sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

TENDÊNCIAS DE MERCADO E SUA IMPORTÂNCIA NO MARKETING

 

Saiba como é importante acompanhar as tendências de mercado e como podem auxiliar profissionais de marketing.

Cristiana Arcanjo – MINDMINERS

O que é tendência de mercado e sua importância no marketing

O que é tendência de mercado? Segundo Kotler (2000), uma tendência é uma direção ou uma sequência de eventos que tem determinado impulso e direção.

As tendências se desenvolvem a partir da necessidade de inovação de uma sociedade e se refletem através de sinais em contextos sociais, culturais, econômicos, e muitos outros. Sendo assim, ao percebê-la, é possível antecipar e se adaptar ao comportamento que o seu consumidor adotará futuramente.

Nesta postagem vamos entender os 3 tipos de tendências de mercado apontados por Kotler e mostrar a importância de seu uso no dia a dia dos profissionais de marketing.

Tendência de mercado: como saber o que seus clientes vão querer amanhã?

Uma tendência de mercado é a indicação de um caminho a seguir, uma pista que o comportamento dos consumidores e dados de pesquisas estão apontando, mas isso não significa que, com absoluta certeza, quem apostar nela estará com o sucesso garantido.

É por isso que Kotler divide as tendências de mercado em três tipos, de acordo com seu grau de confiabilidade e duração:

Modismos

Tendências

Megatendências

Como identificar tendências de mercado com pesquisas

Modismos

Modismos são imprevisíveis. Uma tendência de curta duração, mas sem um significado cultural relevante. Algumas empresas podem ganhar algum dinheiro com modismos, mas por um curto período de tempo.

Um exemplo desse fenômeno foram as “febres” em sequência de franquias ou lojas individuais de “frozen yogurt”, temakerias, paleterias mexicanas e, mais recentemente, hamburguerias gourmet.

Tendências

A tendência “revela como será o futuro […] pode se manter por muito tempo – sendo observável em diferentes áreas de mercado e atividades de consumidores – e é consistente com outros indicadores significativos que ocorrem ou surgem ao mesmo tempo”.

Um exemplo de tendência é o trabalho remoto, tanto por meio do Home Office, como em espaços de coworking. Aliás, esse setor tende a crescer ainda mais após a pandemia.

Uma empresa que soube perceber essa tendência e se aproveitar da oportunidade foi a Spacious, uma startup de Nova Iorque que se deu conta que muitas restaurantes belíssimos da cidade só abrem de noite, ficando fechados durante o dia.

A partir daí, criaram um app para que as pessoas encontrassem nestes restaurantes e trabalhassem por lá, durante o dia, usando a internet do local e aproveitando uma decoração maravilhosa.

Megatendências

Um exemplo de megatendência são os carros inteligentes que estão sendo desenvolvidos por diversas empresas de ponta, como Google, Tesla, Uber e Apple.

Com uma abrangência bem maior, as megatendências são “grandes mudanças sociais, econômica, políticas e tecnológicas que se formam lentamente e, uma vez estabelecidas, nos influenciam por algum tempo – de sete a dez anos, ou mais”.

Agora que você entendeu o que é tendência de mercado e seus vários tipos, veja como usá-la em seu dia a dia profissional.

A importância das tendências para profissionais de marketing

Antever tendências contribui para a criação de estratégias de marketing mais eficientes, já que ajuda a:

Enxergar possibilidades de mudança: este é um dos maiores desafios nas empresas. E, hoje, mais do que nunca, a capacidade de gestão da mudança se tornou uma vantagem competitiva sustentável. Prever novos comportamentos e tendências de mercado pode fazer toda diferença no desenvolvimento de produtos ou no lançamento de campanhas.

Estar um passo à frente da concorrência: existe uma frase de Steve Jobs que descreve isso muito bem: “Inovação é o que distingue um líder de um seguidor”. Ao perceber tendências antes da concorrência, tornando-se pioneira em um mercado novo e inexplorado, sua empresa conseguirá uma enorme vantagem competitiva.

Se preparar para atender as necessidades e desejos dos clientes: mudar características e atributos de produtos e serviços para acrescentar novos benefícios para os consumidores não se faz da noite para o dia. Ao detectar tendências, as empresas podem se preparar com antecedência e obter melhores resultados.

Acabamos de falar de mercado, concorrência e público-alvo e de mostrar como as tendências ajudam um profissional de marketing a compreendê-los melhor. Mas como podemos, de fato, mapear tendências?

O uso de softwares de CRM e de ferramentas online, como Google Adwords Keyword Tool, Google Alertas, Google Trends e Redes Sociais é um caminho. Mas pesquisas de tendência são uma das melhores alternativas para conhecê-las de forma concreta, sob medida para a sua realidade e baseada em dados.

Que tal ler nosso e-book sobre pesquisas de tendência? Com ele, você poderá entender ainda melhor o que é tendência de mercado e como usar este recurso em seu negócio para alcançar os melhores resultados.

Como identificar tendências de mercado?

Artigo de Cristiana Arcangeli,

O empreendedor, ao decidir por um negócio, tem que escolher se vai apostar em mercados conhecidos, onde a concorrência já está estabelecida e vai lhe sobrar a guerra de preços, mas que também oferece conforto por já ser conhecido e disseminado entre os consumidores, ou se vai arriscar novos rumos, explorando tendências de mercado e descobrindo seu blue ocean.

Para quem escolhe a primeira opção, tudo bem. Basta apenas reduzir os custos e ajustar a margem para conseguir um lugar ao sol. Uma questão de administração e resultados nem sempre espetaculares, mas quase garantidos – se o negócio foi bem pensado e estruturado.

Para quem, como eu, prefere a segunda opção, de descobrir mercados, criar hábitos de consumo e inovar, os resultados vem a longo prazo, mas são certos e possivelmente maiores. Mas a dúvida é: como descobrir o que está por vir? 

A arte de descobrir nichos

Acredito que isso se deve a um exercício de análise, de pesquisa, de ir a campo, de entender os novos rumos e criar negócios a partir disso. Querem um exemplo? Sabemos que o ser humano quer viver por mais tempo e com saúde, sabemos que esse objetivo só é alcançado com alimentação, exercícios físicos, cuidados com a aparência, prevenção de doenças…. ou seja, todos os mercados ligados a isso tem boas perspectivas.

Quem trabalha com qualidade de vida, seja produto ou serviço, já tem meio caminho andado. E se vamos viver mais, significa que teremos mais idosos, certo? Outro grande nicho a ser explorado. O raciocínio é basicamente este.

Ah, claro, não podemos esquecer o efeito oposto a isso, a indulgência. Geralmente quem foca no wellness faz concessões e escapa um pouco da rotina como forma de recompensa. Por isso, chocolates, brigadeiros, entretenimento e afins tem boa perspectiva de futuro.

Dentro destes setores muita coisa já foi feita, mas ainda há muito a fazer. E é preciso descobrir oportunidades e brechas dentro deste contexto, unindo informações e analisando a sociedade de um jeito crítico, antropológico e rigorosamente científico – mas é claro que uma dose extra de sensibilidade é fundamental.

Somar condições pode ser ainda melhor. Que tal pensar em alimentos, passeios, academias, cosméticos e produtos para a terceira idade? Mas tire da cabeça a imagem de velhinhos de chinelo. A nova terceira idade quer viver experiências.

Cada empreendedor vai descobrir um jeito particular de ponderar suas expectativas, o mercado que mais gosta e as previsões futuras da sociedade e do modo como vamos passar a viver. Mas acredito que esta seja uma das maneiras.

Particularmente, viajar e ver coisas diferentes ainda é o que mais desperta a minha criatividade – outra dica importante que compartilho. Fugir da rotina nos dá outra perspectiva e abre a mente para novas ideias.

A Startup Valeon reinventa o seu negócio

Enquanto a luta por preservar vidas continua à toda, empreendedores e gestores de diferentes áreas buscam formas de reinventar seus negócios para mitigar o impacto econômico da pandemia.

São momentos como este, que nos forçam a parar e repensar os negócios, são oportunidades para revermos o foco das nossas atividades.

Os negócios certamente devem estar atentos ao comportamento das pessoas. São esses comportamentos que ditam novas tendências de consumo e, por consequência, apontam caminhos para que as empresas possam se adaptar. Algumas tendências que já vinham impactando os negócios foram aceleradas, como a presença da tecnologia como forma de vender e se relacionar com clientes, a busca do cliente por comodidade, personalização e canais diferenciados para acessar os produtos e serviços.

Com a queda na movimentação de consumidores e a ascensão do comércio pela internet, a solução para retomar as vendas nos comércios passa pelo digital.

Para ajudar as vendas nos comércios a migrar a operação mais rapidamente para o digital, lançamos a Plataforma Comercial Valeon. Ela é uma plataforma de vendas para centros comerciais que permite conectar diretamente lojistas a consumidores por meio de um marketplace exclusivo para o seu comércio.

Por um valor bastante acessível, é possível ter esse canal de vendas on-line com até mais de 300 lojas virtuais, em que cada uma poderá adicionar quantas ofertas e produtos quiser.

Nossa Plataforma Comercial é dividida basicamente em página principal, páginas cidade e página empresas além de outras informações importantes como: notícias, ofertas, propagandas de supermercados e veículos e conexão com os sites das empresas, um mix de informações bem completo para a nossa região do Vale do Aço.

Destacamos também, que o nosso site: https://valedoacoonline.com.br/ já foi visto até o momento por 82.000 pessoas e o outro site Valeon notícias: https://valeonnoticias.com.br/ também tem sido visto por 674.000 pessoas , valores significativos de audiência para uma iniciativa de apenas dois anos. Todos esses sites contêm propagandas e divulgações preferenciais para a sua empresa.

Temos a plena certeza que o site da Startup Valeon, por ser inédito, traz vantagens econômicas para a sua empresa e pode contar com a Startup Valeon que tem uma grande penetração no mercado consumidor da região capaz de alavancar as suas vendas.

E-Mail: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Fones: (31) 98428-0590 / (31) 3827-2297

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

TEREMOS UM DITADOR NO TSE PARA AS ELEIÇÕES DE 2022

 

Futuro presidente do tribunal

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Ministro Alexandre de Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral um mês antes das eleições.| Foto: Abdias Pinheiro/TSE

A Justiça não vai tolerar notícias falsas (fake news) nas eleições de 2022 e promete agir com rigor contra candidatos e apoiadores que promoverem desinformação nas redes sociais. O recado foi dado pelo ministro Alexandre de Moraes em outubro passado, no julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que rejeitou pedidos de cassação do presidente Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão por causa do disparo de mensagens em massa nas eleições de 2018.

“A Justiça como um todo, e não só a eleitoral, não será pega de surpresa. Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro [do candidato] será cassado e as pessoas que assim fizerem irão para cadeia, por atentar contra as eleições e contra a democracia no Brasil”, disse Moraes, antecipando, em parte, o que deverá marcar sua gestão no comando do TSE, a partir de setembro de 2022: o combate às fake news e a “ataques” contra candidatos e à própria Corte.

O ministro assumirá a presidência do TSE no mês anterior ao pleito. Mas, para assessores e advogados que atuam no tribunal, a forma como ele conduzirá a Corte já começa a transparecer e a ser preparada.

“Alexandre de Moraes já é ministro e todo mundo sabe a visão dele sobre o Direito Eleitoral, que já está posta. O que mudará, em primeiro lugar, é a forma como o tribunal se apresenta para o público. Luís Roberto Barroso [o atual presidente] tem uma forma mais moderadora, é mais conciliador. Talvez com uma interlocução mais ponderada com os demais poderes. Alexandre tem perfil mais firme”, diz Marilda Silveira, uma das mais experientes advogadas com atuação no tribunal.

O tema do combate às fake news tende a ganhar ainda maior relevância não só pelo crescente debate sobre seu impacto nas escolhas do eleitor, mas também por causa da própria atuação de Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal. Por ser relator dos inquéritos das “fake news”, dos “atos antidemocráticos” e das “milícias digitais” no STF, ele diz conhecer a fundo o funcionamento de um suposto esquema de desinformação e ataque às autoridades, que seria orquestrado por apoiadores de Bolsonaro. E tudo indica que usará isso na fiscalização da campanha do ano que vem.

“Nós já sabemos como são os mecanismos; nós já sabemos agora quais as provas rápidas devem ser obtidas, e quanto tempo e como. E não vamos admitir que essas milícias digitais tentem novamente desestabilizar as eleições, as instituições democráticas, a partir de financiamento espúrios não declarados, a partir de interesses econômicos também não declarados”, disse Moraes no julgamento das ações contra Bolsonaro que acabaram rejeitadas por falta de provas.

Os alvos principais de todos os inquéritos que Moraes conduz no STF são apoiadores de Bolsonaro, que também passou a ser investigado pelo ministro por causa das acusações de fraude nas urnas eletrônicas.

Como Alexandre de Moraes pretende agir contra as fake news
Dentro do TSE, no entanto, ainda não está claro, entre servidores e assessores de ministros, como exatamente Moraes irá fortalecer e efetivar o combate às fake news, seja as que atingem candidatos ou as que causam danos à imagem do tribunal.

Um passo já dado na atual gestão, sob a presidência do ministro Luís Roberto Barroso, são os acordos firmados com WhatsApp, Facebook e Google nas eleições municipais de 2020. O aplicativo de mensagens colabora na suspensão ou banimento de contas que espalham artificialmente mensagens de forma massiva. A rede social e o buscador, por sua vez, poderão, com a ajuda de agências de “fact-checking” (checagem de fatos) restringir o alcance ou retirar da internet notícias falsas, o que tem sido objeto de debate acadêmico e jurídico, pelo potencial de restringir a livre expressão de ideias políticas.

Uma aposta é que Moraes leve para o TSE delegados da Polícia Federal que o auxiliaram nas investigações tocadas no STF. Essa projeção deixa muitos advogados apreensivos, que temem a punição ou a investigação rigorosa (com direito a quebras de sigilo, por exemplo) de candidatos que não têm controle sobre muito do que fazem seus apoiadores e cabos eleitorais nas redes sociais.

De qualquer modo, em relação a Bolsonaro, é dado como certo o avanço da investigação interna, aberta no início de agosto, por causa da transmissão ao vivo que ele fez, em julho, apontando, sem provas, fraudes nas urnas eletrônicas.

Marilda Silveira nota uma inovação trazida nesse inquérito e que valerá para todos os candidatos: a análise sobre o conteúdo da propaganda eleitoral. Até então, o poder de polícia do TSE na fiscalização da propaganda eleitoral restringia-se à sua forma.

“Antes, o juiz só podia fiscalizar uma propaganda pela sua forma, verificando o tamanho do outdoor ou a proibição de pintar um muro, por exemplo. Nunca se interferia no mérito. Agora sim. Como o tribunal vai mediar isso, passando essa atuação para os demais juízes? O ministro Alexandre de Moraes é quem vai dar o tom”, diz a advogada.

Novas regras eleitorais são desafio à parte
Uma peculiaridade da gestão do TSE em 2022, e que afetará diretamente a gestão de Alexandre de Moraes, é a passagem curta de outro ministro do STF pela presidência do tribunal. No final de fevereiro, Luís Roberto Barroso termina seu mandato na Corte e passa o comando para Edson Fachin, o atual vice-presidente. E é nesse período de seis meses que se concentra a preparação para as eleições de outubro.

Como será Moraes que estará à frente do tribunal no momento do pleito, desde já ele e sua equipe participam dessa preparação. Ela envolve não somente questões estruturais, mas também a aplicação das resoluções que regerão as eleições e aprovadas em dezembro.

Tratam-se das regras e procedimentos mais detalhados para diversas etapas do processo eleitoral: forma da arrecadação de doações e prestação de contas de campanha, ritos das convenções partidárias para escolha dos candidatos, distribuição do fundo eleitoral, exigências para a realização e divulgação de pesquisas de intenção de voto, e fiscalização da propaganda, principalmente.

O maior problema será definir em que medida essas regras do TSE serão afetadas pelo novo Código Eleitoral, que promoveu uma ampla mudança na legislação. Em tese, ele não valeria para as eleições de 2022, porque a Constituição diz que a lei que alterar o “processo eleitoral” não pode ser aplicada ao pleito que ocorra até um ano da data de sua vigência. O projeto já foi aprovado pela Câmara, mas ainda não foi apreciado pelo Senado. Há pressão, no entanto, pela sua aprovação ainda em 2022. Neste caso, haveria dúvida sobre o que poderia valer.

Alguns ministros entendem que algumas novidades já poderão ser efetivadas no ano que vem, pois não afetariam o “processo eleitoral”. Mas ainda não se sabe exatamente o que já pode valer em 2022.

Há insegurança, por exemplo, sobre como será o financiamento dos candidatos negros. Em 2020, o TSE e o STF decidiram que o dinheiro para essas campanhas deveria ser proporcional ao número de candidatos negros lançados por cada partido.

Essa inovação, construída pelo próprio Judiciário, irritou caciques partidários, a ponto de levar o Congresso a instituir uma nova forma de financiamento no novo Código Eleitoral: a legenda que lançar mais candidatos negros leva uma fatia maior do fundo eleitoral.

O que não se sabe é se esse novo incentivo se somaria ao entendimento sobre o financiamento proporcional, ou o substituiria. O advogado eleitoral Irapuã Santana, autor das ações em favor do financiamento proporcional, entende que as duas regras podem ser compatibilizadas, mas tem dúvida sobre o que ocorrerá.

“Vai precisar editar uma resolução para organizar essa questão. Está bem nebuloso. Há uma interpretação mais restritiva, de que a regra do Código Eleitoral substituiria o do financiamento proporcional. Mas também há a possibilidade de se compatibilizar as duas coisas, que são distintas. O ministro Alexandre de Moraes já disse que tentará compatibilizar da melhor maneira possível”, afirmou.

No TSE e no STF, Moraes votou a favor da divisão proporcional de recursos para candidatos negros. “O histórico funcionamento do sistema político eleitoral brasileiro perpetua a desigualdade racial, pois, tradicionalmente, foi estruturado nas bases de uma sociedade ainda, e lamentavelmente, racista”, disse, no julgamento.

Moraes olha com atenção para julgamento sobre federação partidária
Outro problema a ser solucionado é a formação das federações partidárias. Como mostrou a Gazeta do Povo, trata-se de uma nova forma de aliança entre as legendas, mais duradoura que antigas coligações, que se uniam apenas durante as eleições para tentar alavancar o número de deputados eleitos por cada uma delas, somando os votos de todos os seus candidatos. A federação, aprovada em lei neste ano pelo Congresso, também segue essa lógica, mas determina que os partidos permaneçam juntos durante toda a legislatura, formando bancadas no Congresso com seus deputados.

Em dezembro, o TSE aprovou resolução contendo algumas regras sobre o funcionamento. Os partidos vão manter sua identidade (sigla e número próprio, por exemplo) e terão autonomia sobre suas contas. Cada um terá seu próprio fundo partidário e fará sua própria prestação de contas à Justiça Eleitoral.

Em novembro, o PTB apresentou uma ação no STF contra a existência das federações, sob o argumento de que as coligações, alianças semelhantes, foram proibidas por uma emenda constitucional de 2017. O relator Luís Roberto Barroso negou um pedido de liminar para suspensão imediata de sua validade. Mas o plenário vai analisar o assunto no dia 2 de fevereiro, na primeira sessão de julgamentos de 2022 na Corte. É importante que a decisão final seja dada antes da eleição para evitar que deputados que se elejam em federações venham a perder seus mandatos caso elas sejam posteriormente declaradas inconstitucionais.

Trata-se de um cenário que abarrotaria a Justiça Eleitoral de problemas, seja para substituir eleitos, seja para julgar ações contra essa substituição.

Autora da ação contra as federações, a advogada Ezikelly Barros diz que Moraes poderá ter papel importante para a busca de soluções, não só nesse campo, mas em todas as regras eleitorais que afetam os partidos, sua área de especialização.

“O ministro Alexandre de Moraes possui uma visão multifacetada da Justiça Eleitoral, por ter atuado nessa área em diferentes posições — como membro do Ministério Público, como advogado eleitoralista e até mesmo como presidente de órgão partidário municipal. Ele tem uma visão prática da política partidária, de como funciona um partido político e não apenas teórica e doutrinária, como a maior parte dos magistrados”, diz a advogada.

Trata-se, novamente, de mais uma tarefa que exige diálogo com os demais poderes, uma das principais missões de quem comanda a Justiça Eleitoral.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/alexandre-de-moraes-presidencia-tse-eleicoes-de-2022-o-que-esperar/
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CASO LULA VENÇA AS ELEIÇÕES DE 2022 MANTEGA APLICARÁ A SEGUNDA DOSE DO SEU VENENO

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Guido Mantega e Dilma Rousseff em reunião, ainda no fim do primeiro mandato da petista, em 2014.| Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

O jornal paulista Folha de S.Paulo resolveu convidar economistas que representem as plataformas econômicas dos principais pré-candidatos à Presidência da República e participem de grupos que assessoram os pré-candidatos, para que escrevam artigos detalhando suas propostas. Na terça-feira, dia 4, o país teve uma amostra do que virá caso o ex-presidente, ex-presidiário e ex-condenado Lula volte ao Planalto: não apenas pelo economista escolhido para representá-lo, mas também pelo conteúdo exposto nas páginas do jornal paulista.

Guido Mantega foi ministro do Planejamento durante parte do primeiro governo Lula, e ministro da Fazenda ao longo de todo o segundo mandato do petista e do primeiro mandato de sua sucessora, Dilma Rousseff. Ele foi a mente – ou, ao menos, a principal mente – por trás da Nova Matriz Econômica, adotada ao fim do governo Lula e que marcou o abandono do tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, metas de inflação e câmbio flutuante, e que havia sido adotado em 1999, ainda nos anos FHC. Em resumo, foi o grande responsável por lançar as bases da “herança maldita” do lulopetismo: a recessão de 2015-2016. A crise só não explodiu nas mãos do próprio Mantega porque Dilma havia decidido substituí-lo ainda em 2014, durante a campanha de reeleição, em uma demonstração de que sua gestão, motivo de piada na revista britânica The Economist, estava longe de ser um sucesso.

Que Mantega tenha recebido a oportunidade de um revival, quando deveria estar relegado à galeria dos piores ministros da Fazenda da história do país, é mais um sinal de que Lula está longe de ser o “moderado” que intelectuais e setores da imprensa pintam

Em seu artigo, aliás, Mantega trata o leitor como um desmemoriado, já que não há menção alguma à recessão que ele ajudou a criar. É como se o segundo mandato Dilma, com Selic, inflação e desemprego em alta, jamais tivesse existido; como se o Brasil tivesse passado de um fim de 2014 ainda sob o efeito das gambiarras orçamentárias que criaram a ilusão de uma economia em ordem diretamente para um governo Temer marcado por uma economia enfraquecida, que brigava para voltar a crescer, sem explicar como fora possível chegar àquele ponto. Um exemplo dessa desonestidade intelectual é a afirmação de que “as gestões fiscais dos governos Temer e Bolsonaro foram um desastre que, desde 2016, só acumulou déficits primários”, como se a sequência de déficits tivesse se iniciado em 2016, não em 2014, o último ano de Mantega na Fazenda.

Ao comentar os resultados da economia sob o governo Bolsonaro, Mantega ignora que o país ainda estava se recuperando da recessão lulopetista e minimiza os efeitos catastróficos da pandemia de Covid-19 para a economia brasileira. E, ao comentar os resultados da gestão petista entre 2003 e 2014 (pois, como vimos, 2015 e 2016 simplesmente não existiram para o ex-ministro) e oferecê-los como contraponto ao desempenho de Temer e Bolsonaro, Mantega esconde que todos os números positivos – como a redução no desemprego e na pobreza, e o aumento do PIB – foram obtidos graças a um cenário externo tremendamente favorável, com altíssima demanda por commodities brasileiras, e graças ao incentivo governamental ao consumo e à gastança governamental, pilares da Nova Matriz Econômica. Um crescimento cuja fragilidade ficaria escancarada já em 2015.


Além da tentativa de reescrever o passado, o artigo de Mantega chama a atenção não tanto pelo que propõe construir, pois essas ideias são expressas em termos bastante vagos, mas pelo que quer destruir, especialmente a reforma trabalhista e o teto de gastos. Em um exemplo típico da falácia post hoc ergo propter hoc, Mantega quer fazer seu leitor acreditar que os resultados fracos da economia brasileira se devem, em parte, a esses dois instrumentos, quando na verdade eles foram concebidos como forma de combater o descalabro que a gestão petista havia causado e que já estava em curso quando de sua aprovação pelo Congresso.

Que Mantega tenha recebido a oportunidade de um revival, quando deveria estar relegado à galeria dos piores ministros da Fazenda da história do país, é mais um sinal de que Lula está longe de ser o “moderado” que intelectuais e setores da imprensa pintam. O seu apreço nulo à democracia já estava exposto nas afirmações sobre regulação da imprensa e das mídias sociais, em sua solidariedade e apoio a nefastos ditadores latino-americanos e em várias outras demonstrações de que liberdades e garantias individuais pouco valem para ele. Ao dar a Mantega o papel de seu porta-voz econômico, Lula indica que irá radicalizar também na economia, dando ao Brasil uma segunda dose do veneno que derrubou o país em 2015 e 2016.
Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/editoriais/guido-mantega-a-segunda-dose-do-veneno/
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OPOSIÇÃO DESEJA A MORTE DE BOLSONARO

 

Sacrifícios humanos

Por
Paulo Polzonoff Jr. – Gazeta do Povo

As mesmas pessoas que passaram a festa de Réveillon desejando muita paz em 2022 começaram o ano torcendo pela morte do presidente.| Foto: Reprodução/ Twitter

Primeiro dia útil de 2022. Acordo animado (como sempre), apesar do cansaço (como sempre). Uma vez tomados o banho e o café (não ao mesmo tempo, lógico), me sento à mesa de trabalho – aquela que antes da virada do ano prometi usar com mais assiduidade e disciplina. “Espelho meu, espelho meu, sobre o que escreverei neste dia em que Curitiba está mais quente do que terra de pigmeu?”, pergunto, abrindo a caixa de Pandora com processador Intel Core i5 que ora uso.

Trinta segundos mais tarde, preciso segurar a cabeça com as mãos. Essas pessoas que estão por aí a desejar a morte alheia são as mesmas que há apenas dois dias estavam trocando votos de muita paz, saúde e prosperidade? São as mesmas que se reuniram ao redor da mesa farta e prometeram a si mesmas se tornarem pessoas melhores no ano vindouro?

Mas não vou escrever sobre isso!, decidi na hora, levantando a cabeça de repente e encontrando diante de mim uns olhos azuis felinos cheios de interesse. Afinal, o que teria eu a dizer, Catota?! Adjetivos como absurdo, inaceitável e lamentável são sobretudo inúteis. E, no mais, não me sinto nada à vontade no papel de castrador dessa pulsão de morte aí. Até porque já bebi desse cálice cheio de fel e é bem possível que, num passado nem tão remoto assim, eu também já tenha torcido pela morte de alguém.

(Vou fazer uma pausa aqui enquanto você vai lá nas minhas redes sociais e procura. Pronto? Ótimo. Se você me encontrou em algum momento desejando a morte de alguém, peço mil desculpas. E espero que meu desejo não tenha se concretizado. Se não encontrou, ufa! Mas sou obrigado a reconhecer que isso me surpreende. Afinal, infelizmente não foram poucas as vezes em que me deixei levar pela porção mais abjeta do meu caráter).

Psicanálise de botequim
Melhor do que ficar aqui me escandalizando ou agitando a bengala imaginária no ar e repreendendo as pessoas por manifestarem esses desejos sórdidos é tentar entender o que leva alguém a pensar que a morte de uma liderança política, neste caso o Presidente da República, será capaz de resolver nossos problemas. Será que, apesar de todo o discurso iluminista e de todo o materialismo dialético, no fundo ainda acreditamos em sacrifícios humanos capazes de apaziguar os deuses?

Além de imoral, o desejo de morte dessas figuras revela que o debate público está dominado por adultos infantilizados, daqueles que acreditam que basta fechar os olhos para o bicho-papão desaparecer. Digamos que Bolsonaro morresse em decorrência dessas sequelas da facada de que foi vítima em 2018. O país seria um lugar melhor no dia seguinte? Um lugar mais pacífico, talvez? Você teria se tornado uma pessoa melhor? Uma pessoa mais feliz, talvez?

(Se sua resposta à última pergunta foi honestamente positiva, deixo aqui mais esse biscoitinho para a sua futura degustação: será que você não está depositando a sua felicidade nas palavras e atitudes de outra pessoa simplesmente porque agir assim é mais fácil? Ou, para usar um viés mais jordanpetersoniano, será que você não está dando poder demais a essas pessoas que você tanto odeia?).

Mais do que da explicação religiosa, gosto da ideia psicanalítica das redes sociais como uma tela sobre a qual inadvertidamente as pessoas projetam suas neuroses. Neste caso, desejar a morte de outra pessoa nada mais é do que desejar a própria morte, partindo da crença de que nosso fim haveria de contribuir de alguma forma para o bem-estar daqueles que nos cercam. Ou seja, há muito auto-ódio nas expressões de ódio; há muita culpa também. Qualquer psicanalista de botequim sabe disso. Pelo menos foi o que me ensinou o doutor Tonhão do Bar Rabás.

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VARIANTE ÔMICRO É MAIS PERIGOSA PARA QUEM COMORBIDADES

 

Imunização

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Nova cepa do coronavírus, a ômicron pode acelerar imunização da população mundial| Foto: Diego Azubel/EFE

Uma boa notícia sobre a Covid. Muitos estudiosos, médicos, pesquisadores e infectologistas estão apostando que essa variante ômicron é o fim da pandemia. Eu sei que é muito cedo, essa cepa é muito nova para dizer qualquer coisa sobre ela, mas eles estão otimistas.

A ômicron é mais fraquinha, apesar de muito contagiosa, e pode imunizar todo mundo que é atingido para todas as cepas da Covid. É a suposição entusiasmada de muita gente. Tomara que assim seja. A nova variante não provoca hospitalização, a menos que a pessoa esteja com comorbidade, mas aí é outra conversa, qualquer doença nesse caso é perigosa.

Mas ela é altamente contagiosa, menos agressiva e provoca o sistema imune das pessoas, a produção de anticorpos, que são a mais forte das vacinas em relação à cepa, que começou na China, mas está toda transformada hoje em dia.

Vacinação para crianças
Enquanto isso, o Ministério da Saúde avisa que não vai ser preciso receita médica para vacinar crianças de 5 a 11 anos. A vacina estará disponível daqui uns 10 dias. E os pais precisam estar presentes – a presença é a anuência, porque eles vão ter que autorizar.

Lá em Rancho Queimado, Santa Catarina, a prefeita Cleci Veronezi (MDB) e o vice-prefeito Ino Guilherme Westphal assinaram um decreto dizendo que os pais precisam autorizar as vacinas nas escolas. É uma questão de responsabilidade. Pelos contratos com os laboratórios, eles não se responsabilizam. A Anvisa autoriza a vacina, mas também não se responsabiliza. O Ministério da Saúde dá a vacina, mas igualmente não se responsabiliza.

Tivemos um episódio agora, na Itália, em que, mediante autópsia, moveu-se uma ação criminal contra o governo por causa de reações da vacina. Mas a Justiça disse que a vacina não era obrigatória, ou seja, tomou quem quis. Por isso, o consentimento é obrigatório.

Lá em Rancho Queimado, também, a exemplo de outras cidades em Santa Catarina, não haverá exigência de passaporte vacinal em todo o território do município. E máscara também é opcional em lugares públicos.

Presidente ganha alta médica
E o presidente Jair Bolsonaro confessou que no domingo (2) comeu camarão sem mastigar. É incrível, talvez estivesse com casca o camarão, imaginem só. Aí, num intestino que já foi mexido, que já teve uma peritonite, que levou uma facada que passou pertinho da aorta e provocou uma série de outras cirurgias, é um intestino que tem facilmente aderências, impedindo a passagem do alimento. Ou seja, não tem jeito, ele vai ter que mastigar mais o que come.

Bolsonaro prometeu ao médico Antônio Luiz Macedo, que estava em férias nas Bahamas, no Caribe, que vai mastigar mais vezes. O médico falou em 15 vezes, mas ele falou que mastigará 22 vezes. Assim como a gente aprende quando é criança, à mesa, como os pais ensinam, a segurar direito o talher, a não balançar a cadeira, a não botar o cotovelo na mesa, essas coisas. Ele vai aprender a mastigar. Por que o intestino dele não está disposto à desafios, né?

Vai fazer caminhadas, mas não exercícios pesados e eliminar comidas que provoquem flatulência, gases, fermentação, inclusive o famoso refrigerante. E outra coisa: a facada. Tem coisas óbvias: alguém preparou o álibi do Adélio Bispo na Câmara dos Deputados. Já estava registrada a presença dele lá, mas ela estava em Juiz de Fora para atacar Bolsonaro.

Então é alguém que sabia que ele ia fazer isso. Mas não foi apurado, diz que o Adélio agiu sozinho, por inconformismo político, que ele é meio maluquinho. Agora, o delegado que estava conduzindo isso vai cumprir uma missão nos Estados Unidos representando o Brasil e vai entrar outro no inquérito, inclusive para saber quem pagou o advogado, como ele chegou lá de repente, de avião, tudo isso.

Um delegado federal de 43 anos, que já trabalhou em investigações contra crime organizado e facções criminosas, chamado Martin Bottaro Purper, vai assumir o caso. Tomara que as investigações avancem em direção as coisas que são tão óbvias.


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VACINAÇÃO DE CRIANÇAS LIBERADA PELO GOVERNO

 

Contra Covid

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

Vacinação de crianças de 5 a 11 anos deve começar em poucos dias| Foto: Antonio Lacerda/EFE

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (5) as regras para vacinação de crianças entre 5 e 11 anos contra a Covid-19, quase três semanas após a aprovação da vacina da Pfizer/Biontech para o público infantil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A pasta recuou da exigência de prescrição médica para aplicação da vacina, como queria o presidente Jair Bolsonaro, mas recomendou que os pais ou responsáveis busquem orientação médica antes de levarem seus filhos para os postos de vacinação.

De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina será aplicada mediante o consentimento dos pais e não é obrigatória. Uma autorização por escrito só será necessária se não houver pai, mãe ou responsável presente no momento em que a criança for vacinada. A expectativa do governo é vacinar cerca de 20,5 milhões de crianças nessa faixa etária. A imunização completa é de duas doses, mas a previsão é de receber 20 milhões de doses no primeiro trimestre.

O público infantil será vacinado à medida em que o governo receba mais doses previstas de um contrato de 100 milhões de doses firmado com a Pfizer em novembro de 2021. Serão entregues 20 milhões no primeiro trimestre — todas doses pediátricas, específicas para as crianças entre 5 a 11 anos —, 25 milhões no segundo trimestre, 35 milhões no terceiro trimestre e 19,9 milhões no último trimestre. O contrato prevê ainda a aquisição de mais 50 milhões de imunizantes, caso haja a necessidade.

A pasta explica ainda que a vacinação será feita em ordem decrescente de idade (das crianças mais velhas para as mais novas), com prioridade para quem tem comorbidade ou deficiência permanente. Indígenas, quilombolas e crianças que vivem com pessoas do considerado grupo de risco também terão trato prioritário. A primeira e a segunda dose serão aplicadas com intervalo de oito semanas (dois meses).

Na segunda-feira (3), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, havia dito que o anúncio não seria “muito diferente do que o ministério já colocou em consulta pública”, em referência ao documento que foi disponibilizado para ouvir a população e a comunidade científica. A consulta se iniciou em 22 de dezembro e se encerrou no domingo (2) com 23.911 participações.

Antes do anúncio desta quarta, especialistas em imunização participaram na terça-feira (4) de uma audiência pública sobre o assunto. O encontro teve por intuito promover o debate sobre a vacinação de crianças a fim de nortear a estratégia de operacionalização.

Como será o cronograma de vacinação das crianças

A expectativa do Ministério da Saúde é que as primeiras doses cheguem ao Brasil em 13 de janeiro, mas precisam passar pelo processo de segurança antes de serem distribuídas. A previsão inicial é de distribuir 3,74 milhões de doses em janeiro.

O governo vai receber três malotes, um em 13 de janeiro, o segundo em 20 de janeiro e o outro em 27 de janeiro. Cada malote conterá cerca de 1,25 milhão de doses. As doses chegarão em voos no aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

A expectativa é que, em 14 de janeiro, as primeiras 1,25 milhão de doses estejam aptas para envio aos municípios para que o cronograma comece. O calendário segue o que era previsto pelo Ministério da Saúde. “Na segunda quinzena, elas começam a chegar e serão distribuídas como nós temos distribuído”, disse Queiroga na segunda-feira.

Após conversas com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), foi tomada a decisão de que a distribuição seguirá um critério populacional.

“Chegou a dose, aplica-se os percentuais [de critério populacional] encaminhados pelos estados e municípios para que possam fazer a imunização dessa faixa etária, de 20,5 milhões que podem ser imunizados”, destacou nesta quarta-feira o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.

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Ministro queria vacinação das crianças apenas com prescrição médica
O ministro da Saúde discorda que a recomendação de que os pais ou responsáveis busquem orientação médica antes de levarem seus filhos para os postos de vacinação seja um recuo. Anteriormente, a intenção era exigir a prescrição médica para a aplicação da vacina.

“Não é recuo, isso não é recuo, faz parte do processo decisório. Foi feita uma recomendação, se fossemos para tomarmos a decisão naquele momento [em dezembro], não teríamos feito consulta e audiência públicas”, disse Marcelo Queiroga em coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

A recomendação da vacinação de crianças mediante a apresentação de prescrição médica e consentimento dos pais seguia uma determinação do governo baseada no modelo de vacinação infantil adotado na Alemanha, que, para Queiroga, era o ideal.

“[Para] as [crianças] sem comorbidades, há necessidade de prescrição médica”, disse o ministro da Saúde em dezembro, durante coletiva de imprensa. “Dada a sensibilidade do caso, nosso entendimento é muito parecido do que acontece na Alemanha, onde há recomendação médica, onde se contempla os casos que têm comorbidades e se respeita a decisão dos pais”, declarou.

O governo se mostrou contrário à vacinação compulsória de crianças por entender que não há emergência em vacinar o público infantil. “Os óbitos de crianças estão dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais”, disse Queiroga em dezembro.

Entre março de 2020 e dezembro de 2021, 311 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência da Covid-19. No período, foram registrados 6.324 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), segundo dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe). O governo ponderou na coletiva de imprensa que, em relação aos óbitos totais, esse grupo infantil representa a menor taxa de mortalidade.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) entendia, contudo, que o número de crianças mortas por Covid-19 no Brasil não justificaria a imunização emergencial nessa faixa etária. “Não está havendo morte de criança que justifique algo emergencial”, disse na véspera do Natal em um encontro com jornalistas. “Está morrendo criança de 5 a 11 anos que justifique algo emergencial? É o pai que decide em primeiro lugar”, reforçou.

Mas o resultado da consulta pública promovida pelo Ministério da Saúde fez o governo rever seu posicionamento. Pesquisa realizada pela pasta mostrou que a maioria aprovou a não obrigatoriedade da vacinação das crianças, mas sem a exigência de receita médica.

O que diz a Anvisa sobre vacinação de crianças e prescrição médica

A prescrição médica demandada inicialmente pelo Ministério da Saúde não estava prevista nas recomendações da Anvisa, que aprovou em 16 de dezembro a vacinação de crianças com idades entre 5 e 11 anos no Brasil.

Questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Anvisa informou que não estava nas recomendações que a vacina só poderia ser aplicada em crianças após recomendações médicas. A agência “é o órgão responsável no Brasil pela avaliação e aprovação de solicitações para a realização de pesquisas clínicas com fins de registro e de pedidos de registro de imunobiológicos desenvolvidos pela indústria farmacêutica”, segundo informa a autarquia em seu site oficial.

A aprovação da vacinação de crianças levou Bolsonaro a pedir para o órgão o nome dos técnicos que aprovaram a imunização contra a Covid-19 para o público infantil. O presidente da República afirmou, inclusive, que divulgaria publicamente a relação. A diretoria da Anvisa reprovou a atitude e se disse “alvo do ativismo político violento”.

Após o embate entre Bolsonaro e a Anvisa, dirigentes e servidores do órgão relataram ter sofrido ameaças nas redes sociais e a direção do órgão pediu proteção policial à Polícia Federal e ao Ministério da Justiça. A autarquia requisitou também que o procurador-geral da República, Augusto Aras, investigue as ocorrências. Em 20 de dezembro, a PF abriu inquérito para apurar as supostas ameaças.

Estados e médicos foram contra prescrição defendida pelo governo
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) rechaçou na véspera do Natal a necessidade de documento médico recomendando a dose para crianças. A manifestação do conselho foi chamada de “carta às crianças do Brasil” e é assinada pelo presidente da entidade, Carlos Lula, secretário estadual de saúde do Maranhão.

“E é esse recado que queremos dar no dia de hoje, véspera de Natal: quando iniciarmos a vacinação de nossas crianças, avisem aos papais e às mamães: não será necessário nenhum documento de médico recomendando que tomem a vacina. A ciência vencerá. A fraternidade vencerá. A medicina vencerá e vocês estarão protegidos”, afirmam os secretários.

Ao menos 16 estados e o Distrito Federal anunciaram que não iriam exigir receita médica para a vacinação de crianças contra a Covid-19. Os governos do Acre, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe já se posicionaram contra a recomendação.

A abertura da consulta pública para a manifestação da sociedade civil a respeito da vacinação infantil também foi criticada por conselhos estaduais e municipais. O Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems-SP) foi um dos que se posicionou contrário por considerar “desnecessária e inaceitável”.

Já o Ministério da Saúde defendeu as etapas da consulta e audiência públicas. O ministro Marcelo Queiroga disse em 31 de dezembro que as consultas precisam ser até ampliadas no âmbito do Executivo e ponderou que o procedimento é comum nos outros poderes. “Não é novidade nenhuma a realização de consulta pública”, disse.

Já a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid (Secovid) defendeu a audiência pública e a importância do tema “por se tratar de público em pleno desenvolvimento e com lacunas ainda no que se refere a custo-benefício desta imunização, tendo em vista o cenário epidemiológico e regulatório atual”.

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O que esperar da vacinação de crianças e o que dizem os estudos
A vacinação da Pfizer aprovada pela Anvisa para crianças entre 5 e 11 anos é específica para esse público, com dosagem e composição diferentes em relação às administradas para a população acima de 12 anos. A vacinação completa de crianças nessa faixa etária será feita pela aplicação de duas doses de 0,2 ml, o equivalente a 10 microgramas, um terço da dose administrada para a população com 12 anos ou mais.

O intervalo entre as doses será de pelo menos 21 dias. A dose infantil tem, também, menor concentração de mRNA, o componente da vacina que estimula a resposta do sistema imunológico. Outra diferença da dose específica para as crianças está na tampa do frasco, que terá a cor laranja, diferente da aplicada aos demais públicos pela mesma farmacêutica.

Mesmo com a dosagem inferior, um estudo com mais de 2 mil crianças apontou que o imunizante tem 90,7% de eficácia contra casos sintomáticos da doença. Uma recente revisão de dados levantados após 8,7 milhões de doses aplicadas nos Estados Unidos pelo Centro de Controle de Doenças (CDC) aponta que efeitos colaterais graves da vacinação da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos são “raríssimos”.

Segundo relatório do CDC, 4.249 casos de efeitos adversos foram comunicados entre 3 de novembro e 19 de dezembro de um total de 8,7 milhões de doses aplicadas nesse grupo etário, com idade média de 8 anos, informa a BBC News. Desse total, 97,6% não foram efeitos adversos sérios.

Dos 4.149 comunicados de efeitos adversos que não foram considerados “sérios”, há desde erros na dosagem administrada ou erro de estocagem até vômito, febre, dor de cabeça, tontura, síncope, fadiga, náusea e coceiras. Foram classificados de pouca seriedade porque não causaram hospitalizações e problemas de longo prazo ou potencialmente fatais.

Entre os 100 relatos restantes considerados “sérios”, informa a BBC News, houve necessidade de hospitalização em quadros como febre, vômito, elevação de troponina — o que é associado a problemas cardíacos — e 12 casos graves de convulsão.

Ao longo da coletiva de imprensa, o ministro Marcelo Queiroga reconheceu que há uma “evidência científica própria constituída” no escopo do público de 5 a 11 anos, mas ressaltou que os dados e os aspectos da efetividade das vacinas para as crianças ainda são de curto prazo, bem como as pesquisas. “São muito recentes, sendo impossível ter dados de longo prazo”, comentou na coletiva desta quarta.


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