segunda-feira, 18 de outubro de 2021

PRISÃO EM 2ª INSTÂNCIA STF JOGA PARA O CONGRESSO A DECISÃO

 

Indicado de Bolsonaro

Por
Renan Ramalho – Gazeta do Povo
Brasília

Em 2019, ao defender prisão em segunda instância, André Mendonça disse que vítimas também têm direitos| Foto: Daniel Estevão/AscomAGU

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-advogado-geral da União André Mendonça disse à Gazeta do Povo considerar que o Legislativo, e não o Judiciário, é o local adequado para uma eventual volta da prisão em segunda instância. Caso tenha o nome aprovado pelo Senado para integrar a Corte, Mendonça terá a chance de reverter a decisão do plenário que, por 6 votos a 5, em 2019, acabou com a possibilidade de executar as penas após a condenação em segundo grau. Ele herdará a relatoria de ações ainda em curso que discutem o assunto; uma delas já tem um recurso.

Para Mendonça, contudo, “qualquer nova interpretação” deve vir do Congresso, onde já tramita uma proposta de emenda à Constituição sobre o assunto, mas que encontra-se praticamente parada na Câmara. E indicou que, na análise de casos individuais, deve prevalecer o entendimento firmado em 2019, que diz que a prisão só é possível após o trânsito em julgado de uma condenação, isto é, após a rejeição de todos os recursos possíveis, inclusive nos tribunais superiores.

“Sobre esse tema da prisão em segunda instância, de forma abstrata tenho me pronunciado sempre em favor da segurança jurídica. Ou seja, o que está manifestado pelo STF deve valer para a análise dos casos”, disse Mendonça. “Qualquer nova interpretação, como defendem propostas legislativas em curso no Congresso Nacional, tenho defendido que o local adequado para o tratamento da matéria, se assim desejarem os parlamentares, é o próprio Poder Legislativo, não o Judiciário, que já se manifestou”, afirmou, em nota enviada à reportagem.

Há meses, Mendonça conversa com senadores para viabilizar sua candidatura ao STF. Intensificou as conversas em julho, após sua indicação por Bolsonaro, mas tem sofrido resistência por parte de senadores que temem que ele reverta decisões da Corte que ajudaram a enterrar a Operação Lava Jato e causaram retrocessos no combate à corrupção. A indicação está num impasse porque o presidente da Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por preferir outros nomes, recusa-se a marcar a sabatina, requisito para a votação de sua indicação no plenário.


Mendonça atuou como AGU no julgamento que vetou prisão em segunda instância
Caso se torne o novo ministro do STF, Mendonça substituirá o ministro aposentado Marco Aurélio Mello e passará a ser o relator de mais de mil ações que estão paradas em seu gabinete. Entre elas, as três ações que levaram a Corte a acabar com a prisão em segunda instância. Ainda em novembro de 2019, três semanas após o julgamento, o Patriota, um dos autores, recorreu para reverter a decisão.

No recurso – chamado embargos de declaração, que visa a esclarecer omissões, obscuridades e contradições – o partido argumentou, por exemplo, que os ministros da ala vencedora se omitiram ante o fato de que, quando um condenado apela às instâncias superiores (Superior Tribunal de Justiça e STF), o recurso não tem efeito suspensivo sobre sua condenação, o que mantém válida a sentença e justificaria, portanto, a punição já aplicada por um tribunal da segunda instância.

Trata-se de um argumento que o próprio André Mendonça usou no mesmo julgamento de 2019, quando, na posição de advogado-geral da União, também defendeu a possibilidade da execução da pena após a condenação em segundo grau. Na tribuna do STF, ele também disse que a Justiça deve considerar não apenas direitos e garantias dos condenados, mas também a situação das vítimas.

“Quem defende o direito individual das vítimas? Quem defende o direito de ir e vir das vítimas, o direito à vida das vítimas, o direito de sair do trabalho e voltar com segurança no transporte público, saber que seu filho foi com segurança para escola? Quem defende as viúvas e órfãos?”, disse André Mendonça na ocasião.

Na época, votaram contra a prisão em segunda instância o relator, Marco Aurélio, e também Rosa Weber, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Votaram a favor Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Celso de Mello deixou a Corte no ano passado e seu substituto, Kassio Nunes Marques, apesar de ter defendido no passado a prisão em segunda instância, disse, durante sua sabatina no Senado, que a decisão deveria caber ao Congresso, como agora também diz Mendonça. Se o STF decidir julgar novamente a questão, bastaria apenas um voto favorável para mudar o placar.

Advogado do Patriota, Héracles Silva disse esperar a volta da segunda instância com a entrada de Mendonça. “Eu acredito sinceramente que vai reverter o placar sim. Ele como relator pode levar isso para o plenário”, afirmou à reportagem. Questionado pela Gazeta do Povo, Mendonça afirmou que não pode antecipar votos.

Além de poder virar a jurisprudência, André Mendonça também teria influência na avaliação do melhor momento para isso. Como relator das ações, é ele também quem liberaria o recurso para julgamento; a data só dependeria de uma definição do presidente do STF. O atual, Luiz Fux, que é favorável à prisão em segunda instância, fica no cargo até setembro do ano que vem. Depois disso, assume Rosa Weber, que é contrária à execução da pena após a condenação em segundo grau.

André Mendonça evita se manifestar sobre ações que afetam classe política
De qualquer modo, parte considerável dos ministros considera que o momento político conturbado do país não recomenda uma nova decisão do STF sobre o tema no curto prazo.

Outro complicador é a própria possibilidade de Mendonça atuar, como ministro, de uma nova decisão dentro dessas ações, uma vez que participou do julgamento em 2019 como advogado-geral da União. Há juristas que consideram que ele deveria declarar-se impedido, com base em regra do Código de Processo Civil que afasta do processo um juiz que tenha atuado nele anteriormente como advogado. Uma das partes poderia, com base nisso, tentar barrar a participação de Mendonça.

A jurisprudência do STF, no entanto, permite sua atuação no caso. Em setembro do ano passado, o plenário reafirmou que, em ações de controle concentrado – nas quais analisa-se a constitucionalidade de uma lei em abstrato, como é o caso das ações sobre a prisão em segunda instância, e não a situação concreta de indivíduos – as regras de impedimento e suspeição não se aplicam.

Desde que foi indicado para o STF, em julho, Mendonça tem evitado se manifestar sobre esse e outros julgamentos que podem afetar diretamente a classe política. Nas diversas visitas que fez a senadores, Mendonça vem tentando afastar a fama de “lavajatista” colocada sobre ele por políticos que resistem à sua indicação e incentivam o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, a não marcar a sabatina. Trata-se de uma manobra para tentar convencer Bolsonaro a trocar a indicação, algo que o presidente já disse que não fará.

Além da prisão em segunda instância, Mendonça também deverá enfrentar no STF outros julgamentos com impacto direto no combate à corrupção. Há, por exemplo, ações para afrouxar a Lei da Ficha Limpa, contra a implementação do “juiz de garantias” (que cuidará só de investigações e não poderá julgar réus) e prováveis ações futuras contra retrocessos ainda em discussão no Congresso, como o enfraquecimento da Lei de Improbidade e a PEC que reduz a independência do Ministério Público.


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/andre-mendonca-indicado-stf-cabe-congresso-decidir-prisao-segunda-instancia/
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CAMINHONEIRAS MARCAM GREVE PARA O DIA 01/11/2021

 

  1. Economia 

Categoria se diz em ‘estado de greve’ e promete entregar ao governo na segunda-feira, 18, um documento com pauta de reivindicaçõe

Isadora Duarte e Amanda Pupo, O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO E BRASÍLIA – Mais uma vez, os caminhoneiros estão ameaçando paralisar o País. A categoria se diz em “estado de greve” desde o último sábado e, durante o fim de semana, líderes de entidades do setor fizeram críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, 18, as associações prometem entregar uma lista de reivindicações para o governo. Segundo as entidades, sinalizações positivas são necessárias para evitar paralisação nacional a partir de 1.º de novembro. O governo, porém, minimiza a mobilização.

Na pauta dos caminhoneiros, estão itens como o cumprimento do valor mínimo do frete rodoviário, a aposentadoria especial para a categoria (aos 25 anos de trabalho) e a mudança na política de preços da Petrobras para combustíveis para reduzir a flutuação do diesel. 

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Governo federal vê nova mobilização de caminhoneiros como ameaças que não devem ser cumpridas Foto: Felipe Rau/Estadão

Segundo o Estadão apurou, porém, o governo federal vê a mobilização como ameaças feitas antes – e que mais uma vez não devem ser cumpridas. De acordo com uma fonte, desde 2018 já foram 16 tentativas de paralisação malsucedidas, sendo quatro delas neste ano. A reportagem apurou ainda que a mudança do preço dos combustíveis, a partir de uma “canetada”, também não é uma possibilidade. Oficialmente, porém, o governo não comentou o assunto.

A estratégia dos líderes da categoria tem sido subir o tom. “Serei o primeiro (a parar em 1.º de novembro)”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como Chorão, um dos organizadores do movimento.

O documento com reivindicações a ser entregue ao governo será assinado pela Abrava, pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). Conforme as entidades, é a primeira vez desde 2018 que as três associações atuam juntas em um mesmo movimento.

“A nossa pauta é a mesma desde os atos de 1.º de fevereiro. Não é um assunto novo para o governo nem para o STF ou para o Legislativo, que conhecem nossas demandas”, afirmou o diretor da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer. “Agora, ou o governo senta com a categoria para fazer um trabalho, chama as partes envolvidas – Petrobras, STF, Congresso – ou paramos o País”, completou o presidente do CNTRC, Plínio Dias, em referência ao movimento ocorrido em 2018, ainda durante o governo Michel Temer.

Não é descartada por parte dos líderes dos caminhoneiros uma flexibilidade no cumprimento de todas as demandas feitas ao governo. Contudo, as lideranças dizem querer ver direcionamento em torno de medidas concretas. “Estamos cansados de reuniões. Tentamos fazer articulação, mas a própria categoria não aguenta mais”, afirmou Chorão.

Rompimento?

Questionados pela reportagem sobre um rompimento com o governo do presidente Jair Bolsonaro, os representantes descartam uma ruptura formal e dizem que o movimento é apartidário, apesar da forte presença da categoria na mobilização convocada no dia 7 de Setembro pelo presidente. “O movimento não é contra ou a favor desta gestão. Há muitos caminhoneiros que acreditam no governo Bolsonaro. Outros não concordam com a gestão”, afirmou Chorão. 

“Não estamos levantando pauta partidária. A pauta é a sobrevivência da categoria. Se o governo realmente quiser ajudar os caminhoneiros do Brasil, iremos apoiar as medidas”, respondeu Dias, do CNTRC. Neste domingo, 17, contudo, Litti, da CNTTL, falou em “desgoverno Bolsonaro” em pronunciamento.

Considerados base eleitoral de Bolsonaro, os caminhoneiros expressam insatisfação com o acúmulo de medidas anunciadas e não cumpridas. “São três anos de governo e não foi feito nada para a categoria, apenas falácias e promessas”, disse Dias. https://datawrapper.dwcdn.net/JruMN/2/

CONHEÇA AS DIVERSAS VERSÕES DE CREME DE LEITE

 

São diversas versões de creme de leite disponíveis no mercado; entenda as diferenças, veja como usar e conheça os melhores

Renata Mesquita, O Estado de S.Paulo 

Vai fazer estrogonofe? Um gratinado? Ou chantilly para acompanhar os morangos? Você vai precisar de creme de leite. E, dessa certeza, costumam surgir muitos questionamentos: Posso usar o de caixinha ou tem que ser a versão fresca? E a nata? É a mesma coisa? Tal confusão é normal e corriqueira e, aqui, tentamos desvendar algumas delas. De quebra, colocamos à prova seis marcas mais vendidas nos mercados para fornecer um guia completo e definitivo sobre creme de leite para você, leitor. 

Qual a diferença entre creme de leite fresco, de caixinha e de lata? Entenda

Qual a diferença entre creme de leite fresco, de caixinha e de lata? Entenda Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Para início de conversa, o creme de leite é a gordura do leite. Ele é formado quando o leite se separa naturalmente (ou com auxílio da agitação para acelerar o processo na indústria) em duas camadas – uma superior, espessa e gordurosa (o creme), e o líquido desnatado fino abaixo. No mercado existem diversas opções de creme de leite, eles são classificados, principalmente, pelo teor de gordura e pelo tratamento térmico, como a pasteurização e o processo UHT. Cada um com diferentes características e, assim, com diferentes finalidades e resultados. Por isso, é importante conhecê-los para entender onde empregá-los; abaixo explicamos melhor sobre cada um deles. Mas anote aí a regra de ouro do creme de leite: quanto mais gordura, melhor, pois maior será sua cremosidade e menor será a quantidade de estabilizantes e conservantes adicionados.

Neste caso, quem vence são as versões frescas, por exatamente apresentarem a maior porcentagem de gordura. Mas enquanto na Europa e nos Estados Unidos é possível encontrar uma infinidade de cremes de leite – light cream, heavy cream, half & half, só para citar alguns – com diferentes teores de gordura, que chegam a 50%, por aqui não há muita variação. As versões de caixinha ficam entre 12% e 20%, já os de lata, na casa dos 25%, e a maioria dos frescos não ultrapassam os 35% de gordura, que, por coincidência ou não, é a porcentagem necessária para bater chantilly. 

Quantidade de gordura é o principal fator que diferencia as versões do ingrediente, apenas o fresco, por exmeplo, bate chantilly 

Quantidade de gordura é o principal fator que diferencia as versões do ingrediente, apenas o fresco, por exmeplo, bate chantilly  Foto: Linda Xiao

A escolha no mercado não é fácil e nada barata – enquanto uma caixinha de creme de leite sai por R$ 2, o preço do fresco pula para a casa dos R$ 20. Já aconteceu com a repórter que vos escreve pagar caro pelo produto pensando em fazer uma receita especial e, no final das contas, ver tudo ir por água abaixo, porque o chantilly que ia cobrir o bolo não firmou, ou porque o molho da massa do jantar para os amigos talhou. 

A degustação

Da frustração, nasceu a ideia de testar as marcas de creme de leite fresco. Para avaliar seis das mais encontradas em grandes mercados, o Paladar promoveu uma degustação às cegas com um júri composto por especialistas (conheça abaixo).

O chef glacier Francisco Sant'ana preprou sorvete com 6 marcas diferentes de creme de leites frescos em sua Escola de Sorvete

O chef glacier Francisco Sant’ana preprou sorvete com 6 marcas diferentes de creme de leites frescos em sua Escola de Sorvete Foto: Daniel Teixiera/Estadão

Por conta da pandemia, o teste foi realizado à distância: cada jurado recebeu, em casa, uma caixa com as amostras descaracterizadas, identificadas apenas por números. Cada jurado optou por uma receita para testá-las lado a lado – teve festival de chantilly na casa do Carlos Siffert, enquanto na cozinha da Patrícia Ferraz, os cremes de leite viraram uma noite de macarronada ao limone. Chef que é, Tássia Magalhães preparou um creme de queijo azul, e o mestre sorveteiro Francisco Sant’ana fez o que melhor sabe fazer: um delicioso sorvete fiore di latte, que, no dia seguinte, ainda foi parar nas mãos de todos os jurados. 

Na prova, o júri levou em conta a aparência, o aroma e o sabor dos produtos em suas respectivas receitas – e suas impressões foram computadas em um formulário online. O resultado, com o ranking de um a seis, você confere abaixo. 

Creme de leite fresco, de lata, caixinha ou nata: qual a diferença?

Creme de leite fresco 

É o mais indicado para o uso culinário devido ao seu alto teor de gordura, que varia entre 30% e 35% – e, por isso, é também o mais caro. Ele não é exatamente fresco, na realidade, passa pelo processo de pasteurização, tratamento térmico para eliminar parte dos microrganismos presentes no produto. Mas, devido à falta de conservantes, é fundamental que seja mantido refrigerado. Ele engrossa molhos, vai no estrogonofe e pode ser aquecido sem problemas e sem risco de talhar.

É o único que bate chantilly – não confunda com os preparados para creme tipo chantilly, que são de base vegetal. Fique atento na hora da compra, o rótulo deve listar apenas um ingrediente: creme de leite pasteurizado. Pela legislação brasileira, o creme de leite pasteurizado, com teor de gordura abaixo de 45%, não pode conter aditivos na formulação, como espessantes e estabilizantes – o que ocorre com as versões de lata e caixinha. Olhe também o prazo de validade. 

Creme de leite de lata 

Essa versão costuma ter um percentual de gordura entre 20% a 25% e, por isso, não serve para bater chantilly. Sua textura é mais densa e tem um aspecto amarelado, pois passa por um processo de esterilização para aumentar a validade e poder ficar em temperatura ambiente. Além do teor de gordura, a grande diferença para o de caixinha, é que ele não é homogeneizado, fazendo com que o soro fique separado do creme – podendo ou não ser utilizado. O resultando é um creme mais denso que a versão fresca, o que também pode alterar a consistência das receitas.

Atenção na compra: algumas marcas usam aditivos como espessantes, corantes e aromatizantes para compensar ou simular a falta de gordura – por isso, fique atento ao rótulo. Inclusive, são os espessantes os responsáveis pelo mito de que o creme de leite talha quando aquecido, são eles que talham ao ferver, não o creme em si.

Creme de leite de caixinha 

Geralmente contém entre 10% e 20% de teor de gordura, sendo o mais comum com 17%. É a versão mais barata do produto, mas, por outro lado, é também a mais industrializada e menos natural. À mistura de creme de leite com leite em pó, são acrescidos estabilizantes, para aumentar a durabilidade, e espessantes, como goma e amido, para dar consistência e cremosidade e torná-lo menos líquido. Já vem homogeneizado, ou seja, o soro já vem misturado. Por isso, se você precisar preparar uma receita que exija o creme de leite sem soro, precisa ser o de lata.  

Nata

Também é creme de leite, ou seja, gordura retirada do leite, só que com mais gordura e, consequentemente, mais grossa e concentrada. Pode ir em todas as receitas que levam creme de leite. Um porém: a legislação brasileira faz uma distinção quando o produto tiver teor de gordura acima de 45% e, nesse caso, pode conter determinados aditivos, como estabilizantes e espessantes. Em algumas regiões do País se encontra o creme de leite pasteurizado, com maior teor de gordura (chegando a 50%), com a denominação de nata, sendo essa versão a mais consumida nos estados do Sul do Brasil. 

Colocamos à prova seis marcas mais vendidas nos mercados para fornecer um guia completo e definitivo sobre creme de leite

Colocamos à prova seis marcas mais vendidas nos mercados para fornecer um guia completo e definitivo sobre creme de leite Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Posso trocar o fresco pelo de caixinha?

Depende. Apesar de tudo ser creme de leite, como já vimos, eles possuem características bem diferentes. O mais importante é entender a função do creme na receita e observar qual o percentual de gordura pedido nela. Mas para facilitar a sua vida, fica assim: você pode sempre usar o fresco no lugar da caixinha ou lata. Mas lembre-se que o fresco tem mais gordura, ou seja, o resultado da receita será mais rico, untuoso. Agora usar a caixinha no lugar do fresco é uma troca mais delicada e geralmente não funciona. O de caixinha tem menos gordura, então, a textura e sabor finais serão impactados.

Ele também podem talhar, caso haja espessantes na composição. A estrutura da receita também pode sofrer com a troca: além de um molho menos cremoso, se o creme de leite for a fonte de aeração da receita ele não vai funcionar. Por exemplo, se você precisa que ele esteja em ponto de chantilly para adicionar leveza à receita, como em uma mousse. Em resumo: se estiver usando apenas como fonte de gordura, para deixar mais cremoso e afins, vai lá. Mas, no geral, a troca não é recomendada. 

Teste dos cremes de leite fresco 

1. Tirolez 

Tem aroma suave de leite fresco, consistência levemente cremosa com agradável sensação de gordura na boca e um toque sútil de acidez, todos elementos bem-vindos. Ganhou nota 10 no teste do chantilly do chef  Carlos Siffert, “resultou rapidamente em um creme aerado com bom corpo e firme, como deve ser”. Também atendeu bem ao molho cremoso de limão da Patrícia Ferraz e rendeu uma textura aveludada ao creme da Tássia.  (R$ 18,90; 500 ml no Mambo)

2. Rar 

O aroma e sabor pronunciado de creme dividiu os jurados. Dois aprovaram as notas lácteas, gostaram dos resultados nas receitas — “rendeu o melhor chantilly” e um molho mais saboroso, sem prejudicar o equilíbrio do prato — e julgaram ser o melhor da prova. Por outro lado, outros dois jurados destacaram o forte aroma de queijo, que prejudicou na avaliação final.  (R$ 20, 59; 500 ml no St. Marche)

3. Président 

Visualmente diferente das demais, apresenta aparência amarelada e consistência mais densa, o que gerou desconfiança no primeiro momento. Apesar do rótulo indicar o teor padrão de 35% de gordura, alguns dos jurados consideraram essa amostra mais gordurosa, o que rendeu receitas mais consistentes — no caso do sorvete, foi uma boa surpresa e “resultou em um sorvete concentrado, persistente e com a gordura dando cremosidade e textura”, avalia Francisco. No chantilly, “ficou bem denso, uniforme e cremoso. Ótimo, por exemplo, para usar em um saco de confeiteiro para decorar uma sobremesa”, indica Carlos. (R$ 22,99; 500 ml no Mambo)

4. Fazenda Bela Vista

Com consistência bem cremosa, com sabor de leite e um leve amanteigado aparente na boca, entregou as exigências dos jurados. Resultou em um chantilly encorpado, com sabor equilibrado e “foi o que mais rendeu, encheu a vasilha”, comentou Carlos. No sorvete, apresentou um paladar mais intenso, com notas de gordura mais presentes, porém, sem comprometer a estrutura”.  (R$ 18,29; 500 ml, no Pão de Açúcar)

5. Atilatte 

O aroma e o sabor remontam ao leite bem fresco de fazenda. A consistência, infelizmente, é um pouco rala e a gordura menos presente – apesar da embalagem indicar 35%. Essa peculiaridade da textura faz com que os resultados de seu uso variem em conformidade com sua finalidade. Francisco afirmou que o creme “rendeu um sorvete leve, equilibrado, com gorduras dando notas delicadas e sedosas”, além de ter ressaltado a acidez do creme da Tássia Magalhães. Os chantillys, no entanto, pecaram pela falta de estabilidade. (R$ 21,90; 500 ml, no Mambo) 

6. Verde Campo 

Mais líquido e com forte aroma e sabor de acidez, não agradou todos os jurados. Rendeu, consequentemente, resultados não satisfatórios: o chantilly, por exemplo, ficou frágil, sem estrutura. Já no creme de Tássia, o sabor roubou um pouco do sabor dos demais ingredientes. Também rendeu um sorvete leve, cremoso, com notas lácteas mais perceptíveis.  (R$ 21,90; 500 ml no St. Marche) 

 

O júri

Carlos Siffert (@csiffert)

Professor da Escola Wilma Kövesi de Cozinha e consultor do empório Casa Santa Luzia, ambos em São Paulo, organizou uma verdadeira competição entre os cremes, com cronômetro e prancheta na mão. “Anotei o tempo que cada um leva para ‘montar’, a leveza que cada um atinge, a coloração e o rendimento.” 

Francisco Sant’Ana (@franciscosantanasorvete

O chef glacier é referência no Brasil quando se trata de sorvete. Formado na França, é professor e responsável por um dos melhores sorvetes da cidade, na Escola do Sorvete. Faz questão de incentivar os sabores de frutas tropicais brasileiras, assim como estimular a democratização de um produto de qualidade, sem conservantes ou produtos químicos. 

Patrícia Ferraz (@patriciacferraz

Jornalista com pós-graduação em gastronomia, cozinha e come a trabalho há 22 anos. Autora do livro “Comida Cheia de História”, comanda duas colunas semanais do Paladar, a Por Aí, com críticas de restaurantes da cidade, e a Prato do Dia, onde ensina receitas que testa na cozinha de casa. Inquieta, ela também é curadora de um brechó eletrônico de itens culinários, o Se você não quiser, eu quero 

Tássia Magalhães (@tassia_magalhaes)

Um dos talentos mais promissores da nova geração de cozinheiros, a chef já esteve à frente do Pomodori, e hoje comanda a cozinha do Nelita, italiano de pegada moderna no Baixo Pinheiros. Criativa, criou uma receita de creme com queijo azul Pardinho só para o teste.   

JORNADA DE COMPRA DOS CLIENTES

 

Diogo Romero

Jornada de compra é um modelo usado para definir o estágio que um potencial cliente está ao longo do processo de compra. Conhecida como Buyer’s Journey, a jornada de compra tem 4 etapas: aprendizado, reconhecimento, consideração e decisão.

Com o inbound marketing, as empresas passaram a contar com um novo modelo para divulgar e vender os seus produtos e os seus serviços.

Esse processo passou a ser menos invasivo e mais voltado para aqueles consumidores que realmente estão interessados nas soluções da companhia: a chamada jornada de compra.

Quando uma empresa passa a investir nas estratégias comerciais na internet, é importante desenvolver um planejamento abrangente que leve em consideração as ações de divulgação e atração de clientes, assim como os mecanismos de vendas.

Esse plano será essencial para orientar os trabalhos do marketing empresarial. Porém, se o planejamento não levar em consideração a jornada de compra do cliente, as chances das suas estratégias fracassarem são grandes.

Para que não desperdice tempo e trabalho, é fundamental conhecer o seu público-alvo: necessidades, desejos e hábitos de consumo. Essas informações vão orientar o seu planejamento e as ações de marketing e vendas.

Quer entender um pouco mais sobre a jornada de compra? Então confira os próximos parágrafos:

O que é jornada de compra?

A jornada de compra é o modelo usado para definir em qual estágio comercial o consumidor está.

Ao entender seus hábitos de consumo e monitorar o que ele está buscando na internet, é possível descobrir em qual momento da compra ele se encontra.

Com isso, dedicar esforço para conduzi-lo de maneira eficiente à conclusão do negócio.

Isso acontece porque a equipe de marketing pode produzir e entregar conteúdos relacionados aos desejos e às necessidades do consumidor.

Essas informações vão preparar e conduzir esse consumidor pelas diferentes etapas de vendas, o que facilitará o trabalho da equipe comercial e aumentará as chances de concluir o negócio.

A jornada de compra é dividida em 4 etapas diferentes:

aprendizado: o cliente não sabe ou não tem certeza de que possui um problema ou que tem a necessidade de um produto ou de um serviço;

reconhecimento: a pessoa pesquisa e tenha acesso a informações que a ajudam a perceber a existência de um problema ou de uma necessidade;

consideração: ao perceber que tem um problema, o consumidor segue pesquisando soluções e passa a considerar aquela que melhor se encaixa na sua necessidade;

decisão: após analisar as opções do mercado, é tomada a decisão e a compra pode acontecer.

Esse processo de venda exige paciência por parte da empresa e o desenvolvimento de ações para cada uma dessas etapas.

São esses conteúdos que guiarão os consumidores em potencial pelos diferentes momentos da venda.

a jornada do cliente

O que é o funil de vendas?

Quando consumidor começa a considerar a aquisição de um produto ou serviço, ele entra no funil de vendas.

O trabalho em cada etapa desse processo é essencial para qualificar o cliente e fechar um novo negócio. As etapas citadas no tópico anterior ajudam a entender essa metodologia do marketing digital.

Cada uma dessas etapas se encaixa em momento do funil de vendas e orienta o tipo de conteúdo a ser usado:

topo de funil: é aqui que entra as pessoas que estão na fase de “aprendizado”. Como elas não estão buscando um produto ou um serviço especificamente, é necessário fazer com que ela entenda que possui uma necessidade e que ela se interesse pelo seu produto;

meio de funil: aqui estão as pessoas que estão na fase de “reconhecimento”. O conteúdo produzido nesse momento deve ser dedicado a mostrar que a sua empresa tem a solução de que ele precisa;

fundo de funil: aqui o cliente está nas fases de “consideração” e “decisão”. Ele compara as empresas, produtos e serviços para que possa fazer a contratação. É o momento ideal para a equipe de vendas.

À medida que vai mudando os estágios do funil, a quantidade de pessoas em cada uma delas reduz.

Porém, quanto mais avança no funil de vendas, mais qualificado está o consumidor e, consequentemente, mais preparado para a compra.

Kit Planejamento do Funil de Vendas

Qual o impacto da jornada do cliente nas vendas?

A jornada de compra impacta de maneira positiva as vendas de uma empresa devido à quantidade de informações geradas sobre os clientes — o que permite um trabalho mais direcionada — e por criar um relacionamento positivo entre empresa e consumidor.

Confira, a seguir, como esse processo comercial pode gerar vantagens estratégicas para o setor de vendas de uma empresa:

Identificar o momento da venda

Os consumidores estão em diferentes momentos de compra, e isso tem relação direta com o seu comportamento de consumo.

Se um vendedor oferecer um produto para uma pessoa que está na fase de “aprendizado”, será bastante complicado fechar o negócio. Além de perder um possível cliente, ainda há desperdício de tempo e trabalho.

Porém, se a venda acontece no momento de “decisão”, as chances de sucesso aumentam consideravelmente. Por isso, a jornada de compra é essencial para dinamizar e melhorar as vendas da empresa.

Relacionamento próximo com clientes

Para que esse modelo de vendas aconteça, é importante conhecer:

quem é o seu público-alvo;

os seus desejos;

as suas necessidades;

os seus interesses;

e o seu hábito de consumo.

Esse grau de informação aproxima a empresa das pessoas e permite a construção de uma série de estratégias que reforçam esse relacionamento.

Com isso, fica mais fácil conquistar novos clientes e, sobretudo, fidelizar aquelas pessoas que já consomem na sua empresa.

Como reduzir o tempo de negociação

Vendas consultivas

Personalizar o contato com os clientes humaniza o relacionamento comercial e gera vantagens estratégicas para o negócio.

Utilizar a jornada de compra em seu sistema de vendas permite criar um modelo consultivo em que as pessoas buscam informações e as empresas oferecem conteúdos e soluções.

Esse modelo favorece a atuação do vendedor, que fornece dados sobre produtos e serviços, tira as dúvidas da pessoa e consegue trabalhar de maneira direta e objetiva a venda.

Gestão otimizada

Esse modelo comercial segue uma fórmula. Isso favorece a análise de cada etapa do processo permitindo identificar possíveis gargalos e propor soluções de maneira ágil e eficiente sem que haja quedas bruscas nas suas vendas.

Essa agilidade na gestão faz com que a equipe tenha mais foco e chances de acerto. O resultado é o aumento das chances de se fechar um negócio.

Aumento da produtividade

Se eu conheço o meu cliente e entendo os seus hábitos de consumo, eu sei em qual momento da compra ele se encontra e qual é a sua necessidade.

Assim, o meu trabalho como vendedor fica mais fácil e ágil. Afinal, consigo saber com quem posso negociar ou não — e, com isso, consigo vender mais e ter melhores resultados.

Gostou deste post sobre a jornada de compra? Então confira este texto com dicas para fidelizar a sua base de consumidores.

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A Valeon é uma caixinha de possibilidades. Você pode moldar ela em torno do negócio. O que é muito importante. O nosso é colocar o consumidor no centro e entender o que ele precisa. A ValeOn possibilita que você empresário consiga oferecer, especificamente para o seu consumidor, a melhor experiência. A ValeOn já é tradicional e reconhecida no mercado, onde você empresário pode contar com a experiência e funcionalidades de uma tecnologia corporativa que atende as principais operações robustas do mundo essencial e fundamental. A ValeOn além de trazer mais segurança e credibilidade para o seu negócio, também resulta em muita troca de conhecimento e ótimos resultados para ambos os lados, como toda boa parceria entre empresas deve ser. Lembrem-se que a ValeOn é uma Startup Marketplace de Ipatinga-MG que tem a responsabilidade de levar o cliente até à sua empresa e que temos potencial para transformar mercados, impactar consumidores e revirar empresas e indústrias onde nossos produtos e serviços têm capacidade de escala e de atrair os investimentos corretos para o nosso crescimento.

QUEM SOMOS

A Plataforma Comercial da Startup ValeOn é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

Nosso principal produto é a Plataforma Comercial Valeon um marketplace concebido para revolucionar o sistema de divulgação das empresas da região e alavancar as suas vendas.

A Plataforma Comercial ValeOn veio para suprir as demandas da região no que tange à divulgação dos produtos/serviços de suas empresas com uma proposta diferenciada nos seus serviços para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.

Diferenciais

  • Eficiência: A ValeOn inova, resolvendo as necessidades dos seus clientes de forma simples e direta, tendo como base a alta tecnologia dos seus serviços e graças à sua equipe técnica altamente capacitada.
  • Acessibilidade: A ValeOn foi concebida para ser utilizada de forma simples e fácil para todos os usuários que acessam a sua Plataforma Comercial , demonstrando o nosso modelo de comunicação que tem como princípio o fácil acesso à comunicação direta com uma estrutura ágil de serviços.
  • Abrangência: A ValeOn atenderá a todos os nichos de mercado da região e especialmente aos pequenos e microempresários da região que não conseguem entrar no comércio eletrônico para usufruir dos benefícios que ele proporciona.
  • Comprometimento: A ValeOn é altamente comprometida com os seus clientes no atendimento das suas demandas e prazos. O nosso objetivo será atingir os 766 mil habitantes do Vale do Aço e poder divulgar para eles os produtos/serviços das empresas das diversas cidades que compõem a micro região do Vale do Aço e obter dos consumidores e usuários a sua audiência.

Apresentamos o nosso site que é uma Plataforma Comercial Marketplace que tem um Product Market Fit adequado ao mercado do Vale do Aço, agregando o mercado e seus consumidores em torno de uma proposta diferenciada de fazer Publicidade e Propaganda online, de forma atrativa e lúdica a inclusão de informações úteis e necessárias aos consumidores como:

domingo, 17 de outubro de 2021

REFORMAS NA ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

 

 MATHEUS TEIXEIRA – FOLHA

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sob risco de sofrer alterações em razão de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) em curso na Câmara, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) costuma evitar pautas polêmicas e tem histórico de arquivamento de processos de grande repercussão.

*** FOTO DE ARQUIVO *** BRASILIA, DF, 14-09.2021 - O presidente da Petrobras, General Joaquim Silva e Luna, participa de comissão geral da câmara dos deputados, presidida pelo presidente da câmara deputado Arthur Lira (FOTO) (PP-AL), para falar sobre a política de preços dos combustíveis da empresa. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)© Fornecido por Folha de S.Paulo *** FOTO DE ARQUIVO *** BRASILIA, DF, 14-09.2021 – O presidente da Petrobras, General Joaquim Silva e Luna, participa de comissão geral da câmara dos deputados, presidida pelo presidente da câmara deputado Arthur Lira (FOTO) (PP-AL), para falar sobre a política de preços dos combustíveis da empresa. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

O conselho é integrado por atores de diferentes ramos do Judiciário, do Ministério Público e da advocacia e vive uma guerra interna, com diferentes visões sobre os limites de atuação de investigadores.

A composição heterogênea do colegiado dificulta a construção de consensos e leva ao adiamento de diversos julgamentos importantes.

Desde que iniciou as atividades, em 2005, o conselho autuou 6.150 reclamações disciplinares. Do total, 307, menos de 5%, resultaram em punição a promotores e procuradores, sendo 22 casos de demissão, pena mais dura.

Os defensores da PEC citam números e alegam que é necessário promover alterações no órgão para torná-lo mais eficiente. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já disse que o texto visa levar ao “fim da impunidade em um órgão muito forte”.

Associações de classe do Ministério Público, por sua vez, afirmam que estão abertas a aperfeiçoamentos, mas dizem que a PEC em discussão representa uma tentativa de ingerência política no órgão que pode acabar com a autonomia e independência da carreira.

A última versão da proposta aumenta de 14 para 17 o número de conselheiros e amplia de 2 para 5 o número de assentos escolhidos pelo Congresso.

Determina ainda que o cargo de corregedor, um dos mais importantes, acumulará a vice-presidência do colegiado e será eleito pelo Congresso entre quem foi ou é chefe de ministérios públicos estaduais.

Para as entidades que representam procuradores e promotores, as mudanças aumentam de maneira indevida a influência política no órgão porque os representantes de fora da carreira passariam a ser maioria no conselho, além de a atribuição de escolher o responsável pela corregedoria ser retirada da instituição.

Há anos, porém, a classe política reclama de uma suposta inação do conselho em relação aos desvios de integrantes do Ministério Público e tenta emplacar propostas para interferir no trabalho do órgão.

A insatisfação com o CNMP aumentou principalmente após a Lava Jato, em razão da compreensão de congressistas de que o colegiado é corporativista e hesita em punir promotores e procuradores.

Apesar de sempre ter existido essa vontade de parte dos políticos, este é o momento de mais força da pauta no Congresso, o que tem causado mais preocupação em integrantes do Ministério Público.

A PEC em discussão na Câmara tem apoio amplo, que vai de partidos de esquerda até aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A proposta tem simpatia de deputados por causa da pressão de prefeitos, governadores e gestores públicos em geral.

Fora a disputa entre a classe política e o órgão em razão de grandes operações contra corrupção desencadeadas após a Lava Jato, também há reclamações em relação a medidas de promotores contra chefes de Executivos regionais e secretários por fiscalizações que extrapolariam suas atribuições e acabam por engessar a máquina pública.

Apesar dos apoios, o movimento contra a PEC também ganha força pelo temor de congressistas indecisos em se posicionar contra o Ministério Público e serem acusados de atrapalhar os trabalhos.

Além disso, há uma questão matemática. Para ser aprovada, a PEC precisa dos votos de três quintos da Casa.

A insegurança dos entusiastas da proposta em relação à quantidade de votos que terão em plenário já levou ao adiamento por duas vezes da votação da matéria e a mudanças no texto que irá a plenário.

A intenção, porém, é levar a PEC ao plenário em breve. Se passar pela Câmara, o texto irá para o Senado, onde também precisará de três quintos dos votos para ser aprovado.

A inação em relação a desvios de membros da carreira e a falta de resposta a casos de repercussão, mesmo que para rejeitar punições, têm sido os principais argumentos dos defensores da PEC.

A demora do conselho em situações mais rumorosas ficou clara, por exemplo, na discussão da representação apresentada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra os procuradores da Lava Jato Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon por causa da coletiva de imprensa que ambos concederam em 2016 para apresentar, em um PowerPoint, as acusações contra o petista.

O julgamento foi adiado mais de 40 vezes. Em agosto de 2020, o colegiado se debruçou sobre o caso e a maioria entendeu que havia justa causa para abertura de um procedimento disciplinar contra os dois, mas a acusação foi arquivada porque havia prescrito.

As divisões internas dificultam que seja dada mais celeridade aos trabalhos. Recentemente, por exemplo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, contou com a ajuda do Senado para construir uma maioria temporária contra a Lava Jato no colegiado.

O Senado travou por quase um ano a aprovação de três representantes para compor o conselho, o que levou à formação de uma maioria mais alinhada à ala garantista, que costuma acusar promotores e procuradores de cometerem excessos em suas funções.

O Senado, que já rejeitou a indicação de defensores da Lava Jato, aproveitou a pandemia para barrar a apreciação de nomes que poderiam reforçar linha favorável aos investigadores no conselho.

Outro ponto da PEC que gerou incômodo no órgão foi o trecho que obriga o conselho a enviar, em 120 dias, proposta de lei complementar que institua o Código Nacional de Ética e Disciplina do Ministério Público brasileiro e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União.

Promotores e procuradores afirmam que já há normas que regulamentam a atuação da categoria e afirmam que um código de ética poderia ser elaborado pelo próprio CNMP.

Em relação ao dado de que menos de 5% das reclamações disciplinares resultam em punição, a assessoria do conselho afirmou que o número não representa impunidade.

O CNMP disse que a maior parte desses casos se refere a “notícias de fato” sem grande complexidade que podem até merecer punição, “mas são melhor conduzidos pelas corregedorias locais das unidades do Ministério Público, que por estarem próximas do local do fato podem agir com mais rapidez, eficiência e economicidade”. “Nesses casos, a Corregedoria Nacional envia para a corregedoria do MP do membro e fica acompanhando, remotamente, a apuração.”

PREOCUPAÇÃO EXAGERADA INTERNACIONAL SOBRE A AMAZÔNIA

 

Artigo
Por
Afonso Grisi Neto – Gazeta do Povo

BELÉM – PARÁ- O esforço por concretização de parcerias e o desenvolvimento de um sistema de fundos com recursos de instituições públicas e privadas que possam ajudar a implementar a Nova Agenda Urbana na Amazônia, garantindo melhoria de qualidade de vida para a população nos municípios é o principal foco dos debates que irão nortear o “Mais Amazônia – Encontro de Especialistas para a Nova Agenda Urbana”. Sob o tema “Rumo à Sustentabilidade das Cidades e dos Assentamentos Humanos na Região Amazônica e um Sistema de Fundos para o Desenvolvimento Urbano-Territorial Sustentável no Estado do Pará”, o encontro será realizado em Belém, nesta quarta (17) e quinta-feira (18), no auditório do Palácio de Governo. Foto: AG. PARÁ/FotosPúblicas

Imagem ilustrativa.| Foto: Agência Pará/FotosPúblicas

A imprensa tradicional brasileira, há alguns meses, vem noticiando reiteradamente os problemas ambientais na Amazônia, contando com a colaboração explícita da “grande mídia” internacional. Esse “consórcio da informação” parece não revelar outro propósito senão o de apropriar-se de um tema relevante e complexo como a questão amazônica e difundir ao mundo uma versão facciosa e desprovida de qualquer embasamento fático, sustentando um pretensa responsabilidade do presidente da República do Brasil pelas irregularidades que, de há muito, grassam naquela região do país.

Cumpre notar que a propagação dessa narrativa falaciosa acaba por estimular declarações de pessoas das mais variadas origens, desde a ativista mirim sueca Greta Thunberg, passando por atores e atrizes estrangeiros e até mesmo o presidente da França, todos eles arvorando-se em defensores da Floresta Amazônica, sem no entanto conhecer com profundidade aquela região e tampouco a dimensão dos problemas que lá ocorrem. É evidente que toda essa campanha deflagrada com o exclusivo intuito de denegrir a imagem de nosso país, tanto interna como externamente, a par de seu caráter leviano e irresponsável, não se sustenta também pela absoluta falta de fundamento jurídico. Isto porque todo e qualquer conflito na área ambiental, para ser solucionado correta e adequadamente, requer um tratamento conforme o Direito e, por conseguinte, deve observar o devido processo legal.


Considerando-se este exemplo: se um dano ao meio ambiente vier a se produzir nos limites da jurisdição brasileira, caberá ao juiz brasileiro dar solução ao caso de acordo com a legislação brasileira. Contudo, se o dano ambiental ultrapassar as fronteiras de nosso país, atingindo outro ou outros países, a questão será dirimida ou por negociações e entendimentos diretos (meios pacíficos) entre os países envolvidos na controvérsia, ou o caso será submetido à apreciação de um tribunal arbitral ou mesmo de um tribunal judicial internacional (meios jurídicos), segundo prescrevem os princípios e regras do Direito Internacional Ambiental.

Voltando à tese propalada pelos órgãos de imprensa tradicionais que pretendem imputar ao presidente brasileiro a responsabilidade pela prática de queimadas e de outros danos ambientais na Amazônia, forçoso é reconhecer sua fragilidade e inconsistência, conforme se explana a seguir. De acordo com as normas do Direito brasileiro, bem como do Direito Internacional Ambiental, a responsabilidade pela ocorrência e reparação do dano ambiental é do Estado (país) infrator e não da pessoa física do chefe de Estado (no caso em tela, o presidente brasileiro). Ademais, tal responsabilidade deve ser suscitada por aquele que sofreu o dano e que pretende uma reparação. Até onde se sabe, não se tem notícia de qualquer ação judicial proposta contra o chefe de Estado do Brasil, seja perante o Judiciário de nosso país, seja perante tribunal internacional, e isto se explica pelo simples fato de não haver qualquer evidência robusta destinada a comprovar uma tese que se mostra absolutamente desarrazoada, cujo objetivo parece ser o de embair a opinião pública por meio de uma retórica que se apresenta perfeitamente alinhada ao pensamento dominante dos líderes das grandes potências no tocante à defesa do meio ambiente.

Vale lembrar que os trabalhos preparatórios para a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro, em 1992, foram cercados de grande tensão, que se expressou na tentativa de imposição aos países em desenvolvimento de um conceito de defesa de meio ambiente engendrado pelas grandes potências. Naquela ocasião, os países industrializados apresentaram o argumento de que o bem ambiental pertence a toda a humanidade, não importando sua localização física, razão pela qual a soberania do país sobre tal recurso deveria ser relativizada, a ponto de, em 1989, o então senador e futuro vice-presidente dos EUA Al Gore declarar: “Ao contrário do que os brasileiros acreditam, a Amazônia não é propriedade deles, ela pertence a todos nós”.

É de se ter presente que o Brasil é um Estado soberano, a quem compete explorar seus próprios recursos, e essa constatação é suficiente para sobrepujar a ação articulada cujo objetivo é atentar contra a integridade territorial de nosso país.

Em realidade, os questionamentos suscitados pelos países industrializados acerca da soberania dos Estados em matéria ambiental acabaram caindo por terra com o advento da Declaração de Princípios, aprovada pela Conferência do Rio. De acordo com o princípio 2 da aludida Declaração, os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados. Portanto, se por um lado se reconhece o direito soberano de o Estado explorar seus próprios recursos, por outro lado, uma vez constatada a conduta lesiva por parte desse mesmo Estado ao meio ambiente de outros Estados, estes poderão suscitar a responsabilidade do Estado infrator, lançando mão dos meios de solução de controvérsias previstos nos tratados e convenções internacionais.

A Amazônia, não obstante seja considerada a maior floresta tropical do mundo, representando um ecossistema que concentra uma vasta biodiversidade, enfrenta sérios e graves problemas como queimadas, desmatamento e outras atividades ilícitas, os quais constituem objeto de preocupação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, órgão responsável pela coordenação e acompanhamento da implementação das políticas públicas voltadas para a região amazônica. Embora ainda hoje a floresta amazônica continue a despertar a curiosidade e a cobiça de diversos países que, como se sabe, já devastaram todos os seus recursos naturais, é de se ter presente que o Brasil é um Estado soberano, a quem compete explorar seus próprios recursos, e essa constatação é suficiente para sobrepujar a ação articulada da “grande mídia”, de países e de outras entidades cujo objetivo é pretender, deliberadamente, atentar contra a integridade territorial de nosso país.

Afonso Grisi Neto é procurador federal, mestre em Direito e doutor em Ciências Sociais.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-dissimulada-preocupacao-internacional-com-a-amazonia/
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