quarta-feira, 20 de outubro de 2021

O RECONHECIMENTO FACIAL COMPLETA AS INFORMAÇÕES DAS PESSOAS

Sua alma em troca de uma promessa vazia
1984 2.0: George Orwell na era do Blockchain – Seu rosto agora é propriedade do Estado

Por
Daniel Lopez – Gazeta do Povo

Reconhecimento facial: segurança ou fim da privacidade?| Foto: Reprodução/Gemalto

Controle. Nunca a humanidade esteve tão monitorada, submetida a escrutínio, análise e avaliação. Um monumental processo de registro de dados privados está em pleno funcionamento, e seu uso vai das mais inocentes estratégias publicitárias até a identificação de dissidentes políticos. E hoje tornou-se mais fácil do que nunca realizar tal monitoramento, uma vez que as redes sociais, conectadas aos smartphones, permitiram uma observação, em tempo real, de todos os movimentos, pensamentos, opiniões, gostos e padrões de consumo. Se informação é poder, os detentores dos dados mais íntimos de cada indivíduo se transformaram nas pessoas mais poderosas do mundo. E eles querem mais.

O armazenamento de um volume tão espantoso de informações, em escala global, poderia ser usado para encontrar a cura para muitas doenças, eliminar a pobreza mundial e tornar a vida na terra um paraíso. Porém, infelizmente, os controladores não possuem em seus corações (se é que haja um ali) os melhores interesses da humanidade. Por enquanto, o que temos visto é o uso das novas tecnologias para magnificação da fortuna e do poder.

O metrô de Moscou deu-nos um exemplo de como esse processo está se desenrolando hoje. Foi anunciado recentemente o fim do uso de bilhetes no transporte subterrâneo da capital russa. A novidade chegou com ares de grande benefício para os milhões de usuários semanais que passam pelas 241 estações da cidade, uma vez que evita filas e simplifica o processo de embarque. Para garantir tal “conforto”, foram instaladas nada menos do que 200 mil câmeras com sistema de reconhecimento facial, que liberam automaticamente a entrada de passageiros nas plataformas.

No entanto, o sistema, nomeado de Face Pay, trouxe um desdobramento não tão nobre. Através da tecnologia de monitoramento ostensivo, já foram presos cerca de 12 críticos ao governo, acusados de participar de manifestações favoráveis a líderes oposicionistas. Isso tem levado alguns grupos a criticar a tecnologia, uma vez que, por trás da proposta de garantia de segurança, a ferramenta pode comprometer a privacidade, uma vez que é capaz de identificar com quem a pessoa fala, analisar o círculo social de cada um e servir a interesses políticos.

Você pode achar tudo isso muito estranho, mais afeito a ficções distópicas, e se tranquilizar na suposição de que isso não chegou aqui ainda. É aí que você se engana. Vou contar uma história curiosa e esclarecedora, que teve um desdobramento recente, desfavorável para os controladores. Em abril de 2018, foi anunciado que alguns trechos do metrô de São Paulo começariam a utilizar sistemas de reconhecimento facial. No caso russo, a proposta trazia, supostamente, um esforço de segurança pública e de maior agilidade no acesso aos trens. Na capital paulista, entretanto, a ideia era avaliar a reação dos usuários perante propagandas exibidas nas estações. As publicidades, expostas em telas interativas nas portas das plataformas de embarque, seriam equipadas com pequenas câmeras capazes de interpretar as expressões no rosto de cada um que olhasse para as imagens.

Isso te lembra alguma coisa? Telas que, ao mesmo tempo, exibem imagens e filmam os espectadores? George Orwell ficaria abismado ao perceber a materialização das “teletelas” de sua obra-prima, o “1984”, em que o Grande Irmão controlava todos por meio desses monitores com câmeras embutidas, sempre em busca de dissidentes do sistema.

Bem, voltando ao caso paulista, em pouco tempo começaram a surgir preocupações com a novidade. Enquanto alguns levantavam a possibilidade de as informações serem utilizadas de forma prejudicial, outros, mais otimistas, buscavam tranquilizar os usuários, afirmando que as pessoas não seriam identificadas inicialmente, que os dados não seriam aplicados em desfavor dos indivíduos e que tal modelo já era usado ao redor do mundo para tornar o serviço mais eficiente. Seria muito bom se fosse verdade. Mas não foi o que concluiu o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), ao protocolar, ainda em maio de 2018, uma ação civil pública contra a concessionária que havia instalado as telas. O argumento era que o sistema havia sido inaugurado sem o prévio consentimento dos usuários, e não oferecia a possibilidade de impedir a exploração comercial de suas informações pessoais. O Instituto afirmou que, segundo a Lei Geral de Proteção de Dados, a gravação de imagens de pessoas dispersas na multidão somente poderia ser realizada com fins de segurança, e não com finalidade comercial.

Três anos depois, o desfecho da ação popular saiu, neste último mês de maio. O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou a concessionária a pagar R$ 100 mil pela captação de imagens sem o consentimento dos passageiros. A concessionária afirmou que não armazenava os dados nem fazia o reconhecimento facial dos usuários, acrescentando que avaliaria os possíveis recursos cabíveis. Pode ter sido um alívio para aqueles que se preocupam com sua privacidade, mas um desdobramento difícil de imaginar ocorrendo na Rússia.

Você poderia pensar que, como o sistema foi implementado em 2018 – portanto, antes do início da pandemia e da obrigação de uso de máscaras em espaços públicos – ele estaria obsoleto, uma vez que, com o uso compulsório do protetor facial, não seria possível que as câmeras identificassem as pessoas. Quem usa smartphones com esse sistema já experimentou a desagradável situação de, dentro um shopping ou banco, não conseguir desbloquear o aparelho devido à máscara. Mas se engana quem pensa que a proteção no rosto impede o reconhecimento. No início deste ano, um estudo mostrou que as tecnologias de reconhecimento facial já evoluíram ao ponto de conseguir identificar uma pessoa mesmo com o rosto coberto. Se antes apenas 50% dos equipamentos conseguiam reconhecer alguém com parte da face protegida, os novos sistemas instalados em aeroportos mundo afora já conseguem fazer identificações mesmo assim, evitando a necessidade de retirar a máscara em público.

Os otimistas dirão que isso poderá reduzir drasticamente a criminalidade, quando todos os locais públicos estiverem equipados com câmeras de reconhecimento facial. É o mesmo argumento daqueles que dizem que a substituição do dinheiro físico pela moeda digital reduzirá os crimes, uma vez que tudo ficará registrado. Segundo o economista Robert Wenzel, uma moeda digital controlada pelo Banco Central americano poderia representar uma das medidas mais perigosas já tomadas por uma agência governamental. Isso porque possibilitaria não apenas rastrear as transações mas impedi-las por algum motivo. Segundo Wenzel, em termos de liberdade individual, a novidade representaria um enorme pesadelo.

Não seria esse um preço muito caro? Trocar a privacidade pela segurança? Você ficaria tranquilo em saber que alguém (ou alguma instituição, pública ou privada) armazenou todas as suas informações mais íntimas? Será que eles tratariam com carinho e respeito os seus dados pessoais? Eu também acho que não. Mas quer saber de uma coisa? Eles já possuem tais informações, e foi você mesmo que concedeu, com seu smartphone e seu computador. E agora? O que fazer? Não sei. Boa pergunta.


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A PANDEMIA CAUSA O SILÊNCIO

 


  1. Cultura
     

Ao contrário dos carros que emitem ruídos estranhos, nossas mazelas não fazem ruído

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

“O pior som de uma pandemia é o que, em música, chamamos de pausa: o silêncio. Há algo ensurdecedor no que vivemos: vozes de mais de 600 mil pessoas que deixaram de falar. A morte é a coisa mais gritante e inaudível em perversa combinação. Ao contrário dos carros que emitem pequenos ruídos estranhos quando estão com algum problema, nossas mazelas físicas raramente provocam ruído. O vírus que avança, o tumor que se instala, a artéria que se entope de vez são, usualmente, um gato andando sobre um tapete grosso: nada se ouve.

Karnal
Gravura de 1656 mostra médico com proteção contra peste negra Foto: Wikimedia Commons

Além do silêncio enorme causado pela pandemia, há o apagar de vozes importantes na arte. Músicos ficaram sem emprego, orquestras fecharam, deixamos de produzir shows e a pausa malévola dos palcos atingiu camarins, coxias, luzes e figurinos. Conviveremos muito tempo com os efeitos colaterais da pandemia na área cultural. Decidimos reabrir bares e restaurantes, depois escolas e, por fim, teatros e casas de espetáculo. O risco de contaminação é grande em todos; a ordem mostra algo do nosso mundo e dos valores que praticamos.PUBLICIDADE

Talvez as crises históricas (guerras, revoluções, desastres naturais e epidemias) tenham sempre um efeito duplo. Por um lado, aceleram o que já estava posto. A Peste Negra do século 14 desestruturou o já claudicante feudalismo. A Grande Guerra (1914-18) fez ruir impérios decadentes e multinacionais como o turco-otomano ou o austro-húngaro. Porém, além de acelerar o que já era notado, os processos citados costumam revelar o que se tentava disfarçar ou se convivia sem alarde. As crises revelam muito o caráter dos seus atores e atrizes.

A pandemia desnudou muitas pessoas. Acompanhei gente que descobriu, enfim, o peso do desamparo da pobreza no Brasil. Alguns amigos se tornaram voluntários. O epítome da doação que brilhou ainda mais no caos sanitário e social que vivemos foi o padre Júlio Lancellotti. Sim, há quem o considere equivocado. Existem detratores da sua ação. Acusam a publicidade constante que ele intensificou com fotos em redes sociais. Um “agente do comunismo internacional”, aquele risco extraordinário que habita o fundo do último buraco da consciência de alguns reacionários. O comunismo no Brasil é como a neve no nosso país: sim, pode ocorrer aqui e ali de forma bissexta, acumula pouco sobre o solo, derrete ao sol e produz bonecos muito pífios com turistas encantados. Nosso comunismo é como a neve em Gramado, deleite de Instagram mais do que efervescência revolucionária…

Imagino que, estando com fome na rua, uma pessoa não olha para o padre Júlio e pensa: nossa, este cara está tentando me cooptar para um projeto político esquerdista baseado na sociologia de Marx e Engels. Acho que, quase todos, devem ficar agradecidos. A cena do padre Júlio batendo com marreta pedaços concretados de engenharia de sanitarismo social canhestro é uma das mais marcantes. Discorda? Sem problema: qual a sua prática cotidiana a favor de pessoas em situação de rua? Se você faz algo distinto e eficaz sobre a questão, então, tem condições de se posicionar de forma diferente. Para sair da rua, precisamos de esperança.

LEANDRO KARNAL É HISTORIADOR, ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, AUTOR DE ‘A CORAGEM DA ESPERANÇA’, ENTRE OUTROS

EMPRESAS DEVEM TRABALHAR COM QUALIDADE TOTAL

 

ERPLAN – SICLOPE

Qualidade Total é um sistema de gerenciamento, baseado em estratégia, dados e comunicação, para melhorar continuamente os processos organizacionais através de um conjunto de princípios. O objetivo final sempre é atender ou exceder as expectativas dos clientes, conduzido pelo trabalho cooperado entre todos os membros da organização.

A construção desses princípios de Gestão da Qualidade Total têm suas raízes em dois americanos, W. Edwards Deming e Joseph Juran, responsáveis pela recuperação do Japão após a Segunda Guerra Mundial, com metodologias como o PDCA e a Trilogia Juran (Planejamento, Controle e Aperfeiçoamento).

O processo de Gestão da Qualidade Total começa com o despertar da necessidade de mudança. Em geral essa é uma mobilização lenta, até que uma crise, como a pandemia do Covid-19, vivenciada mundialmente, torne urgente a reavaliação das estruturas corporativas.

Em seguida é esperada a ação, motivada por esse despertar. Há a expectativa da mudança diante do grande potencial de melhoria. Surgem os treinamentos e a busca por resultados em curto prazo, baseados em informações ainda pouco elaboradas.

Geralmente, é após esse introito, que o comprometimento com a Gestão da Qualidade Total é firmado. Inicia-se a fase do foco. Oportunamente, há levantamentos mais sólidos de dados e novas definições estratégicas. O enfoque é organizacional, as equipes passam a trabalhar integradas e as habilidades individuais são valorizadas. A empresa precisa estabelecer um relacionamento duradouro com seu cliente. A mudança não é mais por resultados diante de crises, mas pelo reconhecimento de sua importância.

A execução da Qualidade Total corrobora para o crescimento contínuo e para a lucratividade do negócio. A empresa estará constantemente reavaliando seus pontos fortes e fracos, com integração de dados, ambientes e processos, sempre atualizada e em sintonia com as mudanças tecnológicas, ambientais, sociais, econômicas e políticas.

Os 10 Princípios da Gestão de Qualidade Total

1 – Satisfação do cliente: atender ou exceder as expectativas do cliente, seja ele interno ou externo.

2 – Gerenciamento do processo: gerenciar os processos para a identificação de melhorias.

3 – Coleta e análise de dados: coleta e análise de dados das atividades em andamento, com o envolvimento de toda a organização.

4 – Decisões embasadas: decisões orientadas por informações obtidas pela coleta e análise de dados.

5 – Parcerias fortalecidas: a melhoria do processo requer boas parcerias, com a correta escolha de fornecedores, para garantir a qualidade do que é recebido e consequentemente do que é entregue. É preciso haver benefícios mútuos.

6 – Equipes interessadas: ter funcionários engajados e ​​usar as equipes para buscar a melhoria contínua dos processos organizacionais.

7 – Comunicação transparente: é preciso compartilhar informações com indivíduos e equipes para melhorar os processos. A responsabilidade é de todos.

8 – Treinamentos na gestão da qualidade total: independentemente do nível, todos dentro da organização devem receber treinamento.

9 – Avaliação e melhoria contínua: o desempenho do processo é medido por indicadores de qualidade, produtos e resultados e os indivíduos são reconhecidos e recompensados por suas contribuições à melhoria e desempenho do processo.

10 – Liderança participativa: a liderança precisa estar ativamente envolvida, liderando pelo exemplo. Precisa desenvolver outras pessoas, transformar uma visão em ação, orientada para o cliente, criar uma cultura de qualidade, tomar decisões baseadas em dados, medir resultados, planejar estratégias de qualidade, usar recursos humanos e apoiar o trabalho em equipe.

As ferramentas de gestão são mais tradicionais, porém permanecem atuais, não substituem os softwares, mas também têm sua importância. Há, por exemplo, a Análise SWOT, que explora forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, o Ciclo PDCA, que traz as etapas de planejamento, execução, verificação e ação, os 5S’s, que falam sobre o senso de utilização, organização, limpeza, padronização e disciplina, o 5W2H, que traz as perguntas: o que, por que, onde, quando, quem, como e quanto, os Diagramas de Pareto, Ishikawa, Dispersão, entre outras. A junção dessas ferramentas com plataformas digitais de execução e gestão é uma combinação explosiva.

Empresas com Gestão da Qualidade Total podem buscar uma certificação internacional e aumentar sua reputação e competitividade. Certificações como a ISO 9001, criada pela International Organization for Standardization, que define requisitos desde 1987, é uma das mais requisitadas e foi revisada 4 vezes desde a sua criação (1994, 2000, 2008 e 2015), para garantir que continue relevante para o mercado.

No caso dos requisitos estabelecidos pela ISO, para comprovar que os processos da organização continuam em evolução, a cada três anos é feita uma auditoria de certificação. Manter a certificação ou mesmo a Gestão da Qualidade Total em dia permitirá a melhoria contínua da empresa, garantindo sua eficiência e qualidade, introduzindo novos projetos, reduzindo perdas e tornando a organização mais competitiva e lucrativa.

Fontes de pesquisa: Quality Government: Designing, Developing, and Implementing TQM, Por Jerry W. Koehler, 1996 e ABNT.

PROPÓSITOS DA VALEON – “ValeOn É TOP”

ValeOn é uma Startup Marketplace que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa.

Encontre Produtos, Profissionais e Serviços em toda a região do Vale do Aço

Site: https://valedoacoonline.com.br/ ou App Android valeon

Moysés Peruhype Carlech

A ValeOn é uma startup daqui da região e foi acelerada pelo programa AGITA/SEBRAE/MG e pretendemos atuar no ramo de Publicidade e Propaganda online e pretendemos atender a todas as 27 cidades do Vale do Aço.

O nosso mercado será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar os produtos / serviços para vocês clientes, lojistas, prestadores de serviços e profissionais autônomos e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.

Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

O nosso diferencial está focado nas empresas da região ao resolvermos a dor da falta de comunicação entre as empresas e seus clientes. Essa dor é resolvida através de uma tecnologia eficiente que permite que cada empresa / serviços tenha o seu próprio site e possa expor os seus produtos e promoções para os seus clientes / usuários ao utilizar a plataforma da ValeOn.

A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona. Pretendemos cadastrar todas as empresas locais com CNPJ ou não e coloca-las na internet.

A Plataforma Comercial da ValeOn é um site moderno, responsivo, profissional, projetado para atender às necessidades dos serviços da região onde existem várias formas de busca: por cidades, por empresas, por produtos, por atividades, por município e por procura.

Para acessar a plataforma da ValeOn poderá ser feita por:

Site: https://valedoacoonline.com.br/

Aplicativo App: Digitar valeOn no Playstore do Google

Detalhe interessante dessa inovação da ValeOn é que os lojistas/prestadores de serviços/profissionais autônomos inscritos na Plataforma não precisarão fazer nenhuma publicidade ou propaganda, quem o fará é a equipe da ValeOn responsável pela plataforma.

Sobre a publicidade de divulgação dos nossos clientes será feita em todas as redes sociais: facebook, instagran, whatsApp, google, linkedin, rádios locais, jornais locais e onde for possível fazê-la.

Vamos tornar a nossa marca ValeOn conhecida em toda a região como um forma de ser desenvolvedora do comércio da região e também de alavancar as vendas do comércio local.

Nossos contatos: Fones: (31) 3827-2297 e (31) 98428-0590 (Wpp)

E-MAIL: valeonbrasil@gmail.com

Site: https://valedoacoonline.com.br/

terça-feira, 19 de outubro de 2021

SENADORES CONTRA LAVA JATO IMPEDEM A SABATINA DE MENDONÇA

 

Ex-ministro e ex-AGU

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

André Mendonça e Sergio Moro, no plenário do STF, no início de 2020| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O impasse em torno da indicação do ex-advogado-geral da União André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) decorre, entre outros motivos, da pecha de “lavajatista” que senadores enrolados com a Justiça colocaram sobre ele. Trata-se de uma tentativa de angariar votos para a rejeição do nome dele em um momento de ataque legislativo contra a operação.

Em parte, a fama de “punitivista” veio de advogados próximos de senadores que leram os trabalhos acadêmicos de Mendonça e disseram a eles que, dentro do STF, ele poderia reverter várias decisões recentes, de placar apertado, que ajudaram a enterrar a Lava Jato.

Se ingressar na Corte, André Mendonça vai herdar, por exemplo, a relatoria das ações que, em 2019, acabaram com a prisão em segunda instância. No julgamento, na qualidade de advogado-geral da União, ele defendeu a execução da pena após a condenação em segundo grau. Se virar ministro e mantiver esse entendimento, ele poderá virar o placar e resgatar a jurisprudência que levou à prisão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros condenados que depois foram soltos. À Gazeta do Povo, no entanto, Mendonça disse que essa é uma decisão cabe ao Congresso Nacional.

Fora isso, Mendonça ainda poderá participar de outras decisões ligadas ao combate ao crime e a corrupção, como ações para afrouxar a Lei da Ficha Limpa, implementação do “juiz de garantias” (que cuidará só de investigações e não poderá julgar réus) e prováveis ações futuras contra retrocessos ainda em discussão no Congresso, como o enfraquecimento da Lei de Improbidade e a PEC que reduz a independência do Ministério Público.

Para entender como pensa André Mendonça sobre o combate à corrupção, a Gazeta do Povo pesquisou a trajetória dele na Advocacia-Geral da União e na Controladoria-Geral da União, conversou com ex-colegas de academia e governo, analisou o que ele falou, escreveu e fez.

Críticos de André Mendonça dizem que, em boa parte da carreira, ele atuou como um burocrata sem brilho e nunca figurou no círculo de juristas e professores renomados no Brasil, como é o caso, por exemplo, de Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes.

Apoiadores e amigos, por outro lado, destacam a qualidade de sua produção acadêmica na Universidade de Salamanca, justamente no campo de estudo do combate à corrupção, e elogiam métodos que criou para negociar acordos de leniência e calcular o valor do ressarcimento que empresas devem pagar ao Estado por atos de corrupção.


André Mendonça na Lava Jato
Apesar de nunca ter integrado a linha de frente da investigação sobre o assalto à Petrobras e outras estatais, desmantelado pela Lava Jato, Mendonça conheceu a fundo as falcatruas, ao atuar na negociação e pactuação de acordos de leniência com as empreiteiras.

Entre 2017 e 2018, antes de virar advogado-geral da União, Mendonça coordenou, na CGU, as equipes que celebravam os acordos. Em 2019, já no comando da AGU, anunciou que já havia fechado seis leniências, nas quais as empresas se comprometeram a devolver R$ 6 bilhões.

O plano, na época, era usar as provas entregues por elas para apresentar ações de improbidade contra pessoas físicas e jurídicas também envolvidas nos atos de corrupção, com o objetivo de cobrar delas mais R$ 25 bilhões dali para frente.

No final de 2019, foram apresentadas 200 ações pedindo ressarcimento de R$ 4,1 bilhões. Nos primeiros sete meses de 2020, a AGU apresentou mais 1.116 ações para cobrar R$ 3,6 bilhões.

O impulso é atribuído dentro do órgão à estruturação de procedimentos uniformes para a proposição das ações, fruto dos estudos de André Mendonça e outros advogados da União que, como ele, aprofundaram-se em estudos sobre reparação da corrupção na Espanha.

Uma das inovações foi a criação, ainda no início de 2019, do Grupo de Ajuizamento Decorrente de Acordos de Leniência (Graal), uma espécie de força-tarefa de advogados públicos dedicados à elaboração e ajuizamento dessas ações.

“Os acordos de leniência representam um marco no combate à corrupção, se apresentando com uma ferramenta eficaz na recuperação de ativos. A atuação do Graal potencializará esses efeitos e certamente contribuirá para uma mudança de paradigma da atuação do Estado brasileiro na repressão da corrupção e na recuperação de ativos”, disse, na época, o diretor do Departamento de Patrimônio Público e Probidade da AGU, Vanir Fridriczewski, que, assim como Mendonça, é egresso do programa de doutorado de Salamanca.

Compreensão ‘sistêmica’ da corrupção
Na última década, quando floresceu no Brasil a agenda de combate à corrupção (o sucesso da Lava Jato é atribuído, em boa medida, a leis aprovadas até 2013 no Congresso), a Universidade de Salamanca, na Espanha, tornou-se uma espécie de meca dos estudos na área, para onde rumaram, em busca de aperfeiçoamento, promotores e advogados públicos engajados nesse campo.

As escolas de formação interna da AGU e do Ministério Público fizeram parcerias com a instituição espanhola para programas de intercâmbio e pesquisa.

“O ambiente acadêmico da Universidade de Salamanca mostrou-se o mais qualificado na dinâmica de circulação internacional da expertise relacionada à repressão e prevenção da corrupção”, diz o procurador federal Eduardo de Moura Menuzzi numa dissertação de mestrado dedicada ao tema.

Em 2013, André Mendonça formou-se mestre na universidade com dissertação sobre recuperação de ativos procedentes da corrupção. Em 2018, concluiu doutorado com tese sobre princípios que deveriam ser adotados em processos de recuperação de dinheiro desviado, com destaque para a gestão da informação e do conhecimento — algo que se tornaria relevante, na AGU, por exemplo, para organizar a enxurrada de relatos, dados e provas entregues por empresas que montaram megaesquemas de corrupção, inclusive com ramificações fora do país, como se descobriu na Lava Jato.

Nas conclusões de sua tese, Mendonça trata a corrupção como um “fenômeno complexo”, que deve ser estudado não só à luz do direito, mas também da economia, sociologia, ciência política, antropologia e história. Assim, a prevenção e a repressão também não podem se limitar a processos judiciais, formulação de novas leis e criação de órgãos públicos especializados, mas envolver também ações na área de educação, reformas na legislação tributária e no sistema político-partidário, além da montagem de uma rede de organismos estatais conectada e ágil na troca de dados.

Em 2019, Mendonça resumiu algumas dessas ideias em artigo publicado num livro que organizou em homenagem ao ministro do STF Dias Toffoli. Embora não mencione a Lava Jato, emitiu sinais de como deve ser o enfrentamento à corrupção nos órgãos de investigação e repressão. Por um lado, defendeu características reconhecidamente presentes na operação — como o planejamento, perfil e capacitação específica dos investigadores nesse campo e uma atuação proativa, sem “passividade, lentidão ou excesso de formalismo”; por outro, rechaçou estratégias que sempre foram condenadas por críticos das forças-tarefa.

“Não se admite uma atuação personalizada, individualizada ou sem planejamento”; “atuação cooperativa: jamais deve ser corporativista ou egocêntrica, tanto pessoal como institucionalmente, nem mesmo subliminarmente”; “não se admite uma atuação simplesmente voluntariosa ou midiática”; “atuação deve ser consciente, prudente e estratégica, evitando-se demandas temerárias, infundadas e injustificadas”, escreveu Mendonça no artigo, ao propor princípios para o combate à corrupção.


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MINISTÉRIO PÚBLICO INTERFERE NA AUTONOMIA MÉDICA

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

A empresa de planos de saúde Prevent Senior é alvo do MP-SP e da CPI da Covid.| Foto: Divulgação/Prevent Senior.

“O médico brasileiro não precisa de nenhum tutor, não. O médico brasileiro sabe tratar o paciente dele. Ele não precisa que jornalistas, políticos, defensores públicos, ninguém, nem entidades médicas, digam para ele o que fazer”, afirmou, em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro. Ele e a entidade que preside têm sido voz quase solitária na defesa de um dos pilares da profissão, a autonomia médica. Autonomia esta que está para sofrer mais um ataque desmedido, caso o Ministério Público de São Paulo consiga impor à Prevent Senior um Termo de Ajustamento de Conduta em que, na prática, os promotores tomam o lugar dos médicos na definição do tratamento para pacientes de Covid-19.

A empresa de saúde, que tem unidades próprias, vem sendo acusada de uma série de práticas, como obrigar os médicos da rede a empregar o dito “tratamento precoce” contra o coronavírus, ou usá-lo sem que os pacientes estejam cientes disso, além de omitir a Covid-19 em atestados de óbito para “inflar” estatísticas de sucesso no tratamento da doença. São acusações muito graves e que precisam ser apuradas com todo o rigor, com a devida responsabilização caso se comprove o uso de tais expedientes. No entanto, o TAC proposto pelo MP-SP lança o pêndulo para o outro extremo quando se refere à maneira como os pacientes de Covid deverão ser tratados na rede futuramente.

Membros do MP querem substituir os médicos no trabalho de determinar como cuidar dos pacientes, uma violação grotesca da autonomia médica

O primeiro item do TAC obriga a Prevent Senior a “não entregar, distribuir, enviar, promover, prescrever ou receitar, onerosa ou gratuitamente, a qualquer título, direta ou indiretamente, e por qualquer meio, inclusive pessoalmente, por via postal ou por transporte próprio ou terceirizado, o denominado ‘kit Covid’ aos seus pacientes, sejam esses sintomáticos, assintomáticos ou ainda testados ou não testados para a Covid-19”. E o “kit Covid” é definido como o “grupo de medicamentos considerados ineficazes para tratamento da Covid-19”, incluindo, “dentre outros medicamentos, cloroquina, hidroxicloroquina, flutamida, etarnecept, azitromicina, oseltamivir, ivermectina, nitazoxanida, colchicina, zinco, corticoides, vitaminas e anticoagulantes”.

Logo de início, há um erro conceitual grave, pois, como já lembramos recentemente neste espaço, há uma enorme diferença entre um tratamento ser “considerado ineficaz”, ou seja, estar plenamente estabelecido que ele não funciona, e ter “eficácia não comprovada”, ou seja, ainda não estar plenamente estabelecido que ele realmente ajuda a curar a Covid. Ribeiro enfrentou este tema em sua entrevista. “Se quiser discutir a eficácia da hidroxicloroquina e da ivermectina para o tratamento da Covid, essa discussão é legítima. Porque você tem de tudo na literatura. Tem estudos que mostram eficácia e estudos que não mostram. (…) Onde que está estabelecido na literatura, de forma limpa e cristalina, que a ivermectina não tem ação na Covid? Você tem de tudo. Há trabalhos seríssimos mostrando que não tem ação. E tem bons trabalhos também mostrando que tem ação”, afirmou, mostrando que o tratamento precoce se encaixa no segundo grupo, o de “eficácia não comprovada”.

V


Mais grave ainda, no entanto, é a pretensão dos procuradores do MP-SP em determinar como os médicos da Prevent Senior deverão tratar os pacientes com suspeita ou confirmação de Covid – ou, melhor dizendo, como deverão não tratar, pois o TAC proíbe a prescrição dos medicamentos do tratamento precoce, mas não oferece nenhuma outra alternativa. Em outras palavras, são membros do MP querendo substituir os médicos no trabalho de determinar como cuidar dos pacientes, uma violação grotesca da autonomia médica que Ribeiro, mesmo sem comentar especificamente o caso da Prevent Senior, também contesta. “Como que alguém, em sã consciência, pode questionar a autonomia do médico? (…) O médico tem de te tratar dentro daquilo que ele julgue que seja o melhor para você. Ele tem de ser autônomo para estabelecer o que é melhor no tratamento do paciente”, afirma.

“Nós estamos falando da Covid, uma doença que não tem dois anos. A ciência não deu resposta”, diz o presidente do CFM. E, se a outra opção disponível é simplesmente tratar sintomas e torcer para que a doença não se agrave, médico e paciente têm todo o direito de recorrer a tratamentos que julguem ser capazes de levar à cura. Ribeiro é bem claro quanto aos parâmetros em que isso deve ocorrer: o paciente precisa ter toda a informação, estar ciente de que o resultado positivo não é garantido, e a decisão precisa ser tomada em conjunto – afinal, trata-se do chamado “uso off-label”, em que um medicamento é usado para finalidade diferente daquela para a qual foi criado.

Se a outra opção disponível é simplesmente tratar sintomas e torcer para que a Covid não se agrave, médico e paciente têm todo o direito de recorrer a tratamentos que julguem ser capazes de levar à cura

A chave é a liberdade de médico e paciente. Pois a autonomia, como lembra Ribeiro, contempla todos os casos, inclusive o do médico que não confia no tratamento precoce. Se, por um lado, o presidente do CFM questiona: “Por que nós não respeitamos o médico que usa a droga e tem bons resultados com a droga?”, por outro ele recorda que também “existem pacientes que querem ser tratados com essas drogas reposicionadas, e o médico não acredita e fala: ‘Não vou te tratar com essa droga’. O nosso parecer dá respaldo para o médico tanto em uma ponta como na outra”. Esta liberdade é essencial para o bom exercício da medicina, aquele que tem em vista sempre o bem do paciente, e que muitas vezes exige decisões rápidas e difíceis por parte dos profissionais.

“Se nós não temos resposta, deixem o médico brasileiro em paz”, pede Ribeiro – um pedido que o MP-SP não parece disposto a ouvir, querendo assumir o papel dos médicos ao definir o que pode e o que não pode ser usado na tentativa de curar uma doença nova e para a qual ainda não há nenhum medicamento específico e de comprovada eficácia. Um órgão que tem por missão defender os interesses da sociedade acaba, assim, agindo contra esses interesses, violando direitos de pacientes e profissionais e, possivelmente, contribuindo para negar aos infectados pela Covid o mesmo direito à saúde que diz estar protegendo.


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CPI DA COVID TERMINA COM UM FIM TRÁGICO

 

Relatório final

Por
J.R. Guzzo – Gazeta do Povo

Relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), responde a nove processos na Justiça acusado de corrupção.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

Após seis meses de ilegalidades, de abusos e de comportamento em geral infame, durante os quais impôs ao público espetáculos diários de hipocrisia, má-fé e falsificação grosseira da verdade, a “CPI da Covid” se prepara para encerrar um dos piores momentos de toda a história do Senado Federal. É uma história que já não oferece — nunca ofereceu — grande coisa de útil ou edificante para quem paga os seus atores. Agora ficou menor. Desonesta nas intenções, inepta na execução e irracional nas conclusões, a CPI prepara-se para acabar no mesmo clima de incompetência em que começou — seus donos não conseguiram, nem sequer, acertar direito o dia para a leitura do “relatório dos trabalhos”.

A “CPI da Covid” já vai tarde. Em todos os seus meses de atividade, e apesar de todas as agressões que seus gestores cometeram contra o processo legal de investigação existente no país, não conseguiram apurar um único crime de corrupção efetivamente praticado pelo governo federal no combate à Covid — como era a sua promessa central. Não apuraram delito nenhum, na verdade.

Nada do que enfiaram no seu relatório final — uma palhaçada de 1.000 páginas, como se tamanho fosse documento — se sustenta numa vara de justiça de terceira categoria. Por isso mesmo, a farsa gigante que armaram não vai resultar, na vida real, em absolutamente nada. Os proprietários da CPI queriam derrubar o governo com a sua investigação. Não vão conseguir nem mesmo uma vantagem eleitoral decente para o ano que vem.

A CPI que agora se encerra existiu, na prática, por uma única e exclusiva razão: a mídia brasileira se associou de corpo, coração e alma ao relator, ao presidente e aos seus subordinados diretos, e passou os últimos seis meses publicando exatamente o que eles determinavam que fosse publicado. Foram eles, na verdade, os principais editores do noticiário político neste país desde que o STF, num ato de pura militância, obrigou o presidente do Senado a abrir a CPI.

Sem o apoio maciço dos meios de comunicação, que durante todo o processo agiram como participantes das “investigações” e instrumentos de propaganda para os seus operadores, não teria havido nada. O que houve, no fim, foi só barulho — mas, sem a imprensa, nem isso teria havido.

De maneira deliberada ou por desatenção, na ânsia de “derrubar o governo” — o que seria ainda mais patético — a mídia transformou em novo herói da República um dos políticos mais enrolados com a Justiça penal que se pode encontrar hoje em atuação no Brasil. Para não encompridar o assunto: o homem tem nove processos no lombo por corrupção e, como tantos outros, está escondido no Congresso para se proteger com as suas “imunidades parlamentares”.

Isso para não falar no presidente da CPI, metido até o talo em denúncias de corrupção em seu estado, o Amazonas, justamente por ladroagem na área da saúde — sua própria mulher e irmãos foram para o xadrez, no mesmo episódio. É uma história que termina em ruínas.


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JUSTIÇA AMERICANA NÃO FAZ MALABARISMOS POLÍTICOS

 

Condenação

Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo

Supremo Tribunal Federal adere à campanha Novembro Azul. Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF (07/11/2019)

Supremo Tribunal Federal gostar de fazer acrobacias jurídicas de vez em quando, como no caso do passaporte vacinal.| Foto: Rosinei Coutinho/STF

No momento em que o Rio Grande do Sul debate o passaporte da vacina decretado por uma única pessoa, o governador Eduardo Leite (PSDB), o deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) entrou na Câmara Federal com um projeto de lei mostrando que é impossível ter passaporte da vacina diante da Constituição que é mais forte. O artigo 5ª da Constituição estabelece que “todos são iguais sem distinção de qualquer natureza”. Portanto, não se pode distinguir vacinados de não vacinados.

Mas tanta coisa já foi rasgada na Constituição que é triste e perigoso. Um exemplo é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, que considerou que tem que voltar o passaporte da vacina da prefeitura de Macaé que foi derrubado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Ele ressuscitou esse passaporte que contraria direitos e garantias fundamentais que todo brasileiro deve ter para desfrutar de liberdade, que é essencial para a democracia.

Exemplo que vem dos EUA
E enquanto o nosso Supremo anula condenações da Lava Jato, a Justiça americana, não. Ela condenou o ex-presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, a 20 meses de prisão e a pagar uma indenização de R$ 2,2 milhões por propina e suborno na Petrobras. Ou seja, a Justiça americana não faz os malabarismos, as acrobacias, que fez o STF.

Sem provas contra chapa Bolsonaro/Mourão
Falando em Justiça, o Ministério Público Eleitoral afirma não ter nenhuma prova, além de uma notícia na Folha de São Paulo, sobre qualquer problema com a chapa Bolsonaro/Mourão. O presidente já foi absolvido em ma ação no Supremo porque as provas eram só recorte de jornal.

Investigações contra Renan
Por outro lado, a Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo o aprofundamento de mais investigações para apurar propina paga a Odebrecht a um senador que hoje é relator de uma CPI que está no seu ocaso, Renan Calheiros (MDB-AL).

Preservação de nascentes
O presidente Jair Bolsonaro lançou em Minas Gerais, nesta segunda-feira (18), um programa para ressuscitar nascentes plantando árvores. Vão fazer isso com o Rio Parnaíba, o Rio São Francisco e o Rio Grande. Ao mesmo tempo, farão barragens para regular o fluxo do Rio São Francisco, que é necessário para a energia elétrica e mais água para o Nordeste. São coisas que se falaram muito nos últimos 40 anos e nunca ninguém fez, e está sendo feito agora.


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RELATÓRIO DA CPI DA COVID FOI FEITO PELO LULA

 

  1. Política 

Aliados do presidente Bolsonaro citam ligação do relator com o petista e tentam dar conotação política ao parecer em uma tentativa de minimizar o desgaste diante do resultado das investigações

Marcelo de Moraes, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid atravessando uma crise interna depois que o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi antecipado pelo Estadão, o governo já decidiu precificar o desgaste que o presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e ministros sofrerão por conta do resultado das investigações da Comissão. Mesmo com alguns dos integrantes do chamado G7 discordando de trechos do parecer de Renan, especialmente na acusação de promover genocídio entre indígenas e contra o senador Flávio Bolsonaro, o governo admite que não há como impedir que um relatório muito duro seja apresentado.

A ideia do Planalto é trabalhar politicamente para tentar desqualificar as acusações e carimbá-las como sendo de cunho político e eleitoral. Ou como “relatório do Lula”, segundo definiu um aliado muito próximo de Bolsonaro, citando a ligação política de Renan com o petista.

Bolsonaro e Mourão
O presidente da República, Jair Bolsonaro, e o seu vice, Hamilton Mourão. Foto: Dida Sampaio/Estadão – 15/9/2021

Se o cenário eleitoral de 2022 é evidente nessa reação do governo, a divergência interna dos integrantes da CPI envolve mesmo uma disputa por espaço político. O vazamento do relatório de Renan foi considerado por membros do G7, especialmente o presidente da CPI, Omar Aziz, como uma quebra de compromisso. Por esse acordo, o relatório final receberia contribuições dos senadores antes de ser apresentado. Com o vazamento do texto, os senadores acham que Renan quis fazer uma espécie de política do fato consumado, com seu relatório valendo independentemente da opinião de outras visões.

Uma das principais divergências está na imputação do crime de genocídio de indígenas que Renan atribui a Bolsonaro no seu texto. Aziz considera a acusação exagerada. Além disso, ele e outros senadores do G7 também acham que uma “mão pesada demais” no texto dá munição para o governo alegar que o relatório é político e enfraquece o propósito de mostrar a responsabilidade do presidente e do governo nos problemas na condução do combate à pandemia do coronavírus, que já causou mais de 603 mil mortes.

Há também um sentimento de insatisfação com Renan por não ter entendido que foi apoiado pelo G7 para ser o relator da CPI quando seu nome enfrentava forte resistência dos governistas e até de setores da oposição. Aziz foi um dos que ajudaram a bancar a indicação para o posto que tem ajudado na recuperação da imagem política de Renan abalada por uma série de acusações ao longo dos anos. Não fosse isso diz um senador, ele teria hoje apoio suficiente no Senado para tentar disputar novamente o comando do Senado.

Politicamente, Renan minimiza as queixas e diz que concorda com o processo que levou ao adiamento da leitura do relatório e da sua votação. Também não vê problemas que o relatório tenha vazado previamente. “Essa coisa de vazar, se vazou, por que vazou… Não dá para discutir isso no século 21. Um relatório que estava pronto há dois meses em alguns aspectos, como eu disse e repito. Teria que vazar mesmo”, afirmou.

Aliados de Renan também admitem que foi bom que o texto mais contundente do relatório tivesse seu conteúdo vazado. Com isso, avaliam que fica quase impossível para que o parecer seja amenizado por influência do Planalto.

Esses interlocutores do senador lembram que a sessão desta segunda, de alto teor emotivo, com parentes de vítimas da covid, reforçou ainda mais a necessidade de se aprovar um relatório forte contra o governo. “Quero ver quem vai votar contra um relatório que pede punição para quem causou todo esse sofrimento para as pessoas”, diz um senador aliado de Renan.