sábado, 20 de agosto de 2022

UMA DEMOCRACIA QUE RECUSA A AUTOCRÍTICA

É minha e ninguém tasca!

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Além de risos, a simplicidade algo grosseira da candidata Lourdes Melo (PCO) desperta preocupações quanto a uma democracia que se recusa à autocrítica.| Foto: Reprodução/ Twitter

Calma. Já volto para falar sobre o caso da professora Lourdes Melo (PCO), a candidata ao governo do Piauí que me fez primeiro rir e depois pensar nas deficiências e perversidades da democracia (sir Alexandre de Moraes que me perdoe falar uma heresia dessas!). Antes, porém, quero e vou prender sua atenção com uma frase de efeito que ainda por cima é uma paráfrase de Chesterton. Ei-la: “quem ignora os problemas da democracia merece as soluções da ditadura”.

A frase original falava dos problemas do capitalismo e das “soluções” do socialismo. Convém pedir ao leitor um pouco de parcimônia com o verbo “merecer”. Nem Chesterton nem eu desejamos o mal de ninguém. “Merecer”, tanto na frase quanto na paráfrase, tem um tom educativo, carinhoso e ligeiramente cômico. É como uma mãe que diz que quem não escova os dentes merece enfrentar a tortura do dentista.

Sobre a professora Lourdes Melo, ela é uma velha conhecida dos piauienses. Desde 2006 ela se candidata ora ao governo do estado ora à prefeitura de Teresina. Os resultados, você há de imaginar, são pífios. Na eleição passada, por exemplo, a simpática velhinha mal-humorada amealhou meros 156 votos. Que, por algum motivo que não vale nem a pena pesquisar, foram anulados.

Desta vez Lourdes Melo chama a atenção das redes sociais por seu jeito entre o simplório e o barraqueiro. Durante um debate entre os candidatos ao governo do Piauí, ela chamou uma concorrente de “Barbie bolsonarista” e partiu para o confronto contra o pobre do mediador. “Você quer me calar?!”, perguntou ela quando interrompida. “Ah, você quer me proteger?!”, insistiu ela na agressividade depois de ouvir as explicações sensatas do mediador. Realmente a dona Lourdes não estava num bom dia. Ou estava no seu dia de Aracy de Almeida.

Democracia não é perfeita
Num primeiro momento, o estilo comicamente autoritário de Lourdes Melo rende boas risadas. Não risadas ótimas nem excelentes, mas boas. Depois, porém, o coração que sussurra sensatez à razão se impõe. Há algo de muito errado, de muito perverso com uma democracia que permite a senhorinhas como Lourdes Melo se acreditarem capazes de mudar o mundo. Ou, no mínimo, o Piauí.

E, no entanto, essa ilusão está na base dos regimes democráticos, nos quais qualquer pessoa, inclusive a ex-professora e ex-sindicalista piauiense, mas também um ex-presidiário um ex-palhaço, pode tentar se eleger e, assim, mudar a porção do mundo sob jurisdição de seu cargo. Correndo atrás dessa cenoura, muita gente dedica a vida a alcançar o poder da caneta mágica. Como se mudar as condições de vida num lugar como o Piauí fosse uma questão de vontade política – chavão que anda desaparecido do debate público, mas que explica boa parte da nossa desgraça.

Essa é só uma das deficiências da democracia – essa mesma que as autoridades “democraticamente” não nos permitem questionar. Digo, você e eu até podemos questionar, desde que usemos argumentos inócuos e palavras doces. Sem esquecer os pronomes de tratamento que terminam em “íssimo”. A representatividade, o valor igualitário do voto numa sociedade com interesses tão diferentes e a ameaça de uma caquistocracia são outras deficiências que me ocorrem assim, de supetão.

Quando essas e outras deficiências são apontadas por alguém com menos juízo do que eu, logo aparecem autoridades e especialistas para dizer que não, veja bem, a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as outras, etc. e tal. E tendo a concordar. Difícil de engolir é a arrogância de quem diz que a democracia é perfeita. Só porque – surpresa! – essa democracia que está aí serve bem aos interesses de certa casta que não vê problema algum em trocar dois ou três princípios por um privilegiozinho à toa.

Fato é que, depois de várias reformas políticas e mudanças mais e menos sutis na estrutura do Estado, o que a democracia nos legou foi esse Brasil que temos hoje e com o qual apenas uma casta está satisfeita. Tão satisfeita que bate no peito para dizer: a democracia é minha e ninguém tasca! Como escrevi lá em cima, num momento raro e modesto de semigenialidade e parafraseando o grande e gordo G. K. Chesterton, “quem ignora os problemas da democracia merece as soluções da ditadura”. Ou as soluções de qualquer outro regime autoritário (ou pelo menos não-democrático) que, mesmo não sendo, se diga capaz de proteger a sociedade da liderança dos despreparados e mal-intencionados.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/voce-quer-me-calar-a-prof-lourdes-melo-e-as-deficiencias-da-democracia/
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É VANTAJOSO INSTALAR UM SISTEMA DE ENERGIA SOLAR NAS NOSSAS CASAS

 

Fabio Gallo – Jornal Estadão

Professor de Finanças da FGV-SP

Sancionada em janeiro, a Lei 14.300, conhecida como ‘Taxação do Sol’, muda regras para quem gera a própria energia

Você provavelmente já ouviu falar do neologismo “prosumidor”, a mistura dos termos “produtor” e “consumidor”, usado no caso daquelas pessoas que são consumidores e produtores de energia elétrica. Esse tipo de consumidor gera energia para consumo da residência com painéis solares e, caso haja excedente, pode vender para a própria rede.

Adotar um sistema fotovoltaico pode ser muito vantajoso porque chega a gerar economias entre 80% a 90% da conta. Não se consegue zerar a conta porque não é possível eliminar a tarifa mínima e a taxa de iluminação pública. Existem dois tipos básicos de sistemas de energia solar. O mais adotado é o on grid, ligado à rede de distribuição de energia, de maneira que os painéis geram energia durante o dia, mas para uso noturno e dias de baixa luminosidade a eletricidade vem do distribuidor.

Painéis de energia solar em residência; adotar um sistema fotovoltaico pode ser muito vantajoso
Painéis de energia solar em residência; adotar um sistema fotovoltaico pode ser muito vantajoso Foto: Daniel Teixiera/Estadão

Há, também, o off grid, usado em locais isolados porque usa um grupo de baterias para armazenamento da energia e, assim, fica independente da rede de distribuição. No entanto, o investimento para instalação do sistema de placas solares é alto. Um projeto desse tipo deve ter um kit de energia solar, mais custos do projeto, instalação e homologação na distribuidora e está, na média, em R$ 30 mil. Mas cada caso é um caso. Os interessados podem encontrar facilmente diversos fornecedores e devem simular esses gastos.

A vida útil dos equipamentos é de 25 a 30 anos. Assim, para uma residência que gasta na faixa de R$ 750 mensais, o retorno do investimento deve ocorrer entre 4 e 5 anos. Atualmente, são oferecidas várias formas de pagamento. Para esses projetos os financiamentos têm taxas reduzidas e com prazo de até 72 meses. Isso significa que a pessoa poderá fazer a instalação sem tirar dinheiro do bolso e pagar o empréstimo com o valor da redução da conta mensal, além de poder aplicar essa economia futuramente por um bom prazo.

Uma dica é aplicar a economia em títulos do Tesouro Direto. Simulação da aplicação da economia mensal de R$ 675,00 no papel Tesouro IPCA+ com vencimento em 2055 traria rendimento líquido total de R$ 1.155.009,00.

Outro ganho potencial da instalação de sistemas solares é a possibilidade de geração de energia além da necessidade de consumo. A energia extra produzida pode ser injetada na rede, o que gera créditos para serem abatidos na conta mensal dentro de até cinco anos. No entanto, esses ganhos podem não se manter tão substanciais porque em janeiro foi sancionada a Lei 14.300, conhecida como “Taxação do Sol”, que muda regras para quem gera a própria energia. A principal mudança é a cobrança de tarifa ao direcionar o excedente energético para a concessionária, com valor ainda a ser definido pela Aneel.

A CHUVA TEM O EFEITO DE PURIFICAR O AR DA NOSSA CASA

 

Francielle Cerqueira

Normalmente, tem-se o hábito de fechar as janelas assim que chove. É um erro de muitos, você pode aproveitar a chuva para abrir as janelas por pelo menos alguns minutos.

A chuva tem o efeito de oxigenar e, portanto, purificar o ar da nossa casa ou local de trabalho. Nada funciona melhor do que a chuva para limpar os ambientes poluídos de nossas cidades. As gotas de chuva coletam e removem as partículas poluentes, fazendo com que as nuvens de poluição desapareçam. Graças a isso, podemos respirar um ar muito melhor quando chove e depois da chuva.

Outro efeito benéfico da chuva no nosso ambiente interior é o aroma agradável que ela nos dá. Todos nós sentimos o cheiro, pouco antes de uma tempestade cair. É um cheiro muito característico. E então dizemos sem dúvida: “Vai chover.”

Este cheiro especial vem do ozônio. Esta molécula está sempre presente na atmosfera, mas sua concentração em áreas baixas aumenta em dias de tempestade. Isso acontece porque os raios favorecem sua formação. A chuva, elemento purificador da água, que limpa, leva todo o mal.

Foi demonstrado que após algumas horas de chuva o ambiente deixa de estar tão carregado e a temperatura é regulada (mesmo no inverno). Este ambiente previamente carregado é precisamente aquele que frequentemente causa dores de cabeça, exaustão e desconforto em muitas pessoas eletrossensíveis.

Observa-se que depois de uma tempestade as pessoas parecem mais animadas e relaxadas.

O cheiro da chuva é uma mistura de muitas essências que surgem da Terra e até da atmosfera. É muito agradável e geralmente nos faz parar por pelo menos um momento, respirar fundo e sentir que fazemos parte de um planeta que está bem vivo.

DESAFIOS DE VENDAS PARA 2023

 

Dirceu Torres, CEO da Mex Consulting

À medida que o mundo volta a alguma normalidade, começamos a perceber também que a forma de vender mudou fundamentalmente em comparação com os tempos pré-pandemia. Embora isso traga muitas oportunidades, também apresenta novos desafios que os vendedores precisam considerar.

Aqui estão quatro dos principais desafios enfrentados pelos vendedores e como resolvê-los:

Construindo confiança em um ambiente virtual

O afastamento das interações presenciais mudou o jogo no setor de vendas. Vendedores precisam adaptar suas técnicas e estratégias para construir credibilidade e confiança em um ambiente virtual, o que fica mais difícil com a barreira causada pelo distanciamento entre o cliente potencial e o vendedor.

O ano de 2022 tem sido diferente para os vendedores, pois o cenário de vendas mudou muito. O vendedor que puder aproveitar a tecnologia de forma a personalizar virtualmente essas mensagens vencerá neste ano. Como agora há tantos vendedores entrando em contato por e-mail e telefone, em vez de se encontrar pessoalmente com as pessoas, você precisa descobrir maneiras inteligentes para fazer negócios com uma abordagem personalizada.

Entrar em contato com as pessoas certas

A transição para um ambiente de vendas virtual pode dificultar a conexão com os tomadores de decisão. Isso é especialmente importante, pois agora é mais fácil para a concorrência enviar e-mails em massa e firmar conexões pelo LinkedIn, de modo que o espaço para networking digital já está inundado.

A necessidade de ficar frente a frente com tomadores de decisão está se tornando cada vez mais desafiadora – especialmente com o aumento contínuo de líderes e executivos trabalhando em casa. As explosões de e-mails de vendas não personalizadas se tornarão ainda menos eficazes. Os representantes precisarão garantir que não apenas pesquisaram uma conta, mas que têm um forte ‘ponto de vista’ e um apelo à ação muito claro, independente do meio.

Adaptando-se a tempos incertos em um mundo pós-pandemia

Tempos incertos quase sempre resultam em resultados incertos. Alguns vendedores prosperam com a mudança e descobrem que a incerteza é algo que os motiva. Outros acham que a incerteza se arrasta em seu próprio desempenho. Com as empresas adotando novos ritmos, as vendas devem mudar e os vendedores precisam ser ágeis o suficiente para se adaptar a isso.

A transição para o novo mundo pós-covid é um desafio que deve estar no foco dos vendedores em 2022. Durante a pandemia, vimos muitas empresas ficarem remotas e suspenderem reuniões presenciais, resultando em uma nova dinâmica de cultura de escritório promovida por ferramentas de comunicação. Também vimos mudanças nas estratégias de marketing e vendas com a implementação de novas ferramentas de marketing digital e divulgação.

No futuro, provavelmente veremos as empresas reavaliando os protocolos de negócios em torno do trabalho remoto e revisitando suas estratégias de geração de leads e aquisição de clientes. Dependendo de qual direção sua empresa decidir seguir, os vendedores podem enfrentar alterações mais permanentes nas políticas remotas – transformando a maneira como trabalham com seus gerentes e colegas de trabalho. E se as empresas decidirem continuar (ou fazer a transição para) os esforços de vendas remotos daqui para frente, poderão ver mudanças nos processos.

Além disso, podem ter que lidar com a implementação de novas tecnologias para promover vendas remotas, marketing e coordenação de serviços. Flexibilidade e vontade de avançar serão atributos-chave no próximo ano – como foi no ano passado também.

Mantendo a produtividade

A maioria das empresas precisou fazer a transição para um ambiente de vendas remoto durante a pandemia, mas esse modelo pode resultar em falta de produtividade, com problemas de eficiência por uma mudança nos hábitos de compra dos clientes em potencial. De acordo com o Sales Enablement Report da HubSpot, as organizações de vendas que fizeram a transição para um modelo de vendas mais remoto têm maior probabilidade de atuar com eficiência e coesão.

O relatório ainda destaca o fato de que as organizações de vendas foram forçadas a operar remotamente. Os representantes precisam se tornar mais criativos à medida que os hábitos de compra mudam. Gerentes estão sendo solicitados a encontrar novas maneiras de melhorar a produtividade do vendedor e os líderes a impulsionar o crescimento por meio da incerteza.

Assim, enquanto um grau de normalidade é retomado, 2022 ainda tem sido um ano de desafios. Mas nenhum é insuperável. Os vendedores devem reconhecer a necessidade da agilidade em suas abordagens para lidar com os desafios do novo cenário de vendas, neste ano e além.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por mais de 140.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por mais de 1.800.000 de pessoas, valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

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sexta-feira, 19 de agosto de 2022

DANIEL ORTEGA PRESIDENTE DA NICARÁGUA AMIGO DE LULA

BBC News

A Nicarágua se tornou um tema em destaque nas redes sociais brasileiras nos últimos dias, depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL), membros do seu partido e alguns de seus apoiadores associaram o governo autoritário de Daniel Ortega e casos de perseguição religiosa no país à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

© Getty ImagesNicarágua: quem é Daniel Ortega, presidente que virou personagem da campanha eleitoral no Brasil

Em evento com religiosos e fiéis evangélicos em Juiz de Fora (MG) na terça-feira (16/8), Bolsonaro afirmou que Ortega é “aliado” do petista e vem perseguindo cristãos na Nicarágua. O presidente ainda se referiu a Lula como “descondenado”.

“Estamos acompanhando o que acontece em outros países da América do Sul, como a Nicarágua, onde rádios católicas foram fechadas, procissões impedidas”, disse.

Nesta quinta-feira (18/8), o filho do presidente e senador Flávio Bolsonaro (PL) compartilhou em seu perfil no Twitter uma postagem que também fazia menção ao país sul-americano. “Um aviso aos católicos e evangélicos: Na Nicarágua, o amigo de Lula, anda prendendo padre e fechando igrejas! Vigia!”, escreveu.

Em sua página no Twitter, Lula afirmou que pretende tratar “todas as religiões com respeito”. “Religião é para cuidar da fé, não para fazer política. Eu faço campanha eleitoral respeitando religião, e não uso o nome de Deus em vão”, escreveu.

Essas não foram as primeiras vezes em que Bolsonaro e seus aliados usaram a administração de Daniel Ortega como exemplo de esquerda não democrática.

As menções ao governo do ex-revolucionário sandinista têm sido cada vez mais presentes entre apoiadores da campanha do atual presidente para atacar adversários.

Mas, afinal, quem é Ortega e qual seu papel na atual onda de repressão na Nicarágua?

O líder mais antigo das Américas

De baixa estatura e com grandes óculos quadrados, Daniel Ortega não se parecia com um típico militar quando chamou a atenção do mundo pela primeira vez na década de 1980.

No entanto, como líder da revolução sandinista de esquerda da Nicarágua, foi creditado por derrubar um ditador e depois os rebeldes patrocinados pelos EUA, que tentaram bloquear sua empreitada por um poder legítimo.

Agora em 2022, quatro décadas depois, Ortega foi empossado para seu quarto mandato consecutivo como presidente após vencer as eleições em novembro do ano passado.

O processo eleitoral foi duramente criticado pela comunidade internacional, que o classificou como “antidemocrático”, “ilegítimo” e “sem credibilidade”. Mais de 30 líderes da oposição foram presos, incluindo sete candidatos presidenciais que não puderam concorrer.

Terminado o atual mandato, Ortega soma 20 anos consecutivos no poder. Se contarmos outros mandatos, ele já ocupou a cadeira de presidente da Nicarágua por um total de 29 anos e é o líder mais antigo das Américas.

Para seus apoiadores, ele continua sendo um verdadeiro patriota. Eles o chamam de Comandante Daniel, em um misto de reverência e carinho.

Seus críticos, que incluem muitos ex-aliados, dizem que ele se tornou um governante corrupto e autoritário, que deu as costas a seus ideais revolucionários e está cada vez mais parecido com o ditador que ajudou a depor.

Juventude revolucionária

Filho de um sapateiro, Ortega ainda era adolescente quando ingressou na Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), de esquerda.

O grupo lutou contra a ditadura de Anastasio Somoza, cuja família governava o país desde 1936.

Na década de 1960, o jovem abandonou o curso de direito para se comprometer totalmente com a causa. Quando ainda estava na casa dos 20 anos, ele assaltou uma agência bancária na capital, Manágua, com uma metralhadora, em uma tentativa de arrecadar fundos. Ele foi preso e severamente torturado durante sete anos na prisão.

Em 1974, ele conseguiu a libertação antecipada — junto com outros sandinistas — em uma troca de reféns. O acordo previa seu envio para Cuba e ele usou a oportunidade para se especializar em táticas de guerrilha e depois voltou para sua terra natal, onde a revolta liderada por camponeses estava prestes a se transformar em uma guerra civil em grande escala.

Os sandinistas tomaram o poder em 1979, forçando o presidente Somoza ao exílio. Ortega foi eleito seu sucessor em 1984, depois de servir no conselho de “reconstrução nacional” de cinco membros dos sandinistas.

A maioria dos observadores internacionais reconheceu a eleição de 1984 como livre e justa, apesar das reclamações da oposição.

No entanto, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, classificou o pleito como uma “farsa” e intensificou seu apoio a grupos armados contrarrevolucionários conhecidos como Contras.

Isso aconteceu no auge da Guerra Fria, quando Washington via os sandinistas como uma frente do comunismo soviético e cubano, e uma ameaça aos governos apoiados pelos EUA em toda a América Central.

Dezenas de milhares de nicaraguenses morreram na guerra dos Contras e a Corte Internacional de Justiça (CIJ) mais tarde decidiu que os EUA violaram o direito internacional em sua intervenção.

© Getty ImagesDaniel Ortega (fotografado em uma visita de 1988 a Havana) era um aliado próximo do líder cubano Fidel Castro

A primeira queda

Apesar de ter conquistado ganhos importantes, principalmente em saúde, educação e reforma agrária, o primeiro governo sandinista foi criticado por seus fracassos econômicos.

O impacto da guerra com os Contras e as sanções dos EUA tornaram impossível a reconstrução econômica.

Nas eleições presidenciais de 1990, Ortega foi derrotado pela candidata liberal da oposição Violeta Chamorro, uma ex-colaboradora que rompeu com os sandinistas cada vez mais radicais e que formalmente encerrou a guerra.

Uma combinação de acusações de corrupção e divisões profundas dentro do movimento sandinista levaram Ortega a sofrer mais duas derrotas eleitorais em 1995 e 2001.

Entre as duas campanhas, sua enteada Zoilamérica Narváez o acusou de estuprá-la repetidamente quando criança.

Ortega negou e evitou o julgamento invocando sua imunidade como membro do Congresso. Sua esposa Rosario Murillo -— uma poetisa que ele conheceu na prisão — o apoiou, dizendo que as acusações de sua filha eram “vergonhosas”.

As reputações pessoais de Ortega e Murillo foram duramente prejudicadas pelo escândalo.

© AFP/GETTY IMAGESDaniel Ortega casou-se com Rosario Murillo em 1979

A transformação

Em 2006, Ortega fez um retorno inesperado para a campanha presidencial das eleições daquele ano ao se afastar de suas fortes raízes comunistas, dizendo que buscaria investimentos estrangeiros para aliviar a pobreza generalizada — a Forbes classifica a Nicarágua como o segundo país mais pobre do hemisfério ocidental.

Em uma campanha planejada por sua esposa, as bandeiras sandinistas pretas e vermelhas foram amplamente substituídas por cartazes de campanha cor-de-rosa; o uniforme militar verde-oliva foi trocado por camisas brancas sem gola, e os slogans marxistas foram trocados por um vago compromisso com “cristianismo, socialismo e solidariedade”.

“Jesus Cristo é meu herói agora”, disse ele, em uma tentativa de diálogo com a população mais religiosa.

Dias antes de ser eleito, ele provocou ainda mais controvérsia ao indicar que não seria contra uma proibição total do aborto. A atitude recebeu elogios de líderes católicos e evangélicos, mas enfureceu eleitores liberais e grupos de direitos humanos.

Avanços antidemocráticos

Em 2009, a Suprema Corte da Nicarágua removeu os obstáculos constitucionais para permitir que Ortega concorresse a mais um mandato — uma medida que a oposição condenou como ilegal.

Outras mudanças constitucionais foram feitas para permitir que ele concorresse a um terceiro mandato consecutivo em 2016.

Muitos boicotaram a votação, dizendo que era injusta, já que a oposição havia sido anulada. No entanto, Ortega insistiu que as mudanças eram necessárias para a estabilidade do país.

Ele escolheu sua esposa como sua companheira de chapa em 2016. Como vice-presidente, Murillo é a mais eloquente do casal, muitas vezes fazendo longos discursos na televisão.

A revolta de 2018

Em abril de 2018, grupos pró-governo reprimiram violentamente uma pequena manifestação contra as reformas do sistema previdenciário da Nicarágua.

O clamor entre os críticos de Ortega fez com que o movimento se transformasse em um pedido popular por sua renúncia.

À medida que a violência continuava, um estudante universitário ganhou destaque por chamar Ortega de assassino em um debate televisionado.

© Getty ImagesParente de estudante morto pela polícia durante protesto carrega seu caixão em Manágua

Em julho, grupos de direitos humanos disseram que o número de pessoas mortas na violência relacionada aos protestos ultrapassou 300.

Ortega resistiu aos apelos para renunciar ou convocar eleições. Murillo atribuiu a crise a “uma invasão de espíritos malignos que querem que o mal reine na Nicarágua”.

Perseguição religiosa

Mais recentemente, multiplicaram-se as acusações de perseguição contra a Igreja Católica no país.

A tensão entre o governo de Daniel Ortega e a instituição cresceu desde que o clero forneceu abrigo a estudantes envolvidos nos protestos de 2018.

Segundo uma pesquisa enviada à Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês) e publicada em julho, a Igreja Católica na Nicarágua sofreu mais de 190 ataques e profanações em menos de quatro anos.

Em 2019, o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez, deixou o país após receber várias ameaças de morte.

© INTI OCON VIA GETTY IMAGESO bispo Silvio Báez se emocionou em sua última missa em Manágua

Em março deste ano, o governo expulsou o Núncio Apostólico — o equivalente da Igreja Católica a um embaixador — em um movimento que o Vaticano classificou como uma “medida unilateral injustificada”.

Em julho, freiras Missionárias da Caridade de Santa Teresa, uma ordem fundada pela Madre Teresa de Calcutá, foram obrigadas a deixar o país depois que sua organização foi considerada ilegal.

Além disso, segundo a agência de notícias oficial do Vaticano, o bispo da Diocese de Matagalpa (norte do país), Dom Álvarez, e seis sacerdotes, estão desde 4 de agosto impedidos de deixar o bispado onde vivem, que está cercado por forças especiais da polícia.

O próprio presidente Ortega acusou o clero católico de ser “golpista” e os chamou de “demônios de batina”.

A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmou ter enviado uma carta ao presidente da Conferência Episcopal de Nicarágua, dom Carlos Enrique Herrera Gutiérrez, para expressar sua solidariedade com a atual situação da Igreja Católica no país.

– Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62598789

 

A LAVA JATO NÃO DESTRUIU A BRASKEM

 

Corrupção

Por
Bruna Komarchesqui – Gazeta do Povo


Deltan Dallagnol: “Dizer que a Lava Jato destruiu uma empresa é colocar a culpa no policial que encontra o corpo da vítima e não no bandido que a matou”| Foto: EFE/Hedeson Alves

Durante um debate na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), no dia 9 de agosto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo PT, acusou o ex-chefe da força-tarefa Lava Jato Deltan Dallagnol de destruir a petroquímica Braskem, do grupo Odebrecht. “Eu sonhava que o Brasil tivesse a terceira maior indústria petroquímica do mundo e queria que a Braskem fosse essa grande empresa. Apareceu a Lava Jato para destruir a Braskem. Em nome de quem? De um fedelho chamado Dallagnol, que encheu a cabeça de vocês de mentira, que conseguiu criar um mundo de mentiras”, declarou Lula.

Investigada pela operação Lava Jato, em maio de 2019, a Braskem assinou um acordo de leniência com a Advocacia-Geral da União (AGU) e com a Controladoria-Geral da União (CGU), comprometendo-se a devolver R$ 2,87 bilhões ao governo federal. “Os valores a serem ressarcidos pela empresa envolvem os pagamentos de dano, enriquecimento ilícito e multa no âmbito de contratos fraudulentos envolvendo recursos públicos federais e de edição de atos normativos produzidos a partir de pagamentos de vantagens indevidas”, de acordo com a AGU.

Na ocasião, a Braskem já havia depositado R$ 1,33 bilhão, referente a um acordo fechado em 2016 com o Ministério Público Federal, que incluía autoridades suíças e americanas, no valor total de R$ 3,1 bilhões – sendo R$ 2,2 bilhões destinados ao Brasil. O novo compromisso firmado em 2019 pelos dois órgãos de controle englobou o primeiro na parte relacionada aos pagamentos devidos aos cofres brasileiros. Ou seja, a empresa ainda precisaria pagar R$ 1,54 bilhão (corrigido pela taxa Selic) ao país, em seis parcelas anuais, entre 2020 e 2025. Do total a ser devolvido pela Brasken, R$ 2 bilhões serão destinados à União e cerca de R$ 800 milhões, à Petrobras.

Considerada a “joia da coroa” do grupo Odebrecht (atual Novonor) e responsável por metade de seu faturamento na época das investigações, a indústria petroquímica Braskem foi diretamente beneficiada por ações dos governos de Lula, segundo delações premiadas de dois ex-presidentes da empresa, Emílio Odebrecht e Pedro Novis, e do ex-executivo Alexandrino de Alencar, no âmbito da Lava Jato.

“Dizer que a Lava Jato destruiu uma empresa é colocar a culpa no policial que encontra o corpo da vítima e não no bandido que a matou. A culpa da destruição das empresas cai sobre as costas dos políticos e dos partidos que lideraram o maior escândalo de corrupção da história do Brasil. O que a Lava Jato fez foi descobrir, comprovar e punir os criminosos que usam roupas de políticos e se associaram a criminosos que se vestem de empresários, que se ocuparam de um empreendimento que não era do interesse da sociedade e, sim, do seu próprio bolso e da perpetuação de seu poder”, defende Deltan Dallagnol.

Segundo o ex-chefe da força-tarefa Lava Jato, além de o acordo com Odebrecht e Braskem “envolver uma das maiores devoluções de recursos da história, não do Brasil, mas do mundo”, as delações de “apenas uma dessas empresas implicaram 415 políticos de 26 diferentes partidos”. “O acordo revelou provas de corrupção de autoridades em 12 diferentes países e a lavagem de dinheiro em outros dez países, colocando o Brasil na liderança da corrupção mundial, algo que deve ser motivo de vergonha, não de orgulho”, afirma Dallagnol. “O que estão fazendo é como aquele marido que assedia a esposa moralmente e ainda coloca a culpa nela. Estão duplamente querendo vitimizar a sociedade brasileira. Eles a violam quando roubam e querem dizer que a culpa da situação é da sociedade, um absurdo”, completa.

A Gazeta do Povo procurou a Braskem, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. Na época do acordo de leniência com o MPF, a empresa declarou que “reconhece a sua responsabilidade pelos atos de seus ex-integrantes e agentes e lamenta quaisquer condutas passadas” e garantiu estar “implementando diversas iniciativas para evitar que as ações passadas voltem a ocorrer no futuro”. A Braskem também concordou em se submeter a um monitoramento de conformidade externo e independente, por um período de até três anos (o que foi cumprido), com o compromisso de aprimorar seu programa de conformidade e combate à corrupção e de “aprofundar as amplas medidas de remediação já adotadas”.

“Superamos essa fase e agora vamos concentrar nosso foco no futuro. Estamos implementando práticas, políticas e processos mais robustos em toda a nossa companhia, a fim de aperfeiçoar o nosso sistema de governança e conformidade. A Braskem possui sólidas condições financeiras e seguirá com sua estratégia de crescimento e internacionalização, por meio de práticas empresariais pautadas pela ética”, disse Fernando Musa, presidente da Braskem em dezembro de 2016.

Como está a Braskem hoje 
Com 20 anos de existência, a Braskem se define em seu site como “a maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas e a maior produtora de polipropileno nos Estados Unidos”. Em balanço publicado na semana passada, a empresa afirma que fechou o trimestre com prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão (em decorrência do impacto da variação cambial e do aumento nas provisões para arcar com indenizações de moradores da capital alagoana, cujos bairros sofreram afundamento em decorrência da atividade mineradora, segundo o Serviço Geológico do Brasil). No acumulado do ano, a Companhia registrou lucro líquido de R$ 2,5 bilhões.

Segundo a nota, a posição de caixa da Braskem “garante a cobertura dos vencimentos de dívida nos próximos 66 meses, mesmo não considerando a linha de crédito rotativa internacional disponível no valor de US$ 1 bilhão, com vencimento até 2026. A receita líquida do trimestre foi de R$ 25,4 bilhões”.

Embora Lula tenha acusado a Lava Jato de destruir a Braskem, a Procuradoria da República ressaltou na época da leniência que “os acordos permitem a preservação das empresas e a continuidade de suas atividades, inclusive para gerar valores necessários à reparação dos ilícitos. Além disso, os acordos estabelecem mecanismos destinados a assegurar a adequação e a efetividade das práticas de integridade das empresas, prevenindo a ocorrência de novos ilícitos e privilegiando em grau máximo a ética e a transparência na condução de seus negócios”.

Recorde o caso  
Em novembro de 2016, Emílio Odebrecht afirmou em sua delação que “pagamentos para campanhas eleitorais (…) contribuíram (…) nas decisões que tanto o presidente Lula quanto outros integrantes do quadro do PT tomaram durante a gestão, que foram coincidentes com os nossos interesses e fundamentais para o crescimento e consolidação da Braskem”.

Nascida em 2002, da fusão de Copene, OPP, Trikem, Proppet, Nitrocarbono e Polialden, a empresa começou a se delinear dez anos antes, quando os grupos Odebrecht e Mariani arremataram pelo valor mínimo do leilão as ações que o Econômico Empreendimentos, braço do banco baiano, detinha na Copene (Companhia Petroquímica do Nordeste).

As “enormes resistências da Petrobras” à privatização do setor petroquímico, como ressaltou Alexandrino Alencar, no documento da delação premiada, levou executivos da Odebrecht a procurar Lula, favorito à sucessão de Fernando Henrique Cardoso nas eleições de 2002. A tratativa, segundo revelaram as investigações da Lava Jato, era apoiar a campanha do presidenciável, “entendendo que [Lula] teria posicionamento mais aberto para a [privatização da] petroquímica”, segundo o delator Pedro Novis. “[Uma vez no governo, o então ministro da Fazenda, Antônio] Palocci reconhecia a empresa como uma das grandes doadoras e apoiadoras do PT e dos mandatos do presidente Lula, o que nos assegurou durante todos esses anos um tratamento diferenciado e preferencial”, revelou.

As delações premiadas de executivos da Odebrecht narram algumas situações em que Lula teria colocado os interesses da Braskem à frente dos da Petrobras. “Evidentemente levando em consideração nossa posição de financiador da campanha, foi decidido pelo presidente Lula que doravante os assuntos relativos ao setor petroquímico seriam assuntos de governo, e não interna corporis (da Petrobras). Teriam que ser previamente aprovados por Dilma, e qualquer decisão estratégica seria precedida de diálogo prévio com a Braskem”, narrou Novis.

“Os significativos pagamentos realizados a pretexto de contribuição de campanha às duas candidaturas de Lula (em 2002 e 2006) foram fundamentais para que as tentativas da Petrobras de frear o crescimento da Braskem não prosperassem, e para que a Braskem conseguisse consolidar o setor petroquímico brasileiro, permitindo que a empresa viesse a se tornar uma petroquímica com capacidade para competir em qualquer mercado do mundo”, completou o delator.

De acordo com a delação de Marcelo Odebrecht, herdeiro do grupo, em 2009, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria lhe pedido R$ 50 milhões como contribuição à campanha presidencial de Dilma Rousseff, em contrapartida à criação do chamado Refis da Crise. A MP 470 permitia o parcelamento da dívida tributária da Braskem, que chegaria a R$ 4 bilhões na época. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral sobre a campanha da petista em 2014, Mantega classificou como “mentirosas” e “uma peça de ficção” as declarações de Odebrecht.

Em outubro do ano passado, o ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich foi condenado pelo Tribunal Federal do Brooklyn a 20 meses de prisão nos Estados Unidos pela participação em um esquema de suborno envolvendo funcionários da Petrobras, investigado pela da Lava Jato. Além da prisão, o executivo terá que pagar uma multa no valor de US$ 1 milhão e teve US$ 2,2 milhões em bens confiscados pela justiça americana. Meses antes, Grubisich se declarou culpado à justiça americana, admitindo o desvio de U$ 250 milhões da empresa, para o pagamento de propinas a funcionários públicos e partidos políticos do Brasil de modo a “garantir” os interesses da companhia.


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AEROPORTOS FORAM PRIVATIZADOS ONTEM EM LEILÃO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, foi o destaque na sétima rodada de concessão de terminais aéreos, realizada em 18 de agosto.| Foto: Divulgação/Ministério da Infraestrutura

A incerteza quanto aos rumos da economia global, cada vez mais abalada pela inflação e por perspectivas ruins de crescimento, e a imprevisibilidade do cenário eleitoral brasileiro impediram que a sétima rodada de leilões de aeroportos fosse mais concorrida, mesmo incluindo uma das principais “joias da coroa” do setor aéreo nacional, o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Mesmo assim, o resultado foi bastante positivo: o bloco que contou com o terminal paulistano e outros 10 aeroportos foi arrematado pela espanhola Aena, a única a apresentar oferta, com ágio de 231% em relação ao lance mínimo. O leilão ainda contou com dois “miniblocos”: os aeroportos do Campo de Marte (São Paulo) e Jacarepaguá (Rio), voltados à aviação executiva, ficaram com o fundo de investimentos XP Infra IV FIP-IE; e o único bloco a ter disputa, entre os franceses da Vinci e os brasileiros da Novo Norte, terminou com vitória brasileira para os aeroportos de Belém (PA) e Macapá (AP).

O bloco que inclui Congonhas também tem três aeroportos no Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã), quatro no Pará (Santarém, Marabá, Paraupebas e Altamira) e três em Minas Gerais (Uberlândia, Montes Claros e Uberaba). Todos eles terão de receber investimentos, no modelo criado durante o governo de Michel Temer e mantido por Jair Bolsonaro. O número pode até dar a impressão de que o bloco teria osso demais para pouco filé, mas Congonhas é o segundo aeroporto mais movimentado do país em número de passageiros, atrás apenas de Guarulhos; além disso, alguns dos terminais menores são pontos de entrada para destinos turísticos consolidados ou em ascensão, especialmente no Pantanal e na região amazônica; ou atendem regiões de forte desenvolvimento econômico, como o Triângulo Mineiro.

A modernização dos aeroportos nacionais é essencial para que o Brasil possa suprir a demanda presente e futura por transporte aéreo, seja em viagens de negócios, seja para fortalecer o turismo

Com esta sétima rodada de concessões no setor aeroportuário, a parcela do tráfego de passageiros circulando por aeroportos privatizados subirá para cerca de 90%. Restam apenas três terminais relevantes ainda sem administrador privado: o Santos Dumont, no Rio, foi retirado desta rodada para ser licitado junto com o Galeão, cuja concessão foi devolvida no início deste ano – mesma situação de Viracopos, em Campinas (SP), cuja concessionária está em processo de recuperação judicial, tendo acusado o governo federal de não ter cumprido obrigações importantes do contrato. Como nenhum dos três aeroportos deve ser leiloado este ano, seu futuro depende da orientação econômica do candidato que vencer o pleito presidencial de outubro.

O setor de transporte aéreo de passageiros foi um dos mais afetados durante a pandemia, e sua recuperação vem ocorrendo com intensidade tão inesperada que a Europa vem enfrentando um caos aéreo. No Brasil, mesmo com a recomposição das malhas aéreas reduzidas nos dois últimos anos, a demanda por passagens é grande o suficiente para figurar ao lado do aumento de custos de operação (como o combustível de aviação) entre as principais causas da disparada dos preços dos bilhetes – eles registram alta de 77,68% no acumulado de 12 meses até julho, segundo o IBGE, que calcula o IPCA, índice oficial de inflação. Apenas no mês passado, enquanto o índice geral teve deflação, as passagens subiram mais 8,02%.


A modernização dos aeroportos nacionais é essencial para que o país possa suprir a demanda presente e futura por transporte aéreo, seja em viagens de negócios, seja para fortalecer o turismo – a título de comparação, usando números pré-pandemia da Organização Mundial do Turismo, da ONU, em 2019 o Brasil registrou 6,4 milhões de visitantes estrangeiros; se o país recebesse fluxo semelhante ao da Turquia (51 milhões) ou da Tailândia (40 milhões), nossos aeroportos já teriam entrado em colapso. O modelo de blocos adotado desde 2017 ainda tem o potencial de impulsionar a aviação regional, já que os administradores de grandes terminais também precisam investir e melhorar aeroportos em cidades menores. Com aeroportos melhores e mais incentivo à entrada de novos competidores no ramo do transporte aéreo, o Brasil tem a chance de destravar outro importante gargalo da infraestrutura nacional.


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MANIFESTANTE XINGA BOLSONARO E ELE REAGE

 

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


| Foto: Reprodução / g1

Vocês já imaginaram se um manifestante, na frente do Daniel Ortega ou do presidente de Cuba, ou do Maduro, da Venezuela, começar a gritar: “covarde, vagabundo, safado”. Imagina? Sai dali preso, em alguns lugares nunca mais vai sair da prisão.

Pois aconteceu, ontem de manhã, na frente do Palácio Alvorada. Um sujeito que tem ido lá várias vezes para filmar perguntas que ele faz pra constranger simpatizantes do presidente. E dessa vez ele tentou constranger o presidente. E o presidente ficou cinco minutos conversando com ele, dando respostas, depois de todas essas ofensas. Queria saber sobre lei, reforma tributária, sobre armas, delação premiada, sobre ser apoiado pelo centrão. O presidente explicou que se um presidente não for apoiado pelo centrão, ele não consegue fazer nada, não passa nada pela Câmara, pois o centrão tem trezentos votos e a Câmara tem quinhentos e três deputados.

Agora eu quero ver alguém dizer que o presidente Bolsonaro é autoritário. Muito pelo contrário. Além de comer pastel por aí, acho que ele treinou como engolir sapo também. Porque um outro presidente já mandaria prender e impediria a gravação de tudo isso que foi gravado por todo mundo.

O presidente não faz censura. Quem faz censura é o Supremo. Dizem que essa pessoa é advogado, morador de Brasília e que serviu o exército até o início do ano. Caiu lá ou foi derrubado por alguém, aí começou a gritar e vieram as ofensas ao presidente da República. Aliás, estava acusando os manifestantes de cometer idolatria em relação a Bolsonaro.

Aeroportos
Mais aeroportos vão ter o atendimento melhorado. Agora é o de Congonhas. No leilão de ontem, vai ficar com a empresa espanhola que já está com outros aeroportos, a Aena. Está presente em Maceió, Aracaju, Recife, Juazeiro do Norte, no Ceará, além de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Está pagando R$ 2.450 bilhões, e assumindo o compromisso de investir mais R$5,8 bilhões em melhorias, não apenas para Congonhas, mas outros aeroportos além daqueles que já têm. Aqueles que também adquiriu para ficar com Congonhas: Corumbá, Ponta Porã, Santarém, Marapá, Parauapebas, Altamira, Uberlândia, Uberaba e Montes Claros. Tudo isso.

A empresa Novo Norte, brasileira, vai ficar com os aeroportos de Belém e Macapá. Já são 49 nesse governo. Olha a melhoria que acontece quando se privatiza. Não sei por que a Infraero mandava, era dona de aeroporto. Foi uma mania do governo militar de estatizar. Os portos que foram privatizados passaram a funcionar, as estradas, estão discutindo até hoje a cobrança dos pedágios, de quem paga.

No entanto, veja só o esgoto, que era de companhias estaduais e municipais. A metade das residências do país não tem esgoto, porque, foi um fracasso do estado brasileiro. Aí quando privatiza, a água do mar já fica limpa, é incrível.

Lei da Improbidade
E por fim, leis brasileiras. Como são boazinhas! A nossa justiça também. Os nossos deputados fizeram um leis que são favoráveis aos que as infringem. Essa lei da improbidade. “Ah não, eu deixei desviar, mas eu não sabia! Ah eu fiz errado, isso aqui, mas eu não sabia. Eu assumi a prefeitura, mas eu sou ignorante”.

Não, isso não é desculpa. A ninguém é lícito alegar o desconhecimento da lei. Então, por quê? Aí tem uma lei de improbidade que considera que se a pessoa fez sem querer, aí não tem problema. Só se ele fez mal-intencionado, de boa fé. Eu quero ver o Ministério Público provar essas coisas. Mas aí o Supremo, por sete a quatro, diz que a lei da improbidade não pode ser aplicada naqueles que estão sendo processados, mas ainda podem entrar com recurso.


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LULA QUER MODIFICAR A LEI DA FICHA LIMPA A SEU FAVOR

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: EFE

O ex-presidente Lula, candidato que a esquerda nacional, as empreiteiras de obras públicas e as classes intelectuais já consideram vencedor das próximas eleições presidenciais, tem algum problema com o seu projeto de governo – e, a cada dia que passa, parece mais empenhado em piorar o defeito que está travando o motor do plano mestre que propõe ao eleitorado. Lula, basicamente, não fala sobre um novo Brasil. Quer, ao contrário, voltar ao pior Brasil do passado. Fala muito pouco sobre o que pretende fazer. Em compensação, fala o tempo todo no que vai desmanchar. O problema, nessa proposta, é que Lula só promete desfazer o que está bom; não tem nenhuma ideia séria para consertar nada do que está errado, mas não para de pregar a eliminação do que está certo.

Sua última proposta de destruição é a Lei da Ficha Limpa, que dificulta a volta à vida pública de políticos condenados na justiça criminal, sobretudo por corrupção. Lula disse que a lei “é uma bobagem”; quer que ela seja revogada, dentro do que seus admiradores chamam de “revogazo”, ou a eliminação em massa de tudo aquilo que os incomoda na administração do país. A lei não impediu que o próprio Lula, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes, esteja aí disputando a presidência da República. O STF, numa das decisões mais alucinadas de sua história, simplesmente “anulou” todas as ações penais que havia contra ele. Não se disse, aí, uma única palavra sobre culpa ou sobre provas; apenas zeraram tudo, alegando que houve um engano de endereço no seu processo. Mas, assim mesmo, o ex-presidente não quer mais saber de ficha limpa para os políticos deste país. Não vale a pena correr nenhum risco; é mais seguro, na sua opinião, acabar com tudo logo de uma vez.

Lula, basicamente, não fala sobre um novo Brasil. Quer, ao contrário, voltar ao pior Brasil do passado. Fala muito pouco sobre o que pretende fazer. Em compensação, fala o tempo todo no que vai desmanchar

Lula já prometeu, em seu projeto de governo, acabar com a reforma da previdência. Também vai eliminar a reforma trabalhista e ressuscitar o imposto sindical – a extorsão de um dia de salário de cada trabalhador brasileiro, para forrar o bolso dos sindicatos. Promete revogar a independência do Banco Central. Quer fechar os clubes de tiro. Diz o tempo todo que é uma de suas “prioridades” suprimir a liberdade de expressão nas redes sociais e na televisão, para instalar o “controle social sobre os meios de comunicação”. Garante que vai anular as privatizações de empresas estatais – essas que deram prejuízo de 40 bilhões de reais nos governos petistas, e lucro de 190 bilhões em 2021. Quer, agora, acabar com a Lei da Ficha Limpa. Em matéria de destruição, é um plano e tanto.


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PETROBRAS ESPERA DESCOBRIR NOVO PRÉ-SAL NO AMAPÁ

 

Foto: Wilton Junior/Estadão

Por Denise Luna – Jornal Estadão

Empresa se prepara desde o ano passado para explorar a nova fronteira, que tem como precedente o sucesso obtido em países vizinhos

Depois que a BP e a Total desistiram de explorar a Foz do Amazonas, a Petrobras decidiu buscar sozinha o que pode ser um das maiores descobertas no Brasil após o pré-sal. Rebatizada de Amapá Águas Profundas, a expectativa da estatal é perfurar o primeiro poço na região Norte do País ainda este ano, como informa o gerente executivo responsável pela área, Mario Carminatti.

Em entrevista por escrito ao Estadão/Broadcast, Carminatti informou que desde o ano passado a empresa está se preparando para explorar a nova fronteira, que tem como precedente o sucesso obtido em países vizinhos. A região da bacia da Foz do Amazonas é considerada promissora por ter a geologia parecida com as bacias das Guianas e Suriname, onde outras empresas já fizeram descobertas relevantes de petróleo e gás, inclusive a Total.

Região da bacia da Foz do Amazonas é considerada promissora por ter a geologia parecida com as bacias das Guianas e Suriname, onde outras empresas já fizeram descobertas relevantes
Região da bacia da Foz do Amazonas é considerada promissora por ter a geologia parecida com as bacias das Guianas e Suriname, onde outras empresas já fizeram descobertas relevantes Foto: Fabio Motta/Estadão

“A base logística para o transporte aéreo das operações da perfuração do poço previsto para o segundo semestre de 2022 na região do Amapá Águas Profundas será no município de Oiapoque (AP). Os estudos sobre a infraestrutura regional foram realizados ao longo do ano de 2021 e as ações de adequação iniciarão em breve”, disse o executivo.

O primeiro poço será perfurado a 160 quilômetros do litoral Norte do Amapá, em lâmina d’água de cerca de 2.800 metros. O Capex (investimento) reservado para a nova conquista até 2026 é de US$ 2 bilhões, ou 38% do total previsto pela estatal para exploração nos próximos quatro anos.

De acordo com Carminatti, a Petrobras encontra-se em fase final dos processos de contratação e mobilização de bens e serviços para a implementação de obras de adequação do aeródromo, para permitir sua operação de forma segura em apoio às atividades marítimas de perfuração exploratória.

Infraestrutura

Para viabilizar essa operação, serão necessárias melhorias na infraestrutura de comunicação, na conectividade e na hotelaria do Amapá, informou o executivo. A empresa também planeja, assim como em outros locais onde atua, desenvolver projetos sócio-ambientais na região, que deverão constar no próximo Plano Estratégico da companhia para o período 2023-2027.

“Com a revisão anual do Plano Estratégico, são definidos em que regiões a companhia investirá e onde terá operações. Com base nesses investimentos e direcionadores, a carteira de projetos socioambientais é revista, buscando contemplar as regiões onde a Petrobras tem operação”, explicou Carminatti.

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Segundo o executivo, na margem equatorial serão adotadas soluções tecnológicas inovadoras, como ocorreu com o pré-sal, mas utilizando avanços que não existiam na época. O novo supercomputador da Petrobras, o Pégaso, por exemplo, será fundamental para a eficiência da exploração, por ter capacidade de apresentar imagens mais bem definidas sobre a desconhecida fronteira.

“Na Margem Equatorial, vamos adotar soluções conectadas com as melhores práticas de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), combinando inovação, eficiência e redução de pegada de carbono”, afirmou.

Reconhecida internacionalmente pela atuação em águas profundas e ultraprofundas, a Petrobras vai aperfeiçoar na nova fronteira no extremo do País o que aprendeu durante a exploração do pré-sal.

Serão usadas tecnologias que utilizam algoritmos de última geração; inteligência de dados e computadores de alto desempenho (HPC); ampliação da operação remota, diminuindo consideravelmente possíveis riscos ambientais; uso eficiente dos dados sísmicos, geológicos e de poços, desde as fases iniciais do projeto exploratório até o desenvolvimento dos campos, com o objetivo de reduzir intervenções; e a otimização da quantidade de embarcações especializadas e poços perfurados, com o objetivo de manter a segurança operacional e, por consequência, diminuir os impactos das atividades de exploração e produção.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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