Oposição terá chances reduzidas de obter decisão favorável da Corte
para adiantar instalação do colegiado; evitar confrontos com o Planalto é
consenso entre os magistrados
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que
está trabalhando nesta primeira quinzena de julho, durante o recesso do
Judiciário, se mostra disposta a evitar novos embates políticos. Com
isso, ficam reduzidas as chances de a oposição obter uma decisão
favorável, caso recorra à Corte para assegurar a abertura da CPI do Ministério da Educação.
Um dos poucos consensos entre os ministros do Supremo tem sido o de
evitar mais confrontos com o Palácio do Planalto e o Congresso, a menos
de 90 dias das eleições. Em conversas reservadas, o presidente da
Corte, Luiz Fux, já disse que o atual momento do País não comporta tensões.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco(PSD-MG),
provocou protestos da oposição ao adiar a abertura da CPI do MEC para
depois das eleições. Autor do pedido de CPI, o senador Randolfe Rodrigues(Rede-AP),
líder da Minoria, avisou que pretende acionar o Supremo, ainda nesta
semana, para assegurar o funcionamento da comissão em agosto. A
existência de um gabinete paralelo no MEC, com pastores negociando
liberação de verbas para prefeituras, em troca de propina, foi revelada
em março pelo Estadão.
Pacheco disse que, na sessão desta quarta-feira, dia 6, lerá o
requerimento de instalação da CPI no plenário. Avisou, porém, que os
trabalhos de apuração só terão início após as eleições. Na prática, essa
decisão – tomada em conjunto com líderes de partidos – foi interpretada
por muitos no Congresso como uma forma de enterrar de vez a CPI. A
oposição tenta reverter o acordo que beneficiou o governo de Jair Bolsonaroe ameaça recorrer ao Judiciário. O presidente do Senado afirmou não ver “cenário” para que o Supremo o obrigue a agir.
Apenas seis dos 11 ministros do Supremo trabalham no recesso. Fux é
um dos magistrados que aderiram às férias coletivas e só deve retornar
ao tribunal na segunda quinzena deste mês. Caberá à vice-presidente Rosa
Weber decidir sobre eventuais ações de parlamentares pró-CPI, caso o
relator sorteado na Corte seja algum dos ministros que estão em recesso.
André Mendonça, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Alexandre de
Moraes e Gilmar Mendes decidiram continuar despachando durante as
férias, o que esvaziou o poder de decisão da presidência do Supremo.
Eles também poderão atuar, caso sejam sorteados.
No gabinete de Mendonça, por exemplo, há uma avaliação de que, se o
caso cair com ele, a tendência será optar por não interferir em disputas
do Congresso. O magistrado foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro
(PL) e, na maioria dos processos de repercussão, tem votado a favor do
governo.
A expectativa da oposição é de que algum magistrado em atividade
durante o recesso repita a decisão do ministro Luís Roberto Barroso em
relação à abertura da CPI da Covid. Em abril do ano passado, Barroso foi
sorteado relator do mandado de segurança apresentado pelos senadores Alessandro Vieira (PSDB-SE) e Jorge Kajuru (Podemos-GO).
Na ocasião, ele atendeu aos pedidos dos parlamentares e determinou que
Pacheco instalasse a comissão. Seis dias depois, o caso foi a julgamento
no plenário do Supremo. A decisão do relator foi referendada por 10
votos a 1.
Passado um ano, a oposição não pode contar com um cenário semelhante.
Ministros do Supremo têm se esquivado de confrontos que possam
enfraquecer o apoio de aliados ou aumentar a tensão entre os Poderes. No
mês passado, Fux cedeu a Bolsonaro no caso do marco temporal para
demarcação de terras indígenas.
A ação sobre os critérios da política demarcatória foi retirada da
pauta de julgamentos da Corte após magistrados costurarem um acordo.
Antes de a decisão ser tomada, alguns deles já haviam insinuado que
pediriam a suspensão da votação. O acerto foi firmado entre os
integrantes do tribunal depois que Bolsonaro ameaçou não cumprir ordem
do Supremo com eventual mudança no marco temporal.
Nas últimas semanas, Fux recebeu Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira(Progressistas-AL),
e selou uma espécie de “pacto pela democracia” com o Congresso. Sob o
argumento de que está havendo uma “judicialização da política”,
parlamentares pediram ao ministro que a Corte diminua o número de
decisões individuais, sobretudo quando os casos analisados envolverem
interesses do Legislativo.
Candidato à reeleição, presidente Jair Bolsonaro alertou
ministros sobre o que pode ou não ser feito pelo governo nesse período
que precede as eleições.| Foto: Joédson Alves/EFE
O presidente
Jair Bolsonaro (PL) se reuniu nesta terça-feira (5) com seus ministros
de Estado e o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e favorito para
ser seu vice nas eleições de outubro, para alinhar as estratégias de
defesa do legado e das ações do governo federal dentro dos limites da
legislação eleitoral.
A reunião foi classificada como positiva por interlocutores do
Palácio do Planalto e importante para Bolsonaro transmitir e alinhar com
seus ministros pontos que considera importantes, como a redução do
preço dos combustíveis e a busca de ampliar cada vez mais a
transparência e a segurança das eleições.
O objetivo é que seus ministros defendam as ações e bandeiras do
governo em seus discursos e agendas pelo país. Por conta da legislação
eleitoral, estão vedadas campanhas publicitárias e até mesmo
determinadas informações que possam ser consideradas pela Justiça
Eleitoral como políticas e eleitorais.
Por esse motivo, a reunião ministerial também foi importante para
transmitir e padronizar as normas legais do período eleitoral. A ideia é
priorizar a divulgação das realizações e benefícios dos ministérios
para a população e olhar “para a frente” com a sinalização de planos
para o futuro.
Como o alinhamento pode ajudar a campanha de Bolsonaro A
expectativa de coordenadores eleitorais de Bolsonaro — a exemplo do
ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira — é que o alinhamento com os
ministros ajude a impulsionar a pré-campanha presidencial à reeleição.
Embora o governo não acredite nas pesquisas eleitorais que colocam o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como favorito, os índices
de rejeição constatados pelos mais diferentes levantamentos preocupam o
núcleo político.
O “núcleo duro” de Bolsonaro entende que, a essa altura do calendário
eleitoral, os índices de rejeição ao governo deveriam estar mais
baixos. Indicadores que apontam o presidente como o principal
responsável pela alta da inflação e a situação econômica do país, por
exemplo, geram apreensão no Planalto.
Por esse motivo, Bolsonaro quer que seus ministros e toda a base
aliada auxiliem o governo a divulgar com discursos e falas as
realizações do governo ao longo da gestão, principalmente a conclusão de
obras e a criação do Auxílio Brasil, bem como os esforços em ampliar o
programa social e o auxílio-gás e criar o auxílio aos caminhoneiros.
Quem vai coordenar a estratégia de defesa do legado do governo Presente
na reunião desta terça, o general Braga Netto vai coordenar a
estratégia de defesa do legado do governo. Anunciado pelo próprio
Bolsonaro como o vice em sua chapa, o militar será a “ponte” entre o
governo e a campanha.
O ex-ministro da Defesa será o responsável por reunir as ações do
governo e definir o planejamento, a coordenação e como gerir as
informações que serão utilizadas pela campanha presidencial dentro das
normas eleitorais.
O pré-candidato a vice-presidente foi assessor especial do gabinete
pessoal de Bolsonaro e também auxilia na elaboração do plano de governo.
Por essa interlocução já existente e pela confiança que o presidente
tem nele para conduzir esse tipo de planejamento, ficou determinado que
Braga Netto vai coordenar as estratégias.
O militar se desincompatibilizou do cargo de assessor especial
ocupado no Planalto na última sexta-feira (1), último dia do prazo
definido pela Justiça Eleitoral. Os mais próximos do general explicam
que, desde então, ele atua nos bastidores da pré-campanha.
Após reunião com Bolsonaro, ministro da Justiça testa positivo para Covid-19 Como o governo age para mitigar as preocupações com a legislação eleitoral
O governo está comprometido em evitar que seus ministros e
secretários incorram em alguma irregularidade durante o período
eleitoral. Não à toa desde sábado (2) todos os órgãos estão com seus
conteúdos em sites e redes sociais temporários e provisórios para a
divulgação de informações e serviços, por exemplo.
O momento é chamado no Planalto de “período de silêncio”. Desde 2 de
julho, agentes públicos ficam proibidos de autorizar publicidade
institucional de atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos federais, estaduais ou municipais.
As divulgações estão restritas aos chamados serviços de utilidade
pública, como, por exemplo, a data de pagamento do Auxílio Brasil e
outros benefícios concedidos pelo Estado. Durante o período eleitoral,
mesmo anúncios de celebração de acordos ou outras informações ficam
restritas.
Por isso, existe uma preocupação do Planalto, em especial da
Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), em não infringir a
legislação eleitoral. Em meados de abril, a Secom reuniu assessores e
chefes de comunicação de toda a administração direta e indireta do
governo para discutir as restrições eleitorais.
Foram reunidos em um auditório mais de 200 pessoas para alertar sobre
os riscos de infringir a legislação. Lá, foi citado um exemplo de
condenação de um prefeito por campanha eleitoral antecipada devido ao
compartilhamento de uma notícia antiga do site oficial da prefeitura por
um cidadão comum, comenta uma fonte que participou da agenda.
Para integrantes da Secom e do Planalto, a interpretação da Lei das
Eleições cria insegurança jurídica. A fim de evitar uma condenação à
campanha de Bolsonaro por possíveis indícios de propaganda antecipada, a
Secom e as assessorias de comunicação dos ministérios, de autarquias e
empresas públicas aceleraram a publicação de artigos em veículos de
imprensa e informações que destacassem as ações e feitos do governo. Ao
mesmo tempo, prepararam a migração para as plataformas provisórias, onde
serão divulgados os serviços de utilidade pública.
A partir de 16 de agosto, quando começa a propaganda eleitoral, a
coordenação eleitoral de Bolsonaro vai iniciar, de fato, as inserções
nos horários de TV e rádio. O governo federal seguirá, porém, com as
restrições atuais, embora o presidente e os ministros poderão manter as
defesas do legado da atual gestão em discursos e entrevistas.
O que é permitido à pré-campanha de Bolsonaro e o que não é
Além da proibição em autorizar publicidade institucional de atos,
programas, obras, serviços e campanhas, Bolsonaro e outros agentes
públicos do governo também ficam proibidos de fazer pronunciamento em
cadeia de rádio e de televisão fora do horário eleitoral gratuito, ou
seja, antes de 16 de agosto. Há exceção para casos considerados pela
Justiça Eleitoral como “urgente, relevante e característica das funções
de governo”.
O advogado Guilherme Gonçalves, sócio da GSG Advocacia e membro
fundador da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político
(Abradep), alerta para outro importante risco durante os 90 dias que
antecedem as eleições. “O que não pode e é a proibição mais absoluta e
contundente é a utilização de qualquer tipo de estrutura, bens e
dinheiro públicos para realizar qualquer tipo de divulgação que tenha
como efeito propaganda eleitoral”, diz.
Até mesmo viagens realizadas por Bolsonaro precisam estar amparadas
dentro da legislação eleitoral. “A grande exceção por conta de tudo isso
é o uso do avião que tem toda uma regulamentação e tem que ser
ressarcido. Ele pode usar as prerrogativas de presidente, porque
continua como mandatário da nação, mas as despesas têm que ser cobertas
pela campanha”, explica Gonçalves.
A legislação eleitoral permite, porém, diferentes ações para defender
o governo e pré-candidaturas de aliados. Desde que não haja pedido
explícito de voto antes de 16 de agosto, a legislação eleitoral também
não proíbe Bolsonaro e seus ministros de elogios a uma pré-candidatura
ou de exaltar as qualidades pessoais de aliados.
Gonçalves destaca que Bolsonaro e ministros poderão defender o
governo em falas e entrevistas em meios de comunicação. A legislação
também não veta a participação em seminários ou congressos desde que não
sejam financiadas pela pré-campanha com recursos de empresas.
A legislação eleitoral também permite o impulsionamento de conteúdo
na internet, desde que não haja o disparo em massa, ou seja, pelo envio,
compartilhamento ou encaminhamento de um mesmo conteúdo ou de variações
para um grande volume de usuárias e usuários por meio de aplicativos de
mensagem instantânea, informa o TSE.
Também é permitida a realização de lives e eventos com o objetivo
específico de arrecadar recursos para a campanha, desde que haja pedido
de voto. Está no radar coordenação eleitoral do governo alinhar
estratégias para pedir doações para a pré-campanha de Bolsonaro.
Inclusive, essa é uma das estratégias do PL para evitar disputas
internas por verbas eleitorais.
Pesquisa Por Bruna Komarchesqui e Maria Clara Vieira – Gazeta do Povo
Uma nova pesquisa associa conservadorismo a retrocesso. O que a imprensa ainda não entendeu?| Foto: Pixabay
Quando
os girondinos, grupo que representava a face mais “conciliadora” da
Revolução Francesa, se sentaram à direita da Assembleia Nacional
Constituinte de Paris para defender o estabelecimento de uma monarquia
constitucional – uma alternativa moderada à radicalidade dos jacobinos,
posicionados à esquerda -, em 1789, certamente não vislumbravam um mundo
no qual pessoas do mesmo sexo solicitariam o direito de se casar. É de
se esperar que, à época, mesmos os mais ávidos companheiros de
Robespierre considerassem a possibilidade um disparate, bem como a ideia
de que homossexuais pudessem adotar crianças.
Ainda que, no alvorecer da Era Contemporânea, as definições de
“direita” e “esquerda” tenham nascido da contraposição entre a defesa da
continuidade, da moderação e da manutenção, ainda que parcial, do
status quo, e o clamor por mudanças radicais que reorganizariam por
completo a sociedade, mais de dois séculos depois, estes termos tão
comuns ao vocabulário político abrangem uma vasta gama de
posicionamentos que não se restringem sequer ao papel atribuído ao
Estado. Eis a primeira razão pela qual a pesquisa publicada no último
domingo (3), pelo jornal O Globo, intitulada “A cara da democracia”, é
provavelmente um retrato restrito não apenas do público, mas sobretudo
das próprias visões políticas que pretende analisar.
Conduzida pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), a pesquisa
entrevistou presencialmente 2.538 eleitores em 201 cidades em todas as
regiões do país e, de largada, diz revelar “duas pistas da cabeça do
eleitorado: opiniões majoritariamente de direita, conservadoras ou
‘linha-dura’ – cada vez menos envergonhadas – convivem, pontualmente,
com visões de mundo mais vinculadas à esquerda, aos direitos humanos ou à
diversidade”. Ainda que admita que “a construção do que é ser de
direita ou esquerda faz parte do dia a dia político e seus significados
sofrem alterações ao longo do tempo”, o texto não se furta em associar à
direita pautas que dividem liberais e conservadores de diversas
matizes. Mal comparando, é como colocar no mesmo balaio um libertário e
um monarquista, cujas visões acerca do papel Estado são fundamentalmente
opostas mas, ainda assim, são associados à “direita”. Isso sem falar na
própria definição de “conservadorismo”, associado a posições “linha
dura”, que sejam consideradas as nuances que cada posicionamento
implica.
Segundo a pesquisa, por exemplo, “a maioria dos brasileiros tem
posicionamentos conservadores em temas como redução da maioridade penal
(70% a favor) e legalização do aborto (73% é contra), mas se posiciona
contra a pena de morte (53%) e apoia tanto o casamento entre pessoas do
mesmo sexo (49%) quanto, ainda de forma mais intensa, a adoção de
crianças por casais homoafetivos (56%)”. Cada posicionamento desses
exige uma análise menos simplista sobre qual seria uma verdadeira visão
conservadora. Mas é preciso analisar com base obras de autores renomados
e não apenas em perfis de redes sociais.
O que significa ser conservador Uma das tentativas mais
abrangentes e assertivas de retratar a origem das divergências políticas
é a obra do economista americano Thomas Sowell, “Conflito de Visões”.
De partida, o renomado intelectual reconhece que, no cerne das
diferentes opiniões que dividem liberais, libertários, conservadores,
progressistas e comunistas – e toda sua gama de “variantes” – há uma
questão essencial para que se escape de reduções grosseiras: “Um olhar
mais atento aos argumentos utilizados pelos dois lados mostra que, em
geral, essas pessoas estão raciocinando a partir de premissas
fundamentalmente diversas. (…) Eles têm visões distintas sobre como o
mundo funciona”.
Contrapondo os escritos do filósofo político britânico William
Goodwin e os do filósofo e economista Adam Smith, Sowell identifica duas
“lentes” distintas para enxergar o mundo: a visão irrestrita e a visão
restrita. Para os adeptos da primeira, representados por Goodwin, a
natureza humana é perfectível – isto é, pode e deve ser melhorada e pode
chegar à perfeição. Para os que compartilham da “visão restrita” de
Smith, ao contrário, o homem possui limitações morais intrínsecas que
não podem alteradas, de modo que “o desafio moral e social fundamental
consiste em fazer o melhor possível dentro dessa limitação, em vez de
gastar energia em uma tentativa de se mudar a natureza humana”.
“Na visão restrita, em que tudo o que esperamos são as
contrapartidas, a prudência é uma das tarefas mais elevadas. (…) Na
visão irrestrita está implícita a ideia de que o potencial é muito
diferente do que é real, e isso significa que existe para aprimorar a
natureza humana rumo a seu potencial, ou que tal recurso pode ser
desenvolvido ou descoberto, para que o homem faça a coisa certa pela
razão certa, em vez de agir por posteriores recompensas psíquicas ou
econômicas”, explica Sowell.
Em se considerando a definição de “conservadorismo” feita por um de
seus maiores expoentes da modernidade, o britânico Michael Oakeshott,
fica claro como a visão restrita identificada por Sowell tende a estar
associada a esta corrente política: “Ser conservador é, pois, preferir o
familiar ao estranho, preferir o que já foi tentado a experimentar, o
fato ao mistério, o concreto ao possível, o limitado ao infinito, o que
está perto ao distante, o suficiente ao abundante, o conveniente ao
perfeito, a risada momentânea à felicidade eterna. (…) Significa viver
dentro dos limites do patrimônio, usufruir dos meios possíveis à
riqueza, contentar-se com a necessidade de maior perfeição que é exigida
a cada um em dada circunstância”.
Outra tentativa de compreender o que está por trás das diferenças
ideológicas resultou na Teoria dos Fundamentos Morais, desenvolvida pelo
psicólogo Jonathan Haidt. Em seu livro, “A Mente Moralista: Por que as
pessoas boas se separam por causa da política e da religião?” (Editora
Alta Books), cuja síntese foi apresentada por Haidt em uma palestra na
conferência TED Talk em 2012, o psicólogo explica que, ao analisar um
extenso escopo de culturas, estudos antropológicos, correntes
filosóficas etc, percebeu a existência de cinco “instintos morais” aos
quais o ser humano tende a responder instintivamente; com base,
inclusive, em predisposições genéticas: cuidado, justiça, lealdade ao
grupo, autoridade e pureza.
Em suma, pessoas que são, naturalmente, mais abertas à novidade e,
portanto, tendem a ser mais progressistas, dão muito valor à justiça
(também entendida como “equidade”) e ao cuidado com o próximo, mas quase
nenhuma importância à lealdade grupal, autoridade e pureza; enquanto
pessoas que valorizam a estabilidade e tendem ao conservadorismo
valorizam os cinco itens. Nesta reportagem, a Gazeta do Povo destrincha
como há, de fato, um abismo moral entre a imprensa e a população. Além
disso, é possível identificar a predileção pelos “canais morais” de
justiça e cuidado à visão irrestrita de Sowell, associada aos que
acreditam em soluções permanentes para problemas universais – a
insistência na proibição dos “discursos de ódio”, como se o sentimento
em si pudesse ser extirpado da terra, é um belo exemplo. Por outro lado,
o respeito à ordem e à autoridade como formas de contenção da
inevitável falibilidade humana são associáveis à visão restrita e ao
conservadorismo.
Disto não decorre, contudo, que os conservadores não estejam
preocupados com questões de justiça ou cuidado, mas que tendem a
equilibrá-los com outros elementos também indispensáveis para a
convivência (o próprio Haidt avalia que todas as sociedades que
evoluíram e prosperaram contam com membros capazes de operar nos “cinco
canais”). Não à toa, o filósofo político Russell Kirk, um dos pais do
conservadorismo contemporâneo, afirma que “a permanência e a mudança
devem ser reconhecidas e reconciliadas em uma sociedade vigorosa”.
Cabe retomar, por fim, o alerta do próprio Kirk acerca da definição
do conservadorismo: “Portanto, senhoras e senhores, caso estejais
procurando por algum ‘Manual Infalível do Conservadorismo Puro’ – ora,
estais perdendo o vosso tempo. O conservadorismo, não sendo uma
ideologia, não tem nenhum gabarito presunçoso, estimada criação de algum
terrível simplificador, ao qual o cândido devoto da salvação política
possa recorrer toda vez que tiver alguma dúvida”. O que nos leva aos
elementos avaliados pela pesquisa.
O papel da escola e da família na educação A militarização das
escolas (anseio de 67% dos ouvidos pela pesquisa) e a opinião de que se
deve ensinar a rezar e acreditar em Deus (84%) não, por exemplo,
bandeiras conservadoras para a educação. “Não existe isso de que um
conservador quer que os alunos rezem na escola, porque conservadorismo
não é religião. E o conservadorismo não tem a ver com a ideia de que as
escolas militarizadas são melhores que as outras, mesmo porque, se ele
se pauta por uma tradição, as escolas tradicionalmente não são ambientes
militarizados. Muito pelo contrário, são ambientes de liberdade, de
ensino, pedagógicos e não propriamente de regras rígidas e
militarizadas, como uma escola militarizada vai preconizar”, defende o
colunista da Gazeta do Povo Paulo Cruz, que é palestrante sobre educação
e professor de Filosofia e Sociologia em escolas estaduais e privadas
de São Paulo.
“Educar, no sentido conservador do termo, é transmitir para a nova
geração o legado das gerações anteriores, o máximo daquilo que foi
aprendido e os erros cometidos também”, salienta. Nesse sentido, a
grande crítica da direita se dá mais no âmbito da nova pedagogia, que
“rejeita não somente a ideia da importância dos conhecimentos, mas
também a das exigências, a da autoridade do docente e das regras de
conduta, assim como as referências a uma cultura compartilhada”, como
define a pedagoga sueca Inger Enkvist, em seu livro Repensar a
Educação.
“A nova pedagogia passa a advogar um ensino para transformar o
cidadão, ou para criar cidadãos melhores, e abandona a tradição de
educação, que privilegia o ensino da tradição histórica do país e do
mundo”, explica Cruz. Como afirma Enkvist: “A nova pedagogia não se
interessa pela criatividade das grandes personalidades históricas:
prefere a expressão da criatividade no aluno”. Além disso, “não leva em
consideração a experiência de muitas gerações com relação à importância
do professor para criar entusiasmo pelo conhecimento”, o que, na opinião
da autora, é um erro.
“As crianças aprendem mais com a ajuda dos adultos que de seus
colegas porque os adultos sabem mais e ensinam melhor. Entre pares,
somente de vez em quando costuma ser obtido um bom resultado, mas não há
garantias. O trabalho em equipe entre companheiros deixa de fora a
retroalimentação, muito importante para a aprendizagem, porque os alunos
ignoram se sua resposta é correta ou não”, explica a pedagoga, com base
em um estudo norte-americano sobre o pensamento infantil.
Mais do que as disciplinas, acrescenta Enkvist, nessa corrente
pedagógica o foco são as diferenças sociais entre os alunos. “Decidiram
que a escola deve se transformar no lugar no qual se resolve de uma vez
para sempre o problema da desigualdade entre indivíduos. (…) O
pedagogismo se opõe a toda seleção e a qualquer livre opção de tom
qualitativo. Concebe o conceito de igualdade na educação como igualdade
não tanto de oportunidades como de direitos. Os jovens aprendem a não
ter que assumir as consequências derivadas de seus atos. As
transgressões na esfera pública não somente não se sancionam, como
também não é infrequente que sejam celebradas como uma genialidade”,
critica.
A defesa do meio ambiente Quando se fala em preservação do meio
ambiente no Brasil, a associação com a esquerda é quase automática, mas
sua ligação com o conservadorismo é, inclusive, etimológica. Conservador
vem do latim “conservare”, ou seja, “manter intacto, guardar,
preservar”, palavras caras também à causa do meio ambiente, como lembra o
ativista ambiental Jota Júnior, membro da Youth Climate Leaders.
“O conservadorismo, em sua essência, não é uma ideologia. Quando o
Bolsonaro fala que não vai demarcar um centímetro de terra indígena,
isso é ideologia, não tem a ver com ciência ou com análise situacional. A
visão conservadora exige uma análise circunstancial e situacional”,
defende. “O problema é que o conservadorismo acabou se afastando de
pautas tomadas pela esquerda. Mas eu defendo que precisamos oferecer
perspectivas acerca de pautas sociais, como questões raciais e LGBT, por
exemplo”, completa Jota.
Segundo a pesquisa, na área ambiental os brasileiros tendem a ser
mais de “esquerda” ao rejeitarem supostos “temas caros ao bolsonarismo”,
como a liberação de mais agrotóxicos (83% são contra) e a permissão
para mineração nas terras indígenas (72% discordam). O ambientalista
Jota Júnior, que se define como conservador, é favorável aos agrotóxicos
– embora seja contra o PL 6.299/2002 e a favor da demarcação de terras
indígenas. “A análise de dados mostra que, quando o objetivo é a
preservação da floresta, as terras indígenas têm sucesso, com menos de
1% de desmatamento. O conservadorismo é muito mal comunicado através da
mídia, com esse conservadorismo de rua, brutamontes, como o do
Bolsonaro. A pesquisa traz rótulos que me colocariam na esquerda”,
pondera Jota.
Guilherme de Carvalho, um dos fundadores da Associação Brasileira de
Cristãos na Ciência, critica conservadores que desprezam as árvores e
zombam dos verdes”. “Cuidar da família, da mulher, do nascituro e do
meio ambiente: todos pertencem à mesma lógica da mordomia da criação, da
ética do cuidado, de um conservadorismo generoso”, reforça.
O tema, inclusive, merece um capítulo inteiro no best-seller “Como
ser um conservador”, de Roger Scruton, que é considerado por alguns o
“guru da nova direita brasileira”. “[Conservadores] acreditam que a
coisa mais importante que os vivos podem fazer é radicar-se, construir
um lar e deixá-lo como legado para os filhos. Oikophilia, o amor pelo
lar, serve à causa do ambientalismo”, afirma.
Scruton acredita em conquistas concretas, em pequena escala, “que
mudariam a face da Terra” caso reproduzidas em escalas maiores, por sua
ligação com um “motivo natural – o vínculo compartilhado com um lugar
comum e com os recursos que oferecem para os que nele vivem”. É nesse
sentido que ele separa o conservadorismo das “formas de ativismo
ambientalista em voga”. “Ambientalistas radicais têm uma tendência a
definir as finalidades em termos globais e internacionais, e apoiam
organizações não governamentais e grupos de pressão que lutarão contra
as predadoras multinacionais no território delas e utilizando armas que
prescindem da soberania nacional.”
A defesa da vida e da dignidade humana Ao contrário do que indica
a pesquisa publicada pelo O Globo, também não há uma contradição entre
ser contra o aborto e não desejar a prisão de uma mulher que tenha
abortado. “É possível se posicionar moralmente contra o aborto com
bastante firmeza e não achar que uma mulher deve ser presa, não vejo
relação. O criminoso vai preso porque tem uma culpa diante da sociedade,
precisa ser isolado do convívio social para não cometer mais crimes e
precisa reparar. No caso de uma mulher que toma a decisão de abortar,
esses critérios não são muito óbvios. Ela faz mais pelo desespero, por
várias razões, é muito mais da natureza psicológica do que psicopata.
Mas é moralmente grave, moralmente ilícito, não precisa ser criminoso
para estar errado”, defende o professor de filosofia Francisco Razzo,
autor do livro “Contra o Aborto”.
A educação da consciência moral para a dignidade da vida do
nascituro, portanto, tem mais valor para o conservadorismo nesse debate.
“O liberalismo tende a transformar a moralidade em foro íntimo, em
privacidade, como se fosse uma experiência subjetiva, e é errado. Moral é
o que tece nossas relações na sociedade e fundamenta, inclusive, alguns
princípios fundamentais do Direito”, reforça Razzo.
É próprio do conservadorismo analisar e compreender as situações em
suas particularidades. Assim, ainda que o aborto seja um atentado contra
a vida humana em todas as etapas da gestação, Razzo defende que haja
punição quando praticado em fases mais avançadas. “Uma mulher com seis,
sete meses que enfia uma agulha na barriga, aí acho um caso limite de
ter que responder penalmente e talvez ir presa mesmo”, analisa.
Nossas convicções: A dignidade da pessoa humana
Outro tema comumente ligado à direita é a defesa da pena de morte.
Embora muita gente que se considera conservadora expresse opiniões
favoráveis, a dignidade da vida e a desconfiança natural do Estado (que,
em última instância, decidiria quem vive e quem morre) são alguns dos
valores do conservadorismo atentados pela pena capital. Mesmo que a
dignidade moral possa ser livremente perdida, ela também pode ser
recuperada por decisão do indivíduo, mas nunca retirada. Assim, mais
eficiente que a pena de morte seria o fim da impunidade, a celeridade na
Justiça e a adoção de penas proporcionais à gravidade dos crimes.
O problema das drogas e da segurança pública Tão problemática
quanto a associação da pena de morte ao conservadorismo é à da frase
“bandido bom é bandido morto”, rejeitada por 59% dos entrevistados na
pesquisa e associada a posições “linha-dura” na segurança pública, que
incluem a redução da maioridade penal (70% de aprovação). Enquanto a
primeira incorre em uma distorção do conservadorismo, a segunda não
representa sequer uma unanimidade na direita – que inclui liberais,
libertários e afins -, tal como ocorre com a descriminalização das
drogas.
Tome-se, como exemplo, os escritos do economista austríaco Ludwig von
Mises: “É fato notório que o alcoolismo, o cocainismo e o morfinismo
são inimigos mortais da vida, da saúde e da capacidade de trabalho e de
lazer; e o usuário deveria, por conseguinte, considerá-los vícios. (…)
Não é de modo algum evidente que tais intervenções do governo sejam de
fato capazes de suprimir tais vícios; e, mesmo que este objetivo fosse
atingido, não é nada evidente que tal intervenção não irá abrir uma
caixa de Pandora de outros perigos não menos nocivos que o alcoolismo e o
morfinismo”.
Alguém que se declare “de direita” pode, portanto, posicionar-se em
qualquer um dos polos no tocante à maioridade penal ou à
descriminalização das drogas. Imbuído de uma visão circunstancial,
calcada na experiência e na moralidade, um conservador pode, por
exemplo, posicionar-se contra as drogas com base nas experiências
fracassadas de outros países, ou ter visões pontuais acerca de usos
específicos destas substâncias.
O casamento LGBT
“O casamento fornece uma âncora (…) no caos do sexo e dos
relacionamentos a que todos somos propensos. Fornece um mecanismo para
estabilidade emocional, segurança econômica e a criação saudável da
próxima geração”. Assim o jornalista britânico Andrew Sullivan defendeu,
em um famoso artigo publicado em 1989, que a união entre pessoas do
mesmo sexo poderia ser abraçada por conservadores.
Não se pretende, aqui, entrar em discussões religiosas acerca do
assunto nem nos elementos que justificam a intervenção do Estado na
relação entre dois adultos. Ocorre que a pesquisa publicada por O Globo
parece assumir que entre os autodeclarados conservadores, “linha-dura” e
supostamente contrários à diversidade, haveria uma ampla rejeição aos
homossexuais. Mas o artigo de Sullivan mostra que o tema ainda é
controverso. Ou seja, um conservador alinhado com o autor seria
considerado de esquerda pela pesquisa.
Outro exemplo recente que parte de um autor apreciado entre
conservadores brasileiros aparece na conversa entre o psicólogo
canadense Jordan Peterson e o jornalista Dave Rubin, que é homossexual e
pai de dois filhos. “Eu nunca forçaria uma igreja, mesquita ou sinagoga
a realizar um casamento que fosse contra suas crenças, mas da
perspectiva secular, se você não der às pessoas a mesma oportunidade de
estar em um relacionamento duradouro e aprender tudo o que conversamos
[a importância de relações estáveis e duradouras para o amadurecimento
pessoal], o que sobra para elas?”, declara Rubin, a certo ponto. Ao que
Peterson comenta: “Quem sabe o que pode acontecer quando você não tem
permissão para ser quem é? Parece bastante provável que [nessa situação]
um excesso de rebeldia comece a parecer atraente”.
Silvina Batakis vai substituir Martín Guzmán, que renunciou ao
cargo após ter sua política econômica criticada pela vice-presidente
Cristina Kirchner.| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni
Quando a esquerda resolveu lançar Alberto Fernández para encabeçar a
chapa peronista que disputaria a presidência da Argentina em 2019, tendo
a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, muitos se perguntaram quem
realmente daria as cartas caso a dupla acabasse eleita, como ocorreu –
já durante a campanha Fernández permitia intuir a resposta, como quando
agradeceu à sua vice pela “confiança”, durante um comício. Pois agora,
com a substituição do ministro da Economia por uma kirchnerista fiel,
não há mais dúvidas: Fernández ainda tem a faixa e o gabinete
presidencial na Casa Rosada, mas quem governa mesmo a Argentina é
Cristina Kirchner.
Ela já havia partido para o ataque no segundo semestre de 2021,
quando os peronistas perderam para a oposição de centro-direita as
primárias das eleições parlamentares. Na ocasião, Cristina Kirchner
desferiu pesadas críticas ao presidente no Twitter e pelo menos 11
integrantes kirchneristas do alto escalão do governo pediram demissão
para desmoralizar Fernández e tentar forçar a saída de outros ministros
mais ligados ao presidente, incluindo Martín Guzmán, da Economia – ele
permaneceu, mas o chefe de gabinete, Santiago Cafiero, caiu, sendo
deslocado para o Ministério das Relações Exteriores. Derrotado na
disputa interna, Fernández levou o governo mais à esquerda e, como
consequência, nas eleições parlamentares propriamente ditas os
argentinos tiraram do peronismo até mesmo a maioria tranquila que tinha
no Senado.
A realidade não impede os peronistas, especialmente os mais radicais,
de seguir acreditando que basta imprimir dinheiro, congelar os preços e
aumentar o gasto público para que a inflação desapareça e a economia
avance
O resultado da eleição parlamentar – que o peronismo chegou a
comemorar, pois a derrota não fora tão acachapante quanto se previa –
não impediu Cristina Kirchner de seguir fazendo o papel de pedra, por
mais que a derrocada argentina estivesse ligada à implantação das
políticas mais radicais que eram pedidas por ela, e não por Fernández. O
ministro Guzmán continuou a ser um alvo preferencial da vice, inclusive
quando ele liderou renegociações de dívidas que impediram a Argentina
de voltar ao estado de calote. No último sábado, entretanto, Guzmán não
resistiu mais ao bombardeio da ala radical do governo e renunciou ao
cargo, sendo substituído por Silvina Batakis, nome que, segundo a
imprensa argentina, foi imposto pela vice-presidente.
Obviamente, Fernández e Guzmán têm muita responsabilidade pelo caos
atual da economia argentina; eles só parecem sensatos quando colocados
ao lado de Cristina Kirchner. O presidente e o (agora ex-) ministro são
intervencionistas, populistas e gastadores, insistindo em soluções que
já se mostraram um enorme fracasso. Fernández se tornou motivo de riso
nas mídias sociais quando afirmou, no início de maio, que “cada vez que
ponemos dinero, los precios siguen subiendo” – segundo a piada, o
presidente acabara de fazer sua grande descoberta: o que é a inflação.
Mais recentemente, o mandatário afirmou que faltam dólares na Argentina
porque o país está crescendo muito.
A realidade, no entanto, não impede os peronistas, especialmente
os mais radicais, de seguir acreditando que basta imprimir dinheiro,
congelar os preços e aumentar o gasto público para que a inflação
desapareça e a economia avance. Com Silvina Batakis no comando da
política econômica e Cristina Kirchner exercendo o poder de fato, as
previsões de inflação para este ano, que já passam de 70%, deverão
merecer uma atualização para pior. Resta saber se o povo argentino
finalmente despertará quando, em 2023, o peronismo tentar permanecer na
Casa Rosada.
Marcos Valério| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo/Arquivo
Recentemente
foi divulgado na imprensa trechos da delação premiada realizada por
Marcos Valério com a Polícia Federal, onde o ex-operador do Mensalão
relata a existência de uma suposta relação entre o Partido dos
Trabalhadores (PT) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
De acordo com o delator, o empresário do ramo de transportes Ronan
Maria Pinto teria chantageado o ex-presidente Lula para que não fosse
revelado um esquema de arrecadação ilegal de valores provenientes de
empresas de ônibus, de transportes irregulares e de bingos, sendo certo
que esses valores seriam destinados ao financiamento do PT e de
políticos ligados a ele.
Ainda segundo a delação, esses recursos seriam destinados ao PT como
forma de lavagem de dinheiro do PCC. O esquema teria sido descoberto por
Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, assassinado em 2002. Essa
delação foi homologada pelo ex-ministro do STF Celso de Melo, e na
semana passada trechos dela foram trazidos ao público.
É possível considerar que há grande possibilidade de que todos esses
fatos serem verídicos, pois uma delação somente será realizada caso haja
evidências robustas das acusações trazidas
No que se refere ao instituto jurídico colaboração premiada –
conhecida popularmente como delação – é importante deixar bem claro que
esse acordo entre o réu e o Ministério Público ou com a polícia, somente
será realizado caso sejam fornecidas provas pelo criminoso. Assim, não é
suficiente a mera palavra do delator, pois além de relatar todos os
crimes que ele praticou, e indicar os terceiros envolvidos no ilícito,
caberá a ele apresentar provas de suas alegações.
Em se tratando de crimes de corrupção, caso o delator diga que foi o
responsável pelo pagamento de propina a determinado político, caberá a
ele, por exemplo, fornecer aos investigadores as conversas de e-mail que
trataram do pagamento; a indicação dos funcionários do político
envolvidos nas tratativas; e indicar o local em que o pagamento da
propina foi realizado. Caso tenha sido entregue em um hotel – prática
comum apurada pela operação Lava Jato – é necessário demonstrar a
realização da reserva do quarto do hotel; fornecer o ticket do
estacionamento onde o carro do responsável pelo pagamento foi
estacionado no dia da entrega, dentre outros. Ocorrendo o pagamento da
propina através de contas no exterior – como as contas de off-shores – é
imprescindível o fornecimento do número da conta e também o comprovante
do depósito.
Mas por vezes o colaborador não detém todas as provas em sua posse.
Vamos supor que ele não tenha o extrato bancário que comprove o depósito
do valor da propina. Nesses casos, ele forneceria apenas um início de
prova, e caberia ao Ministério Público ou à polícia solicitar ao juiz da
causa uma quebra de sigilo bancário para que esse documento seja
obtido. O colaborador também deverá indicar o nome de possíveis
testemunhas e os meios de localização destas, sendo esses só alguns
exemplos de provas a serem entregues.
Assim, uma delação premiada somente será assinada entre os
investigadores e o réu colaborador caso a versão apresentada seja
verossímil e acompanhada das devidas provas e evidências. Havendo a
assinatura do acordo de colaboração premiada, o próximo passo é o
encaminhamento do documento ao juiz competente para homologação ou não
da delação. Havendo a homologação judicial, as investigações terão
continuidade para que outras diligências sejam realizadas, como obtenção
de outros documentos; interceptações telefônicas e telemáticas; oitivas
de testemunhas e até mesmo diligências mais ostensivas, como busca e
apreensão e prisões provisórias dos envolvidos.
Voltando à delação de Marcos Valério, ele afirma que era
responsável pela administração de R$ 100 milhões pertencentes ao PT e
que em 2005 ele foi procurado pelo partido para que entregasse R$ 6
milhões ao empresário Ronan para que ele não revelasse o envolvimento do
PCC na morte do ex-prefeito Celso Daniel. Segundo o delator, Celso
Daniel teria elaborado um dossiê onde continha nomes de pessoas ligadas
ao PT e que receberiam parte desses valores ilícitos. Após a sua morte,
esse dossiê não foi localizado.
Evidentemente não se pode afirmar categoricamente que todos esses
fatos narrados sejam verdadeiros, pois um operador do direito só poderá
dar um parecer nesse sentido caso tivesse acesso a todo o processo. Por
outro lado, é possível considerar que há grande possibilidade de que
todos esses fatos serem verídicos, pois, como dito anteriormente, uma
delação somente será realizada caso haja evidências robustas das
acusações trazidas. Quando há evidências de que o delator mentiu, além
de ter seu acordo de colaboração rescindido, todas as provas oferecidas
por ele poderão ser utilizadas contra ele, que responderá também por
denunciação caluniosa.
O importante é que tudo seja apurado e, havendo provas da prática de
crimes, que os responsáveis sejam processados, condenados e punidos.
Tecnologia promete conexão até dez vezes mais rápida que o 4G
Bruno Capelas, Marcela Coelho e Bruno Romani – Jornal Estadão
Nesta quarta-feira, 6, as redes de quinta geração estreiam
oficialmente no Brasil, com a ativação da tecnologia em Brasília por
Vivo, Tim e Claro. A cidade virou uma espécie de projeto-piloto para a
implantação do 5G, com equipes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
trabalhando para que as frequências 3.625 a 3.700 MHz não sofressem
interferência. Com os trabalhos concluídos, a expectativa é de que as
operadoras já possam ativar as suas redes.
5G é o nome dado à tecnologia de quinta geração de conexão móvel. Ele vai suceder o 4G,
usado hoje por smartphones e máquinas conectadas, mas também poderá ser
utilizado por dispositivos de casa, como computadores, e por aparelhos
presentes em espaços públicos, como semáforos urbanos e até mesmo carros
autônomos.
Além da maior velocidade de transmissão de dados, o 5G traz outra característica muito importante: a queda na latência –
o tempo de resposta entre um dispositivo enviar um pedido à rede de
internet e ele ser respondido. É por conta dela que muitos avanços serão
permitidos por essa nova tecnologia. Veja quais são as principais
mudanças e vantagens do novo sistema.
Diferença de velocidade de download e upload no 5G e no 4G
Estima-se que, em seu potencial máximo, a tecnologia 5G seja capaz de
atingir velocidade de download de 10 gigabits por segundo (Gbps) – dez
vezes mais do que o máximo possível de ser alcançado por uma rede 4G.
Em termos práticos, isso significa que uma tarefa que demora em torno
de 20 segundos no 4G – como baixar uma playlist de uma hora no Spotify –
pode levar apenas 2 no 5G.
O que é latência – e como ela muda tudo
Para se ter uma boa conexão de internet, não basta apenas que ela seja veloz, mas também que tenha uma latência baixa. Latência é
o termo técnico para identificar o tempo de resposta de uma rede, a
partir do momento em que o usuário faz uma solicitação (como, por
exemplo, acessar uma página ou baixar um arquivo). É como se fosse o
tempo de reação de uma rede – da mesma forma que o cérebro humano reage a
algo que vê ou sente.
Na média, a latência de uma rede 4G gira em torno de 50 milissegundos
(ms). Já a latência prevista para as redes 5G é de 1 ms. Enquanto isso,
o tempo médio de reação do cérebro humano para uma imagem, por exemplo,
é de 10 ms.
O que o 5G vai possibilitar
Graças à sua combinação entre velocidade e latência, o 5G vai
permitir avanços importantes na tecnologia. O mais evidente deles é o
dos carros autônomos.
CARROS AUTÔNOMOS
Hoje já estão sendo testados e têm algum nível de segurança – muitos
deles conseguem rodar por quilômetros sem qualquer intervenção humana.
Com o 5G, porém, isso pode se tornar ainda mais simples.
CIRURGIAS REMOTAS
Hoje, já é possível realizar cirurgias de forma remota, mas o tempo
de latência pode fazer com que acidentes aconteçam, de forma que a
prática não é recomendada. Com o 5G, isso pode mudar.
INTERNET DAS COISAS
O 5G também vai beneficiar sistemas como casas conectadas e cidades
inteligentes. A meta de fabricantes é de que os sensores tenham baixo
consumo de energia, o que permitiria que qualquer máquina tenha um
sensor.
CHAMADAS HOLOGRÁFICAS
Hoje, falar com um amigo por vídeo, via Skype ou WhatsApp é algo corriqueiro. Mas isso pode ir além com o 5G.
STREAMING DE JOGOS
Para os fãs de games, uma boa novidade do 5G é o fim da latência alta
– ou seja, nada de morrer com o tiro do inimigo ou tomar um drible num
jogo online porque sua conexão está ruim.
As operadoras já vinham falando em 5G. O serviço já está funcionando?
Mais ou menos. O serviço já oferecido por algumas operadoras em
certas cidades do País é o 5G DSS, que não é o 5G “real” (ou puro). A
sigla significa Dynamic Spectrum Sharing (Compartilhamento Dinâmico de
Espectro). A tecnologia oferece mais velocidade, através das mesmas
frequências do 4G, mas não oferece todas as outras vantagens do 5G.
Quando o 5G estará disponível no restante do Brasil?
Moisés Moreira, que preside o grupo da Anatel responsável por
garantir que as frequências não terão interferências, afirmou na
segunda, 4, que Belo Horizonte será a próxima cidade a receber a tecnologia, depois de Brasília. As datas, porém, ainda não foram definidas.
Segundo o cronograma da agência, cidades com mais de 500 mil
habitantes terão de ser atendidas até 31 de julho de 2025. Em seguida,
será a vez dos municípios com mais de 200 mil e 100 mil habitantes, que
terão de ser atendidos com rede 5G até 31 de julho de 2026 e até 31 de
julho de 2027, respectivamente. Por fim, as cidades com mais de 30 mil
habitantes terão de ser completamente atendidas até 31 de julho de 2029.
Entretanto, o cumprimento desse compromisso e a qualidade do serviço
dependem, também, da regulamentação dos próprios municípios sobre a
instalação de antenas.
Vou precisar de um celular novo para usar o 5G?
Sim! Cada celular tem um componente específico para acessar a
internet, chamado modem. Modems 5G estão começando a chegar aos
celulares e alguns modelos já são vendidos no Brasil, com bastante
variação de preços (consultados no dia 05/06/2022).
Atualmente, existem no Brasil 67 modelos de celulares capazes de
rodar o 5G certificados e homologados pela Anatel. Até o fim do ano
passado, eram apenas 40.A Samsung tem 25 modelos, dos mais básicos aos topo de linha, o que significa que os preços variam entre R$ 2 mil e R$ 14 mil. A Motorola também tem cerca de 14 modelos 5G, que são encontrados por preços entre R$ 2 mil e R$ 6,5 mil. Já os modelos da chinesa Xiaomi podem ser encontrados no varejo por preços a partir de R$ 4 mil. O modelo mais caro pode ser encontrado por cerca de R$ 10 mil.
As duas últimas gerações do iPhone,
da Apple, também são compatíveis com o 5G. No site da marca, os modelos
da geração iPhone 12 podem ser encontrados a partir de R$ 5,7 mil. Já o
modelo mais caro de iPhone 13 sai por R$ 15 mil. O mais novo aparelho
da marca a ter suporte à tecnologia é o iPhone SE 2022, que sai a partir
de R$ 4,2 mil.
Meu celular 4G continuará funcionando?
Sim! Fabio Lima, professor de engenharia de produção da FEI, explica
que as redes 2G, 3G e 4G não deixarão de funcionar. “A rede 4G não vai
ser desativada, assim como as redes anteriores não foram. Vai continuar
funcionando”, afirma.
“Você pode perceber que, quando acessamos o 4G, em alguns momentos,
percebemos que a conexão migra para a rede 3G. Ou seja, ela continua
ativa. O processo vai ser o mesmo com o 4G, que vai continuar ativo.
Então quem não trocar de aparelho (por um 5G) vai continuar acessando o
4G normalmente”, explica.
A internet fixa será substituída com a chegada do 5G?
Não. A internet fixa, com cabos e rede Wi-Fi, vai continuar sendo a
principal conexão para uma série de aplicações domésticas. “O Wi-Fi
doméstico não vai desaparecer por conta do 5G. Será como funciona hoje,
em que temos o 4G, mas também continuamos tendo o Wi-Fi para aplicações
domésticas”, explica Lima, da FEI.
“Digamos que há solução certa para cada tipo de aplicação. As
demandas domésticas, por exemplo, conectar um televisor a um serviço de
streaming, são relativamente simples e são cobertas pela internet
doméstica. O Wi-Fi vai continuar normalmente no ambiente doméstico para
algumas aplicações. Mas o 5G, por causa da mobilidade e todas as
características revolucionárias da rede, realmente vai ganhar um grande
número de aplicações e de serviços”, completa.
Lima também diz haver a tendência que a conexão doméstica também
evolua, por conta dos investimentos em infraestrutura para a
implementação do 5G. “Como toda a infraestrutura de fibra óptica está
sendo modificada, aumentada, revitalizada, isso também deve trazer algum
benefício para o Wi-Fi que a gente já tem em casa”, declara.
O 5G será mais caro?
As operadoras ainda não divulgaram os valores dos planos, mas é
provável que eles sejam mais caros e tenham limitação no consumo de
dados. No começo do ano, o presidente da Tim, Pietro Labiola, afirmou
que a companhia adotará estratégia similar ao do Uber, que oferece o
serviço “Black” por valores mais altos. Por enquanto, as operadoras
estão migrando os planos sem custo extra para a tecnologia 5G DSS, mas
aumentos são esperados para os planos de 5G puro.
O que mais pode mudar com o 5G?
Além de trazer maior velocidade de conexão, a expectativa é de que o
5G ganhe diversas aplicações na indústria. Fábricas poderão usar a
conexão mais veloz e estável do 5G para conectar diversos tipos de
equipamentos para fazer uma gestão mais inteligente, automatizada e
baseada em dados captados em tempo real.
“Temos um novo modelo de fábrica desenhado há alguns anos, chamado de
indústria 4.0, em que há conectividade interna, em que os dispositivos
dentro da fábrica são conectados e se comunicam entre si, e
conectividade externa, em que essa fábrica precisa se conectar com o seu
entorno”, diz Lima, da FEI. “Por exemplo, a fábrica deve estar
conectada com o sistema logístico. E o 5G é crucial. O 5G era uma das
tecnologias habilitadoras que estavam sendo esperadas há algum tempo,
para alavancar a indústria 4.0 e atingir esse nível de sistemas
produtivos”, afirma.
Brasil e mais 31 países proíbem venda; outros 79 liberaram o
comércio, com diferentes normas. Anvisa analisa regra nacional a partir
desta quarta-feira
Júlia Marques, O Estado de S.Paulo
06 de julho de 2022 | 05h00
Após consultas públicas nos últimos meses, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve começar a votar hoje sobre manter ou não a proibição da venda de cigarros eletrônicos no
País. O Brasil faz parte de um grupo de 32 nações que vetam o comércio
do produto, a exemplo de México, Índia e Argentina. Outras 79 – como
Estados Unidos, Reino Unido e Canadá – liberaram com maior ou menor grau
de restrição, conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2021.
Fabricantes dos dispositivos argumentam que eles oferecem risco reduzido à saúde, em comparação ao cigarro tradicional,
e por isso deveriam ser liberados como alternativa para uso adulto.
Também dizem que o veto não impede a venda irregular. Pesquisas
científicas de universidades de ponta e entidades médicas, porém,
apontam presença de substâncias desconhecidas nos dispositivos e
potencial de incentivar o tabagismo entre adolescentes e jovens que
nunca fumaram – o que justificaria manter a proibição.
Cigarros eletrônicos, ou vapes, funcionam por meio de uma bateria que
aquece um líquido interno, composto por água, aromatizante, nicotina,
propilenoglicol e glicerina. Têm formas variadas, e modelos mais
modernos se parecem com pen-drives. Alguns são fechados: não é possível
manipular o líquido interno. Outros podem ser recarregados com líquidos
de várias substâncias e sabores, como uva e menta.
Os cigarros eletrônicos surgiram nos anos 2000 e tiveram crescimento
impulsionado, inicialmente, por empresas novas. Depois, grandes
multinacionais de tabaco como British American Tobacco (BAT), Philip
Morris e Altria compraram participações em empresas de cigarros
eletrônicos ou criaram as próprias marcas. Hoje, são cerca de 30 mil
marcas de cigarros e líquidos à venda na Europa. Em 2014, as vendas
globais eram de US$ 2,76 bilhões (R$ 14,8 bilhões). Após cinco anos,
saltaram para US$ 15 bilhões (R$ 80,7 bilhões).
Anvisa
A regra brasileira que proíbe os cigarros é de 2009. Na época, a
Anvisa apontou ausência de dados científicos que comprovassem a
segurança dos dispositivos e seguiu um princípio de precaução ao
proibir. Já em abril deste ano, apresentou relatório parcial com nova
avaliação. Esse estudo sugeriu manter a proibição e aumentar a fiscalização para coibir vendas irregulares. Hoje, um relatório final será apresentado pela Anvisa, que deve iniciar votação sobre o tema.
O México baniu o produto em maio – já havia proibido a importação e
exportação, mas decidiu endurecer as regras, sob justificativa de que
vapes atraem adolescentes e podem ter substâncias tóxicas em níveis mais
altos do que a fumaça do tabaco em combustão.
Já os países que liberaram, como o Reino Unido, veem redução de danos
na comparação com o cigarro tradicional. Estudo de 2015 divulgado pela
agência do serviço de saúde britânica, a PHE, indicou que cigarros
eletrônicos são 95% menos prejudiciais do que o tabaco – os dados,
usados como argumento pela liberação, foram contestados depois por parte
dos cientistas, por suposto conflito de interesses.
Países que liberam vapes fixam diversas regras: cigarros eletrônicos
podem ser classificados como produtos de tabaco, farmacêuticos ou de
consumo. Portugal e Itália estabelecem limites de nicotina presente no
líquido e tamanho do refil para recarga.
Também há indicações de veto da venda a adolescentes ou de uso em
áreas fechadas. Na Austrália, cigarros eletrônicos de nicotina são
considerados medicamentos e só podem ser obtidos com receita médica. A
ideia da norma, de 2021, é conter o uso por jovens – de 2016 a 2019, a
taxa de australianos de 18 a 24 anos que relatam usar os dispositivos
quase dobrou, de 2,8% para 5,3%, segundo a OMS. Há ainda países, como
Finlândia e Hungria, que vetam qualquer sabor que não seja o de tabaco.
Jovens
O uso por adolescentes foi um dos principais efeitos colaterais da
popularização de cigarros eletrônicos. Nos EUA, um em cada cinco alunos
de ensino médio usava vapes em 2020, segundo o Centro de Controle e
Prevenção de Doenças. Em 2011, a taxa, conforme a OMS, era de 1,5%.
Quando surgiram, os cigarros eletrônicos encontravam pouca supervisão
federal nos Estados Unidos. Só em 2016, a FDA, órgão de vigilância
sanitária americana, passou a regulá-los como “novos produtos de tabaco”
e tornou ilegal vender vapes a menores de 18 (em 2019, subiu para 21
anos).
Tentativas regulatórias de reduzir os efeitos nocivos, principalmente
entre os jovens, têm se mostrado pouco eficazes, segundo pesquisadores
das Universidades de Stanford e da Califórnia. Em 2020, a FDA priorizou a
fiscalização de cigarros eletrônicos em forma de cápsulas e cartuchos
com sabor, mas cresceu o consumo de descartáveis.
“Estamos preocupados porque, a menos que a FDA regule todos os tipos
de tabaco e, em particular, todos os tipos de cigarros eletrônicos,
continuaremos a ter jovens pulando para diferentes dispositivos de
cigarro eletrônico”, disse ao Estadão a professora de Pediatria de
Stanford Bonnie Halpern-Felsher, autora da pesquisa. Segundo ela,
políticas para vapes nos EUA não têm conseguido proteger os mais novos.
Representantes da indústria do tabaco, porém, argumentam que a
liberação não é para adolescentes. “Esses produtos não são de risco
zero, são de risco reduzido. A maior parte contém nicotina e não são
para menores de 18 anos”, diz Delcio Sandi, diretor de relações externas
da BAT Brasil, com produtos à venda em mais de 30 países. “O que
queremos é oferecer a adultos fumantes brasileiros essa alternativa.”
Já a Philip Morris, em nota, aponta que seu produto de tabaco
aquecido difere de cigarros eletrônicos e “afasta a perspectiva de
iniciação de jovens”. Afirma ainda que o interesse é “quase exclusivo de
adultos fumantes por alternativas menos tóxicas”.
Mobilizações
Para Paulo Corrêa, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia, países que liberaram os dispositivos têm dificuldade de
retroceder nas regras e há judicialização. Ele cita que, em junho, a FDA
negou autorização a uma das marcas mais populares nos EUA, a Juul, por
falta de evidências sobre efeitos adversos. No dia seguinte, a empresa
obteve liminar para manter seus produtos no mercado.
“Alguns países, por falta de evidência científica de que os produtos
causavam malefício à saúde (na época), liberaram a venda às vezes até
sem regulação”, diz Andréa Reis, chefe da Divisão de Controle do
Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O volume de evidências
hoje, afirma, justifica manter o veto. “Estados Unidos e União Europeia
estão dando um passo atrás.” Em junho, a Comissão Europeia propôs
proibir a venda de produtos de tabaco aquecido com sabor, em tentativa
de tornar o fumo “o menos atraente possível” – o órgão estima alta de
10% nas vendas em seis países. “Não tivemos tempo de estudar todos os
danos produzidos pelo aerossol”, diz Andréa.
Em 2021, estudo de cientistas da Universidade Johns Hopkins (EUA),
publicado na revista Chemical Research in Toxicology, encontrou quase 2
mil substâncias em cigarros eletrônicos, a maioria não identificadas.
Entre os reconhecidos, seis eram potencialmente prejudiciais. Foram
analisadas quatro marcas populares, com sabor de tabaco, e chamou a
atenção do grupo a detecção de cafeína em duas delas – o que já havia
sido achado antes, mas só em cigarros com sabor de café ou chocolate.
“Isso pode estar dando aos fumantes impulso extra que não é divulgado”,
disse Mina Tehrani, uma das autoras, em comunicado da Johns
Hopkins.https://arte.estadao.com.br/uva/?id=zPa5Wy
A alta concentração de nicotina em certos dispositivos (a vaporização
de um “pen-drive”, por exemplo, equivale a um maço) também torna a
experiência altamente viciante. Nos EUA, casos de lesão pulmonar
associada aos cigarros eletrônicos (Evali) chamaram a atenção em 2019. O
país registrou 68 mortes, em faixa etária média de 24 anos. Após
pesquisas, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças concluíram que
produtos com THC (componente da maconha) estavam ligados à maioria dos
casos. No Brasil, a Anvisa recebeu oito notificações. A primeira, em
2019; a última, em abril.
Representantes da indústria do tabaco afirmam que a lesão não é
causada pelo dispositivo, mas pela adulteração do líquido usado e dizem
ainda que dúvidas sobre a composição dos cigarros eletrônicos recaem
justamente em produtos irregulares – e que a regulação poderia impedir
problemas.
A especialista em toxicologia e doutora pela USP Silvia Cazenave diz
que a “regulamentação auxilia o controle porque quando se regulamenta,
obriga-se a fiscalização”. Segundo ela, a regulação também pode ajudar a
encontrar formatos que evitem o consumo entre jovens, público
considerado mais vulnerável, como controlar a publicidade online e
sabores atraentes aos mais novos.
A proibição, diz a Philip Morris, leva ao “uso irresponsável” dos
mais diversos tipos de cigarro eletrônico e sem “nenhum tipo de
controle”. Liberar com regras elevaria o controle em caso de problemas e
evitaria perda na arrecadação de impostos criada pela venda irregular
(não taxada).
A Anvisa reconhece a necessidade de enfrentar o mercado irregular e
fez a sugestão, no último relatório, de melhorar a fiscalização no meio
digital, fronteiras e pontos de venda, com ajuda da Receita Federal e
polícias. Aponta ainda que mesmo onde dispositivos foram liberados com
regras, o mercado ilegal continuou. Segundo o governo canadense, 80% das
lojas promoviam produtos fora das regras em 2019. Procurada, a Anvisa
disse que a análise de impacto foi feita pela área técnica e sua
finalização está sendo concluída com base no apresentado na tomada
pública de subsídios de 60 dias, “encorpando o processo com a
participação dos stakeholders desse mercado”.
Experimentação de cigarro eletrônico é maior entre jovens
Dados de um inquérito brasileiro divulgado em março mostram que a
taxa de experimentação do cigarro eletrônico entre jovens de 18 a 24
anos é o dobro do índice da população adulta em geral. Um em cada cinco
jovens disseram que já usaram os dispositivos – a taxa cai para 7,3% na
população em geral, diz estudo da Universidade Federal de Pelotas
(UFPel).
O risco da liberação, para especialistas em saúde, é aumentar o uso
por quem ainda não fuma – e esses podem migrar para o cigarro
tradicional, mais barato, ou passar a usar os dois produtos. O Brasil é
reconhecido internacionalmente por esforços para reduzir o tabagismo
(nos últimos 25 anos, a taxa de fumantes caiu de 34,8% para 12,8%).
Virgilio Marques do Santos – FM2S Educação e Consultoria
Caro leitor, hoje quero falar sobre o prazer de passar um aspirador
de pó. Você liga aquela máquina e toda sujeira e pó da sua casa vai
sumindo. Some também o sentimento de culpa que me acomete de não estar
ajudando em outras tarefas mais complexas da casa. Se eu estou passando o
aspirador, não posso passear com a minha filha, trocá-la, dar banho ou
fazer qualquer coisa que exija algum esforço maior como ir ao mercado,
lavar o carro, cortar a grama, consertar itens mais importantes,
preocupar-me com a comida. E não posso ser acusado de fazer algo inútil e
inoportuno, já que o pó sempre se acumula pela residência,
principalmente nos meses de abril a setembro, em São Paulo.
Não é libertadora essa atividade? É algo simples, pois ligar o
equipamento e passá-lo pelo chão não exige esforço mental nenhum e pouco
esforço físico. De recompensa rápida, já que é maravilhoso ter um
feedback instantâneo do seu esforço ao ver o chão brilhando e sem a
sujeira. E bem vista, já que ninguém ousa perguntar o porquê está a
fazer tal atividade e nem questionar o seu critério de priorização.
Se alguém ousar desafiá-lo em tão “fundamental” tarefa, enfrentará
sua ira, afinal, quem duvida que é uma tarefa importante? Se
confrontá-lo com a informação de que a responsável pela faxina virá no
dia seguinte, mesmo assim, você justificará que o pó poderá causar uma
reação alérgica noturna. Enfim, não haverá meios de dissuadi-lo de que
fez a coisa certa.
E na vida profissional, gosta de passar o aspirador de pó?
Se identificaram com a história do aspirador de pó? Se você tem ou já
teve crianças pequenas pela casa, aposto que sim. Procurar por algo
socialmente aceito, de feedback rápido e positivo, que não exija esforço
de mudança e promova uma fuga momentânea de coisas mais complexas, é
tentador. Mas no médio prazo, não é a melhor coisa a ser feita. Como
mostramos, há melhores maneiras para se fazer essa tarefa.
Uma regra de ouro que costumo usar é definir muito bem a razão pela
qual a tarefa é executada. Por que eu passo o aspirador? Será que é para
retirar o pó em excesso ou é para ter uma desculpa de ouvir meu podcast
favorito sem ser incomodado? Se é para retirar o pó, há melhores
maneiras de fazê-lo. No entanto, se for para relaxar, há formas mais
prazerosas para tal. Consegue perceber o conceito de autoengano aqui
expresso? E, como diria o grande físico Richard Feynman, não há ninguém
no mundo com maior capacidade de enganá-lo do que você mesmo.
O mesmo conceito se aplica na empresa. Se te perguntasse quais
atividades que realiza precisam, necessariamente, ser feitas por você?
Quantas atividades não poderiam ser simplesmente eliminadas? E quantas –
realmente importantes – poderiam ser automatizadas? Se a minha
experiência puder ser tomada como base, diria que muitas vezes.
Processos que gastávamos algumas horas por semana, baixando arquivos em
Excel, por 5 dólares foram automatizados sem muito esforço.
Para ficar num exemplo claro, por meio de vários Ciclos de Melhoria,
nossos PDSAs, conseguimos reduzir os custos de operação para patamares
que não imaginávamos quando começamos. E, se me perguntasse em 2015
sobre nosso processo, iria jurar que estava fantástico. Hoje, pela
maturidade dos resultados alcançados, sou muito mais humilde quando
alguém me pergunta o quão eficiente é nosso processo. Por mais que
avancemos, o exercício de se perguntar a real causa do porquê fazer
aquilo é fundamental.
Que tal um exercício?
Para mim, a maior riqueza que possuímos é o tempo. Infelizmente ainda
não conseguimos enganar esse ser que nos rege e comanda. Todo dia,
dispomos de apenas 24 horas para alocarmos da melhor forma possível. E
julgo que, assim como eu, você quer empregá-lo para aumentar sua
produtividade e ter mais tempo disponível para atividades que lhe dão
prazer. Passear com os filhos, descansar, estudar, ler, tomar um bom
vinho, exercícios físicos, corrida, enfim, coisas melhores do que
retrabalho ou tarefa que não é mais necessária.
Posto isso, convido você a listar algumas atividades e questioná-las com sinceridade. Para isso, deixo algumas perguntas:
● Qual é o produto das suas atividades?
● Por quais indicadores você mede a qualidade, produtividade e custo de cada uma delas?
● O produto dessa atividade é realmente necessário? Pergunte ao cliente interno ou externo se é, de fato?
● Se sim, a maneira pela qual a executa ainda é válida? Ou há formas mais inovadoras para isso?
● Há alguma forma de se realizar tal atividade por meio de um sistema? Qual o custo?
● Há maneira de simplificá-la?
Com essa lista de perguntas, espero que consiga melhorar pelo menos
uma atividade que executa hoje. Por melhor profissional que seja, aposto
que encontrará algo. Seja uma simplificação de algum Macro de Excel que
você utiliza, seja a criação de gráficos que se atualizam
automaticamente no Power BI ou Data Studio, vai com fé! E, tenho certeza
de que haverá coisas que não são mais necessárias. Em nosso site,
criado e operado por nós, com meus parcos conhecimentos de WordPress no
início, achamos inúmeras coisas.
Esse artigo mesmo. No começo, escrevia apenas para mim e alguns
amigos. Tentava corrigir o texto e divulgá-lo das piores formas
possíveis. Por melhor que fosse minha intenção, disseminar os
aprendizados que tive para o maior número de leitores, não fazia da
melhor forma. Hoje, com algumas mudanças, conseguimos alcançar mais
gente e a tarefa ficou mais fácil. Além é claro, de mais recompensadora.
Saber que os duros aprendizados que tive estão servindo a mais pessoas,
me gera uma enorme gratificação.
Por que você está ignorando a ferramenta de vendas mais poderosa do mundo?
Guilherme Dias – Diretor de Comunicação e Marketing da Associação Comercial, Empresarial e Industrial de Ponta Grossa (ACIPG)
Eu vejo todos os dias o anunciante separando seus R$ 10.000,00 pra
fazer uma campanha no rádio, R$ 3.000,00 para sair em uma revista local,
pelo menos R$ 9.000,00 para fazer uns 3 pontos de mídia exterior, mas
na hora de tirar o escorpião do bolso pra comprar mídia online, qualquer
“milão” é “caro demais”.
Eu sinceramente não sei de onde veio este mito de que fazer anúncios
na internet merece menos atenção financeira do que outros meios. A
lógica deveria ser justamente a inversa.
Nenhum outro tipo de mídia retém tanta atenção do público comprador como na internet.
O Brasil é o terceiro país do mundo onde as pessoas mais ficam
conectadas, passando mais de 10 horas por dia online (DEZ HORAS POR
DIA!).
Ficamos atrás apenas de África do Sul e Filipinas.
Qual outra mídia prende a atenção das pessoas por DEZ HORAS?
Qual outra mídia pode colocar sua marca literalmente na mão do seu cliente ideal?
Qual outra mídia pode colocar sua marca na mão do seu cliente no EXATO momento que ele está propenso a fazer uma compra?
Qual outra mídia pode rastrear, seguir o seu cliente de acordo com os hábitos de consumo dele?
Qual outra mídia pode segmentar um anúncio de acordo com os interesses, medos, desejos, ações, intenções…
Qual outra mídia pode oferecer um contato com seu cliente ideal 24 horas por dia, 7 dias por semana?
Absolutamente nenhuma além da internet.
E agora, me conta…qual o motivo da internet receber menos investimento comparado à mídia tradicional?
Marketing Digital é barato, mas não é de graça.
Vamos fazer uma conta de padaria:
Quanto custa imprimir 1.000 flyers (folhetos) e distribuir no sinal?
Papel couchè brilho 90g 4×4 cores, em gráfica de internet (qualidade bem meia boca), com frete sai em torno de R$ 250,00.
Para a distribuição, você não vai encontrar quem faça por menos de R$ 70 a diária.
Você não tem a garantia de entrega. Já ví muito “panfleteiro” jogando
metade do material no bueiro, ou entregando 2 de uma vez só em cada
carro. Mas vamos tirar essa margem da conta.
Estamos falando de R$ 320 para 1 mil impactos.
Hoje estava otimizando uma campanha de Instagram, da minha conta
pessoal, e o meu CPM (custo por mil impressões) estava girando em torno
de R$ 5,51.
Ou seja cerca de 1,72% do valor de uma ação de rua com flyer.
Essa lógica pode ser aplicada a qualquer meio de comunicação tradicional, seja rádio, tv, outdoor, busdoor…
E a conta também deve ser levada em consideração além dos anúncios de Google, LinekedIN, Facebook, Instagram e TikTok.
Banners em portais e publieditoriais, este último ainda pouco
explorado por pequenos e médios anunciantes, também apresentam números
disparados na frente do marketing tradicional.
Então, quando você se perguntar se está tendo ou não resultados com mídia online, pense nessa continha.
Marketing digital, em comparação, é barato sim, mas será que você
deveria deixar a menor faixa de verba do seu orçamento de marketing para
o meio de vendas MAIS PODEROSO QUE EXISTE?
Deixo a reflexão.
Preferências de Publicidade e Propaganda
Moysés Peruhype Carlech – Fábio Maciel – Mercado Pago
Você empresário, quando pensa e necessita de fazer algum anúncio para
divulgar a sua empresa, um produto ou fazer uma promoção, qual ou quais
veículos de propaganda você tem preferência?
Na minha região do Vale do Aço, percebo que a grande preferência das
empresas para as suas propagandas é preferencialmente o rádio e outros
meios como outdoors, jornais e revistas de pouca procura.
Vantagens da Propaganda no Rádio Offline
Em tempos de internet é normal se perguntar se propaganda em rádio funciona, mas por mais curioso que isso possa parecer para você, essa ainda é uma ferramenta de publicidade eficaz para alguns públicos.
É claro que não se escuta rádio como há alguns anos atrás, mas ainda
existe sim um grande público fiel a esse setor. Se o seu serviço ou
produto tiver como alvo essas pessoas, fazer uma propaganda em rádio
funciona bem demais!
De nada adianta fazer um comercial e esperar que no dia seguinte suas
vendas tripliquem. Você precisa ter um objetivo bem definido e entender
que este é um processo de médio e longo prazo. Ou seja, você precisará
entrar na mente das pessoas de forma positiva para, depois sim,
concretizar suas vendas.
Desvantagens da Propaganda no Rádio Offline
Ao contrário da televisão, não há elementos visuais no rádio, o que
costuma ser considerado uma das maiores desvantagens da propaganda no
rádio. Frequentemente, os rádios também são usados como ruído de
fundo, e os ouvintes nem sempre prestam atenção aos anúncios. Eles
também podem mudar de estação quando houver anúncios. Além disso, o
ouvinte geralmente não consegue voltar a um anúncio de rádio e ouvi-lo
quando quiser. Certos intervalos de tempo também são mais eficazes ao
usar publicidade de rádio, mas normalmente há um número limitado,
A propaganda na rádio pode variar muito de rádio para rádio e cidade
para cidade. Na minha cidade de Ipatinga por exemplo uma campanha de
marketing que dure o mês todo pode custar em média 3-4 mil reais por mês.
Vantagens da Propaganda Online
Em pleno século XXI, em que a maioria dos usuários tem perfis nas mídias sociais e
a maior parte das pessoas está conectada 24 horas por dia pelos
smartphones, ainda existem empresários que não investem em mídia
digital.
Quando comparada às mídias tradicionais, a propaganda online é
claramente mais em conta. Na internet, é possível anunciar com pouco
dinheiro. Além disso, com a segmentação mais eficaz, o seu retorno é
mais alto, o que faz com que o investimento por conversão saia ainda
mais barato.
Diferentemente da mídia tradicional, no online, é possível modificar
uma campanha a qualquer momento. Se você quiser trocar seu anúncio em
uma data festiva, basta entrar na plataforma e realizar a mudança,
voltando para o original quando for conveniente.
Outra vantagem da propaganda online é poder acompanhar em tempo real tudo
o que acontece com o seu anúncio. Desde o momento em que a campanha é
colocada no ar, já é possível ver o número de cliques, de visualizações e
de comentários que a ela recebeu.
A mídia online possibilita que o seu consumidor se engaje com o
material postado. Diferentemente da mídia tradicional, em que não é
possível acompanhar as reações do público, com a internet, você pode ver
se a sua mensagem está agradando ou não a sua audiência.
Outra possibilidade é a comunicação de via dupla. Um anúncio
publicado em um jornal, por exemplo, apenas envia a mensagem, não
permitindo uma maior interação entre cliente e marca. Já no meio
digital, você consegue conversar com o consumidor, saber os rastros que
ele deixa e responder em tempo real, criando uma proximidade com a
empresa.
Com as vantagens da propaganda online, você pode expandir ainda mais o
seu negócio. É possível anunciar para qualquer pessoa onde quer que ela
esteja, não precisando se ater apenas à sua cidade.
Uma das principais vantagens da publicidade online, é que a
mesma permite-lhe mostrar os seus anúncios às pessoas que provavelmente
estão interessadas nos seus produtos ou serviços, e excluir aquelas que
não estão.
Além de tudo, é possível monitorizar se essas pessoas clicaram ou não nos seus anúncios, e quais as respostas aos mesmos.
A publicidade online oferece-lhe também a oportunidade de
alcançar potenciais clientes à medida que estes utilizam vários
dispositivos: computadores, portáteis, tablets e smartphones.
Vantagens do Marketplace Valeon
Uma das maiores vantagens do marketplace é a redução dos gastos com publicidade e marketing. Afinal, a plataforma oferece um espaço para as marcas exporem seus produtos e receberem acessos.
Justamente por reunir uma vasta gama de produtos de diferentes segmentos, o marketplace Valeon atrai uma grande diversidade e volume de público. Isso
proporciona ao lojista um aumento de visibilidade e novos consumidores
que ainda não conhecem a marca e acabam tendo um primeiro contato por
meio dessa vitrine virtual.
Tem grande variedade de ofertas também e faz com que os clientes
queiram passar mais tempo no site e, inclusive, voltem com frequência
pela grande diversidade de produtos e pela familiaridade com o ambiente.
Afinal de contas, é muito mais prático e cômodo centralizar suas
compras em uma só plataforma, do que efetuar diversos pedidos
diferentes.
Inserir seus anúncios em um marketplace como o da Valeon significa
abrir um novo “ponto de vendas”, além do e-commerce, que a maioria das
pessoas frequenta com a intenção de comprar. Assim, angariar sua
presença no principal marketplace Valeon do Vale do Aço amplia as
chances de atrair um público interessado nos seus produtos. Em suma,
proporciona ao lojista o crescimento do negócio como um todo.
Quando o assunto é e-commerce,
os marketplaces são algumas das plataformas mais importantes. Eles
funcionam como um verdadeiro shopping center virtual, atraindo os
consumidores para comprar produtos dos mais diversos segmentos no mesmo
ambiente. Por outro lado, também possibilitam que pequenos lojistas
encontrem uma plataforma, semelhante a uma vitrine, para oferecer seus
produtos e serviços, já contando com diversas ferramentas. Não é à toa
que eles representaram 78% do faturamento no e-commerce brasileiro em
2020.
Vender em marketplace como a da Valeon traz diversas
vantagens que são extremamente importantes para quem busca desenvolver
seu e-commerce e escalar suas vendas pela internet, pois através do
nosso apoio, é possível expandir seu ticket médio e aumentar a
visibilidade da sua marca.
A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode
moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é
colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn
possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o
seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e
reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a
experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende
as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A
ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio,
também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para
ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser.
Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem
a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos
potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar
empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de
escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.