segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

ARTICULAÇÕES PARA ELEIÇÃO DE GOVERNADORES NOS ESTADOS

 

Palanques estaduais
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

Para ser vice de Lula, Geraldo Alckmin abre caminho para que Márcio França (PSB) dispute o governo de São Paulo| Foto: Governo de SP/Divulgação

Nas costuras de alianças para a disputa presidencial de outubro, partidos e líderes políticos também já desenham as candidaturas aos governos estaduais. Além da construção de palanques para os nomes que pretendem disputar o Palácio do Planalto, ao escolher nomes para a disputa a governador, as siglas também trabalham na composição de chapas que fortaleçam as candidaturas para o Congresso Nacional.

Veja abaixo o mapeamento destes acordos pré-eleitorais nos dez estados mais populosos do país.

Chapa Lula-Alckmin pode fortalecer centro-esquerda em São Paulo 
Cotado para ser vice na chapa presidencial do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador Geraldo Alckmin negocia sua filiação com o PSB, o que pode abrir espaço para que a centro-esquerda viabilize um nome na disputa pelo governo de São Paulo. Caso opte pela composição com Lula, a tendência é de que o ex-governador Márcio França (PSB) seja o candidato ao Palácio Bandeirantes pelo grupo.

Contudo, a viabilidade da candidatura de França precisa ser acertada com o PT, que tem como pré-candidato o ex-prefeito Fernando Haddad. A retirada do nome do petista da corrida enfrenta resistências por parte do diretório petista de São Paulo, mas líderes do partido sinalizam que Lula pode interferir no caso para viabilizar sua chapa com Alckmin. Uma das possibilidades é que Haddad seja lançado para o Senado na composição.

França, no entanto, foi alvo de uma operação da Polícia Civil de São Paulo, na última quarta-feira (5), que apura o desvio de até R$ 500 milhões em recursos da área da saúde. O ex-governador negou irregularidades e disse que foi alvo de uma “ação política”. Mas, nos bastidores da política, comenta-se que o caso pode prejudicar as pretensões eleitorais de França. O PT, porém, não encerrou as negociações com o PSB e Lula inclusive se solidarizou com o ex-governador paulista.

Outra hipótese cogitada nos bastidores é que Alckmin possa desistir da aliança com Lula. E, nesse caso, poderia vir a filiar ao PSD, presidido pelo ex-ministro Gilberto Kassab, para concorrer ao governo do estado. O ex-tucano, entretanto, já admitiu a interlocutores que será uma eleição muito acirrada com o PSDB, que controla a máquina do estado – o que faz com que ele tenda atualmente a se aliar ao PT para ser vice de Lula. Reportagem da sexta-feira (7) do jornal O Globo inclusive informou que Alckmin avisou a interlocutores do PSD que descartou a possibilidade de se filiar ao partido para concorrer a governador.

Candidato à presidência pelo PSDB, o atual governador paulista, João Doria, pretende lançar o seu vice-governador, Rodrigo Garcia, para sua sucessão. Apesar de ainda patinar nas pesquisas eleitorais, integrantes do partido acreditam que Garcia irá se viabilizar a partir de abril, quando irá assumir o governo para que Doria construa sua candidatura ao Palácio do Planalto.

Filiado ao PL, o presidente Jair Bolsonaro também pretende garantir um palanque no estado com a candidatura do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ao governo. A expectativa é de que Freitas também se filie ao PL e seja oficializado na disputa até abril. Na composição, o ex-ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) chegou a ser cotado para ficar com a candidatura ao Senado na chapa. Mas abriu mão para que o candidato a senador por São Paulo do grupo do presidente seja o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, filiado ao MDB. Mais recentemente, porém, a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) também passou a ser cotada para compor a chapa com Tarcísio na vaga de candidata ao Senado.

A disputa ao governo paulista também pode ter o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que deve se filiar ao PTB. A candidatura, no entanto, desagrada ao presidente Bolsonaro, pois a entrada do ex-ministro poderia dividir os votos com a Tarcísio Freitas.

Outro pré-candidato ao governo paulista é o deputado Vinicius Poit (Novo).

No Rio, entrada de Mourão pode inviabilizar reeleição de Claudio Castro 

Sem chances de estar na chapa de reeleição do presidente Bolsonaro em 2022, o vice-presidente general Hamilton Mourão (PRTB) articula para se lançar na disputa pelo governo do Rio de Janeiro. Mourão deve intensificar suas agendas no estado nos próximos meses, no intuito de costurar acordos com outros partidos de direita no estado. Além do governo, Mourão também estuda uma eventual candidatura ao Senado.

A entrada de Mourão, no entanto, conta com resistências por parte do atual governador, Claudio Castro (PL), que pretende disputar um novo mandato. Filiado ao mesmo partido de Bolsonaro, Castro já admitiu aos seus aliados que Mourão poderia atrair parte do eleitorado conservador. Por isso, pretende ter o aval do presidente para neutralizar a candidatura do vice-presidente no Rio.

Recentemente filiado ao PSB, o deputado Marcelo Freixo (ex-Psol) tenta uma composição com partidos de centro para viabilizar seu nome na corrida pelo Palácio Guanabara. Para isso, Freixo se aproximou do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Paes (PSD) e tem rodado o estado para buscar alianças com outros partidos. Publicamente, o prefeito carioca defende a candidatura do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. Mas o advogado também pode se lançar ao Senado pelo partido em uma composição na chapa de Freixo.

O estado terá ainda a candidatura do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), no intuito de garantir palanque no estado para a candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT). Neves, no entanto, é próximo do ex-presidente Lula e já sinalizou que também poderá abrir espaço para dar palanque à candidatura do petista no Rio.


Na busca da reeleição, Zema quer alianças com outros partidos em Minas Gerais 
Depois de se eleger em 2018 em uma chapa pura, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), já articula para compor com outros partidos na busca da sua reeleição. Até o momento, Zema conta com acenos do União Brasil (partido que será formado pelo fusão dentre DEM e PSL), Podemos e PP. A composição, no entanto, vai depender das costuras presidenciais, já que o Podemos deve oficializar a pré-candidatura de Sergio Moro, enquanto o PP estará na coligação do presidente Bolsonaro.

Até o momento, o partido de Zema tem como pré-candidato à Presidência o empresário Felipe D’Avilla. Mesmo assim, o governador de Minas mantém proximidade com Bolsonaro e já recebeu Moro para conversas sobre uma eventual composição de palanque no estado.

Na oposição a Zema, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), tem rodado o estado como pré-candidato ao governo mineiro. Kalil vem sendo cortejado pelo ex-presidente Lula numa tentativa de composição que garanta palanque ao petista no estado.

Com a indicação do senador Antônio Anastasia (PSD) para o Tribunal de Contas da União (TCU), os petistas buscam agora encampar o nome do deputado Reginaldo Lopes como candidato ao Senado na coligação. A estratégia, no entanto, tem esbarrado nos planos do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, de lançar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, na disputa presidencial.

Disputa presidencial pode dividir grupo de Ratinho Jr. no Paraná 
Candidato à reeleição em 2022, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), já recebeu sinalizações de que terá o apoio de legendas como PSC, Republicanos, PL, PPS, PV, PHS, Avante e Podemos. Esse grupo foi o mesmo que apoiou sua candidatura em 2018 e que se mantém na base do Executivo estadual até o momento. A ex-governadora Cida Borghetti, do PP e que concorreu contra Ratinho em 2018, também já sinalizou que irá apoiar a reeleição do governador.

Esses são partidos que fazem parte da base de apoio de Bolsonaro, além do Podemos (que vai lançar Moro à Presidência). Mas a expectativa é de que Ratinho Jr. opte pela neutralidade na disputa presidencial, principalmente se o PSD, seu partido, mantiver a candidatura de Rodrigo Pacheco ao Palácio do Planalto.

Apontado como principal adversário de Ratinho no estado, o ex-senador e ex-governador Roberto Requião ainda não definiu qual legenda irá abrigar sua candidatura ao Palácio Iguaçu no ano que vem. Requião deixou o MDB no começo de agosto, após perder as eleições para presidência do diretório estadual do partido. Integrantes do PT querem ter o ex-governador ao partido para as eleições; e alguns dizem que a filiação está praticamente acetada.

No Rio Grande do Sul, aliados se dividem em duas candidaturas de apoio a Bolsonaro 

Com filiação já encaminhada ao PL, o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, pretende disputar o governo do Rio Grande do Sul com apoio do presidente Jair Bolsonaro. A candidatura do ministro, no entanto, não será a única de apoio ao Palácio do Planalto no estado, já que o senador Luís Carlos Heinze (PP) também pretende concorrer.

“As candidaturas de Heinze e Lorenzoni serão dois bons palanques para Bolsonaro no Rio Grande do Sul”, afirma o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Derrotado nas prévias do PSDB para a Presidência da República, o atual governador gaúcho, Eduardo Leite, já disse que não irá concorrer à reeleição. O tucano se dedica agora à costura de uma aliança que possa atrair outras legendas em torno da candidatura de Ranolfo Vieira Júnior. Eleito vice-governador pelo PTB, Ranolfo migrou para o PSDB no ano passado, após sua antiga sigla se aproximar do presidente Jair Bolsonaro.

Na esquerda, o PT lançou a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto, mas pode abrir mão da candidatura, caso a composição com o PSB seja concretizada na chapa presidencial. Nesse caso, o partido de Lula apoiaria o Beto Albuquerque ao governo.

Em Santa Catarina, diversos nomes buscam o apoio de Bolsonaro 
Articulador da filiação do presidente Bolsonaro ao PL, o senador Jorginho Mello almeja disputar o governo de Santa Catarina em uma aliança que pode contar com o empresário Luciano Hang como candidato ao Senado.

Do outro lado da disputa, o governador Carlos Moisés, que rompeu com bolsonaristas e deixou o PSL, tenta retomar a relação com Bolsonaro acenando com um palanque com ampla aliança partidária.

Já o PSL, que está em processo de fusão com o DEM, cogita lançar ao governo o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, que também busca manter boa relação com Bolsonaro.

No mesmo campo, o PP, que nacionalmente irá compor coligação com Bolsonaro, tem como pré-candidato o senador Esperidião Amin. Outro nome ligado ao Palácio do Planalto que pretende entrar na disputa é o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), que já sinalizou ao seu partido que não vai apoiar a candidatura de Rodrigo Pacheco no estado.

ACM Neto tenta acabar com hegemonia do PT na Bahia 
Depois de trabalhar pela fusão do DEM com o PSL para criação do União Brasil, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto buscar agora usar a estrutura do novo partido para tentar acabar com a hegemonia de 16 anos dos governos do PT na Bahia. No lançamento da sua pré-candidatura ao governo do estado, ele divulgou um vídeo evocando um jingle clássico da campanha de seu avô, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, ao governo da Bahia, em 1990. A música “ACM, meu amor” foi composta pelo baiano Vevé Calazans em conjunto com Gerônimo.

O ex-prefeito de Salvador vai enfrentar o senador Jacques Wagner (PT), sucessor do atual governador Rui Costa, na disputa de outubro. Existe ainda a possibilidade do ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos) entrar na eleição para garantir palanque ao presidente Bolsonaro no estado, tido como prioridade pelo Palácio do Planalto no Nordeste.

Composição do PSB com o PT passa por aliança pelo governo de Pernambuco 
Enquanto negocia a composição com o PT na chapa nacional, o PSB pretende garantir o apoio dos petistas na disputa pelo governo de Pernambuco, principal reduto eleitoral do partido. Com a saída de Paulo Câmara, que pretende concorrer ao Senado em 2022, o partido ainda não definiu quem será o candidato ao governo estadual. Até o momento, o ex-prefeito do Recife Geraldo Júlio é apontado como candidato natural à sucessão de Paulo Câmara pelo PSB.

Enquanto isso, o PT tem colocado a deputada Marília Arraes para rodar o estado como pré-candidata. A petista ficou em segundo lugar na disputa pela prefeitura do Recife em 2018, em uma eleição marcada por diversas trocas de ataques com o próprio PSB, que saiu vitorioso com a candidatura de João Campos. Mesmo assim, o ex-presidente Lula já acenou para uma recomposição e pode indicar Marília como vice na chapa estadual.

No campo da direita, o ministro do Turismo, Gilson Machado, colocou seu nome à disposição do presidente Jair Bolsonaro para disputar o governo no estado. Machado, no entanto, pode se lançar na corrida pelo Senado e abrir espaço para que a deputada estadual Clárissa Tércio (PSC) seja a candidata de Bolsonaro ao governo de Pernambuco.

Já o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, pretende concorrer ao governo pelo União Brasil em uma composição com o PSDB. A expectativa de Coelho é atrair a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, para o cargo de vice na sua chapa.

Reduto de Ciro Gomes, Ceará pode ter aliança do PDT com o PT 
Atualmente governado pelo PT, o Ceará é o principal reduto eleitoral do pré-candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes. O atual governador cearense, Camilo Santana, conta com o apoio do clã Gomes no estado, mas não poderá se candidatar em 2022, pois já foi reeleito.

Mesmo assim, petistas e pedetistas admitem que, no estado, não haverá entrave para que os dois partidos caminhem juntos na eleição de 2022. Camilo Santana pretende ser candidato ao Senado, enquanto o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Claudio (PDT) é cotado para disputar o Palácio da Abolição.

Na oposição, o deputado Capitão Wagner (Pros) pretende disputar o governo com apoio do presidente Bolsonaro. Com a fusão entre DEM e PSL, aliados de Wagner acreditam que ele poderá mudar de legenda para ter mais estrutura de campanha.

No Pará, Helder Barbalho quer a reeleição e vai dar palanque a Lula
O governador Helder Barbalho (MDB) é apontado por integrantes emedebistas como candidato “natural” à reeleição ao governo do Pará em 2022. A expectativa é de que o emedebista apoie o ex-presidente Lula no estado mesmo com a tentativa de o MDB viabilizar a candidatura da senadora Simone Tebet (MS) ao Palácio do Planalto.

No PSDB, o ex-senador Flexa Ribeiro vem sendo apontado como possível nome ao Executivo local pelo partido na região. Na estratégia, o ex-governador Simão Jatene seria o candidato ao Senado. A dupla lidera a oposição contra Barbalho no governo paraense.


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ACIDENTE COM LANCHA EM CAPITÓLIO-MG MATA 10 PESSOAS

 

  1. Brasil 

Para experts, desastre poderia ser evitado, caso normas técnicas nacionais exigissem uma análise geológica de perigo nos cânions

Cristiane Segatto e Luiz Henrique Gomes, O Estado de S.Paulo

O desabamento expõe a necessidade de o Brasil rever as regras de segurança para o turismo de aventura e ecoturismo. Essa é a avaliação de diversos geólogos, que consideram que o desastre de Capitólio poderia ser evitado, caso as normas técnicas nacionais exigissem uma análise geológica de risco para áreas como a dos cânions.

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Operação de resgate de vítimas no deslocamento de pedra em Capitólio (MG) Foto: AFP

Segundo o geólogo Tiago Antonelli, do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), “a cultura de análise geológica no Brasil é restrita a obras de engenharia, onde são obrigatórias”. “O que ocorreu pode ser um marco nas áreas turísticas.”

responsabilidade de fiscalização e segurança da área é da prefeitura de Capitólio e da Marinha. Nas normas de segurança do município, nenhuma regra prevê o risco de desabamentos de rochas. Segundo o prefeito da cidade, Cristiano Geraldo da Silva, os critérios de segurança devem ser criados a partir da tragédia. “Precisamos de uma equipe técnica para fazer uma avaliação e a partir daí criarmos critérios de segurança, pensando em fatalidades como essa”, afirmou à TV Integração.

Tiago Antonelli observa ainda que o Serviço Geológico poderia realizar uma análise do local, mas precisaria do pedido oficial do município para isso. “Nós não temos a cartografia desta área, e não recebemos o pedido para verificar as suscetibilidades até hoje.”https://arte.estadao.com.br/uva/?id=2v9VKQ

Mapeamento 

A avaliação geológica permitiria mapear as áreas de maior grau de risco de desabamento. No entanto, essa não é uma obrigação estabelecida pela norma técnica para segurança em áreas de turismo de aventura, como é o caso dos cânions de Capitólio.

Para o geólogo Daniel do Valle Lemos Santos, doutorando do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), uma análise em áreas de cânions se faz necessária pela própria natureza geológica das estruturas. Os paredões rochosos são resultado da erosão sofrida pelas rochas durante milhares de anos. “Como geólogos, sabemos quão perigoso é chegar perto dessas rochas. Fazemos muitas observações da região antes de qualquer aproximação.”

Ele sugere que os turistas só voltem a visitar os cânions depois que um relatório de risco da região for feito. A Marinha abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do tombamento. As regras de segurança da área foram estabelecidas em um decreto publicado em 2019 pela prefeitura de

Dentre elas está a permissão máxima de 40 embarcações para a navegação simultânea por no máximo 1 hora e a exigência de cadastramento das embarcações pelo município. No entanto, não há nenhuma norma que estabeleça uma distância mínima das paredes rochosas, por exemplo.

Segundo a geóloga Joana Sánchez, docente da Universidade Federal de Goiás (UFG) e integrante do grupo de pesquisadores de geossítios da Unesco, a falta de regras para a prevenção de desabamentos reflete a ausência das análises técnicas. “Há um desconhecimento do trabalho do geólogo por parte do poder público, principalmente em cidades pequenas. Muitos não sabem da existência desse estudo.”

Chuva

Uma medida proposta pela professora é o estabelecimento de uma distância mínima entre as embarcações e as paredes e a proibição do turismo em épocas de chuva, que causa mais erosão no solo e nos espaços entre as rochas, chamados de ‘fraturas’. Ela explica que, quando chove, a água escorre por esses espaços até chegar à base e começa a causar uma reação química que decompõe a junta que dá sustentação ao bloco rochoso. “Não tinha como conter a queda daquele bloco. O mais seguro seria interditar em épocas de chuva.” Estabelecer uma quantidade de precipitação segura para a atividade turística também é uma alternativa. 

Para o geólogo Flávio Lima, as chuvas podem ter sido um gatilho para o desabamento deste sábado. “Um bloco deste tamanho não perde a resistência e tomba de uma hora para outra. É preciso de eventos que aceleram esses fenômenos e as chuvas podem ter sido o gatilho”, disse.

Ainda de acordo com Flávio, o mais importante é que a partir de agora o Brasil crie planos de mitigação para reduzir riscos em áreas como a dos cânions. Ele alerta que a solução não é paralisar ou dar fim ao turismo, mas melhorar as condições de segurança para os turistas. “Não se pode ser taxativo a ponto de proibir o turismo. O certo é estabelecer uma regulamentação para esse turismo”, afirmou. 

Era preciso delimitar uma faixa de segurança

Analise por Álvaro Rodrigues dos Santos*

Os desmoronamentos e tombamentos de rochas, em pequenos ou grandes blocos, são comuns nos cânions de todo o mundo. É o processo natural de evolução desses paredões rochosos. Só por esse fato já teria sido indicada a delimitação de uma faixa de risco que impedisse a aproximação de pessoas das bases de paredões.

Mas no caso de Capitólio (que deixou dez mortos e 32 feridos, conforme as informações oficiais da prefeitura e dos bombeiros), há fatos agravantes: a rocha tem acamamentos e fraturamentos naturais que facilitam esses desmoronamentos; com a formação do lago de Furnas, a parte baixa dos paredões rochosos que fica em contato com a água passou a sofrer os efeitos da saturação pela água e do constante embate de ondas, fatores que potencializam a possibilidade de desmoronamentos.

Os dois fatores sugerem que a gestão das atividades de turismo da região deveria já de há muito ter adotado preventivamente a delimitação de uma faixa de risco, definida a partir do pé do paredão em contato com a água, além da qual os barcos e eventuais nadadores não deveriam ultrapassar. 

E também definir os canais estreitos dos cânions que não pudessem ser navegados, dado o fato de que nesses canais as embarcações ficam muito próximas dos paredões. Que a dura e trágica lição obrigue agora essa providência. 

*GEÓLOGO, EX-DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO DO IPT , CONSULTOR EM GEOLOGIA DE ENGENHARIA, GEOTECNIA E  

MEIO AMBIENTE

O que aconteceu

Os cânions de Capitólio são formados por rochas quartzíticas, que são propícias a trincas e fraturas. Eles foram formados por um aprofundamento de parte do solo ao longo de milhares de anos, criando os paredões visitados pelos turistas

Essas rochas ficam expostas a diversos eventos naturais do planeta, como alterações de temperatura, que criam os espaços entre os diversos blocos rochosos, chamados de ‘fraturas’. As fraturas passam a expor ainda mais a estrutura rochosa a efeitos naturais, como chuvas e enraizamento de árvores

O desabamento de um bloco rochoso ocorre à medida em que a água passa a percorrer as fraturas e a chegar na base das rochas. Esse processo causa uma reação química que decompõe a junta que une o bloco rochoso à base, causando o desprendimento do bloco e a consequente queda

15 ANOS DO IPHONE

Com mercado de celulares em estágio de maturidade, a Apple encontrou novos caminhos para depender cada vez menos do iPhone

 Por Lucas Agrela – O Estado de S. Paulo

iPhone 13 foi anunciado em setembro

iPhone 13 foi anunciado em setembro

Um iPod, um telefone e um dispositivo de conexão com a internet. Foi assim que Steve Jobs, cofundador da Apple, apresentou ao mundo o primeiro iPhone, em 9 de janeiro de 2007. No aniversário de 15 anos, o aparelho que moldou o conceito de smartphone como o conhecemos passa por queda de vendas. Entretanto, o produto tende a ser cada vez menos essencial para os negócios da empresa mais valiosa do mundo.

A consultoria americana Wedbush Securities estima que a Apple tenha vendido 40 milhões de iPhones no fim do ano passado. Apesar de a empresa ter recentemente atingido US$ 3 trilhões em valor de mercado, ela não deve parar de crescer e pode atingir valor de US$ 4 trilhões em 2023. No entanto, o aumento mais expressivo virá do setor de serviços da companhia, estima a consultoria. Nos últimos anos, a Apple lançou diversos aplicativos pagos, como o Apple TV+, o Apple Music e o Apple Fitness+, que não precisam necessariamente do iPhone mais novo para funcionar.

A história recente da Apple se confunde com a história do iPhone, mas Steve Jobs chegou a ver apenas os primeiros cinco anos de mercado do produto. O desafio de tocar a Apple e o legado de Jobs ficou para Tim Cook desde 2011, quando o cofundador morreu de câncer no pâncreas. A diversificação dos negócios para além do iPhone, do iPad e do Mac é uma das marcas da gestão de Cook. 

15 anos depois do lançamento do iPhone, o mercado de smartphones atingiu o estágio da maturidade e teve sua primeira queda em 2019. A redução de vendas do iPhone veio antes, ainda em 2016 e teve uma retomada em 2020 com, pela primeira vez, modelos compatíveis com a rede de internet 5G.

Nos últimos dois anos, o cenário desfavorável da pandemia fez o mercado de celulares cair ou andar de lado — algo que deve continuar em 2022. No Brasil, mesmo com a saída da LG do mercado de smartphones, a Apple não consegue sequer um lugar no pódio, que é composto por Samsung, Motorola e Xiaomi. Um dos motivos apontados é o alto custo do iPhone, uma vez que a Apple aposta apenas no segmento topo de linha, enquanto as rivais vendem produtos para diferentes camadas de preços. Enquanto o iPhone 7 foi lançado no País por R$ 3.500, o iPhone 13 chegou por R$ 7.600, um salto de 117%.

Mesmo com o desenvolvimento de novos produtos, como celulares dobráveis e tecnologias de vestir, o smartphone se mantém como o dispositivo mais adaptado para vida de todos. “Por muitas vezes se falou que relógio tomaria esse espaço, depois o Google Glass, mas nada disso aconteceu. No curto prazo não existe um dispositivo que seja mais conveniente e concentrador de muitas atividades do que o smartphone”, afirma Arthur Igreja, especialista em tecnologia e professor da FGV. https://arte.estadao.com.br/uva/?id=Q5Bp32

Apps

Ainda que os celulares sejam importantes, uma das maiores fortalezas da Apple é a loja de aplicativos. Apesar de enfrentar investigações antitruste e acusações de monopólio pela Epic Games, empresa por trás do sucesso dos jogos Fortnite, a Apple consegue manter o negócio de software com sucesso até agora. Segundo a consultoria SensorTower, a receita da App Store foi de US$ 85,1 bilhões em 2021, alta de 17,7% ante 2020. O valor é maior do que a da loja rival Google Play, que faturou US$ 47,9 bilhões no ano passado.

“O smartphone tradicional ainda tem dependência de aplicativos. Por isso, as empresas chinesas tentam criar uma terceira loja global de aplicativos. Se todos os aparelhos são parecidos, basicamente, com tela, bateria e câmera, o diferencial está no conteúdo e, por isso, as lojas de aplicativos são muito importantes para o lucro das empresas”, afirma Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa da consultoria americana IDC.

 

ENTENDA O MOTIVO DO "NÃO" DO CLIENTE

 

Henri de Paiva

Descubra o que fazer quando o cliente diz “não” para sua proposta.

Por mais que você se esforce, infelizmente, nem sempre será possível chegar ao “sim” em suas negociações.

Sabendo disso, fica a pergunta: O que fazer quando o cliente diz “não”?

É justamente isso que tentaremos responder a partir de agora.

– Entendendo o Motivo do “Não”

Primeiramente, é fundamental entender a razão pela qual o cliente negou a sua proposta.

Para entender isso, você pode, por exemplo, perguntar de forma direta para o seu cliente algo como:

– Você poderia me dizer por que não ficou interessado em nossa proposta?

– Quais pontos da nossa proposta não te agradaram?

– Você acha que a nossa solução não te ajuda a resolver o seu problema?

Muita gente tem receio de fazer perguntas desse tipo, mas não tenha medo. Entender a razão de um “não” é o primeiro passo para tentar transformá-lo em um “sim”.

– Mudando a Oferta

Uma vez que você pediu para o seu cliente esclarecer o motivo dele ter dito “não”, pode ser que seja interessante você mudar a sua oferta inicial para tentar transformar esse “não” em um “sim”.

Se, por exemplo, o seu cliente disse que o problema era o preço, você pode tentar melhorá-lo e fazer uma contra proposta. Da mesma forma, se ele disse que o problema era o prazo ou as entregas ou as formas de pagamento ou qualquer coisa do tipo, você também pode tentar melhorar essas variáveis e fazer uma contra proposta.

Caso faça sentido fazer uma mudança desse tipo, você pode dizer algo como “E se eu melhorar essa condição de X para Y, conseguimos ir em frente?”

Se ele disser que sim, ótimo! Conclua sua venda. Agora, se ele disser que não, agradeça a oportunidade que você teve de apresentar a proposta para ele e se coloque à disposição para ajudá-lo de outras maneiras ou para realizar outros trabalhos no futuro. Diga também que se ele mudar de ideia é só ele falar com você. Reforce que você está à disposição para retomar o contato caso ele precise.

Vendas pela internet com o site Valeon

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Insistimos que os internautas acessem ao nosso site (https://valedoacoonline.com.br/) para que as mensagens nele vinculadas alcancem um maior número de visitantes para compartilharem algum conteúdo que achar conveniente e interessante para os seus familiares e amigos.

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nas lojas passa pelo digital.

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E lembre-se: Todo “não” deve ser encarado como uma oportunidade de aprendizado. As pessoas que negaram sua proposta muito provavelmente possuem os feedbacks que serão os mais importantes para você. São esses feedbacks que podem levá-lo a realizar mudanças significativas em sua proposta e em seus produtos ou serviços.

– Algumas Técnicas Para Transformar o “não” em “sim”

Se você (assim como eu) for um negociador insistente, que gosta de ir até o limite para conseguir um “sim”, você pode utilizar certas técnicas específicas que podem fazer o cliente mudar de ideia. Vamos falar sobre algumas delas?

1) Técnica da Resposta Imediata:

Nessa técnica, após o cliente negar a sua proposta, você diz que compreende o lado dele mas reforça que ele está perdendo uma oportunidade que outras pessoas agarraram (inclusive, se for o caso, concorrentes desse cliente).

Ao utilizá-la, você pode dizer algo como: “Olha, eu entendo como você se sente. Inclusive, já tive vários clientes que me disseram o mesmo e que hoje são fãs da nossa marca e do nosso serviço, pois descobriram que oferecemos os benefícios X, Y e Z. Então, só por curiosidade, você poderia me contar um pouco mais sobre como você faz esse tipo de compra? Sobre como você escolhe esses fornecedores? Sobre como você toma esse tipo de decisão?”

2) Técnica da Ignorância de Objeções:

Nessa técnica, você vai ignorar completamente a objeção feita pelo cliente e vai fazer perguntas que te ajudem a fazer comparações que evidenciem o que você está vendendo. Por esse motivo, ela é muito utilizada quando o seu potencial cliente já compra regularmente o mesmo produto/serviço que você vende com outra marca e você está tentando fazer com que ele troque essa marca pela sua.

Ao utilizá-la, você pode dizer algo como: “Sim, eu entendo seu ponto, mas o produto atual que vocês estão comprando tem as características X, Y e Z?” ou “Entendo sua posição, sem problemas, mas você poderia me dizer o que você mais gosta nessa marca que você compra atualmente?”

3) Técnica do Entendimento do Problema:

Nessa técnica, você vai restringir os motivos que levaram o cliente a dizer “não” para você, perguntando apenas se ele não está interessado na sua proposta por causa do “momento” que ele está vivendo ou se, na verdade, ele não está interessado nos benefícios que sua venda pode trazer para ele. Ao dar apenas 2 opções para o cliente, ele vai acabar optando por uma delas, sendo que dificilmente ele vai dizer que não precisa dos benefícios do que você está vendendo (afinal, esses benefícios ajudam  a resolver o problema que ele disse que tinha). Então, as chances dele dizer que é uma questão de “momento” são maiores e, se ele disser isso, você pode se colocar à disposição para retomar a negociação em um momento posterior.

Ao utilizar essa técnica, você pode dizer algo como: “Olha, você não está interessado em falar sobre isso agora ou você não está interessado nos benefícios X, Y e Z que o meu serviço pode lhe oferecer? Caso você não esteja interessado em falar sobre isso agora, nós podemos combinar uma data para que eu possa retomar o contato com você e nós possamos continuar a conversa, beleza?”

E aí, curtiu o texto? Já sabia o que dizer quando o cliente diz “não”? Já conhecia alguma das técnicas apresentadas? Deixe suas impressões nos comentários!

domingo, 9 de janeiro de 2022

PT É O MESMO COM IDEIAS RETRÓGRADAS

 

  1. Opinião 

Sem propor caminhos para o desenvolvimento econômico e social, partido ataca um dos principais avanços obtidos nos últimos anos: a reforma trabalhista aprovada em 2017

Notas&Informações, O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mostrado que o PT não deseja lidar com seu passado. Não aprendeu com os escândalos de corrupção dos governos petistas – o mensalão e o petrolão seriam mera invenção da oposição –, tampouco com os erros da política econômica lulopetista. Nesse diapasão, a gestão de Dilma Rousseff é ignorada pelo discurso do partido. É como se não tivesse existido, tal como não teriam existido o mensalão e o petrolão. Tudo seria intriga da oposição.

Mas a tática do PT não se resume a tentar esquecer o passado, como se agora as propostas para o futuro fossem diferentes. Lula tem deixado claro que segue com as mesmas ideias equivocadas para o País. Sem nenhum rubor, explicita que parou no tempo, incapaz de reconhecer não apenas os erros lulopetistas, mas a própria realidade. Recentemente, Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defenderam a revisão da reforma trabalhista aprovada pelo Congresso durante o governo de Michel Temer.

A atitude lulopetista chega a ser perversa com a população. Além de não propor caminhos para o desenvolvimento econômico e social do País, o PT ataca um dos principais avanços obtidos nos últimos anos. Trata-se de explícita defesa do retrocesso.

A reforma trabalhista do governo de Michel Temer é um marco jurídico sofisticado, de raro equilíbrio social e econômico. Regular acertadamente as relações de trabalho é um dos grandes desafios do mundo contemporâneo, tanto pelas inovações tecnológicas que transformam continuamente o mercado de trabalho como pelas mudanças da própria população, com o aumento da expectativa de vida, o novo enquadramento das funções sociais do homem e da mulher na família e no ambiente de trabalho, etc.

Além disso, o tema trabalhista tinha no País contornos especialmente dramáticos, por força de um desequilíbrio interpretativo que se foi instaurando na aplicação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Pois bem, a Lei 13.467/2017 foi capaz de atualizar a legislação trabalhista, desfazendo rigidezes e promovendo novos equilíbrios, sem eliminar direitos dos trabalhadores.

A reforma trabalhista aprovada pelo Congresso em 2017 não guarda nenhuma simetria com as ideias simplistas (e equivocadas) do governo Bolsonaro, que vê nos direitos trabalhistas apenas entraves a serem removidos o mais depressa possível. Capitaneada por Paulo Guedes, a proposta do governo federal revela uma brutalidade darwinista e uma profunda limitação de visão, com um diagnóstico binário sobre as relações de trabalho.

Fruto de longo trabalho de estudo e negociação no Congresso, a Lei 13.467/2017 tem outra sistemática e outra proposta. Sem extinguir direitos, proporcionou mais liberdade e flexibilidade nas relações de trabalho, além de ter removido algumas excrescências do sistema jurídico nacional, como era o caso da contribuição sindical obrigatória. Antes da reforma trabalhista, o trabalhador era obrigado a destinar um porcentual do seu salário aos sindicatos, o que, além de ferir a liberdade de associação prevista na Constituição, distorcia a função de representação que essas entidades devem exercer.

A resistência de Lula à reforma trabalhista de 2017 não é, portanto, um aspecto acidental, uma incompreensão pontual, por assim dizer. Ela expõe, uma vez mais, a grande fissura que sempre existiu entre o discurso do PT em defesa dos direitos dos trabalhadores e a realidade da legenda, que desde suas origens priorizou os interesses dos sindicatos e das lideranças sindicais. Não há como tapar o sol com a peneira. Quem está verdadeiramente do lado dos trabalhadores não pode ser contrário ao fim da obrigatoriedade da contribuição sindical.

Assim como todo o Direito, a legislação trabalhista deve proporcionar, por meio de uma regulação adequada das relações sociais, autonomia e liberdade. Não é barbárie ou anarquia, como também não é cabresto ou sujeição. Essa dimensão de cidadania não faz parte da história do PT e, pelo visto, nem do seu futuro. Lula continua o mesmo de sempre.

BOLSONARO QUER INDICAR UM VICE MILITAR

 

  1. Política 

Presidente vai sugerir nome de confiança a partidos que compõem sua base; general Braga Netto surge como opção ao posto

Felipe Frazão, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA — Depois da filiação ao PL no fim do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro se debruça sobre a escolha de um candidato a vice-presidente. Com potencial para desagradar às agremiações aliadas, o presidente chamou para si o poder de decisão no caso e quer dar a palavra final. Nas últimas semanas, Bolsonaro voltou a falar em reeditar a presença de um general de quatro estrelas para compor a chapa.

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O mais provável é que o presidente Jair Bolsonaro sugira a uma das siglas do Centrão a filiação de alguém de sua confiança, segundo um líder do governo. Foto: Marcelo Chello/AP Photo

Durante o período de festas de fim de ano, o presidente abordou mais de uma vez o processo de escolha do vice, e, no dia 6, deu sinais de que as articulações devem ser aceleradas para o anúncio de sua candidatura. Mas foi cauteloso: “Se você anuncia um vice muito cedo, de tal partido, os outros ficam chateados contigo”.

O mais provável é que Bolsonaro sugira a uma das siglas do Centrão a filiação de alguém de sua confiança, segundo um líder do governo. Seria um nome novo no partido, em vez de pinçar um dos quadros já filiados à legenda.

A aliança já está esboçada, com PL, PP, Republicanos e PTB. A aposta de integrantes do governo é que o PP, o maior dos quatro, fique com a posição de vice, pelo peso do partido em termos de estrutura nacional, tempo de exposição em rádio e TV e verbas dos fundos eleitoral e partidário. 

“Ninguém sabe (quem será), a não ser o próprio presidente, pois será uma escolha dele”, diz o pastor Marco Feliciano (PL-SP), um dos deputados mais próximos de Bolsonaro.

O Republicanos “corre por fora”, segundo um senador governista com acesso às negociações. Em público, a direção do partido, no entanto, procura se desvencilhar do interesse pela vaga, mas nomes de peso já reconheceram que há queixas pelo espaço menor dado até agora à sigla, ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.

Para dar certo, esse plano deve estar amarrado até o início de abril, a tempo de o escolhido (ou de a escolhida) se filiar com a antecedência exigida pela legislação – seis meses antes do primeiro turno. Se optar por um ministro, ele deverá deixar o cargo no mesmo prazo.

Há pelo menos quatro da cozinha de Bolsonaro cotados. Os ministros da Defesa, Walter Braga Netto; das Comunicações, Fabio Faria; da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Só Faria tem mandato de deputado federal e escolheu se filiar ao PP.

A tarefa política é considerada por assessores do clã Bolsonaro tão delicada quanto a escolha do partido, marcada por idas e vindas. No mês passado, Bolsonaro falou em ter um vice capaz de agregar votos e disse que o ideal seria “um nordestino ou mineiro”. Também afirmou que estava conversando com possíveis nomes, reservadamente, e trabalhando a opção de “um general de quatro estrelas”.

Bolsonaro também emitiu sinais trocados a respeito do atual vice, Hamilton Mourão (PRTB), antes dado como peça descartada. Mourão já se organizava para disputar o Senado, mas o presidente diz agora que ele pode ser o vice novamente. Questionado, Mourão disse que vai aguardar a escolha final do presidente. “Aguardo a decisão dele”, afirmou. 

Integrantes do núcleo político bolsonarista avaliam que ele deveria optar por alguém que amplie seu espectro de inserção social. Em vez de um militar, um nome vindo de outro segmento da sociedade. O lugar comum é escolher uma mulher, evangélica e nordestina.

De fato, ter um general não foi a primeira opção nem em 2018. Bolsonaro chegou a convidar na ocasião o ex-senador e cantor gospel Magno Malta (PL-ES), mas ele declinou.

O nome mais especulado nos bastidores da caserna hoje é o ministro Braga Netto, interventor de Bolsonaro, que transmite vontades do presidente à cúpula das Forças Armadas e pressões a outros Poderes, como na ocasião em que ameaçou a realização das eleições, revelado pelo Estadão.

O ministro não tem traquejo político, nem boa recepção entre dirigentes partidários. Seria, na visão de militares, alguém leal ao presidente e que poderia blindar um impeachment. Mesmo entre os fardados, Braga Netto não é citado como a primeira opção, seja no oficialato da ativa ou no generalato da reserva. A tese é a de que ele não agrega votos fora da caserna.

ESCALA 6X1 É CONTRÁRIA AO AVANÇO NO MERCADO DE TRABALHO

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