segunda-feira, 8 de novembro de 2021

NA AMAZÔNIA É POSSÍVEL TER CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTÁVEL

 

  1. Sustentabilidade 

Enquanto o mundo discute meios de reduzir a crise climática, projetos mostram o potencial de unir crescimento verde com renda na maior floresta tropical do mundo

Emílio Sant’Anna, enviado especial a Glasgow

No início de 2022, quatro comunidades amazônicas começarão a produzir seu próprio chocolate. Embalado, com um nome escolhido por elas no rótulo, feito como o cacau local, com origem rastreável e carregando a história e os valores da floresta. Trata-se de um passo a mais em direção a um processo de transformação da região, agregação de valor a seus produtos e inclusão no mundo via desenvolvimento econômico sustentável.

Enquanto o mundo discute formas de diminuir os efeitos das mudanças climáticas, projetos como esse, com potencial de unir desenvolvimento verde e renda na maior floresta tropical do mundo, se colocam em marcha no Brasil. Às margens de qualquer política pública, apontam para uma possível saída para a enrascada ambiental atual.

Há uma semana que líderes mundiais, cientistas e negociadores internacionais tateiam uma saída possível. Reunidos em Glasgow, na Escócia, na COP-26, a cúpula do clima da ONU, procuram consensos sob a pressão da urgência.PUBLICIDADE

Produção rural
Cooperativa de 172 pequenos e médios produtores rurais de Tomé-Açu, localizada 240 km ao sul de Belém, fatura R$ 46,5 milhões anuais  Foto: OSVALDO FORTE/ESTADAO

Chocolate

Distante milhares de quilômetros do Reino Unido, as comunidades que produzem seus próprios chocolates estão no Pará. São comunidades ribeirinha, extrativista, quilombola e uma gerida por mulheres trabalhadoras. O sucesso não vai ocorrer do dia para a noite, mas será resultado de um longo processo de preparação, treinamento, inclusão e autonomia desenvolvido pelo projeto Amazônia 4.0, que na última semana se transformou em fundação. Ela é resultado do trabalho dos irmãos Carlos Nobre, climatologista, e Ismael Nobre, biólogo. 

O foco é manter a floresta em pé e desenvolver economicamente a região pela tecnologia, inteligência artificial e do que há de mais moderno e acessível. Ismael explica que o modelo se baseia em capacitar as comunidades para usar a tecnologia e levar um modelo de biofábricas para a floresta. “Hoje, o quilo do cacau é vendido a R$ 15, é negociado na Bolsa de Nova York. Mas, se não vendermos a matéria-prima assim e agregarmos valor em um produto com rótulo local, com a história da comunidade, da floresta, isso pode ir de R$ 200 a R$ 300 o quilo”, afirma.

No início do ano que vem, esse modelo será colocado a prova. “Não dá para esperar mais 30 anos em um processo que não coloque a floresta como o principal ativo da Amazônia”, diz Ismael. Para ele, esse norte poderia ser perseguido por uma política de estado no Brasil, mas ele não conta com isso. “Formatamos o projeto para funcionar sem a participação do governo. Não podemos depender da política.”

Mais projetos

Ao Amazônia 4.0 se somará um projeto a ser lançado nesta terça-feira, 9, na COP-26. Desenvolvido pela organização Uma Concertação Pela Amazônia, uma rede de mais de 400 líderes, o objetivo é mudar a visão do Brasil sobre a região e transformar a floresta em ativo econômico. A rede é formada por representantes dos setores público e privado, academia e sociedade civil, reunida para buscar propostas e projetos para a floresta e as pessoas que vivem na região. O primeiro passo foi criar uma base de conhecimento sistematizado da região, que vai de educação a cultura, de infraestrutura ao uso da terra, de negócios a cooperação internacional. “O que está sendo feito é pegar tudo o que existe e está dando certo e mostrar que é possível ter convergência”, diz a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, que faz parte da rede. 

Foram montados grupos de trabalho orientados com foco em temas como bioeconomia, engajamento do setor privado, juventude e ordenamento do território. Nesses núcleos passaram a discutir como ampliar projetos-chave para a região. Não se trata de valorizar apenas o que já existe, mas de levar inovações em políticas ambientais, sociais e econômicas e reconhecer a importância da forma como os povos locais se organizam. “Qualquer projeto de desenvolvimento tem que respeitar o desejo da população (para a Amazônia), principalmente da local”, diz o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, que enxerga possibilidades grandes para a região e se dedica a estudar, por exemplo, o mercado de crédito de carbono – um dos temas-chave em discussão em Glasgow.

O desafio

O desafio, diz Levy, é levar para a região as inovações sem afetar a floresta. Ele cita o exemplo do dendê e da possibilidade de desenvolver biocombustível para a aviação a partir do fruto sem ter que derrubar a floresta. “Tem gente que gosta e tem gente que não gosta da ideia, mas a aviação também vai passar pela eletrificação das aeronaves. Mas isso vai levar um tempo”, diz. “Enquanto isso, é possível criar um mercado, uma janela para o investimento em um combustível que não e fóssil. A oportunidade existe.”

Enquanto isso, como mostrou o Estadão em setembro, a Cooperativa Agrícola Mista, com 172 produtores rurais de Tomé-Açu, 240 quilômetros ao sul de Belém, já explora recursos da Amazônia e produz polpa de fruta, pimenta-do-reino e cacau. Fatura R$ 46,5 milhões anuais.

Nasce mercado em que se paga por serviços ambientais

Da necessidade de manter a floresta em pé, nasce outro mercado, o de crédito de carbono e o pagamento por serviços ambientais. Como o Estadão mostrou na semana passada, projetos de remuneração de produtores rurais que protegem as áreas nativas no Norte e Centro-Oeste do Brasil já estão em marcha. A aprovação do CPRVerde, certidão de crédito sustentável impulsionou um mercado estimado pelo governo federal em R$ 30 bilhões nos próximos quatro anos. 

O projeto passa pela mudança na forma como a população encara a Amazônia. A floresta não pode ser um problema, mas a solução. “Minha vontade é que o brasileiro olhe para a Amazônia da forma como o Suíço olha para os Alpes. Precisa ser parte da identidade nacional”, diz Roberto Waack, que é atualmente coordenador da rede Uma Concertação Pela Amazônia.

PRODUÇÃO DE METANO NAS FAZENDAS É REDUZIDA

 

  1. Sustentabilidade 

Biodigestores e a integração de alguns sistemas produtivos mostram que existe um caminho para diminuições maiores

Leon Ferrari, O Estado de S.Paulo

Após pressão dos Estados Unidos, o Brasil assinou acordo que prevê reduzir as emissões de metano em 30% até 2030, na Conferência do Clima (COP-26). Por aqui, buscar um corte dessa escala exige adaptar a pecuária, com técnicas que permitam melhor manejo dos rebanhos. Entre as estratégias que já funcionam em fazendas do Brasil, estão biodigestores e integração de sistemas produtivos. 

No País, 71,85% das emissões de metano vêm da agropecuária, segundo dados do Sistema de Estimativa de Emissões de Remoções de Gases de Efeito Estufa. O relatório apontou que a “fermentação entérica” (arroto do boi) é responsável por quase dois terços (65%) de todas as emissões. A maior parte, 96,9%, é proveniente de rebanhos de bovinos de corte e de produção de leite, o que inclui também o manejo dos dejetos dos animais.

“Na pecuária, não há um furo no meu gasoduto que possa consertar. A fermentação entérica não é um gás que se possa impedir de ser emitido, é um processo que evoluiu com os animais”, diz o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt. Ele aponta que a mitigação de metano se dá por meio de tecnologias que atacam em três pilares: aperfeiçoamento da dieta dos animais, alterando diretamente o processo químico no rúmen; mais eficiência na produção (intensificação sustentável), que reduz o tempo para que o boi seja terminado; e compensação, pelo sequestro de carbono.  

Um método que propicia mais eficiência, atacando principalmente o segundo pilar, aponta o técnico, é o de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que mistura ao menos dois desses sistemas produtivos em uma mesma propriedade. Conforme explica Berndt, a maior produtividade está ligada ao melhor manejo do pastejo e adubação das lavouras. Ele é utilizado há mais de dez anos na Fazenda Santa Silvéria, na região de Bauru, no interior paulista. 

Metano
Método de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) é utilizado há mais de dez anos na Fazenda Santa Silvéria, na região de Bauru, no interior paulista Foto: Alex Tristante

Além de 37% de sua área ocupada por reserva nativa, a propriedade parceira da Embrapa integra a lavoura de soja à pecuária de corte, conforme conta o gerente da fazenda, Fulvio Domenek. A Santa Silvéria tem cerca de 1.300 hectares de terra, com cerca de 1.800 cabeças de gado. 

“O principal benefício do sistema integrado foi o aumento da arroba (sistema de pesagem do boi) produzido por hectare no ano. Porque se entrega uma melhor fertilidade do solo”, diz o médico veterinário. “Com uma maior produção de volumoso, diminui-se a necessidade de suplementação por ração. O gado se desenvolve com pasto, principalmente, e o ciclo de produção, no caso de engordar, ficou mais rápido.” 

Domenek conta que o gado do tipo Bonsmara, produzido ali, em dois anos já está fora da fazenda, como touro ou carne. Queiroz indica que o tempo médio de abate no Brasil é de 36 meses. Menos tempo no pasto significa menos fermentação entérica.

Metano
Fazenda Santa Silvéria tem cerca de 1.300 hectares de terra, com cerca de 1.800 cabeças de gado Foto: Alex Tristante

O técnico da Embrapa destaca, porém, que os maiores ganhos do ILPF estão na redução da emissão de dióxido de carbono (CO2). “Nos nossos sistemas, da Pecuária Sudeste, temos um sequestro de carbono muito significativo, a ponto de conseguir além de neutralizar as emissões, restar um saldo positivo”, declara.

Utilizando os dejetos do gado, em Rondônia, o projeto Energias Renováveis da Amazônia (ERA), do Centro de Estudos Rioterra, busca mitigar os impactos climáticos e melhorar a qualidade de vida no campo. Para isso, desde 2017, foram instalados 28 kits biodigestores em fazendas de produção leiteira das cidades de Itapuã do Oeste, Cujubim e Rio Crespo.

A instalação do equipamento nas fazendas não é completamente gratuita, mas o custo é acessível, conforme explica Alexandre Queiroz, biólogo e coordenador de Educação da Rioterra. Com financiamento da Misereor, fundação da Igreja Católica alemã, os agricultores precisam arcar apenas com 20% do valor do equipamento – um montante que gira em torno de R$ 800, que pode ser pago em 12 vezes – mais a mão de obra para instalar o biodigestor.

O equipamento permite fazer a gestão de resíduos da propriedade. Acrescidos de água, o esterco do gado e resto de alimentos são transformados em biogás e adubo. A mitigação da emissão de gases estufa, principalmente, do metano, se dá pelo uso do esterco que, quando fresco e a céu aberto, ao decompor-se, libera o poluente, explica Queiroz.   

Metano
Além de 37% de sua área ocupada por reserva nativa, a Fazenda Santa Silvéria integra a lavoura de soja à pecuária de corte Foto: Alex Tristante

“Utilizamos, em nosso projeto, um biodigestor com um tamanho de 2m³ que produz em média 21,6 m³ de biogás ao mês, o que equivale ao menos a uma botija de gás de cozinha (GLP)”, estima Queiroz. “Ao todo, com os 28 biodigestores, em três anos, já evitamos a emissão de 10.7 toneladas de CO2 e 6.1 toneladas de CH4.” 

Ao mesmo tempo, o biodigestor permite a geração de renda para a família, que economiza na compra de botijões de gás de cozinha e fermento químico – uma economia mensal de R$220, nos cálculos de Queiroz. Os produtos são substituídos, respectivamente, pelo biogás e pelo biofertilizante gerados com o manejo de resíduos da pecuária da propriedade no equipamento. 

A iniciativa também ajuda as famílias a reduzirem o uso do fogão à lenha. “Existe a problemática da saúde da mulher no campo, que têm uma uma maior incidência de problemas pulmonares devido à inalação de fumaça”, diz Queiroz. O biólogo afirma que, na região amazônica, elas, na maior parte das vezes, são responsáveis pela produção do alimento da família, ficando mais expostas ao risco. Além de aumentar a qualidade de vida no campo, ao diminuir a queima de madeira, o biogás ajuda também a reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2). 

“É muito simples implementar essa iniciativa em qualquer lugar do País”, avalia Queiroz. O biólogo aponta que também é possível utilizar esterco de suíno nos biodigestores, a preferência pelo de origem bovina no projeto ERA têm mais a ver com a cultura produtiva da região de abrangência.

DETALHES DA VIDA DE MARÍLIA MENDONÇA VITIMADA EM ACIDENTE AÉREO

 

  1. Cultura 
  2. Música 

Cantora de 26 anos, vítima de acidente aéreo nesta sexta-feira, deixa legado para a representação feminina no gênero musical

André Cáceres, O Estado de S.Paulo

A cantora Marília Mendonça, morta nesta sexta-feira, 5, aos 26 anos, num desastre aéreo a bordo de um avião de pequeno porte em Caratinga. interior de Minas Gerais, deixou um legado relevante para a representação feminina no gênero musical sertanejo. Ela deixa seu filho pequeno Léo, de pouco menos de dois anos.

Marília
A cantora Marília Mendonça, morta em queda de avião em Minas Gerais Foto: Som Livre

Goiana de Cristianópolis, Marília começou sua carreira musical como compositora, escrevendo sucessos para duplas como Henrique & Juliano, João Neto & Frederico, Matheus & Kauan e Jorge e Matheus, além dos cantores Wesley Safadão e Cristiano Araújo, também morto prematuramente em um acidente automobilístico, em 2015.

Foi apenas a partir de 2014, após emplacar várias músicas como Até Você Voltar, Cuida Bem Dela e É com Ela que Eu Estou, na voz de outros artistas, que Marília Mendonça se lançou como cantora em carreira solo. 

Em 2015, a cantora despontou com o sucesso Infiel, uma das músicas mais executadas nas rádios brasileiras. 

Marília Mendonça
A cantora e compositora Marília Mendonça Foto: Denise Andrade/Estadão

Se suas letras, mesmo aquelas compostas para vozes masculinas, já haviam dado indícios de uma postura mais feminina no sertanejo, foi em 2016, com Agora É Que São Elas, parceria de Marília Mendonça com Maiara & Maraisa, que ela se firmou como uma das principais vozes femininas do estilo. O trio continuaria lançando músicas em conjunto até hoje.

Marilia
Avião de pequeno porte que transportava a cantora Marília Mendonça cai no interior de MG Foto: Super Canal

Desde então, Marília chegou a figurar, em 2019, como a artista brasileira mais ouvida em um ranking do YouTube, e a 13ª em todo o mundo. Nesse mesmo ano, Marília venceu o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Sertaneja por Todos os Cantos.

Em 2021, a cantora já havia lançado Nosso Amor Envelheceu, seu mais recente álbum solo. 

Marília
Marília Mendonça em show em Recife, em 2017 Foto: Work Show

No dia do acidente, Marília havia estreado a música Fã Clube, parceria com Maiara & Maraisa. https://www.youtube.com/embed/gwS9nU4Aavw?enablejsapi=1&origin=https%3A%2F%2Fcultura.estadao.com.brCorreções05/11/2021 | 21h05

Uma versão anterior desta matéria informava incorretamente que o cantor Cristiano Araújo havia morrido em um acidente aéreo. O cantor morreu em um acidente automobilístico.

REFORMA ELEITORAL NÃO TEVE PARTICIPAÇÃO POPULAR

 

  1. Política 

Projetos tramitaram sem participação popular e não tiveram o ‘resultado esperado’ pelo grupo que os conduziu

Brenda Zacharias, O Estado de S.Paulo

Cada processo eleitoral no Brasil ganha regras novas em relação ao anterior, e nas eleições de 2022 esta “tradição” será mantida. No ano que vem, as federações partidárias farão sua estreia no rito, os votos em mulheres e pessoas negras terão maior peso e os parlamentares eleitos terão um alívio na regra da fidelidade partidária. Porém, o que chama atenção na reforma promovida ao longo de 2021 não são as mudanças sancionadas, mas a maneira como tramitaram no Congresso.

É o que conclui um estudo do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), núcleo sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj), que analisou os cinco principais projetos de reforma que dominaram as pautas na Câmara ao longo deste ano. Para os pesquisadores, os atropelos no regramento não caracterizam apenas o processo pré-eleitoral vigente, mas também a gestão do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) à frente da Câmara.

Além das novidades citadas acima, que tramitaram nas formas da PEC 125/2011 e do PL 2522/2015, ainda foram discutidas propostas como a do voto impresso (PEC 135/2019), a reserva de vagas para mulheres na Câmara (PL 1951/2021) e o novo código eleitoral (PLP 112/2021). Segundo o estudo, os projetos tramitaram sem transparência ou participação popular e não tiveram o “resultado esperado” pelo grupo que os conduziu.

Transparência foi ignorada em reforma eleitoral, afirma estudo
Para os pesquisadores, atropelos marcam gestão do deputado Arthur Lira.  Foto: Cleia Viana/ Agência Câmara

Ritos

O observatório analisa, por exemplo, a tramitação do novo Código Eleitoral, que propõe reunir em um único compilado toda a legislação e a regulamentação eleitoral. O texto apresenta, por exemplo, mudanças na quarentena eleitoral para ex-membros do Judiciário ou policiais militares, na rigidez da Lei da Ficha Limpa e no alcance da ação do TSE nos pleitos. O projeto ainda aguarda apreciação do Senado, mas não a tempo de valer para a votação de 2022.

Neste caso, o estudo do OLB destaca as tentativas de acelerar o processo de tramitação que passaram por cima de alguns ritos formais, como a admissão de regime de urgência para a discussão do projeto, o que é proibido em matérias relativas a códigos, e a discussão em grupo de trabalho, que deveria ter sido feita por uma comissão especial.

O tema, no entanto, não mobilizou os senadores ao longo do ano. Pesquisadores analisaram menções ao assunto em discursos no plenário e nas redes sociais dos parlamentares, mas foram poucas as discussões.

A mesma PEC que propôs a contabilização em dobro dos votos para candidatos negros e mulheres incluía também a volta das coligações e o Distritão, como é conhecido o modelo que adota o voto majoritário também para eleições de deputados e vereadores. Enquanto o novo modelo foi rejeitado ainda na Câmara, as coligações foram no Senado. Somente depois disso, os deputados resgataram a proposta das federações partidárias, já apreciada pelos senadores.

Regimento

Nas redes sociais, Lira, ao tratar da PEC do voto impresso, já defendeu as votações e os devidos ritos, afirmando que a Câmara “sempre se pauta pelo cumprimento do Regimento e pela defesa da sua vontade que é a expressão máxima da democracia”.

A GERAÇÃO Z ESTÁ INGRESSANDO NAS FORÇAS DE TRABALHO

 

UOL EdTech

Oito anos atrás, quando os millennials (nascidos entre 1980 e 1996) ainda não representavam a maior parte ativa da força de trabalho do mundo, a revista Time lançou uma de suas capas – e matérias – mais icônicas da nossa era – The Me Me Me Generation. O texto, escrito por um jornalista da geração X (nascidos entre 1965 e 1979), apresenta estudos que apontam os millennials como narcisistas, mimados e preguiçosos.

Isso gerou uma série de respostas de millennials ofendidos, mas também abriu espaço para a discussão sobre as diferenças entre as gerações, seus propósitos, valores e visões de mundo. Além de enriquecer o diálogo sobre como as diferentes gerações economicamente ativas devem conviver e quais legados querem deixar para as gerações futuras, entender que essas quebras de status também são a faísca da inovação.

Conforme os boomers vão deixando o mundo corporativo e as gerações subsequentes – os gen X e os millennials vão mudando para cadeiras de decisão, o mercado começa a sofrer outro grande clash – a geração Z, que está ingressando nas forças de trabalho, tem visões e valores completamente diferentes das gerações anteriores.

Depois de anos sendo considerados preguiçosos, mimados e responsáveis pela quebra de várias indústrias, os millennials agora são reconhecidos como a geração mais azarada. Aquela que cresceu ouvindo que era incrível e especial e que foi engolida pela volatilidade econômica, achatamento salarial e seguidas crises ao longo de suas vidas adultas – desde a crise imobiliária até a atual crise causada pela pandemia.

Mesmo os millennials que, de alguma forma, conseguiram construir patrimônio se sentem sobrecarregados e, muitas vezes, culpados pela “sorte” que tiveram. A forma como essa geração foi sequencialmente atingida pelas mudanças do mundo também a transformou na geração burnout.

E, em meio a trancos e barrancos, a geração Y avança nos degraus da carreira de maneira sobrecarregada, sofrendo de ansiedade e outras doenças psicossomáticas, para encontrar em seus sucessores, a geração Z, que é novata de mercado, a força e a aliança necessárias não só para mudar a forma como se enxerga o trabalho, mas para forçar a reflexão sobre o impacto que pessoas e empresas têm na sociedade, no meio ambiente e no mundo que queremos deixar para gerações futuras. E aí começa o movimento que está sendo chamado de “The Great Resignation” ou, em bom pt-br, “A grande demissão”.

E aqui está o que você precisa saber sobre esse movimento:

O modelo de trabalho influencia, mas não é tudo: se tem uma coisa que a pandemia deixou clara é que o modelo presencial 5 dias da semana das 9h às 18h é ultrapassado. A jornada de trabalho de 8 horas diárias é legado do fordismo e da segunda revolução industrial e hoje a maior parte dos trabalhos corporativos são, de uma maneira ou outra, criativos, analíticos e vinculados à tecnologia. Forçar às novas gerações ao modelo anterior, mesmo após o formato remoto já ter se provado eficiente, é reduzir a capacidade de um colaborador ao tempo que ele permanece na empresa, ao invés do impacto que o trabalho dele causa no ecossistema.

A Era de Aquário: não, a culpa não é da astrologia e Mercúrio nem está mais retrógrado. Mas, simbolicamente, a Era de Aquário é a mudança de mindset entre o individual e o coletivo – que é também uma das pautas mais defendidas principalmente pela geração Z. Conforme os millennials avançam em suas carreiras e a geração Z ingressa no mercado, o olhar das empresas passa a ser mais voltado para a cultura e para o coletivo que para as individualidades.

As gritantes diferenças sociais: por serem gerações conectadas desde cedo, os millennials e, principalmente, a geração Z tiveram acesso à diferentes realidades e trocas de experiência. Se o mundo das redes sociais põe luz sobre o glamour dos ricos e influentes, e possibilidade de conexão com pessoas de locais remotos e a troca de relatos e experiências faz com que essas gerações voltem muito seus olhares e interesses também para as desigualdades sociais. A consciência de classe e a ideia de que pessoas de origens diferentes têm recursos diferentes é uma das razões pelas quais essas gerações estão abrindo mão de seus espaços de trabalho.

Saúde mental em primeiro lugar: enquanto os millennials estão começando a aprender a colocar a própria saúde mental acima de um cargo – lembra que eles foram chamados de preguiçosos e mimados até virarem a geração do burnout – a geração Z não se importa em assumir que não está bem ou que não dá conta de uma demanda. E cobrar mais não vai fazer com que eles entreguem mais, como fez com os millennials, só vai fazer com que eles saiam da organização e busquem por posições mais adequadas ao seu modo de pensar.

Hierarquia vertical? Tô fora: com o avanço das tecnologias e as mudanças nas formas de trabalhar, a hierarquia verticalizada não funciona mais para os mais jovens. Idade e cargo não imprimem mais a autoridade que imprimiam para as gerações anteriores até a geração X. Os mais novos querem ser ouvidos e ter impacto real no que realizam.

Quem fica sofre com a pressão e a repressão pelos que saíram: além do acúmulo de funções e das dificuldades que o mercado está encontrando em substituir os profissionais que saíram das empresas por uma ou outra razão durante os últimos dois anos, aqueles que permanecem em seus empregos se sente desvalorizado e desengajado por não serem ouvidos e considerados nesse processo de reaquisição de talentos. O que aumenta o turnover e faz com que mais colaboradores considerem trocar de emprego nos próximos seis meses.

Transparência, accountability, diversidade e desenvolvimento: para contratar e manter colaboradores que estão passando pelo movimento da Grande Demissão, ter um pacote de remuneração e benefícios robustos é o mínimo. O que se espera das organizações que querem contratar e reter os talentos mais jovens é investir em uma gestão transparente, responsável, diversa e que invista em capacitar e mentorar os novos profissionais ao invés de apenas demandar deles.

Num mercado cada vez mais digital e competitivo, lidar com turnover alto por causa de processos engessados pode ser o tiro no pé de muitas companhias. A mudança nos formatos e relações de trabalho começa pela capacitação adequada dos profissionais e alinhamento de valores e propósitos entre a organização e seus colaboradores. Investir em capacitação é a melhor decisão para as empresas lidarem não só com as mudanças do mundo, mas com os novas formas de trabalhar.

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domingo, 7 de novembro de 2021

SETOR PRODUTIVO PROCURA PRESIDENCIÁVEIS COM AFINIDADE AO SETOR

 

Eleições 2022

Por
Rodolfo Costa – Gazeta do Povo
Brasília

Operadores da bolsa de valores.| Foto: Rafael Matsunaga/Fotos Públicas

O cortejo dos presidenciáveis a banqueiros, investidores e empresários começou. De olho em apoios, pré-candidatos à Presidência nas eleições de 2022 buscam e mantêm contatos com atores expressivos do mercado financeiro e do setor produtivo (agronegócio, indústria, comércio e serviços). Mas o empresariado e o setor financeiro ainda estão longe de definir qual será o seu candidato – se é que darão apoio de forma pública.

Parte dos segmentos econômicos diz estar decepcionada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). E isso abre margem para que outros presidenciáveis busquem apoios. Com sondagens a esses atores dos setores produtivo e financeiro e acenos a economistas liberais, candidatos da esquerda e do centro buscam construir uma identidade eleitoral capaz de ter o apoio do “mercado”.

O ex-juiz Sérgio Moro é um dos exemplos de pré-candidatos dispostos a sondar os mercados em busca de apoios. Tão logo se filie ao Podemos, em 10 de novembro, ele vai buscar reuniões com representantes do agronegócio e do setor financeiro.

Outros candidatos de centro também estão fazendo o mesmo: os governadores João Doria (PSDB-SP), Eduardo Leite (PSDB-RS) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No caso, de Pacheco, essa aproximação estaria sendo feita pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Doria, Leite, Pacheco e Lula sondaram empresários do varejo e de serviços. A aproximação se dá por gestos como participações em eventos, almoços, jantares ou mesmo ligações feitas, principalmente, por interlocutores ou autoridades que, em grande maioria, são amigos e aliados pessoais dos pré-candidatos.

Já à esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) têm feito contatos com agentes do mercado ao sondar economistas liberais para suas campanhas. A avaliação é de que eles pretendem passar a imagem de que não serão uma ameaça aos setores produtivo e financeiro, mais refratários às políticas de esquerda.

Lula mantém conversas com o economista Marcos Lisboa, diretor-presidente do Insper, e Ciro incluiu em sua equipe o economista Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Deltan Dallagnol encerrou a carreira no Ministério Público para ser candidato em 2022. Você concorda com a decisão dele?
Sim, como político ele pode contribuir mais com o país.
Não, ele é mais útil no MP investigando corruptos.
Como um empresário “ajuda” um candidato
De maneira geral, um candidato pode obter apoio empresários, banqueiros e investidores de duas formas: direto, por meio da doação de recursos para financiamento de campanha e aproximação de seu círculo social; ou indireto, através da neutralidade.

No caso da doação, ela tem de ser feita no período eleitoral e como pessoa física, pois empresas (pessoas jurídicas) não podem financiar candidatos. Nas eleições de 2018, por exemplo, doadores individuais repassaram R$ 106 milhões para 35 partidos políticos.

Em anos pré-eleitorais – e sobretudo a partir dos 12 meses que antecedem as eleições – é comum empresários organizarem jantares a pré-candidatos a fim de apresentá-los a amigos dos mercados e potenciais apoiadores e investidores.

O apoio indireto também não é incomum. “Muitos nos procuram mais no sentido de neutralizar os adversários e se certificar de nossa neutralidade do que em ter um aliado”, explica um empresário que preside uma entidade do setor de serviços. “Empresários não têm força para ‘ganhar’ uma eleição, mas eles podem atrapalhar alguém de ganhar. E os candidatos sabem disso.”

Qual a preferência do setor produtivo e do mercado
Tanto nos setores produtivos e no financeiro, empresários e investidores costumam ser atores muito pragmáticos no que se refere ao período eleitoral. Por esse motivo, à exceção dos que já têm algum candidato em mente, a tendência é que a maioria irá sondar o cenário político antes de “fechar” o apoio a alguém.

“Tem uma parte do empresariado que é bolsonarista. Tem uma parte que gostaria de uma terceira via. E tem uma outra parte, embora menor, que é lulista. Mas a maioria é muito pragmática e vai conversar com todo mundo antes de decidir quem apoiar”, afirma um empresário do setor varejista.

Quatro fontes do setor produtivo ouvidas pela reportagem dizem que a maioria dos empresários interessados em apoiar algum candidato mantém um apreço significativo por um candidato da terceira via. Entretanto, eles avaliam que é remota a chance de surgir um candidato de centro com força capaz de romper a polarização entre Jair Bolsonaro e Lula.

“O empresariado apostou muito no Bolsonaro e uma parcela grande se frustrou. Agora, muitos querem uma terceira via. Mas é muito difícil de ter uma [candidatura] viável”, diz uma das fontes.

No setor financeiro, a avaliação não é muito diferente. Existe o interesse por uma terceira via, mas o mercado vai sondar os candidatos antes de firmar apoio a alguém ou mesmo materializar o desejo por uma candidatura de centro. “O mercado vai se adaptar à realidade viável e a um futuro que, bom ou ruim, ele consiga saber como navegar e se planejar”, diz um interlocutor de grandes investidores.

Já um empresário do agronegócio diz que a grande maioria se mantém fiel a Bolsonaro.

Por que empresários e o mercado tratam a terceira via como improvável
Apesar do apreço existente por uma terceira via nas eleições de 2022, a pulverização de candidaturas é a principal entrave para que os agentes dos mercados vejam uma alternativa a Bolsonaro e Lula como viável. “A terceira via vai ficar tão diluída que vai fazer com que dificilmente algum candidato tenha uns 20% [dos votos]”, diz um empresário que preside uma entidade da indústria. “O Brasil vive a apoteose desses extremismos de esquerda e direita. Penso que a polarização se repetirá no segundo turno.”

Um empresário do setor de serviços entende que somente com a união de um centro absoluto a terceira via teria chances de romper a polarização e chegar ao segundo turno contra Bolsonaro ou Lula.

“A terceira via não precisa de voto; precisa de união. Tem uma parcela grande da população que a deseja. Mas calculo que Lula e Bolsonaro somarão em torno de 55% dos votos. Com os 15% históricos de brancos e nulos, sobram 30% em disputa. E não há ninguém capaz de aglutinar isso no centro”, diz a fonte.

Os empresários ouvidos pela reportagem afirmam que, no círculo empresarial, Eduardo Leite e Rodrigo Pacheco são os candidatos mais bem avaliados. Embora tenha o apoio de alguma parcela do empresariado, Moro ainda não convence a maioria.

“O Moro é candidato ao Senado ou a vice em alguma chapa. Ele não tem condições de liderar a terceira via”, avalia um empresário do varejo. “O maior mal de Moro foi a arrogância. Mas o principal de tudo, que nos diz respeito, é que ele ‘matou’ empresas. Ele não se satisfez apenas em criar um contraponto para toda a parte de corrupção e mazelas. Mas ele ‘matou’ empresas. Em lugar nenhum do mundo isso aconteceu”, diz um empresário da indústria em referência aos impactos da Operação Lava Jato sobre a economia.

A avaliação dos setores produtivos e financeiro de que a terceira via pode não se viabilizar pode comprometer o apoio a uma candidatura de centro. O cálculo feito pelo empresariado pragmático: um passo eleitoral “em falso” pode causar algum tipo de obstáculo na aproximação com um futuro governo, seja de Lula ou Bolsonaro. Por esse motivo empresários ligados a entidades representativas de seus setores evitam manifestar apoio sob o risco de comprometer uma futura relação institucional com o governo.

E Bolsonaro? Em quais setores econômicos ele pode perder apoio
Dentro dos setores produtivos, o agronegócio é o que Bolsonaro tem menos riscos de ver seu apoio ameaçado nas eleições de 2022. Já em outros segmentos, além do setor financeiro, o apoio não é mais tão sólido como nas eleições de 2018 – sobretudo no segundo turno, quando a grande maioria dos mercados decidiu apoiá-lo.

A avaliação feita na indústria é de que o setor está dividido. Parte tem apreço por uma terceira via e outra parcela gosta da ideia de uma política keynesiana nacional-desenvolvimentista apoiada pela esquerda.

O deputado federal Newton Cardoso Jr. (MDB-MG), presidente da Frente Parlamentar Mista Nacional da Indústria (FPI), avalia que o apoio para qualquer candidatura vai depender do desempenho da economia e das defesas a bandeiras do setor.

“A indústria vai, como sempre, se portar em defesa de pautas importantes, como redução da tributação sobre importação e proteção de certos segmentos que precisam de apoio por conta de ambientes internacionais. É preciso aprovar uma reforma tributária e criarmos condições de geração de empregos”, diz o parlamentar.

O ambiente no setor de serviços não é diferente. Após quase três anos de governo, a avaliação feita por empresários é de que a gestão Bolsonaro não transmitiu previsibilidade. “Bolsonaro termina desconstituindo muita coisa boa por conta de toda sua imprevisibilidade, que não está só no jeito e estilo de ser, falar ou de pensamento”, diz um empresário.

No agronegócio, embora Bolsonaro tenha um apoio mais solidificado, o presidente pode correr o risco de perder alguma parcela de apoio para uma candidatura de terceira via, analisa o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP), ex-presidente da Comissão de Agricultura da Câmara.

“O agro, lógico, vai ficar fechado com Bolsonaro até próximo das eleições porque o governo foi muito bom para o setor. Mas o agro é igual ao Centrão: vai até onde lhe é conveniente. Se o Bolsonaro definhar, o agro não vai abraçar só uma candidatura. Vamos lembrar que a própria Tereza [Cristina, ministra da Agricultura] aderiu ao Bolsonaro aos ’45 do segundo tempo’ [nas eleições de 2018]. Até então, ela apoiava o Geraldo Alckmin [candidato do PSDB”, diz Pinato.

Já no setor financeiro, o clima é de temeridade em relação ao futuro do governo Bolsonaro. Investidores do “mercado” estão apreensivos porque sentem que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está isolado e entendem que isso possa gerar um rompimento entre a gestão e uma política econômica liberal.

“O mercado está com medo. A gente tem um panorama que não está desenhado. Todos estão dando sinalizações para tentar conquistar os investidores. Até o Lula; está sondando o Marcos Lisboa – e não são conversas triviais. O temor é que de que o Bolsonaro seja o único a não fazer isso, jogar o Guedes fora e não trazer alguém do nível para o lugar”, explica um interlocutor próximo de investidores.


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