O governo dos Estados
Unidos acaba de declarar, neste momento em que o presidente Jair
Bolsonaro tanto fala das suas dúvidas sobre a segurança do sistema
eletrônico a ser utilizado na eleição presidencial, que chegou à
conclusão exatamente contrária. O sistema, avisou a Casa Branca, não tem
falhas, como juram os ministros do STF que vão cuidar da votação e da
apuração dos votos; os americanos garantem que as eleições brasileiras
serão um modelo de limpeza para o mundo. O presidente Joe Biden deve
saber o que está falando. Ele tem a seu serviço a CIA, o FBI, a NASA e
sabe Deus o que mais; seus sistemas de informação são os mais avançados
que existem sobre a face da Terra. Mas só pode dizer o que disse porque é
Bolsonaro quem está na presidência do Brasil. Se as queixas em relação
ao sistema eleitoral viessem de algum outro candidato – Lula, por
exemplo – o mundo político brasileiro estaria vindo abaixo neste
momento.
“Intervenção inaceitável em questões internas do Brasil”, estaria
protestando o PT, a esquerda e mais tudo o que existe em nosso Brasil
“progressista” e nos seus subúrbios. “Agressão à soberania brasileira”,
“tentativa clara de intervir no resultado da eleição”, etc. etc. etc. – é
melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que iriam
desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse, dissessem
uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula. Mas, para
sorte da paz, concórdia e amizade entre os povos, os Estados Unidos de
hoje têm um governo de “esquerda”, que combate o “fascismo”, luta pela
“igualdade” e defende a causa operária. Biden gosta de Lula, do PT e do
STF. Pode, então, dizer o que bem entende sobre o Brasil, as eleições e o
que mais vier – qual seria o problema?
É melhor nem imaginar o tamanho da indignação e da ira santa que
iriam desabar sobre todos se os americanos, por um minuto que fosse,
dissessem uma sílaba de contestação a algum dos mandamentos de Lula
É curioso, hoje em dia, que os amigos reais dos Estados Unidos sejam
tratados como inimigos pelo governo americano – e os inimigos como
amigos. Há no mundo de hoje poucos presidentes tão a favor dos Estados
Unidos como Bolsonaro – a favor da liberdade econômica, dos valores da
democracia americana, do estilo de vida da América e de tudo o mais que
tem a ver com o conservadorismo, o capitalismo e a ideia de “ocidente”.
Mas ele, por ser amigo dos Estados Unidos, é um inimigo para a Casa
Branca. Para ser amigo do governo americano, hoje, é preciso fazer o
contrário: ser um inimigo dos Estados Unidos. Lula é inimigo há 40 anos –
e continuará a ser, por tudo o que promete em sua campanha eleitoral.
Ele diz que a miséria de Cuba é culpa dos Estados Unidos. Diz que a
miséria da Venezuela é culpa dos Estados Unidos. Diz que a guerra da
Ucrânia é culpa dos Estados Unidos. Pense num problema qualquer do
mundo, da fome na África ao aquecimento da calota polar – para Lula, a
culpa é dos Estados Unidos. É isso tudo, pelo jeito, que faz dele o mais
querido do presidente Biden.
Ministério do Trabalho irá abrir cadastro às prefeituras para o envio de informações de taxistas que devem receber o benefício;
BRASÍLIA – O Ministério do Trabalho e Previdência enviou nesta quinta-feira, 21, ofícios às prefeituras de todo o Brasil para solicitar o envio das informações referentes aos taxistas regularmente
cadastrados junto aos municípios. A previsão é de que o primeiro lote
do chamado Benefício Emergencial aos Motoristas de Táxis, criado pela PEC “Kamikaze”, seja pago em 16 de agosto.
Já o auxílio aos caminhoneiros começa
a ser pago em 9 de agosto, segundo o ministério. Os transportadores
autônomos de carga receberão seis parcelas de R$ 1 mil.
As informações de cadastro dos caminhoneiros foram repassadas pela
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e já estão em
processamento pela Dataprev para permitir o pagamento aos elegíveis. Os
detalhes sobre o pagamento de cada benefício serão regulamentados em
breve por meio de portaria.
No caso dos taxistas, os prefeitos poderão enviar as informações de
cadastro a partir da próxima segunda-feira, 25. As orientações para a
inserção dos dados e demais informações sobre o pagamento do auxílio
estarão em um portal criado pelo ministério. O sistema ficará aberto às prefeituras para receber os cadastros até o dia 31 de julho.
Aqueles prefeitos que no dia 25, eventualmente, ainda não tiverem
recebido a comunicação do ministério poderão acessar o sistema
igualmente para enviar as informações.
O envio dos cadastros dos taxistas pelas prefeituras é necessário
pela competência municipal ou distrital do tema. Os dados cadastrados
serão processados pela Dataprev.
Serão considerados os motoristas de táxi com Carteira Nacional de
Habilitação válida e alvará em vigor no dia 31 de maio de 2022.
O valor e o número de parcelas do benefício poderão ser ajustados de
acordo com o número de beneficiários cadastrados, respeitando o limite
disponível para o pagamento do auxílio, previsto na Emenda
Constitucional aprovada pelo Congresso.
Mais cedo, em entrevista ao SBT, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, havia dito que o objetivo do governo era começar a pagar a bolsa-caminhoneiro de R$ 1 mil no próximo dia 5.
O ministro também falou que a parcela de R$ 600 do Auxílio Brasil
deve começar a ser paga até o dia 9 de agosto. Por ora, segundo portaria
publicada ontem, o benefício começa a ser pago no dia 18.
O pacote de benefícios promulgado no Congresso na
semana passada, pela PEC “Kamikaze”, eleva as despesas do governo em R$
41,25 bilhões fora do teto de gastos – e é visto como uma das apostas do
governo para aumentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.
Envio de equipamento militar do Ocidente tem sido crucial para a
resistência ucraniana contra a invasão russa, mas Kiev diz que os
números ainda são pequenos e quer aviões de guerra
KIEV – Na última quarta-feira, 20, a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, foi ao Congresso dos Estados Unidos repetir um pedido constante de seu marido, Volodmir Zelenski: mais armas ocidentais. Desde que a Rússia deu início à invasão da Ucrânia há
quase cinco meses, o envio de ajuda militar pelo Ocidente tem sido
crucial para que o país resistisse tanto tempo contra um gigante bélico.
Agora, o pedido de Zelenska aos americanos foi bastante específico: sistemas de defesa aérea. O apelo ocorreu ao mesmo tempo em que a Rússia afirmava que planeja conquistar áreas mais amplas para além do leste ucraniano, região conhecida como Donbas, com o ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov enfatizando que Moscou também reivindica a região de Kherson e parte de Zaporizhzhia e expandirá “contínua e persistentemente” seus ganhos a outros lugares.
Os bilhões de dólares em assistência militar ocidental foram cruciais
para os esforços da Ucrânia para se defender dos ataques russos,
chegando o forçar a recuada de Moscou da capital e do Norte do país. Mas
autoridades em Kiev dizem que os números ainda são pequenos demais para
mudar o rumo da guerra, já que os equipamentos são usados muito
rapidamente e logo se esgotam.
Mas o pedido por aviões de guerra ainda causa enorme resistência nos aliados da Otan, já que a
Rússia fez diversos alertas de que fornecer aviões de combate à Ucrânia
equivaleria a uma entrada oficial da aliança no conflito.
Veja o que a Ucrânia já recebeu e como essas armas têm ajudado o país na guerra até agora:
Lançadores de foguetes Himars
Os sistemas Himars fornecidos pelos Estados Unidos e M270 similares do Reino Unido reforçaram significativamente a capacidade de ataque de precisão dos militares ucranianos.
O Himars e o M270 têm um alcance maior, uma precisão muito melhor e
uma cadência de tiro mais rápida em comparação com os lançadores de
foguetes múltiplos Smerch, Uragan e Tornado projetados pelos soviéticos
usados pela Rússia e pela Ucrânia.
Os lançadores Himars montados em caminhão disparam mísseis guiados
por GPS capazes de atingir alvos a até 80 Km de distância, uma distância
que os coloca fora do alcance da maioria dos sistemas de artilharia
russos. Os lançadores móveis são difíceis de detectar pelo
inimigo e podem mudar rapidamente de posição após o disparo para escapar
de ataques aéreos.
Os militares ucranianos até agora receberam uma dúzia de sistemas
Himars e vários M270, mas já os utilizaram para atingir, com sucesso,
depósitos russos de munição e combustível no leste da Ucrânia,
essenciais para apoiar a ofensiva de Moscou. Na quarta-feira, as forças
ucranianas usaram o Himars para atingir uma ponte estratégica na região
sul de Kherson, ocupada pela Rússia.
“Himars quase não descansa durante o dia ou à noite. Seu potencial
foi usado ao máximo”, disse o especialista militar ucraniano Oleh
Zhdanov à Associated Press. “Os resultados foram impressionantes. Mais
de 30 alvos russos importantes foram atingidos com alta precisão nas
últimas duas semanas.”
As autoridades dos EUA até agora se abstiveram de fornecer à Ucrânia
mísseis de longo alcance para lançadores Himars que podem atingir alvos
de até 300 Km, o que permitiria que os militares atinjam áreas dentro do
território russo.
Artilharia pesada
A Ucrânia recebeu entregas de mais de 200 sistemas de artilharia pesada dos EUA e seus aliados da Otan. Eles incluíram os obuses M777 dos EUA, o francês CAESAR, o alemão PzH 2000 e alguns outros sistemas de artilharia de longo alcance rebocados e autopropulsados.
Os obuses ocidentais têm algumas vantagens sobre os sistemas
soviéticos mais antigos nos arsenais russo e ucraniano, mas leva tempo
para as tripulações ucranianas aprenderem a operá-los. Sua ampla
variedade apresenta desafios logísticos óbvios.
“A Ucrânia recebeu uma quantidade enorme de equipamentos de
artilharia muito diversificados”, disse Michael Kofman, especialista em
forças armadas russas e diretor de programas do centro de estudos CNA,
com sede na Virgínia. “O que eles acabaram recebendo no fim foi um
zoológico de artilharia, e é muito difícil fazer manutenção, sustentação
e logística.”
Um problema mais sério é que o número de armas ocidentais ainda é muito pequeno.
O conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak disse no mês
passado que o país precisa de pelo menos 1.000 obuses pesados, 300
lançadores de foguetes múltiplos, 500 tanques e 2 mil veículos blindados
– muito mais do que o Ocidente forneceu até agora.
“As armas ocidentais são superiores às análogas da era soviética, mas
os números têm sido muito pequenos para virar a maré da guerra”, disse
Zhdanov.
Blindagem
A Ucrânia pediu ao Ocidente mais blindagem para reabastecer suas pesadas perdas no campo de batalha. O país recebeu mais de 300 tanques T-72 de fabricação soviética da Polônia e da República Checa, e já os usou em combate.
A entrega há muito prometida de tanques Leopard alemães está suspensa, no entanto, um atraso que gerou uma resposta desapontada na mídia e nas redes sociais ucranianas.
A Ucrânia recebeu várias centenas de veículos blindados de transporte
de pessoal dos EUA e de alguns aliados da Otan, uma coleção heterogênea
de veículos que não compensou totalmente o que já perdeu.
Aliados ocidentais também forneceram à Ucrânia um grande número de armas antitanque portáteis – Javelin, que desempenharam um papel fundamental em ajudar os soldados ucranianos a dizimar comboios blindados russos.
Drones
No início da guerra, a Ucrânia usou extensivamente seu inventário de drones de lançamento de bombas guiados a laser Bayraktar TB2 fabricados na Turquia para
atingir longos comboios de tropas russas e colunas de suprimentos.
Bayraktars, no entanto, tornaram-se menos eficazes em face das defesas
aéreas e eletrônicas russas mais densas no leste da Ucrânia.
Os EUA e aliados ocidentais enviaram centenas de outros drones, incluindo um número não especificado de Switchblade 600 “kamikaze”
que carregam ogivas perfurantes de tanques e usam inteligência
artificial para rastrear alvos. Mas seu alcance é limitado e eles só
podem ficar no ar por cerca de 40 minutos.
A Ucrânia pressionou fortemente por drones de longo alcance mais
avançados que possam sobreviver a interferências de rádio e
interferências de GPS e contar com comunicações por satélite para
controle e navegação.
Sistemas de defesa aérea
Os EUA e outros aliados da Otan forneceram à Ucrânia mais de 2.000 sistemas portáteis de mísseis de defesa aérea, como Stingers e outras armas semelhantes.
Esses sistemas compactos são eficientes contra helicópteros de
combate e jatos de baixa altitude, e os militares ucranianos os usaram
para infligir perdas significativas à força aérea russa, restringindo
sua capacidade de fornecer apoio aéreo próximo às forças terrestres e
ajudando a diminuir o ritmo da ofensiva de Moscou.
Ao mesmo tempo, a Ucrânia também estimulou o Ocidente a fornecer
sistemas de defesa aérea de médio e longo alcance que seriam capazes de
derrubar mísseis de cruzeiro e aeronaves de voo alto. O país recebeu da Eslováquia vários sistemas de longo alcance S-300 construídos pelos soviéticos, o tipo de arma que os militares ucranianos operam há muito tempo.
Os EUA também se comprometeram a dar à Ucrânia dois sistemas de defesa aérea de médio alcance NASAMS. A Alemanha prometeu fornecer 30 canhões antiaéreos autopropulsados Gepard, mas eles ainda não chegaram.
Aviões de guerra
Desde o início da invasão, a Ucrânia vem pedindo aos aliados
ocidentais que forneçam aviões de guerra para desafiar a superioridade
aérea da Rússia.
No entanto, os EUA e seus aliados estão relutantes em dar à Ucrânia
os caças que ela pede, temendo que isso provoque uma resposta escalada
de Moscou, que já alertou à Otan que fornecer aviões de combate à
Ucrânia pode equivaler a entrar no conflito.
Em março, o Pentágono rejeitou a proposta da Polônia de entregar seus caças MiG-29 de
fabricação soviética para a Ucrânia, transferindo-os por meio de uma
base dos EUA na Alemanha, citando um alto risco de desencadear uma
escalada Rússia-Otan. A Ucrânia tem sua própria frota de MiG-29, mas não
está claro quantos desses e outros jatos ainda estão em serviço.
No início deste mês, a Eslováquia anunciou
a intenção de entregar sua frota MiG-29 à Ucrânia, enquanto aguarda a
entrega de jatos F-16 dos EUA, mas nenhuma ação foi tomada./AP
Além de levantar uma rodada de investimento, os fundadores de startup
também precisam se certificar de que as promessas são reais. Conheça o
caso de 3 startups que foram enganadas nesse processo.
Levantar uma rodada de investimento com fundos é uma tarefa e tanto.
São diversas conversas, reuniões, análises e documentos assinados até
chegar numa carta de intenção e – só então – ter o dinheiro na conta da
startup. Não é por acaso que muitas startups morrem no meio desse longo
processo. Não bastando isso, os empreendedores também precisam se
certificar que os investidores são, de fato, sérios.
Segundo reportagem do O Globo, cinco empreendedores não tiveram esse
cuidado e caíram nas promessas falsas de um fundo de investimento: o RC
Prime ou RC Group. Os donos das startups dizem (e mostraram documento
comprovando) que tiveram prejuízos de US$ 50 mil dólares. Os cinco dizem
que uma aceleradora de startups paulista havia os indicado para a
rodada.
SHIMEJITO URBAN FARMS
Um empreendedor brasileiro, que opera a Shimejito Urban Farms em
Portugal, uma startup de economia circular, agricultura vertical e
produção de cogumelos descentralizada, foi um dos que acreditou nas
promessas do fundo. O empreendedor pagou US$ 5 mil para o suposto gestor
do fundo, contratou novos colaboradores, realizou investimentos e
assinou contratos de confidencialidade – tudo acreditando em um
documento assinado da RC Group que garantia investimento de 10,5 milhões
de euros na startup.
O resultado? O tempo passou, o empreendedor recebeu um comprovante de
depósito falso do fundo e acabou processado em Portugal, sendo chamado
de ladrão, causando revolta nos funcionários e, por fim, investigado por
estelionato. Segundo o empreendedor, o gestor do fundo chegou a enviar
uma foto, montada, como se tivesse sofrido um acidente.
AGROTHINGS
O fundador da AgroThings pagou US$ 7220 para estruturar um suposto
deal com o mesmo fundo. O golpe, nesse caso, durou oito meses e incluiu:
falsificação de documento de abertura de uma empresa, comprovante
bancário falso e até mesmo colocou o empreendedor em contato com suposto
gerente do banco e contador. Como resultado, a queixa agora está
registrada na Polícia Federal e no FBI.
4DMAIS
Outro caso foi o da startup de metaverso 4Dmais, a empreendedora diz
ter percebido o golpe antes de prosseguir com o recebimento do
investimento. O primeiro sinal de alerta foi quando a empreendedora
buscou a aceleradora que supostamente havia indicado a startup para
receber a rodada do fundo, que disse não ter conhecimento do assunto.
Depois, o fundo disse que havia aberto conta em um banco no nome da
empreendedora, sem ela ter assinado qualquer documento. Foi então que
tudo ficou claro e a empreendedora percebeu a enrascada que estava
prestes a entrar.
POR QUE IMPORTA?
Além do longo tempo e do envolvimento necessário em uma captação via
fundos de investimento, as startups também precisam estar atentas às
promessas vazias de alguns fundos de investimento. Para evitar cair em
armadilhas, é importante buscar players conhecidos e estabelecidos na
hora de estruturar uma rodada.
Outra via é recorrer às plataformas de equity crowdfunding, como a
Captable, com histórico comprovado de investimentos em mais de 50
startups. Todo o processo, da inscrição ao recebimento do valor, pode
ser de menos de 30 dias, com a média ficando em 45 dias – muito mais
rápido que fundos de investimento.
Com a nova CVM 88, startups de tamanhos maiores, com faturamento de
até R$ 40 milhões (ou R$ 80 milhões em um mesmo grupo econômico) e
captações maiores (de até R$ 15 milhões) são possíveis. Portanto, a
modalidade agora também é uma opção para um maior número de startups.
A Captable ainda conta com relacionamento com diversos grupos de
investidores-anjo, aceleradoras e fundos, com reputação comprovada por
outros investimentos realizados em conjunto. As novas regras também
significam que as startups podem trazer players distintos para
participar de uma rodada via plataforma – potencializando o alcance
desse tipo de captação.
Para ter a chance de ser sócio desses negócios com crescimento
acelerado, conheça a Captable, plataforma de investimento em startups da
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financeiro e rentabilidade. Capital de giro, controle de fluxo de caixa
e análises de rentabilidade são termos que devem fazer parte da rotina
de uma empresa que tenha o objetivo de crescer.
Desenvolvimento
de um planejamento estratégico. Planejar-se estrategicamente é como
definir com antecedência um roteiro de viagem ao destino final.
Investimento
em marketing. Sem marketing, nem gigantes como a Coca-Cola
sobreviveriam em um mercado feroz e competitivo ao extremo.
Recrutamento e gestão de pessoas. Pessoas são sempre o maior patrimônio de uma empresa.
O mercado é um ambiente altamente volátil e competitivo. Para
conquistar o sucesso, os gestores precisam estar conectados às demandas
de consumo e preparados para respondê-las com eficiência.
Para isso, é essencial que os líderes procurem conhecer (e
entender) as preferências do cliente e as tendências em vigor. Em um
cenário em que tudo muda o tempo todo, ignorar as movimentações externas
é um equívoco geralmente fatal.
Planeje-se, portanto, para reservar um tempo dedicado ao
estudo do consumidor e (por que não?) da concorrência. Ao observar as
melhores práticas e conhecer quais têm sido os retornos, assim podemos
identificar oportunidades para melhorar nossa operação e, assim,
desenvolver a bossa empresa.
4 – Quem são seus principais concorrentes e há quanto tempo
eles estão no mercado? Quão grandes eles são comparados à sua empresa?
Descreva suas marcas.
Nossos concorrentes indiretos costumam ser sites da área,
sites de diretório e sites de mídia social. Nós não estamos apenas
competindo com outras marcas – estamos competindo com todos os sites que
desejam nos desconectar do nosso potencial comprador.
Nosso concorrente maior ainda é a comunicação offline que é
formada por meios de comunicação de massa como rádios, propagandas de
TV, revistas, outdoors, panfletos e outras mídias impressas e estão no
mercado há muito tempo, bem antes da nossa Startup Valeon.
5 – Sua empresa está bem estabelecida? Quais práticas e procedimentos são considerados parte da identidade do setor?
A nossa empresa Startup Valeon é bem estabelecida e
concentramos em objetivos financeiros e comerciais de curto prazo,
desconsideramos a concorrência recém chegada no mercado até que deixem
de ser calouros, e ignoramos as pequenas tendências de mercado até que
representem mudanças catastróficas.
“Empresas bem estabelecidas igual à Startp Valeon devemos começar a pensar como disruptores”, diz Paul Earle,
professor leitor adjunto de inovação e empreendedorismo na Kellogg
School. “Não é uma escolha. Toda a nossa existência está em risco”.
6 – Se você quiser superar seus concorrentes, será necessário escalar o seu negócio?
A escalabilidade é um conceito administrativo usado para
identificar as oportunidades de que um negócio aumente o faturamento,
sem que precise alavancar seus custos operacionais em igual medida. Ou
seja: a arte de fazer mais, com menos!
Então, podemos resumir que um empreendimento escalável é
aquele que consegue aumentar sua produtividade, alcance e receita sem
aumentar os gastos. Na maioria dos casos, a escalabilidade é atingida
por conta de boas redes de relacionamento e decisões gerenciais bem
acertadas.
Além disso, vale lembrar que um negócio escalável também
passa por uma fase de otimização, que é o conceito focado em enxugar o
funcionamento de uma empresa, examinando gastos, cortando desperdícios e
eliminando a ociosidade.
Sendo assim, a otimização acaba sendo uma etapa inevitável
até a conquista da escalabilidade. Afinal de contas, é disso que se
trata esse conceito: atingir o máximo de eficiência, aumentando clientes, vendas, projetos e afins, sem expandir os gastos da operação de maneira expressiva.
Pretendemos escalar o nosso negócio que é o site marketplace da Startup Valeon da seguinte forma:
objetivo final em alguma métrica clara, como crescimento percentual em vendas, projetos, clientes e afins;
etapas e práticas que serão tomadas ao longo do ano para alcançar a meta;
decisões acertadas na contratação de novos colaboradores;
gerenciamento de recursos focado em otimização.
Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (App)
Viver é melhor que sonhar, cantava Elis Regina, a grande intérprete
da MPB. Há verdades na bela composição de Belchior, porém é possível
sonhar com uma vida melhor, o que o povo brasileiro merece.
Qual o habitante deste país que não gostaria de ter saúde pública
mais digna, com a expansão das unidades do SUS, melhor remuneração dos
médicos e demais profissionais da área, menos filas, atendimento
humanizado?
Quem, entre os 213 milhões de brasileiros não ficaria feliz com
educação de qualidade, professores com remuneração justa, unidades
escolares modernas e confortáveis, sem falta de vagas nas creches, nas
pré-escolas e no ensino fundamental, e acesso amplo ao ensino público
superior?
É possível imaginar algum descontente se o déficit habitacional de 6
milhões de casas fosse zerado em poucos anos, com a construção de
moradias dignas, construídas em locais adequados, servidas por
transporte público, redes de água e esgoto, rede wi-fi e energia
fotovoltaica (que representaria economia de 10% do valor do
salário-mínimo), e subsidiadas em 90% de seu custo?
Qual cidadão não comemoraria o aumento significativo na segurança
pública a garantir-lhe tranquilidade quanto ao seu patrimônio e à sua
vida e de sua família, por meio de maior controle das fronteiras, da
malha fluvial, dos portos e aeroportos (homologados e clandestinos),
portas de entrada de armas, munições e drogas?
Quem daqueles que gastam metade de sua jornada de trabalho no
transporte coletivo lotado, saindo de casa de madrugada e voltando
somente no meio da noite, mal conseguindo ver os filhos acordados, não
ficaria feliz com transporte público mais veloz e confortável?
Quais pessoas não gostariam que a cidade onde vivem fosse dotada de
100% de rede de água, coleta e tratamento de esgoto, iluminação pública,
coleta de lixo, conservação permanente e equipamentos de esportes e
lazer?
Transformar a realidade atual é uma utopia? Faltam recursos para
implementação desses benefícios, como costumam alegar os governantes
para justificar sua inação? A resposta, nos dois casos, é não. Para
expandir em 50% a rede de saúde e aumentar a remuneração dos
profissionais da área em 30%, seriam necessários de R$ 60 a R$ 70
bilhões por ano.
Transformar a educação e valorizar os professores custaria de R$ 50 a
R$ 60 bilhões anualmente. Construir 600 mil unidades habitacionais por
ano exigiria recursos anuais de R$ 90 a R$ 100 bilhões. Com investimento
de mais R$ 30 a R$ 50 bilhões por ano, seria possível reforçar a
segurança pública em nível jamais visto. Outros R$ 20 a R$ 25 bilhões
seriam suficientes para dotar as cidades brasileiras da infraestrutura
urbana necessária para garantir vida digna à população. A mesma quantia
alocada ao transporte público restauraria a dignidade dos que dependem
dele para se locomover.
A alocação desses recursos plurianuais somaria, então, cerca de R$
270 bilhões, ou R$ 330 bilhões se pensarmos em investimentos mais
generosos. Nominalmente gigante, essa soma representa apenas de 3,40% a
4,10% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do Brasil. Se o País
conseguir reduzir pela metade a corrupção que consome de 1,30% a 2,35%
do PIB anual, alcançará a economia de 0,70% a 1,17% do PIB todo ano. O
gigantismo da máquina pública consome hoje cerca de 13,4% a 13,7% do PIB
do país, valor este que supera em muito os 9,60% da média desse tipo de
despesa dos 37 países que integram a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma simples redução de apenas 50%
deste excesso de 3,80% a 4,00% representaria uma economia de 1,90% a
2,00% do PIB.
É factível, ainda, a drástica redução dos gastos tributários, em
grande parte ilegítimos, sem observância de prazos e regressividade e
que não visam a redução das desigualdades regionais e sociais, ao
contrário do que manda a Constituição. Tais gastos correspondem hoje a
4,00% do PIB e sua redução para 1,50% representaria economia anual
adicional de 2,50% do PIB. A soma das reduções propostas é suficiente
para alcançar o patamar entre 5,10% a 5,65% do PIB economizados, muito
superior aos investimentos propostos acima.
Isso prova que o país tem recursos suficientes para a transformação
que o Brasil reclama. Fica claro que tais investimentos, embora
necessários, não são feitos pela simples razão de que o povo deixou de
ser prioridade para a maioria de nossos governantes.
A situação nacional é tamanha gravidade que somente a refundação do
país será capaz de transformá-lo após tantas décadas perdidas. Sem isso,
o Brasil jamais será novamente o país das oportunidades, nunca
reencontrará o caminho do desenvolvimento e seremos brasileiros de
classe única somente nos discursos, desmentidos pela doída realidade.
A guinada radical pode ser viabilizada se houver trabalho alicerçado
na harmonia dos três poderes da República, com efetiva e indispensável
participação do Legislativo, aliado a um plano de metas, tudo lastreado
na ética, na moralidade e na transparência, com foco na dignidade dos
brasileiros, cada dia mais sofridos e desesperançosos.
Para devolver a esperança e a confiança à nação, é preciso também
reduzir a sensação de impunidade e reduzir privilégios. Esse caminho
passa pela drástica redução do foro por prerrogativa de função –
limitando-o aos chefes dos Três Poderes e excetuando-se os crimes comuns
-, pelo restabelecimento da prisão após condenação em segunda instância
e pela mudança para tornar imprescritíveis os crimes relacionados à
corrupção, além do aprimoramento legislativo sobre sinais exteriores de
riqueza.
É necessário, ainda, reduzir o número de partidos políticos e os
custos das eleições, englobando-se, nesse caso, os fundos partidário e
eleitoral, hoje bilionários. Acabar com a reeleição – que somente põe a
máquina a serviço de um novo mandato do governante – também é
fundamental, aumentando-se o tempo de mandato. E, ainda, o Brasil
precisa reavaliar a legislação sobre indicações e aprovações de membros
não concursados dos tribunais superiores.
As eleições legislativas de outubro serão importante oportunidade
para o povo dar sua colaboração em direção a essa mudança, sinalizando
que a Casa do Povo precisa, efetivamente, defender os interesses do povo
e cumprir adequadamente seu papel constitucional.
Viver é melhor que sonhar. Entretanto, é preciso agir para
transformar o país e concretizar o sonho de viver uma vida digna num
país que pode ser muito melhor do que é.
**Samuel Hanan é engenheiro com especialização nas áreas de
macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi
vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor do livro “Brasil, país à
deriva”.
Cobrança de impostos no Brasil se concentra no consumo, pesando
proporcionalmente mais sobre os mais pobres| Foto: Marcelo
Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo
De quase 5 mil proposições
legislativas relacionadas ao sistema tributário apresentadas à Câmara
dos Deputados desde a promulgação da Constituição de 1988, apenas 5%
visaram tornar o regime mais progressivo. A conclusão é de um estudo
recente conduzido por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole
(CEM), da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Samambaia
Filantropia.
Um sistema tributário progressivo é considerado mais justo porque
recolhe mais de quem dispõe de mais recursos, ou seja, de quem tem mais
renda e patrimônio. No Brasil, no entanto, a cobrança de impostos se
concentra no consumo, pesando proporcionalmente mais sobre os mais
pobres, que destinam a maior parte ou a totalidade de seus rendimentos
na aquisição de bens e serviços.
De acordo com dados Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da
Economia, em 2021, 43,5% da arrecadação de União, estados de municípios
veio de tributos sobre o consumo, como PIS, Cofins, IPI, IOF, Cide,
DPVAT, ICMS e ISS. Países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) arrecadam, em média, 10% de suas
receitas com esses tributos, segundo o estudo. Maior carga em 12 anos: quais impostos mais pesam sobre pessoas e empresas no Brasil Segundo
a nota técnica “O que o Congresso brasileiro prefere em matéria
tributária”, produzida pela equipe do CEM, o Legislativo é bastante
ativo na proposição de mudanças na legislação de impostos, mas o
comportamento dos parlamentares não objetiva reformar essa
regressividade do sistema.
Eduardo Lazzari, Marta Arretche e Rodrigo Mahlmeister encontraram
4.841 projetos de lei ordinária ou complementar, medidas provisórias e
propostas de emenda à Constituição (PEC), do período entre 1º de janeiro
de 1989 e 31 de dezembro de 2020, relacionadas ao tema na Câmara. “Essa
cifra representa uma média de 154 proposições ao ano, o que está longe
de caracterizar baixa prioridade parlamentar a esse tipo de matéria”,
dizem.
O maior interesse dos deputados federais na área tributária, no
entanto, tem sido a concessão de benefícios fiscais. Do conjunto de
proposições analisadas, 67,2% criavam despesa dedutível do Imposto de
Renda (IR), isenção do mesmo tributo ou do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) ou ainda um regime especial, beneficiando grupos
específicos.
Os números levantados indicam que parlamentares de regiões mais
pobres priorizam regimes especiais, ao passo que os que representam
áreas mais prósperas priorizam deduções do IR. A análise geográfica
mostra ainda que, de forma geral, as bancadas de todas as regiões
apresentam patamar baixo de proposições consideradas progressivas.
Deputados federais da região Nordeste, entretanto, submeteram um número
maior, enquanto os das regiões Sul e Norte apresentaram taxa inferior à
média.
Para os pesquisadores, além do peso desproporcional dos impostos
sobre consumo, considerados indiretos, a baixa importância dada à
tributação sobre propriedade e o tratamento privilegiado dado a
rendimentos de capital estão entre os fatores que fazem com que o
sistema tributário brasileiro amplie a desigualdade de renda no país.
Em 2021, apenas 4,8% do que foi recolhido por todos os níveis de
governo veio de tributos sobre patrimônio, como ITR, IPTU, ITBI, ITCD e
IPVA. “A propriedade de bens, que aumenta à medida que aumenta a renda, é
muito pouco taxada no Brasil”, diz trecho da nota técnica.
Já as alíquotas do IR, além de baixas quando comparadas às taxas
praticadas por países desenvolvidos ou em nível de desenvolvimento
semelhante ao do Brasil, também conferem tratamento privilegiado aos
rendimentos auferidos pelo capital, com redução de sua incidência.
Alienação de imóveis, ganhos com ativos financeiros e lucros, por
exemplo, são comparativamente menos taxados do que salários.
Há ainda brechas para que altos salários sejam enquadrados como
rendimentos de capital. Lucros e dividendos auferidos como pessoa
jurídica e distribuídos para acionistas, por exemplo, são isentos de
Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Como é a nova proposta de reforma tributária que prevê apenas três impostos Falta de correção na tabela do IRPF aumentou carga tributária sobre mais pobres Adicionalmente
ao modelo de tributação sobre renda, a falta de atualização na tabela
do IRPF desde 2016 tem aumentado a carga tributária e penalizado de
maneira mais acentuada o contribuinte de menor renda.
Dados do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal
do Brasil (Sindifisco) apontam que em 1996 eram considerados isentos do
imposto contribuintes que ganhavam até nove salários mínimos. Hoje, esse
índice está em 1,73 salários mínimos, de acordo com estudo publicado no
início do ano pela entidade.
Se houvesse uma política de correção das alíquotas do IRPF com base
no IPCA, estariam livres do imposto quem recebe até R$ 4.427,59 mensais –
hoje a faixa de isenção cobre renda de até R$ 1.903,98. A defasagem
média da tabela do IRPF chega a 134,52%, segundo o Sindifisco.
No ano passado, o governo de Jair Bolsonaro encaminhou ao Congresso
um projeto de lei (PL 2.337/2021) de reforma do IR com caráter
progressivo em termos tributários. Entre as medidas previstas estavam o
aumento na faixa de isenção do IRPF (dos atuais R$ 1.903,98 para R$ 2,5
mil) e a tributação em até 20% sobre lucros e dividendos e em 15% os
rendimentos de fundos de investimento imobiliário (FII).
O texto, no entanto, acabou bastante desidratado durante a tramitação
na Câmara e está parado desde setembro no Senado, onde não tem
perspectivas de prosperar na atual legislatura.
Como os impostos sabotam o produto brasileiro – e qual a solução, segundo a indústria
Progressividade no IRPF diminuiu desde a redemocratização Um
estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made),
também da USP, mostra, de forma semelhante, que apenas 15% das mudanças
legislativas no IRPF aprovadas nas últimas décadas tiveram o objetivo de
alterar a distribuição de renda.
Ao todo, foram analisadas 118 leis que mudaram regras do imposto
entre 1947 e 2020. Dessas, 28% foram justificadas como formas de
aumentar o crescimento econômico de longo prazo e 20% de modernizar o
sistema tributário. O restante dispunha sobre questões de curto prazo,
como inflação, arrecadação e cenários de crise.
No período da ditatura militar (1964-1985), houve mais leis baseadas
na distribuição de renda, especialmente a partir de 1975, mas sua adoção
não foi suficiente para reverter a tendência de aumento da concentração
de renda durante o período.
Já durante a redemocratização, há poucas leis motivadas por uma
preocupação com a desigualdade de renda, e a justificativa mais comum
para as propostas de mudanças no IRPF são de “modernização” do tributo.
“Podemos afirmar que, desde a redemocratização, a diferença de
alíquota efetiva de quem recebe 15 vezes a renda média em relação a quem
recebe três [vezes a renda média] tem constantemente sido reduzida,
indicando uma queda efetiva da progressividade do sistema tributário”,
concluem os autores Nikolas Shiozer, João Victor Sales Marcolin,
Isabella Comini Bouza e João Pedro Viegas de Moraes Lemes.
Essa perda de progressividade pode ainda estar subestimada, uma vez
que não foram consideradas isenções, abatimentos e deduções, apenas a
alíquota efetiva dos impostos.
Outro estudo do Made, este de autoria de Rodrigo Toneto, Theo Ribas e
Laura Carvalho, de 2020, apontava que a elevação da tributação no topo
da pirâmide para transferir renda para a base pode ser um instrumento de
recuperação da atividade econômica.
Com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento mostra que enquanto
os 10% mais pobres gastam cerca de 90% de sua renda adicional em
consumo, esse índice cai para 24% entre o 1% mais rico.
Levando em consideração a atual estrutura distributiva da economia
brasileira e as distintas propensões a consumir em cada estrato de
renda, os autores sugerem que cada R$ 100 transferidos do 1% mais rico
para os 30% mais pobres são capazes de gerar uma expansão de R$ 106,70
na economia.
Fachada do edifício sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.
Ministros
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) têm intensificado as viagens pelo
mundo em busca de apoio internacional, troca de experiências e formas de
combate à desinformação e às fake news. Mas a estratégia tem um custo.
Só as despesas com diárias somaram R$ 410 mil em quatro meses. O
presidente do tribunal, ministro Edson Fachin, por exemplo, esteve em
Washington, no início de julho, quando afirmou que o Brasil poderá ter
episódio mais grave do que a invasão do Capitólio, sede do Congresso
americano. As diárias e passagens da comitiva custara R$ 93 mil.
Acompanhado de dois servidores da Assessoria de Assuntos
Internacinais do TSE, Fachin assinou acordo da Missão de Observação
Eleitoral da OEA e participou de mesa-redonda sobre eleições gerais no
Brasil. O ministro apontou medidas que serão adotadas caso seja
contestado o resultado da eleição presidencial. Afirmou que as Forças
Armadas são “chamadas para defender e gerar segurança das instituições, e
não o contrário”. E destacou que a questão democrática no Brasil “terá
efeitos não só aqui [EUA], como também na Europa. Há um dever planetário
de preservar o básico da democracia liberal”.
O ministro Sérgio Banhos esteve em Paris, de 19 a 25 de abril, para
reuniões com o Ministério do Interior, os Conselhos Constitucional e de
Estado, a Comissão das Contas de Campanhas, a Prefeitura de Paris e a
Embaixada do Brasil. Recebeu diárias no valor de R$ 24,5 mil. Foi
acompanhado de dois servidores, que receberam diárias no valor de R$ 19
mil cada um. O assessor de Assuntos Internacionais, Gilberto Scandiucci,
que estava nessa viagem, acompanhou mais três ministros em outros
eventos.
Como mostrou reportagem do blog, os ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) também retomaram o ritmo de viagens anterior ao período da
pandemia da Covid-19. Mas com uma diferença: o tribunal não informa
para onde vão, o que fazem e quanto custam as viagens dos seus
ministros.
O ministro do STF Luís Roberto Barroso, que presidiu o TSE até
fevereiro deste ano, reforçou no exterior o discurso do risco de uma
ruptura institucional no país. No dia 25 de junho, em palestra na
Universidade de Oxford, na Inglaterra, o ministro classificou como
“abominável retrocesso” a volta do voto impresso defendido por
Bolsonaro. Barroso afirmou que, na Presidência do TSE, teve de “oferecer
resistências aos ataques contra a democracia”.
Ponte aérea para a Colômbia O ministro Mauro Campbell Marques
esteve na Colômbia, de 7 a 14 de março, na Missão de Observação
Internacional nas eleições do Congresso da Colômbia. Sua passagem custou
R$ 27 mil. Foi assessorado por um assessor que recebeu diárias no valor
de R$ 11 mil. O servidor Francisco Dejardene esteve em Bogotá de 24 de
fevereiro a 10 de março, em missão técnica de informática para observar e
avaliar as eleições parlamentarias da Colômbia. Recebeu diárias num
total de R$ 13,7 mil.
Em maio, o ministro Benedito Gonçalves esteve cinco dias em Bogotá,
na missão de observação internacional no primeiro turno das eleições
presidenciais da Colômbia, com diárias no valor de R$ 18,8 mil. Foi
acompanhado por dois assessores, que receberam diárias no valor de R$
7,4 mil cada um.
A ministra Cármen Lúcia liderou uma comitiva a Bogotá, de 16 a 20 de
junho, para participar da Missão de Observação Eleitoral na Colômbia.
Foi acompanhada de dois juízes eleitorais e assessores do Cerimonial e
de Assuntos Internacionais. As diárias somaram R$ 65 mil; as passagens
aéreas, mais R$ 64 mil. Contando diárias e passagens aéreas, as despesas
com os deslocamentos para a Colômbia totalizaram R$ 232 mil.
Servidores também receberam missões no exterior. Cinco servidores do
TSE integrantes da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação
fizeram o roteiro Bruxelas/Paris/Berlim, de 2 a 10 de julho, recebendo
um total de 63 mil em diárias. Como parte do acordo de cooperação entre o
Brasil e a União Europeia, estavam em missão técnica para conhecer “as
melhores práticas na luta contra a desinformação e as notícias falsas”.
Não há ainda no tribunal informações sobre gastos com passagens em
julho.
O ministro Carlos Horbac esteve em Luanda para participar do
Seminário sobre o Voto Antecipado e o Voto no Exterior. Recebeu R$ 14,4
mil em diárias. O assessor de Assuntos Internacionais Tiago Wolff
Beckert recebeu mais R$ 11,3 mil
O ministro Benedito Gonçalves viajou para Costa Rica no início de
março, na missão de Observação Eleitoral na Costa Rica – segundo turno
das eleições. Foram pagos R$ 17,7 mil de diárias para o ministro e mais
R$ 17 mil para um assessor.
Passagens econômicas, diz TSE
Questionado pelo blog sobre as despesas com as viagens
internacionais, o TSE afirmou que “todas as passagens aéreas são
emitidas em classe econômica e pelo menor custo do mercado. O TSE não
emite passagens em classe executiva, nem para ministros nem para
servidores”.
A respeito da comitiva que esteve em países europeus para discutir
estratégias de combate à desinformação, o TSE afirmou que convite aos
servidores partiu da União Europeia para “reforçar estratégias de
combate à desinformação e promover intercâmbio de experiências no
enfrentamento desse fenômeno no processo eleitoral. A viagem integra
projeto de cooperação entre o TSE e a UE, que resultará em estudos
específicos sobre o tema”.
Acrescentou que, além das passagens aéreas, a UE forneceu aos
servidores ajuda de custo. O TSE afirma que “apenas complementou o valor
para cobrir as despesas relacionadas com viagens a trabalho no
território europeu, tais como hospedagem, alimentação e deslocamento
entre os países. O objetivo do complemento foi equiparar o valor da
ajuda de custo da UE com as diárias oferecidas pela Corte Eleitoral, uma
vez que a ajuda seria menor do que o patamar fixado no âmbito do
Tribunal”.
TSE quer atrair estrangeiros para as eleições
Segundo o TSE, as missões de observação eleitoral “são exercícios
frequentes ao redor do mundo, ocasião em que autoridades de outros
países realizam análise técnica das eleições e colaboram para o
aprimoramento e integridade do sistema. O TSE procurou participar de
algumas dessas missões com o objetivo de inserir o Brasil nos diálogos
internacionais de observação e atrair estrangeiros para as eleições
gerais de outubro”.
O tribunal afirmou que a viagem a Paris teve por objetivo “ampliar a
cooperação com outros países e promover a transparência do processo
eleitoral brasileiro. O país realizava o segundo turno do pleito
presidencial; a viagem foi custeada pelo Tribunal. Houve a manifestação
de interesse, por parte do Ministério do Interior da França, em ampliar o
sistema eletrônico de votação no país e, para tanto, gostariam de
contar com a cooperação do TSE.
Sobre as viagens a Bogotá, Costa Rica e México, o TSE afirmou que os
membros da comitiva brasileira reuniram-se com autoridades locais e com
representantes de organismos internacionais, para “tratar de temas de
cooperação e de aspectos relativos às missões de observação que
ocorrerão em outubro, no Brasil. A Costa Rica manifestou interesse em
desenvolver sistema eletrônico de votação no país, similar ao
brasileiro. O México intensificou as atividades de cooperação com o TSE
em matéria de combate à desinformação”, completou o tribunal brasileiro.
O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol.| Foto: Gazeta do Povo
Se os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) têm demonstrado
claramente seu desejo de perseguir os responsáveis pela Operação Lava
Jato no Ministério Público Federal, dando sua contribuição ao desmonte
do combate à corrupção no Brasil, o país pode ao menos se alegrar com o
fato de o corpo técnico da instituição se pautar pela isenção e pela
busca da verdade dos fatos. A Secretaria de Controle Externo da
Administração do Estado (SecexAdministração) do órgão já havia afirmado
anteriormente que não havia nenhum indício de irregularidade no processo
que tenta obrigar o ex-procurador Deltan Dallagnol a desembolsar
inacreditáveis R$ 2,8 milhões, e um novo parecer da mesma secretaria tem
tudo para colocar uma pá de cal neste absurdo.
O processo foi aberto após representação do Ministério Público junto
ao TCU (MPTCU) e da bancada parlamentar do Partido dos Trabalhadores;
pretendia-se que Dallagnol, outros integrantes da força-tarefa da Lava
Jato e o ex-procurador-geral Rodrigo Janot fossem investigados e punidos
por supostamente torrar dinheiro do contribuinte com viagens e diárias
de procuradores que participavam da investigação do petrolão, um gasto
que, no olhar dos perseguidores, teria sido tanto excessivo quanto
desnecessário. O ministro relator, Bruno Dantas, apadrinhado de Renan
Calheiros e chegado ao ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado
Lula, ignorou o parecer inicial da SecexAdministração, seguiu adiante
com o processo, atropelou etapas e chegou a antecipar seu voto quando,
em despacho de novembro de 2021, chamou os investigados de
“malversadores de recursos públicos”. Tudo isso com a ajuda dos demais
integrantes da Segunda Câmara do TCU, todos eles envolvidos de alguma
forma com a Lava Jato, seja como denunciados ou citados em delações
premiadas.
A área técnica do TCU concluiu que não houve nem desperdício, muito menos irregularidade nas despesas da Lava Jato
Os absurdos na condução do processo – para não falar da própria
iniciativa de realizar tal investigação – foram tantos que a Justiça, na
primeira e segunda instâncias, concedeu e manteve liminar suspendendo a
chamada “tomada de contas especial”, mas o presidente do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins (cujo filho foi
citado em delação premiada e denunciado pela Lava Jato), cassou a
liminar e permitiu a retomada do processo. Em 18 de julho, a assessora
Angela Brusamarello, da SecexAdministração, assinou o mais recente
parecer, que elimina definitivamente quaisquer dúvidas a respeito da
lisura na condução das despesas da Lava Jato e recomenda “acatar as
alegações de defesa apresentadas” por Dallagnol e pelos demais
investigados, pois elas “foram suficientes para elidir as
irregularidades que lhes foram atribuídas”.
Brusamarello analisou uma por uma as alegações dos perseguidores da
Lava Jato, e concluiu que “o modelo administrativo escolhido para
viabilizar a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba (…) não implicou
violação à regra da economicidade ou aos princípios do interesse
público, finalidade, motivação e proporcionalidade, eis que os gestores
implementaram medidas de racionalidade administrativa e de zelo
compatíveis com os procedimentos e processos de trabalho do órgão para
viabilizaram a operação” (o destaque é da própria assessora); que “não
restou identificada prova de locupletamento” da parte dos procuradores; e
que não é razoável cobrar-lhes valor algum a título de devolução, pois
todos os deslocamentos registrados estavam devidamente justificados.
Ao tratar especificamente das acusações contra Dallagnol, Angela
Brusamarello atesta que ele “não participou da concepção do modelo, nem
era o procurador natural no momento de sua instalação [da
força-tarefa]”, acrescentando que, mesmo que Dallagnol “tivesse ciência
do pagamento de diárias, passagens e gratificações aos membros, foge ao
razoável exigir que, além do extenso, complexo e intrincado trabalho
finalístico de oficiar, coordenar e executar as atividades da persecução
penal, desempenhasse gestão administrativa da força-tarefa. (…) o papel
precípuo de um coordenador de força-tarefa era tão-somente o
gerenciamento jurídico e processual do grupo e a gestão operacional
(trabalho de campo)”. Ou seja, se não há razão nenhuma para cobrar
valores dos demais procuradores, muito menos razão haveria para arrancar
quase R$ 3 milhões de quem não tinha relação alguma com o planejamento
financeiro da operação.
Em resumo, não houve nem desperdício, muito menos irregularidade nas
despesas da Lava Jato – fato atestado também pela Procuradoria-Geral da
República, que em documento de centenas de páginas, datado de 30 de
maio, comparou as possíveis alternativas ao modelo de força-tarefa e
concluiu que não havia opção mais barata para as necessidades daquela
investigação. Se ainda restar um fiapo de decência a todos os que
promoveram ou deram seu aval à perseguição a Dallagnol e seus ex-colegas
de MPF, a lata do lixo é o destino óbvio deste processo.
Ao lado da esposa Giselle, Ciro Gomes discursou para filiados na convenção nacional do PDT.| Foto: Mariana Alves Fotografia/PDT
Nesta quarta o PDT homologou a candidatura de Ciro Gomes para a
Presidência da República, numa convenção em Brasília. E nesta quinta, em
São Paulo, o PT vai homologar a candidatura de Lula a presidente
e Alckmin a vice. Lula não estará presente, porque é um evento meramente
protocolar. As convenções são assim. Estou em Brasília há 46 anos e
ouço isso desde sempre: a convenção é para confirmar o que foi decidido
na véspera, entre os cabeças do partido.
Lula está em Pernambuco. Acho que está preocupado com os candidatos
de lá, com o problema entre o PT e o Partido Socialista Brasileiro, e
deve estar tentando botar água fria na fervura. Eu vi a chegada dele,
bem discreta, praticamente só algumas pessoas que estavam juntas ali.
Depois ele pretende ir para o interior de Pernambuco.
Ciro Gomes, na convenção, disse que vota em Lula quem não quer
Bolsonaro, e vota em Bolsonaro quem não quer Lula. Com isso, ele quis
dizer que este não é um voto positivo, e sim um voto de rejeição. Então,
ele apareceria como alternativa aos dois. Eu entendo a estratégia, mas
acho que o enunciado não está completo. Quem vota em Lula adora tanto o
Lula que não quer nem saber o que aconteceu nos 14 anos de governo do PT
– e morre de medo de Bolsonaro. Já o que vota em Bolsonaro é quem
aprova seus três anos e meio de governo, adora Bolsonaro e tem medo de
que Lula volte ao governo, faça a mesma coisa e até mais. Aí, sim, está a
definição do eleitor de um e de outro. Se a intenção de Ciro foi se
apresentar como terceira via, isso só confirma que a real importância é
dos dois.
Rigidez do Mercosul atrapalha desejos de livre comércio do Uruguai Por
falar nisso, Bolsonaro não foi à reunião do Mercosul – que é um futuro
de burocracia, nunca será uma União Europeia – e ficou em Brasília, foi
ver o jogo à noite. No fundo, essa história de Mercosul deixa o Uruguai
oprimido entre Brasil, principalmente, e Argentina. O Uruguai está
tentando uma saída como fez o Chile. O Chile, espremido entre a
Cordilheira dos Andes e o Pacífico, fez acordos comerciais, assinou
tratados com países asiáticos no tempo de Pinochet e dos “Chicago Boys”,
e foi em frente. Ganhou muito com isso.
Se as pesquisas dão como certa a vitória de Lula, por que o desespero dos petistas?
Estou vendo que quem não está acreditando nas pesquisas eleitorais
são os que apoiam Lula, porque a mídia apoiadora de Lula, e em campanha
contra Bolsonaro, está cada vez mais desesperada – assim como os
militantes da candidatura Lula. Porque se Lula já ganhou, como mostram
as pesquisas, pra que se preocupar com Bolsonaro?
Inflação americana e britânica logo será maior que a brasileira E,
por falar em preocupação, vocês viram que a inflação no Reino Unido e
nos Estados Unidos é a maior dos últimos 40 anos? E daqui a pouco está
maior que a brasileira, chegando a 10%. Só que nós, brasileiros, estamos
acostumados com ela e sabemos como lidar. Eles não sabem, tanto os
consumidores quanto os empresários e investidores.
A confiabilidade
das torradeiras está sendo novamente questionada pelo presidente Jair
Bolsonaro. E está sendo mais uma vez reafirmada enfaticamente pelo
Judiciário. De um lado, uma dúvida que, independentemente de ser ou não
paranoica na origem, está por aí. No ar, no éter. De outro, a arrogância
inexplicável e teimosia idem de todo um grupo que existe justamente
para garantir que sobre as eleições e suas torradeiras maravilhosas não
paire qualquer dúvida – por mais infundada que ela pareça.
Numa conversa recente com amigos bem mais velhos do que eu, fui
levado a lembrar que as torradeiras, ao contrário do que diz a campanha
do TSE, nunca foram exatamente uma unanimidade. Se temos essa impressão,
é porque aqueles eram outros tempos. Tempos de calmaria política, de
estabilidade econômica e de tranquilidade com a queda razoavelmente
recente do Muro de Berlim. “A gente achava que era impossível alguém
continuar comunista depois de ver as torneiras de ouro dos governantes
da Alemanha Oriental”, disse um deles. Apesar do clima geral de
alienação, sempre houve quem olhasse com desconfiança para as
torradeiras. Nem que essa desconfiança nascesse de um espírito que
misturava nostalgia, tradição e uma pitadinha de ludismo.
Hoje a gente gosta de rir dos luditas porque eles eram basicamente
contra as máquinas que permitiram a Revolução Industrial e, à la Boulos,
invadiam as fábricas destruindo tudo. E por “tudo” leia-se
“principalmente teares”, que eram o ápice da tecnologia da época. É
muito fácil, com o olhar contemporâneo, ridicularizar essas pessoas. Mas
a gente não pode esquecer que o sustento e o estilo de vida delas
estavam sendo ameaçados por uma geringonça sem alma. E nem chegava a ser
uma torradeira dessas que o TSE jura por tudo o que é mais sagrado que
são seguras.
Avançando um pouco no tempo, do começo à metade do século XX temos a
“era de ouro da ficção científica”, gênero que consagrou muitos
escritores de imaginação exuberante e estilo sofrível. E, em essência,
do que fala a ficção científica? Da relação sempre complicada entre o
homem e a tecnologia criada pelo homem. E nem por isso filmes e livros
com máquinas malvadas são considerados luditas. É natural, pois, que
muita gente se sinta profundamente ameaçada quando se trata de confiar o
destino de um país a máquinas tão simples quanto torradeiras.
Em relação às nossas torradeiras, a dúvida é natural. Naturalíssima.
De uma naturalidade tão grande que há não mais de uma década os próprios
parlamentares, representantes democraticamente eleitos da população,
aprovaram uma norma que determinava que o pãozinho torrado eletrônico
viesse acompanhado por um paõzinho torrado físico, verificável. Em 2015,
porém, os ministros do STF, talvez deslumbrados com o potencial
ideológico da manipulação sutil das torradeiras, deram início à teimosa
iniciativa de garantir a legitimidade das eleições na marra.
Inatural é a teimosia nascida da soberba tecnocrata. Uma arrogância
que ignora um desejo que você pode considerar “retrógrado”, irracional,
equivocado, mas que é autêntico dentro da ordem democrática: o desejo de
ver suas ideias devidamente representadas por meio do voto. O quanto
esse desejo é ilusório não está em questão aqui. O que está em questão é
a recusa inexplicável das autoridades competentes. Uma recusa que tem
potencial para jogar o país num abismo maior ainda.
Afinal, se as torradeiras derem a vitória ao ex-presidiário Lula
(toc, toc, toc), a legitimidade de uma eleição que tem por base apenas a
canetada do ministro Edson Fachin e a fé na tecnologia das torradeiras
será, evidentemente, questionada. Ou melhor, negada e rejeitada por uma
parcela nada desprezível da população. Nesse ambiente, não se pode
esperar de um presidente eleito legalmente, mas ilegitimamente, que ele
governe o país em paz. Porque não haverá paz. E, na falta de paz, os
governos tendem a usar o que lhes resta: a força.
A crer na honestidade dos ministros & suas torradeiras
infalíveis, resta a hipótese não menos absurda de que STF e TSE agem
movidos pela empáfia, pelo desprezo aos sentimentos – insisto: legítimos
– de parte da sociedade, e pela certeza (essa, sim, infundada) de que a
história reserva aos ministros um lugar de honra pela defesa arrogante
que eles fazem dessa democracia com contornos muito particulares.