sexta-feira, 22 de julho de 2022

BIDEN NÃO CRITICA O NOSSO SISTEMA ELEITORAL PORQUE QUER LULA

 

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo


| Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS

O governo dos Estados Unidos acaba de declarar, neste momento em que o presidente Jair Bolsonaro tanto fala das suas dúvidas sobre a segurança do sistema eletrônico a ser utilizado na eleição presidencial, que chegou à conclusão exatamente contrária. O sistema, avisou a Casa Branca, não tem falhas, como juram os ministros do STF que vão cuidar da votação e da apuração dos votos; os americanos garantem que as eleições brasileiras serão um modelo de limpeza para o mundo. O presidente Joe Biden deve saber o que está falando. Ele tem a seu serviço a CIA, o FBI, a NASA e sabe Deus o que mais; seus sistemas de informação são os mais avançados que existem sobre a face da Terra. Mas só pode dizer o que disse porque é Bolsonaro quem está na presidência do Brasil. Se as queixas em relação ao sistema eleitoral viessem de algum outro candidato – Lula, por exemplo – o mundo político brasileiro estaria vindo abaixo neste momento.

“Intervenção inaceitável em questões internas do Brasil”, estaria protestando o PT, a esquerda e mais tudo o que existe em nosso Brasil “progressista” e nos seus subúrbios. “Agressão à soberania brasileira”, “tentativa clara de intervir no resultado da eleição”, etc. etc. etc. – é melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que iriam desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse, dissessem uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula. Mas, para sorte da paz, concórdia e amizade entre os povos, os Estados Unidos de hoje têm um governo de “esquerda”, que combate o “fascismo”, luta pela “igualdade” e defende a causa operária. Biden gosta de Lula, do PT e do STF. Pode, então, dizer o que bem entende sobre o Brasil, as eleições e o que mais vier – qual seria o problema?

É melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que iriam desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse, dissessem uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula

É curioso, hoje em dia, que os amigos reais dos Estados Unidos sejam tratados como inimigos pelo governo americano – e os inimigos como amigos. Há no mundo de hoje poucos presidentes tão a favor dos Estados Unidos como Bolsonaro – a favor da liberdade econômica, dos valores da democracia americana, do estilo de vida da América e de tudo o mais que tem a ver com o conservadorismo, o capitalismo e a ideia de “ocidente”. Mas ele, por ser amigo dos Estados Unidos, é um inimigo para a Casa Branca. Para ser amigo do governo americano, hoje, é preciso fazer o contrário: ser um inimigo dos Estados Unidos. Lula é inimigo há 40 anos – e continuará a ser, por tudo o que promete em sua campanha eleitoral. Ele diz que a miséria de Cuba é culpa dos Estados Unidos. Diz que a miséria da Venezuela é culpa dos Estados Unidos. Diz que a guerra da Ucrânia é culpa dos Estados Unidos. Pense num problema qualquer do mundo, da fome na África ao aquecimento da calota polar – para Lula, a culpa é dos Estados Unidos. É isso tudo, pelo jeito, que faz dele o mais querido do presidente Biden.


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AUXÍLIOS A CAMINHONEIROS E TAXISTAS COMEÇA A SER PAGO EM AGOSTO

 

Foto: Felipe Rau/Estadão

Por Antonio Temóteo

Ministério do Trabalho irá abrir cadastro às prefeituras para o envio de informações de taxistas que devem receber o benefício;

BRASÍLIA – O Ministério do Trabalho e Previdência enviou nesta quinta-feira, 21, ofícios às prefeituras de todo o Brasil para solicitar o envio das informações referentes aos taxistas regularmente cadastrados junto aos municípios. A previsão é de que o primeiro lote do chamado Benefício Emergencial aos Motoristas de Táxis, criado pela PEC “Kamikaze”, seja pago em 16 de agosto.

Já o auxílio aos caminhoneiros começa a ser pago em 9 de agosto, segundo o ministério. Os transportadores autônomos de carga receberão seis parcelas de R$ 1 mil.

As informações de cadastro dos caminhoneiros foram repassadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e já estão em processamento pela Dataprev para permitir o pagamento aos elegíveis. Os detalhes sobre o pagamento de cada benefício serão regulamentados em breve por meio de portaria.

No caso dos taxistas, os prefeitos poderão enviar as informações de cadastro a partir da próxima segunda-feira, 25. As orientações para a inserção dos dados e demais informações sobre o pagamento do auxílio estarão em um portal criado pelo ministério. O sistema ficará aberto às prefeituras para receber os cadastros até o dia 31 de julho.

Aqueles prefeitos que no dia 25, eventualmente, ainda não tiverem recebido a comunicação do ministério poderão acessar o sistema igualmente para enviar as informações.

O envio dos cadastros dos taxistas pelas prefeituras é necessário pela competência municipal ou distrital do tema. Os dados cadastrados serão processados pela Dataprev.

Serão considerados os motoristas de táxi com Carteira Nacional de Habilitação válida e alvará em vigor no dia 31 de maio de 2022.

BRASILIA BSB DF   15/05/2017   ECONOMIA  LINK  Fachada do predio do Ministerio do Trabalho e Ministerio da Fazenda  FOTO: DIDA SAMPAIO / ESTADÃO
BRASILIA BSB DF 15/05/2017 ECONOMIA LINK Fachada do predio do Ministerio do Trabalho e Ministerio da Fazenda FOTO: DIDA SAMPAIO / ESTADÃO  

O valor e o número de parcelas do benefício poderão ser ajustados de acordo com o número de beneficiários cadastrados, respeitando o limite disponível para o pagamento do auxílio, previsto na Emenda Constitucional aprovada pelo Congresso.

Mais cedo, em entrevista ao SBT, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, havia dito que o objetivo do governo era começar a pagar a bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil no próximo dia 5.

O ministro também falou que a parcela de R$ 600 do Auxílio Brasil deve começar a ser paga até o dia 9 de agosto. Por ora, segundo portaria publicada ontem, o benefício começa a ser pago no dia 18.

O pacote de benefícios promulgado no Congresso na semana passada, pela PEC “Kamikaze”, eleva as despesas do governo em R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos – e é visto como uma das apostas do governo para aumentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.

ARMAMENTOS USADOS NA GUERRA DA UCRÂNIA

 

Foto: Efrem Lukatsy/AP

Por Redação – Jornal Estadão

Envio de equipamento militar do Ocidente tem sido crucial para a resistência ucraniana contra a invasão russa, mas Kiev diz que os números ainda são pequenos e quer aviões de guerra

KIEV – Na última quarta-feira, 20, a primeira-dama da UcrâniaOlena Zelenska, foi ao Congresso dos Estados Unidos repetir um pedido constante de seu marido, Volodmir Zelenski: mais armas ocidentais. Desde que a Rússia deu início à invasão da Ucrânia há quase cinco meses, o envio de ajuda militar pelo Ocidente tem sido crucial para que o país resistisse tanto tempo contra um gigante bélico.

No início, os países ocidentais foram resistentes a enviar armamentos para Kiev, especialmente os considerados mais pesados, por temores de que a ação fosse interpretada como uma agressão direta à Rússia. Mas conforme a Ucrânia demonstrou capacidade de resistência, os países passaram a enviar robustos pacotes de ajuda militar com armamentos cada vez mais sofisticados.

Agora, o pedido de Zelenska aos americanos foi bastante específico: sistemas de defesa aérea. O apelo ocorreu ao mesmo tempo em que a Rússia afirmava que planeja conquistar áreas mais amplas para além do leste ucraniano, região conhecida como Donbas, com o ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov enfatizando que Moscou também reivindica a região de Kherson e parte de Zaporizhzhia e expandirá “contínua e persistentemente” seus ganhos a outros lugares.

A primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, pede mais armas, especialmente sistemas de defesa área, ao Congresso dos EUA
A primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, pede mais armas, especialmente sistemas de defesa área, ao Congresso dos EUA  Foto: Jabin Botsford/EPA/EFE

Os bilhões de dólares em assistência militar ocidental foram cruciais para os esforços da Ucrânia para se defender dos ataques russos, chegando o forçar a recuada de Moscou da capital e do Norte do país. Mas autoridades em Kiev dizem que os números ainda são pequenos demais para mudar o rumo da guerra, já que os equipamentos são usados muito rapidamente e logo se esgotam.

Mas o pedido por aviões de guerra ainda causa enorme resistência nos aliados da Otan, já que a Rússia fez diversos alertas de que fornecer aviões de combate à Ucrânia equivaleria a uma entrada oficial da aliança no conflito.

Veja o que a Ucrânia já recebeu e como essas armas têm ajudado o país na guerra até agora:

Lançadores de foguetes Himars

Os sistemas Himars fornecidos pelos Estados Unidos e M270 similares do Reino Unido reforçaram significativamente a capacidade de ataque de precisão dos militares ucranianos.

O Himars e o M270 têm um alcance maior, uma precisão muito melhor e uma cadência de tiro mais rápida em comparação com os lançadores de foguetes múltiplos Smerch, Uragan e Tornado projetados pelos soviéticos usados pela Rússia e pela Ucrânia.

Os lançadores Himars montados em caminhão disparam mísseis guiados por GPS capazes de atingir alvos a até 80 Km de distância, uma distância que os coloca fora do alcance da maioria dos sistemas de artilharia russos. Os lançadores móveis são difíceis de detectar pelo inimigo e podem mudar rapidamente de posição após o disparo para escapar de ataques aéreos.

Um Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou Himars. Os sistemas Himars fornecidos pelos EUA e similares M270 fornecidos por aliados reforçaram significativamente a capacidade de ataque de precisão do exército ucraniano
Um Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade, ou Himars. Os sistemas Himars fornecidos pelos EUA e similares M270 fornecidos por aliados reforçaram significativamente a capacidade de ataque de precisão do exército ucraniano Foto: Corey Dickstein/Savannah Morning News via AP

Os militares ucranianos até agora receberam uma dúzia de sistemas Himars e vários M270, mas já os utilizaram para atingir, com sucesso, depósitos russos de munição e combustível no leste da Ucrânia, essenciais para apoiar a ofensiva de Moscou. Na quarta-feira, as forças ucranianas usaram o Himars para atingir uma ponte estratégica na região sul de Kherson, ocupada pela Rússia.

“Himars quase não descansa durante o dia ou à noite. Seu potencial foi usado ao máximo”, disse o especialista militar ucraniano Oleh Zhdanov à Associated Press. “Os resultados foram impressionantes. Mais de 30 alvos russos importantes foram atingidos com alta precisão nas últimas duas semanas.”

As autoridades dos EUA até agora se abstiveram de fornecer à Ucrânia mísseis de longo alcance para lançadores Himars que podem atingir alvos de até 300 Km, o que permitiria que os militares atinjam áreas dentro do território russo.

Artilharia pesada

A Ucrânia recebeu entregas de mais de 200 sistemas de artilharia pesada dos EUA e seus aliados da Otan. Eles incluíram os obuses M777 dos EUA, o francês CAESAR, o alemão PzH 2000 e alguns outros sistemas de artilharia de longo alcance rebocados e autopropulsados.

Os obuses ocidentais têm algumas vantagens sobre os sistemas soviéticos mais antigos nos arsenais russo e ucraniano, mas leva tempo para as tripulações ucranianas aprenderem a operá-los. Sua ampla variedade apresenta desafios logísticos óbvios.

Membros do serviço ucraniano disparam um projétil de um obus M777 em uma linha de frente em Kharkiv
Membros do serviço ucraniano disparam um projétil de um obus M777 em uma linha de frente em Kharkiv  Foto: Gleb Garanich/Reuters

“A Ucrânia recebeu uma quantidade enorme de equipamentos de artilharia muito diversificados”, disse Michael Kofman, especialista em forças armadas russas e diretor de programas do centro de estudos CNA, com sede na Virgínia. “O que eles acabaram recebendo no fim foi um zoológico de artilharia, e é muito difícil fazer manutenção, sustentação e logística.”

Um problema mais sério é que o número de armas ocidentais ainda é muito pequeno.

O conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak disse no mês passado que o país precisa de pelo menos 1.000 obuses pesados, 300 lançadores de foguetes múltiplos, 500 tanques e 2 mil veículos blindados – muito mais do que o Ocidente forneceu até agora.

“As armas ocidentais são superiores às análogas da era soviética, mas os números têm sido muito pequenos para virar a maré da guerra”, disse Zhdanov.

Blindagem

A Ucrânia pediu ao Ocidente mais blindagem para reabastecer suas pesadas perdas no campo de batalha. O país recebeu mais de 300 tanques T-72 de fabricação soviética da Polônia e da República Checa, e já os usou em combate.

A entrega há muito prometida de tanques Leopard alemães está suspensa, no entanto, um atraso que gerou uma resposta desapontada na mídia e nas redes sociais ucranianas.

Militares ucranianos dirigem um tanque T-72 na linha de frente no leste da Ucrânia
Militares ucranianos dirigem um tanque T-72 na linha de frente no leste da Ucrânia Foto: Miguel Medina/AFP

A Ucrânia recebeu várias centenas de veículos blindados de transporte de pessoal dos EUA e de alguns aliados da Otan, uma coleção heterogênea de veículos que não compensou totalmente o que já perdeu.

Aliados ocidentais também forneceram à Ucrânia um grande número de armas antitanque portáteis – Javelin, que desempenharam um papel fundamental em ajudar os soldados ucranianos a dizimar comboios blindados russos.

Drones

No início da guerra, a Ucrânia usou extensivamente seu inventário de drones de lançamento de bombas guiados a laser Bayraktar TB2 fabricados na Turquia para atingir longos comboios de tropas russas e colunas de suprimentos. Bayraktars, no entanto, tornaram-se menos eficazes em face das defesas aéreas e eletrônicas russas mais densas no leste da Ucrânia.

Os EUA e aliados ocidentais enviaram centenas de outros drones, incluindo um número não especificado de Switchblade 600 “kamikaze” que carregam ogivas perfurantes de tanques e usam inteligência artificial para rastrear alvos. Mas seu alcance é limitado e eles só podem ficar no ar por cerca de 40 minutos.

Um veículo aéreo de combate não tripulado Bayraktar TB2
Um veículo aéreo de combate não tripulado Bayraktar TB2  Foto: Aziz Karimov/Reuters

A Ucrânia pressionou fortemente por drones de longo alcance mais avançados que possam sobreviver a interferências de rádio e interferências de GPS e contar com comunicações por satélite para controle e navegação.

Sistemas de defesa aérea

Os EUA e outros aliados da Otan forneceram à Ucrânia mais de 2.000 sistemas portáteis de mísseis de defesa aérea, como Stingers e outras armas semelhantes.

Esses sistemas compactos são eficientes contra helicópteros de combate e jatos de baixa altitude, e os militares ucranianos os usaram para infligir perdas significativas à força aérea russa, restringindo sua capacidade de fornecer apoio aéreo próximo às forças terrestres e ajudando a diminuir o ritmo da ofensiva de Moscou.

A Ukrainian soldier carries a U.S.-supplied Stinger as he goes along the road, in Ukraine's eastern Donetsk region Saturday, June 18, 2022. (AP Photo/Efrem Lukatsky)
A Ukrainian soldier carries a U.S.-supplied Stinger as he goes along the road, in Ukraine’s eastern Donetsk region Saturday, June 18, 2022. (AP Photo/Efrem Lukatsky) Foto: AP / AP

Ao mesmo tempo, a Ucrânia também estimulou o Ocidente a fornecer sistemas de defesa aérea de médio e longo alcance que seriam capazes de derrubar mísseis de cruzeiro e aeronaves de voo alto. O país recebeu da Eslováquia vários sistemas de longo alcance S-300 construídos pelos soviéticos, o tipo de arma que os militares ucranianos operam há muito tempo.

Os EUA também se comprometeram a dar à Ucrânia dois sistemas de defesa aérea de médio alcance NASAMS. A Alemanha prometeu fornecer 30 canhões antiaéreos autopropulsados Gepard, mas eles ainda não chegaram.

Aviões de guerra

Desde o início da invasão, a Ucrânia vem pedindo aos aliados ocidentais que forneçam aviões de guerra para desafiar a superioridade aérea da Rússia.

No entanto, os EUA e seus aliados estão relutantes em dar à Ucrânia os caças que ela pede, temendo que isso provoque uma resposta escalada de Moscou, que já alertou à Otan que fornecer aviões de combate à Ucrânia pode equivaler a entrar no conflito.

Um caça ucraniano MIG-29 estacionado na base aérea de Vasilkov nos arredores de Kiev em 23 de novembro de 2016
Um caça ucraniano MIG-29 estacionado na base aérea de Vasilkov nos arredores de Kiev em 23 de novembro de 2016 Foto: Efrem Lukatsky/AP

Em março, o Pentágono rejeitou a proposta da Polônia de entregar seus caças MiG-29 de fabricação soviética para a Ucrânia, transferindo-os por meio de uma base dos EUA na Alemanha, citando um alto risco de desencadear uma escalada Rússia-Otan. A Ucrânia tem sua própria frota de MiG-29, mas não está claro quantos desses e outros jatos ainda estão em serviço.

No início deste mês, a Eslováquia anunciou a intenção de entregar sua frota MiG-29 à Ucrânia, enquanto aguarda a entrega de jatos F-16 dos EUA, mas nenhuma ação foi tomada./AP

FUNDOS PARA STARTUP PODEM SER CHEQUES SEM FUNDO

 

Por Victor Marques, da Captable Brasil.

Além de levantar uma rodada de investimento, os fundadores de startup também precisam se certificar de que as promessas são reais. Conheça o caso de 3 startups que foram enganadas nesse processo.

Levantar uma rodada de investimento com fundos é uma tarefa e tanto. São diversas conversas, reuniões, análises e documentos assinados até chegar numa carta de intenção e – só então – ter o dinheiro na conta da startup. Não é por acaso que muitas startups morrem no meio desse longo processo. Não bastando isso, os empreendedores também precisam se certificar que os investidores são, de fato, sérios.

Segundo reportagem do O Globo, cinco empreendedores não tiveram esse cuidado e caíram nas promessas falsas de um fundo de investimento: o RC Prime ou RC Group. Os donos das startups dizem (e mostraram documento comprovando) que tiveram prejuízos de US$ 50 mil dólares. Os cinco dizem que uma aceleradora de startups paulista havia os indicado para a rodada.

SHIMEJITO URBAN FARMS

Um empreendedor brasileiro, que opera a Shimejito Urban Farms em Portugal, uma startup de economia circular, agricultura vertical e produção de cogumelos descentralizada, foi um dos que acreditou nas promessas do fundo. O empreendedor pagou US$ 5 mil para o suposto gestor do fundo, contratou novos colaboradores, realizou investimentos e assinou contratos de confidencialidade – tudo acreditando em um documento assinado da RC Group que garantia investimento de 10,5 milhões de euros na startup.

O resultado? O tempo passou, o empreendedor recebeu um comprovante de depósito falso do fundo e acabou processado em Portugal, sendo chamado de ladrão, causando revolta nos funcionários e, por fim, investigado por estelionato. Segundo o empreendedor, o gestor do fundo chegou a enviar uma foto, montada, como se tivesse sofrido um acidente.

AGROTHINGS

O fundador da AgroThings pagou US$ 7220 para estruturar um suposto deal com o mesmo fundo. O golpe, nesse caso, durou oito meses e incluiu: falsificação de documento de abertura de uma empresa, comprovante bancário falso e até mesmo colocou o empreendedor em contato com suposto gerente do banco e contador. Como resultado, a queixa agora está registrada na Polícia Federal e no FBI.

4DMAIS

Outro caso foi o da startup de metaverso 4Dmais, a empreendedora diz ter percebido o golpe antes de prosseguir com o recebimento do investimento. O primeiro sinal de alerta foi quando a empreendedora buscou a aceleradora que supostamente havia indicado a startup para receber a rodada do fundo, que disse não ter conhecimento do assunto.

Depois, o fundo disse que havia aberto conta em um banco no nome da empreendedora, sem ela ter assinado qualquer documento. Foi então que tudo ficou claro e a empreendedora percebeu a enrascada que estava prestes a entrar.

POR QUE IMPORTA?

Além do longo tempo e do envolvimento necessário em uma captação via fundos de investimento, as startups também precisam estar atentas às promessas vazias de alguns fundos de investimento. Para evitar cair em armadilhas, é importante buscar players conhecidos e estabelecidos na hora de estruturar uma rodada.

Outra via é recorrer às plataformas de equity crowdfunding, como a Captable, com histórico comprovado de investimentos em mais de 50 startups. Todo o processo, da inscrição ao recebimento do valor, pode ser de menos de 30 dias, com a média ficando em 45 dias – muito mais rápido que fundos de investimento.

Com a nova CVM 88, startups de tamanhos maiores, com faturamento de até R$ 40 milhões (ou R$ 80 milhões em um mesmo grupo econômico) e captações maiores (de até R$ 15 milhões) são possíveis. Portanto, a modalidade agora também é uma opção para um maior número de startups.

A Captable ainda conta com relacionamento com diversos grupos de investidores-anjo, aceleradoras e fundos, com reputação comprovada por outros investimentos realizados em conjunto. As novas regras também significam que as startups podem trazer players distintos para participar de uma rodada via plataforma – potencializando o alcance desse tipo de captação.

Para ter a chance de ser sócio desses negócios com crescimento acelerado, conheça a Captable, plataforma de investimento em startups da StartSe e confira as startups disponíveis para investimento. Para ficar sabendo em primeira mão de novas oportunidades, participe do grupo exclusivo do Telegram! Se você quer captar conosco, saiba mais e se inscreva no nosso processo de seleção.

ESCALANDO NEGÓCIOS DA VALEON

1 – Qual é o seu mercado? Qual é o tamanho dele?

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

2 – Qual problema a sua empresa está tentando resolver? O mercado já expressou a necessidade dessa solução?

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

3 – Quais métodos você usará para o crescimento? O seu mercado está propício para esse tipo de crescimento?

Estratégias para o crescimento da nossa empresa

  1. Investimento na satisfação do cliente. Fidelizar é mais barato do que atrair novos clientes.
  2. Equilíbrio financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
  3. Desenvolvimento de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
  4. Investimento em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
  5. Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.

O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.

Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas é um equívoco geralmente fatal.

Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim, desenvolver a bossa empresa.

4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa? Descreva suas marcas.

Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área, sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.

Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.

5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?

A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo, desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que representem mudanças catastróficas.

“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle, professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.

6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?

A escalabilidade é um conceito administrativo usado para identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento, sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou seja: a arte de fazer mais, com menos!

Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem acertadas.

Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e eliminando a ociosidade.

Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.

Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:

  • objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
  • etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
  • decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
  • gerenciamento de recursos focado em otimização.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

SONHAR COM A VIDA MELHOR O POVO MERECE

 

**Samuel Hanan – Engenheiro

Viver é melhor que sonhar, cantava Elis Regina, a grande intérprete da MPB. Há verdades na bela composição de Belchior, porém é possível sonhar com uma vida melhor, o que o povo brasileiro merece.

Qual o habitante deste país que não gostaria de ter saúde pública mais digna, com a expansão das unidades do SUS, melhor remuneração dos médicos e demais profissionais da área, menos filas, atendimento humanizado?

Quem, entre os 213 milhões de brasileiros não ficaria feliz com educação de qualidade, professores com remuneração justa, unidades escolares modernas e confortáveis, sem falta de vagas nas creches, nas pré-escolas e no ensino fundamental, e acesso amplo ao ensino público superior?

É possível imaginar algum descontente se o déficit habitacional de 6 milhões de casas fosse zerado em poucos anos, com a construção de moradias dignas, construídas em locais adequados, servidas por transporte público, redes de água e esgoto, rede wi-fi e energia fotovoltaica (que representaria economia de 10% do valor do salário-mínimo), e subsidiadas em 90% de seu custo?

Qual cidadão não comemoraria o aumento significativo na segurança pública a garantir-lhe tranquilidade quanto ao seu patrimônio e à sua vida e de sua família, por meio de maior controle das fronteiras, da malha fluvial, dos portos e aeroportos (homologados e clandestinos), portas de entrada de armas, munições e drogas?

Quem daqueles que gastam metade de sua jornada de trabalho no transporte coletivo lotado, saindo de casa de madrugada e voltando somente no meio da noite, mal conseguindo ver os filhos acordados, não ficaria feliz com transporte público mais veloz e confortável?

Quais pessoas não gostariam que a cidade onde vivem fosse dotada de 100% de rede de água, coleta e tratamento de esgoto, iluminação pública, coleta de lixo, conservação permanente e equipamentos de esportes e lazer?

Transformar a realidade atual é uma utopia? Faltam recursos para implementação desses benefícios, como costumam alegar os governantes para justificar sua inação? A resposta, nos dois casos, é não. Para expandir em 50% a rede de saúde e aumentar a remuneração dos profissionais da área em 30%, seriam necessários de R$ 60 a R$ 70 bilhões por ano.

Transformar a educação e valorizar os professores custaria de R$ 50 a R$ 60 bilhões anualmente. Construir 600 mil unidades habitacionais por ano exigiria recursos anuais de R$ 90 a R$ 100 bilhões. Com investimento de mais R$ 30 a R$ 50 bilhões por ano, seria possível reforçar a segurança pública em nível jamais visto. Outros R$ 20 a R$ 25 bilhões seriam suficientes para dotar as cidades brasileiras da infraestrutura urbana necessária para garantir vida digna à população. A mesma quantia alocada ao transporte público restauraria a dignidade dos que dependem dele para se locomover.

A alocação desses recursos plurianuais somaria, então, cerca de R$ 270 bilhões, ou R$ 330 bilhões se pensarmos em investimentos mais generosos. Nominalmente gigante, essa soma representa apenas de 3,40% a 4,10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil. Se o País conseguir reduzir pela metade a corrupção que consome de 1,30% a 2,35% do PIB anual, alcançará a economia de 0,70% a 1,17% do PIB todo ano. O gigantismo da máquina pública consome hoje cerca de 13,4% a 13,7% do PIB do país, valor este que supera em muito os 9,60% da média desse tipo de despesa dos 37 países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma simples redução de apenas 50% deste excesso de 3,80% a 4,00% representaria uma economia de 1,90% a 2,00% do PIB.

É factível, ainda, a drástica redução dos gastos tributários, em grande parte ilegítimos, sem observância de prazos e regressividade e que não visam a redução das desigualdades regionais e sociais, ao contrário do que manda a Constituição. Tais gastos correspondem hoje a 4,00% do PIB e sua redução para 1,50% representaria economia anual adicional de 2,50% do PIB. A soma das reduções propostas é suficiente para alcançar o patamar entre 5,10% a 5,65% do PIB economizados, muito superior aos investimentos propostos acima.

Isso prova que o país tem recursos suficientes para a transformação que o Brasil reclama. Fica claro que tais investimentos, embora necessários, não são feitos pela simples razão de que o povo deixou de ser prioridade para a maioria de nossos governantes.

A situação nacional é tamanha gravidade que somente a refundação do país será capaz de transformá-lo após tantas décadas perdidas. Sem isso, o Brasil jamais será novamente o país das oportunidades, nunca reencontrará o caminho do desenvolvimento e seremos brasileiros de classe única somente nos discursos, desmentidos pela doída realidade.

A guinada radical pode ser viabilizada se houver trabalho alicerçado na harmonia dos três poderes da República, com efetiva e indispensável participação do Legislativo, aliado a um plano de metas, tudo lastreado na ética, na moralidade e na transparência, com foco na dignidade dos brasileiros, cada dia mais sofridos e desesperançosos.

Para devolver a esperança e a confiança à nação, é preciso também reduzir a sensação de impunidade e reduzir privilégios. Esse caminho passa pela drástica redução do foro por prerrogativa de função – limitando-o aos chefes dos Três Poderes e excetuando-se os crimes comuns -, pelo restabelecimento da prisão após condenação em segunda instância e pela mudança para tornar imprescritíveis os crimes relacionados à corrupção, além do aprimoramento legislativo sobre sinais exteriores de riqueza.

É necessário, ainda, reduzir o número de partidos políticos e os custos das eleições, englobando-se, nesse caso, os fundos partidário e eleitoral, hoje bilionários. Acabar com a reeleição – que somente põe a máquina a serviço de um novo mandato do governante – também é fundamental, aumentando-se o tempo de mandato. E, ainda, o Brasil precisa reavaliar a legislação sobre indicações e aprovações de membros não concursados dos tribunais superiores.

As eleições legislativas de outubro serão importante oportunidade para o povo dar sua colaboração em direção a essa mudança, sinalizando que a Casa do Povo precisa, efetivamente, defender os interesses do povo e cumprir adequadamente seu papel constitucional.

Viver é melhor que sonhar. Entretanto, é preciso agir para transformar o país e concretizar o sonho de viver uma vida digna num país que pode ser muito melhor do que é.

 **Samuel Hanan é engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor do livro “Brasil, país à deriva”.

IMPOSTOS NO BRASIL PENALIZAM OS MAIS POBRES

Sistema tributário

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

Dinheiro / Real – 25-05-2017 – O Real é a moeda corrente oficial da República Federativa do Brasil. A cédula de um real deixou de ser produzida, entretanto continua em circulação alguns exemplares. As demais cédulas de real continuaram sendo produzidas normalmente pela Casa da Moeda. Entre elas, as notas de: 2,5,10,20,50 e 100.


Cobrança de impostos no Brasil se concentra no consumo, pesando proporcionalmente mais sobre os mais pobres| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo

De quase 5 mil proposições legislativas relacionadas ao sistema tributário apresentadas à Câmara dos Deputados desde a promulgação da Constituição de 1988, apenas 5% visaram tornar o regime mais progressivo. A conclusão é de um estudo recente conduzido por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Samambaia Filantropia.

Um sistema tributário progressivo é considerado mais justo porque recolhe mais de quem dispõe de mais recursos, ou seja, de quem tem mais renda e patrimônio. No Brasil, no entanto, a cobrança de impostos se concentra no consumo, pesando proporcionalmente mais sobre os mais pobres, que destinam a maior parte ou a totalidade de seus rendimentos na aquisição de bens e serviços.

De acordo com dados Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Economia, em 2021, 43,5% da arrecadação de União, estados de municípios veio de tributos sobre o consumo, como PIS, Cofins, IPI, IOF, Cide, DPVAT, ICMS e ISS. Países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) arrecadam, em média, 10% de suas receitas com esses tributos, segundo o estudo.
Maior carga em 12 anos: quais impostos mais pesam sobre pessoas e empresas no Brasil
Segundo a nota técnica “O que o Congresso brasileiro prefere em matéria tributária”, produzida pela equipe do CEM, o Legislativo é bastante ativo na proposição de mudanças na legislação de impostos, mas o comportamento dos parlamentares não objetiva reformar essa regressividade do sistema.

Eduardo Lazzari, Marta Arretche e Rodrigo Mahlmeister encontraram 4.841 projetos de lei ordinária ou complementar, medidas provisórias e propostas de emenda à Constituição (PEC), do período entre 1º de janeiro de 1989 e 31 de dezembro de 2020, relacionadas ao tema na Câmara. “Essa cifra representa uma média de 154 proposições ao ano, o que está longe de caracterizar baixa prioridade parlamentar a esse tipo de matéria”, dizem.

O maior interesse dos deputados federais na área tributária, no entanto, tem sido a concessão de benefícios fiscais. Do conjunto de proposições analisadas, 67,2% criavam despesa dedutível do Imposto de Renda (IR), isenção do mesmo tributo ou do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ou ainda um regime especial, beneficiando grupos específicos.

Os números levantados indicam que parlamentares de regiões mais pobres priorizam regimes especiais, ao passo que os que representam áreas mais prósperas priorizam deduções do IR. A análise geográfica mostra ainda que, de forma geral, as bancadas de todas as regiões apresentam patamar baixo de proposições consideradas progressivas. Deputados federais da região Nordeste, entretanto, submeteram um número maior, enquanto os das regiões Sul e Norte apresentaram taxa inferior à média.

Para os pesquisadores, além do peso desproporcional dos impostos sobre consumo, considerados indiretos, a baixa importância dada à tributação sobre propriedade e o tratamento privilegiado dado a rendimentos de capital estão entre os fatores que fazem com que o sistema tributário brasileiro amplie a desigualdade de renda no país.

Em 2021, apenas 4,8% do que foi recolhido por todos os níveis de governo veio de tributos sobre patrimônio, como ITR, IPTU, ITBI, ITCD e IPVA. “A propriedade de bens, que aumenta à medida que aumenta a renda, é muito pouco taxada no Brasil”, diz trecho da nota técnica.

Já as alíquotas do IR, além de baixas quando comparadas às taxas praticadas por países desenvolvidos ou em nível de desenvolvimento semelhante ao do Brasil, também conferem tratamento privilegiado aos rendimentos auferidos pelo capital, com redução de sua incidência. Alienação de imóveis, ganhos com ativos financeiros e lucros, por exemplo, são comparativamente menos taxados do que salários.

Há ainda brechas para que altos salários sejam enquadrados como rendimentos de capital. Lucros e dividendos auferidos como pessoa jurídica e distribuídos para acionistas, por exemplo, são isentos de Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).
Como é a nova proposta de reforma tributária que prevê apenas três impostos
Falta de correção na tabela do IRPF aumentou carga tributária sobre mais pobres
Adicionalmente ao modelo de tributação sobre renda, a falta de atualização na tabela do IRPF desde 2016 tem aumentado a carga tributária e penalizado de maneira mais acentuada o contribuinte de menor renda.

Dados do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco) apontam que em 1996 eram considerados isentos do imposto contribuintes que ganhavam até nove salários mínimos. Hoje, esse índice está em 1,73 salários mínimos, de acordo com estudo publicado no início do ano pela entidade.

Se houvesse uma política de correção das alíquotas do IRPF com base no IPCA, estariam livres do imposto quem recebe até R$ 4.427,59 mensais – hoje a faixa de isenção cobre renda de até R$ 1.903,98. A defasagem média da tabela do IRPF chega a 134,52%, segundo o Sindifisco.

No ano passado, o governo de Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso um projeto de lei (PL 2.337/2021) de reforma do IR com caráter progressivo em termos tributários. Entre as medidas previstas estavam o aumento na faixa de isenção do IRPF (dos atuais R$ 1.903,98 para R$ 2,5 mil) e a tributação em até 20% sobre lucros e dividendos e em 15% os rendimentos de fundos de investimento imobiliário (FII).

O texto, no entanto, acabou bastante desidratado durante a tramitação na Câmara e está parado desde setembro no Senado, onde não tem perspectivas de prosperar na atual legislatura.


Como os impostos sabotam o produto brasileiro – e qual a solução, segundo a indústria

Progressividade no IRPF diminuiu desde a redemocratização
Um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), também da USP, mostra, de forma semelhante, que apenas 15% das mudanças legislativas no IRPF aprovadas nas últimas décadas tiveram o objetivo de alterar a distribuição de renda.

Ao todo, foram analisadas 118 leis que mudaram regras do imposto entre 1947 e 2020. Dessas, 28% foram justificadas como formas de aumentar o crescimento econômico de longo prazo e 20% de modernizar o sistema tributário. O restante dispunha sobre questões de curto prazo, como inflação, arrecadação e cenários de crise.

No período da ditatura militar (1964-1985), houve mais leis baseadas na distribuição de renda, especialmente a partir de 1975, mas sua adoção não foi suficiente para reverter a tendência de aumento da concentração de renda durante o período.

Já durante a redemocratização, há poucas leis motivadas por uma preocupação com a desigualdade de renda, e a justificativa mais comum para as propostas de mudanças no IRPF são de “modernização” do tributo.

“Podemos afirmar que, desde a redemocratização, a diferença de alíquota efetiva de quem recebe 15 vezes a renda média em relação a quem recebe três [vezes a renda média] tem constantemente sido reduzida, indicando uma queda efetiva da progressividade do sistema tributário”, concluem os autores Nikolas Shiozer, João Victor Sales Marcolin, Isabella Comini Bouza e João Pedro Viegas de Moraes Lemes.

Essa perda de progressividade pode ainda estar subestimada, uma vez que não foram consideradas isenções, abatimentos e deduções, apenas a alíquota efetiva dos impostos.

Outro estudo do Made, este de autoria de Rodrigo Toneto, Theo Ribas e Laura Carvalho, de 2020, apontava que a elevação da tributação no topo da pirâmide para transferir renda para a base pode ser um instrumento de recuperação da atividade econômica.

Com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento mostra que enquanto os 10% mais pobres gastam cerca de 90% de sua renda adicional em consumo, esse índice cai para 24% entre o 1% mais rico.

Levando em consideração a atual estrutura distributiva da economia brasileira e as distintas propensões a consumir em cada estrato de renda, os autores sugerem que cada R$ 100 transferidos do 1% mais rico para os 30% mais pobres são capazes de gerar uma expansão de R$ 106,70 na economia.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/como-os-impostos-avancam-sobre-a-classe-media-e-os-mais-pobres/
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GASTOS DO TSE PELO MUNDO EM BUSCA DE APOIO

 

Por
Lúcio Vaz – Gazeta do Povo


Fachada do edifício sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm intensificado as viagens pelo mundo em busca de apoio internacional, troca de experiências e formas de combate à desinformação e às fake news. Mas a estratégia tem um custo. Só as despesas com diárias somaram R$ 410 mil em quatro meses. O presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, por exemplo, esteve em Washington, no início de julho, quando afirmou que o Brasil poderá ter episódio mais grave do que a invasão do Capitólio, sede do Congresso americano. As diárias e passagens da comitiva custara R$ 93 mil.

Acompanhado de dois servidores da Assessoria de Assuntos Internacinais do TSE, Fachin assinou acordo da Missão de Observação Eleitoral da OEA e participou de mesa-redonda sobre eleições gerais no Brasil. O ministro apontou medidas que serão adotadas caso seja contestado o resultado da eleição presidencial. Afirmou que as Forças Armadas são “chamadas para defender e gerar segurança das instituições, e não o contrário”. E destacou que a questão democrática no Brasil “terá efeitos não só aqui [EUA], como também na Europa. Há um dever planetário de preservar o básico da democracia liberal”.

O ministro Sérgio Banhos esteve em Paris, de 19 a 25 de abril, para reuniões com o Ministério do Interior, os Conselhos Constitucional e de Estado, a Comissão das Contas de Campanhas, a Prefeitura de Paris e a Embaixada do Brasil. Recebeu diárias no valor de R$ 24,5 mil. Foi acompanhado de dois servidores, que receberam diárias no valor de R$ 19 mil cada um. O assessor de Assuntos Internacionais, Gilberto Scandiucci, que estava nessa viagem, acompanhou mais três ministros em outros eventos.

Como mostrou reportagem do blog, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também retomaram o ritmo de viagens anterior ao período da pandemia da Covid-19. Mas com uma diferença: o tribunal não informa para onde vão, o que fazem e quanto custam as viagens dos seus ministros.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso, que presidiu o TSE até fevereiro deste ano, reforçou no exterior o discurso do risco de uma ruptura institucional no país. No dia 25 de junho, em palestra na Universidade de Oxford, na Inglaterra, o ministro classificou como “abominável retrocesso” a volta do voto impresso defendido por Bolsonaro. Barroso afirmou que, na Presidência do TSE, teve de “oferecer resistências aos ataques contra a democracia”.


Ponte aérea para a Colômbia
O ministro Mauro Campbell Marques esteve na Colômbia, de 7 a 14 de março, na Missão de Observação Internacional nas eleições do Congresso da Colômbia. Sua passagem custou R$ 27 mil. Foi assessorado por um assessor que recebeu diárias no valor de R$ 11 mil. O servidor Francisco Dejardene esteve em Bogotá de 24 de fevereiro a 10 de março, em missão técnica de informática para observar e avaliar as eleições parlamentarias da Colômbia. Recebeu diárias num total de R$ 13,7 mil.

Em maio, o ministro Benedito Gonçalves esteve cinco dias em Bogotá, na missão de observação internacional no primeiro turno das eleições presidenciais da Colômbia, com diárias no valor de R$ 18,8 mil. Foi acompanhado por dois assessores, que receberam diárias no valor de R$ 7,4 mil cada um.

A ministra Cármen Lúcia liderou uma comitiva a Bogotá, de 16 a 20 de junho, para participar da Missão de Observação Eleitoral na Colômbia. Foi acompanhada de dois juízes eleitorais e assessores do Cerimonial e de Assuntos Internacionais. As diárias somaram R$ 65 mil; as passagens aéreas, mais R$ 64 mil. Contando diárias e passagens aéreas, as despesas com os deslocamentos para a Colômbia totalizaram R$ 232 mil.

Servidores também receberam missões no exterior. Cinco servidores do TSE integrantes da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação fizeram o roteiro Bruxelas/Paris/Berlim, de 2 a 10 de julho, recebendo um total de 63 mil em diárias. Como parte do acordo de cooperação entre o Brasil e a União Europeia, estavam em missão técnica para conhecer “as melhores práticas na luta contra a desinformação e as notícias falsas”. Não há ainda no tribunal informações sobre gastos com passagens em julho.

O ministro Carlos Horbac esteve em Luanda para participar do Seminário sobre o Voto Antecipado e o Voto no Exterior. Recebeu R$ 14,4 mil em diárias. O assessor de Assuntos Internacionais Tiago Wolff Beckert recebeu mais R$ 11,3 mil

O ministro Benedito Gonçalves viajou para Costa Rica no início de março, na missão de Observação Eleitoral na Costa Rica – segundo turno das eleições. Foram pagos R$ 17,7 mil de diárias para o ministro e mais R$ 17 mil para um assessor.

Passagens econômicas, diz TSE

Questionado pelo blog sobre as despesas com as viagens internacionais, o TSE afirmou que “todas as passagens aéreas são emitidas em classe econômica e pelo menor custo do mercado.  O TSE não emite passagens em classe executiva, nem para ministros nem para servidores”.

A respeito da comitiva que esteve em países europeus para discutir estratégias de combate à desinformação, o TSE afirmou que convite aos servidores partiu da União Europeia para “reforçar estratégias de combate à desinformação e promover intercâmbio de experiências no enfrentamento desse fenômeno no processo eleitoral. A viagem integra projeto de cooperação entre o TSE e a UE, que resultará em estudos específicos sobre o tema”.

Acrescentou que, além das passagens aéreas, a UE forneceu aos servidores ajuda de custo. O TSE afirma que “apenas complementou o valor para cobrir as despesas relacionadas com viagens a trabalho no território europeu, tais como hospedagem, alimentação e deslocamento entre os países. O objetivo do complemento foi equiparar o valor da ajuda de custo da UE com as diárias oferecidas pela Corte Eleitoral, uma vez que a ajuda seria menor do que o patamar fixado no âmbito do Tribunal”.

TSE quer atrair estrangeiros para as eleições

Segundo o TSE, as missões de observação eleitoral “são exercícios frequentes ao redor do mundo, ocasião em que autoridades de outros países realizam análise técnica das eleições e colaboram para o aprimoramento e integridade do sistema. O TSE procurou participar de algumas dessas missões com o objetivo de inserir o Brasil nos diálogos internacionais de observação e atrair estrangeiros para as eleições gerais de outubro”.

O tribunal afirmou que a viagem a Paris teve por objetivo “ampliar a cooperação com outros países e promover a transparência do processo eleitoral brasileiro. O país realizava o segundo turno do pleito presidencial; a viagem foi custeada pelo Tribunal. Houve a manifestação de interesse, por parte do Ministério do Interior da França, em ampliar o sistema eletrônico de votação no país e, para tanto, gostariam de contar com a cooperação do TSE.

Sobre as viagens a Bogotá, Costa Rica e México, o TSE afirmou que os membros da comitiva brasileira reuniram-se com autoridades locais e com representantes de organismos internacionais, para “tratar de temas de cooperação e de aspectos relativos às missões de observação que ocorrerão em outubro, no Brasil. A Costa Rica manifestou interesse em desenvolver sistema eletrônico de votação no país, similar ao brasileiro. O México intensificou as atividades de cooperação com o TSE em matéria de combate à desinformação”, completou o tribunal brasileiro.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/quanto-custaram-as-viagens-do-tse-pelo-mundo-em-busca-de-apoio/
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A VERDADE SOBRE AS DESPESAS DA LAVA JATO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, durante entrevista no estúdio do jornal Gazeta do Povo


O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol.| Foto: Gazeta do Povo

Se os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) têm demonstrado claramente seu desejo de perseguir os responsáveis pela Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, dando sua contribuição ao desmonte do combate à corrupção no Brasil, o país pode ao menos se alegrar com o fato de o corpo técnico da instituição se pautar pela isenção e pela busca da verdade dos fatos. A Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado (SecexAdministração) do órgão já havia afirmado anteriormente que não havia nenhum indício de irregularidade no processo que tenta obrigar o ex-procurador Deltan Dallagnol a desembolsar inacreditáveis R$ 2,8 milhões, e um novo parecer da mesma secretaria tem tudo para colocar uma pá de cal neste absurdo.

O processo foi aberto após representação do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU) e da bancada parlamentar do Partido dos Trabalhadores; pretendia-se que Dallagnol, outros integrantes da força-tarefa da Lava Jato e o ex-procurador-geral Rodrigo Janot fossem investigados e punidos por supostamente torrar dinheiro do contribuinte com viagens e diárias de procuradores que participavam da investigação do petrolão, um gasto que, no olhar dos perseguidores, teria sido tanto excessivo quanto desnecessário. O ministro relator, Bruno Dantas, apadrinhado de Renan Calheiros e chegado ao ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula, ignorou o parecer inicial da SecexAdministração, seguiu adiante com o processo, atropelou etapas e chegou a antecipar seu voto quando, em despacho de novembro de 2021, chamou os investigados de “malversadores de recursos públicos”. Tudo isso com a ajuda dos demais integrantes da Segunda Câmara do TCU, todos eles envolvidos de alguma forma com a Lava Jato, seja como denunciados ou citados em delações premiadas.

A área técnica do TCU concluiu que não houve nem desperdício, muito menos irregularidade nas despesas da Lava Jato

Os absurdos na condução do processo – para não falar da própria iniciativa de realizar tal investigação – foram tantos que a Justiça, na primeira e segunda instâncias, concedeu e manteve liminar suspendendo a chamada “tomada de contas especial”, mas o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins (cujo filho foi citado em delação premiada e denunciado pela Lava Jato), cassou a liminar e permitiu a retomada do processo. Em 18 de julho, a assessora Angela Brusamarello, da SecexAdministração, assinou o mais recente parecer, que elimina definitivamente quaisquer dúvidas a respeito da lisura na condução das despesas da Lava Jato e recomenda “acatar as alegações de defesa apresentadas” por Dallagnol e pelos demais investigados, pois elas “foram suficientes para elidir as irregularidades que lhes foram atribuídas”.

Brusamarello analisou uma por uma as alegações dos perseguidores da Lava Jato, e concluiu que “o modelo administrativo escolhido para viabilizar a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba (…) não implicou violação à regra da economicidade ou aos princípios do interesse público, finalidade, motivação e proporcionalidade, eis que os gestores implementaram medidas de racionalidade administrativa e de zelo compatíveis com os procedimentos e processos de trabalho do órgão para viabilizaram a operação” (o destaque é da própria assessora); que “não restou identificada prova de locupletamento” da parte dos procuradores; e que não é razoável cobrar-lhes valor algum a título de devolução, pois todos os deslocamentos registrados estavam devidamente justificados.


Ao tratar especificamente das acusações contra Dallagnol, Angela Brusamarello atesta que ele “não participou da concepção do modelo, nem era o procurador natural no momento de sua instalação [da força-tarefa]”, acrescentando que, mesmo que Dallagnol “tivesse ciência do pagamento de diárias, passagens e gratificações aos membros, foge ao razoável exigir que, além do extenso, complexo e intrincado trabalho finalístico de oficiar, coordenar e executar as atividades da persecução penal, desempenhasse gestão administrativa da força-tarefa. (…) o papel precípuo de um coordenador de força-tarefa era tão-somente o gerenciamento jurídico e processual do grupo e a gestão operacional (trabalho de campo)”. Ou seja, se não há razão nenhuma para cobrar valores dos demais procuradores, muito menos razão haveria para arrancar quase R$ 3 milhões de quem não tinha relação alguma com o planejamento financeiro da operação.

Em resumo, não houve nem desperdício, muito menos irregularidade nas despesas da Lava Jato – fato atestado também pela Procuradoria-Geral da República, que em documento de centenas de páginas, datado de 30 de maio, comparou as possíveis alternativas ao modelo de força-tarefa e concluiu que não havia opção mais barata para as necessidades daquela investigação. Se ainda restar um fiapo de decência a todos os que promoveram ou deram seu aval à perseguição a Dallagnol e seus ex-colegas de MPF, a lata do lixo é o destino óbvio deste processo.


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ELEITORES DE LULA ACREDITAM NAS PESQUISAS ELEITORAIS E OS DE BOLSONARO NÃO

Convenções

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo


Ao lado da esposa Giselle, Ciro Gomes discursou para filiados na convenção nacional do PDT.| Foto: Mariana Alves Fotografia/PDT

Nesta quarta o PDT homologou a candidatura de Ciro Gomes para a Presidência da República, numa convenção em Brasília. E nesta quinta, em São Paulo, o PT vai homologar a candidatura de Lula a presidente e Alckmin a vice. Lula não estará presente, porque é um evento meramente protocolar. As convenções são assim. Estou em Brasília há 46 anos e ouço isso desde sempre: a convenção é para confirmar o que foi decidido na véspera, entre os cabeças do partido.

Lula está em Pernambuco. Acho que está preocupado com os candidatos de lá, com o problema entre o PT e o Partido Socialista Brasileiro, e deve estar tentando botar água fria na fervura. Eu vi a chegada dele, bem discreta, praticamente só algumas pessoas que estavam juntas ali. Depois ele pretende ir para o interior de Pernambuco.

Ciro Gomes, na convenção, disse que vota em Lula quem não quer Bolsonaro, e vota em Bolsonaro quem não quer Lula. Com isso, ele quis dizer que este não é um voto positivo, e sim um voto de rejeição. Então, ele apareceria como alternativa aos dois. Eu entendo a estratégia, mas acho que o enunciado não está completo. Quem vota em Lula adora tanto o Lula que não quer nem saber o que aconteceu nos 14 anos de governo do PT – e morre de medo de Bolsonaro. Já o que vota em Bolsonaro é quem aprova seus três anos e meio de governo, adora Bolsonaro e tem medo de que Lula volte ao governo, faça a mesma coisa e até mais. Aí, sim, está a definição do eleitor de um e de outro. Se a intenção de Ciro foi se apresentar como terceira via, isso só confirma que a real importância é dos dois.


Rigidez do Mercosul atrapalha desejos de livre comércio do Uruguai
Por falar nisso, Bolsonaro não foi à reunião do Mercosul – que é um futuro de burocracia, nunca será uma União Europeia – e ficou em Brasília, foi ver o jogo à noite. No fundo, essa história de Mercosul deixa o Uruguai oprimido entre Brasil, principalmente, e Argentina. O Uruguai está tentando uma saída como fez o Chile. O Chile, espremido entre a Cordilheira dos Andes e o Pacífico, fez acordos comerciais, assinou tratados com países asiáticos no tempo de Pinochet e dos “Chicago Boys”, e foi em frente. Ganhou muito com isso.

Se as pesquisas dão como certa a vitória de Lula, por que o desespero dos petistas?

Estou vendo que quem não está acreditando nas pesquisas eleitorais são os que apoiam Lula, porque a mídia apoiadora de Lula, e em campanha contra Bolsonaro, está cada vez mais desesperada – assim como os militantes da candidatura Lula. Porque se Lula já ganhou, como mostram as pesquisas, pra que se preocupar com Bolsonaro?

Inflação americana e britânica logo será maior que a brasileira
E, por falar em preocupação, vocês viram que a inflação no Reino Unido e nos Estados Unidos é a maior dos últimos 40 anos? E daqui a pouco está maior que a brasileira, chegando a 10%. Só que nós, brasileiros, estamos acostumados com ela e sabemos como lidar. Eles não sabem, tanto os consumidores quanto os empresários e investidores.


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URNAS ELETRÔNICAS SÃO TORRADEIRAS DO TSE

 

Pão torrado auditável

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo


Torradeiras.| Foto: Abdias Pinheiro/TSE

A confiabilidade das torradeiras está sendo novamente questionada pelo presidente Jair Bolsonaro. E está sendo mais uma vez reafirmada enfaticamente pelo Judiciário. De um lado, uma dúvida que, independentemente de ser ou não paranoica na origem, está por aí. No ar, no éter. De outro, a arrogância inexplicável e teimosia idem de todo um grupo que existe justamente para garantir que sobre as eleições e suas torradeiras maravilhosas não paire qualquer dúvida – por mais infundada que ela pareça.

Numa conversa recente com amigos bem mais velhos do que eu, fui levado a lembrar que as torradeiras, ao contrário do que diz a campanha do TSE, nunca foram exatamente uma unanimidade. Se temos essa impressão, é porque aqueles eram outros tempos. Tempos de calmaria política, de estabilidade econômica e de tranquilidade com a queda razoavelmente recente do Muro de Berlim. “A gente achava que era impossível alguém continuar comunista depois de ver as torneiras de ouro dos governantes da Alemanha Oriental”, disse um deles. Apesar do clima geral de alienação, sempre houve quem olhasse com desconfiança para as torradeiras. Nem que essa desconfiança nascesse de um espírito que misturava nostalgia, tradição e uma pitadinha de ludismo.

Hoje a gente gosta de rir dos luditas porque eles eram basicamente contra as máquinas que permitiram a Revolução Industrial e, à la Boulos, invadiam as fábricas destruindo tudo. E por “tudo” leia-se “principalmente teares”, que eram o ápice da tecnologia da época. É muito fácil, com o olhar contemporâneo, ridicularizar essas pessoas. Mas a gente não pode esquecer que o sustento e o estilo de vida delas estavam sendo ameaçados por uma geringonça sem alma. E nem chegava a ser uma torradeira dessas que o TSE jura por tudo o que é mais sagrado que são seguras.

Avançando um pouco no tempo, do começo à metade do século XX temos a “era de ouro da ficção científica”, gênero que consagrou muitos escritores de imaginação exuberante e estilo sofrível. E, em essência, do que fala a ficção científica? Da relação sempre complicada entre o homem e a tecnologia criada pelo homem. E nem por isso filmes e livros com máquinas malvadas são considerados luditas. É natural, pois, que muita gente se sinta profundamente ameaçada quando se trata de confiar o destino de um país a máquinas tão simples quanto torradeiras.

Em relação às nossas torradeiras, a dúvida é natural. Naturalíssima. De uma naturalidade tão grande que há não mais de uma década os próprios parlamentares, representantes democraticamente eleitos da população, aprovaram uma norma que determinava que o pãozinho torrado eletrônico viesse acompanhado por um paõzinho torrado físico, verificável. Em 2015, porém, os ministros do STF, talvez deslumbrados com o potencial ideológico da manipulação sutil das torradeiras, deram início à teimosa iniciativa de garantir a legitimidade das eleições na marra.

Inatural é a teimosia nascida da soberba tecnocrata. Uma arrogância que ignora um desejo que você pode considerar “retrógrado”, irracional, equivocado, mas que é autêntico dentro da ordem democrática: o desejo de ver suas ideias devidamente representadas por meio do voto. O quanto esse desejo é ilusório não está em questão aqui. O que está em questão é a recusa inexplicável das autoridades competentes. Uma recusa que tem potencial para jogar o país num abismo maior ainda.

Afinal, se as torradeiras derem a vitória ao ex-presidiário Lula (toc, toc, toc), a legitimidade de uma eleição que tem por base apenas a canetada do ministro Edson Fachin e a fé na tecnologia das torradeiras será, evidentemente, questionada. Ou melhor, negada e rejeitada por uma parcela nada desprezível da população. Nesse ambiente, não se pode esperar de um presidente eleito legalmente, mas ilegitimamente, que ele governe o país em paz. Porque não haverá paz. E, na falta de paz, os governos tendem a usar o que lhes resta: a força.

A crer na honestidade dos ministros & suas torradeiras infalíveis, resta a hipótese não menos absurda de que STF e TSE agem movidos pela empáfia, pelo desprezo aos sentimentos – insisto: legítimos – de parte da sociedade, e pela certeza (essa, sim, infundada) de que a história reserva aos ministros um lugar de honra pela defesa arrogante que eles fazem dessa democracia com contornos muito particulares.


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ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

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