanchar
Lula já prometeu, em seu projeto de governo, acabar com a reforma da
previdência. Também vai eliminar a reforma trabalhista e ressuscitar o
imposto sindical – a extorsão de um dia de salário de cada trabalhador
brasileiro, para forrar o bolso dos sindicatos. Promete revogar a
independência do Banco Central. Quer fechar os clubes de tiro. Diz o
tempo todo que é uma de suas “prioridades” suprimir a liberdade de
expressão nas redes sociais e na televisão, para instalar o “controle
social sobre os meios de comunicação”. Garante que vai anular as
privatizações de empresas estatais – essas que deram prejuízo de 40
bilhões de reais nos governos petistas, e lucro de 190 bilhões em 2021.
Quer, agora, acabar com a Lei da Ficha Limpa. Em matéria de destruição, é
um plano e tanto.
Empresa se prepara desde o ano passado para explorar a nova
fronteira, que tem como precedente o sucesso obtido em países vizinhos
Depois que a BP e a Total desistiram de explorar a Foz do Amazonas, a Petrobras decidiu buscar sozinha o que pode ser um das maiores descobertas no Brasil após o pré-sal. Rebatizada de Amapá Águas Profundas,
a expectativa da estatal é perfurar o primeiro poço na região Norte do
País ainda este ano, como informa o gerente executivo responsável pela
área, Mario Carminatti.
Em entrevista por escrito ao Estadão/Broadcast, Carminatti
informou que desde o ano passado a empresa está se preparando para
explorar a nova fronteira, que tem como precedente o sucesso obtido em
países vizinhos. A região da bacia da Foz do Amazonas é considerada
promissora por ter a geologia parecida com as bacias das Guianas e
Suriname, onde outras empresas já fizeram descobertas relevantes de
petróleo e gás, inclusive a Total.
Região
da bacia da Foz do Amazonas é considerada promissora por ter a geologia
parecida com as bacias das Guianas e Suriname, onde outras empresas já
fizeram descobertas relevantes Foto: Fabio Motta/Estadão
“A base logística para o transporte aéreo das operações da perfuração
do poço previsto para o segundo semestre de 2022 na região do Amapá
Águas Profundas será no município de Oiapoque (AP).
Os estudos sobre a infraestrutura regional foram realizados ao longo do
ano de 2021 e as ações de adequação iniciarão em breve”, disse o
executivo.
O primeiro poço será perfurado a 160 quilômetros do litoral Norte do
Amapá, em lâmina d’água de cerca de 2.800 metros. O Capex (investimento)
reservado para a nova conquista até 2026 é de US$ 2 bilhões, ou 38% do
total previsto pela estatal para exploração nos próximos quatro anos.
De acordo com Carminatti, a Petrobras encontra-se em fase final dos
processos de contratação e mobilização de bens e serviços para a
implementação de obras de adequação do aeródromo, para permitir sua
operação de forma segura em apoio às atividades marítimas de perfuração
exploratória.
Infraestrutura
Para viabilizar essa operação, serão necessárias melhorias na
infraestrutura de comunicação, na conectividade e na hotelaria do Amapá,
informou o executivo. A empresa também planeja, assim como em outros
locais onde atua, desenvolver projetos sócio-ambientais na região, que
deverão constar no próximo Plano Estratégico da companhia para o período
2023-2027.
“Com a revisão anual do Plano Estratégico, são definidos em que
regiões a companhia investirá e onde terá operações. Com base nesses
investimentos e direcionadores, a carteira de projetos socioambientais é
revista, buscando contemplar as regiões onde a Petrobras tem operação”,
explicou Carminatti.
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Segundo o executivo, na margem equatorial serão adotadas soluções
tecnológicas inovadoras, como ocorreu com o pré-sal, mas utilizando
avanços que não existiam na época. O novo supercomputador da Petrobras, o
Pégaso, por exemplo, será fundamental para a eficiência da exploração,
por ter capacidade de apresentar imagens mais bem definidas sobre a
desconhecida fronteira.
“Na Margem Equatorial, vamos adotar soluções conectadas com as melhores práticas de ESG (sigla
em inglês para ambiental, social e governança), combinando inovação,
eficiência e redução de pegada de carbono”, afirmou.
Reconhecida internacionalmente pela atuação em águas profundas e
ultraprofundas, a Petrobras vai aperfeiçoar na nova fronteira no extremo
do País o que aprendeu durante a exploração do pré-sal.
Serão usadas tecnologias que utilizam algoritmos de última geração;
inteligência de dados e computadores de alto desempenho (HPC); ampliação
da operação remota, diminuindo consideravelmente possíveis riscos
ambientais; uso eficiente dos dados sísmicos, geológicos e de poços,
desde as fases iniciais do projeto exploratório até o desenvolvimento
dos campos, com o objetivo de reduzir intervenções; e a otimização da
quantidade de embarcações especializadas e poços perfurados, com o
objetivo de manter a segurança operacional e, por consequência, diminuir
os impactos das atividades de exploração e produção.