domingo, 24 de outubro de 2021

DETENÇÕES DE BRASILEIROS NA FRONTEIRA DOS ESTADOS UNIDOS É MUITO GRANDE

 

Migração

Por
Helen Mendes – Gazeta do Povo

Agentes americanos buscam pessoas suspeitas de atravessar o Rio Grande para entrar ilegalmente nos EUA, em McAllen, Texas, 11 de setembro de 2019| Foto: EFE/EPA/LARRY W. SMITH

Mais de 1,66 milhão de imigrantes que tentaram atravessar irregularmente a fronteira sul do Estados Unidos foram detidos por agentes americanos nos últimos doze meses. Esse é o número de detenções mais alto já registrado na fronteira entre EUA e México e representa uma grande crise para o governo do presidente americano Joe Biden. Os dados foram divulgados na sexta-feira (22) pelo Serviço de Alfândegas e Proteção das Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) e se referem ao ano fiscal de 2021, que terminou em setembro.

O número de brasileiros que tentaram entrar nos EUA também teve um aumento significativo neste ano. Entre outubro de 2020 e setembro deste ano, ocorreram mais de 56 mil detenções de brasileiros na fronteira sul, a maioria famílias, segundo dados do CBP. Apenas em setembro, foram 10.445 brasileiros detidos por agentes na fronteira sul do país. Em todo o ano de 2019, esse número foi de 17,9 mil.

O recorde anterior era do ano de 2000, quando agentes de fronteira americanos detiveram 1,64 milhão de migrantes (de todas as nacionalidades), de acordo com os dados que são reportados desde 1960.

Vários fatores contribuíram para o aumento da migração aos EUA, principalmente a pandemia de Covid-19, que afetou a economia mundial. Mas também, a impressão causada pelo governo Biden de que seria mais fácil entrar nos EUA.

Perfil do brasileiro mudou
“Muitos tiveram a impressão de que agora, com o governo Biden, pode entrar todo mundo. Mas não foi bem assim”, disse Felipe Alexandre, advogado de imigração e fundador da AG Immigration, um escritório de advocacia imigratória dos EUA. Segundo ele, as pessoas interpretaram que seria muito mais fácil entrar nos EUA durante o governo Biden, mas essa maior facilidade se aplica apenas a pessoas que têm mais qualificações profissionais ou que sofrem ameaças em seus países de origem.

“O Brasil não é um país que manda muitos refugiados. Você tem que comprovar que está enfrentando perseguição política ou religiosa”, afirma Alexandre, acrescentando que brasileiros que conseguem asilo nos EUA são os que comprovam estar em risco por causa de violência doméstica ou sua orientação sexual, por exemplo.

Segundo o advogado, o perfil do brasileiro que busca se mudar para os EUA mudou nos últimos dez anos. Os brasileiros que vão para fazer um trabalho mais braçal continuando chegando ao país norte-americano, mas aumentou muito o número daqueles que buscam ficar no país por suas qualificações profissionais.

A estratégia usada por muitos migrantes que conseguem atravessar a fronteira é se entregar às autoridades. “Eles terão uma entrevista. Se passarem nessa entrevista, têm chance de serem liberados com uma fiança ou em alguns casos sem fiança. É assim que está acontecendo”, explica Alexandre.

Críticas ao governo democrata
Uma regra de saúde pública implementada pelo governo de Donald Trump no início da pandemia, em 2020, continua sendo usada pela administração Biden para justificar a expulsão de migrantes que chegam ao país. Nos últimos 12 meses, a Patrulha da Fronteira expulsou mais de um milhão de migrantes com base nessa lei, chamada Title 42.

Republicanos têm culpado o governo Biden pela atual crise, dizendo que a derrubada de políticas mais rígidas da era Trump foi um incentivo para que os migrantes tentassem cruzar a fronteira. Já o governo Biden diz que o aumento do fluxo de migração é causado pela situação de pobreza e violência nos países de origem.

“O que estamos vendo na fronteira sul é uma crise”, disse Mike Pompeo, secretário de Estado do governo Trump, no Twitter na sexta-feira. “Se a administração Biden tivesse mantido as políticas que tínhamos em vigor, isso não teria acontecido”.

As críticas partiram também de alguns ativistas e políticos democratas, especialmente em relação à resposta das autoridades ao aumento da travessia ilegal de haitianos no mês passado, quando cenas de agentes a cavalo causaram controvérsia. Muitos também criticaram o governo pelo envio de haitianos de volta ao seu país com base no Title 42, o que estaria impedindo os haitianos de pedir asilo.

Números recordes
O número de crianças encontradas por agentes americanos na fronteira sem pais ou guardiães também foi o maior já registrado. Mais de 147 mil crianças desacompanhadas foram encontradas nos últimos doze meses. Cerca de 11 mil crianças permanecem sob a custódia do governo americano, segundo o New York Times.

O México é a maior fonte de migração ilegal aos EUA no último ano, com mais de 608 mil mexicanos detidos na fronteira. Em seguida estão os centro-americanos Honduras (308 mil) e Guatemala (279 mil).

As detenções de haitianos tiveram uma alta acentuada em 2021, com mais de 45 mil cidadãos do Haiti presos na fronteira dos EUA com o México.

Países da América do Sul também são a origem de um número significativo de migrantes em situação irregular nos EUA. Mais de 95 mil equatorianos foram detidos na fronteira sul nos últimos doze meses. No mesmo período, houve a detenção de mais de 47 mil venezuelanos e de 5,8 mil colombianos.

O número alto de detenções pode ser explicado em parte porque as expulsões com base no Title 42, que rapidamente mandam as pessoas de volta aos seus países de origem, provocaram um número incomum de migrantes cruzando a fronteira e sendo presos diversas vezes, segundo a Forbes.

Fluxo “sem precedentes” de brasileiros
O secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, conversou nesta semana com Carlos França, ministro das Relações Exteriores do Brasil, sobre o fluxo “inédito” de migração do Brasil aos EUA. Em telefonema na terça-feira (19), os chefes da diplomacia dos dois países debateram sobre como colaborar para reduzir o número de migrantes a caminho dos EUA.

Blinken e França discutiram “os movimentos migratórios irregulares sem precedentes pelo hemisfério” e como as duas nações poderiam trabalhar juntas para “frear o crescimento descontrolado de migrantes irregulares da região”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, segundo a Reuters.

Para conter o fluxo migratório irregular, Washington pediu que o México passasse a exigir visto de visitantes brasileiros, o que não acontecia desde 2004, e por isso os migrantes tinham um caminho mais fácil rumo aos EUA.

Blinken ainda elogiou o Brasil por sua “liderança em assistir às populações vulneráveis de migrantes, incluindo haitianos e venezuelanos”.


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O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO CRESCEU IMPULSIONADO PELA FOME

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

Colheita de soja.| Foto: Michel Willian/Arquivo/Gazeta do Povo

Recentemente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos produziu um relatório no qual analisa a evolução do agronegócio brasileiro e afirma que o Brasil fez a maior revolução tecnológica do mundo no setor, tornando-se um dos mais importantes atores mundiais na produção e exportação de alimentos. É o reconhecimento de que o país, apesar de continuar sendo nação emergente, conseguiu surpreendente revolução no setor primário no período de 40 anos e passou a ser uma das esperanças para alimentar a população mundial, que passou de 3 bilhões de habitantes em 1960 para 7,8 bilhões atualmente, caminhando para chegar em torno de 9,5 bilhões daqui a 30 anos. O agronegócio, recorde-se, não diz respeito apenas às atividades produtivas na lavoura, mas a toda a cadeia econômica que vai desde o plantio até a mesa do consumidor, incluindo transporte, armazenagem, indústria, comércio, portos, distribuição etc.

A alimentação da enorme população mundial e a possibilidade de um dia eliminar a fome na Terra, mesmo nas mais pobres das nações, vão depender do aumento da produção de alimentos e, também, do livre comércio entre as nações. Os países mais pobres do mundo precisarão ter acesso à produção mundial de alimentos para conseguirem alimentar seus milhões de crianças e adultos que passam fome ou estão no grupo dos parcialmente subnutridos. A fome não é problema somente das nações pobres e famintas, mas do mundo inteiro, seja por razões humanitárias ou como instrumento para obtenção da paz e da prosperidade. Nessa linha, o livre comércio entre as nações deixa de ser um assunto apenas econômico de curto prazo para se tornar uma questão política e de segurança internacional.

Tornou-se muito difícil debater e estudar opiniões divergentes ligadas ao agronegócio, à fome, ao meio ambiente e ao comércio entre as nações, principalmente por obra de posições radicais e slogans simplistas – quando não falsos

A revolução do agronegócio foi impulsionada mais pela ameaça da falta de alimentos para a população, que cresceu aceleradamente nos últimos tempos (faz apenas 190 anos que o mundo atingiu 1 bilhão de habitantes, em 1830), e pelos riscos oriundos dos conflitos políticos e/ou militares entre as nações. Dito de outra forma, parte relevante da expansão do comércio internacional é fruto da essencialidade dos produtos alimentícios para a existência humana, mesmos nos momentos em que mais vicejaram o protecionismo e o fechamento das economias nacionais. Depois da Segunda Guerra Mundial, em especial, até o fim dos anos 1970 muitos países adotaram ideologias e políticas econômicas contrárias à abertura internacional, hostis ao capital estrangeiro e prejudiciais à ampliação do comércio exterior. Na América Latina, por pelo menos três décadas vigorou a rejeição ao capital estrangeiro e às empresas multinacionais – inclusive no Brasil, quando era moda os políticos fazerem carreira atacando as multinacionais e a prática exportadora.

Mesmo com alguma expansão do comércio entre as nações, órgãos internacionais como o Banco Mundial afirmam que o crescimento do comércio internacional de alimentos continua esbarrando em práticas protecionistas diversas, como taxação de importação, subsídios a produtores internos e barreiras não tarifárias. Nas duas décadas iniciais deste século 21, entrou em cena mais fortemente a questão do meio ambiente, devido à constatação de que em muitos países a exploração dos recursos naturais para a produção de alimentos e outros bens primários estava (e está) sendo feita com prejuízos à natureza. Ainda que ninguém tenha a verdade absoluta e final a respeito do impacto exato da ação do homem no meio ambiente, é fato inegável que há exploração ineficiente de recursos naturais esgotáveis, desmatamento, pauperização do solo, poluição e malefícios à biodiversidade.


Esses são alguns elementos que acenderam a luz vermelha quanto ao futuro da vida humana na Terra e suas condições de sobrevivência saudável, de forma que é um equívoco pensar, planejar e agir no grande espectro do agronegócio fora das questões políticas ligadas à fome e à preservação das condições ambientais. Não apenas porque práticas ambientais irresponsáveis em certa nação prejudicam as vendas do seu agronegócio, mas porque as alterações ambientais têm o poder de reduzir a produtividade no campo, quebrar safras e anular os ganhos da revolução agrícola.

Todos esses assuntos e problemas acabaram tendo seu debate, estudos, conhecimento e políticas prejudicados pelo radicalismo. Tornou-se muito difícil debater e estudar opiniões divergentes ligadas ao agronegócio, à fome, ao meio ambiente e ao comércio entre as nações, principalmente por obra das posições radicais e slogans simplistas – quando não falsos – opondo direita e esquerda, capitalismo e socialismo, globalização e protecionismo, conservadores e “progressistas”, pobres e ricos etc. Exemplo recente foi dado pelo Movimento dos Sem-Terra e pela Via Campesina, que dias atrás vandalizaram a sede da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), em Brasília, pichando frases como “agro mata” e afirmando, em nota, que o agronegócio “impulsiona a inflação dos alimentos e contribui para o aumento da fome no Brasil”.

Ocorre que os problemas estão aí clamando por solução, entre os quais se destacam a pobreza, a miséria, a fome e o desemprego em grande parte das nações do mundo. Esses são problemas de todos, não de qualquer classe específica, e os períodos de eleição deveriam ser propícios para a ampliação dos estudos e debates, até para a sociedade conhecer o que pensa e o que propõe cada candidato pretendente a dirigir as gigantescas estruturas estatais que terão de dar resposta a tais questões.


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O DIABO EXISTE NA POLÍTICA

 

  1. Opinião 

O PT não se desculpa por seus erros, e aqueles que o partido não pretende repetir, julga ter poder de apagar

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

Desde que o PT precipitou a maior crise econômica, política e moral da Nova República, a população esperou em vão por um mísero mea culpa. Após o impeachment de Dilma Rousseff, a única bandeira a unificar seus correligionários foi a denúncia ao “golpe”, logo substituída pelo slogan “Lula Livre”. O PT se opôs a reformas modernizantes como a da Previdência, opõe-se a outras, como a administrativa, e não oferece alternativas construtivas aos desmandos que acusa. Em campanha eleitoral, o partido se mostra incapaz de propor uma agenda positiva para o futuro, muito menos de reconhecer os erros do passado. Ao contrário, afirma que vai repeti-los, por exemplo, implodindo o teto de gastos que estancou a hemorragia fiscal deflagrada no governo Dilma Rousseff. 

Ainda pior, o PT não só pretende repetir seus erros de gestão, como julga ter poder de apagar os crimes dos quais foi cúmplice. Em entrevista coletiva, a sua presidente, Gleisi Hoffmann, afirmou que nunca houve “corrupção sistêmica”, superfaturamento ou desvio de dinheiro na Petrobras.

Boa parte desses delitos foi confessada pelos próprios delinquentes, que devolveram bilhões desviados à Petrobras. Com base em uma auditoria da PriceWaterhouseCoopers, a própria Petrobras admitiu no balanço de 2014 que US$ 2,5 bilhões foram pagos a mais a “um conjunto de empresas que, entre 2004 e abril de 2012, se organizaram em cartel para obter contratos com a Petrobras, impondo gastos adicionais nestes contratos e utilizando estes valores adicionais para financiar pagamentos indevidos a partidos políticos, políticos eleitos ou outros agentes políticos, empregados de empreiteiras e fornecedores, ex-empregados da Petrobras e outros envolvidos no esquema de pagamentos indevidos”.

Segundo Gleisi Hoffmann, a PriceWaterhouse foi obrigada pela Lava Jato a atestar as perdas. Não há evidências disso. Por outro lado, é notório que à época o PT pressionou a diretoria da Petrobras comandada por Maria das Graças Foster, executiva de confiança de Dilma Rousseff, a não publicar os dados auditados, levando a um impasse e finalmente à renúncia de Foster e outros diretores. Depois, a Petrobras participou dos processos judiciais como assistente de acusação do Ministério Público, recuperando mais de R$ 6 bilhões superfaturados pelos cartéis.

O Tribunal de Contas da União (TCU), atuando independentemente da Lava Jato, expôs uma série de ilicitudes nos contratos da Petrobras. Na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, o TCU identificou que o orçamento inicial de US$ 13,4 bilhões foi majorado para US$ 26,3 bilhões. Ao mesmo tempo que o custo final foi dobrado, a refinaria produz apenas metade dos 230 mil barris de petróleo inicialmente previstos. O TCU estimou que as perdas da Petrobras apenas em Abreu e Lima acumularam US$ 19 bilhões.

Similarmente, o TCU verificou que a torre Pirituba, em Salvador, inicialmente orçada em R$ 320 milhões, foi construída pela OAS e a Odebrecht por R$ 1,3 bilhão, e que a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – jamais concluída – gerou perdas de US$ 12,5 bilhões.

É conhecida a candura com que a ex-presidente Dilma Rousseff expôs os métodos petistas: “Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”. Ironicamente, o PT, ciente de que ninguém fez mais do que Dilma para arruinar o suposto legado de Lula, a incluiu no rol dos erros a serem esquecidos. O ex-poste de Lula é hoje uma ausência garantida nos discursos e comícios do demiurgo de Garanhuns. 

Lula, por sinal, afetou melindres em suas redes sociais: “Eu sou de um tempo onde a disputa era apenas eleitoral. Você não estava numa guerra. Seu adversário não era um inimigo”. Que o diga a ex-petista Marina Silva, sordidamente vilanizada pelos marqueteiros do PT nas campanhas de 2014, ou todos os brasileiros vilipendiados como “fascistas” simplesmente por recusarem o culto a Lula da Silva.

O despudor com que o PT tenta reescrever a história do País para edulcorar sua trágica passagem pelo poder rivaliza com o sistemático embuste bolsonarista, o que permite prever que a campanha de 2022, mantido o favoritismo de Lula e Bolsonaro, fará corar o próprio Pinóquio.

CPI DA COVID NÃO VALEU DE NADA

  1. Política 

CPI da Covid acabou ou está morta? Mais: chegou a estar viva algum dia?

J. R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

A “CPI da Covid”, após seis meses como o único evento na vida política do Brasil, a bomba de hidrogênio que iria reduzir o governo a pó e mandar o presidente da República para a cadeia pelos próximos 80 anos, finalmente acabou. Acabou ou está morta? Mais: chegou a estar viva algum dia, já que tinha as suas sentenças de condenação perfeitamente prontas antes mesmo de ser aberta a sua primeira sessão de “trabalhos”?

O relator da comissão e o seu presidente, mais um ou outro ajudantezinho, fizeram uma monumental simulação de atividade nos últimos 180 dias – parecia que estavam investigando os horrores mais extremados dos 521 anos de história do Brasil. Mas nunca investigaram nada, não de verdade, e o resultado é que as suas conclusões são as que já estavam prontas quando tiveram a ideia de montar esse show. Do nada, no fim das contas, saiu o nada.

CPI da Covid
Sessão de apresentação do relatório final da CPI da Covid. Foto: Gabriela Biló/Estadão – 20/10/2021

Qual a seriedade que se pode esperar, dos pontos de vista legal, político e moral, de uma comissão que passa seis meses a vender a ideia de que está apurando atos monstruosos de corrupção e, no fim dos “trabalhos”, não inclui entre as suas acusações oficiais o desvio de uma única caneta Bic? Ou havia ladroagem ou não havia – ou havia em outro lugar, bem longe de onde estavam procurando. Se não havia, os sócios-controladores da CPI passaram seis meses mentindo para o público. Se havia, por que não aparece nada no relatório final? Outra trapaça, de nível equivalente a essa, é o conto do “genocídio”. Não se pode sair por aí dizendo, assim à toa, que alguém é genocida; em matéria de crime, não é como passar a mão no celular da moça que está esperando no ponto do ônibus. A CPI trapaceou de novo – disse que tinha genocídio. Depois disse que não tinha. Dá para levar a sério?

Era só ler o que está escrito na lei: genocídio é destruir “grupo nacional, étnico, racial ou religioso”. Para isso o sujeito tem de “matar membros do grupo”, ou submeter o grupo, “intencionalmente”, a condições que levem à sua “destruição física”, ou “impedir os nascimentos no seio do grupo” ou, enfim, fazer “transferências forçadas de crianças para outro grupo”. É coisa de gente que mexe com campo de concentração, e daí para baixo. Como atribuir um átomo de honestidade a quem brinca com acusações como essa?

A CPI, nisso aí, revelou que tem credibilidade zero, com viés de baixa. Porque seria melhor nas suas acusações de “crime contra a humanidade”, ou de “epidemia” – que, segundo a lei, não é andar sem máscara, mas “propagar germes patogênicos”? É difícil dizer.

JORNALISTA

 

POLÍTICOS ESQUECEM FACILMENTE

 

  1. Cultura 

Sobe governo, cai governo, ele está lá, sorridente junto ao trono; não tem princípios, tem interesses

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

No longínquo 2018, escrevi sobre o velho príncipe Talleyrand (1754-1838), daquelas personagens a que nós estamos acostumados, possivelmente sem ligar o nome à pessoa. Sinto-me impelido a falar dele de novo. Se bem que não me interessa tanto o diplomata em si, porém sim o tipo que ele personificou. Sobe governo, cai governo, ele está lá, sorridente junto ao trono. Não tem princípios, tem carreira e, claro, interesses. Corresponde ao tipo cínico, não no sentido filosófico grego, todavia na pessoa com tal grau de flexibilidade moral que esteja distante da moral em si. 

Ler um autor assim causa um estranhamento: por um lado, parece que ele é realista, alguém que não se deixa enganar, um homem atento ao mundo real e não ideal. Por outro lado, parece que rejeitamos a visão de mundo que ele apresenta e, talvez, nunca consigamos distinguir se rejeitamos o mundo tal como Talleyrand o descreve ou o próprio príncipe-autor. Com o tempo, eles viram um símbolo e, como Maquiavel, acabam atraindo todas as ideias similares para si, transformando-se em autores consagrados de coisas que nunca disseram. 

Exemplos? No campo de gênero, ele dizia que as mulheres poderiam até perdoar a tentativa de sedução de um homem, ainda que nunca perdoassem se o homem desperdiçasse tal oportunidade oferecida. Qual o papel dos homens medíocres? São fundamentais nos grandes eventos porque… não se encontram neles. E o uso da palavra? Ele considerava a oratória um dom para poder disfarçar o próprio pensamento. E a política? Para ele, era uma forma de agitar as pessoas antes de usá-las. Em frase similar, o nobre recomenda agitar o povo antes de poder usá-lo (Agiter le peuple avant de s’en servir, sage maxime). PUBLICIDADE

Como eu disse, pessoas muito cínicas possuem dom magnético e tudo que parecer representar o distanciamento de valores morais acabará grudando nelas. Quando os Bourbons foram restaurados após a Revolução Francesa, o bom senso imaginava que eles teriam aprendido uma dura lição. Luís XVI fora decapitado, a guilhotina tinha feito estragos amplos, o mundo tinha mudado completamente e os ventos napoleônicos atingiram quase toda a Europa. O mundo de 1814-15 era distinto daquele que aceitara o poder absolutista no período do Antigo Regime. Os irmãos do guilhotinado assumiram o trono: Luís XVIII e, depois, Carlos X. Bom senso, sensibilidade política, moderação… Nada!

Voltaram iguais ou piorados: perseguiram quem participou da Revolução. Sem anistia, sem negociação, sem equilíbrio diplomático: aos Bourbons, atribui-se a frase a Talleyrand, “nada tinham aprendido, porém, nada tinham esquecido”. A frase, na verdade, foi enunciada bem antes da Restauração. Acabou apegada ao autor como análise da política desastrada dos governantes. 

Nada aprenderam porque não avaliaram a mudança do mundo. Funcionaram como um professor que, em pleno ano de 2021 e sob vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente, quisesse a volta da palmatória. Por outro lado, se foram atacados de amnésia seletiva diante da história, deveriam, ao menos, ter feito faxina geral na culpa, igualmente. Não! Nada esqueceram, nada perdoaram, tudo lembraram de quem tinha atuado contra a família ou quem era a favor de Napoleão. A incapacidade de acompanhar o mundo, somada à incapacidade de esquecer ofensas passadas, custou a coroa, mais uma vez, à família. Em 1830, subiu ao poder Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que havia aprendido algumas coisas e esquecido outras. 

Luís XVI em tela de Antoine-François Callet (1779)
Luís XVI em tela de Antoine-François Callet (1779) Foto: Google Art Project

A ideia (nada esqueceram, nada aprenderam) foi usada com frequência depois. Quando o presidente Bolsonaro fala algo que fere ouvidos de outros poderes, existe uma reação e, quase sempre, o chefe do Executivo retrocede. Muitos se lembram de Talleyrand quando ocorre novo ato de confronto. 

Quando Lula faz discursos sobre sua volta, muitos se lembram da dupla advertência do político francês. Tanto para os chamados conservadores como para a chamada esquerda, o príncipe Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord sorri e recomenda aprender algo e esquecer-se de muitas coisas. 

Agora pediremos calma ao andor que o santo é brasileiro. A ideia é aprender e esquecer como estratégia política de cooptação de adversários, solapamento de valores e flexibilidade moral para atingir o poder. É isso que estamos recomendando aos nossos políticos? Bem, historicamente, eles já praticaram bastante esses processos de esquecimento de programas para comporem alianças as mais amplas possíveis. Maluf, Lula e Haddad se abraçando nos jardins da mansão paulistana é a prova de que, em matéria de esquecimento, nenhum francês pode dar qualquer lição aos nossos políticos. 

Queremos Bolsonaro declarando amor genuíno ao sistema de freios e contrapesos dos poderes constitucionais? Seria uma concessão excessiva ao teatro midiático se nosso chefe do Executivo passeasse entre as emas no jardim do palácio lendo Locke e Montesquieu? O que de fato Talleyrand defendeu a vida toda é que o aprendizado e a amnésia fossem instrumentos hipócritas para manter o poder. Assim ele conseguiu fazer durante a Revolução, com Napoleão e com os reis seguintes. Ele aprendia tudo e conseguia apagar tudo que atrapalhasse seu projeto. É isso que desejamos? 

Sinuca de bico: detestamos a sinceridade em política e pregamos que os políticos sejam sempre sinceros. Só elegemos quem prometa o paraíso e jamais toque em medidas amargas e necessárias. Queremos que eles aprendam tudo e se esqueçam de tudo, desde que não afetem nossos interesses ou dinheiro. Na prática: continuam lembrando-se de tudo que interessa ao poder e nunca esquecendo que somos sensíveis a narrativas míticas. Vive le roi! Vive la Révolution. Vive moi-même! Importante, “même”, aqui, não é o desenho do WhatsApp… Resta a esperança.

MEMES DA CPI DA COVID

 

Política

CPI da Covid


CPI da Covid

Com menções a ícones pop e memes, CPI vai de Mia Khalifa a Casa de Papel

Ex-atriz pornô Mia Khalifa virou "personagem" da CPI da Covid - Reprodução/Instagram
Ex-atriz pornô Mia Khalifa virou “personagem” da CPI da Covid Imagem: Reprodução/Instagram

Hanrrikson de Andrade e Luciana Amaral

Além das acaloradas discussões entre senadores e dos longos interrogatórios realizados nos últimos seis meses, a CPI da Covid, que deve chegar ao fim na próxima terça-feira (26), ficou marcada pelos deboches com ícones da cultura pop, ironias contendo referências históricas e menções a memes famosos nas redes sociais.

Um dos momentos de maior descontração ocorreu à medida que os parlamentares fizeram da ex-atriz pornô Mia Khalifa, digital influencer com mais de 25 milhões de seguidores no Instagram, “personagem” nas reuniões do colegiado.

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A repercussão nas redes sociais foi tão grande que a celebridade de origem libanesa interagiu com o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no Twitter.

“Em vez de negociar com o Butantan, Pazuello foi negociar a CoronaVac com uma empresa de importação de produtos eróticos… Corre aqui, Mia Khalifa! Acho que estavam te usando de cortina de fumaça!”, ironizou o congressista do bloco de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)

O tuíte foi publicado em 18 de julho. Horas depois, Mia entrou na brincadeira e enviou mensagem em resposta, também no Twitter: “Vocês estão em crise… Estou a caminho”.

A ex-atriz pornô foi citada em várias outras oportunidades, sempre em tom de ironia. A brincadeira surgiu dois meses antes em provocação ao senador governista Luis Carlos Heinze (PP-RS), entusiasta de medicamentos sem eficácia no tratamento da covid-19, como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina.

De acordo com o parlamentar gaúcho, existe uma conspiração internacional para favorecer a indústria farmacêutica (a “big pharma”) e omitir, em escala global, uma suposta eficiência desses remédios no combate aos sintomas do novo coronavírus —fato que é comprovadamente inverídico, segundo estudos clínicos e avaliações feitas por médicos e autoridades sanitárias.

Mia Meme - Reprodução - Reprodução
Meme com a foto da ex-atriz pornô Mia Khalifa Imagem: Reprodução

Em várias oportunidades, Heinze mencionou suposta pesquisa da revista Lancet, que, segundo ele, teria sido encomendada por uma empresa gerenciada por uma atriz pornô.

Ele não fez menção nominal a Mia. Mas o argumento do congressista foi imediatamente associado nas redes sociais a uma corrente de fake news que se popularizou durante a pandemia e que tinha a foto da ex-atriz pornô.

“Gostaria de questionar essa comissão, sobre qual das minhas falas, eu citei o nome da Mia Khalifa? Não conheço e nunca ouvi falar o nome dela. Não sabia nem o nome”, rebateu Heinze na reunião realizada em 9 de junho.

Apesar dos esforços do senador bolsonarista em negar a menção a Mia, o estrago já havia sido feito. Nas redes sociais, usuários produziram memes em série com fotos da influencer, e ela própria chegou a publicar uma montagem na qual aparecia prestando depoimento à CPI.

Responsável pelas interações com Mia no Twitter, Randolfe brincou com a situação em vários momentos. Em um dos interrogatórios realizados em junho, o senador insinuou, em tom de ironia, que o colegiado deveria convocá-la para prestar depoimento.

“O senador Heinze, aqui, várias vezes, tem prestado alguns dados importantes a esta CPI, não é? Já informou aqui, por exemplo, que houve a aprovação do Parlamento italiano sobre o uso de hidroxicloroquina, que teve greve pelo tratamento precoce na Grã-Bretanha e que, parece-me, a Mia Khalifa deveria, talvez, vir a esta CPI.”

Gil do Vigor teve bordão citado na CPI da Covid - Reprodução/Instagram @gildovigor - Reprodução/Instagram @gildovigor
Gil do Vigor teve bordão citado na CPI da Covid Imagem: Reprodução/Instagram @gildovigor

Gil do Vigor

No depoimento da médica Nise Yamaguchi, suspeita de integrar o chamado gabinete paralelo que assessorava informalmente Bolsonaro e estimulava o uso de cloroquina, em junho, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), soltou um “Desse jeito, o Brasil está lascado”.

A frase fazia referência ao bordão cunhado por Gil do Vigor, um dos participantes do BBB 21 (Big Brother Brasil, 21ª edição) que mais se destacaram no reality show da TV Globo.

A declaração de Aziz aconteceu quando Nise era questionada por senadores da oposição sobre sua eventual defesa da tese da imunidade de rebanho, que consiste em chegar a um ponto de contato com o vírus em que haja uma quantidade suficiente de pessoas imunes, interrompendo a transmissão comunitária.

Cientistas e especialistas em saúde pública são contra deixar parte da população se contaminar naturalmente devido à possibilidade de que muitas mortes ocorram, sem garantia de que a imunidade da maioria seja atingida.

“Vou falar aqui que nem o pernambucano que ficou conhecido: desse jeito, o Brasil está lascado mesmo”, disse Aziz no meio da discussão.

La Casa de Papel

Em 23 de setembro, Omar Aziz fez uma menção irônica à série espanhola La Casa de Papel, sucesso mundial da Netflix.

Depois de ouvir que uma das empresas ligadas ao depoente Danilo Trento, diretor institucional da Precisa Medicamentos, chamava-se Berlin, o chefe do colegiado perguntou se a companhia tinha alguma relação com o personagem Berlim, um dos líderes do assalto à Casa da Moeda da Espanha, enredo da primeira temporada de La Casa de Papel.

Berlim, personagem de Pedro Alonso, em pôster da parte três de La Casa de Papel - Divulgação - Divulgação
Berlim, personagem de Pedro Alonso, em pôster da parte três de La Casa de Papel Imagem: Divulgação

“Não é aquele personagem de ‘La Casa de Papel‘?”, questionou Aziz. Randolfe entrou na brincadeira: “Não, essa é a Berlin que o doutor Danilo conhece. Mas o assalto a banco só nisso tem similaridade.”

A Precisa Medicamentos buscou intermediar a compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde. As negociações estão envoltas em suspeitas de irregularidades e acabaram canceladas.

Getúlio Vargas

Também no depoimento de Danilo Trento à CPI, Aziz protagonizou outro episódio que gerou piadas na internet. Depois de o depoente se negar a responder questionamentos, alegando que faria uso do direito ao silêncio garantido por habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, o presidente da comissão indagou:

“Senhor Danilo Trento, eu tenho uma informação. A história diz que o ex-presidente Getúlio Vargas teria se matado. O senhor participou desse evento, da morte dele?”, ironizou o senador.

Trento permaneceu calado.

Rolando Lero

O humorista Marcelo Adnet como Rolando Lero na nova Escolinha do Professor Raimundo - Reprodução/Viva - Reprodução/Viva
O humorista Marcelo Adnet como Rolando Lero na nova Escolinha do Professor Raimundo Imagem: Reprodução/Viva

Em depoimentos realizados em junho, o governista Marcos Rogério (DEM-RO), um dos mais atuantes na defesa de Bolsonaro, foi comparado por colegas ao personagem Rolando Lero, do programa Escolinha do Professor Raimundo, eternizado pelo ator Rogério Cardoso (morto em 2003).

Na nova versão da Escolinha, o personagem é vivido pelo humorista Marcelo Adnet.

O motivo: discursos intermináveis e repletos de figuras de linguagem. Segundo bastidores da comissão, em apuração feita pela Folha de S.Paulo, o apelido teria sido dado por Omar Aziz.

O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) em sessão de apresentação do relatório oficial da CPI da Covid - Roque de Sá/Agência Senado - Roque de Sá/Agência Senado
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) em sessão de apresentação do relatório oficial da CPI da Covid Imagem: Roque de Sá/Agência Senado

Escolinha do Professor Raimundo

O programa humorístico em si, que ganhou uma versão rejuvenescida após a morte de Chico Anysio, também foi lembrado durante os trabalhos da CPI.

Em um dos vários embates verbais entre Aziz e Eduardo Girão (Podemos-CE) —que se declara independente, mas é tido como alinhado ao discurso do presidente Bolsonaro na comissão—, houve troca de farpas com menção à “Escolinha”.

Depois de apresentar uma questão de ordem —pedido ou questionamento— rejeitada pelo presidente do colegiado, Girão o acusou de “dar notas” para os senadores e protestou. “Aqui não é Escolinha do Professor Raimundo, não. O senhor faz o que quer aqui dentro, manda e desmanda.”

Aziz rebateu com uma ironia: “E vossa excelência é um mau aluno”.

Elenco da edição antiga da "Escolinha do Professor Raimundo" - Acervo/Globo - Acervo/Globo
Elenco da edição antiga da “Escolinha do Professor Raimundo” Imagem: Acervo/Globo

‘Pênis na Fiocruz’

O depoimento com a servidora Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, realizada em maio, repercutiu nas redes depois que ela reafirmou críticas à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e disse que “havia um pênis na porta” da instituição.

O comentário foi feito depois que senadores da CPI exibiram um áudio com mensagem antiga de Mayra na qual ela relata o episódio do “pênis na porta”. Na mensagem enviada por meio do aplicativo WhatsApp a colegas do ministério, a servidora questiona suposta atuação enviesada da Fiocruz e acusa a instituição de ser contra todo mundo que “não é de esquerda”.

“A Fiocruz é um órgão ligado ao Ministério da Saúde, que é mantida com recursos do Ministério da Saúde, e trabalha contra todas as políticas que são contrárias à pauta deles de minorias. Tudo deles envolve LGBTI, eles têm um pênis na porta da Fiocruz, todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara, as salas são figurinhas do ‘Lula livre’, ‘Marielle vive'”, afirma Mayra, no áudio.

“Existia um objeto inflável em comemoração a uma campanha na porta da entidade”, reiterou ela durante o depoimento, em referência ao suposto pênis.

Mayra ficou conhecida popularmente como “capitã cloroquina” pela defesa entusiástica de remédios sem eficácia no tratamento da covid-19.

NETWORKING NA VIDA É MUITO IMPORTANTE

 

*Mara Leme Martins

O período de pandemia e isolamento social mudou a forma de trabalhar dos brasileiros, além de abrir novas oportunidades e perspectivas de trabalho. Para se ter ideia, uma pesquisa da FIA Employee Experience (FEEx), com dados colhidos no segundo semestre de 2020 a partir de questionários respondidos por 213 empresas em todo o território nacional, aponta que 90% das empresas aderiram a alguma modalidade de home office. Além disso, somente 43% das empresas ofereciam alguma opção de trabalho à distância antes da pandemia.

As pessoas também começaram a buscar novas formas de negócios para se reinventar profissionalmente em meio a tantas mudanças causadas pela pandemia. De acordo com o Mapa de Empresas, do Ministério da Economia, no fim do terceiro quadrimestre de 2020 existiam 11 milhões MEIs ativos no Brasil. Em março deste ano, eles já respondiam por 56,7% do total de negócios em funcionamento no país.

A pandemia mudou a vida e os negócios como os conhecemos, e deixou ainda mais claro que para quem quer seguir adiante e se dar bem na carreira, é importante entender a melhor forma de criar conexões com as pessoas.

Os líderes das empresas estão começando a perceber que a implementação eficaz da tecnologia é absolutamente crítica agora. A implementação e o aumento do home office é apenas uma das inúmeras provas de que não há como sobreviver, em tempos pós pandêmicos, sem estar conectado com a cultura do trabalho digital.

É importante entender que o gênio saiu da garrafa e é provável que muitas pessoas adotem uma abordagem híbrida para suas redes de trabalho, mesmo após a pandemia. À medida que isso acontecer, nós veremos mais networking de negócios ocorrendo por meio de algum tipo de formato de realidade mista, que irá globalizar o mercado.

Entretanto, por mais que o virtual possa funcionar, ainda acredito que algumas coisas têm um melhor resultado presencialmente. Quando falamos de networking, as reuniões cara a cara são mais adequadas e não vão desaparecer completamente. Isso porque, quando trabalhamos com networking, estamos falando sobre como cultivar e colher relacionamentos com as pessoas. É sobre se relacionar, não fazer negócios.

Para quem deseja fazer um networking que dê resultados, listo algumas dicas:

Não vá direto para o modo de vendas: as pessoas tentam pular a visibilidade e a credibilidade para chegar ao momento da lucratividade com mais rapidez. Isso acontece o tempo todo, principalmente nas redes sociais. As pessoas se conectam e no dia seguinte estão vendendo seus produtos e serviços.

A realidade é que isso são vendas, não networking. É preciso ter uma conexão verdadeira ou ajudar alguém antes de pedir algo. As pessoas costumam dizer que perguntar nunca é demais, mas estão erradas. Pode doer e as coisas podem dar errado se você perguntar muito cedo.

Leve em consideração o “efeito borboleta”: quando falamos em efeito borboleta, é algo simples e fácil de se entender. Você não sabe quem as pessoas conhecem, então apenas entre em contato com alguém para construir um relacionamento. É preciso ter um ponto de partida para conhecer as pessoas.

Conhecendo alguém em uma reunião ou evento, ela pode te indicar para outras pessoas e, dessa forma, você vai construir relacionamentos sem saber onde esse efeito borboleta pode te levar, mas mudando a vida dos seus negócios.

Fale com as pessoas: quando se trata de networking, é importante falar com as pessoas e pensar em maneiras criativas de construir o seu negócio. Dedique tempo aos relacionamentos que você já tem. Estenda a mão e pergunte se elas estão bem, se há algo que você pode fazer para ajudá-las.

A correria do dia a dia nos faz pensar que nunca há tempo para fazer networkings, mas na realidade sempre há. Não é tarde demais para começar a construir sua rede agora, uma pessoa de cada vez.

Lei da Reciprocidade: é importante ter a visão de que a confiança colaborativa é a moeda mais valiosa nos negócios, nos relacionamentos e na vida. O marketing de referência e indicações nunca foram tão importantes quanto nos dias de hoje, em que as empresas precisam conquistar novos clientes, presencial ou remotamente, para não colocar em risco a sua operação.

Os empreendedores precisam aprender os benefícios da filosofia “Givers Gain”, ou seja, “se eu lhe ajudar indicando negócios, você vai se interessar em me ajudar também”. É a Lei da Reciprocidade em ação no mundo dos negócios.

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