Você ainda acredita que ter uma presença digital não é importante e não fará diferença para o seu negócio? Infelizmente, há muitos que pensam isso. No entanto, a resposta é curta e rápida: errado.
Pelo contrário. A falta de presença na internet pode prejudicar muito sua empresa. E não somente em relação à visibilidade, mas principalmente, pode afetar seu lucro, pois na internet você poderia estar faturando muito mais.
A verdade é que, infelizmente, a empresa que insiste em não construir uma presença online, está fadada ao fracasso. Continue a leitura do artigo e veja alguns fatos sobre o assunto!
1. A falta de presença online afeta diretamente a atração de clientes
Algumas empresas, principalmente aqueles pequenos negócios que já tem uma certa reputação e estão há muito tempo funcionando, até mesmo antes da internet ficar popular, acabam tendo dificuldade de entender o impacto negativo que a falta de presença nesse meio pode causar.
Além disso, alguns negócios não perceberam a mudança de comportamento do consumidor, que se mostra cada vez mais conectado e principalmente, desatento, principalmente pela quantidade de conteúdo que consome.
De acordo com pesquisa feita pela IAB Brasil, 74% dos consumidores brasileiros fazem pesquisas na internet antes de decidir comprar um produto ou adquirir um novo serviço. Imagina seus possíveis clientes pesquisando sobre algo que você oferece e dar de cara com o blog do seu concorrente. Isso não seria nada interessante, certo?
O fato de você não estar na internet, para muitas pessoas, é como se sua empresa não existisse, porque a maioria delas chega em diversos produtos e serviços por meio de pesquisas na internet.
Mesmo se seu negócio seja conhecido na sua cidade ou região, você deixará de atrair mais clientes do que poderia. Outro dado importante é que cerca de 74% dos brasileiros preferem fazer compras online do que ir nas lojas, de acordo com levantamento feito pela NZN Intelligence.
2. No online você atrai o cliente certo, no offline nem sempre
Algumas empresas contam com o trabalho de uma agência de marketing ou publicidade e acredita que as estratégias de divulgação offline são o bastante. Infelizmente, isso não é verdade.
O marketing offline, além de ser mais caro, é divulgado para todo mundo, seja na televisão, entrega de panfletos ou no rádio. Ou seja, a publicidade acaba atingindo um grande número de pessoas, mas nem sempre atinge as pessoas ideais e para o seu negócio.
Não há como metrificar e analisar se uma determinada propaganda em uma mídia deu certo ou não.
Já no ambiente digital, isso é perfeitamente possível. As estratégias são focadas para atingir as pessoas ideais e que realmente tem interesse no que você vende. Assim, seu negócio poderá atrair muito mais leads qualificados, que são pessoas com maiores chances de comprar, e não apenas curiosos.
Ainda, uma estratégia de marketing de conteúdo, além de ser mais econômica que as de marketing offline e ser considerada por muitos como a mais eficaz na aquisição de clientes, da a possibilidade de metrificar e saber se a estratégia está dando certo ou não, podendo modificá-la com antecedência para que funcione.
3. O número de pessoas conectadas à internet cresce a todo momento
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de usuários de internet cresceu em 10 milhões em apenas 1 ano. Ou seja, a internet está cada vez mais acessível e em pouco tempo, o número de pessoas com acesso a internet cresceu significativamente. E acredite, vai crescer mais.
Esses números não podem ser ignorados e só comprova que estar na internet e ter uma presença forte é essencial.
Quanto mais pessoas na internet, maior terá que ser o investimento das empresas em deixar sua presença online melhor.
4. Seus concorrentes estão na internet
Entre as pequenas empresas, cerca de 40% delas não tem sequer um site. Logo, quem será que sai na frente e consegue mais clientes? Exatamente os 60% que tem presença na internet.
Para grande parte das pessoas, esses 40% de microempresas que estão ativas não existem para elas, pois como visto, o comportamento do consumidor mudou e hoje em dia, praticamente a maioria utiliza a internet para descobrir produtos e serviços e entender mais sobre uma marca.
E mesmo entre os 60% que estão presentes no meio digital, a concorrência ainda é enorme. Para conseguir sair na frente dos concorrentes, sua presença não deve apenas se resumir a um site e redes sociais. É importante se destacar, entregar conteúdos de valor e que sejam diferenciados para chamar a atenção e atrair mais pessoas interessadas.
5. Se relacionar com seus clientes faz você vender mais
Como o comportamento do consumidor mudou muito na internet, não adianta mais tratar as pessoas como meros “consumidores passivos”, que veem uma propaganda e compram o produto ou serviço oferecido. A internet deu o poder de pesquisar, comparar e escolher.
Por isso, vende mais quem se relaciona com os clientes, e não quem se relaciona apenas para vender. Consegue ver a diferença? Não adianta mais aparecer apenas para vender, mas sim conversar, engajar e construir reputação e autoridade antes de vender o que você oferece.
Atualmente, as empresas de maior sucesso conseguem ser ativas e conversar com os consumidores nas redes sociais e utilizam um site igual ao da Valeon para construir sua autoridade e passar na frente da concorrência.
Para isso, divulgam conteúdos de qualidade para demonstrar conhecimento, ensinar as pessoas e entregar valor e principalmente, para fazer a empresa e o site serem encontrados mais facilmente nos mecanismos de busca.
6. Brasileiros não gostam de anúncios
Se você acha que um site com conteúdos de qualidade não é necessário e que fazer anúncios nas redes sociais, seja por meio de ads ou nas páginas da sua empresa já é o ideal, saiba que brasileiros não gostam de anúncios!
De acordo com outro levantamento feito sobre o comportamento dos brasileiros na internet, desta vez pela multinacional britânica Mintel, a grande maioria dos brasileiros ignoram totalmente qualquer tipo de propaganda. Apenas cerca de 22% dizem ter clicado em propagandas que aparecem nesses sites de relacionamento.
Em suma, não adianta fazer um post tentando vender um produto a todo momento. A maioria não vai clicar para ver e se a sua insistência for demais, poderá até espantá-los.
7. O marketing de conteúdo é a chave
Se os brasileiros estão cada vez menos tolerante a anúncios e seus concorrentes também estão na internet, o que fazer? A resposta, de acordo com diversos especialistas em marketing, é apostar no marketing de conteúdo.
As pessoas adoram utilizar a internet para pesquisar conteúdos que respondam suas dúvidas e ensinem sobre algo. Logo, nada melhor do que entregar conteúdos de valor para ser encontrado na internet, demonstrar autoridade e ser lembrado na hora da compra!
Mas como se destacar e ter uma presença digital forte se outras empresas do mesmo segmento já utilizam essa estratégia?
Contando com a ajuda de uma empresa produtora de conteúdo como a Valeon que entrega um trabalho diferenciado, especializado e sem erros. Uma empresa que é especialista em marketing de conteúdo para o seu nicho, porque nós saberemos entregar um trabalho alinhado com o que você precisa.
A Startup Valeon é uma empresa de produção de conteúdo especializada em divulgação e propaganda dos seus negócios e empreendedorismo. Conhecemos o seu negócio e saberemos ajudar você nessa etapa. Conte conosco para começar a criar sua autoridade e se diferenciar dos concorrentes no meio digital!
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A Startup ValeOn um marketplace que tem um site que é uma Plataforma Comercial e também uma nova empresa da região do Vale do Aço que tem um forte relacionamento com a tecnologia.
Nossa Startup caracteriza por ser um negócio com ideias muito inovadoras e grande disposição para inovar e satisfazer as necessidades do mercado.
Nos destacamos nas formas de atendimento, na precificação ou até no modo como o serviço é entregue, a nossa startup busca fugir do que o mercado já oferece para se destacar ainda mais.
Muitos acreditam que desenvolver um projeto de inovação demanda uma ideia 100% nova no mercado. É preciso desmistificar esse conceito, pois a inovação pode ser reconhecida em outros aspectos importantes como a concepção ou melhoria de um produto, a agregação de novas funcionalidades ou características a um produto já existente, ou até mesmo, um processo que implique em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade ao negócio.
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Nossa startup procura resolver problemas e oferecer serviços inovadores no mercado.
ENTÃO QUE ELEJAMOS DOIDOS DAQUI PRA FRENTE. ESTE TEXTO É SOBRE O DOIDO FENÔMENO BOLSONARO, UM POLÍTICO MUITO DOIDO
Precisamos aprender com a vida, pense e reflita, este texto é maravilhoso! O Dr Jimi Scarparo, médico cirurgião, do Hospital Israelita Albert Einstein, nascido em Itapira, SP, externa sua opinião com franqueza, sobre o doido fenômeno Bolsonaro.
“Qualquer um que goze de mínimo bom senso e que acompanha os passos deste Presidente eleito, se choca com frases descabidas, atitudes “inapropriadas” para um líder de nação e, certamente, em algum momento pensou: será que votei certo?
Acho que gozo de uma inteligência mediana, mas também não sou político.
Daí me pergunto se, ele sendo político há mais de 30 anos, tudo que fala ou faz não compõe parte de sua estratégia recorrente de ludibriar aqueles que querem sua queda: bastou subir numa caminhonete, falar meia dúzias de palavras de duplo sentido e pronto, ninguém fala mais do ministro despedido.
Que homem louco, querendo avançar politicamente, peitaria a não tão mais poderosa REDE GLOBO?
E o que colhe com isso?
Ataques das 7 às 23h diariamente, com toda sorte de manipulação, distorção e mentiras para culpar o presidente pelos infortúnios do país, até mesmo um vírus.
Não seria mais fácil calá-los com umas propagandas governamentais superfaturadas no seu canal?
Não, manda seus jornalistas pastarem o lixo que produzem.
Que doido esse Bolsonaro!
Se não bastasse essa insanidade, ele vai além.
Resolveu peitar todo o mecanismo, o sistema apodrecido e corrupto, o tal presidencialismo de coalizão, o _establishment_, o _modus operandi_ de décadas comprando tudo e todos, sugando vampirescamente o sangue dos brasileiros.
E não é que esse insano quebrou muitos tentáculos desse monstro, composto por um conluio entre legislativo, mídia e judiciário.
Estancou a hemorragia, não aceitando o tal “diálogo” tão defendido pelo não-brasileiro ex-presidente da câmara.
O que ouvimos e vemos é um mecanismo se contorcendo como que prevendo sua morte, agonizando em sua impotência: derrota do governo no Congresso. Rodrigo Maia criticava o Presidente; Alcolumbre, aquele senador, que ameaçava e continua ameaçando o Presidente; Ministros do STF decidem contra o Governo; Governadores repudiam Bolsonaro; Ministério Público Federal aciona contra decisão do Governo.
Agonizam!
Que coisa louca esse Bolsonaro fez! Ele é muito doido.
E armam na calada da noite, se reúnem aqui e ali, quase loucos para derrubar o louco, mas nada parece funcionar bem. Já dizia Santo Agostinho: é quase impossível ofender um homem totalmente honesto.
Era de se esperar, após ter formado a segunda maior bancada do congresso pelo PSL, seu partido de eleição, que se mantivesse lá, mas sai porque percebe manipulação dos 400 milhões do fundo eleitoral que o partido vai receber.
Agora temos um presidente sem partido. Que doido um presidente sem partido abrir mão de tão forte recurso para sua reeleição, como que dizendo: meu partido é o Brasil!
Como um polo repelente da energia oposta, os infiltrados também foram se revelando e vazando: Dória, Witzel, Moisés, Peppa, Bebiano, Mandetta, Frota, Moro… a lista é grande.
De novo, incompreensível isso, salvo pela sede precoce de poder deles, não permanecerem do lado daquele que praticamente os elegeu: o doido do Bolsonaro.
Por fim, esse doido não respeita a barulhenta e maquiavélica esquerdopatia, bem representados por artistas decadentes, os ELENÃO, petralhas e toda legião de demônios que preferem um presidente multiplamente condenado a um doido como o Bolsonaro.
O doido consegue fazer abortistas pedirem respeito à vida durante uma epidemia.
Essa esquerdopatia é a que mais sofre em sua impotência.
Esperneiam, gritam, torcem pelo vírus, quebram panelas, defendem perda de direitos para prejudicarem, quem?
O doido do Bolsonaro.
Deus deve gostar de doidos… Ele faz muitos, inclusive esse que vos escreve… Deus poderia mandar mais doidos para ocupar a presidência da câmara e do senado, 11 doidos para o STF, 27 doidos para governar os estados e milhares de doidos para as prefeituras do Brasil.
Não seria doido isso?
O que é mais doido nesse paradoxo é que vivemos elegendo pessoas normais em vez de doidos, para sermos insistentemente roubados pelos “normais”. Somos ou não somos doidos?
Então, que elejamos doidos daqui para frente.
PS. Sou doido por Bolsonaro!
Se um dia provarem que ele roubou, volto a ser normal, e escolho outro doido até que provem que o outro doido roubou, aí volto a ser normal novamente até acertar no doido certo.
O presidente da República, Jair Bolsonaro.| Foto: Marcos Correa/PR
O presidente Jair Bolsonaro ironizou na noite desta sexta-feira (15) o anúncio de que o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), deve pedir seu indiciamento por 11 crimes. O parecer de Renan será analisado pela comissão na próxima semana e precisa ser aprovado pela maioria dos senadores. “Sabia que eu fui indiciado hoje por homicídio? Alguém está sabendo aí? A CPI me indiciou por homicídio. O Renan Calheiros me indiciou por homicídio, 11 crimes”, disse Bolsonaro a apoiadores no Palácio da Alvorada, como mostrou O Globo.
O presidente ainda defendeu o auxílio emergencial e chamou Renan de “bandido”. “Bandido é elogio para ele… O Renan está achando que eu não vou dormir porque está me chamando de homicida, está de sacanagem”, afirmou Bolsonaro. Ele questionou também o fato de nenhum governador ter recebido a mesma acusação.
“Esse indiciamento, para o mundo todo, vai que eu sou homicida. Eu não vi nenhum chefe de estado [governador] ser acusado de homicida no Brasil por causa da pandemia. E olha que eu dei dinheiro para todos eles”, disse o mandatário. Em entrevista à Rádio CBN, Renan afirmou que o relatório irá pedir o indiciamento de Bolsonaro por 11 crimes, entre eles: epidemia com resultado morte; genocídio de indígenas; crimes contra a humanidade; crimes de responsabilidade; e homicídio por omissão.
CPI da Covid se eximiu de investigar estados e municípios.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Um pesquisador potiguar convenceu-me, há mais de 20 anos, que o descobrimento do Brasil aconteceu no Rio Grande do Norte. Pois agora se descobre, na Assembleia Legislativa, em Natal, o que a CPI no Senado preferiu não investigar. Segundo o presidente da CPI da Covid de lá, o deputado Kelps Lima, há “documentos sigilosos, confissões, delação, extrato de banco; é estarrecedor e vai além do Consórcio Nordeste, porque chega à Prefeitura de Araraquara, de Edinho do PT”. O autor do requerimento com mais assinaturas para instituir a CPI do Senado, senador Eduardo Girão, foi a Natal para trazer o tema para o plano federal, uma vez que envolve nove estados e um município paulista.
O requerimento do senador Girão, com 45 assinaturas, pretendia investigar o destino do dinheiro federal para estados e municípios, mas prevaleceu o objetivo do requerimento com 31 assinaturas, do Senador Randolfe, que se propunha investigar a falta de oxigênio em Manaus e a atuação do governo federal. A CPI acabou se convertendo em peça eleitoral contra o presidente da República, desrespeitou a relação médico-paciente, perdeu tempo com vacina que não foi comprada e agora se prepara para anunciar o sumário das narrativas que construiu. Compra de respirador em loja de vinho ou de empresa chamada Hempcare (Hemp é maconha em inglês…), superfaturamentos e uso de dinheiro que veio dos pagadores de impostos, nunca foi objetivo da maioria da CPI do Senado.
A CPI potiguar chamou Carlos Gabas, ex-ministro de Dilma, executivo do Consórcio do Nordeste, como investigado, mas ele usou o direito de ficar calado. A CPI do Senado negou-se a chamá-lo. O Consórcio Nordeste, feito para a pandemia, gastou R$ 2,5 milhões em mídia, apurou o senador Girão. E pagou R$ 48 milhões por 300 respiradores que não foram entregues. A vendedora emitiu a nota fiscal nº 002, após oito meses de existência. Vendeu, à revelia, pelo triplo do preço que pagaria, pressionada pelo comprador, segundo a CPI do RN.
Para investigar o que foi omitido, o senador Girão já tem, no Senado 37 assinaturas – suficientes – e outro Girão, deputado pelo RN, ajuda a colher assinaturas na Câmara, para fazer uma CPI Mista, de deputados e senadores, para desvendar o que a atual CPI ocultou. Imagina-se que será mais ampla, certamente não deixando de lado o que a CPI atual fez com seus dogmas e pressões sobre médicos. De novo o RN terá contribuição a dar. Basta mostrar por que, até agora, no presídio de Alcaçuz, entre 1624 internos, 224 tiveram Covid e nenhum precisou ser hospitalizado, com zero mortes. Entre esses, idosos, doentes crônicos, diabéticos. A CPI atual errou a oportunidade, foi com muita sede ao pote; vai ficar obsoleta e ainda dar munição para a outra, na medida que dogmas não sobrevivem na ciência. E vai ficar mais próxima do ano eleitoral.
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, recebeu o chanceler argentino, Santiago Cafiero, para discutir tarifas do Mercosul.| Foto: Lincoln Siebra/MRE
Em março e abril deste ano, aproveitando as comemorações dos 30 anos do Mercosul, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes fizeram dois pedidos: que os países-membros pudessem ter liberdade para negociar isoladamente acordos comerciais, e que a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco fosse gradativamente reduzida. À época, o presidente argentino, Alberto Fernández, rejeitou as duas ideias, ganhando por aqui o apoio dos ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso.
O governo argentino, no entanto, acaba de dar algum ouvido à voz da razão. No dia 8, os chanceleres de Brasil e Argentina se encontraram em Brasília e anunciaram um acordo para aplicar a redução de 10% à TEC, que é a tarifa aplicada por todos os membros do Mercosul aos produtos que vêm de fora do bloco. Paraguai e Uruguai não participaram das negociações, mas a concordância dos dois pesos-pesados do grupo – incluindo o mais protecionista entre todos os membros, a Argentina – permite imaginar que não haverá objeções nem em Montevidéu, nem em Assunção.
Mesmo com a redução na Tarifa Externa Comum, o Mercosul continuará a ser um bloco bastante avesso à ampla abertura comercial
Os uruguaios, aliás, queriam cortes ainda maiores; em abril, propuseram redução de 20% em duas etapas, uma já naquele mês e outra até o fim de 2021. Guedes apoiou a ideia, mas os argentinos a rejeitaram. O Brasil passou a sugerir uma redução de 10% neste ano e mais 10% em 2022, mas continuou esbarrando na recusa da Argentina, que só concordou quando a proposta se limitou a um único corte de 10%.
Esta não foi a única concessão feita aos argentinos, normalmente avessos à abertura comercial. A ideia original brasileira era aplicar a redução da TEC às alíquotas de todos os produtos importados, mas isso não deve ocorrer. O acordo “permitirá a diminuição de 10% de um universo muito amplo de produtos”, disse o chanceler Carlos França, após o encontro com seu colega argentino, Santiago Cafiero – que até pouco tempo atrás era chefe de gabinete de Fernández, mas foi removido do posto depois do motim da ala do governo chefiada pela vice-presidente Cristina Kirchner. Há o risco de que acabem ficando de fora desse “universo muito amplo” alguns produtos importantes para os quais uma redução nas tarifas de importação seria extremamente bem-vinda.
Mesmo com a redução, o Mercosul continuará a ser um bloco bastante avesso à ampla abertura comercial. A TEC é diferente para cada tipo de produto, mas a média das tarifas, segundo o Ministério da Economia brasileiro, é de 13%, contra 4% a 5% no resto do mundo. O mercado consumidor formado por brasileiros, argentinos, paraguaios e uruguaios seguirá em boa parte privado do acesso a produtos estrangeiros a preços competitivos, mantendo a inserção internacional do bloco em níveis que pouco ajudarão os países do Mercosul a crescer.
No caso brasileiro, estudos da OCDE e do Banco Mundial divulgados em 2018 estimam os efeitos de uma autêntica abertura comercial. Na conta da OCDE, apenas a redução de tarifas de importação e o fim de políticas de conteúdo nacional mínimo elevariam o PIB em 10 pontos porcentuais adicionais ao longo de 15 anos. Segundo o Banco Mundial, se o Mercosul reduzisse a TEC pela metade e se o Brasil retirasse os impostos de exportação, as importações brasileiras subiriam 6,6% e as exportações, 7,5%, resultando em crescimento adicional do PIB de 0,93 ponto porcentual ao ano.
Uma economia fechada como a brasileira é excelente para quem tem preservada sua reserva de mercado, mas péssima para os consumidores, especialmente os mais pobres
Tamanha abertura, no entanto, é difícil de ocorrer, e os culpados não estão apenas do outro lado da fronteira. Se o Brasil tentasse seguir as sugestões da OCDE e do Banco Mundial, setores pouco competitivos da economia brasileira protestariam e usariam sua influência no Congresso. A esquerda brasileira, tão avessa à abertura comercial quanto seus companheiros argentinos, lançaria slogans sobre a necessidade de proteger o produto nacional contra a “invasão estrangeira”. E o projeto de abertura acabaria ou naufragado ou extremamente atenuado.
Uma economia fechada como a brasileira é excelente para quem tem preservada sua reserva de mercado, mas péssima para os consumidores, especialmente os mais pobres, que têm negada a chance de adquirir produtos ou mais baratos, ou de melhor qualidade, fossem estrangeiros ou nacionais, já que a indústria brasileira precisaria se tornar mais competitiva em uma economia aberta. Uma redução tímida nas tarifas ainda é melhor que redução nenhuma, mas, com a experiência mundial mostrando as vantagens evidentes de uma inserção internacional mais intensa, é triste perceber como o protecionismo segue forte neste canto do planeta.
Cinco meses Por Olavo Soares – Gazeta do Povo Brasília
Ato em frente ao Congresso Nacional em homenagem às mais de 600 mil vítimas do novo coronavírus: CPI da Covid vai encerrar os trabalhos após cinco meses de investigação| Foto: Roque de Sá/Agência Senado
A CPI da Covid do Senado vai tornar público o seu relatório final, na próxima segunda-feira (18), com um volume elevado de descobertas. Em julho, quando o Congresso Nacional parou para seu habitual recesso de meio de ano, a cúpula da comissão divulgou que o colegiado havia reunido mais de 1 terabyte de arquivos com documentos, gravações e outros arquivos ligados às investigações. De lá até os dias atuais, a quantidade de informações cresceu de forma significativa.
Os achados da CPI se desdobraram em diversos segmentos e a variedade de campos foi superior ao esperado pelos parlamentares no início das investigações. Termos como “gabinete paralelo” e “invoice”, nomes como Dominguetti e Precisa, personalidades como o motoboy Ivanildo Gonçalves e a médica Luana Araújo se sucederam no noticiário e passaram a figurar em conversas cotidianas dos brasileiros.
A Gazeta do Povo produziu um levantamento com os assuntos que foram apurados pela CPI ao longo desses mais de cinco meses de trabalho. Veja, abaixo, uma relação com as questões investigadas pela comissão e o que governistas e adversários do presidente Jair Bolsonaro falaram a respeito.
“Gabinete paralelo” A existência de uma estrutura alternativa de aconselhamento ao presidente Bolsonaro para questões ligadas à pandemia de coronavírus foi um dos temas iniciais de debate na CPI.
O assunto apareceu logo no primeiro depoimento da comissão, o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em 4 de maio. Na ocasião, ele afirmou que existia no entorno de Bolsonaro um grupo de pessoas sem cargo público, ou com cargo em instâncias desvinculadas do Ministério da Saúde, que tinha mais influência do que os gestores ligados à temática da saúde pública, como ele próprio.
Personalidades como os empresários Luciano Hang e Carlos Wizard Martins, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, a médica Nise Yamaguchi e o deputado Osmar Terra (MDB-RS) foram identificados como membros deste suposto gabinete.
Falas de outros depoentes da CPI ajudaram a reforçar a hipótese. O também ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse à comissão que não tinha autonomia para comandar a pasta. O empresário Airton Cascavel foi questionado pelo fato de ter atuado como uma espécie de “número 2” do ministério durante a gestão do general Eduardo Pazuello, mesmo sem ter formalmente um cargo.
Já a médica Luana Araújo, contratada para ser secretária de enfrentamento à Covid-19 no ministério, mas que ficou menos de 15 dias no cargo, teve no seu desligamento um ponto de interrogação levantado pelos senadores. Isso porque ela disse aos parlamentares ter ouvido do atual ministro Marcelo Queiroga que a demissão havia sido ordem “de alguém da Casa Civil”; porém, quando Queiroga foi à comissão, declarou que a não efetivação de Araújo era uma ideia sua.
Entre as medidas defendidas pelo “gabinete paralelo” estariam ações como o uso do tratamento precoce contra a Covid-19, com medicações sem eficiência comprovada contra a doença, como a cloroquina e a ivermectina, o combate a medidas de restrição de circulação e uso de máscaras e o estímulo à imunidade de rebanho, quadro em que um número elevado de pessoas com o coronavírus levaria a população geral a ter anticorpos contra a doença. O “gabinete paralelo” também desaconselharia a vacinação.
Uma das ações de maior impacto que teria sido liderada pelo “gabinete paralelo” seria a tentativa de modificação da bula da cloroquina para inserir no texto a informação de que o medicamento é eficaz contra a Covid-19. A citação também apareceu no depoimento de Mandetta e foi reforçada na oitiva do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.
Para os oposicionistas, a insistência com o tratamento precoce teria duas explicações: uma de viés ideológico e outra de cunho econômico, já que laboratórios estariam lucrando com a venda das medicações. A CPI chegou a levar para depor um executivo da Vitamedic, farmacêutica fabricante de ivermectina, que comprovou o expressivo crescimento nas vendas.
Os senadores da CPI que apoiam o governo Bolsonaro rejeitam a ideia de um “gabinete paralelo” e apontam que a expressão é resultado de interpretações de cunho político feitas pela oposição. Para eles, o que o presidente faz ao conversar com pessoas de fora do governo é a rotina de qualquer governante que busca aconselhamentos.
Eles citam ainda que outras pessoas apontadas como membros do “gabinete paralelo” detêm cargo no governo federal, o que torna ilógica a ideia de que a estrutura operaria de modo informal — neste caso, entram como exemplo o assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins, e a médica Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, chamada pela oposição de “Capitã Cloroquina”.
Outro elemento ironizado pelos governistas é o fato de que muitos eventos de debate sobre a pandemia tidos como “descobertas” da CPI foram, na verdade, agendas públicas, e isso descaracterizaria a ideia de que se tratasse de algo paralelo ou oculto.
Colapso no Amazonas A investigação do caos vivido por conta da Covid-19 no Amazonas no início de 2021 esteve entre as razões que levaram à criação da CPI e fez parte especialmente dos momentos iniciais da comissão.
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi questionado sobre as falhas na aquisição de oxigênio para a região. A CPI expôs documentos que apontavam que a carência da substância em Manaus era sabida desde o dia 4 de janeiro, mas Pazuello disse aos senadores que tomou conhecimento do caso apenas no dia 10.
Outro aspecto relacionado à crise em Manaus que foi explorado em diferentes ocasiões pela CPI foi o aplicativo TrateCov. A plataforma tecnológica foi utilizada na capital amazonense como, em tese, uma ferramenta de apoio aos médicos que lutavam contra a Covid-19. Mas o mecanismo despertou críticas por recomendar a aplicação de cloroquina a todos os pacientes, independentemente da idade ou da gravidade da doença.
Na CPI, Mayra Pinheiro e Pazuello declararam que o TrateCov era apenas um protótipo e que não deveria ter se tornado público. Documentos divulgados pela comissão, porém, mostraram que houve um lançamento oficial do aplicativo e que a versão de que a publicidade era fruto de um vazamento não se sustentava.
O caos em Manaus foi também explorado na oitiva com o ex-ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores. Os senadores da oposição apontaram que o governo da Venezuela se ofereceu para ceder oxigênio ao Amazonas, e que o Itamaraty, por motivações ideológicas, não conduziu o recebimento da oferta. Presidente da CPI e morador de Manaus, o senador Omar Aziz (PSD-AM) relatou que o oxigênio “chegou de caminhão” à cidade, o que causou demora excessiva no fornecimento do suprimento, enquanto “um avião da FAB” resolveria a questão com mais rapidez.
A CPI teve ainda uma sessão sobre o caso de Manaus com o deputado estadual Fausto Júnior (MDB-AM), que foi o relator de uma CPI que apurou desvios na saúde pública local. O encontro, entretanto, acabou se transformando em uma sessão de bate-boca entre o parlamentar e Aziz. O deputado disse que o senador, que foi governador do estado, poderia ser indiciado por conta de possíveis irregularidades na saúde. Aziz retrucou com questionamentos sobre o enriquecimento da mãe de Fausto, e chegou a sugerir que a CPI quebrasse o sigilo de personalidades ligadas ao deputado.
Senadores alinhados com Bolsonaro, que criticam a condução da CPI por Aziz, afirmaram na ocasião que o presidente do colegiado estava utilizando a comissão para atender a interesses pessoais, e as quebras de sigilo não prosperaram.
Negligência com a vacinação Também um dos temas mais recorrentes das primeiras semanas da CPI, a suposta negligência do governo federal em efetuar a imunização dos brasileiros foi explorada em depoimentos como o de Carlos Murillo, gerente da Pfizer para a América Latina. O executivo disse à comissão que ofertas feitas pela empresa ao governo brasileiro foram ignoradas, e em mais de uma ocasião. Murillo disse também que participou de uma reunião com o vereador Carlos Bolsonaro, o que revoltou senadores da oposição.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, foi enfático ao dizer à CPI que o Brasil poderia ter sido pioneiro, em termos globais, na vacinação contra a Covid-19. Ele falou que a instituição não recebeu nenhum apoio do governo federal e que chegou a ser sabotada — a vacina produzida pelo órgão é a Coronavac, chamada de “vacina chinesa” por Bolsonaro e seus apoiadores.
Já a enfermeira Franciele Fantinato, que foi coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI), viu “desestímulo” do governo em relação ao tema. “Uma campanha de vacinação precisa de vacinas e de campanha publicitária. E eu não tive nenhum dos dois”, alegou.
Os senadores que defendem Bolsonaro rebateram as acusações dizendo que o governo fez sua parte em relação ao tema. O que foi interpretado como negligência, segundo eles, foi na verdade a cautela necessária do Executivo diante de substâncias que ainda estavam em fase de testes — e, portanto, não poderiam ser adquiridos de forma acelerada.
Nas últimas semanas, os parlamentares bolsonaristas da comissão têm enfatizado números positivos do Brasil em relação à vacinação. O senador Luís Carlos Heinze (PP-RS), por exemplo, habitualmente coloca que o país superou a maior parte das nações em número de imunizados.
Na última quarta-feira (13), o Brasil ultrapassou a marca de 100 milhões de pessoas com o esquema vacinal contra a Covid-19 completo, ou seja, que receberam as duas doses ou a dose única da vacina da Janssen. Outras 149,7 milhões de pessoas receberam a primeira dose.
O Brasil ocupa a 62ª posição no ranking de países na vacinação contra a Covid-19 em relação à população, segundo a Universidade Johns Hopkins. O país, no entanto, está acima da média mundial, de pouco mais de 35%. Quando considerados os números absolutos, o Brasil fica na quarta posição como país com mais doses aplicadas, atrás de China (1,047 bilhão), Índia (272,6 milhões) e Estados Unidos (187,7 milhões).
Corrupção no Ministério da Saúde A abordagem sobre negligência para a vacina, porém, acabou ficando em segundo plano na CPI quando a comissão partiu para a apuração de outro aspecto: a da existência de esquemas de corrupção envolvendo a compra de imunizantes por parte do governo federal.
A CPI investiu na investigação de dois casos. Um é o da vacina Covaxin. O imunizante é produzido pelo laboratório indiano Bharat Biotech. O Ministério da Saúde empreendeu negociações para a sua compra e o procedimento teve como intermediária a empresa Precisa. A negociação foi recheada de minúcias que motivaram muitos debates e descobertas na CPI. Entre os fatores investigados está a empresa que forneceu a garantia do contrato para a precisa: o FIB Bank, instituição que apesar do nome não é um banco e que se apresenta como uma empresa de pequeno porte, apesar de declarar um capital social de R$ 7,5 bilhões.
O episódio também envolveu o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). A CPI averiguou o fato de o parlamentar ter apresentado uma emenda que agilizava a utilização de vacinas de origens indianas no Brasil. O vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), chegou a dizer que Barros tinha “pulsos suspeitos” de ter recebido um relógio de luxo que foi comprado por uma empresa vinculada a um diretor da Precisa. Barros depôs à CPI e negou as acusações.
O outro incidente amplamente investigado pela CPI teve um desdobramento que rendeu até prisão para um dos envolvidos. Trata-se da negociação para a venda de vacinas da Astrazeneca para o Ministério da Saúde sob intermediação da empresa Davati. O episódio se tornou inicialmente conhecido após uma entrevista que Luiz Paulo Dominguetti, policial militar e representante da Davati, concedeu à Folha de S. Paulo. No relato, ele disse que procurou o Ministério da Saúde para negociar imunizantes e recebeu a contraproposta de que a negociação só prosperaria mediante o pagamento de propina de US$ 1 a cada dose adquirida.
Dominguetti foi convocado à CPI, assim como a pessoa que supostamente teria feito a cobrança: Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde. Ambos apresentaram à comissão — com versões distintas e, de certo modo, contraditórias — o evento que ficou conhecido como o “jantar da propina”, o encontro em que a proposta da vantagem indevida teria sido feita. Tanto Dominguetti quanto Dias confirmaram ter se encontrado em um restaurante de Brasília e conversado sobre a compra de vacinas.
O policial diz que o encontro foi previamente combinado e que nele ouviu a proposta da propina; já Dias alegou que havia saído para se encontrar casualmente com um amigo quando foi abordado por Dominguetti. Dias e Dominguetti passaram pela CPI, em depoimentos que irritaram tanto governistas quanto oposicionistas. A indignação dos parlamentares com Dias foi tanta que ele acabou detido em meio ao seu depoimento, por ordem do presidente da CPI, Omar Aziz.
As suspeitas de corrupção envolvendo o Ministério da Saúde também envolvem a empresa VTC Log. A CPI identificou que o grupo presta serviços de logística à pasta, em substituição a um departamento que fazia a atividade com integrantes do próprio ministério. A decisão de trocar o corpo funcional por uma empresa externa foi tomada quando o titular da pasta era Ricardo Barros, durante o governo de Michel Temer. A CPI verificou também que a VTC Log fez expressivos saques em dinheiro e que pagou um boleto em nome de Roberto Dias. As movimentações da companhia levaram seu motoboy, Ivanildo Gonçalves, à comissão.
Mas os depoimentos mais inflamados à CPI sobre uma possível corrupção no ministério vieram por parte do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão, o servidor da pasta Luís Ricardo Miranda. Ambos disseram ter tomado conhecimento de um esquema para privilegiar a Covaxin no Ministério da Saúde. Luís Ricardo relatou ter sido pressionado a descumprir algumas etapas para garantir que a tramitação da Covaxin se desse com mais rapidez que o habitual.
Segundo seu relato, os irmãos foram diretamente ao presidente Jair Bolsonaro para informá-lo das irregularidades. O encontro foi registrado nas redes sociais do parlamentar, que diz ter ouvido do chefe do Executivo que uma investigação seria aberta. O procedimento não foi implantado, o que pode motivar o indiciamento de Bolsonaro por prevaricação no relatório de Renan Calheiros.
As denúncias de corrupção ligadas à compra de vacina proporcionaram, em alguns momentos, uma improvável convergência entre governo e oposição na CPI. Os dois grupos distintos de parlamentares concordavam nos ataques às empresas como FIB Bank, Davati, Precisa e seus dirigentes. Havia o entendimento consensual de que as companhias não tinham condições de fornecer ao Estado brasileiro imunizantes de qualidade com preços justos.
A divergência se instalava na etapa seguinte a este raciocínio. Para os oposicionistas, as empresas tiveram, apesar de seus currículos pouco abonadores, as portas abertas na estrutura federal, o que revelaria uma conivência do governo Bolsonaro com a corrupção.
Já os aliados do presidente enfatizam que os contratos não chegaram a ser integralmente consolidados e, por consequência, as despesas não foram consumadas. Frases como “não houve prejuízo de um centavo aos cofres públicos” foram repetidas à exaustão por parlamentares como Heinze e Marcos Rogério (DEM-RO).
Hospitais do Rio de Janeiro Com o depoimento do ex-governador Wilson Witzel (PSC), a CPI ensaiou uma investigação sobre esquemas de corrupção em hospitais do Rio de Janeiro. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, disse após a fala do ex-governador que a comissão entrava em um “novo flanco” de investigação, motivada pela descoberta de que milícias estariam infiltradas na gestão de hospitais do estado.
O depoimento de Witzel foi um dos mais curtos de toda a CPI. O ex-governador foi à comissão munido de um habeas corpus que dava a ele o direito de sair da oitiva a hora que quisesse, o que acabou exercendo. Por conta disso, a comissão chegou a falar em promover um encontro secreto com o ex-governador. O próprio Witzel mencionou que teria informações que só passaria em uma atividade reservada.
No intervalo do recesso, a CPI designou o senador Humberto Costa (PT-PE) como responsável por avançar nas investigações sobre o tema. Mas o assunto acabou esquecido.
Ações negacionistas e fake news A CPI da Covid recebeu no dia 30 de setembro o empresário Otávio Fakhoury. O depoimento se coligou com oitivas do começo da comissão, como a do ex-chanceler Ernesto Araújo, quando um dos focos do colegiado era apurar a postura negacionista de parte de integrantes do governo federal.
Com o antigo ministro das Relações Exteriores, por exemplo, a CPI abordou as críticas que ele fez à China — em um texto, Araújo chamou o coronavírus de “comunavírus”. Ele disse que não tinha hostilidade em relação ao país asiático e que o uso do termo “comunavírus” era a repetição do feito em outras publicações.
Declarações sobre a China quase levaram a CPI a convocar o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. Mas a fala em questão foi do presidente Bolsonaro, que em julho sugeriu que o coronavírus poderia ter sido uma criação do governo chinês. A CPI indicou que gostaria de saber de Ramagem se a declaração do presidente era fruto de alguma investigação dos órgãos nacionais de inteligência.
Já Fakhoury foi indagado sobre sua possível participação em um esquema de disseminação de notícias falsas. O empresário foi confrontado com publicações suas nas redes sociais em que contestava as vacinas, criticava medidas de restrição e atacava o uso de máscaras. Fakhoury manteve as falas, mas disse serem posicionamentos individuais e negou integrar qualquer sistema.
A CPI avançou sobre veículos de comunicação simpáticos ao governo Bolsonaro e que foram também acusados de repassar notícias falsas, como Terça Livre, Senso Incomum, Brasil Paralelo e Jornal da Cidade Online. A comissão chegou a falar em quebrar o sigilo da rádio Jovem Pan, mas acabou recuando, diante da repercussão negativa.
Prevent Senior A partir do meio de setembro, a comissão voltou seus olhos para o caso Prevent Senior. Motivada por um dossiê e reportagens veiculadas pela imprensa, a CPI apurou ocorrências do plano de saúde acusado de manipular estatísticas de óbitos por Covid-19 em suas unidades, de obrigar seus profissionais a receitar o “kit covid” e de proibir seus médicos de utilizarem máscaras de proteção.
A CPI teve cinco reuniões em que o tema Prevent Senior foi abordado. Uma com o médico Pedro Benedito Batista Júnior, diretor da empresa; outro com a advogada Bruna Morato, que defende médicos que acusam a companhia; uma com o diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello Filho, que foi questionado sobre uma possível negligência do órgão em relação ao caso; uma com o advogado Tadeu Andrade, que sobreviveu a um procedimento médico feito em um hospital da Prevent Senior, e o médico Walter Correa, que é um dos denunciantes contra a firma.
A oitiva com o empresário Luciano Hang, embora tenha também abordado outros pontos, teve no caso Prevent Senior seu ponto principal. A mãe de Hang morreu quando estava internada sob os cuidados da Prevent Senior e senadores da oposição acreditam que a causa da morte tenha sido modificada para ocultar o óbito por Covid-19, uma vez que o incidente enfraqueceria a narrativa em prol do tratamento precoce, defendido por Hang e pelo presidente Bolsonaro.
Além dos depoimentos que reforçaram as denúncias já apresentadas contra o plano, a CPI buscou fazer conexões entre braços do governo federal e a empresa. Parlamentares de oposição recordaram publicações nas redes sociais de Bolsonaro e aliados celebrando números positivos que a Prevent Senior teria alcançado com o tratamento precoce — as pesquisas que supostamente confirmaram os fatos foram posteriormente contestadas pela CPI e outros órgãos.
E com a oitiva da advogada Bruna Morato, a CPI ficou próxima de direcionar seus esforços em tentar conectar o Ministério da Economia ao “gabinete paralelo”. A depoente falou que a conduta da Prevent de fomentar o tratamento precoce se encaixava em esforços do governo Bolsonaro de estimular a retomada da atividade econômica. Por conta disso, membros da CPI cogitaram um depoimento do ministro da Economia, Paulo Guedes. A convocação dele chegou a ser aprovada, mas não foi efetivada.
O posicionamento dos senadores governistas em relação ao caso Prevent Senior foi de cautela. Eles nem endossaram as críticas, como fizeram nos episódios das intermediárias de vacinas, mas nem atuaram em uma defesa integral da empresa. Em muitas ocasiões, os parlamentares se esforçaram em tentar desvincular o Palácio do Planalto do episódio e também o tratamento precoce — para eles, eventuais falhas cometidas pela Prevent na aplicação do protocolo não podem inviabilizar a ideia do procedimento.
Os senadores governistas também acusaram a oposição de fazer política em cima dos acontecimentos, em especial das mortes do médico Anthony Wong e da mãe do empresário Luciano Hang. A participação de Hang na CPI recebeu a presença de bolsonaristas na comissão, em uma ocasião em que isso já estava raro.
Denúncias de desvios em estados e municípios “Hoje nós estamos na 52ª sessão desta CPI e nós pudemos nos aprofundar agora um pouco mais em eventuais desvios de verbas federais que foram destinadas a estados e municípios”. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) abriu assim seu pronunciamento na sessão do colegiado em 2 de setembro, quando o depoente era Francisco Araújo Filho, ex-secretário de Saúde do Distrito Federal.
A fala de Girão refletiu um protesto repetido muitas vezes por ele e por senadores governistas da CPI: o de que a comissão não avançou nas investigações de corrupção relativas a denúncias ligadas a verbas federais enviadas a governos estaduais e municipais. A pauta foi um dos pontos fundadores da CPI, elaborado pelo próprio Girão, mas permaneceu à margem da comissão durante toda a extensão de seus trabalhos. O grupo oposicionista da CPI, em maior número, optou por centrar fogo nas questões ligadas à gestão Bolsonaro e seus desdobramentos.
Com isso, os governistas repetiram sessão após sessão que a CPI fechava os olhos para aquilo que, na ótica deles, representava o maior problema do Brasil no combate à pandemia. Repetiram por diversas ocasiões que valores elevados foram enviados pelo governo federal.
Um episódio em especial foi citado à exaustão: a compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste, agremiação que une os nove estados da região. A transação teria ocorrido com superfaturamento, tido como vendedor uma loja especializada em produtos derivados da maconha e, ao fim, os produtos não foram entregues à população. Os governistas queriam que a CPI convocasse o diretor do consórcio, o ex-ministro Carlos Gabas, o que foi vetado pela maioria da comissão.
A CPI chegou a dar um passo em direção às questões estaduais, mas foi barrada por outro poder. No início de junho, a comissão agendou o depoimento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), em uma fala que abriria uma sequência de oito encontros com gestores estaduais. Lima, porém, conquistou junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus que deu a ele o direito de não comparecer ao colegiado.
A partir dali, a linha de investigação foi descartada — apesar dos protestos dos senadores bolsonaristas, que disseram que o veto do Judiciário poderia ser “driblado” com convocações a secretários ou outros membros da máquina administrativa local.