sexta-feira, 17 de junho de 2022

CONTADOR DE LULA E FAMÍLIA É SUSPEITO DE LAVAGEM DE DINHEIRO

Investigação

Por
Alexandre Garcia


Ex-presidente Lula: contador da família é investigado por suspeita de lavagem de dinheiro.| Foto: EFE/Joédson Alves

Há alguns dias, abordei no meu canal no YouTube a possibilidade de a senadora e ex-ministra Tereza Cristina ser companheira de chapa do presidente Jair Bolsonaro e perguntei: Tereza ou o general Braga Netto?

A maciça maioria das pessoas que se manifestaram preferem Braga Netto, dizendo que é uma segurança maior para o presidente Bolsonaro ter como seu substituto eventual um general de quatro estrelas que representa a força do Exército brasileiro.

A ex-ministra ficaria muito bem como senadora ou governadora de Mato Grosso do Sul, pois tem tudo para ter sucesso na eleição e é uma pessoa da mais absoluta confiança.

O caso do contador de Lula
Estourou como uma bomba a decisão da Justiça de São Paulo de bloquear os bens do contador do ex-presidente Lula e de seu filho Lulinha. Ele também é contador de dois traficantes que fornecem droga para o PCC e estão ligados a uma empresa de ônibus.

Interessante é que o contador divide o endereço com Lulinha, uma empresa dele está no apartamento em que o Lulinha mora, que, por sua vez, está em nome do titular do sítio de Atibaia.

Parece que não adiantou o ministro Edson Fachin tentar limpar a ficha de Lula. A gente pensa que já viu tudo no mensalão, petrolão, Lava Jato, Atibaia, tríplex, empreiteiras, mas parece que continua esse magnetismo com a ilegalidade e a corrupção.

Sem roubalheira, sobra dinheiro
Por outro lado, vemos o governo federal abrindo mão de impostos sobre combustíveis, energia e comunicação, compensando governos estaduais pela perda do ICMS para ter menos preço de combustível e, mesmo assim, tendo superávit fiscal.

A gente se pergunta: por quê? Porque parou a roubalheira no governo federal, não tem mais partido político dono de ministério, não tem BNDES mandando dinheiro para Cuba e Venezuela. São essas diferenças.

Os advogados de Lula vão ter muita coisa para explicar nessa questão do contador, é uma coisa muito, muito estranha.

Voo Simples
Está sancionada a novidade do programa Voo Simples: sem burocracia para empresas aéreas, facilitando a quantidade de voos, de aviões, de companhias, de concorrência. Tudo isso para ter como consequência um transporte aéreo mais barato.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/advogados-lula-explicar-contador/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Contador ligado a Lula é suspeito de lavar R$ 16 milhões em loteria com PCC

Foto: Reprodução YouTube de Lula

Por Marcelo Godoy e Luiz Vassallo

Polícia pede sequestro de bens de João Muniz, que, junto com a mulher, ganhou 55 prêmios; advogado de ex-presidente diz não saber se suspeito ainda presta serviços ao petista; defesa de integrantes da facção citados não foi localizada

Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) pediu à Justiça o sequestro de bens do contador João Muniz Leite por suspeita de lavagem de dinheiro do crime organizado. O investigado e sua mulher ganharam 55 vezes em loterias federais somente em 2021, segundo apurações. Em uma das vezes, ele dividiu prêmio de R$ 16 milhões na Mega Sena com o traficante de drogas Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, considerado um dos principais fornecedores de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC). Santa Fausta foi morto em dezembro do ano passado.

O Ministério Público estadual concordou com o pedido da polícia. Muniz foi contador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem fez as declarações de Imposto de Renda de 2013 a 2016. Seu escritório atual, na Rua Cunha Gago, em Pinheiros, fica no mesmo endereço em que Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente, mantém três empresas: a FFK Participações, a BR4 Participações e a G4 Entretenimento, conforme dados da Junta Comercial de São Paulo. Não há menção na investigação do Denarc a Lula e a seu filho, além da coincidência de endereços.

João Muniz depõe para o juiz Sérgio moro no processo sobre o Tríplex, de Lula
João Muniz depõe para o juiz Sérgio moro no processo sobre o Tríplex, de Lula 

O prêmio de R$ 16 milhões foi dividido em cinco partes. Muniz ficou com duas; Santa Fausta, com três. Os policiais do Denarc desconfiam de que foi com esse dinheiro, esquentado por meio do prêmio pago pela Caixa Econômica Federal, que Santa Fausta comprou a empresa de transporte UPBus em parceria com cinco integrantes do PCC e 18 de seus familiares. A empresa mantém contrato de R$ 600 milhões com a Prefeitura de São Paulo e opera 13 linhas de ônibus na zona leste.

Valores

Conforme as investigações do Denarc, a mulher do contador – cujo nome não foi revelado – ganhou 49 vezes na loteria, somando R$ 2,16 milhões em prêmios. Em muitas das vezes ela teve prejuízo nas apostas. O delegado Fernando Santiago descobriu que ela gastou R$ 480 mil em uma ocasião para obter um prêmio de R$ 330 mil. Em uma outra oportunidade, apostou R$ 114 mil e ganhou R$ 62 mil.

Já o contador ganhou R$ 34,1 milhões em seis oportunidades. Em duas delas, os prêmios foram de R$ 16 milhões. Em uma terceira, apostou R$ 662 mil e ganhou R$ 425 mil. Na quarta vez, apostou R$ 84 mil e recebeu R$ 74 mil. A suspeita é de que os prêmios da loteria serviam para esquentar dinheiro ilícito, daí porque, na maioria das vezes, as apostas eram de valor superior aos prêmios obtidos pelos casal.

Muniz prestaria serviços a Santa Fausta na abertura de empresas com nomes falsos. Segundo a polícia, há indícios de lavagem de dinheiro com os prêmios de diferentes loterias da Caixa. Entre as empresas que ele teria aberto estaria a Eduardo Participações Patrimoniais.

O caso está na 1.ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro da Capital, que decidiria se decreta ou não o bloqueio dos bens do contador. A Justiça negou pedido de prisão de Muniz.

Aluguel

Há mais de uma década, Muniz é o contador de confiança da família de Lula. Em dezembro de 2017, ele chegou a prestar depoimento no âmbito de um incidente de falsidade aberto para apurar se eram frios os comprovantes de quitação de aluguel entregues pela defesa do ex-presidente à Justiça Federal.

À época, o Ministério Público Federal sustentava que a Odebrecht bancava aluguéis de um apartamento vizinho ao de Lula em um edifício em São Bernardo do Campo (SP). O imóvel pertencia a Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, próximo do petista, e réu confesso na Lava Jato. E, segundo a apuração, ficava também à disposição do ex-presidente.

Prédio onde funciona  empresa JML Assessoria Contábil, na Rua Cunha Gago, em Pinheiros
Prédio onde funciona empresa JML Assessoria Contábil, na Rua Cunha Gago, em Pinheiros 

Então juiz do caso, Sérgio Moro descartou a falsidade dos recibos. No entanto, a Procuradoria afirmou que, mesmo não tendo sido fabricados, os comprovantes eram frios. Ou seja, que Lula nunca havia pago pelos aluguéis do apartamento. Após a decisão que tornou o ex-juiz da Lava Jato suspeito, o processo teve suas provas anuladas e acabou sendo arquivado.

Mapa da mina

Depois do processo contra o ex-presidente, Muniz voltou a ter uma vida reservada. Sua relação com a família, no entanto, se estreitou. Os movimentos ficaram evidentes em novembro de 2019, um mês antes da Operação Mapa da Mina, fase da Lava Jato que investigou contratos milionários da Oi com empresas de Lulinha.

Naquele mês, Lulinha rompeu a sociedade com Jonas Suassuna, empresário que era dono do sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Foi por causa desse sítio que Lula foi condenado pela segunda vez na Lava Jato, caso que também teve suas provas invalidadas.

No mesmo ato em que Lulinha rompeu a sociedade com Suassuna, registrado na Junta Comercial de São Paulo, o endereço da sede da BR4 Participações foi transferido para a Rua Cunha Gago, número 700, conjunto 11. Outras duas empresas de Lulinha, a G4 Entretenimento e Tecnologia, e a FFK Participações, também se mudaram para aquele endereço. Somadas, as três possuem capital de R$ 4,3 milhões.

O endereço é o mesmo utilizado por Muniz para sediar, desde outubro de 2017, sua empresa de venda de equipamentos de informática, a CDigital Network Security. No mesmo prédio, no bairro de Pinheiros, mas cinco andares acima, o contador já registrou outras cinco empresas.

Estadão esteve ontem no endereço do contador em Pinheiros, mas não conseguiu localizar Muniz ou a sua defesa. A empresa JML Assessoria Contábil funciona no endereço em salas dos 1.º e 6.º andares, conforme registrado em painel na entrada do prédio. Mas ali não há registro de nenhuma das empresas de Lulinha que estão registradas na Junta Comercial.

A reportagem procurou ainda a assessoria de Lula e a sua defesa e a de seu filho. O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, disse não saber se Muniz ainda presta serviços para o petista. O criminalista Fábio Tofic, que defende Lulinha, não se manifestou.

A defesa da família Santa Fausta e dos demais integrantes do PCC investigados pelo Denarc também não foi localizada pela reportagem.

Integrantes da facção eram acionistas de empresa

No caso da empresa de ônibus do PCC, a UPBus, o traficante Anselmo Santa Fausta teria usado o nome falso de Ubiratan Antonio da Cunha para fazer o negócio. Além dele, três integrantes da cúpula do PCC estavam entre os acionistas da empresa. Ela foi alvo de operação do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) em 2 de junho. Policiais descobriram que Santa Fausta tinha como sócios Silvio Luiz Ferreira, o Cebola; Cláudio Marcos de Almeida, o Django; e Décio Gouveia Luis, o Português, todos acusados de compor a cúpula da facção.

Outros dois integrantes do PCC foram identificados como sócios da UPBus: Alexandre Salles Brito, o Xandi; e Anísio Amaral da Silva, o Biu.

De acordo com o delegado Fernando Santiago, da 4.ª Delegacia do Denarc, a investigação começou depois do assassinato de Santa Fausta, em dezembro de 2021, no Tatuapé. Ele estava com Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, também assassinado.

Na operação do dia 2 de junho, o Denarc cumpriu 62 mandados de busca e apreensão. Os policiais apreenderam celulares, computadores, documentos, dois fuzis, pistolas, revólveres e grande quantidade de munição.

 

GREVE DA FUNAI POR CAUSA DOS ASSASSINATOS É POLÍTICA

Funcionalismo

Por
J.R. Guzzo


Servidores da Funai em protesto pelo desaparecimento de indigenista e jornalista.| Foto: Joédson Alves/EFE

Eis aqui um retrato acabado do funcionalismo inútil, parasita e vadio que infecciona áreas tão grandes da administração pública brasileira: a Funai, repartição que você paga para dar assistência aos índios, enquanto a mídia lhe diz que os problemas com os “povos indígenas” ficam cada vez piores, entrou em greve. Em greve? Mas qual o trabalho que os funcionários estavam fazendo e que foi interrompido com essa greve?

Em condições normais, a Funai já não faz nada: passa praticamente todo o seu tempo falando mal do governo, lançando abaixo-assinados e mantendo relações cordiais com as ONGs que tiram o seu sustento financeiro da Amazônia. Em greve, faz duas vezes nada.

A greve de agora é realmente um desses fenômenos que só acontecem no serviço público do Brasil: foi decretada em protesto contra o desparecimento numa parte remota da Amazônia, no início de junho, de um ex-funcionário e um jornalista inglês residente na Bahia (cujas mortes foram confirmadas pela Polícia Federal na última quarta, 15).

Como assim? Duas pessoas desaparecem na vastidão da floresta e os funcionários da Funai fazem greve? O que uma coisa tem a ver com a outra? Mais: neste momento, justamente, o pessoal não deveria estar dobrando o seu trabalho para ajudar nas buscas aos desaparecidos? Não faz nexo; mas a maioria das coisas que dizem respeito à Funai não faz nexo.

Os grevistas, naturalmente, estão protestando contra “o governo” – é a sua colaboração no grande esforço da oposição e redondezas para jogar a culpa pelo incidente nas autoridades federais e, é óbvio, “no Bolsonaro”. Mas também nisso o presidente é culpado? De que jeito ele poderia ser responsável pelo que aconteceu a duas pessoas em viagem particular, e não autorizada pela mesma Funai, a uma das terras indígenas mais isoladas do Amazonas?

Também não dá para acusar o governo de desinteresse ou pouco empenho nos trabalhos de investigação e de busca dos dois desaparecidos. Cerca de 250 homens do Exército, da Marinha, da Polícia Federal e das polícias militar e civil do Amazonas estão há dez dias dedicados a essa tarefa – o maior esforço para localizar alguém que já foi feito na região, em tempos recentes, pela autoridade pública. Há suspeitos presos. Há material apreendido. O que mais se poderia fazer?

O ex-funcionário e o jornalista, que trabalha como colaborador em jornais ingleses, não tinham autorização válida para entrar em terra indígena – um pecado mortal para os defensores da “causa” dos índios, sempre atrás de denúncias contra “os brancos” que fazem isso. Mas a culpa, para os funcionários da Funai, a esquerda do Brasil urbano e os militantes da floresta amazônica, é “do Bolsonaro” – como os 600.000 mortos da Covid, a inflação mundial, o preço da gasolina, a falta de componentes para a indústria, a “fome” e o resto dos problemas que estão aí. Greve em cima dele, então.

No momento em que os funcionários da Funai anunciavam a sua greve, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, baixava um decreto exigindo que o governo federal tomasse, em cinco minutos, “providências” para resolver a questão. Mas todas as providências possíveis foram tomadas, tanto na área federal como na estadual, desde que apareceram as primeiras notícias sobre o desaparecimento. Que diabo ele quer que se faça? A greve e o ministro são os dois lados da mesma moeda falsa.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jr-guzzo/greve-funai-fenomeno-servico-publico-brasil/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

PESCADOR CONFIRMA ASSASSAINATO DE BRUNO E DOM E INDICA ONDE ESCONDEU OS CORPOS

Foto: Victor Moriyama/The New York Times

Por Vinicius Valfré

Amarildo Oliveira diz que cometeu crime porque estava contrariado com ações de indigenista no combate a pesca e caça ilegais; polícia suspeita de que há um mandante

ENVIADO ESPECIAL ATALAIA DO NORTE (AM) – No depoimento em que confessou o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, o pescador Amarildo Oliveira, o “Pelado”, disse que cometeu o crime porque estava contrariado com as ações do indigenista em desfavor da pesca e da caça ilegais no Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas. Ao revelar o local em que enterrou os corpos, o pescador negou ter executado o crime a mando de alguém. A polícia, no entanto, trabalha com a suspeita de ele ter cumprido ordem de algum atravessador para quem trabalha.

O principal suspeito é conhecido como “Colômbia”, que seria o responsável por comprar toda a produção de Pelado e demais infratores da região. Ele teria ligação com grupos de narcotraficantes da Tríplice Fronteira com Peru e Colômbia. O Estadão apurou, no entanto, que há outros nomes sob suspeita.

Pelado foi preso em 7 de junho, dois dias após Pereira e Phillips terem sido vistos pela última vez, mas só confessou o crime na madrugada do dia 15. Na véspera, viu o irmão Oseney Oliveira, o “Dos Santos”, ser levado para a mesma carceragem por indícios de envolvimento com o caso. Os dois têm 41 anos, segundo a Polícia Federal.

De acordo com detalhes da investigação aos quais o Estadão teve acesso, Pelado agiu para isentar o irmão de acusações e optou por assumir toda a culpa pelos assassinatos. As investigações da polícia, no entanto, indicam que os dois tiveram participação “efetiva” no desfecho.

O inquérito formalmente tramita na Polícia Civil do Amazonas. Há uma apuração paralela da PF. Ainda não há uma definição sobre em qual esfera – estadual ou federal – o futuro processo correrá. Se for à federal, a Polícia Civil compartilhará as provas. Caso fique na estadual, o contrário. Entre as hipóteses que fariam o inquérito passar aos cuidados da Polícia Federal está a confirmação de elo do crime com o tráfico de drogas internacional ou a indicação de crimes contra a coletividade de povos indígenas.

Agressividade

A reportagem conversou com indígenas matis, marubo e kanamari que vivem no Vale do Javari. Segundo os relatos, Pelado é agressivo com os indígenas, não aceita cumprir a lei que o impede de adentrar o território demarcado e é responsável por alguns dos vários ataques a tiros contra a base da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Testemunhas indígenas ouvidas pela polícia também atribuem ao pescador a autoria de atentados contra “parentes” na mata. As investidas dele têm gerado reações dos nativos. Há um clima de conflito permanente na selva amazônica e lideranças indígenas têm trabalhado para o apaziguamento apesar da brutalidade contra Pereira e Phillips.

Saiba quem eram Dom Phillips e Bruno Pereira, assassinados no Vale do Javari

Nesta quinta-feira, 16, ativistas protestaram contra a violência na Amazônia e em homenagem ao jornalista britânico e ao indigenista brasileiro

O indigenista desfrutava do respeito dos povos da mata porque se dedicava a protegê-los. Andava descalço, comia e falava como os nativos. Ele coordenou as maiores operações de destruição de dragas de garimpo no Javari, nos últimos anos, e ensinou os indígenas a defenderem a própria terra. Após sofrer retaliações em seu trabalho como servidor da Funai, passou a atuar diretamente com os índios, por meio da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Pelado e Dos Santos são de uma família de pescadores e alvo de diversas denúncias de exploração ilegal em áreas protegidas. Os ameaçados pirarucus, os tracajás – uma espécie de cágado da Amazônia – e as tartarugas são os produtos preferidos. Eles aparecem em denúncias que foram feitas pela equipe treinada por Pereira e que foram entregues às autoridades.

Saída sob escolta

No dia seguinte à confissão e à localização dos corpos, Atalaia do Norte, no extremo oeste do Amazonas, amanheceu diferente. O aparato militar e policial foi reduzido e a movimentação de curiosos no cais do município não se repetiu. Após vários dias, as pancadas de chuva fina que o mormaço anunciava desde a véspera finalmente apareceram.

Com o esvaziamento, lideranças indígenas ameaçadas pelo mesmo grupo que prometeu matar Pereira também deixaram a cidade. Os irmãos Beto Eliesio Marubo, chefes da Univaja, partiram de Atalaia do Norte sob forte escolta policial. Ambos foram citados no mesmo bilhete apócrifo que surgiu com ameaças contra Bruno e Orlando Possuelo, outro indigenista.

Líderes indígenas do Vale do Javari, Beto Marubo (à esquerda, atrás, de óculos escuros)  e Eliesio Marubo (à direita, de boné preto) deixaram Atalaia do Norte sob escolta policial nesta quinta-feira, 16, um dia depois de os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips terem sido encontrados.
Líderes indígenas do Vale do Javari, Beto Marubo (à esquerda, atrás, de óculos escuros) e Eliesio Marubo (à direita, de boné preto) deixaram Atalaia do Norte sob escolta policial nesta quinta-feira, 16, um dia depois de os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips terem sido encontrados.  

“Bruno era um irmão do mato meu, do Eliesio e da Univaja”, disse Beto. “Entendemos que é um crime político. A caça e a pesca ilegal no Vale do Javari têm, sim, envolvimento político. Infelizmente, as autoridades que fazem a investigação ainda não viram isso. O Estado gosta de ser ausente na região e teremos a continuidade dessa conduta delitiva”, destacou Eliesio, o outro marubo, que é advogado.

Como tem mostrado o Estadão, a região do Vale do Javari é controlada por cartéis de narcotraficantes que subcontratam capatazes até chegar a lideranças ribeirinhas.

Estas dão vazão aos produtos tirados legal e ilegalmente da floresta e garantem o controle local para que traficantes operem rotas para escoamento de drogas e de armas a partir da fronteira.

 

POPULAÇÃO HOJE ESTÁ MAIS ATENTA AO DEBATE POLÍTICO

 

Debate político

Por
Luís Ernesto Lacombe

(Orlando – EUA, 11/06/2022) Palavras do Presidente da República, Jair Bolsonaro. Foto: Alan Santos/PR


O debate político atual pode ser resumido a “tudo é culpa de Jair Bolsonaro”.| Foto: Alan Santos/Presidência da República

Houve uma época em que os brasileiros quase não falavam de política. Talvez por desesperança, talvez por falta de tempo, na luta diária de cada um por um lugar ao sol. Talvez não parecesse mesmo importante, não parecesse necessário que tivéssemos olhares atentos, senso crítico aguçado, informações reunidas, opiniões claras formadas sobre nossos governantes, seus mandos e desmandos. Talvez fosse preguiça, sensação de impotência, de que nada poderia ser melhorado. Todo poder emana do povo, mas lhe escapa rápido das mãos, dura o tempo de apertar os botões de uma urna eletrônica… Depois disso, somos todos reféns de votos equivocados, descolados do mundo real, definidos, muitas vezes, na ignorância do isolamento político, na cegueira, na ilusão, ou sob influência direta do oportunismo, do egoísmo.

Não queríamos saber de política, nos permitíamos a negligência, o desinteresse, o fato consumado: é assim, sempre foi assim e sempre será. Durante muito tempo, foi impossível pensar de modo diferente. Dois partidos parecidos se revezando no poder, no famoso “teatro das tesouras”, dois partidos de origens diferentes apontando para o mesmo destino: mais Estado. E é engraçado como o brasileiro tende a não gostar do governo, mas normalmente ama o Estado. É quase uma esquizofrenia daqueles que acreditam que existe alguma coisa de graça. Nada é de graça. Cada vez mais, as pessoas estão tendo essa compreensão… E por quê? Porque o Brasil se politizou, o que deveria ser maravilhoso.

Em que momento o debate político passa a ser inútil, desprezível, infrutífero? Em que momento deixa de ser debate e passa a gerar irritação, desconforto, danos à saúde?

Não vou aqui discorrer sobre o que nos levou a essa politização, há gente mais gabaritada do que eu para isso. A ideia é analisar brevemente o debate político… Tentar entender até que ponto ele sobrevive, é saudável, propositivo, indicador das melhores respostas, de caminhos. E em que momento passa a ser inútil, desprezível, infrutífero? Em que momento deixa de ser debate e passa a gerar irritação, desconforto, danos à saúde? Quando vira um bicho doido, veias saltadas, cara vermelha? Quando vira um engolidor de gente? Frases sobrepostas, vozes se escalando, leviandade, mentira, palavras se chocando no ar e se espatifando sem o menor sentido…

Quem não fala de política hoje em dia? Todo mundo fala (ainda bem!), mas vai se formando uma coleção de absurdos. Cansa, cansa ouvir que o presidente da República estimula práticas criminosas na Amazônia: garimpo, narcotráfico, grilagem, desmatamento… Como se os problemas da região tivessem começado no dia da posse de Bolsonaro. E, afinal, por que, em menos de quatro anos, ele já não solucionou todos eles? A milícia, o presidente é miliciano, mandou matar Marielle Franco, mandou dar sumiço em Bruno Pereira e Dom Phillips… Ataca diariamente a democracia. E se não fosse o STF para conter esses arroubos autoritários… Numa boa, isso é debate? Porque, desse jeito, não vamos a lugar algum.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/luis-ernesto-lacombe/nivel-debate-politico/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

MARKETING DE INFLUÊNCIA VEM CRESCENDO DE ANO A ANO

Nicole Pappon – Grapa Digital

O marketing de influência vem crescendo a cada ano e hoje, mais do que nunca, as marcas precisam estar engajadas com as causas sociais e usar o marketing para sustentar esse propósito. Em 2018, uma pesquisa sobre marketing relacionado à causas realizada pela CAUSE em parceria com Ipsos, Instituto Ayrton Senna e ESPM, já mostrava que 77% dos entrevistados esperavam que empresas contribuíssem mais para a sociedade do que contribuíram no passado e 82% delas consideravam muito importante que as companhias demonstrassem um alto grau de responsabilidade social.

Somado a isso há o crescimento desenfreado do marketing de influência nos últimos anos: o Brasil, por exemplo, já ultrapassou a China e é o maior mercado do mundo, segundo levantamento realizado pela Global Consumer Survey, que apontou que, em 2019, a porcentagem dos brasileiros impactados pelo marketing de influência era de 36% contra 40% dos chineses. Em 2021, esse número no Brasil já superou os 40%. Mas como navegar nesse mercado em transformação?

No marketing de influência, o profissional precisa estar alinhado ao propósito da empresa. Além disso, o marketing vai muito além de número de visualizações e seguidores, ele está relacionado à reputação da marca. O “oba, oba” de investir em influencers com maior número de likes já amornou, porque o mercado está amadurecendo e percebendo os riscos desse tipo de investimento aleatório. Hoje, existem diversas pesquisas que nos auxiliam no amadurecimento do segmento. As marcas devem estar atentas a diversas questões que podem gerar motivo de questionamento dos consumidores.

Um estudo liderado por uma especialista em novos comportamentos de consumo em contextos digitais, a professora de marketing Rebecca Mardon, da Cardiff Business School, no Reino Unido, apontou que os seguidores criticam as marcas que acreditam ter um alto nível de controle sobre o conteúdo do influenciador, principalmente quando isso prejudica o prazer do espectador. Por exemplo, eles responderam negativamente quando sentiram que o influenciador havia recebido um script ou pediram uma alta frequência de menções ao produto.

Estamos no momento do diálogo e das conexões com potencial transformador. As marcas têm a oportunidade de encontrar a convergência entre seu propósito e as demandas da sociedade, engajando seus públicos na busca por impacto positivo. E hoje, a velocidade surreal da informação nas redes sociais pode derrubar a reputação em segundos, respingando em todos os patrocinadores e envolvidos de alguma forma com as partes que causaram controvérsia. O posicionamento das marcas parceiras em relação ao que está sendo divulgado é quase instantâneo, a exemplo do que podemos notar no Big Brother Brasil, um dos maiores reality show do mundo. O mundo mudou, o consumidor mudou, está mais exigente e as marcas precisam seguir este movimento — toda a inovação, seja no produto ou somente na empresa, é mostrada nas provas realizadas no BBB. É um meio de comunicar ainda mais ágil o que determinada marca está fazendo em seu segmento de atuação.

Dessa forma, existem diversas questões envolvendo o marketing de influência que precisam ser consideradas à medida que esse mercado vai amadurecendo. O mais importante é que a marca e os influenciadores estejam alinhados a causas — com convicção, coerência e consistência, sem exageros, mantendo sempre, sua autenticidade.

Vantagens Competitivas da Startup Valeon

pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para enfrentar a crise.

Com o fechamento do comércio durante as medidas de isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos hábitos para poder continuar efetuando suas compras.

Em vez de andar pelos comércios, durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa barreira.

Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.

Contudo, para esses novos consumidores digitais ainda não é tão fácil comprar online. Por esse motivo, eles preferem comprar nos chamados Marketplaces de marcas conhecidas como a Valeon com as quais já possuem uma relação de confiança.

Inovação digital é a palavra de ordem para todos os segmentos. Nesse caso, não apenas para aumentar as possibilidades de comercialização, mas também para a segurança de todos — dos varejistas e dos consumidores. Não há dúvida de que esse é o caminho mais seguro no atual momento. Por isso, empresas e lojas, em geral, têm apostado nos marketplaces. Neste caso, um shopping center virtual que reúne as lojas físicas das empresas em uma única plataforma digital — ou seja, em um grande marketplace como o da Startup Valeon.

Vantagens competitivas que oferece a Startup Valeon para sua empresa:

1 – Reconhecimento do mercado

O mercado do Vale do Aço reconhece a Startup Valeon como uma empresa de alto valor, capaz de criar impactos perante o mercado como a dor que o nosso projeto/serviços resolve pelo poder de execução do nosso time de técnicos e pelo grande número de audiências de visitantes recebidas.

2 – Plataforma adequada e pronta para divulgar suas empresas

O nosso Marketplace online apresenta características similares ao desse shopping center. Na visão dos clientes consumidores, alguns atributos, como variedade de produtos e serviços, segurança e praticidade, são fatores decisivos na escolha da nossa plataforma para efetuar as compras nas lojas desse shopping center do vale do aço.

3 – Baixo investimento mensal

A nossa estrutura comercial da Startup Valeon comporta um baixo investimento para fazer a divulgação desse shopping e suas empresas com valores bem inferiores ao que é investido nas propagandas e divulgações offline.

4 – Atrativos que oferecemos aos visitantes do site e das abas do shopping

 Conforme mencionado, o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores tem como objetivos:

  • Fazer Publicidade e Propaganda de várias Categorias de Empresas e Serviços;
  • Fornecer Informações detalhadas do Shopping Vale do Aço;
  • Elaboração e formação de coletâneas de informações sobre o Turismo da nossa região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas das 27 cidades do Vale do Aço, destacando: Ipatinga, Cel. Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Santana do Paraíso;
  • Ofertas dos Supermercados de Ipatinga;
  • Ofertas de Revendedores de Veículos Usados de Ipatinga;
  • Notícias da região e do mundo;
  • Play LIst Valeon com músicas de primeira qualidade e Emissoras de Rádio do Brasil e da região;
  • Publicidade e Propaganda das Empresas e dos seus produtos em cada cidade da região do Vale do Aço;
  • Fazemos métricas diárias e mensais de cada aba desse shopping vale do aço e destacamos:
  • Média diária de visitantes das abas do shopping: 400 e no pico 800
  • Média mensal de visitantes das abas do shopping: 5.000 a 6.000

Finalizando, por criarmos um projeto de divulgação e propaganda adequado à sua empresa, temos desenvolvido intensa pesquisa nos vários sites do mundo e do Brasil, procurando fazer o aperfeiçoamento do nosso site para adequá-lo ao seu melhor nível de estrutura e designer para agradar aos mais exigentes consumidores. Temos esforçado para mostrar aos srs. dirigentes das empresas que somos capazes de contribuir com a divulgação/propaganda de suas lojas em pé de igualdade com qualquer outro meio de divulgação online e mostramos o resultado do nosso trabalho até aqui e prometemos que ainda somos capazes de realizar muito mais.

                                                               Site: https://valedoacoonline.com.br/

 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

UM DIA DE CÃO NA VIDA DE BOLSONARO

Contém ironia

Por
Paulo Polzonoff Jr.


Para muita gente, o presidente é um monstro pior do que Hitler e “tomou” o poder com o firme propósito de destruir o Brasil.| Foto: Reprodução/ Twitter

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

  • “Cotidiano”, do gênio Chico Buarque

Quando eleito, com a ajuda da fakeada e das urnas fraudadas pela elite que não aguentava mais ver empregada na Disney, o inteligentíssimo, pacientíssimo e maquiavelíssimo Jair Bolsonaro percebeu a possibilidade de realizar um sonho de infância incutido por seu avô, aquele mesmo que lutou ao lado dos nazistas na Alemanha: destruir o Brasil.

E é com esse propósito que ele acorda todos os dias, escovando os dentes vampirescos (herança de Temer) com uma pasta à base de Césio-137, antes de se fartar de pão com leite condensado superfaturado. Ainda à mesa, Bolsonaro confere as mais recentes estatísticas de mortes pela Covid. “Não morreu ninguém ontem? Nenhum membro das minorias oprimidas? Ah, que pena!”, lamenta, enquanto a primeira-dama, sabidamente fundamentalista, fala em línguas.

Depois de uma rápida reunião para discutir a rachadinha com os filhos Flávio e Eduardo, Bolsonaro liga para o ministro da Defesa e exige que o avião presidencial decole dos jardins do Palácio da Alvorada, destruindo a linda estrela vermelha que a saudosa Dona Marisa mandou instalar lá, no tempo em que o Brasil era governado por autoridades cheias de empatia. Ah, que saudade do PT!

Bolsonaro manda abastecer o avião com o diesel mais caro e poluente que existe. Quando explicam que avião usa querosene, e não diesel, Bolsonaro fica uma fera e manda torturar os frentistas da Força Aérea. Uma vez a bordo, aliás, ele liga para o presidente da Petrobras e manda aumentar o preço dos combustíveis. Depois, aos risos, liga para o ultraliberal capitalista Paulo Guedes e o manda aumentar a inflação e os juros. “Paulinho, será que a gente consegue aumentar a taxa de desemprego?”, pergunta ele ao Posto Ipiranga. Guedes não responde porque está ocupado desvalorizando o real para ter ganhos em suas famosas empresas off-shore.

Fartando-se da picanha que os pobres não podem mais comprar, apesar do imenso rebanho mantido pelo agronegócio destruidor da camada de ozônio, Bolsonaro segue viagem até a Amazônia. Ao longo do caminho, ele de vez em quando abre a janelinha para metralhar as comunidades quilombolas e as aldeias indígenas.

O genocida, então, pousa numa pista clandestina usada por garimpeiros de nióbio. Assim que desce do avião, Bolsonaro é recebido por uma multidão de fascistas que, ali mesmo, organiza uma motociata. O ronco dos motores das Harley-Davidsons assusta o último casal de ararinha-azul do mundo e a fumaça dos escapamentos se confunde com as queimadas, cuja fuligem daqui a alguns dias esconderá o sol de São Paulo.

Depois de queimar muita gasolina, contribuindo para o aquecimento global, Bolsonaro ataca o STF com um discurso improvisado. “Vou continuar agindo dentro das quatro linhas da Constituição!”, ameaça o tirano. Sobre um caixote que faz as vezes de palanque, Bolsonaro comete outro crime, assassinando a língua portuguesa com milhares de erros de concordância e regência. Imprecionante como esse ómi num asserta os plural!

Tudo isso leva quase um dia inteiro. São 16 horas quando Bolsonaro decide “trabalhar” – para o mal do país. Ele reúne os milicianos da região e, empunhando uma motosserra movida a lágrimas de boto cor-de-rosa, se põe a derrubar a mata pristina. “Madeeeeeeira!”, grita ele, antes de derrubar um jequitibá de 800m de altura. Meia hora mais tarde, uma área equivalente a duas cidades de São Paulo jaz no solo amazônico, pronta para virar o carvão que assará a carne de boizinhos. A temperatura média global aumenta 3 graus. Chuvas castigam o deserto do Saara.

De volta a Brasília, esse monumento do brutalismo soviético infelizmente vilipendiado pelos neointegralistas hoje no poder, Bolsonaro janta como se nada tivesse acontecido. Um jantar totalmente antivegano, só para provocar. Reparem como ele segura o garfo e a faca feito um pedreiro homofóbico e misógino! Sem nem pedir licença para sair da mesa, o negacionista realiza sua tradicional live ao lado de um cantor sertanejo conservador que canta alguma ode às oligarquias agrícolas. Onde está a “muralha” Alexandre de Moraes para defender nossa democracia quando mais precisamos dele?!

Já na cama, ele dá um beijo revoltantemente monogâmico na esposa, vira-se para o lado e dorme o sono dos ímpios. Não, “ímpio” não porque é linguagem bíblica e todo mundo sabe que a Civilização Ocidental é a responsável por tudo de mau que há no mundo. Ele dorme o sono dos… dos… bichos-papões. Tomara que, em seus pesadelos, Bolsonaro se veja passando a faixa presidencial ao maior líder tupiniquim do universo. E, por falar nisso, quem não declarar voto no Lula é fascista. Teje avisado.

  • Este é o asterisco da derrota. Mas, como teve até filho do presidente julgando texto pelo título, ele se faz necessário para deixar claro: este texto contém doses generosas de ironia.

  • Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/polzonoff/um-dia-na-vida-de-jair-bolsonaro-o-monstro-fascista-e-o-que-mais-voce-quiser/
    Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

PREFEITURAS PAGAM SHOWMÍCIO NÃO É DE HOJE

 

CPI do Sertanejo
Por
David Ágape, especial para a Gazeta do Povo


Caetano Veloso participa, no dia 23 de outubro de 2018, de um evento de campanha do então candidato à presidência Fernando Haddad, com Guilherme Boulos ao fundo: cachê de R$ 715 mil no réveillon de Fortaleza em 2010| Foto: EFE/Antonio Lacerda


“Estamos aqui em Sorriso, Mato Grosso, um dos estados que sustentou o Brasil durante a pandemia. Nós somos artistas que não dependem de Lei Rouanet. Nós não precisamos fazer tatuagem no ‘t*ba’ para mostrar se a gente está bem ou não”, disse o cantor sertanejo Zé Neto, durante o show em Sorriso, em 13 de maio deste ano.

O comentário de Zé Neto criticando a Lei Rouanet e zombando da tatuagem íntima feita por Anitta gerou uma onda de revolta após o jornalista Demétrio Vecchioli revelar, no dia seguinte à apresentação, que ela custou R$ 400 mil e foi paga pela prefeitura da cidade. Além disso, diversas prefeituras de pequenas cidades teriam contratado shows da dupla Zé Neto e Cristiano sem licitação. Outros artistas sertanejos também fariam o mesmo, aproveitando festivais do agronegócio que acontecem por todo o interior do país.

A dupla sertaneja foi acusada de hipocrisia por atacar a Lei Rouanet, que exige prestação de contas para captação de recursos, ao mesmo tempo que realiza diversos shows pagos por prefeituras por meio de contratos sem licitação, com menor controle da utilização de recursos. Assim, nas redes sociais, fãs de Anitta e ativistas de esquerda amplificaram as críticas e pediram a instalação de uma “CPI do Sertanejo”, iniciando uma caça às bruxas a cantores sertanejos que façam shows pagos por prefeituras.

O cantor Gusttavo Lima, que assim como Zé Neto é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi acusado por blogs de esquerda de ter a carreira financiada por um fundo de investimentos que teria pego R$ 320 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para que ele fizesse propaganda para Bolsonaro, algo que depois foi desmentido até por agências de checagem.

Após denúncias crescentes nas redes sociais, Ministérios Públicos Estaduais abriram investigação para apurar possíveis irregularidades na contratação de shows de Gusttavo Lima por prefeituras. Em Roraima, o Ministério Público abriu investigação sobre o show que seria realizado pelo cantor na pequena cidade de São Luiz (RR), distante cerca de 310 km da capital Boa Vista. O cachê, fixado em R$ 800 mil, estaria muito além do suportado pelo município de apenas 8,2 mil pessoas.

Em Minas Gerais, o show do cantor e de outros artistas, que seria realizado na cidade de Conceição do Mato Dentro, foi cancelado pelo Ministério Público na segunda-feira (30), com a justificativa de que o dinheiro deveria ser usado apenas em investimentos para educação, saúde e infraestrutura. No mesmo dia, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu inquérito para apurar irregularidades na contratação de Gusttavo Lima para um show em Magé, por um cachê de R$ 1 milhão — o valor seria dez vezes maior do que a prefeitura deve investir em atividades culturais e artísticas durante todo o ano.

A prefeitura de Conceição do Mato Dentro se justificou dizendo que os processos licitatórios para a contratação de Gusttavo Lima e os outros artistas “foram realizados dentro da legalidade” e que era previsto retorno de mais de R$ 21 milhões com a chegada de turistas para as atrações. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o prefeito da cidade, Zé Fernando (MDB), afirmou que a festa “foi envolvida em uma guerra político-partidária, que nada tem a ver com a cidade”.

Gusttavo Lima, em uma live no Instagram feita no dia 30 de maio, disse estar sendo alvo de uma perseguição e que está a ponto de jogar a toalha. Disse também que faz shows pagos por prefeituras, como “todos os artistas fazem”, mas que não deixará de cobrar o seu preço porque o pagamento seria uma forma de valorização de sua arte e de pagar as despesas da equipe que o acompanha.

A assessoria de Lima justificou que o valor do cachê do artista é fixado obedecendo critérios internos, baseados no cenário nacional, como: logística, tipo do evento, e custos e despesas operacionais da empresa para realização do show. Informou também que não pactua com ilegalidades cometidas por representantes do poder público, seja em qualquer esfera e que toda contratação do artista por entes públicos federados são pautados na legalidade, ou seja, de acordo com o que determina a lei de licitações.

Para o humorista Danilo Gentili, isto só acontece porque Gusttavo Lima apoia Bolsonaro, pois se ele “tirasse fotos apoiando Marcelo Freixo, candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo Psol, e votasse em Lula, a mídia estaria “passando pano”.

“Estaríamos lendo no UOL hoje mesmo ‘como o dinheiro de prefeituras em shows gera renda e fomenta a economia local’. Aqui no Brasil tudo depende do lado que você está”, escreveu Gentili no Twitter.

Especialistas consultados pela Gazeta do Povo esclarecem que contratos feitos sem licitação, para contratação de artistas consagrados, é normal, e está amparada pela Constituição. Além disso, no caso de ilegalidades na contratação de artistas caberá aos gestores públicos a responsabilização, não aos contratados.

Telhado de vidro
Contratos firmados com prefeituras não são exclusividade de cantores sertanejos, e shows com artistas com visão política de esquerda pagos por prefeituras são frequentes. Também não são novidade os cancelamentos de apresentações a pedido da justiça.

Um caso recente é a Virada Cultural, evento que ocorreu no último dia 29 de maio, na capital de São Paulo, que custou R$ 20 milhões à prefeitura. Diversos artistas se manifestaram contra Bolsonaro e a favor de Lula durante as apresentações. O vereador Fernando Holiday (Novo) entrou na Justiça pedindo que seja suspenso o cachê da cantora Ludmilla, que receberia R$ 222 mil pelo show em que pediu para que o público fizesse um “L” com a mão, gesto que é associado ao ex-presidente Lula (PT). Ludmilla, no entanto, debochou do parlamentar no Twitter dizendo: “Deixa eu contar um segredo: meu nome também começa com a letra L!”.

O rapper Don L fez o mesmo durante a sua apresentação, em que pediu para o público fazer um “L” com a mão declarando: “se não tivéssemos um presidente genocida, muito mais pessoas estariam com a gente”. Na mesma apresentação, o funkeiro Hariel pediu para que o público” não vendesse seu voto para criminoso” e “tirasse aquele homem de lá”.

Já o cantor Marcelo D2, da banda Planet Hemp, convocou quem se identificasse como antifascista na plateia a entoar gritos de “Marielle presente”. No mesmo show, o cantor João Gordo, vocalista da banda Ratos de Porão, entrou no palco gritando “fora, Bolsonaro” e após cantar perguntou se alguém ali tinha um cigarro de maconha.

O cachê de Ludmilla está mantido, até o momento, mas os R$ 100 mil que a cantora de axé Daniela Mercury receberia por um show realizado na cidade de São Paulo, em comemoração ao 1º de Maio, foi cancelado após ela se tornar alvo de investigação da Controladoria-Geral do município. A baiana, que durante a apresentação segurou uma bandeira com o rosto de Lula e puxou um coro em favor do petista, jurou nunca ter recebido dinheiro público, durante show pago por emendas parlamentares, a maioria do PT.

Além da realização de showmício, que é vetado pela legislação eleitoral, bem como a político-partidária antecipada, a Promotoria de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público iniciou apuração uma possível violação de princípios da administração pública, como moralidade e impessoalidade. E não foi a primeira vez que Daniela Mercury se envolveu com problemas com a sua contratação por uma prefeitura. Em 2011 a baiana foi convidada para cantar no aniversário de 285 anos da cidade de Fortaleza, na época administrada pela petista Luizianne Lins, então detentora do título de prefeita pior avaliada do país, segundo o Datafolha.

O show de Daniela Mercury, de quem Luizianne é fã, custou R$ 385 mil, valor maior do que a prefeitura devia a um dos principais fornecedores de material cirúrgico da rede de saúde municipal. Por falta de pagamento, chegaram a ser suspensas as entregas de materiais dias antes. “Ela pagou para o povo pular e beber cachaça em vez de cumprir suas obrigações com a saúde”, disse José Frota Neto, um dos credores, à revista Veja.

Luizianne também se enrolou em 2007 com a comemoração do réveillon da cidade. Na prestação de contas, foi declarado que foi pago R$ 490 mil para a cantora Elba Ramalho e R$ 150 mil para a cantora Tânia Mara. As assessorias das duas cantoras disseram, no entanto, que Elba recebeu R$ 100 mil e Tânia Mara cantou de graça. A administração à época justificou que os valores foram para todas as despesas do show e não somente para a cantora paraibana.

Luizianne declarou ter pago R$ 715 mil reais de cachê a Caetano Veloso, na comemoração do réveillon de 2010, e alegou que este valor deveria cobrir passagens, diárias e o transporte de equipamentos dos músicos de apoio que acompanhariam o cantor. O detalhe: Caetano fez um show solo, somente com voz e violão. Para a revista Veja, o cantor disse que a prefeitura cobriu gastos que ele não fez e nem sequer cobrou. Em ambos os casos ninguém foi condenado e Luizianne agora é deputada federal pelo Ceará.

Sobrepreço nos cachês
O cantor paraibano Chico César — petista que participou da nova versão do jingle de Lula, originalmente gravado na campanha presidencial de 1989, junto de outros cantores de esquerda como Martinho da Vila, Lenine, Maria Rita, Pabllo Vittar e Otto — em dezembro de 2021 foi contratado para um show que custaria R$ 90 mil ao estado do Rio Grande do Norte. A apresentação acabou não sendo realizada porque o cantor testou positivo para a Covid-19. O Rio Grande do Norte é governado pela petista Fátima Bezerra. O valor de R$ 90 mil é superior a outros shows realizados anteriormente pelo cantor. No Rio Grande do Sul, em 2021, um show do cantor custou R$ 35 mil; em 2017 uma apresentação em Lagoa Santa, Minas Gerais, custou R$ 45 mil.

Em resposta a estes questionamentos, a Fundação José Augusto, que contratou o show do cantor para a reabertura do Forte dos Reis Magos, comunicou que o cachê cobrado estava “de acordo com os valores praticados no mercado nacional por artistas de renome no período festivo”. Além disso, informou que não são cabíveis comparações com cachês cobrados pelo músico em períodos anteriores.

Anitta
Justificativa semelhante foi feita pela prefeitura de Itaguaí (RJ), que foi proibida pela justiça de realizar shows de Anitta, Luan Santana e Alexandre Pires nas comemorações de 200 anos da cidade.

O evento, que custaria R$ 6,2 milhões entre cachês de artistas e serviços de infraestrutura, foi questionado pelo Ministério Público por seu alto valor e a antecipação de metade dos cachês pela prefeitura do município, que estaria passando por um momento crítico na saúde e educação, com o fechamento de escolas e do principal hospital da cidade por falta de recursos. A prefeitura, no entanto, lamentou o cancelamento pois este evento “geraria emprego, renda para o comércio local e turismo”.

Situação parecida ocorreu em 2019, quando a cidade amazonense de Parintins foi questionada pelo Ministério Público do estado pela contratação de um show de Anitta para a tradicional festa dos bois Caprichoso e Garantido, por R$ 500 mil, o dobro dos valores normalmente praticados pela artista. Para o MP, além da questão do suposto superfaturamento no cachê, o dinheiro poderia ter melhor uso, como a descontaminação da água em Parintins. Na época, o estado acabava de sair de uma greve de professores de mais de 40 dias, que reivindicavam melhores salários.

A prefeitura argumentou na ocasião que a quantia se justificava devido à logística do município: uma ilha em meio ao rio Amazonas, sem acesso por terra e a 370 km de Manaus. Além disso, o valor retornaria para a cidade com o fomento ao turismo. Mesmo assim, o prefeito Frank Bi Garcia (UNIÃO), decidiu cancelar o show de Anitta devido à repercussão negativa.

Segundo levantamento do Departamento de Estatística da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas, de 2005 a 2018, o Festival Folclórico de Parintins atraiu quase 700 mil turistas, injetando cerca de R$ 426 milhões na cidade em todos estes anos. Apenas em 2018, cuja apresentação de Zé Neto e Cristiano também foi questionada pelo MP estadual, o festival teria movimentado R$ 80 milhões, um resultado “fantástico” para o prefeito Garcia, por ter atraído investimentos do governo estadual, federal e da iniciativa privada.

Contratação normal

Segundo Mário Saadi, doutor em Direito Administrativo pela USP e sócio da Cescon Barrieu Advogados, onde é responsável pelas áreas de infraestrutura e direito administrativo, a contratação sem licitação não é anormal e está amparada pelo artigo 37, inciso XIX, da Constituição Federal e respaldada pela Nova Lei de Licitações, sancionada em abril de 2021. Esta prevê a “inexigibilidade de licitação” contratação direta, sem procedimento licitatório prévio, para contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou por meio de empresário exclusivo, desde que este seja consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Segundo ele, os órgãos de controle e os cidadãos, de maneira geral, podem fiscalizar os atos tomados pela administração pública. Assim, em caso de constatação de eventuais irregularidades, podem ser realizadas investigações e a abertura de processos pertinentes; e sempre haverá o direito de a administração pública se defender e demonstrar as razões pelas quais a sua decisão foi tomada.

“Os casos em discussão demonstram que deve haver cuidado jurídico em qualquer contratação realizada pela administração pública. Há regras específicas que precisam ser observadas relativamente a todo e qualquer contrato. Há necessidade de ação diligente, por todos os envolvidos”, explica.

Gustavo Schiefler, doutor em Direito do Estado, explica que a “inexigibilidade de licitação” ocorre pois prevalece o entendimento de que não haveria como comparar as propostas de diferentes artistas consagrados a partir de parâmetros objetivos. Assim, o fato de não acontecer uma competição aberta para a escolha do artista a ser contratado é normal neste tipo de situação pois não haveria como concluir qual é a melhor contratação a partir de uma suposta comparação, por exemplo, entre os cachês, as discografias, o número de shows realizados, o número de fãs ou seguidores nas redes sociais, ou de visualizações no Youtube.

“Se houver interesse público na contratação de um artista consagrado, a escolha deste artista será discricionária: o gestor público avaliará as alternativas disponíveis e, pagando o preço de mercado, escolherá motivadamente aquele artista que se mostrar mais adequado para o evento”, diz.

Schiefler esclarece que pode haver, sim, ilegalidade nestes contratos: como ausência de uma motivação adequada para a contratação ou o eventual pagamento de um preço superior ao preço praticado em situações semelhantes, pelo mesmo artista, no mercado em geral. Neste último caso, haveria o chamado de “sobrepreço”.

Outra possível ilegalidade seria a falta de documentação, por escrito, no processo administrativo: dos interesses públicos que serão atingidos com o espetáculo; a justificativa do preço a ser pago; a comprovação da existência e da suficiência da dotação orçamentária; a descrição da razão da escolha deste artista; e de um parecer jurídico favorável do procurador público.

Estas ilegalidades podem gerar intervenção das autoridades públicas, embora sejam exceção, explica Schiefler. Esta intervenção poderia ocorrer por ausência de dotação orçamentária para a contratação, por conta de desvios de finalidade e fraudes. Mas em regra compete ao gestor público tomar as decisões sobre a melhor forma de alocar os recursos públicos disponíveis, e não ao Poder Judiciário ou ao Tribunal de Contas. Ele ressalta que, embora o gestor público tenha liberdade para escolher como aplicar os recursos públicos, também está vinculado ao orçamento, conforme aprovado pelo Poder Legislativo.

No caso de dotações orçamentárias vinculadas, ou seja, “carimbadas” para uso em contratações de determinada natureza, a sua utilização indevida, em outro tipo de contratação, provavelmente configura uma ilegalidade. Estas ilegalidades, entretanto, são atribuíveis ordinariamente aos gestores públicos, não aos artistas contratados.

“O artista não é e não pode ser responsável por fiscalizar e confirmar a legalidade do processo de contratação. Ele só poderá ser responsabilizado se houver alguma participação indevida no processo, ou seja, se cruzar a linha e praticar alguma influência ilegítima sobre as decisões tomadas pela Administração”, afirma Schiefler, que acrescenta que cada caso deve ser analisado individualmente, pois existem situações em que o remanejamento de verbas pode ocorrer dentro da legalidade.

De acordo com Schiefler, se tudo isso estiver bem fundamentado em um processo administrativo, não haverá ilegalidade; mas a questão não é exatamente de natureza jurídica, mas de gestão administrativa, orçamentária e política. Desta forma, o gestor público, eleito pela população, é o responsável primário por realizar o juízo de pertinência e adequação de contratações como estas, embora seja juridicamente possível que um gasto público significativo afete outras exigências relevantes das políticas públicas sob sua responsabilidade.

O advogado explica também que os cálculos sobre retornos dos valores investidos com turismo são feitos através de amostragem, a partir de presunções que levam em conta eventos semelhantes passados. Schiefler esclarece que este tipo de avaliação é complexa e não há uma metodologia inteiramente segura, ou única, para se comparar o retorno de um investimento desses com outros cenários hipotéticos, em que o dinheiro seria usado de outra maneira. Mas no caso de um show de envergadura nacional, que ocorra em uma região em que esses eventos são raros, Schiefler acredita ser provável que gere retorno na área de comércio e de serviços da cidade, dada o efeito de atração de pessoas do entorno.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/show-pagos-por-prefeituras-o-telhado-de-vidro-dos-artistas-de-esquerda-de-anitta-a-caetano/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

STF AFIRMA QUE HOUVE CORRUPÇÃO E ABSOLVE UM CORRUPTO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, em evento no Pará.| Foto: Divulgação/TCE-PA

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, em cerimônia para marcar os 75 anos do Tribunal de Contas do Pará, no último dia 10, fez uma afirmação tremendamente necessária e outra bastante imprecisa em relação aos dois maiores escândalos de corrupção do passado recente do Brasil, o mensalão e o petrolão. “Tive oportunidade, nesses dez anos, de julgar casos de corrupção. Ninguém pode esquecer o que ocorreu no Brasil, no mensalão, na Lava Jato, muito embora tenha havido uma anulação formal, mas aqueles R$ 50 milhões das malas eram verdadeiros, não eram notas americanas falsificadas (…) O gerente que trabalhava na Petrobras devolveu US$ 98 milhões e confessou que tinha efetivamente assim agido”, disse Fux, referindo-se respectivamente a Geddel Vieira Lima e a Pedro Barusco.

A corrupção existiu, diz Fux, e ele poderia até ter ido mais longe, como foram alguns de seus colegas de Supremo que deram votos certeiros pela condenação dos mensaleiros. Celso de Mello, por exemplo, falou em “utilização criminosa do aparelho de Estado e a utilização ilícita do aparato governamental”, e Ayres Britto definiu o mensalão como como “um projeto de poder que vai muito além de um quadriênio quadruplicado, muito mais de continuidade administrativa. É continuísmo governamental. Golpe, portanto, nesse conteúdo da democracia, que é o republicanismo”. Até mesmo Gilmar Mendes, antes de se tornar um inimigo visceral da Lava Jato, descreveu o petrolão como um “filhote maior” do mensalão em 2016, ecoando o que o então procurador Deltan Dallagnol dissera em 2015, quando da apresentação de denúncia contra José Dirceu, ao afirmar que “mensalão e petrolão são um só”.

Não há como afirmar que alguma formalidade tenha sido descumprida nas condenações proferidas em primeira e segunda instâncias da Justiça. Para poder anular condenações da Lava Jato, o Supremo precisou inventar, pressupor e desdizer

Os órgãos responsáveis por investigar esses dois golpes na democracia conseguiram levantar um robustíssimo conjunto probatório, não apenas por meio de delações, mas de farta documentação, sem falar de flagrantes como os que envolveram Geddel Vieira Lima. O petismo, no entanto, jamais reconheceu seus erros – pelo contrário, aclamou os protagonistas dos escândalos como “guerreiros do povo brasileiro” em inúmeras ocasiões, e mais recentemente vem apelando para fake news como a afirmação falsa, divulgada pelos advogados de Lula, de que o ex-presidente teria sido inocentado nos processos da Lava Jato, quando no máximo ele teve as ações anuladas ou as denúncias rejeitadas por prescrição ou falta de provas, tornadas inválidas pelo Supremo.

Isso nos traz à parte imprecisa da afirmação de Fux, para quem as anulações foram motivadas por “questões formais”. Não há como afirmar que alguma formalidade tenha sido descumprida nas condenações proferidas em primeira e segunda instâncias da Justiça. Um bom exemplo disso é o dos processos em que delatores e delatados dividiram o banco dos réus. O Código de Processo Penal não previa prazos diferentes para a entrega de alegações finais, mas, nos casos em que a defesa dos delatores trouxe elementos novos nessa etapa derradeira do julgamento, o então juiz Sergio Moro efetivamente concedeu prazo adicional à defesa dos delatados. Mesmo assim, vários julgamentos foram anulados pelo Supremo sob a alegação de “cerceamento de defesa”. Por quê? Porque os ministros decidiram criar uma regra, em nome do direito à ampla defesa, e a fizeram retroagir de maneira totalmente formalista para desfazer julgamentos em que não houve desrespeito ao CPP, e nem mesmo prejuízo comprovado à defesa dos réus delatados.


O fato é que, para poder anular condenações da Lava Jato, o Supremo precisou inventar, pressupor e desdizer. Inventou no caso das alegações finais de réus delatores, como também inventou uma absurda suspeição da parte de Moro ao julgar Lula, transformando atos perfeitamente legais em irregularidades. Pressupôs quando tratou como inegavelmente verdadeiros supostos diálogos entre Moro e Dallagnol que perícia nenhuma conseguiu atestar como reais. Desdisse quando Edson Fachin resolveu que Lula não poderia ter sido julgado em Curitiba, embora o STF já houvesse decidido em ocasiões anteriores que a capital paranaense era o foro adequado; e quando Cármen Lúcia mudou inexplicavelmente um voto anterior sem nenhum elemento novo que o justificasse, formando a maioria pela suspeição de Moro. Nada disso tem relação com qualquer suposto erro formal cometido pela força-tarefa do MPF ou pelos juízes (não apenas Moro, é preciso lembrar) que condenaram os réus da Lava Jato.

Como já afirmamos inúmeras vezes, não nos cabe avaliar intenções ou entrar na mente dos ministros para saber se eles pretendiam, de caso pensado, torcer a lei e os códigos para livrar condenados, ou se estavam fazendo o que consideravam genuinamente acertado em seus votos. Mas podemos avaliar resultados, e estes são inegáveis: impunidade generalizada e a destruição do bom trabalho feito pela Lava Jato. O conjunto probatório levantado pela operação, mesmo que já não possa ser usado em um tribunal, está eternizado ao menos como documento histórico, para que o Brasil jamais se esqueça: como bem lembrou Fux, neste trecho extremamente feliz de seu discurso, o mensalão e o petrolão existiram, sim – e os protagonistas desses dois ataques à democracia brasileira estão por aí, recebendo a aclamação dos militantes, sendo chamados de “democratas” por boa parte dos formadores de opinião, e pedindo seu voto.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/lava-jato-stf-luiz-fux/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

COMBUSTÍVEIS VÃO FICAR MAIS BARATOS?

Desoneração

Por
Cristina Seciuk


A alíquota máxima do ICMS para combustíveis, energia, transporte público e telecomunicações será permanente e vale imediatamente a partir da sanção.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

Com tramitação finalizada no Congresso Nacional, o projeto de lei complementar (PLP) 18 está pronto para a sanção da presidência da República. Quando se tornar lei, o texto instituirá um teto nas alíquotas do ICMS incidentes sobre energia e combustíveis, numa tentativa de segurar os preços e aliviar a pressão inflacionária a quatro meses das eleições.

Na prática, o teto representa desoneração, uma vez que hoje não há limitação para o ICMS cobrado desses itens, tratados como supérfluos. O PLP 18 (que lista também telecomunicações e transporte público) passa a classificar os bens e serviços citados como essenciais, limitando, assim, a cobrança do imposto à alíquota modal de cada estado, que é a média praticada e que varia entre 17% e 18%. Definida estado por estado, a alíquota para alguns desses itens hoje ultrapassa 30% em alguns casos e deverá ser reduzida imediatamente após a sanção.

A proposta proíbe a fixação de alíquotas superiores ao teto, mas inclui mecanismo que tenta evitar compensações por meio da alta de cobranças que já sejam menores do que o máximo indicado. Será permitido reduzir o imposto abaixo do patamar da alíquota modal, mas as mesmas não poderão ser majoradas após a publicação da futura lei.

Num exemplo prático em relação à energia elétrica: alguns estados tem alíquotas diferenciais, cobrando mais ICMS para consumos intensivos e menos para usos de interesse público. A trava busca impedir que o estado, ao ser obrigado a reduzir a cobrança no primeiro caso, tente compensar a perda elevando a alíquota incidente no segundo.

O texto final do projeto passou por uma série de alterações em face do original, apresentado na Câmara, recebendo emendas de modo a acomodar cobranças dos estados, incomodados com perdas de arrecadação, e interesses do governo federal para fazer avançar a medida. Após as votações na Câmara e no Senado, confira como ficou o teto do ICMS:

Estados serão compensados pela queda de arrecadação com o ICMS
A regra que prevê limitação da alíquota do ICMS incidente sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transportes garante compensação aos governos estaduais pela renúncia fiscal que será imposta com o teto no imposto. A União vai cobrir parcialmente as perdas até 31 de dezembro de 2022, ainda que a desoneração seja permanente.

A apuração das perdas a serem compensadas pelo governo federal se dará com base no ICMS total arrecadado (o ICMS global). A compensação será devida quando for verificada queda superior a 5% na comparação com a arrecadação do exercício anterior, de 2021; quaisquer perdas de receita menores do que o índice indicado serão absorvidas pelos estados. A exceção é para estados em regime de recuperação fiscal, que serão compensados integralmente por perdas de arrecadação.

Segundo o texto, as compensações abrangem perdas ocorridas durante todo o ano de 2022. Uma correção dos valores pelo IPCA do período chegou a ser incluída pelo Senado, mas acabou retirada na votação final.

Para estados que têm dívidas com a União, as compensações serão realizadas por meio de deduções nas parcelas da mesma. Nos casos em que os estados não tenham dívidas junto ao governo federal, a compensação se dará a partir de 2023, com o uso da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) ou por meio de transferência para a União do pagamento de parcelas de empréstimos contratados com outros credores.

De modo a garantir que os municípios também sejam contemplados, o texto prevê que a compensação recebida pelos governos deve ser repassada às prefeituras de modo proporcional à cota-parte do ICMS a que elas têm direito, que é de 25% conforme a Constituição Federal.

O texto que seguiu para sanção presidencial garante, ainda, complementação de receitas para que não haja prejuízo dos pisos constitucionais da saúde e da educação e dos recursos formadores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Independentemente das regras criadas no que tange a compensação, a União será obrigada a ressarcir estados e municípios que não conseguirem cumprir as aplicações mínimas em razão das perdas provocadas pela entrada em vigor do teto do ICMS.


Desonerações temporárias para gasolina, etanol e gás natural
Além do teto para o ICMS, o projeto prevê outras desonerações para combustíveis. Até 31 de dezembro serão reduzidos a zero o PIS/Cofins e a Cide incidentes sobre gasolina e etanol, inclusive importados. A venda ou importação do gás natural veicular também terá alíquota zero de PIS/Cofins, PIS/Pasep-Importação e Cofins-Importação pelo mesmo período.

A novidade amplia desonerações temporárias dos mesmos tributos estabelecidas em maio pelo governo federal para óleo diesel, biodiesel, gás de cozinha, gás derivado de petróleo, gás natural e querosene de aviação. Essas isenções foram definidas em medida provisória.

Segurança jurídica para gestores públicos
Em atendimento a preocupações dos governos estaduais e dos municípios, a proposta afastou a aplicação de alguns dispositivos da Lei de Diretrizes Orçamentária e da Lei de Responsabilidade Fiscal para o ano de 2022. Assim, estados, municípios e os respectivos agentes públicos não poderão ser responsabilizados administrativa, civil ou criminalmente pelo descumprimento de uma série de regras, limites e metas vinculadas em caso de irregularidades que sejam decorrentes da perda de arrecadação provocada pelo teto do ICMS para combustíveis, energia, transporte público e comunicações.

Ficarão de fora, por exemplo, a proibição de se contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro do mandato e obrigação do contingenciamento após avaliação sobre insuficiência de receita em face das despesas para cumprimento das metas de resultado primário ou nominal.

Tentativa de solução para o impasse sobre o ICMS do diesel
A proposta que trata do ICMS máximo de 17% para os quatro segmentos traz ainda previsão sobre a base de cálculo do diesel até o final do ano de 2022, numa tentativa de resolver a polêmica jurídica envolvendo a União e os estados. O texto elimina a possibilidade de que decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) estabeleça alíquotas para o diesel em formato diferente das previsões determinadas por lei complementar aprovada em março.

Foi justamente uma alteração conquistada pelos estados junto ao Confaz que rendeu a apresentação de uma ação direta de inconstitucionalidade pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal. Nela, o governo federal cobra que os estados cumpram previsões legais para o cálculo do ICMS a partir da derrubada de uma decisão que driblou as regras estabelecidas na legislação para fixar uniformidade das alíquotas do imposto sobre combustíveis praticadas país afora.

Os estados estabeleceram alíquota única junto ao Conselho Nacional, o que deixaria para trás o modelo em que cada unidade federativa estabelece o índice cobrado, mas uma autorização para que eles adotassem instrumentos de equalização tributária acabou por anular os efeitos nas bombas de combustível. O trecho inserido no PLP 18 veda esse tipo de manobra.


Dúvidas quanto à baixa nos preços e queda de braço sobre a arrecadação
Estimativas citadas pelo relator do projeto da lei complementar no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), dão conta de que a limitação nas alíquotas do ICMS tem potencial para baratear o preço do litro da gasolina em R$ 1,65 e em R$ 0,76 o diesel. Os impactos práticos no valor cobrado nas bombas, entretanto, não podem ser considerados garantidos, o que embasou a crítica mais repetida nos plenários da Câmara e do Senado.

Em entrevistas à Gazeta do Povo durante a tramitação da lei no Congresso, economistas destacaram que a desoneração pode não alcançar os consumidores. Segundo o economista-chefe da EQI Investimentos, Stephan Kautz, “a dúvida é se esse repasse vai ser 100% na conta do consumidor ou se ele tende a se perder ao longo da cadeia”. Como exemplo, Kautz citou os postos de combustíveis, que trabalham hoje com margens de lucro mais enxutas nos últimos meses e poderiam aproveitar a desoneração para recompor parcialmente essas perdas.

Outra ameaça à redução nos preços dos combustíveis é a defasagem acumulada no diesel e na gasolina frente aos preços de importação, cuja paridade é observada pela Petrobras na formação de preços. Reajustados pela última vez em maio e abril, respectivamente, o diesel e a gasolina estariam defasados em 15% e 20% e uma nova alta pode engolir os efeitos do ICMS menor.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (15), a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) convocou gestores municipais a monitorarem os preços praticados nos postos antes e depois da mudança da alíquota do ICMS “a fim de verificar se essa redução de fato chegará à população brasileira”. Também esta semana, a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) classificou as medidas que vêm sendo adotadas como “temporárias e ineficazes” e apontou provável greve dos caminhoneiros caso o preço do diesel volte a subir.

Apesar da incerteza sobre as eventuais quedas nos preços, as desonerações devem ter efeito prático no alívio da inflação. Cálculos preliminares da XP Investimentos são de queda de 2 pontos percentuais no IPCA do ano, levando-se em consideração os efeitos combinados do PLP 18 e da PEC que promete zerar temporariamente impostos federais sobre combustíveis até dezembro de 2022. A má notícia é que o fim das medidas transitórias pode levar a uma nova alta inflacionária com a virada para 2023.

Efeito certo da nova lei é a queda na arrecadação de estados e municípios, que tem no ICMS sua principal fonte de receita. As estimativas sobre as perdas financeiras variam de R$ 53 bilhões, nos cálculos do Tesouro, até R$ 113 bilhões, nas projeções mais pessimistas dos representantes dos governos.

A avaliação que prevaleceu após as negociações no Congresso é de que os cofres públicos estão em bom momento e podem suportar a desoneração sem maiores comprometimentos. Tese defendida pelo núcleo econômico do governo Jair Bolsonaro aposta no redirecionamento do dinheiro que não será mais usado pelos consumidores para comprar combustível ou energia para outros bens e serviços não atingidos pelo teto no ICMS, fazendo com que a arrecadação sofra menos do que o esperado pelas gestões locais.

Mais projetos miram escalada nas contas e na inflação
As duas Casas do Congresso têm dado prioridade a propostas que miram a contenção da escalada de preços, especialmente dos combustíveis e da energia elétrica.

Na Câmara, foi aprovada uma série de projetos que impede a incidência do ICMS sobre o adicional que acompanha as bandeiras tarifárias na conta de luz, obriga Petrobras e outros agentes do mercado de petróleo a divulgar valores dos componentes que determinam o preço final pago pelo consumidor e limita reajuste na tarifa de energia elétrica de modo a ressarcir consumidores por bitributação praticada pelas distribuidoras.

Na esteira do PLP 18, o Senado aprovou também a PEC dos Biocombustíveis, que ainda precisa passar pelo crivo dos deputados. A proposição nasceu do objetivo de se preservar a competitividade dos biocombustíveis em face da desoneração generalizada aos combustíveis (inclusive os fósseis) que será promovida com a entrada em vigor do teto de 17% no ICMS.

A PEC em questão permite a criação de mecanismo para que se estabeleçam benefícios fiscais para fontes limpas de energia por ao menos 20 anos, com regime diferenciado para Cofins e PIS/Pasep (recolhidos pela União) e ICMS (de responsabilidade dos estados). O regramento ainda deverá ser detalhado em projeto de lei específico.

Para a próxima semana, a expectativa é de apresentação de outra proposta de emenda à constituição, a PEC dos Combustíveis, que dará autorização aos estados para promover mais desonerações em complemento aos esforços para reduzir o preço dos combustíveis. A tramitação começará pelo Senado. A previsão é de alíquota zerada do ICMS para óleo diesel, gás natural e gás de cozinha (ou GLP) e de redução a 12% do ICMS para etanol hidratado combustível. As medidas seriam válidas até 31 de dezembro de 2022. Neste caso, o governo federal já prevê compensação aos governos estaduais que aderirem à medida, até o limite de R$ 29,6 bilhões.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/como-fica-icms-dos-combustiveis-apos-aprovacao-do-teto/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

GOVERNO BRITÂNICO NÃO TEM MORAL PARA COBRAR JORNALISTA MORTO NO BRASIL


Jornalista morto

Por
Alexandre Garcia
Brasília


Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse estar muito preocupado com o desaparecimento do jornalista Dom Philips no Amazonas| Foto: EFE/EPA/Ukrainian Presidential Press Service

O limite para os estados cobrarem ICMS sobre combustíveis, comunicações e energia foi aprovado pelo Senado e pela Câmara, e agora seguiu para sanção do presidente da República. O teto vai ser 17%. Tinha estado que cobrava mais de 30% e isso elevava o preço da gasolina e do diesel.

E não só isso deixava o preço dos combustíveis mais caro. Essa história de ter que pegar o etanol na usina, depois levar na distribuidora para pegar a bandeira e só aí chegar no posto encarecia o custo. Agora, por iniciativa do governo, o posto já pode comprar direto do produtor. O etanol não fica mais passeando e cobrando frete.

Tem uma outra questão que é preciso ficar de olho. Muita gente ainda se queixa de cartel formado por grandes redes de postos de combustível, que ficam combinando preço. É preciso ter atenção nisso também, não há dúvida.

Ainda sobre energia, o futuro do Brasil está nas energias solar e eólica. O Brasil tem um potencial infinito de geração solar na maior parte do território nacional e quase infinito de energia produzida pelo vento no Nordeste. Isso significa uma garantia de futuro para os nossos filhos, netos e bisnetos.

Sem moral nenhuma
Estou vendo o governo britânico se metendo no caso do jornalista inglês morto no Vale do Javari, no Amazonas. Ele não tinha nenhuma licença para entrar em território indígena, mas entrou assim mesmo e acabou assassinado junto com um indigenista brasileiro.

E aí não tem como a gente não lembrar do que aconteceu no dia 22 de julho de 2005, quando um brasileiro, o Jean Charles de Menezes, de 27 anos, trabalhador em Londres, foi confundido pela Scotland Yard como um terrorista árabe e foi morto com tiros na cabeça dentro do metrô. Sem reagir, sem nada.

Até hoje ninguém foi condenado por isso. Simplesmente disseram que foi engano. Não é o caso do jornalista britânico, que não foi morto pela polícia brasileira. Ele entrou na floresta porque quis e não estava sob a tutela de nenhuma autoridade brasileira. O governo britânico não tem moral para cobrar nada do Brasil.

Tereza Cristina segue no páreo
A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que se afastou do cargo para ser candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, voltou a aparecer como possível vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. A ideia é ter um homem e uma mulher concorrendo na eleição. Antes, o mais cotado para o posto era o ex-ministro e general da reserva Braga Netto.

Em uma entrevista para a jornalista Leda Nagle, Bolsonaro disse que os dois estão cotadíssimos e são de sua inteira confiança. O presidente explicou que não foi batido o martelo ainda porque isso é uma decisão dos partidos políticos que apoiam essa chapa. Eu conheço os dois ex-ministros, que são muito competentes.

O general Braga Netto, quando ministro da Casa Civil, chefiou a equipe que operava de 24 horas para enfrentar a pandemia de Covid, atendendo inclusive aquela crise da falta de oxigênio em Manaus. Foi ainda um ministro da Defesa exemplar.

Já Tereza Cristina, como ministra da Agricultura, abriu 150 mercados no mundo para os produtos brasileiros. Foi a grande maestrina da orquestra do agronegócio que garantiu a nossa segurança alimentar e do mundo. São dois ótimos nomes.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/governo-britanico-nao-tem-moral-para-cobrar-nada-do-brasil/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

Jornalista morto

Por
Alexandre Garcia
Brasília


Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse estar muito preocupado com o desaparecimento do jornalista Dom Philips no Amazonas| Foto: EFE/EPA/Ukrainian Presidential Press Service

O limite para os estados cobrarem ICMS sobre combustíveis, comunicações e energia foi aprovado pelo Senado e pela Câmara, e agora seguiu para sanção do presidente da República. O teto vai ser 17%. Tinha estado que cobrava mais de 30% e isso elevava o preço da gasolina e do diesel.

E não só isso deixava o preço dos combustíveis mais caro. Essa história de ter que pegar o etanol na usina, depois levar na distribuidora para pegar a bandeira e só aí chegar no posto encarecia o custo. Agora, por iniciativa do governo, o posto já pode comprar direto do produtor. O etanol não fica mais passeando e cobrando frete.

Tem uma outra questão que é preciso ficar de olho. Muita gente ainda se queixa de cartel formado por grandes redes de postos de combustível, que ficam combinando preço. É preciso ter atenção nisso também, não há dúvida.

Ainda sobre energia, o futuro do Brasil está nas energias solar e eólica. O Brasil tem um potencial infinito de geração solar na maior parte do território nacional e quase infinito de energia produzida pelo vento no Nordeste. Isso significa uma garantia de futuro para os nossos filhos, netos e bisnetos.

Sem moral nenhuma
Estou vendo o governo britânico se metendo no caso do jornalista inglês morto no Vale do Javari, no Amazonas. Ele não tinha nenhuma licença para entrar em território indígena, mas entrou assim mesmo e acabou assassinado junto com um indigenista brasileiro.

E aí não tem como a gente não lembrar do que aconteceu no dia 22 de julho de 2005, quando um brasileiro, o Jean Charles de Menezes, de 27 anos, trabalhador em Londres, foi confundido pela Scotland Yard como um terrorista árabe e foi morto com tiros na cabeça dentro do metrô. Sem reagir, sem nada.

Até hoje ninguém foi condenado por isso. Simplesmente disseram que foi engano. Não é o caso do jornalista britânico, que não foi morto pela polícia brasileira. Ele entrou na floresta porque quis e não estava sob a tutela de nenhuma autoridade brasileira. O governo britânico não tem moral para cobrar nada do Brasil.

Tereza Cristina segue no páreo
A ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, que se afastou do cargo para ser candidata ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, voltou a aparecer como possível vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro. A ideia é ter um homem e uma mulher concorrendo na eleição. Antes, o mais cotado para o posto era o ex-ministro e general da reserva Braga Netto.

Em uma entrevista para a jornalista Leda Nagle, Bolsonaro disse que os dois estão cotadíssimos e são de sua inteira confiança. O presidente explicou que não foi batido o martelo ainda porque isso é uma decisão dos partidos políticos que apoiam essa chapa. Eu conheço os dois ex-ministros, que são muito competentes.

O general Braga Netto, quando ministro da Casa Civil, chefiou a equipe que operava de 24 horas para enfrentar a pandemia de Covid, atendendo inclusive aquela crise da falta de oxigênio em Manaus. Foi ainda um ministro da Defesa exemplar.

Já Tereza Cristina, como ministra da Agricultura, abriu 150 mercados no mundo para os produtos brasileiros. Foi a grande maestrina da orquestra do agronegócio que garantiu a nossa segurança alimentar e do mundo. São dois ótimos nomes.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/alexandre-garcia/governo-britanico-nao-tem-moral-para-cobrar-nada-do-brasil/
Copyright © 2022, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...