quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A INTERNET ESTÁ CHEIA DE GOLPES VIRTUAIS

 

Pesquisa C6 Bank/Ipec Inteligência

Entre pessoas das classes ABC com acesso à internet, 55% relatam já terem recebido alguma abordagem; nas capitais, percentual chega a 62%

São Paulo, 9 de novembro de 2021 – Pesquisa C6 Bank/Ipec Inteligência divulgada hoje revela que 55% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet já sofreram alguma tentativa de golpe ou fraude. O percentual chega a 62% entre a população que mora nas capitais, mas mesmo em cidades com até 50 mil habitantes a maior parte das pessoas (51%) relata já ter passado por esse problema.

Os canais mais comuns para as tentativas de golpes são telefone (54%), WhatsApp (48%), SMS (39%) e e-mail (38%). As redes sociais foram citadas por 30% dos entrevistados como o canal escolhido pelo golpista para fazer contato. A pesquisa também mostra que 11% das pessoas foram abordadas no meio da rua e que 9% tiveram contato com o fraudador em algum estabelecimento comercial.

De acordo com o levantamento, 56% dos brasileiros já impediram algum parente de cair em um golpe. “Grande parte dos golpes explora a fragilidade das vítimas, que podem ser manipuladas pelos fraudadores. Essa técnica tem nome: engenharia social. Hoje, o caminho mais fácil para executar as fraudes não é invadir um aplicativo, mas, sim, tentar manipular e enganar o consumidor”, diz José Luiz Santana, responsável pela área de segurança da informação no C6 Bank. 

Um exemplo de golpe com engenharia social é quando o fraudador convence a vítima a revelar uma senha. Bancos nunca pedem para o cliente dizer a senha. Quando os bancos pedem senhas, elas devem ser digitadas em canais protegidos, como no teclado do celular, no caixa eletrônico, no aplicativo do banco ou no internet banking. Banco também não manda buscar cartões na casa das pessoas. Outro golpe comum usando engenharia social é quando o fraudador liga para a vítima pedindo para que ele conte qual é o código que ela recebeu por mensagem de texto no celular. Esses códigos nunca devem ser compartilhados com ninguém. 

Cuidados com as senhas

Para evitar golpes, também é importante manter cuidados básicos com senhas e informações pessoais. A pesquisa mostra que um em cada cinco brasileiros (22%) salva as senhas no bloco de notas do celular e que 13% já usaram o primeiro nome como senha. Sequências numéricas (como 1234 ou 123456) já foram cadastradas por 10% das pessoas no campo palavra-passe e 17% já escolheram a data do aniversário como senha. Do total de entrevistados, 23% afirmam usar datas de aniversários de pessoas próximas como senha – informação que pode ser descoberta pelo golpista com uma simples consulta nas redes sociais das vítimas. 

Nas compras pela internet, de modo geral, os brasileiros afirmam prestar atenção nas questões ligadas à segurança. Ao escolher produtos, 74% dizem desconfiar quando acham um item por valores muito abaixo dos praticados no mercado. Apenas 4% dizem que nunca desconfiam de preços muito baixos e 19% dizem que às vezes desconfiam. Apenas 29% das pessoas relatam sempre usar o cartão de crédito digital ao fazer compras; cartões dessa modalidade têm números ou códigos de verificação dinâmicos, o que dificulta fraudes.

Entre os entrevistados, 63% afirmam que sempre checam se o endereço do site em que estão comprando corresponde exatamente ao endereço eletrônico oficial da loja. Por outro lado, um em cada cinco brasileiros (23%) só às vezes confere essa informação. Nas compras por WhatsApp, a checagem é feita por 49% das pessoas, enquanto 11% dizem nunca verificar se os dados da empresa estão corretos e 11% relatam que fazem a checagem algumas vezes. 

A pesquisa ouviu 2000 brasileiros das classes ABC com acesso à internet entre os dias 20 e 26 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Sobre o C6 Bank

O C6 Bank é um banco completo, lançado em 2019, que já superou a marca de 11 milhões de clientes no Brasil. Sem agências físicas, a instituição financeira já tem em seu portfólio mais de 20 produtos e serviços, incluindo conta corrente isenta de taxa de manutenção, cartão sem anuidade, transferências e saques gratuitos, tag de pedágio grátis, crédito, programa de pontos, Conta Global, plataforma de investimentos com ativos do Brasil e do exterior, marketplace com mais de 60 mil itens, entre outros. O C6 Bank atende pessoas físicas, MEIs e PMEs e está presente em 100% dos municípios brasileiros. Mais informações sobre o banco em https://www.c6bank.com.br.

Vale a pena ler qualquer semelhança será mera coincidência !!!

Autor desconhecido

Um ladrão entrou no banco gritando para todos:

” Ninguém se mexe, porque o dinheiro não é seu, mas suas vidas pertencem a vocês.”

Todos no banco ficaram em silêncio e lentamente se deitaram no chão.

Isso se chama CONCEITOS PARA MUDAR MENTALIDADES

Mude a maneira convencional de pensar sobre o mundo.

Com isso, uma mulher ao longe gritou: ” MEU AMOR, NÃO SEJA RUIM PARA NÓS, PARA NÃO ASSUSTAR O BEBÊ “, mas o ladrão gritou com ela:

“Por favor, comporte-se, isso é um roubo, não um romance!”

Isso se chama PROFISSIONALISMO

Concentre-se no que você é especializado em fazer.

Enquanto os ladrões escapavam, o ladrão mais jovem (com estudos profissionais de contabilidade) disse ao ladrão mais velho (que tinha acabado de terminar o ensino fundamental):

“Ei cara, vamos contar quanto temos.”

O velho ladrão, obviamente zangado, respondeu:

“Não seja estúpido, é muito dinheiro para contar, vamos esperar a notícia para nos contar quanto o banco perdeu.”

Isso se chama EXPERIÊNCIA

Em muitos casos, a experiência é mais importante do que apenas o papel de uma instituição acadêmica.

Depois que os ladrões foram embora, o supervisor do banco disse ao gerente que a polícia deveria ser chamada imediatamente.

O gerente respondeu:

“Pare, pare, vamos primeiro INCLUIR os 5 milhões que perdemos do desfalque do mês passado e relatar como se os ladrões os tivessem levado também”

O supervisor disse:

“Certo”

Isso se chama GESTÃO ESTRATÉGICA

Aproveite uma situação desfavorável.

No dia seguinte, no noticiário da televisão, foi noticiado que 100 milhões foram roubados do banco, os ladrões só contaram 20 milhões.

Os ladrões, muito zangados, refletiram:

“Arriscamos nossas vidas por míseros 20 milhões, enquanto o gerente do banco roubou 80 milhões em um piscar de olhos.”

Aparentemente, é melhor estudar e conhecer o sistema do que ser um ladrão comum.

Isto é CONHECIMENTO e é tão valioso quanto ouro.

O gerente do banco, feliz e sorridente, ficou satisfeito, pois seus prejuízos foram cobertos pela seguradora no seguro contra roubo.

Isso se chama APROVEITANDO OPORTUNIDADES ..

ISSO É O QUE MUITOS POLÍTICOS FAZEM ESPECIALMENTE NESTA *PANDEMIA, ELES A USAM PARA ROUBAR E RESPONSABILIZAR O VÍRUS.

A startup digital ValeOn daqui do Vale do Aço, tem todas essas qualidades, não me refiro aos ladrões e sim no nosso modo de agir:

Estamos lutando com as empresas para MUDAREM DE MENTALIDADE referente à forma de fazer publicidade à moda antiga, rádio, tv, jornais, etc., quando hoje em dia, todos estão ligados online através dos seus celulares e consultando as mídias sociais a todo momento.

Somos PROFISSIONAIS ao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Temos EXPERIÊNCIA suficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.

A criação da startup ValeOn adveio de uma situação de GESTÃO ESTRATÉGICA apropriada para atender a todos os nichos de mercado da região e especialmente os pequenos empresários que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.

Temos CONHECIMENTO do que estamos fazendo e viemos com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos desenvolvendo soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

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terça-feira, 16 de novembro de 2021

BOLSONARO PROCURA CANDIDATOS ALIADOS PARA O SENADO

 

 JULIA CHAIB, MARIANNA HOLANDA E RICARDO DELLA COLETTA  – FOLHA DE SÃO PAULO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O namoro de Jair Bolsonaro (sem partido) com partidos do centrão para encontrar uma legenda que o abrigue está sendo marcado por cálculo político das duas partes desde o primeiro momento.

A negociação continua em curso depois que o presidente colocou em dúvida sua filiação ao PL em razão de divergências em composições estaduais.

Bolsonaro disse ainda nesta segunda-feira (15), em Dubai, que seu prazo de espera por uma definição com o PL tem limite –e afirmou que voltou a conversar com outros partidos sobre uma possível filiação.

A hipótese de reeleição do mandatário não é tratada como uma certeza nem na cúpula do PL nem na do PP, que também negociou intensamente uma eventual entrada de Bolsonaro.

Dirigentes de ambas as siglas reconhecem que o pleito de 2022 em nada se assemelha ao de 2018 e que, hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está com vantagem eleitoral.

Nem mesmo a criação e o aumento no valor pago hoje do Bolsa Família para o tíquete do Auxílio Brasil, cuja parcela será de R$ 400, são vistos como capazes de alavancar Bolsonaro nas pesquisas.

Um sintoma desse pragmatismo é o fato de que Valdemar Costa Neto, presidente do PL, indicou que pode liberar parte dos diretórios a apoiar quem quiser na eleição presidencial –razão pela qual Bolsonaro decidiu repensar a filiação e cancelar o evento que estava marcado para o dia 22.

Na sexta-feira (12), o PL publicou uma nota oficial no site do partido na qual afirma que o presidente do diretório em Pernambuco terá plena autonomia para conduzir a escolha de “nomes que constarão na chapa de candidatos majoritários e proporcionais”.

Mesmo fazendo oposição ao governo de Paulo Câmara (PSB), o PL buscou se afastar de Bolsonaro, segundo fontes no estado, por causa da rejeição ao seu nome em Pernambuco.

O cenário faz parte da estratégia eleitoral montada pelo PL, cujo objetivo é fortalecer bancadas na Câmara e no Senado e se posicionar em 2023 como uma força política incontornável –independentemente de quem ocupe o Palácio do Planalto.

O pragmatismo dos partidos do centrão, hoje com Bolsonaro, não vem de agora e é o que garante sua sobrevivência política. O PP e o PL apoiaram governos do PSDB, do PT e do MDB.

Como exemplo, o líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), já ocupou o mesmo cargo no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e foi vice-líder nas gestões de Lula e Dilma Rousseff (PT). No governo de Michel Temer (MDB), Barros foi ministro da Saúde.

Assim, o plano do PL para a Câmara em 2022 é aumentar o número de deputados eleitos tendo Bolsonaro como o grande puxador de votos. Hoje, o partido tem 43 congressistas na Casa –a terceira maior bancada.

A legenda já pode registrar um crescimento em 2022, antes do pleito, com a migração de deputados bolsonaristas que pretendem seguir Bolsonaro, se a filiação se confirmar.

Com o desempenho de Bolsonaro e de outros puxadores de voto, líderes da sigla esperam atingir a marca de 60 deputados.

Caso o plano seja bem-sucedido, a direção da legenda diz acreditar que o PL se posicionará como uma força política que não poderá ser ignorada mesmo se Bolsonaro perder a reeleição.

O poder de uma sigla das proporções do PL –e que tem histórico de votar unida em pautas importantes– deve ser suficiente para influenciar placares de interesse do Planalto.

Hoje com quatro congressistas, a bancada do PL no Senado pode ser reforçada com a filiação de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente.

A prioridade na Casa é garantir a reeleição dos dois senadores que devem disputar a renovação dos mandatos em 2022: Romário (RJ) e Wellington Fagundes (MT).

O desenho eleitoral para reforçar a posição do governo no Senado foi um dos principais temas da reunião entre Bolsonaro e o chefe do PL, Valdemar Costa Neto.

No encontro em 10 de novembro, ficou acertado o apoio de Bolsonaro à reeleição de Romário, em uma chapa estadual encabeçada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

Além do Rio, o mandatário e Valdemar simularam a construção de chapas em diferentes estados que devem dar sustentação política à candidatura presidencial.

Trataram, por exemplo, da candidatura do ministro Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e do senador Jorginho Mello (PL) para os governos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, respectivamente. Onyx é filiado ao DEM e planeja se mudar para o PL.

A estratégia de reforçar a situação de governistas no Senado envolve ainda a candidatura de aliados que buscarão um primeiro mandato na Casa, não necessariamente pelo PL.

A expectativa é que a ministra Tereza Cristina (Agricultura) tente uma cadeira por Mato Grosso do Sul. Hoje no DEM, ela mantém conversas sobre uma possível filiação ao PP –outro partido que deve apoiar a reeleição de Bolsonaro.

Já o ex-ministro Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) atualmente dialoga com o PL sobre uma eventual candidatura ao Senado por Minas Gerais.

Da parte de Bolsonaro, o cálculo também foi prático. Sem conseguir criar um partido para chamar de seu ou então se apoderar de outra legenda, o presidente resolveu buscar uma sigla que possa lhe dar dois elementos que serão importantes em 2022: tempo de televisão e dinheiro para campanha.

Bolsonaro até tentou fundar a Aliança pelo Brasil após deixar o PSL, partido pelo qual foi eleito em 2018, mas o processo não andou.

Com essa constatação, o mandatário decidiu negociar com as siglas com as quais conversou sobre a possibilidade de ter influência na escolha dos candidatos ao Senado. Apesar de ter na Câmara uma base parlamentar relativamente sólida com partidos do centrão, na Casa ao lado o cenário é outro.

O presidente não consegue ver avançar o processo de indicação de André Mendonça, escolhido por ele para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), assim como acumula derrotas. Assim, a prioridade do presidente em um novo governo é conseguir ter maioria tanto na Câmara como no Senado.

Em outra frente, a principal preocupação de Bolsonaro é com um palanque competitivo em São Paulo, maior colégio eleitoral do país.

A situação política é complexa. Apesar de não ter uma secretaria no governo João Doria (PSDB), o PL faz parte da base de apoio do tucano.

De acordo com interlocutores, Bolsonaro e Valdemar acertaram esperar uma definição mais clara do cenário eleitoral paulista para avançar nas articulações.

O diagnóstico é que é preciso esperar as prévias do PSDB para melhor avaliar o quadro, principalmente caso Doria seja derrotado pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Ao Painel, da Folha, o presidente do PL disse que o apoio do PL ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) na disputa pelo Governo de São Paulo poderá ser revisto.

A participação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) no pleito, possivelmente pelo PSD, também tem sido levada em conta nas discussões sobre o palanque governista em São Paulo. A recente aproximação do tucano com Lula embaralhou um pouco mais o cenário paulista.

MOTIVOS PELOS QUAIS A CHINA NUNCA SERÁ UMA DEMOCRACIA

Geopolítica

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Conceito de democracia, como a do Brasil, não faz o menor sentido para os chineses.| Foto: Alan Santos/PR

A China é muito longe do Brasil, muito diferente em tudo, muito mais rica — segundo o FMI, teve em 2020 um PIB dez vezes maior que o brasileiro — e é muito mais importante para o resto do mundo. Ou seja: não dá para comparar. Não dá, mas também não é proibido olhar para a China e pensar um pouco no que acontece lá. Não para copiar nada, pelo amor de Deus — é só mesmo para pensar.

Há quase dez anos, desde 2012, a China vem sendo comandada por um só presidente e um só governo, e acaba de decidir que vai continuar assim pelo futuro próximo. Obviamente, o esquema tem dado certo; a China, sob a atual direção, continua sendo de longe o país de maior sucesso material do mundo, com todos os espetaculares benefícios que isso tem trazido para a sua sociedade. Se não estivesse dando certo, aliás, a coisa não continuaria de pé.

Num mundo que vive na incerteza, na inconstância e na incapacidade de definir o que quer, com uma inflação descontrolada de “causas” de todos os tipos, a China é uma rocha de estabilidade. Tem problemas, é claro; teve Covid, como todo mundo — foi a pátria da Covid, aliás — tem disputas, tem dificuldades sérias, tem escassez de terra e de água, tem gente infeliz. Mas não vacila, nunca, no essencial: fazer tudo o que é necessário para manter vivo, e muito acima de qualquer outro país, o crescimento econômico.

Os chineses já há muito tempo — na verdade, desde que começaram a sua extraordinária transformação interna, possivelmente a maior que uma nação já viveu na história humana — têm uma certeza: a única solução efetiva para as questões sociais está no crescimento contínuo, racional e acelerado da economia. Isso deve ser feito com as ferramentas do capitalismo e com a liberação das forças produtivas — e sob o comando de um partido político único que, na verdade, é um sistema burocrático e administrativo baseado no mérito individual. Fim de conversa.

A China não precisou de democracia para sair do subdesenvolvimento mais aterrorizante em que estava 50 anos atrás e passar para a posição de segunda maior economia do mundo. Não precisou de democracia, igualmente, para satisfazer com toda a decência as necessidades materiais de uma população a caminho do 1 bilhão e meio de habitantes. Na verdade, em 5 mil anos de história, nunca teve democracia — e não parece nem um pouco interessada em ter uma agora, ou em futuro visível.

Na China não há debates sobre a “linguagem neutra”, as terras indígenas ou o direito de homens biológicos jogarem em equipes esportivas de mulheres. Não existe a Ordem de Advogados da China, nem um supremo tribunal federal que manda para a cadeia aliados do presidente Xi Jiping. Nas escolas, os professores têm de ensinar de verdade os alunos, a começar pelas ciências exatas — ou é isso, ou vão para a cadeia. Não há um Ministério Público que proíbe o governo de construir estradas de ferro ou usinas de energia elétrica. Não há uma porção de outras coisas.

O contrato social na China é outro. O governo não fornece Constituição, com 250 artigos, estabelecendo o “direito de moradia” — fornece a moradia. A troca é simples. Nós damos comida, trabalho, tratamento médico, escola, celular, laptop e mais uma porção de coisas reais. Vocês deixam o governo em paz. Tudo bem?

É assim que funciona lá. A democracia do mundo ocidental cristão — tecnicamente, a mesma no Brasil e na Suécia, com resultados opostos num lugar e no outro — não é uma ideia que faz sentido para a atual direção da China, ou para qualquer outro governo que os chineses já tiveram. Eles mesmos, pelo que se vê na prática, acham que está bom assim. Vida que segue, portanto.


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BOLSONARO AGITA DUBAI COM MINISTROS, EMPRESÁRIOS E GOVERNADOR

 

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Bolsonaro participa da Dubai Air Show| Foto: Alan Santos/PR

Ontem foi Dia do Brasil na Expo Dubai. E foi, realmente, um grande dia, com parada em honra do Brasil. O presidente Bolsonaro circulou com ministros, com 300 empresários, com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, com o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais. Ministros apresentando seus planos e atraindo investimentos. Apresentaram o Brasil a uma gente que está interessada em participar do crescimento do Brasil. Foi uma festa. E o presidente, onde quer que tenha ido, foi saudado.

Enquanto isso, o ex-presidente Lula falou no Parlamento Europeu, para criticar, claro, Sergio Moro e Bolsonaro. Ele negou que já tivesse fechado com Alckmin para ser vice dele, porque, certamente, não se decidiu.

E o Bolsonaro parece que recuou bem dos entendimentos que estava tendo com Valdemar da Costa Neto, que virou o novo queridinho da mídia, tirando o posto de Renan Calheiros.

Liberdade de expressão em Cuba e no Brasil
Lá em Cuba, ontem, foi reprimida a tentativa de se fazer uma manifestação pela liberdade de expressão. Cercaram as casas dos organizadores. Aqui no Brasil também continuamos com problemas sobre liberdade de expressão. Agora se soube que o deputado Daniel Silveira, embora o artigo 53 da Constituição diga que deputados e senadores são invioláveis civil e criminalmente por quaisquer de suas opiniões, teve acrescentado pelo ministro Alexandre de Moraes mais um impedimento. Agora ele também está impedido de dar entrevista, depois da entrevista que deu à Jovem Pan. E o que o Congresso faz diante disso? A Câmara dos Deputados assiste ajoelhada, de cabeça baixa e espinha dorsal torcida. Não dá para entender.

Esquerda derrotada na Argentina
E lá na Argentina, peronistas e esquerdistas foram derrotados na eleição de domingo. Inclusive em Buenos Aires, capital, na província de Buenos Aires e na província industrial de Córdoba, em seis das oito províncias. De 24 distritos eleitorais, só ganharam em nove. Perderam a maioria no Senado e diminuíram ainda mais sua posição na Câmara. Em 2023 vai haver eleição presidencial e Mauricio Macri já está falando em voltar.

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CENSURA FORA DE PROPÓSITO DE UM MINISTRO DO STF

 

Por
Carlos Alberto Di Franco – Gazeta do Povo

Alexandre de Moraes, ministro do STF e do TSE.| Foto: Nelson Jr,/SCO/STF

Não me canso de reafirmar meu respeito ao Supremo Tribunal Federal (STF) enquanto instituição essencial da República. No entanto, as instituições não são abstrações. Encarnam-se nas pessoas concretas que a compõem. A credibilidade da corte depende, e muito, das atitudes dos seus integrantes. É a base da legitimidade. Perdida a credibilidade, queiramos ou não, abre-se o perigoso atalho para o questionamento da legitimidade.

O STF, infelizmente, não tem contribuído para fortalecer a sua credibilidade. É hoje, lamentavelmente, uma das instituições com maior rejeição. E isso é um grave risco para a democracia.

O último solavanco institucional, forte e surpreendente, foi motivado por uma ameaça feita pelo ministro Alexandre de Moraes. Apesar de sua boa formação jurídica, Moraes tem manifestado uma impulsividade autoritária que conspira contra a serenidade que se espera da corte suprema.

No mesmo julgamento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) absolveu, por unanimidade, a chapa formada por Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão em ações impetradas pelo PT, o ministro Alexandre de Moraes deu mais uma demonstração de que os tribunais superiores seguem bastante dispostos a agir, na oportuna expressão de editorial do jornal Gazeta do Povo, “como ‘editores da sociedade’, relembrando infeliz comentário do ex-presidente do TSE Dias Toffoli. Moraes, que também é membro do Supremo e se tornará presidente do TSE um mês antes das eleições de 2022, prometeu cassar e prender quem ‘repetir o que foi feito em 2018’, em alusão a um suposto crime cujas provas, ao menos a sua gravidade, nenhum ministro reconheceu no julgamento da chapa mencionada”.

Apesar de sua boa formação jurídica, Alexandre de Moraes tem manifestado uma impulsividade autoritária que conspira contra a serenidade que se espera da corte suprema

“Se houver repetição do que foi feito em 2018, o registro será cassado. E as pessoas que assim fizerem irão para a cadeia por atentar contra as eleições e a democracia no Brasil (…) Nós podemos absolver aqui, por falta de provas, mas sabemos o que ocorreu. Sabemos o que vem ocorrendo e não vamos permitir que isso ocorra. Não podemos criar um precedente, olha tudo que foi feito vamos passar o pano. Porque essas milícias digitais continuam se preparando para disseminar o ódio, para disseminar conspiração, medo, para influenciar eleições, para destruir a democracia (…) Houve disparo em massa. Houve financiamento não declarado para esses disparos. O lapso temporal pode ser impeditivo de uma condenação, mas não é impeditivo da absorção, pela Justiça Eleitoral, do modus operandi que foi realizado, e que vai ser combatido nas eleições 2022”, afirmou o ministro.

Segue o editorial da Gazeta: “Ora, se não há provas, não há como se admitir que um magistrado afirme de forma tão categórica que ‘sabemos o que ocorreu’. Se há provas, mas elas não foram consideradas graves o suficiente para cassar uma chapa, como é possível prometer que, no ano que vem, o mesmo procedimento resultará em cassação e até mesmo prisão?”

Alexandre de Moraes, em que pese meu respeito por sua pessoa e pelo cargo que ocupa, é, hoje, um dos ministros cujas ações mais têm contribuído para corroer as liberdades democráticas no Brasil, graças à sua condução dos abusivos inquéritos das fake news, dos atos antidemocráticos e das “milícias digitais”. Diz a Gazeta: “O verdadeiro problema, que está implícito nas falas de Alexandre de Moraes, é que o Judiciário parece disposto a se tornar o que não pode ser: árbitro do que é manifestação de opinião ou do que é fake news”.


STF – desprestígio e arrogância
A rigor, o inquérito das fake news não poderia ter sido sequer instaurado, pois tem como base o artigo 43 do Regimento Interno do STF, que estabelece: “Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro ministro”. Uma vez que as alegadas infrações à lei penal teriam consistido – não se sabe ao certo – em críticas, insultos e deboches sistemáticos dirigidos aos ministros Dias Toffoli e Alexandre de Moraes no ambiente das redes sociais, não há cabimento para a instauração desse inquérito.

A gravidade dos vícios de origem do inquérito tem sido unanimemente apontada por vários juristas, procuradores e estudiosos do Direito. A relativização disso em face de um problema que se procura combater significa, neste caso, o abandono completo do princípio de que os fins não justificam os meios. Se apenas porque o pretenso “inimigo” é alguém cuja conduta se considera muito reprovável nos damos ao luxo de abandonar não meras regras processuais, mas princípios basilares da justiça, impomos não uma vitória contra o erro, mas uma derrota ao Estado Democrático de Direito.

“Em um país onde já se instaurou, na prática, a existência do ‘crime de opinião’, no qual a perseguição ocorre sob o aplauso de parte da sociedade e de intelectuais e jornalistas, e em que repressão se dá apenas contra um lado, a carta branca para a Justiça Eleitoral agir como promete Alexandre de Moraes será uma ameaça à democracia muito maior que aquela que o ministro diz querer combater”, conclui o editorial da Gazeta. Na prática, a censura e a autocensura, fruto do medo da retaliação, já são tristes realidades. E exigem firme condenação.


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COP26 PROIMETE QUE O PREÇO DO PETRÓLEO DESPENCARÁ EM 15 ANOS

 

Corte no financiamento de combustíveis fósseis anunciado por países durante a COP26 deverá acelerar queda na cotação internacional do barril de petróleo

A cotação do barril de petróleo superou a marca de US$ 80 no mercado internacional, um recorde. Com isso, uma série de produtos derivados do combustível fóssil, desde o diesel e gasolina até insumos agrícolas, têm ficado mais caros, pressionando os custos do agronegócio e a inflação mundial.

No entanto, a alta da commodity não deverá durar muito, de acordo com pesquisa divulgada pela revista científica Nature. Metade dos combustíveis fósseis do mundo deverá ser desnecessária em 2036, o que deve derrubar o preço do barril para US$ 35. Isso provocará uma crise financeira nas empresas ligadas à cadeia petrolífera, que deverão ver seus lucros caírem.

A grande responsável pela queda de demanda pelo combustível fóssil é a alteração da matriz energética mundial. Por conta das mudanças climáticas provocadas pela aceleração do aquecimento global, empresas, governos e a sociedade civil estão empenhados em substituir a utilização de produtos derivados de petróleo.

Compromissos na COP26

Estudo aponta que preço do petróleo deve cair por conta da mudança global de matriz energética. (Fonte: Maxx-Studio/Shutterstock/Reprodução)
Estudo aponta que preço do petróleo deve cair por conta da mudança global de matriz energética. (Fonte: Maxx-Studio/Shutterstock/Reprodução)

A redução no uso de combustíveis fósseis deverá ser impulsionada pelos acordos firmados durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). Mais de 70 países se comprometeram a abandonar o carvão, responsável pela geração de 37% da eletricidade no mundo, e adotar energias limpas.

Os Estados Unidos e outros 19 países foram além e também prometeram interromper o financiamento público para os combustíveis fósseis, inclusive o petróleo, e direcionar os recursos para projetos de energia verde até o final de 2022. O acordo também incluiu instituições financeiras como o Banco Europeu de Investimento e o Banco de Desenvolvimento da África.

Uma média de US$ 423 bilhões de fundos públicos são direcionados anualmente para subsidiar combustíveis fósseis, de acordo com Relatório de Emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Esses recursos são um grande empecilho para o alcance de limitação do aumento da temperatura global até o final do século.

Energia limpa no agronegócio

Agronegócio brasileiro pode ser beneficiado com o maior uso de energia limpa. (Fonte: Scharfsinn/Shutterstock/Reprodução)
Agronegócio brasileiro pode ser beneficiado com o maior uso de energia limpa. (Fonte: Scharfsinn/Shutterstock/Reprodução)

O petróleo é a matéria-prima para os principais insumos utilizados no agronegócio. Os produtos derivados do combustível fóssil estão presentes nos defensivos agrícolas, nas embalagens plásticas, nas mangueiras e elementos hidráulicos de sistema de irrigação, nas lonas para transporte, estocagem, secagem e proteção, no diesel, entre tantos outros.

Dessa forma, a substituição da commodity provocará uma mudança substancial na cadeia produtiva agropecuária, mas também oferecerá uma série de oportunidades para os produtores rurais. Algumas delas, como a maior utilização do biocombustível e a geração de energia limpa renovável a partir de resíduos, já conseguem gerar lucro no campo.

Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU), Dia de Campo.

NO FUTURO O HOMEM VIVERÁ NO MAR EM CÁPSULAS FLUTUANTES OU EM CASAS

Por João Lara Mesquita – Jornal Estadão

Cápsulas flutuantes no mar, assim viverão habitantes de Tóquio? É o que a Sony prevê

O processo começou e será difícil revertê-lo. O ‘processo’, de que falamos, é a subida do nível do mar em razão do aquecimento global, flagelo  que afeta toda a humanidade. Pensando nisso, com os olhos no futuro, a gigante Sony desenvolveu o projeto – “One Day, 2050” – que, num dos capítulos, prevê a forma como os seres humanos viverão numa Tóquio inundada a partir de 2050. Um sonho futurista gera um conceito, uma hipótese. Cápsulas flutuantes no mar, assim viverão habitantes de Tóquio?

Imagem de capsulas flutuantes no mar
Ilustração, Sony

Cápsulas flutuantes no mar

Num dos capítulos do seu novo projeto “One Day, 2050”, a Sony prevê o futuro e a forma como os seres humanos viverão em Tóquio.

O cenário é futurista mas, há que reconhecer, já vivemos este futuro. Três bilionários  enfadados de tanto ganharem dinheiro (Jeff Bezos, da Amazon; Richard Branson, da Virgin Galactic; e Elon Musk, da Tesla), e sem nenhum espírito público, vendem por valores inimagináveis viagens para milionários sem ter o que fazer ‘darem cambalhotas’ (Eugênio Bucci em artigo no Estadão) no espaço sideral, enquanto a NASA prevê a colonização de Marte para breve. 

Se o mar e a vida marinha tivessem a ‘cobertura deslumbrada da imprensa’ (idem) para este ‘golpe de marketing cósmico’ (ibidem) é bem possível que a humanidade parasse de jogar lixo nos oceanos. E isso já seria muito bem-vindo.

Imagem de capsulas flutuantes no mar
Imagem, Sony.

Por que não viver em cápsulas flutuantes no mar? A Sony está longe de ser a primeira a pensar no assunto. Muitos anos atrás, em 1957, o grande Jacques Cousteau já alertava sobre a possiblidade.

Cousteau também não foi tão original assim. A sugestão veio à tona em 1872, quando Julio Verne popularizou a ideia de uma vida subaquática mais sofisticada com 20.000 Léguas Submarinas, uma de suas obras mais conhecida.

Para não falar que já existe um protótipo há muito tempo, o Aquarius Reef Base, uma estação de pesquisa administrada pela Universidade Internacional da Flórida e situada a 20 metros no fundo do mar em Florida Keys.

E já existe até mesmo uma fazenda subaquática em águas italianas, e já produzindo!

A Ideia da Sony

Conforme revelou a Sony, num comunicado de imprensa, “com ‘2050’, ‘Tóquio’, designers e escritores de ficção científica da empresa realizaram workshops para explorar a vida, habitats, sentidos e bem-estar em 2050 – e o seu esforço criativo resultou numa série de protótipos de design e pequenas histórias de ficção científica”.

No protótipo “Habitat”, as comunidades preveem-se nômades, instaladas no mar, coexistindo com a natureza. Tendo em conta o aumento do nível da água do mar, as cidades costeiras serão substituídas por habitações flutuantes, albergando as vítimas das alterações climáticas que perderam as suas casas.

Imagem de capsula flutuante

De acordo com a empresa, as cápsulas flutuantes terão uma estrutura dupla que garantirá estabilidade, mesmo durante as tempestades. Por um lado, o seu exterior é desenhado para quebrar ondas, reduzindo o impacto. Por outro, o interior albergará as áreas habitáveis.

Como serão as casas flutuantes

A Sony diz em seu site que ‘as casas móveis flutuantes são habitações para uso no mar, equipadas com motor com filtro de limpeza, vela e estabilizadores na área habitacional’.

Imagem de capsula flutuante

‘O teto variável pode ser dobrado durante uma tempestade para evitar o vento e erguido para usar o vento como fonte de energia durante as viagens. A estrutura de dois andares é dividida em um espaço público acima da água e um espaço privado debaixo d’água’.

Projeto conceitual

O projeto das cápsulas flutuantes garante três níveis, para que seja possível estar acima e abaixo do nível da água, garantindo ligação entre todos através de escadas. Além disso, as cápsulas contam com jatos para se deslocarem na água, baterias e depósitos de energia autônomos, painéis nos seus telhados, e filtros para limpeza da água enquanto flutuam.

Mas, por enquanto, trata-se de um projeto conceitual. A ver se as pessoas vão mesmo um dia viver no mar.

 

STF AINDA JULGA MUDANÇAS NAS LEIS TRABALHISTAS

 

Judiciário

Por
Célio Yano – Gazeta do Povo

Quatro anos depois da aprovação da reforma trabalhista, o STF ainda julga a validade de uma série de dispositivos do texto.| Foto: Gil Ferreira/SCO/STF

Quatro anos depois da aprovação da reforma trabalhista (Lei 13.467/2017), uma série de dispositivos do texto ainda depende do crivo do Supremo Tribunal Federal (STF) para ter a validade confirmada. Algumas das mudanças promovidas pela reforma, levada a cabo na gestão do presidente Michel Temer (MDB), acabaram sendo revertidas, enquanto outras ainda estão pendentes de análise pela Corte.

No último dia 20, os ministros consideraram inconstitucionais os artigos que determinavam que beneficiários da Justiça gratuita pagassem pela perícia e honorários advocatícios sucumbenciais caso fossem a parte vencida em um processo. Ficou mantida apenas a cobrança das custas processuais em caso de arquivamento injustificado por ausência em audiência.

O julgamento teve início em maio de 2018, a partir de uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) da Procuradoria-Geral da República (PGR), e foi interrompido por um pedido de vista de Luiz Fux. Na ação, o órgão sustentou que a o pagamento dos honorários periciais e de sucumbência afrontariam a garantia de amplo acesso à Justiça.

Antes da reforma, havia previsão de isenção para trabalhadores que comprovassem insuficiência de recursos. As mudanças de 2017 na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) previam que caso o beneficiário da Justiça gratuita obtivesse créditos capazes de suportar as despesas, ainda que em outro processo, caberia a ele pagar os valores.

O relator do processo, Luís Roberto Barroso, votou pela constitucionalidade dos artigos, defendendo que a gratuidade da Justiça pode ser regulada de forma a desincentivar a litigância abusiva. Barroso foi acompanhado por Luiz Fux, Nunes Marques e Gilmar Mendes.


Prevaleceu, no entanto, o voto divergente do ministro Alexandre de Moraes, para quem não é razoável cobrar do trabalhador hipossuficiente o acesso à Justiça. Ele ponderou, por outro lado, que a ausência não justificada pode gerar cobranças judiciais.

Cármen Lúcia e Dias Toffoli acompanharam Moraes integralmente, enquanto Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber acompanharam em parte, entendendo que mesmo a cobrança em caso de ausência seria inconstitucional.

A Associação Nacional de Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) comemorou a decisão. Em nota, o presidente da entidade Luiz Colussi definiu a decisão como “extremamente importante”, por permitir ao trabalhador ter amplo acesso à Justiça, como previsto na Constituição Federal.

“Os dispositivos limitavam o acesso à Justiça e quebravam a isonomia entre os diversos tipos de credores existentes, como o credor trabalhista – altamente prejudicado, se comparado ao credor civilista, ao credor consumerista e a outros credores. Na nossa concepção, a maioria do STF aplicou a Constituição, que garante o acesso à Justiça a qualquer cidadão”, declarou Colussi.

Já quem defende a mudança promovida pela reforma entende que a cobrança inibia o uso da Justiça de forma desenfreada por parte de quem não teria nada a perder. “Antes da reforma, a Justiça do Trabalho recebia muitas ações do tipo ‘vai que cola’, em que os impetrantes pediam muita coisa, em valores astronômicos, que muitas vezes não faziam muito sentido, e apostavam no fato de a empresa ter uma certa desorganização, não ter um documento específico e ter de pagar uma indenização. Caso a reclamação fosse considerada improcedente, o autor não precisaria pagar nada”, diz Pedro Maciel, advogado trabalhista e sócio da Advocacia Maciel.

“Quando foram criados os honorários de sucumbência mesmo para usuários da Justiça gratuita, houve uma redução muito grande nos casos, além de uma diminuição no valor requerido. Isso dava uma segurança maior de não tornar a coisa banal”, avalia.


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