sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

PROJETO DE NOVA REFORMA TRABALHISTA DO GOVERNO

 

Por

Bruna Maestri Walter e Marcela Mendes

Carteira de Trabalho – 04-05-2017 – Vários modelos de Carteira de Trabalho e Previdência Social do Ministério do Trabalho do Brasil.

| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Uma proposta de reforma trabalhista elaborada por especialistas a pedido do governo federal prevê uma série de alterações que estão gerando controvérsias. O estudo propõe, entre outras mudanças, um regime alternativo à CLT, a liberação de trabalho aos domingos, a legalização do locaute – a “greve de patrões” – e a blindagem de bens pessoais de sócios da execução de dívidas trabalhistas. Reportagem de Célio Yano traz detalhes da proposta.

Mercado de trabalho

Novo regime, locaute, mudanças no FGTS: a reforma trabalhista encomendada pelo governo

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 33,9 milhões de pessoas, crescendo 4,1% em comparação com o trimestre anterior e 8,1% maior em relação ao mesmo período de 2020.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma proposta de reforma trabalhista elaborada por especialistas a pedido do governo federal prevê uma série de alterações que estão gerando controvérsias. O estudo propõe, entre outras mudanças, um regime alternativo à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a liberação de trabalho aos domingos, a legalização do locaute – a “greve de patrões” – e a blindagem de bens pessoais de sócios da execução de dívidas trabalhistas. Também são sugeridas a limitação no poder da Justiça do Trabalho, a vedação expressa ao vínculo empregatício de motoristas de aplicativos e o fim da multa de 40% do saldo do FGTS em caso de demissão sem justa causa.

O relatório foi elaborado pelo Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet), criado em setembro de 2019 com o objetivo de avaliar o mercado de trabalho brasileiro e propor a modernização das relações trabalhistas. Integram a comissão ministros, desembargadores e juízes do trabalho, procuradores, economistas, pesquisadores, advogados e outros especialistas no tema.

Entregue ao Conselho Nacional do Trabalho no fim de novembro, o documento, de 262 páginas, sugere a criação de 110 dispositivos legais, alteração de 180 e revogação de 40, por meio de projeto de lei e de proposta de emenda à Constituição (PEC). O documento é dividido em quatro capítulos, formulados por comissões distintas para cada um dos seguintes eixos: economia e trabalho; direito do trabalho e segurança jurídica; trabalho e previdência; e liberdade sindical.

Os subgrupos foram coordenados respectivamente por Ricardo Paes de Barros, professor do Insper e ex-integrante do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea); Ives Gandra Martins Filho, ministro e ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST); Felipe Mêmolo Portela, procurador-federal na Advocacia Geral da União; e Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP).

O documento não é um projeto legislativo, mas deve servir de base para a construção de uma proposta de reforma. O governo faz questão de destacar, em todas as páginas do relatório, que o trabalho “não exprime, necessariamente, o ponto de vista do Ministério do Trabalho e Previdência ou do governo federal”.

“Os subsídios apresentados podem ser relevantes para o debate público. São sugestões que, além de ajustes estruturais, podem se inserir na discussão de retomada do mercado de trabalho, com mais segurança jurídica para empregados e empregadores”, diz nota divulgada pelo ministério.

Confira a seguir um resumo de alguns dos principais pontos sugeridos pelo Gaet.

Regime trabalhista simplificado

Entre os itens que se destacam no relatório do grupo de direito do trabalho e segurança jurídica está uma proposta de alteração no artigo 7.º da Constituição, que dispõe sobre os direitos dos trabalhadores, como seguro-desemprego, FGTS, salário mínimo, décimo terceiro, férias, aviso prévio, etc.

A sugestão do Gaet é acrescentar um dispositivo que permita a contratação sob um regime trabalhista simplificado, alternativo ao celetista e no qual os direitos e obrigações seriam definidos em lei específica à parte.

O grupo ressalta que seria facultativo ao empregado eleger esse novo regime de contratação por meio de acordo individual. “Permite-se com isso que o trabalhador tenha voz no estabelecimento das regras que regerão sua própria vida e seja o juiz do que é melhor para si diante de cada situação concreta, observados os limites constitucionais de indisponibilidade”, diz o documento.

Liberação de trabalho aos domingos

Hoje, a Constituição diz que é direito de todo trabalhador “repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”. O artigo 386 da CLT prevê que, na necessidade de trabalho nesse dia da semana, como em atividades essenciais, é necessário que haja uma escala de revezamento, com descanso em pelo menos um domingo ao mês.

A proposta dos especialistas do Gaet é alterar o artigo 67 da CLT, mantendo assegurado o descanso semanal de 24 horas consecutivas, porém sem vedação ao trabalho em domingos, “desde que ao menos uma folga a cada sete semanas do empregado recaia nesse dia”.

“Hoje, para trabalhar aos domingos e feriados é necessário: estar na lista de atividades autorizadas pela Secretaria Especial do Trabalho, ou possuir autorização de entidade sindical, mediante convenção ou acordo coletivo. Além disso, em caso de atividades comerciais deverão ser respeitadas as legislações municipais”, explicam os autores da proposta.

“Cada vez mais, as pessoas esperam que as empresas atendam suas expectativas de bem-estar, moldando seus serviços e horários de atendimento às suas necessidades. Dessa forma, a mudança da regulamentação legal do trabalho aos domingos e feriados pode trazer benefícios para os níveis de emprego”, dizem. “Com maior produtividade e competitividade, haverá aumento no quadro de trabalhadores e concessão de melhores benefícios.”

Proibição de vínculo empregatício a motoristas de aplicativos

Outro destaque no rol de alterações nas leis trabalhistas é a previsão de um artigo que disponha expressamente que “não constitui vínculo empregatício o trabalho prestado entre trabalhador e aplicativos informáticos de economia compartilhada”.

A previsão englobaria motoristas de transporte individual e entregadores de comida que trabalham sob a demanda de sistemas para celular, como Uber, 99, iFood e Rappi, que, assim, não teriam acesso aos direitos previstos na CLT. Esses profissionais não atuam com carteira de trabalho assinada, mas há decisões judiciais que reconhecem o vínculo.

“Tal dispositivo busca reduzir a insegurança jurídica sobre o tema, além de exemplificar hipóteses de efetiva subordinação, para superar a discussão jurídica atualmente em voga”, justificam os especialistas.

Em outro trecho do relatório, é atribuído às “decisões de reconhecimento de vínculo” o potencial de “acabar com tal modalidade organizativa do trabalho humano, desatendendo às necessidades de milhões de trabalhadores.”

Salário básico como referência para adicional de insalubridade

Uma das medidas que beneficiam o empregado é a previsão de utilização de seu salário básico, sem acréscimos, como parâmetro para o adicional de insalubridade – e não mais o salário mínimo, como é hoje.

Sobre esse referencial, o exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelas autoridades competentes, asseguraria a percepção de adicional de 40%, 20% ou de 10%, dependendo da classificação em grau máximo, médio ou mínimo, respectivamente.

A redação proposta prevê, porém, que as condições podem ser alteradas em “ajuste individual, acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

Correção de créditos trabalhistas pelo IPCA-e

O texto propõe ainda a utilização do Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-e) como referencial para correção monetária de débitos trabalhistas. Atualmente a legislação prevê que a atualização seja feita pela Taxa Referencial (TR) acrescida de juros moratórios de 1% ao mês, ou 12% ao ano.

Os autores da proposta colocam a mudança como um dos itens que beneficiam o trabalhador. Como a TR está zerada há anos, no entanto, muitas decisões na Justiça do Trabalho já utilizam o IPCA-e como fator de correção, porém somando-se ao índice os juros mensais de 1%. Sem os juros, dependendo do índice inflacionário, a correção pode acabar tendo resultado inferior ao que teria conforme as regras atuais.

Limitação de execução de bens pessoais para pagamento de dívidas trabalhistas

Atualmente sócios de empresas que devem verbas trabalhistas podem ter seus bens pessoais executados para pagamento de dívidas. O Código Civil autoriza a medida apenas em casos de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, mas muitos juízes do trabalho determinam o bloqueio do patrimônio dos empresários com base em um dispositivo do Código de Defesa do Consumidor (CDC), mais abrangente.

De acordo com o CDC, a personalidade jurídica pode ser desconsiderada em casos de “abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos do contrato social”, além de casos de “falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração”.

A proposta é restringir expressamente a execução de bens pessoais dos sócios apenas para os casos previstos no Código Civil. “Por razões mais que evidentes – em especial o incentivo ao empreendedorismo e consequente estímulo à criação de empregos – seria conveniente e oportuno que os mesmos pressupostos fossem igualmente observados, no âmbito trabalhista, para reconhecimento da responsabilidade dos sócios sobre créditos trabalhistas reconhecidos em juízo”, diz a justificativa ao dispositivo.

Para Camilo Onoda Caldas, advogado trabalhista e sócio do escritório Gomes, Almeida e Caldas Advocacia, a mudança deve ter grande impacto nas demandas judiciais na esfera trabalhista.

“É muito comum que os trabalhadores só recebam quando tem uma responsabilidade dos sócios. Ou seja, haveria uma massa, que eu não consigo estimar em números, não vou me arriscar no milhão, mas posso dizer que é de centenas de milhares de pessoas que jamais teriam recebido valores de reclamações trabalhistas se a responsabilidade ficasse limitada apenas à empresa”, diz.

Legalização do locaute

No capítulo sobre liberdade sindical, chama atenção à proposta de legalizar, em equivalência ao direito de greve de trabalhadores, a prática de locaute, paralisação das atividades promovida pelos empregadores como medida de pressão em negociações coletivas. A mudança seria feita via proposta de emenda à Constituição, que incluiria a prática no caput do artigo 9.º.

“A legalização do locaute só aumenta o poder patronal sobre o empregado”, avalia o advogado Camilo Onoda Caldas. “Não tem lógica pensar que vá gerar qualquer impacto positivo na atividade econômica”, diz.

Coordenador do grupo responsável por propor a medida, Hélio Zylberstajn explica que o objetivo é conferir às empresas a mesma “arma” de pressão em caso de um impasse em meio a uma negociação.

“É um direito dos trabalhadores suspender a oferta de trabalho por meio de uma greve. Em uma negociação soberana, nós achamos que cabe à empresa suspender o contrato de trabalho”, compara. “O que isso vai provocar? Vai ficar muito menos frequente o impasse. A força equivalente nos dois lados vai estimular o acordo, o consenso.”

Unidade de negociação no lugar de sindicatos de categorias

Também é proposto o conceito de unidade de negociação, que funcionaria como entidade representativa de um grupo de empregados, como os sindicatos, porém sem a unidade por categoria profissional. “Os empregados de uma empresa podem ser uma unidade de negociação, de um grupo de empresas, de um pedaço da empresa. Ou um setor inteiro”, explica Zylberstajn.

“Não se trata de sindicato patrocinado por empresa, como estão dizendo. O que estamos propondo é a liberdade sindical”, diz. “Acaba a ideia de categoria, o que mexe profundamente com a estrutura atual”.

Conforme a proposta, caso haja mais de um sindicato que represente um grupo de empregados, terá predomínio a entidade que tiver o maior número de associados entre os funcionários.

Limitação à Justiça do trabalho

Hoje é comum que entidades representativas de categorias trabalhistas recorram à Justiça do Trabalho quando entendem esgotadas as possibilidades de negociação com o empregador, deixando a cargo do juiz a determinação de um acordo.

A comissão de liberdade sindical propõe vedar à Justiça do Trabalho a definição de cláusulas sociais e econômicas nos conflitos coletivos de trabalho. Assim, competiria aos juízes do ramo apenas processar e julgar “ações que envolvam abusividade no exercício do direito de greve e locaute”.

Assim, a Justiça do Trabalho ficaria limitada a dizer se uma greve ou locaute é ilegal e garantir um porcentual mínimo de trabalhadores em atividade. Em caso de impasse na negociação coletiva, as partes poderiam recorrer a “procedimentos de mediação e arbitragem”, segundo o texto.

Zylberstajn explica que a intenção é promover uma alteração em todo o sistema de negociação: “Nesse caso, as duas partes, em comum acordo, partem para um sistema pleno de negociação. O estado continua a fiscalizar o cumprimento do que foi combinado e a solucionar o descumprimento”.

Fim da multa do FGTS ao empregado e mudanças no seguro-desemprego

Consta do anexo do grupo de economia do trabalho a proposta de unificar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o seguro-desemprego em uma espécie de poupança precaucionária individual.

Em vez de receber o seguro-desemprego após ser demitido, o empregado teria os recursos depositados nesse fundo individual nos primeiros meses de trabalho, o que, segundo os idealizadores do modelo, incentivaria o trabalho e a formalização.

Quando desligado, o trabalhador poderia fazer saques mensais limitados desse fundo. Com a proposta, seria extinta a multa em caso de demissão sem justa causa ao empregado, ficando o encargo integralmente devido ao governo.

Sindicatos rechaçam proposta de reforma trabalhista

Tão logo foi tornado público, o estudo foi criticado por organizações de trabalhadores. Presidentes de seis centrais sindicais divulgaram uma nota conjunta repudiando a proposta, que classificaram como “indecente”.

“Trabalharam mais de dois anos sem assegurar o diálogo social e a participação dos trabalhadores por meio de seus sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. Agora, propõem mudanças imensas na legislação trabalhista, de novo em prejuízo da classe trabalhadora. Ao invés de modernizar estão restabelecendo a mentalidade da República Velha, a perversa lógica escravista, e o predomínio da força ao invés do entendimento nas relações de trabalho”, diz trecho do texto.

Assinam a nota Sergio Nobre, da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Miguel Torres, da Força Sindical; Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT); Adilson Araújo, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Moacyr Auersvald, da Central Sindical de Trabalhadores (CST); e Antonio Neto, da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).

Para Camilo Onoda Caldas, do escritório Gomes, Almeida e Caldas Advocacia, a maior parte das alterações propostas são pequenas e pontuais. Ele chama a atenção para dois dispositivos que podem vir a ser questionados na Justiça caso venham a ser aprovados pelo Legislativo.

“Uma das ideias centrais é tentar criar uma espécie de uma subcategoria dos trabalhadores, colocando a possibilidade de eles terem uma legislação menos protetiva. Isso seria feito por meio de uma emenda que não corte diretamente esses direitos, mas que permita que eles sejam cortados em uma lei ordinária”, diz. “Com 100% de certeza isso vai para o Judiciário. Não tem possibilidade de uma emenda dessa envergadura não ser questionada”, considera.

Outra mudança que, para o advogado, não deve surtir efeito é a previsão de que trabalhadores que prestem serviço por meio de aplicativos não têm vínculo empregatício com a operadora da plataforma. “O que determina se existe ou não vínculo empregatício são os requisitos de um contrato de trabalho, que são onerosidade, habitualidade, subordinação e pessoalidade”, explica.

“Se a pessoa preencher esses requisitos, é empregada. Se não preencher, não é. Então não adianta eu escrever na lei que quem trabalha por aplicativo não é. Se eu criar um aplicativo cuja dinâmica de funcionamento contenha esses requisitos, ele é empregado. O aplicativo é só um meio”, diz o advogado.

Pedro Maciel, sócio da Advocacia Maciel, considera que a proposta servirá para levantar discussões. Ele também considera negativa a ideia de se descaracterizar o vínculo empregatício com aplicativos de economia compartilhada. “Não seria a melhor opção, por mais que se dê maior segurança às empresas e não exclua a caracterização de fraude, tendo em vista as diferenças de cada aplicativo”, diz.

Ele considera ainda um retrocesso a possibilidade de trabalho aos domingos sem pagamento em dobro por período superior ao previsto na lei.

Caldas vê com bons olhos, por outro lado, a mudança no índice de correção das reclamações trabalhistas. “É uma mudança que pode ser favorável aos trabalhadores”, afirma.

O advogado vê com ceticismo, no entanto, o benefício das propostas para o mercado de trabalho do país. “É quase um jargão as pessoas dizerem que as relações trabalhistas são muito engessadas, a CLT é velha, a legislação é atrasada, precisa ter menos direitos para a economia crescer mais. Houve a reforma de 2017 e não há qualquer estudo que diga que, por causa das mudanças, houve um efeito positivo na economia.”

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/novo-regime-locaute-mudancas-no-fgts-a-reforma-trabalhista-encomendada-pelo-governo/?utm_source=salesforce&utm_medium=emkt&utm_campaign=newsletter-bom-dia&utm_content=bom-dia

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Eleições.  

                                                                                                                                                                             Em busca de viabilizar sua candidatura na chamada terceira via, o ex-ministro Sergio Moro (Podemos) deve ganhar um aliado de peso em breve. O União Brasil, novo partido fruto da fusão entre DEM e PSL, já sinaliza que pode fechar apoio à candidatura de Moro para presidente da República.

Covid-19. Senadores da oposição protocolaram um requerimento pedindo a convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga , para prestar esclarecimentos à Comissão Representativa do Congresso Nacional sobre os planos do governo federal para o combate da pandemia neste ano. Os parlamentares pedem que o ministro explique temas como a vacinação de crianças de 5 a 11 anos de idade no país, entre outras questões.

Política, Economia e Utilidade Pública

Crianças, adultos, idosos: como será vacinação contra a Covid em 2022 para todos os públicos. O governo federal anunciou como será a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 em 2022: começa ainda em janeiro, não haverá necessidade de receita médica e o intervalo recomendado para a segunda dose será de dois meses. Com isso, o plano de imunização para todas as faixas etárias deste ano está definido.

PSOL quer descriminalizar o furto no Brasil. Antes precisa olhar para a Califórnia. A deputada federal Talíria Petrone, líder da bancada do PSOL na Câmara Federal, quer descriminalizar o furto “insignificante” ou “por necessidade” no Brasil. Antes de prosseguir com o projeto, seria bom a deputada olhar para a progressista Califórnia e tomar conhecimento do que está acontecendo por lá.

A segunda dose do veneno que derrubou o país em 2015 e 2016. O jornal paulista Folha de S.Paulo resolveu convidar economistas que representem as plataformas econômicas dos principais pré-candidatos à Presidência da República e participem de grupos que assessoram os pré-candidatos, para que escrevam artigos detalhando suas propostas. Na terça-feira, dia 4, o país teve uma amostra do que virá caso o ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula volte ao Planalto. Veja um trecho da opinião da Gazeta e leia o texto completo:

Que Mantega tenha recebido a oportunidade de um revival, quando deveria estar relegado à galeria dos piores ministros da Fazenda da história do país, é mais um sinal de que Lula está longe de ser o “moderado” que intelectuais e setores da imprensa pintam 

O que mais você precisa saber hoje

EUA. Biden culpa Trump por invasão ao Capitólio e por espalhar “rede de mentiras”

Boa notícia. OMS diz que mortes por Covid-19 continuam caindo, apesar da ômicron

China. Hospital de cidade chinesa em lockdown recusa entrada de mulher grávida, que perde o bebê

Para inspirar

A melhor maneira de livrar-se de maus hábitos. É um novo ano e muitas pessoas nesta época sentem o desejo de começar do zero. Mas em fevereiro, 80% das pessoas terão desistido. Então, o que podemos aprender com os 20% que conseguem?

Tenha um ótimo dia!

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/bom-dia/o-projeto-para-uma-nova-reforma-trabalhista-moro-busca-aliado-de-peso-para-a-eleicao/?ref=mais-lidas

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REFORMA ELEITORAL BENEFICIA OS PARTIDOS

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Bolsonaro sancionou lei que traz de volta a propaganda partidária fora do período eleitoral.| Foto: Anderson Riedel/Presidência da República

Dando continuidade ao processo de cessão indiscriminada de privilégios aos partidos políticos com dinheiro do contribuinte brasileiro, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, no início da semana, a Lei 14.291/22, que ressuscita o horário político partidário em rádio e televisão fora do período eleitoral, abolido na minirreforma eleitoral de 2017. O tempo total das inserções a que cada partido terá direito será proporcional ao número de deputados federais eleitos no último pleito, chegando ao máximo de 20 minutos por semestre.

O texto sancionado mantém uma expressão tão consagrada quanto cínica, ao referir-se à “propaganda partidária gratuita” – gratuita para as legendas, já que ela sempre será bancada por alguém: no caso, o contribuinte brasileiro, que teoricamente paga impostos para receber em troca serviços de qualidade e investimentos, mas acaba viabilizando o funcionamento de partidos políticos e campanhas eleitorais. Como se não bastasse, a sanção veio acompanhada por um veto: o texto aprovado pelo Congresso previa ao menos que as emissoras recebessem compensação tributária pela cessão forçada de um tempo valioso, já que as inserções ocorrerão em horário nobre, mas Bolsonaro vetou esse trecho, deixando o prejuízo com os canais de rádio e televisão.

O financiamento público de partidos e campanhas sempre foi um desrespeito ao cidadão pagador de impostos. As legendas deveriam ser bancadas única e exclusivamente por seus filiados e por simpatizantes

Quando foi inicialmente proposto, o projeto de lei trazia, como justificativa, a alegação de que “as agremiações partidárias ficaram sem um horário para promover a difusão dos programas partidários, transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário”, para realizar a “divulgação dos eventos e congressos do partido” e para “divulgar a posição do partido em relação a temas político-comunitários”. Na época da internet e das mídias sociais, pelas quais qualquer partido, gigante ou nanico, é capaz de levar sua mensagem a dezenas de milhões de brasileiros, tal justificativa beira o deboche, pois hoje há meios mais que suficientes para tal difusão.

Mas nem mesmo 30 anos atrás, quando rádio e televisão eram praticamente o único meio pelo qual um partido poderia levar sua mensagem a filiados e eleitores, tal iniciativa faria sentido. Isso porque o financiamento público de partidos e campanhas sempre foi um desrespeito ao cidadão pagador de impostos. As legendas deveriam ser bancadas única e exclusivamente por seus filiados e por simpatizantes que concordem com as plataformas daquele determinado partido ou com certo candidato. Sem Fundo Partidário, sem megafundos eleitorais, sem as centenas de milhões de reais que o retorno da propaganda política fora do período eleitoral custará aos cofres públicos. O pleito de 2018, em que vários partidos e candidatos que dispensaram o uso de recursos públicos tiveram sucesso, é demonstração mais que suficiente de que o financiamento público é absurdo e desnecessário.


Fechar a torneira do dinheiro público para os partidos políticos não apenas direcionaria melhor os recursos tomados de cidadãos e empresas, mas também forçaria as legendas a buscar ativamente o apoio do eleitor, trabalhando mais pelos interesses da população que pelos interesses próprios, ou do cacique político da vez. Afinal, o grande problema do sistema partidário brasileiro não é o alegado excesso de legendas, mas todas as benesses com dinheiro público que elas recebem. Fundar um partido deveria ser tão simples quanto abrir uma empresa, desde que, sem o financiamento público, ele tivesse de batalhar por sua sobrevivência tornando-se representativo de parte significativa dos brasileiros. Quando o Brasil caminha para a restauração, e não para a eliminação de privilégios aos partidos, fica cada vez mais distante da solução para as disfunções da política nacional.


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CONGRESSO PRATICAMENTE NÃO VAI FAZER NADA NESSE ANO ELEITORAL

 

Câmara e Senado
Ano eleitoral vai impactar o trabalho do Congresso e o avanço de reformas; saiba como
Por
Olavo Soares
Brasília

Temas de cunho mais populista devem pautar atuação do Congresso em 2022 por causa das eleições| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse no fim do ano passado que a legalização dos jogos de azar no Brasil será analisada assim que os deputados voltarem ao trabalho. “Será votado em fevereiro”, garantiu. A deliberação sobre esse projeto é uma das poucas certezas do Congresso para 2022.

O trabalho dos parlamentares tende a ser afetado pelo período eleitoral e é muito pouco provável que o Legislativo avance em temas estruturantes, como a reforma administrativa, o semipresidencialismo e o novo modelo de escolha de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Não haverá aprovação de reformas no ano de 22. O posicionamento dos partidos se dará olhando pelo interesse dos seus candidatos a presidente da República”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Se habitualmente as eleições já interferem no cotidiano de Câmara e Senado, a disputa de 2022 deve registrar uma interferência ainda mais acentuada. Isso porque quatro congressistas são pré-candidatos a presidente: o deputado federal André Janones (Avante-MG), e os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Simone Tebet (MDB-MS) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Este último é o presidente do Senado.

“Naturalmente, quando se está envolvido diretamente numa eleição, ocorre a diminuição das pautas do Congresso, especialmente as pautas mais polêmicas”, destacou o líder do PSD no Senado, Nelsinho Trad (MS). Além da corrida presidencial, o ano recém-iniciado terá eleições para governadores, senadores e deputados, o que acaba por envolver a quase totalidade do Congresso.


Grandes temas em ano eleitoral: debate talvez, votação não
Arthur Lira indicou que pretende promover, ao longo de 2022, debates sobre o semipresidencialismo. O modelo cria a figura do primeiro-ministro, tal qual em regimes parlamentaristas, mas com menos força do que nestes sistemas. A ideia é criar um modo de governo em que o Congresso detenha mais poder e, por extensão, o presidente da República tenha menos competências.

Segundo reportagem do Poder360, Lira almeja criar um grupo de trabalho para discutir o tema ao longo desse ano e espera que a próxima legislatura, que tomará posse em 2023, conduza uma eventual votação da iniciativa.

Para Ricardo Barros, o semipresidencialismo “é uma proposta que deve ser debatida com bastante atenção por todos”. Ele disse, porém, “não acreditar” em uma votação sobre o assunto em 2022.

Trajetória semelhante devem passar os projetos de reforma administrativa e tributária, que foram anunciados ainda no início da gestão de Jair Bolsonaro como prioridade, mas acabaram não progredindo no Congresso.

Outro assunto também colocado como prioridade – não pelo Executivo, mas pelo próprio Congresso – e que deve igualmente ficar de lado é o novo modelo de escolha dos ministros do STF. No início de 2020, antes da deflagração da pandemia de coronavírus, o tema foi formalmente incluído entre as prioridades do Congresso pelo então presidente da casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

De lá até os dias atuais, porém, a proposta não avançou. O senador Trad descarta qualquer progressão sobre o assunto em 2022; segundo ele, além de outras prioridades estarem no foco dos congressistas, joga contra o debate o fato de não existir a expectativa para nomeação de ministros do STF no próximo ano.

Prossegue também sem grandes expectativas, por parte dos congressistas, a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que determina a prisão de condenados em segunda instância judicial. A iniciativa tramita no Congresso desde 2019.

No início de dezembro último, a comissão especial que discute o tema votaria o relatório do deputado Fábio Trad (PSD-MS) sobre a PEC, mas os trabalhos foram suspensos após uma manobra de diferentes partidos ao determinar a troca, de modo súbito, de mais de 10 membros do colegiado. O resultado da manobra foi o travamento da discussão, que ficou sem prazo para retomada.

Jogos de azar, um possível avanço
Em meio ao cenário de indefinições no Congresso, o anúncio de Lira de querer a votação da proposta que legaliza os jogos de azar surge como um raro sinal no sentido oposto. O presidente da Câmara reforçou seu apoio ao debate ao dizer que “todo mundo sabe que no Brasil tem cassino ilegal” e que a formalização do segmento contribuirá para que o país arrecade impostos com a atividade.

A discussão sobre os jogos de azar colocou em rota de colisão segmentos diferentes que apoiam o presidente Bolsonaro. Os parlamentares mais ligados à causa econômica defendem a iniciativa, por entenderem que a medida pode estimular o empreendedorismo, ampliar a arrecadação de impostos e gerar empregos. Já o grupo evangélico é contrário, por vincular os jogos a problemas como vício e consumo de drogas.

Apoiador do governo, o deputado Bibo Nunes (PSL-RS) identifica que as resistências contra a iniciativa estão diminuindo e que os evangélicos “estão reconhecendo a derrota”. “A base evangélica jogou a toalha. Estão sabendo perder. Viu que nós temos votos para vencer a disputa”, disse.


Oposição vê ano para “jogar na defensiva” no Congresso
Do ponto de vista da oposição, o entendimento é que o ano eleitoral e a preocupação de Jair Bolsonaro e seus aliados em renovar os mandatos nortearão os trabalhos do Congresso.

O deputado Daniel Coelho (Cidadania-PE) avalia que a meta da reeleição fará os governistas apostarem em propostas de cunho populista, o que poderia levar a uma piora da situação econômica do país. Para ele, a oposição terá que “jogar na defensiva” e evitar o avanço de temas que considera ruins, e isso se colocará à frente da busca pela aprovação de projetos elaborados pela própria oposição.

“A minha preocupação com o período eleitoral não é a inatividade do Congresso, e sim a apresentação dessas propostas que podem prejudicar o Brasil”, afirmou Coelho.

Outro elemento que deve nortear a atuação da oposição em 2022 é a formação das federações partidárias, que são blocos de partidos feitos para atuar de modo conjunto no Congresso. As federações foram recentemente aprovadas pelo próprio Legislativo como uma forma de permitir aos partidos menores sobreviverem à chamada “cláusula de barreira”, que penaliza as forças políticas que tiveram votações diminutas em eleições anteriores. Partidos como PT, PCdoB, PSB e Psol discutem a composição de uma federação.

ÔMICRO - CERTIFICADO DE VACINA E SAQUES DE POUPANÇA

 

Variante do coronavírus
Ômicron é mais contagiosa, mas agressividade é menor

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Variante ômicron ampliou o número de casos de Covid no mundo, mas a gravidade das infecções é menor do que a de cepas anteriores| Foto: Pixabay

Médicos e pesquisadores estão apostando, de modo otimista, que a ômicron seja o fim da pandemia. A gente vai ter, de agora em diante, uma vacina polivalente. Eles afirmam que essa variante é muito mais contagiosa, mas a agressividade e a letalidade são baixas. Eu tenho aqui alguns números para demonstrar isso.

Por exemplo, em Aparecida de Goiânia, na região metropolitana de Goiânia, que registrou a primeira morte no Brasil pela ômicron. Segundo a autoridade municipal, um homem de 68 anos, com comorbidades: hipertensão e doença pulmonar crônica. Tendo comorbidade, para qualquer doença, pode acontecer o resultado morte. Pode ser uma diarreia, uma gripe comum, etc.

Mas vejamos os números do município de Erechim (RS), com 110 mil habitantes. Nesta quinta-feira (6), estava com 99 casos de Covid. Um ano atrás, no mesmo 6 de janeiro, tinham menos casos: 89. Em janeiro do ano passado não tinha vacina, agora tem. E teve mais 10 casos. Mas só dois hospitalizados agora, e no passado tinha 24. Esse homem que morreu em Aparecida de Goiânia tinha tomado as três doses da vacina, que não estavam preparadas para essa variante.

Certificado da vacina
Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, nesta semana, passou por 19 votos a 2 um projeto que precisa de uma segunda votação no mês que vem, proibindo no estado do Mato Grosso, a exigência de certificado de vacina. Ninguém poderá exigir o certificado de vacina para entrar onde quer que seja.

Claro que a lei municipal fica acima da lei estadual. O Supremo Tribunal Federal que deu essa interpretação — os prefeitos conhecem mais os problemas locais que o governador. Se bem que, em alguns lugares, como em Rondonópolis, por exemplo, está exigindo o certificado, por lei municipal.

Já lá em Santa Catarina, nas cidades de Rancho Queimado e Lontras, tem lei municipal proibindo exigir o passaporte de vacina. E a alegação é que o artigo 5º da Constituição diz que é livre a locomoção em todo o território nacional em tempo de paz. O projeto da Assembleia do Mato Grosso considera discriminação tratar as pessoas de forma diferente por causa de ter ou não o certificado de vacina.

Saques da poupança
No ano passado, o saldo da poupança no Brasil, a diferença entre depósito e retirada, foi de R$ 35,5 bilhões. Os saques foram feitos, provavelmente, por pessoas que tiveram a redução de sua renda, mas também por quem decidiu investir no trabalho.

Parece que muito dessa retirada foi para comprar veículos. E que veículo compraram? Num total de 3,5 milhões de veículos novos emplacados no ano passado, crescimento de 10,5% em relação ao ano de 2020, a maior parte foi de caminhões: 42%, depois moto, com 26%.

Quer dizer, as pessoas compraram veículos para trabalho, atividade econômica, transporte. A compra de carro de passeio até se reduziu em 3,6% o emplacamento. Estamos vendo um indício da volta da atividade econômica. A poupança foi um investimento que pode trazer resultados econômicos.


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ELITE DO FUNCIONALISMO PÚBLICO É MAL AGRADECIDA

Pressão por reajuste

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Prédio da Receita Federal. Placa de indicação. Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado

Salário médio na Receita Federal é de R$ 30 mil por mês, mas auditores querem sempre mais.| Foto: Pillar Pedreira/Agência Senado

O movimento que os funcionários públicos federais estão fazendo para obter um aumento salarial em massa, geral e aparentemente igual para todo mundo é mais uma dessas demonstrações perfeitas de porque, na prática, o Brasil é esta desgraça social que não muda nunca, ano após ano. O país não melhora, e nem pode melhorar, se o Estado continua engolindo, para o seu próprio sustento, uma parte cada vez maior de tudo o que a sociedade produz. Já é uma aberração do jeito que está. Agora, estão querendo piorar – as cúpulas sindicalistas do funcionalismo exigem um poder público que vai custar ainda mais caro para o pagador de impostos.

O argumento central dos servidores é uma piada: dizem que há cinco anos estão sem um “aumento geral”. E os 200 milhões de brasileiros, ou mais ou menos isso, que não são funcionários públicos – federais ou de qualquer outra espécie? Quando foi que tiveram o último “aumento”? Isso não existe, simplesmente: a população é remunerada por conta das realidades do mercado de trabalho, do mérito individual de cada trabalhador, do valor relativo das ocupações profissionais e assim por diante. O resto é a bolha do Estado.

O Estado brasileiro saqueia sistematicamente os recursos de todo o país; na verdade, saqueia uma porção cada vez maior da riqueza nacional, numa espiral que não para nunca de crescer. É impossível, numa situação dessas, não haver concentração maciça de renda. É impossível não haver a produção constante de miséria, desigualdade e doenças sociais.

Como ser diferente, num país que arrecadou acima de R$ 1,5 trilhão de impostos em 2021 – isso mesmo, trilhão – e não tem dinheiro para nada? O Brasil não tem dinheiro para nada porque gasta o grosso disso tudo consigo mesmo, com sua folha de pagamento, suas aposentadorias, seus benefícios, suas despesas de funcionamento.


O mais extraordinário, nessa aberração, é que existe uma situação de injustiça extrema dentro da injustiça geral. A maioria dos funcionários públicos, na verdade, ganha mal; o dinheiro de verdade vai para a casta de mandarins que ocupa os cargos mais altos — as lideranças do movimento estão “entregando os cargos” que ocupam; não entregam os empregos, é claro – ou seja, é pura conversa.

No presente movimento por salários maiores, por exemplo, um dos setores mais ativos é o dos auditores da Receita Federal. Só que o salário médio de um auditor da Receita é de R$ 30 mil por mês. Como justificar a urgência de aumento para o setor num país em que o salário mínimo é de R$ 1,2 mil?

Não se discute a competência profissional dos auditores, nem a sua dedicação ao trabalho, nem a importância do que fazem para a sociedade. O fato é que ganham R$ 30 mil por mês. Cabe aumento para esse nível de remuneração num país miserável como o Brasil, em que as crianças vão descalças para a escola e os hospitais públicos não têm dinheiro para comprar um rolo de esparadrapo? Da mesma maneira, que sentido pode fazer a exigência dos auditores de trabalho, que querem ganhar um “bônus variável de eficiência”? Eficiência? Qual? Onde? Como? É demente.

Nem se fale, aqui, do Judiciário, onde é comum magistrados arrancarem R$ 100 mil por mês do pagador de impostos, ou mais. Mesmo ficando fora dessa área de delírio, as exigências de aumento salarial por parte dos funcionários mais altos significam injustiça social direto na veia, ao transferir renda de todos – e transferir mais ainda do que já transfere – para o bolso da minoria.

Não se trata apenas dos altos salários para os servidores que estão no topo da árvore. Todos eles, além do contracheque mensal, têm benefícios com os quais o brasileiro comum não pode nem sonhar: estabilidade no emprego, aposentadoria com salário integral, aumentos por tempo de serviço, plano médico, benefícios de todos os tipos.

Falar de “recuperação salarial” ou de “correção de injustiças”, nessas condições, é puro humor negro.


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RETROCESSO PETISTA

 

  1. Política 

Ex-presidente Lula elogia mudanças na legislação da Espanha; integrantes da sigla também falam em revogar outras propostas aprovadas nas gestões Temer e Bolsonaro

Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA — A indicação do PT de que pode imitar a Espanha e desfazer a reforma trabalhista no Brasil não é a única revisão de medida econômica que o partido discute adotar caso volte ao poder. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e importantes integrantes da legenda também avaliam atuar para reverter outras propostas aprovadas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, como o programa de privatizações de estatais – que pouco avançou – e o teto de gastos, principal âncora fiscal da economia. 

Uma ala do partido defende incluir na lista do “revogaço petista” a autonomia do Banco Central, aprovado no ano passado pelo Congresso, mas essa discussão ainda está num estágio menos amadurecido.

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O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e o presidente da Espanha, Pedro Sánchez, em encontro em novembro de 2021; petista já tem dado sinais claros de que pretende mudar a orientação liberal que foi dada pelos governos anteriores. Foto: Ricardo Stuckert

Líder nas pesquisas de intenção de votos, Lula já tem dado sinais claros de que pretende mudar a orientação liberal que foi dada pelos governos Temer e Bolsonaro. O primeiro movimento claro foi feito em relação a uma revisão da reforma trabalhista, aproveitando o que vem sendo feito nesse sentido pelo governo da Espanha. 

“É importante que os brasileiros acompanhem de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o presidente Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos dos trabalhadores”, escreveu Lula nas suas redes sociais, colocando na rua o debate em torno da revisão de medidas liberais. O presidente da Espanha, Pedro Sánchez, agradeceu Lula pela sua postagem nesta quinta-feira, 6. “Obrigado, Lula, por reconhecer este novo modelo de legislação trabalhista que vai garantir os direitos de todos”, declarou Sánchez no Twitter.

A discussão é polêmica e provocou reações contrárias. O deputado licenciado Rodrigo Maia (sem partido-RJ), que presidiu a Câmara durante a votação da reforma trabalhista, avaliou que o ponto que gera esse interesse de rever a medida está na discussão sobre a volta de financiamento dos sindicatos, que historicamente formam a base de apoio do PT. 

“Ao mesmo tempo que defendem revogar a reforma trabalhista daqui, defendem o modelo econômico da China, que não dá direito nenhum aos trabalhadores”, afirmou Maia. “Grande parte da legislação trabalhista antiga gerava uma massa de advogados na Justiça do Trabalho. Isso não resolvia para ninguém”, completou o parlamentar, que atualmente ocupa uma secretaria no governo de São Paulo, comandado por João Doria (PSDB), pré-candidato ao Planalto.

Dentro da campanha do ex-presidente, a dúvida, agora, é a forma e o “timing” como essas discussões sobre a revisão liberal devem ser conduzidas e o quanto poderá ser ampliada sem afastar possíveis apoiadores com visão mais liberal. Ao mesmo tempo em que acena com o cavalo de pau na atual política econômica, o partido negocia a vaga de vice de Lula com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, que defendeu essas pautas enquanto esteve nas fileiras do PSDB.

Banco Central

Na discussão sobre a autonomia do Banco Central, a bancada do PT na Câmara defende a revisão da medida. Mas setores importantes do partido avaliam que a discussão pode ser sensível demais. Para o deputado Carlos Zarattini (SP), a aprovação da autonomia do BC foi um erro porque pode deixar o presidente “de mãos amarradas”.

“Sou a favor da revisão. A gente não pode ter o presidente da República de mãos atadas. O Lula nunca interferiu na política do Banco Central nos oito anos que ficou lá, mas o Henrique Meirelles também nunca fez uma política antagônica à política de crescimento econômico. Só que pela forma que o atual presidente do BC atua, vai ser difícil. Porque ele não leva em conta a conjuntura do País e vai ficar no cargo mais dois anos”, disse o parlamentar. Conselheiros econômicos do ex-presidente, como o ex-prefeito Fernando Haddad, também já deram declarações no mesmo sentido.

Na prática, será o próprio Lula que definirá o rumo do discurso econômico da campanha. Até porque o ex-presidente não definiu nenhum nome para liderar a discussão sobre suas propostas na área – e não é certo nem que o faça. Hoje, segundo aliados, a ideia de Lula é ouvir avaliações e receber informações de economistas do PT, como Guido Mantega, Nelson Barbosa e Aloizio Mercadante, mas será ele quem dará a palavra final.

Lula já se manifestou publicamente em março do ano passado contra a autonomia do BC, antes da sua aprovação, mas sem mencionar que poderia rever a medida. “A quem interessa essa autonomia? Não interessa ao trabalhador que foi mandado embora da Ford, o presidente da CUT. Interessa ao sistema financeiro”, disse Lula em discurso no Sindicato dos Metalúrgicos.

O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi nomeado segundo as novas regras em abril, e tem mandato até 31 de dezembro de 2024.

Enquanto isso, frear o programa de desestatizações e o fim do teto de gastos são temas consensuais dentro da campanha. Lula já se queixou publicamente da venda da BR Distribuidora e afirmou que pretende fortalecer a Petrobras, por exemplo.

Na revisão do teto de gastos, a discussão também está bastante avançada. Até porque o atual governo já avançou nessa regra no ano passado ao mudar a forma de cálculo, abrindo margem para poder gastar mais neste ano.“O governo deve coordenar um ambicioso plano de investimentos públicos e privados, gerando muitos empregos! Tchau teto dos gastos, totalmente desmoralizado por Bolsonaro. A política fiscal tem de servir aos interesses do país e do povo”, afirmou a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), em postagem no Twitter.

Para lembrar: texto da reforma trabalhista foi aprovado no Congresso em 2017

Câmara

Em abril de 2017, após sessão que durou mais de dez horas, deputados aprovaram o texto-base da reforma trabalhista. Foram 296 votos a favor e 177 contra. No PT, a orientação da bancada foi votar contra a proposta.

Senado

Em julho daquele ano, o Senado aprovou reforma trabalhista proposta pelo governo de Michel Temer – foram 50 votos favoráveis, 26 contrários e uma abstenção.

Sanção

A reforma trabalhista foi sancionada em julho de 2017, pelo então presidente Michel Temer, sem vetos, em cerimônia no Palácio do Planalto. Na ocasião, Temer afirmou que, até então, “ninguém tinha a ousadia” de fazer a reforma.

Mudanças

A nova legislação alterou regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e passou a prever pontos que poderiam ser negociados entre empregadores e empregados e, em caso de acordo coletivo, passariam a ter força de lei.

Nova regra aprovada na Espanha restringe trabalho temporário

Em dezembro passado, presidente da Espanha, Pedro Sánchez, eleito por uma coalizão de esquerda, obteve sucesso em uma articulação para extinguir a legislação que regulamentava o mercado de trabalho no país.

As novas regras trabalhistas aprovadas pelo país desfazem medidas adotadas na reforma de 2012 e que foram apontadas como sem eficácia e responsáveis pela precarização do trabalho. O antigo modelo espanhol foi considerado uma espécie de base para a proposta de reforma trabalhista votada no Brasil em 2017, no governo de Michel Temer.

A principal alteração trata do fim do chamado sistema de modalidade de contrato por obra e serviço. Esse tipo de contrato foi criticado por manter boa parte dos trabalhadores no esquema de temporalidade. Ainda é possível fazer contratos por um tempo específico na Espanha, mas foram definidas várias restrições, como a garantia de aproveitar o trabalhador em outro serviço depois do fim do primeiro. Se isso não for feito, o trabalhador tem direito a uma compensação financeira.

VALE DO SILÍCIO NOS EUA É UM EXEMPLO A SER TESTADO AQUI NO BRASIL

 

Não é um funcionário público que decide quais empresas nascerão e em que ramos entrarão, mas sim as empresas que decidem quando e onde se fazem necessárias

 Por Pedro Doria – O Estado de S.Paulo

Vale do Silício nos EUA

Vale do Silício nos EUA

Por que nunca discutimos o modelo que levou à criação do Vale do Silício? Precisaremos dar um salto tecnológico nos próximos anos e nos raros ambientes em que esta conversa é levada os exemplos citados por seguir são Coreia do Sul e China. As empresas do Vale, porém, são muito distintas das coreanas e chinesas. O que criaram Huawei Samsung? Nada. A Apple, na última semana, ultrapassou o valor de mercado de US$ 3 trilhões.

Nos anos 1970, o mercado de computadores era voltado para máquinas de porte para grandes empresas. E, no entanto, naquele canto da Califórnia conhecido pela agroindústria inventou-se primeiro o negócio dos videogames e, logo depois, o do computador pessoal. O primeiro emprego de Steve Jobs foi na Atari. Ninguém em Washington previu que algo assim iria acontecer.

O Estado não foi ausente. Investiu em pesquisa na universidade local, Stanford. Além disto, também por ali foi criado nos anos 1960 um laboratório de pesquisa da NASA para tocar a missão de colocar um homem na Lua. Foi onde se inventou o microchip. Sem ele não haveria consoles de videogames ou PCs. Mas, criado parcialmente com investimento público, o chip logo virou a base de uma empresa estupenda, a Intel.

Quando a Intel nasceu, não estava dado que aquele chips serviriam a computadores que as pessoas teriam em casa. Só que o Vale era também o epicentro hippie com sua cultura psicodélica de busca pela expansão do cérebro. Uns usaram drogas, outros olharam para a tecnologia e imaginaram não um computador que pensasse por si, mas um que ampliasse as possibilidades.

A palavra chave é criatividade. A infraestrutura é o governo que traz: criação de conhecimento e um ambiente no qual empreender, deixar uma empresa nascer e morrer a partir de qualquer ideia que surja na sociedade, seja simples. Não é um funcionário público que decide quais empresas nascerão e em que ramos entrarão.

É assim que nasce um iPhone. Ou um Google. São negócios que depois que nascem não conseguimos imaginar como se vivia sem. As indústrias de Coreia do Sul e China, que são sim formidáveis, não estão neste ramo — o de revolucionar. Fazem melhor e mais barato aquilo que já existe. Também não é à toa que executivos das grandes corporações chinesas e sul-coreanas a toda hora são presos por elos de corrupção com os governos. É inerente ao modelo que parte de uma promiscuidade entre público e privado.

Por que até hoje o Brasil não ao menos testou este modelo de desenvolvimento?

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...