Crescimento econômico Por Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
Fachada de construção no Caminito, ponto turístico de Buenos Aires| Foto: Pixabay
Circulam nas redes sociais comentários da TV argentina sobre o
Brasil. Admirados com o desempenho brasileiro. Aqui não sai, né? Aqui a
gente torce contra o país. A gente quer ver o país lá embaixo, como
fizemos, nós, os jornalistas, durante toda a pandemia. A gente queria
ver você em casa, trancado, morrendo de medo, um pano na cara, sem
respirar direito, e sem trabalhar, sem produzir, sem renda, sem poder
sair para a rua.
Meu Deus, a gente apoiou cada coisa. Rasgaram a Constituição e a
gente apoiou. Mandaram a gente tomar uma experiência, e a gente foi
atrás. Disseram que não tinha tratamento, e a gente acreditou, meu Deus
do céu. E agora, o resultado da nossa teimosia. Daquilo que chamavam
negacionismo, quando negacionismo é exatamente o contrário. Nos acusaram
daquilo que eles são.
Tá aí. O Brasil derrubando a inflação, subindo o PIB. E a Europa e os
Estados Unidos fazendo exatamente o oposto, subindo a inflação, subindo
os preços, havendo até escassez, queda de produção de alimentos.
Subindo juros, subindo inflação e caindo o PIB.
Empregos criados equivalem a todos os da Argentina Aí volto a
falar dos argentinos. Gustavo Segré, citado pela excelente Revista
Oeste, diz assim: “O Brasil voltou a ser a décima economia do mundo. É o
sexto mercado do mundo em recepção de investimentos diretos do
exterior, e o índice de desemprego é 9,3%, o menor desde 2015. Somados
os quase 5 milhões de empregos com carteira assinada, que serão criados
até o fim do governo Bolsonaro, foram 4,5 milhões em três anos e meio. O
Brasil terá criado tantos empregos formais quanto os existentes na
Argentina. Que são 5,8 milhões”.
Outro dado impressionante está no número de empresas. No Brasil, só
nos últimos dezesseis meses foram abertos 3,4 milhões de empreendimentos
comerciais. Nesse ritmo, chegará ao fim deste ano com 20 milhões de
empresas ativas. Isso representa 33 vezes a quantidade total de empresas
existentes na Argentina, compara Segré.
Resultados vêm antes mesmo do efeito do Auxílio Brasil
A gente tem que ouvir a Argentina, porque, aqui, a militância está
cada vez mais desesperada. Principalmente agora que a gente constata, no
Nordeste, que quem não está empregado está ganhando mais como autônomo.
O sujeito prefere ganhar 5 mil sem carteira assinada a ganhar 1,2 mil
com carteira assinada. Está se procurando gente para trabalhar no
Nordeste. As vendas subindo. As indústrias de confecções, de alimentos,
de laticínios. Todo mundo trabalhando em hora extra para entregar o
produto. As vendas crescendo, ou seja, o consumidor tá comprando. Isso
que nem começou ainda o novo Auxílio Brasil.
Isso explica as recepções que o presidente está tendo no Nordeste. Em
Recife, no fim de semana, foi uma loucura. Em seguida foi para Belo
Horizonte; antes estava no norte de Minas. Então, é o novo Brasil. Estou
falando aqui porque o pessoal omite, esconde. A boa notícia é
escondida. É uma coisa incrível que a boa notícia seja escondida.
Eu queria lembrar, porque é pitoresco. Presidente Bolsonaro, óbvio,
se vai comemorar 200 anos da Independência, tem que ser uma grande
comemoração. E a data nacional não é uma data militar. Data militar é o
Dia do Soldado, 25 de Agosto. O 7 de Setembro é uma data cívica, vai se
comemorar no país inteiro, em todas as casas desse país, em todos os
carros desse país.
Por que não fazer o 7 de Setembro em Copacabana?
Eu lembro, quando se comemorou o sesquicentenário, 150 anos, se
trouxe o corpo de Pedro I, o príncipe que proclamou a Independência, que
está depositado lá no monumento, no Riacho Ipiranga, em São Paulo.
Agora vai vir o coração dele, que ficou em Portugal, porque ele é herói
de Portugal também, lá ele é Pedro IV. Então, tem que comemorar. A
Avenida Presidente Vargas fica longe do povo. Centro do Rio de Janeiro,
pouca gente frequenta em feriado. Agora, Copacabana enche no réveillon,
porque não fazer em Copacabana?
E a ministra Cármen Lúcia deu cinco dias para o Bolsonaro explicar
por que sugere isso. Vai ter que perguntar para o prefeito do Rio de
Janeiro, é a prefeitura que autoriza desfile em logradouro público
municipal. Meu Deus do céu. Estamos discutindo a festa maior nacional.
Teve uma juíza que não queria usar bandeira, agora mais uma. Não é
iniciativa da Cármen Lúcia, ela nem pode tomar iniciativa nenhuma. É
iniciativa de um partido que tem um senador e dois deputados. Incrível.
De Brasília, Alexandre Garcia.
Integrantes do Ministério da Defesa avaliam como realizar uma
contagem extraoficial; plano de fiscalização ainda não foi oficializado
ao TSE e depende de decisão do ministro
BRASÍLIA – Representantes das Forças Armadas já discutem como realizar uma contagem paralela de votos nas eleições deste ano – medida que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem cobrado desde abril. Em conversas reservadas, integrantes do Ministério da Defesa admitiram,
pela primeira vez, que estão se preparando para a tarefa. O mais
provável até agora é que uma contagem patrocinada pelos militares use os
boletins impressos pelas urnas eletrônicas após o encerramento da
votação
Além dos boletins de urna (BUs), outra alternativa avaliada para a
contagem paralela seria ter acesso a dados retransmitidos pelos
tribunais regionais ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os boletins de urna são registros do resultado de cada equipamento,
impressos ao fim da votação. Indicam a quantidade de votos recebida por
candidato e partido, nulos e brancos. Internamente, esses votos ficam
registrados digitalmente na mídia das urnas, embaralhados para impedir a
identificação do eleitor e criptografados.
Militares lotados no comando da Defesa, que têm acompanhado o
processo de fiscalização das urnas junto ao TSE, afirmam que a decisão
de realizar a totalização de votos por conta própria ainda não foi
oficializada, tampouco comunicada ao TSE. Segundo um general, tudo
depende de uma decisão política a ser transmitida pelo ministro da
pasta, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira. Comandante supremo das Forças Armadas, Bolsonaro insiste na contagem paralela pela Defesa.
O “acompanhamento da totalização”, como vem sendo chamado na Defesa,
seria parte do plano de fiscalização dos militares, que montaram uma
equipe própria para a tarefa, formada por dez oficiais da ativa do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A Defesa afirma que age de forma
técnica para contribuir com o aperfeiçoamento da segurança e
transparência do sistema. Os argumentos costumam abastecer a campanha
política de descrédito das eleições empreendida por Bolsonaro.
A proposta foi sintetizada pelo presidente, em 27 de abril, durante
cerimônia oficial no Palácio do Planalto. Na ocasião, ele defendeu pela
primeira vez em público que as Forças Armadas contassem os votos
paralelamente à Justiça Eleitoral. Segundo o presidente, essa sugestão
havia partido dos militares.
A soma de votos pelas Forças Armadas é uma missão não prevista na
Constituição nem nas diretrizes de Defesa Nacional. A Corte Eleitoral
tem a missão exclusiva de promover as eleições, apurar e proclamar o
resultado. Bolsonaro chegou a sugerir que a apuração seja semelhante à da Mega Sena.
O TSE já desmentiu que a apuração seja terceirizada ou realizada numa
“sala secreta”. Por recomendação da Polícia Federal, a totalização é
feita na sede da Corte, usando um supercomputador fornecido por uma
multinacional de tecnologia, instalado na sala-cofre do TSE e operado
por funcionários especializados do Judiciário.
Os dados com a parcial de votos apurada em cada urna, registrados em
mídias, são transmitidos a Brasília não pela internet comum, mas sim por
meio de uma rede dedicada de acesso restrito, com criptografia e uma
série de barreiras de segurança. Nunca houve divergências no resultado.
Auditoria
Os militares entendem que a apuração por conta própria, a partir de
dados oficiais do TSE, é parte das atividades de auditoria possíveis.
O TSE decidiu publicar todos os boletins de urna online com códigos
QR, como forma de ampliar a transparência. Com isso, os militares e
outras entidades fiscalizadoras, como partidos e Ministério Público,
poderão consultar imediatamente os votos apurados e fazer somatórios
independentes. Os militares argumentam que a apuração paralela, com a
publicação dos boletins de urna na internet, pode ser feita por qualquer
cidadão e se daria dentro das regras de fiscalização estabelecidas pelo
TSE.
A resolução da Corte em vigor, aprovada em dezembro de 2021, prevê
oito momentos de atuação das entidades. A última etapa é justamente após
a totalização das eleições. É facultada então a “verificação da
correção da contabilização dos votos, por meio da comparação com os BUs
impressos”.
A equipe das Forças Armadas pediu ao TSE cópia das bases de dados dos
BUs e seu formato de publicação na internet em eleições de 2014 e 2018,
para poder estimar o esforço do desenvolvimento de programas de análise
e modelagem dos boletins.
Se optarem por esse caminho, a ideia inicial dos militares é conferir
apenas uma amostragem representativa e não todas as zonas eleitorais do
País. Durante as discussões na Comissão de Transparência Eleitoral,
eles sugeriram a possibilidade de transmissão do conjunto de dados, para
processamento da contagem por conta própria em mais de uma zona
eleitoral ao mesmo tempo.
Presidente quer Forças envolvidas em contagem
O presidente Jair Bolsonaro já disse publicamente mais de uma vez que deseja ver os militares realizando uma contagem de votos, missão que não é atribuição das Forças Armadas. Atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
nas pesquisas de intenção de voto, o presidente promove, mesmo sem
provas, uma campanha de desconfiança sobre o Tribunal Superior Eleitoral
e o sistema eletrônico de votação.
A Polícia Federal já declarou publicamente que nunca encontrou
indícios de fraude envolvendo urnas eletrônicas e que os registros de
irregularidades foram detectados quando os votos ainda eram em cédula de
papel.
De acordo com Bolsonaro, o método do TSE não tem transparência. Mesmo
sem apresentar provas, ele sustenta que houve fraudes nas eleições de
2014 e de 2018.
Além da contagem paralela de votos pelas Forças Armadas, os militares
pressionam para que o TSE adote mudanças em duas fases anteriores,
relacionadas a testes de segurança das urnas.
Em seu mais recente livro, o neurocientista Richard Restak inclui ferramentas que podem ajudar a melhorar a memória
THE NEW YORK TIMES – LIFE/STYLE – A memória vai ficando mais fraca conforme envelhecemos. Esse
é um pressuposto arraigado para muita gente. No entanto, de acordo com o
dr. Richard Restak, neurocientista, neurologista e professor da Escola
de Medicina e Saúde do Hospital Universitário George Washington, esse
declínio não é inevitável.
Autor de mais de 20 livros sobre a mente, Restak tem décadas de experiência na orientação de pacientes com problemas de memória. Seu livro mais recente, The Complete Guide to Memory: The Science of Strengthening Your Mind (O
guia completo da memória: a ciência do fortalecimento da mente, em
tradução livre), inclui ferramentas como exercícios mentais e hábitos de
sono e de alimentação que podem ajudar a melhorar a memória.
Contudo, Restak se aventura além desse território familiar,
considerando todas as facetas da memória – como ela se conecta ao
pensamento criativo, o impacto da tecnologia sobre a memória, como a
memória molda a identidade: “O objetivo do livro é superar os problemas
de memória cotidianos.” Principalmente os problemas da memória de
trabalho, situada entre a memória imediata e a de longo prazo, e
relacionada à inteligência, à coordenação e à realização. De acordo com o
neurologista, esse é o tipo de memória mais crítico, e exercícios para
fortalecê-la deveriam ser praticados diariamente. Ele acrescentou que o
reforço de todas as habilidades de memória é essencial para afastar
futuros problemas.
O médico argumenta no livro que o declínio da memória causado pelo envelhecimento não é inevitável.
Por outro lado, aponta dez “pecados” ou “obstáculos que podem levar à
perda ou à distorção das memórias”. Sete desses fatores foram descritos
pela primeira vez pelo psicólogo e especialista em memória Daniel
Lawrence Schacter – “pecados por omissão”, como a falta de concentração,
e “pecados por ação”, como as memórias distorcidas. A esses sete,
Restak acrescentou outros três: distorção tecnológica, distração
tecnológica e depressão, afirmando que, em última instância, “somos
aquilo de que nos lembramos”. Aqui vão algumas dicas de Restak para
desenvolver e manter uma memória saudável.
Preste mais atenção
Alguns lapsos de memória são, na verdade, problemas
de atenção: por exemplo, se você se esqueceu do nome de alguém que
conheceu em um coquetel, pode ser porque estava conversando com várias
pessoas naquele momento e não prestou atenção ao ouvi-lo. “A desatenção é
a maior causa das dificuldades de memória, porque significa que você
não foi capaz de codificar adequadamente aquela lembrança”.
Uma maneira de prestar atenção ao receber uma nova informação, como
um nome, é visualizar a palavra. Associar uma imagem a essa palavra pode
melhorar a lembrança, conforme exemplo do próprio Restak, que,
recentemente, precisou memorizar o nome de um médico, o dr. King (um
exemplo fácil, ele reconheceu). Assim, visualizou um médico “de avental
branco com uma coroa na cabeça e um cetro na mão, em vez de um
estetoscópio”.
Desafie sua memória diariamente
Há muitos exercícios de memória que podem ser
integrados à vida diária, como a sugestão de memorizar uma lista de
compras. Ao chegar à loja, não cheque automaticamente a lista (ou o
celular) – em vez disso, vá pegando os itens conforme se lembra deles.
Tente visualizar os produtos mentalmente e consulte a lista somente no
fim, se necessário, instruiu Restak. Se você não costuma ir ao mercado,
memorize uma receita. O neurologista acrescentou que o hábito de
cozinhar é efetivamente uma ótima maneira de melhorar a memória de
trabalho.
De vez em quando, entre no carro sem ligar o GPS e tente se lembrar
do caminho. Um pequeno estudo de 2020 sugeriu que as pessoas que usavam
GPS mais frequentemente apresentavam um declínio cognitivo da memória
espacial mais pronunciado três anos depois.
Sirva-se de jogos
Jogos como bridge e xadrez são ótimos para a memória, assim como
jogos mais simples, segundo Restak. O jogo das 20 perguntas, por
exemplo, é seu preferido para exercitar a memória de trabalho. Neste, um
grupo (ou indivíduo) pensa em uma pessoa, um lugar ou um objeto, e a
outra pessoa faz até 20 perguntas cuja resposta é sim ou não. Para
vencer o jogo, a pessoa que faz as perguntas precisa se lembrar de todas
as respostas anteriores para adivinhar a resposta correta.
Outro exercício de memória testado e aprovado por Restak requer
apenas papel e caneta, ou um gravador de áudio: primeiro, lembre-se de
todos os presidentes americanos em ordem decrescente, começando com Joe Biden e
chegando até Franklin D. Roosevelt, por exemplo, e vá tomando nota ou
gravando essa sequência; depois, repita a operação começando por
Roosevelt até chegar a Biden. Em seguida, liste apenas os presidentes do
partido democrata, e apenas os do partido republicano, e, por último,
faça uma lista em ordem alfabética.
Se preferir, experimente fazer o mesmo exercício com os jogadores do
seu time favorito ou com seus escritores preferidos. O objetivo é
envolver a memória de trabalho, “mantendo e movimentando mentalmente as
informações”, escreveu Restak.
Leia mais romances
Segundo o neurologista, um indicador precoce de problemas de memória é
desistir de ler ficção: “Quando as pessoas começam a ter dificuldades
de memória, geralmente passam a ler não ficção.”
Ao longo de décadas tratando pacientes, ele notou que a ficção requer
um envolvimento ativo com o texto, do início ao fim: “Quando chega à
página 11, você precisa se lembrar do que o personagem fez na página
três.”
Tome cuidado com a tecnologia
Entre os três novos pecados da memória incluídos por Restak, dois estão relacionados à tecnologia.
O primeiro é o que ele chama de “distorção tecnológica”. Ao armazenar
todas as informações no celular, isso significa que “você não tem
conhecimento delas, o que pode deteriorar suas habilidades mentais. Por
que se dar ao trabalho de se concentrar e se esforçar para visualizar
algo quando a câmera do celular pode fazer todo o trabalho por você?”,
escreveu.
O segundo pecado é que nossa relação com a tecnologia é prejudicial à
memória porque ela geralmente tira o foco da tarefa a ser cumprida. “Ao
longo do dia, o maior obstáculo à memória é a distração.” Uma vez que
vários dispositivos tecnológicos foram desenvolvidos com o objetivo de
viciar o usuário, acabamos nos distraindo com eles. Hoje em dia, é
possível checar os e-mails e assistir à Netflix ao mesmo tempo que
conversamos com um amigo ou andamos pela rua. Tudo isso diminui nossa
habilidade de concentração no momento presente, que é fundamental para o
processo de codificação de memórias.
Busque o suporte de um profissional de saúde mental se for necessário
O humor influencia bastante o que fazemos ou aquilo de que nos
lembramos. A depressão, por exemplo, pode diminuir muito a memória.
“Entre aqueles que são encaminhados a um neurologista por conta de
problemas de memória, muitos estão deprimidos”, afirmou Restak.
O estado emocional afeta as lembranças. O hipocampo (ou “centro de
formação de memórias”) e a amígdala (a parte do cérebro que gerencia as
emoções e o comportamento emocional) são conectados – portanto, “quando
está de mau humor ou deprimida, a pessoa tende a se lembrar de coisas
tristes”. Tratar a depressão – por meio de remédios ou psicoterapia –
geralmente também restaura a memória.
Determine se há motivo para preocupação
Restak contou que, ao longo de sua carreira, dezenas de pacientes lhe
perguntaram como melhorar a memória. Mas nem todos os lapsos de memória
são problemáticos. Por exemplo, é muito normal você não se lembrar do
local em que parou o carro num estacionamento lotado; esquecer-se de
como chegou ao estacionamento, no entanto, indica possíveis problemas.
De acordo com Restak, não há uma fórmula simples para saber o que
deve ser considerado preocupante, porque grande parte depende do
contexto. É normal, por exemplo, você se esquecer do número de seu
quarto de hotel, mas não do endereço do seu apartamento. Se estiver
preocupado, é melhor consultar um especialista.
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escrito do The New York Times
Visão do cliente Por Mateus Pestana* – Gazeta do Povo
Marketplaces, dados e as melhores estratégias para fidelizar clientes| Foto: Unsplash, Igor Miske/Reprodução
A
cultura de Sucesso do Cliente surgiu inicialmente nas empresas de
tecnologia, porém essa visão se expandiu e hoje se adapta a todas as
empresas que desejam estar mais próximas dos seus clientes, incluindo
marketplaces. Para trazer a visão do cliente como o ponto central das
estratégias, iremos abordar algumas ações que podem ser aplicadas no
setor, trazendo renovação e maior satisfação para seus compradores.
Dados como base de todas as estratégias com clientes Clientes são
difíceis de conseguir e mais ainda de se manter. Atualmente, é possível
cancelar compras, trocar de fornecedores e testar produtos diferentes
com facilidade, deixando cada vez mais desafiador aumentar índices de
novas vendas e recompra. Para vender mais para clientes atuais, é
necessário conhecer melhor seu comportamento, estreitar relacionamentos e
oferecer produtos interessantes, no momento certo, de acordo com cada
perfil para gerar maior engajamento. Para que isso aconteça, é
necessário ter estratégias focadas na análise de dados.
Dados e indicadores são os grandes norteadores de ações, eles indicam
hábitos de clientes, além de trazer uma melhor consciência sobre a
saúde do negócio. A partir desses dados, é possível identificar as
estratégias que trouxeram crescimento, aumentaram vendas ou as que
tiveram resultados negativos. Olhando para dados do passado é possível
ter uma previsão de resultados futuros, por isso utilize sempre todos os
seus indicadores para permear ações com clientes.
Ações e estratégias de Customer Success para Marketplaces Elencamos
algumas ações que podem ser criadas para o sucesso dos clientes de
marketplaces, aproximando o relacionamento com compradores. Separamos de
acordo com as fases da estratégia de CS algumas jornadas de evolução de
compras.
No Sucesso do Cliente, dividimos as comunicações por fase, de acordo
com sua evolução pós-contratação. Estas fases são: onboarding,
engajamento, retenção e expansão. Iremos definir a seguir ações de
acordo com estes momentos, voltadas sempre para o público e aspectos dos
compradores de marketplaces.
1 – Onboarding
Nesta etapa o objetivo é firmar um relacionamento inicial, atingindo
os primeiros objetivos do cliente, assim eles poderão experimentar valor
e começar a construir confiança na sua marca. Crie ações como:
Boas vindas – Inicie o contato com o seu cliente trazendo informações
importantes sobre o cadastro e agradecendo pelo interesse no seu
marketplace. Aqui é a primeira impressão que fica, então é importante
construir um relacionamento pautado na confiança e segurança,
direcionando sempre o cliente para o próximo nível, a compra.
Primeira compra – Após a primeira compra é importante deixar o
cliente informado sobre a evolução e confirmação do pedido, além de
avisar sobre atualizações na entrega até a finalização e recebimento.
Vale aqui utilizar canais diversos de comunicação como e-mail, SMS ou
Whatsapp. Não esqueça de agradecer pela preferência.
2 – Adoção e Engajamento
Após a primeira compra é importante manter o relacionamento com o
cliente, para que ele esteja sempre engajado e conhecendo as novidades
do seu marketplace. Acompanhe os dados comportamentais para identificar
os produtos que o cliente possui interesse, antecipar intenções de
compras e gerar vendas futuras.
Promoções – Envie informativos de promoções de produtos que o
clientes já mostrou interesse ou itens similares, utilizando diversos
canais de comunicação. Aproveite também datas comemorativas e queimas de
estoque para manter o desejo de compra ativo.
Programa de fidelidade – Outra oportunidade para manter o engajamento
é a criação de programas de fidelidade que trazem benefícios exclusivos
para membros, favorecendo clientes que são fiéis a sua marca e
incentivando-os a comprarem mais e indicarem sua empresa.
3 – Retenção
É importante manter a atenção a obstáculos que podem surgir durante o
processo de vendas, algumas ações de retenção podem fazer a diferença
entre a evolução da compra ou o seu cancelamento. Pensando nisso,
elencamos ações de retenção para marketplaces:
Carrinho abandonado – Utilize os dados de carrinho para enviar
comunicações sobre abandono e incentivar clientes a finalizarem as suas
compras para não perder vendas.
Régua de cobrança – Formatos de pagamento como boleto, necessitam de
maior estruturação na comunicação para manter o cliente engajado, envie o
título após a finalização da compra e informe claramente o prazo de
pagamento.
Ações com clientes detratores – Envie pesquisas de pós-compra, de
acordo com as notas tente entender se houveram problemas e entre em
contato com clientes detratores, demonstrando interesse e a busca de uma
solução para a situação. Se a experiência ruim for alterada para
positiva o cliente pode voltar a comprar no futuro.
4 – Expansão Fortaleça ainda mais o relacionamento com clientes,
enviando mensagens personalizadas que apresentam produtos que já tenham
comprado para que possam voltar a adquirir, indique também outras opções
similares ou novos produtos de interesse de acordo com dados de
comportamento.
Recompra – Utilize dados de interesse do cliente para aumentar o
índice de recompra de pedidos, enviando comunicações automáticas que
apresentam diferenciais, promoções e incentivos a uma nova compra.
Cupons de desconto – Envie por diversos canais de comunicação cupons
de desconto em datas comemorativas, ou para categorias de produtos
específicos que o clientes já possa ter demonstrado interesse,
incentivando novas compras.
O acompanhamento de indicadores de Marketplaces Analise seus
indicadores de perto, verificando sempre a sua evolução. Essas
informações devem nortear as ações, desde a criação até a avaliação da
sua efetividade, colhendo os resultados no comparativo de tempo. Por
este motivo é necessário que a gestão possua acesso a indicadores de
forma simplificada a ágil, para que a tomada de decisões seja pautada na
consolidação dos resultados de vendas, informações de comportamento de
clientes, dados de pedidos e estoque.
Alguns indicadores principais são:
Produtos adquiridos Performance vendas no marketplace Frequência de Compra Variedade de cesta Quantidade de SKU’s distintos Estoque Quantidade de fornecedores/indústrias Inadimplência NPS
A importância do Customer Success para Marketplaces A revisão da
cultura empresarial, aderindo ao Customer Success pode não ser a decisão
mais simples para gestores de marketplaces, porém é esta visão que irá
aproximá-los dos clientes, ajudando na compreensão de comportamentos,
hábitos e necessidades.
A utilização de dados de clientes permite criar uma visão mais ampla
sobre o que é importante para eles, trazendo a oportunidade de adaptar a
operação da empresa para entregar melhores experiências e maior valor a
cada venda. Veja alguns benefícios que a cultura do Sucesso do Cliente e
a utilização de uma plataforma específica podem trazer para sua
empresa:
Automatização da jornada – Crie uma jornada do cliente personalizada e
automatizada, para orientar clientes a uma melhor experiência,
deixando-os mais engajados e gerando mais vendas. Engajamento no
programa de benefícios – Gerencie um programa de fidelidade para
entregar benefícios exclusivos aos clientes fiéis da sua marca. Escala
do time de relacionamento – Automatize as comunicações com clientes
para ganhar maior escala com seu time de relacionamento, entrando em
contato somente com clientes que realmente precisam de atenção. Aumento
da base de clientes – Ganhe destaque com comunicações personalizadas,
baseadas no comportamento e necessidade de cada cliente, gerando mais
vendas. Aumento da frequência de compra – Evolua as ações com
clientes a partir de dados, enviando lembretes sobre produtos de
interesse na frequência ideal para a recompra. Aumento da retenção
dos clientes – Fortaleça o relacionamento para ter clientes mais
satisfeitos e engajados com a sua empresa, que se tornam verdadeiros
promotores da sua marca.
*Mateus Pestana é CEO e Co-fundador da SenseData, primeira plataforma
de Gestão de Customer Success da América Latina. Está entre os 100
principais estrategistas sobre o tema no mundo. Apaixonado por clientes e
tecnologia, Mateus sempre esteve envolvido com Customer Success e já
ministrou mais de 200 eventos entre palestras e workshops.
Outro dia, enquanto eu estava lendo os comentários na newsletter, encontrei esse:
“Mais conteúdos sobre a Geração Z, por favor. Preciso conhecê-la”
Todos nós precisamos, já que os nascidos no final de 1990 ao início de 2010 chegaram ao mercado de trabalho.
Isso significa que essa geração (da qual eu não faço parte e,
possivelmente, você também não), é a nova integrante dos times na firma —
e promete revolucionar o mercado de trabalho.
Entenda
Agora começa a acontecer o chamado choque geracional, onde pessoas de
diferentes visões e comportamentos trabalham juntas. Para as empresas, é
importante conhecer esse novo perfil para atrair e reter os melhores
talentos.
Por exemplo, a Geração Z traz uma visão que antes era pouco comum no
mundo corporativo: a de equilibrar a vida pessoal e a profissional. Para
ela, é o fim da era workaholic.
O que vale é a experiência e a busca pela verdade. Rejeitam rótulos e
são altamente analíticos e pragmáticos ao tomar decisões e
relacionar-se com empresas. É o que mostra uma pesquisa feita pela
McKinsey.
Não acreditam em jornada fixa de trabalho, mas sim na qualidade das
entregas e em passar menos tempo na empresa. Algumas companhias já
entenderam isso e implementaram modelos de trabalho diferentes na
rotina, como semana mais curta, horário flexível e contratação de nômade
digital — pessoas que trabalham enquanto viajam.
Mas não para por aí. Saúde mental também é um ponto importante para a
GenZ. A título de curiosidade, foram publicados 111% mais podcasts
sobre o assunto no primeiro trimestre de 2022 quando comparado com o
mesmo período em 2021, segundo dados do Spotify. Não à toa, programas de
bem-estar e cuidado com a saúde mental foram implementados em empresas.
Além disso, os valores e propósito são importantes para essa geração,
e se o seu produto não se enquadra a eles, sinto dizer: o talento não
vai trabalhar para a sua empresa.
Viu só como o comportamento da GenZ tem mudado o mercado de trabalho?
O que fazer?
O primeiro passo é entender o perfil dessa geração. Se você leu o bloco acima já eliminou esta etapa.
Depois, vale criar estratégias corporativas de acordo com o
comportamento. Por exemplo, vai entrevistar candidatos à uma vaga da
GenZ? Que tal apostar em entrevista no metaverso, já que essa geração é
nativa digital? Por mais que possa parecer surreal (eu sei, o novo
assusta) pode ser uma boa opção para criar uma conexão com esses
profissionais.
A mesma análise vale para o equilíbrio pessoal e profissional: o que a
sua companhia poderia criar ou reformular para atrair e reter o
trabalhador da GenZ?
Outro ponto: capacite a sua equipe. Ela deve ter soft skill
necessária para lidar com uma geração diferente da deles. Afinal, a
diversidade, incluindo a geracional, é uma das formas de criar novas
ideias, de inovar.
Resumindo:
A Geração Z chega no mercado de trabalho com comportamento diferente
das anteriores. Por isso, para atrair e reter o talento da GenZ, é
importante conhecer o perfil dela e criar modelos de trabalho e
benefícios corporativos que atendam às suas necessidades. Afinal, quanto
mais diverso o time — incluindo geracional — mais inovações o seu
negócio pode ter.
CARACTERÍSTICAS DA VALEON
Perseverança
Ser perseverante envolve não desistir dos objetivos estipulados em
razão das atividades, e assim manter consistência em suas ações. Requer
determinação e coerência com valores pessoais, e está relacionado com a
resiliência, pois em cada momento de dificuldade ao longo da vida é
necessário conseguir retornar a estados emocionais saudáveis que
permitem seguir perseverante.
Comunicação
Comunicação é a transferência de informação e significado de uma
pessoa para outra pessoa. É o processo de passar informação e
compreensão entre as pessoas. É a maneira de se relacionar com os outros
por meio de ideias, fatos, pensamentos e valores. A comunicação é o
ponto que liga os seres humanos para que eles possam compartilhar
conhecimentos e sentimentos. Ela envolve transação entre pessoas. Aquela
através da qual uma instituição comunica suas práticas, objetivos e
políticas gerenciais, visando à formação ou manutenção de imagem
positiva junto a seus públicos.
Autocuidado
Como o próprio nome diz, o autocuidado se refere ao conjunto de ações
que cada indivíduo exerce para cuidar de si e promover melhor qualidade
de vida para si mesmo. A forma de fazer isso deve estar em consonância
com os objetivos, desejos, prazeres e interesses de cada um e cada
pessoa deve buscar maneiras próprias de se cuidar.
Autonomia
Autonomia é um conceito que determina a liberdade de indivíduo em
gerir livremente a sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias
escolhas. Neste caso, a autonomia indica uma realidade que é dirigida
por uma lei própria, que apesar de ser diferente das outras, não é
incompatível com elas.
A autonomia no trabalho é um dos fatores que impulsionam resultados dentro das empresas. Segundo uma pesquisa da Page Talent, divulgada em um portal especializado, 58% dos profissionais no Brasil têm mais facilidade para desenvolver suas tarefas quando
agem de maneira independente. Contudo, nem todas as empresas oferecem
esse atributo aos colaboradores, o que acaba afastando profissionais de
gerações mais jovens e impede a inovação dentro da companhia.
Inovação
Inovar profissionalmente envolve explorar novas oportunidades,
exercer a criatividade, buscar novas soluções. É importante que a
inovação ocorra dentro da área de atuação de um profissional, evitando
que soluções se tornem defasadas. Mas também é saudável conectar a
curiosidade com outras áreas, pois mesmo que não represente uma nova
competência usada no dia a dia, descobrir novos assuntos é uma forma
importante de ter um repertório de soluções diversificadas e atuais.
Busca por Conhecimento Tecnológico
A tecnologia tornou-se um conhecimento transversal. Compreender
aspectos tecnológicos é uma necessidade crescente para profissionais de
todas as áreas. Ressaltamos repetidamente a importância da tecnologia,
uma ideia apoiada por diversos especialistas em carreira.
Capacidade de Análise
Analisar significa observar, investigar, discernir. É uma competência
que diferencia pessoas e profissionais, muito importante para contextos
de liderança, mas também em contextos gerais. Na atualidade, em um
mundo com abundância de informações no qual o discernimento,
seletividade e foco também se tornam grandes diferenciais, a capacidade
de analisar ganha importância ainda maior.
Resiliência
É lidar com adversidades, críticas, situações de crise, pressões
(inclusive de si mesmo), e ter capacidade de retornar ao estado
emocional saudável, ou seja, retornar às condições naturais após
momentos de dificuldade. Essa é uma das qualidades mais visíveis em
líderes. O líder, mesmo colocando a sua vida em perigo, deve ter a
capacidade de manter-se fiel e com serenidade em seus objetivos.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil – 28/6/2021
Por Weslley Galzo
De 13 processos em andamento na Corte, presidente desrespeitou o limite de tempo em 11 ações e não se manifestou em duas delas
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BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro ignorou todos os prazos de pedidos de explicações dados a ele pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 13, dos 150 processos contra o governo que tramitam na Corte, os
ministros deram entre cinco e 15 dias para manifestação da defesa.
Levantamento do Estadão mostra que, na maioria das vezes, Bolsonaro descumpriu o limite de tempo. Também há casos em que ele ignorou a Corte.
Desde o início do mandato, Bolsonaro mantém uma relação conflituosa com os magistrados, a quem acusa de ativismo judicial.
O presidente já ameaçou inúmeras vezes descumprir decisões da Suprema
Corte. No caso dos pedidos de explicações, ele não é obrigado a
responder. Segundo juristas, porém, isso significa que as ações serão
julgadas sem que o chefe do Executivo tenha apresentado seus
esclarecimentos.
Das 13 solicitações, 11 foram respondidas fora do prazo e duas foram
ignoradas. Um dos casos segue sem resposta há mais de um mês após o fim
do limite de tempo determinado.
Na última sexta-feira, a ministra Cármen Lúcia fez mais um pedido de
explicações ao presidente. Deu cinco dias para ele expor os motivos da mudança do desfile de 7 de Setembro do centro do Rio para Copacabana.
Ação proposta pela Rede sustenta que a alteração no local da parada
militar teria motivação política. O prazo de resposta começa a contar
quando a Presidência da República for notificada.
Não é raro ministros estenderem “prazos irrevogáveis” para aguardar
respostas de Bolsonaro. No dia 3 de dezembro do ano passado, a ministra
Rosa Weber determinou que o presidente se manifestasse em até 15 dias
sobre a acusação pela CPI da Covid do Senado de que praticou charlatanismo ao defender medicamentos sem eficácia para a covid-19.
Passados dois meses e 20 dias do prazo, o presidente não havia se
manifestado. Em 23 de fevereiro deste ano, a ministra, então,
estabeleceu novo “prazo improrrogável” para que Bolsonaro apresentasse
sua versão. A resposta só veio, enfim, 19 dias depois do segundo limite
de tempo.
Os prazos curtos visam atender o contraditório, garantir o
diálogo institucional entre os Poderes, evitar decisões monocráticas sem
a escuta do outro Poder.”
Wallace Corbo, professor de Direito Constitucional da FGV-Rio
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Depois de ignorar a ministra, Bolsonaro respondeu que suas
declarações públicas em defesa de tratamentos comprovadamente ineficazes
para o tratamento da covid-19 foram feitas no “exercício da liberdade
de expressão” e argumentou que “a opinião política eventualmente
divergente não pode ser interpretada como fruto de ilícitos criminais”.
Com base na explicação, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra
Araújo, pediu, em julho, o arquivamento do caso.
Bolsonaro também ignorou questionamentos do Supremo mais de uma vez.
No início de junho, o ministro Dias Toffoli deu cinco dias para que o
governo explicasse a ordem de reajuste de 15,5% nos preços dos planos de
saúde, anunciada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O
presidente nunca respondeu.
A ANS, também questionada, apresentou uma explicação da sua parte
oito dias depois do prazo. O processo foi encaminhado para a
Procuradoria-Geral da República apresentar parecer e deve retornar ao
gabinete de Toffoli, que terá de tomar a decisão sem as justificativas
do presidente.
O presidente adotou o mesmo comportamento quando foi cobrado a
explicar ataques a adversários políticos. Foi notificado por críticas ao
então governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Só
respondeu 17 dias após o prazo. Quando o alvo foi a ex-presidente Dilma
Rousseff (PT), Bolsonaro tinha 15 dias para se justificar. Manifestou-se
seis dias após o prazo.
Além de não cumprir os prazos da Justiça, Bolsonaro, quando se
manifestou, deu respostas evasivas na maioria dos casos. Em junho, o
ministro André Mendonça estabeleceu prazo de dez dias para que o governo
explicasse o sigilo imposto aos registros de visitantes do Palácio do
Planalto e a outros atos do governo.
As respostas da Presidência chegaram cinco dias após o prazo
determinado e repetiram dados veiculados pela imprensa, como o número de
vezes em que os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos estiveram na
sede do governo.
Além dos 13 procedimentos em que houve solicitação de respostas, os
demais processos no Supremo não avançaram e nem chegaram à fase de
pedido de esclarecimentos ou mais informações.
O STF tem o poder de pedir explicação com base no sistema de
freios e contrapesos, até porque essas explicações vêm por meio de
processos e representações que partidos políticos têm feito contra atos
de gestão do presidente.”
Renato Ribeiro, professor de Direito da USP
O professor de Direito Constitucional Wallace Corbo, da Fundação
Getulio Vargas (FGV-Rio), disse que o presidente pode ignorar os pedidos
de explicação do Supremo, mas isso tem consequência: a Justiça terá de
decidir sem saber o que o Executivo tem a dizer. Além de, segundo ele,
expor a falta de deferência do presidente em relação à Corte.
Os pedidos de informação estão previstos em três leis diferentes que
organizam a tramitação de algumas das principais ações que chegam ao
Supremo. “Prazos curtos visam atender o contraditório, garantir o
diálogo institucional entre os Poderes, evitar decisões monocráticas sem
a escuta do outro Poder afetado por isso”, afirmou.
PRERROGATIVA
Professor de Direito da USP, Renato Ribeiro disse que o pedido de
informações está previsto na legislação e avalia que não há abuso da
Corte. “O STF tem o poder de pedir explicação com base no sistema de
freios e contrapesos, até porque essas explicações vêm por meio de
processos e representações que partidos políticos têm feito contra atos
de gestão do presidente. O STF tem, portanto, a prerrogativa de pedir
informações e pode decidir sem elas, caso não sejam apresentadas pelo
presidente”, afirmou.
O levantamento do Estadão identificou que boa parte
dos pedidos de explicação ocorreu durante a pandemia de covid-19. Em
março do ano passado, Bolsonaro disse que “tiranos” estavam esticando a
corda ao determinar medidas restritivas. Na ocasião, o presidente
afirmou a apoiadores que poderiam “contar com as Forças Armadas pela
democracia e pela liberdade”.
O caso chegou ao STF e ficou sob a relatoria do então ministro Marco
Aurélio Mello. Ele pediu explicações, mas Bolsonaro solicitou que o caso
fosse arquivado, sob o argumento de que as declarações tinham “cunho
político, sem destinatário certo e específico”. Foi atendido.
De boleto falso a Pix de emergência: vítimas de golpe contam como foram enganadas
Atenção ao smartphone é fundamental: ele é o principal alvo de bandidos que querem tirar dinheiro do consumidor
Celulares tornaram-se
o centro de nossas vidas, reunindo em um único aparelho informações
pessoais, de trabalho e também financeiras. Exatamente por isso, bandidos visam esses smartphones em
furtos ou roubos. Proteger o aparelho para evitar que os criminosos
tenham acesso a dados sensíveis, como e-mail ou contas bancárias,
tornou-se primordial para garantir a segurança no mundo digital.
Abaixo, listamos algumas dicas de proteção, classificadas por
complexidade. O nível básico, por exemplo, é mais simples de realizar,
mas também consegue ser contornado mais facilmente por bandidos. Já o
nível avançado dá mais trabalho para executar, mas oferece barreiras
maiores.
Independentemente do nível de dicas que você adotar, é sempre bom ter
em mente que não existe solução mágica contra crimes digitais. O
importante é ter atenção máxima e exigir de autoridades e instituições
investimento no combate a fraudes no ambiente online.
Nível básico de segurança
1) Use senhas alfanuméricas (incluindo símbolos e combinando letras
minúsculas e maiúsculas) diferentes para cada cadastro, como em redes
sociais e e-mail;
2) Use sequências numéricas aleatórias em instituições financeiras,
como senhas de cartões ou credenciais em aplicativos bancários (nada de
datas comemorativas ou números sequenciais óbvios);
3) Ative a verificação em duas etapas com número de celular ou e-mail;
4) Coloque senha no chip (SIM) da operadora, o que irá impedir que
ladrões insiram o cartão em outro aparelho e tenha acesso ao seu número;
5) Desconfie sempre: não clique em links duvidosos ou dê informações
pessoais, mesmo que o pedido parta de um contato conhecido – esses podem
ser casos de “phishing”, quando o criminoso tenta extrair informações
de você;
6) Ative todas as biometrias do seu aparelho, como leitores de
digitais e de rosto, que ajudam a criar uma camada a mais de segurança.
Nível intermediário de segurança
1) Tenha senhas aleatórias, complexas e impossíveis de decorar: use
apps específicos (1Password, Last Password) ou ferramentas nativas de
navegadores (Google Chrome e Safari), que criam senhas completas e as
colocam em um “cofre” na nuvem;
2) Ative senhas de uso único como outra etapa de verificação. Essas
senhas são números aleatórios que funcionam como um segundo código para
fortalecer a conta. Elas são criadas por apps próprios (Google
Authenticator, Microsoft Authenticator, Authy, 1Password). Redes
sociais, e-mails e outras plataformas permitem ativar o recurso;
3) Entre em contato com a sua instituição financeira e diminua
limites diários de transferência (DOC, TED e Pix), saques e empréstimo
pré-aprovado; em alguns casos, essas funções podem ser alteradas via
aplicativo;
4) Considere incluir um contato de confiança em sua família iCloud
(Apple), permitindo que familiares possam apagar o dispositivo à
distância rapidamente em caso de roubo — Android (Google) não tem o
recurso.
Nível avançado de segurança
1) Comprar uma chave de segurança física para recuperação de senha e
logins, como Titan (do Google), Yubico e OnlyKey — os preços, no
entanto, podem ser salgados, ultrapassando a faixa dos R$ 800. Esses
objetos são pequenos e podem ser guardados em chaveiros, por exemplo;
2) Gere e imprima códigos de backup alternativos, que são uma série
de senhas criadas automaticamente pelo próprio cadastro dos serviços.
Esses códigos devem ser guardados em casa em local seguro, de modo que o
acesso seja facilitado para recuperar as contas como última tentativa
quando todos os outros métodos de proteção e recuperação de conta
falham. Google, Facebook e Microsoft possuem esse recurso e ensinam a
fazer o passo a passo;
3) Caso tenha adotado um app do tipo gerador de senhas (Google
Autenticathor, Microsoft Autenticator, Last Password, 1Password), apague
todas as senhas salvas dos navegadores (como Google Chrome e Safari)
para evitar brechas. Aqui, a ideia é concentrar todas as suas senhas em
um lugar mais seguro;
4) Crie um “e-mail secreto” a que só você tem acesso: essa conta não
pode estar salva em nenhum dispositivo do cotidiano, deve ter senhas
fortes e autenticação em dois fatores ativada. Será por esse e-mail que
você fará recuperação das contas mais importantes, como Google, Apple e
Facebook;
5) Deixe um dispositivo em casa (como um tablet ou celular velho)
para ser o local por onde você acessa seu e–mail “secreto”, apps
próprios de senhas ou até de instituições financeiras que são menos
utilizadas, por exemplo.
Pela primeira vez desde que se consolidou como gigante da internet, empresa americana vê domínio ser colocado em xeque
“Como limpar o vidro do box do banheiro?”, “receitas com sassami de
frango” e “formas de dobrar roupas” são algumas das perguntas para as
quais Amanda Alt, 31, já procurou respostas na internet. Até bem pouco
tempo atrás, o lugar óbvio para fazer isso seria o Google, mas a gerente de projetos optou por um caminho aparentemente inusitado: o TikTok.
Popular entre os mais jovens, já faz algum tempo que o app chinês
deixou de ser um “aplicativo de dancinhas”. Com vídeos curtos e
espertos, o serviço passou a ser um repositório de conteúdo sobre
praticamente qualquer assunto: de culinária e limpeza doméstica a
autoajuda e conselhos para adolescentes desiludidos no amor. Em pouco
tempo, a nova vocação do serviço passou a desafiar o Google naquilo que
tornou a companhia em um gigante: buscas na internet.
“Um dia, percebi que estava indo primeiro ao TikTok para fazer
buscas. Funciona muito bem para dicas domésticas ou receitas”, diz
Amanda, que utiliza o app desde 2019. “O Google tem sido menos utilizado
nesses casos, porque os primeiros resultados trazem informações
repetidas ou são de conteúdos patrocinados que não me interessam.”
A estudante Sabrina Rocha, 23, concorda. “O Google traz muitas
respostas contraditórias. Já no TikTok, eu posso ver vídeos e postagens
de pessoas ‘comuns’ respondendo minhas dúvidas de forma direta”, conta
ela.
Os criadores de conteúdo do app, claro, perceberam a tendência e
passaram a recomendar serviços e produtos e a dialogar diretamente com o
usuário, sem links e ou resultados patrocinados. “O maior diferencial
entre o Google e o TikTok é a troca de experiências entre os usuários”,
observa Sabrina.
Ameaça
É uma mudança de paradigma que pode estar tirando o sono dos
executivos do Google. O novo hábito afeta diretamente o negócio da
companhia, que se consolidou nos últimos 24 anos como o lugar favorito
da internet para realizar qualquer pesquisa.
A empresa já reconheceu os novos ventos, vindos principalmente da
Geração Z, os nascidos depois dos anos 2000. “Em nossos estudos, cerca
de 40% dos jovens não vão ao mapa ou à ferramenta de busca do Google
quando procuram onde almoçar. Eles vão ao TikTok ou ao Instagram”, disse
Prabhakar Raghavan, executivo da gigante da tecnologia na área de
conhecimento e informação, em evento organizado pela revista americana
Fortune em julho passado. Segundo ele, as gerações mais novas querem
conteúdo imersivo, com formatos “ricos”, como vídeos.
“Essa não é a primeira vez que uma companhia desafiou a ferramenta de buscas do Google”, explica ao Estadão Nikhil Lai, analista da consultoria americana Forrester. O Yahoo! e o Bing (da Microsoft)
também estão na corrida, mas o líder permanece com mais de 85% da fatia
do mercado há 10 anos. “Mas eu não considero esses nomes como
desafiantes, e sim o TikTok.”
Briga de titãs
Nascido há 6 anos, o TikTok já é um gigante, com 755 milhões de
usuários ativos mensais, segundo a consultoria eMarketer — a firma
exclui da contagem perfis falsos e de marcas, por isso número é inferior
ao 1 bilhão de contas comemoradas pela ByteDance (dona
do TikTok) em setembro de 2021. Em dezembro de 2021, o aplicativo
chinês foi o site de maior acessos no mundo naquele mês e superou o
Google.
“O aumento do tráfego mostra como o TikTok continua se adaptando e
fornecendo maneiras para os consumidores descobrirem produtos”, diz à
reportagem o analista Greg Carlucci, da consultoria americana Gartner.
“Mas ainda é muito cedo para avaliar o impacto direto que o app vai ter
em todos os mecanismos de busca.”
De fato, os números indicam que o TikTok ainda tem um longo caminho a
percorrer para atingir o mesmo patamar do Google. A plataforma chinesa
soma quase US$ 6 bilhões em receita de publicidade no mercado americano,
segundo a eMarketer. O valor é inferior aos mais de US$ 20 bilhões
anuais que o YouTube, do Google, recebe em anúncios.
O Google não pode se dar ao luxo de perder a batalha contra o TikTok
Nikhil Lai, analista da Forrester
Isso, porém, não significa que o Google não esteja se movimentando
para conter os avanços do novato. Em julho de 2021, o YouTube lançou o
Shorts, serviço de vídeos curtos, verticais e rápidos — a inspiração no
rival é clara. A ideia é que youtubers tenham as duas possibilidades no
momento da criação, seja algo mais rápido, seja algo com minutagem mais
longa. Vai caber ao usuário escolher o que deseja.
“Como o TikTok tem conteúdos menores e rápidos, não costumo fazer
buscas no YouTube, apenas no caso de o app trazer um resultado
insatisfatório”, comenta Sabrina.
Amanda faz uso semelhante. “Vou ao YouTube quando preciso de mais
detalhes, como uma aula mais complexa ou algo que possua um passo a
passo mais longo”, diz ela, que ainda não foi convertida ao Shorts.
Outra manobra do Google é a inclusão de vídeos de outras plataformas
na ferramenta de buscas, e não só o YouTube. Agora, conteúdos do TikTok e
Instagram começam a aparecer nos resultados de pesquisas da companhia.
A luta se justifica. “Buscas são a propriedade mais lucrativa do
Google, representando 58% do total da receita da Alphabet (controladora
da empresa) no primeiro trimestre deste ano”, aponta Lai, da Forrester.
“O Google não pode se dar ao luxo de perder essa batalha.”
Incertezas em relação à economia global reduzem espaço para cumprir
promessas de campanha e já afetam popularidade de governantes do grupo
na região
Com a ascensão em série de líderes de esquerda na América Latina, um sentimento de euforia tomou conta de políticos, intelectuais e militantes do grupo espalhados pela região e pelo mundo.
Não apenas pelas derrotas impostas às forças de direita e de centro-direita que estavam no poder em vários países, como Colômbia, Chile, Peru, Bolívia e Honduras. Mas pela expectativa de que um novo tempo, supostamente mais favorável, estaria se anunciando.
Na miragem da turma, que enxerga florestas exuberantes onde só existe
a areia escaldante dos desertos, os mandatários de esquerda conseguirão
tirar a economia regional do marasmo em que se encontra e reduzir a
desigualdade e a pobreza – um mal crônico que está presente, em maior ou
menor grau, em toda a América Latina. No limite, acredita-se que os
“ungidos” conseguirão promover o desenvolvimento econômico em ritmo
chinês e garantir uma qualidade de vida sueca aos cidadãos.
Aqui no Brasil, onde a esquerda permaneceu no poder sob o comando do
PT por quase 14 anos, entre 2003 e 2016, a esperança do pessoal é de
que, nas eleições de outubro, com uma eventual vitória do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva – o eterno candidato do partido à Presidência –
será possível reviver os “anos dourados” que ele teria propiciado aos
brasileiros em seus dois mandatos (2003-2010).
A realidade, porém, impõe outra narrativa, que contrasta com a que
prospera no imaginário da esquerda latino-americana e se propaga por aí
em ritmo de bate-estaca. No mundo real, nem o passado da esquerda na
América Latina foi róseo como eles dizem nem o presente sugere que o
futuro, será.
Nesta reportagem, que complementa o ‘pacote” de apresentação da série
sobre as experiências de governo da esquerda na América Latina, o
Estadão mostra que os líderes do grupo não terão vida fácil, como
tiveram seus correligionários nos anos 2000, quando houve uma primeira
onda de esquerda na região.
“Os fatores que estão levando a esquerda a ganhar as eleições são os
mesmos que vão dificultar a capacidade de governar, restringindo o que
eles podem entregar e fazer”, diz o cientista político Christopher
Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia, uma consultoria
internacional especializada em avaliação de riscos.
Classe média emergente
No início dos anos 2000, durante a “primeira onda”, a situação era
muito mais favorável. Sobrava dinheiro no mundo. As taxas de juro nos
países desenvolvidos estavam em queda. A China crescia na faixa de 10%
ao ano, alavancando a economia mundial, e a globalização impulsionava o
comércio internacional numa escala sem precedentes.
Com isso, a demanda por alimentos e matérias primas explodiu, levando
os preços de produtos como petróleo, minérios, soja e carnes à
estratosfera – um fenômeno que se tornou conhecido como “boom das
commodities”. Uma enxurrada de dólares inundou os países
latino-americanos, que estão entre os maiores exportadores de
commodities do planeta.
Foi isso e não a ideologia dos governantes que estavam no poder na
região, segundo os analistas ouvidos pelo Estadão, que viabilizou os
tempos de bonança, marcados pela expansão da classe média emergente,
pelo crescimento da economia, pela redução do desemprego e pelo aumento
da renda dos trabalhadores.
Foi esse quadro também, em essência, que criou as condições para que
governos de esquerda no Brasil, na Argentina e em outros países
latino-americanos se reelegessem, onde a reeleição é permitida, e
ficassem longos períodos no poder. Foi um ciclo economicamente tão
favorável que a colheita política se deu, de certa forma,
independentemente da capacidade de gestão de quem estava no governo. “É
claro que os governantes ganharam muito com isso”, afirma Garman.
Promessas generosas
Alguns analistas falam também que as reformas liberalizantes
realizadas em alguns países nos anos 1990, antes da chegada da esquerda
ao poder, também deram a sua contribuição para a decolagem da economia,
ao reduzir a intervenção do Estado, privatizar estatais e buscar o
equilíbrio das contas públicas.
“Eles herdaram as reformas dos anos 1990, que abriram a economia da
região, gerando uma dinâmica muito propícia ao crescimento e ao
investimento. O boom de commodities impulsionou um fenômeno que já
estava acontecendo”, diz o escritor e historiador Alvaro Vargas Llosa.
Apesar de ser mais conhecido como coautor dos livros Manual do Perfeito Idiota Latino-americano e A volta do idiota, ele também incursiona pelo mundo das finanças – é autor do livro Todo amador confunde preço e valor, sobre investimentos.
Hoje, de acordo com quem acompanha de perto os acontecimentos na
América Latina, o cenário político e econômico regional e global está
bem mais hostil do que o da primeira onda de esquerda. Isso deverá
dificultar muito o cumprimento mínimo das promessas generosas de
campanha feitas pela esquerda.
Agora, embora os preços das commodities também estejam em alta,
turbinados pelos desarranjos provocados na cadeia produtiva global pela
pandemia e pela guerra na Ucrânia, nuvens carregadas pairam sobre a
economia mundial.
A inflação deu um salto em todo o mundo – e a América Latina não é
uma exceção. Na Argentina, governada pelo peronista Alberto Fernández,
as taxas estão na faixa de 65% ao ano, trazendo de volta o fantasma da
hiperinflação, que assombrou o país nos anos 1980 e 1990. No Chile,
agora governado pelo esquerdista Gabriel Boric, a taxa anual, estimada
pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em 7,5% para 2022, já está em
12,5%, a maior desde 1994.
Na Venezuela, a alta de preços em 2022 deve ficar em torno de 500%,
conforme as previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional), com base
nas poucas informações divulgadas pelo governo sobre a economia do país.
Em Cuba, um dos países mais fechados do mundo, cujo “espírito
revolucionário” ainda alimenta o imaginário de boa parte da esquerda
latino-americana, inclusive no Brasil, os trabalhadores perderam quase
um quarto de sua renda nos 12 meses encerrados em maio, segundo os dados
disponíveis (veja o quadro).
Margem de manobra
Além da alta generalizada de preços, a economia global desacelerou. A
Europa e os Estados Unidos estão no limiar de uma recessão. Os juros,
que registraram recordes de baixa no boom das commodities, agora estão
em alta na maioria dos países, para domar a disparada dos preços,
afetando de forma negativa a atividade econômica e o fluxo de recursos
para as economias emergentes como a América Latina. Trata-se de um
quadro típico do que os economistas costumam chamar de “estagflação”, a
combinação perversa de inflação alta com estagnação econômica.
“É um cenário que não se vê desde os anos 1970, quase meio século
atrás”, afirma Llosa. “O cenário atual não é mais aquele de meados do
ano 2000, quando houve um superciclo de commodities. Hoje, não há muita
margem para fazer política social, política fiscal, política econômica
no sentido amplo”, diz Pedro Mendes Loureiro, professor associado na
área de estudos latino-americanos da Universidade Cambridge, na
Inglaterra.
Mesmo que a alta das commodities continue por algum tempo e ajude a
engrossar a arrecadação de impostos, em decorrência do aumento da
inflação e da base de cálculo das contribuições, isso só deve atenuar os
problemas. “É claro que a alta dos preços das commodities pode ajudar
no curto prazo, mas a inflação vai levar ao aumento dos juros e isso
obviamente vai machucar a região”, diz Vargas Llosa. “Isso será também
um desafio muito grande para esses governos de esquerda.”
Há também dificuldades políticas pela frente. Vários governantes de
esquerda latino-americanos não têm maioria parlamentar, nos países em
que a democracia existe, para poder aprovar medidas de seu interesse.
É o que acontece, por exemplo, no Chile, de Boric e na Colômbia, onde
o ex-guerrilheiro Gustavo Petro está assumindo a Presidência. No
Brasil, se Lula realmente ganhar as eleições de outubro, como apontam as
pesquisas, é provável que ele também não consiga maioria parlamentar só
com a esquerda e tenha de compor com o centro político, para governar.
“Os governos de esquerda estão com as mãos amarradas”, afirma Garman, da
Eurasia.”Agora, o potencial de estrago da esquerda é mais limitado.”
Desapontamento
Ao mesmo tempo, com o elevado grau de desalento existente hoje na
América Latina, conforme as pesquisas, a tolerância está baixa, o que
deve afetar a popularidade do grupo. “A lua de mel dos governantes com a
população vai ser curta”, diz Garman. “As condições de governabilidade
hoje são menores e a capacidade de eles se reelegerem vai diminuir
estruturalmente.”
O que está acontecendo com o novo presidente do Chile, Gabriel Boric,
ilustra com perfeição o estado de espírito predominante na região. Há
apenas cinco meses no governo, Boric, que defende a criação de estatais e
o aumento de impostos, está tomando uma ducha precoce de realidade. Sua
taxa de aprovação já caiu para cerca de 35%, uma das mais baixas da
região. Ele tentou contornar o problema aumentando o salário mínimo, mas
a estratégia não funcionou. Na avaliação de Garman, Petro, da Colômbia,
deve enfrentar um problema semelhante.
“Há um desapontamento com o Boric. Muita gente do centro político que
votou no Boric está vendo que ele não era tão moderado quanto se
imaginava”, afirma o historiador e sociólogo alemão Rainer Zitelmann,
autor do livro O capitalismo não é o problema, é a solução,
lançado recentemente no Brasil. “O Chile alcançou um grande progresso
econômico, em termos de PIB (Produto Interno Bruto) per capita e também
de outros indicadores, nas últimas décadas. Só que as pessoas votaram
num candidato socialista. Elas esqueceram a razão que os levou a ser
bem-sucedidos.”
Bruxarias
Neste cenário já tão complicado, as ideias tradicionais da esquerda
para a economia, como o uso de anabolizantes para turbinar
artificialmente o crescimento, o aumento de tributos, que desestimula os
investimentos privados, o intervencionismo estatal, que limita a
liberdade dos empreendedores, e o protecionismo, que reduz a
concorrência internacional, acabam atrapalhando ainda mais.
Num primeiro momento, esse receituário pode até dar a ilusão de que
as coisas estão melhorando, mas depois a situação fica pior do que era
antes. Quem acaba sofrendo mais são os mais vulneráveis, a quem a
esquerda diz representar. “Tudo isso gera mais incerteza em relação à
gestão macroeconômica”, afirma Garman. “Você acaba tendo um aumento na
taxa de risco, que afeta a confiança do setor privado e exacerba
dificuldades políticas.”
É uma situação que os brasileiros conhecem bem. Quando o boom das
commodities passou, em meados da década passada, chegou a conta dos
excessos cometidos nos tempos de vacas gordas. O custo foi pesadíssimo.
Ao deixar o governo, com o impeachment, em 2016, a ex-presidente Dilma
Rousseff entregou o País mergulhado na maior recessão de que se tem
notícia.
Mas, talvez, não haja exemplo mais emblemático para os estragos que o
receituário da esquerda causa na economia do que o da Argentina, sob o
governo Fernández. O país está mergulhado no caos econômico. Para tentar
conter a escalada da inflação, que também está acima da previsão do FMI
para o ano, o governo recorreu a velhas bruxarias heterodoxas, como o
congelamento de preços de produtos essenciais. A medida, porém, em vez
de ajudar os consumidores, levou a um desabastecimento generalizado, com
o desaparecimento de produtos com preços controlados das gôndolas dos
supermercados. Até papel higiênico está em falta.
As restrições impostas pelo governo argentino às exportações de
carne, para tentar aumentar a oferta no mercado interno, desestimulou os
produtores e comprometeu o esforço que eles haviam empreendido durante
décadas, para conquistar trincheiras comerciais no exterior.
Com menos divisas internacionais ingressando no país e muitas
incertezas no ar, a cotação do dólar disparou. A dívida externa está
batendo recordes históricos e as reservas internacionais do País está na
faixa de US$ 40 bilhões, cerca de 40% a menos do que em 2018. O rombo
nas contas públicas, abaladas pelos gastos sem limite do governo, não
para de crescer.
“A Argentina é um caso típico de um governo que é incapaz de parar de
gastar. Eles estão além de quebrados, estão quase na hiperinflação”,
diz o cientista político Nicolás Saldías, analista para a América Latina
e o Caribe da Economist Intelligence Unit (EIU), ligada ao grupo que
publica a revista britânica The Economist. “Eles têm que
imprimir dinheiro, que não vale nada, para pagar pelos seus programas
sociais, cujos eventuais possíveis efeitos serão corroídos pela
inflação.”
Do jeito que a coisa vai, a Argentina parece estar caminhando a
passos largos para se transformar numa Venezuela, ao menos na economia. A
Venezuela, que já foi um dos países dos mais prósperos da América
Latina, levou essa receita ao extremo e sofreu consequências dramáticas.
Desde que o “socialismo bolivariano” assumiu o poder, em 1999, o PIB
(Produto Interno Bruto) venezuelano caiu em torno de 80%, para cerca de
US$ 46 bilhões. Hoje, a renda per capita da Venezuela, medida pela
paridade do poder de compra (PPP), é de apenas US$ 5,4 mil. Só é maior
na América Latina que a do Haiti, de US$ 3,1 mil, o país mais pobre da
região.
“Paraíso socialista”
Apesar de tudo isso, nada parece simbolizar tão bem o fracasso das
esquerdas na América Latina quanto o desejo de milhões de pessoas de
deixar seus países, principalmente nos casos de Cuba, Venezuela e
Nicarágua, as três ditaduras da região, para ir para os Estados Unidos e
outros locais do mundo livre.
“Os imigrantes sempre vão sempre de países com menos liberdade
econômica para países com mais liberdade econômica”, afirma Rainer
Zitelmann. “Na época do comunismo, ninguém falava que queria ir da
Alemanha Ocidental para a Alemanha Oriental. Hoje, ninguém vai dizer que
quer ir de Miami para o “paraíso socialista” da Venezuela ou para Cuba.
Talvez para passar umas férias, por umas duas semanas, e olhe lá.”
Chorando, confessando, se arrependendo, pedindo perdão e
prometendo sair da vida pública Você perdoaria?| Foto: Reprodução/
Twitter
Antes de respirar fundo e começar este texto, quero
avisar os leitores mais afoitos que. Não. Pode parar! Não quero nada.
Acabei de lembrar que não escrevo para leitores afoitos, muito menos
para aqueles que leem apenas o título. Agora vou incluir aqui as
palavras-chaves “Lula” e “arrependimento” porque o algoritmo é burro e
não entende estilo nem firula literária.
[RESPIRA FUNDO] Agora, sim. Este artigo ou crônica ou artinica ou
crotigo nasceu no dia em que Lula foi preso e os mais tolos entre nós
(eu incluído) acreditaram que finalmente estávamos diante de um Momento
Histórico e Definidor: o dia em que um ex-presidente foi em cana. Tudo
bem que fosse um xilindró de luxo. Nos contentamos com pouco. Já era
alguma coisa.
(E, antes que me perguntem, vou me prolongar um pouco nesta parte
para lembrar a alguns esquecidinhos que Lula é um ex-presidiário e não,
ele não foi inocentado. Já disse que Lula é um ex-presidiário que não
foi inocentado? Caramba, devo estar com Alzheimer, porque juro que já
tinha dito que Lula é um ex-presidiário e que ele nunca foi inocentado).
Na ocasião, peguei uma cervejinha e um salaminho para acompanhar toda
a epopeia. Lula chega ao sindicato. Lula sobe ao palco. Lula fala de
groselhas & jararacas. O Tião Galinha também fala. Corta para o
helicóptero. Camburão com o agora ex-presidiário chega ao aeroporto.
Senhores passageiros, aqui é o comandante Sergio Moro. Sejam bem-vindos
ao voo 13 da Polícia Federal Airways com destino a Curitiba. Nosso tempo
estimado de voo é de 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro. Etc.
(Mal sabia o comandante que esse voo teria uma escala não-prevista,
causada por problemas técnicos [uma falha na rebimboca do fachin] no
Supremo Tribunal Federal).
Naquele dia, jamais poderia imaginar que hoje, 7 de agosto de 2022,
estaria trabalhando na Gazeta do Povo e publicando uma crônica (“uma
crônica é o que eu digo que é crônica”) numa coluna com meu nome e até
minha foto. Oi, mãe! Olha eu na Gazeta! Uma crônica que daqui a
pouquinho, no parágrafo seguinte mesmo, vai falar que Lula, sim, aquele
democrata amigo de ditadores, o Lula, não tá lembrado, não?, o do
Bessias, da Odebrecht, da Dilma, dos irmãos Batista, do MST e do
Palocci… Pois esse Lula é candidato à Presidência em 2022. E tem gente
dizendo que ele pode ganhar no primeiro turno (toc, toc, toc).
Como prometido no parágrafo anterior, Lula é candidato à Presidência
em 2022. Mas isso não vem ao caso. Ainda. E tomara que nunca. O fato é
que naquele dia, ou melhor, naquela noite fui dormir atormentado por uma
imagem improvável. Improbabilíssima. E se Lula, em vez de falar de
jararaca & falsos salamaleques, tivesse subido ao palco naquele dia e
dito que (atenção porque vou usar negrito, itálico e sublinhado para
enfatizar as premissas) sua prisão era justa, que ele se arrependia, que
pedia perdão a todos, que cumpriria a pena e doaria até o Sítio de
Atibaia para as autoridades, e que sairia da vida pública para sempre.
Talvez isso seja literatura fantástica demais para a sua cabeça.
Entendo. Para mim às vezes também é. Mas nos permitamos o exercício
extremo da imaginação de alto desempenho. Vai, tenho certeza de que você
consegue. É só se concentrar. Talvez ajude trocar a voz rouca de Lula
por uma voz mais amena. Aquela mesma voz que todos usamos nos nossos
arrependimentos mais sinceros. Nos nossos mais desesperados pedidos de
perdão.
Se isso acontecesse, você estaria disposto a perdoar Lula? Calma! Não
corra ainda para a caixa de comentários. Pense novamente. É um homem
pedindo perdão. Mas é o Lula. É o Lula. Mas é um homem pedindo perdão.
Se sua resposta for “sim”, oquei, estamos conversados. O perdão nem
sempre requer grandes justificativas. Se sua resposta for “não”, tudo
bem também. Senão terei que lhe fazer perguntas adicionais e… não dá. O
texto está chegando ao fim e, no mais, meu objetivo não é sugerir que,
nas condições propostas dois parágrafos acima, você deva ou não deva
perdoar Lula. (Antes de encerrar o texto, acende um cigarro Free e
pensa: “cada um na sua, mas com alguma coisa em comum”).
O texto era para ter terminado com essa imagem noir do cigarro, mas
voltei. Só porque acho que faltou um arremate para minha história.
Naquela noite, atormentado pela dúvida louca, corri para a Internet
(moro num palacete e o celular estava na Ala Norte) e cometi a ousadia
de fazer a pergunta nas redes sociais. A reação e o tom das respostas
não me surpreenderam. Como, tenho certeza, tampouco vai acontecer agora.
Um pouco mais aliviado, me deitei. E foi assim, com a consciência me
cobrando uma resposta à minha própria hipótese fantástica, que adormeci.