sábado, 2 de outubro de 2021

NOVAS REGRAS ELEITORAIS PARA 2022

 

Novas leis

Por
Isabella Mayer de Moura – Gazeta do Povo

Cronograma de Carga e Lacração – preparação da urnas para o 2° turno das Zonas Eleitorais do Paraná – Tags: eleições2018, eleições, voto, sulfrágio, Tribunal, urna eletronica. Fotos: André Rodrigues

Urnas eletrônicas usadas nas eleições.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo / Arquivo

Muitas mudanças eleitorais foram, e ainda estão sendo, discutidas pelo Congresso brasileiro ao longo de 2021. Mas poucas propostas foram aprovadas pelo Congresso a tempo de valer para as eleições de 2022. Como neste sábado (2) o país estará a exatamente um ano do primeiro turno das eleições, somente aquilo que foi aprovado pelos parlamentares até agora vai valer na disputa do ano que vem. Isso porque a legislação exige que mudanças nas eleições têm de ser aprovadas com pelo menos um ano de antecedência.

O Código do Processo Eleitoral, por exemplo, que traria as alterações mais substanciais, ainda está em tramitação no Senado. Mas o pleito do ano que vem terá algumas novas normas. A principal delas, segundo especialistas em Direito Eleitoral ouvidos pela Gazeta do Povo, é a que dá peso maior para os votos obtidos por mulheres e negros para calcular, posteriormente, a distribuição da verba dos fundos eleitoral e partidário. O objetivo da nova lei é incentivar candidaturas desses grupos minoritários na representação política. 

Confira a seguir o que mudará nas eleições do ano que vem, o que já foi aprovado para valer em outras eleições que não a de 2022, o que ainda está em discussão e quais as proposições que foram descartadas.

O que muda para as eleições de 2022
Incentivo financeiros às candidaturas de mulheres e de negros

Os votos obtidos por candidatos negros e mulheres à Câmara de Deputados terão peso duplicado no cálculo de distribuição dos fundos partidário e eleitoral. A contagem em dobro, porém, valerá apenas uma vez. Ou seja, uma candidata negra não terá os votos duplicados duas vezes por ser mulher e negra. A medida vale para as eleições de 2022 até as de 2030. O objetivo da nova regra é incentivar que os partidos invistam nas candidaturas desses grupos.

Para o advogado especialista em Direito Eleitoral Francisco Emerciano, essa é a principal mudança que entrará em vigor nas eleições de 2022 e que pode ter o efeito de reduzir as chamadas “candidaturas laranjas” – quando mulheres são formalizadas como candidatas apenas para cumprir a cota obrigatória de gênero, sem nem mesmo fazer campanha.

Essa mudança consta da Emenda Constitucional da Reforma Eleitoral.

Fidelidade partidária mais flexível

Deputados federais, estaduais, distritais e vereadores poderão deixar o partido pelo qual foram eleitos sem perder o mandato, caso a legenda concorde com a saída – um entendimento que já vinha sendo adotado pela Justiça Eleitoral. Essa mudança consta da Emenda Constitucional da Reforma Eleitoral.

Essa possibilidade se soma a outras justificativas já previstas na Constituição para que um parlamentar deixe o partido sem perder o mandato: grave discriminação política pessoal contra o legislador; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;  incorporação, fusão do partido ou criação de novo partido; e a chamada “janela partidária”, período de 30 dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, que ocorre seis meses antes do pleito.

Federação partidária para salvar pequenos partidos

As coligações de partidos para as eleições de deputado e vereador não voltaram a ser permitidas. Mas a Lei 14.208 permite que partidos políticos criem federações partidárias – um novo dispositivo legal que permite que as legendas se unam e atuem como se fossem uma única agremiação partidária. A principal diferença em relação às coligações é que, sob a federação, os partidos deverão atuar juntos, tanto na eleição quanto na legislatura, permanecendo filiados à federação por pelo menos quatro anos. A mudança deve beneficiar partidos pequenos

A lei determina que as federações terão abrangência nacional e devem respeitar as normas que regem as atividades dos partidos políticos no que diz respeito às eleições, “inclusive no que se refere à escolha e registro de candidatos para as eleições majoritárias e proporcionais, à arrecadação e aplicação de recursos em campanhas eleitorais, à propaganda eleitoral, à contagem de votos, à obtenção de cadeiras, à prestação de contas e à convocação de suplentes”.

“As coligações partidárias sempre foram muito criticadas por representarem alianças de conveniência para as eleições, sem compromisso ideológico ou programático”, diz Luiz Eduardo Peccinin, advogado especialista em Direito Eleitoral. Ele lembra também que elas confundiam o eleitor, já que os votos de um candidato ou partido poderiam ajudar a eleger concorrentes de outras siglas – que nem sempre tinham a mesma orientação ideológica.

“As federações, por sua vez, impõem um compromisso nacional a esses partidos, que perdura por toda a legislatura, estimulando um compromisso duradouro e programático das agremiações, que não se encerra com as eleições”, diz Peccinin.

Já Francisco Emerciano afirma que a criação das federações partidárias dá sobrevida a pequenos partidos que, com a extinção das coligações, corriam o risco de perder recursos do fundo partidário e tempo de propaganda gratuita em rádio e televisão. O PCdoB, por exemplo, é apontado como um dos principais beneficiários da nova lei, tendo liderado os esforços para que o veto do presidente fosse derrubado.

Contudo, o especialista lembra que a lei vai na contramão da tentativa de reduzir o número de partidos políticos no Brasil. Essa foi a justificativa dada pelo presidente Jair Bolsonaro ao vetar integralmente o projeto das federações partidárias – o veto, contudo, foi derrubado pelo Congresso.

“A vedação às coligações partidárias nas eleições proporcionais, combinada com as regras de desempenho partidário para o acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão, tiveram por objetivo o aprimoramento do sistema representativo, com a redução da fragmentação partidária e, por consequência, a diminuição da dificuldade do eleitor de se identificar com determinada agremiação. Assim, a possibilidade da federação partidária iria na contramão deste processo, o que contraria interesse público”, escreveu Bolsonaro na justificativa do veto.

Gestores públicos que tiveram suas contas rejeitadas por ato de improbidade administrativa, mas que não geraram prejuízo aos cofres públicos ou que foram punidos apenas com o pagamento de multa, não perderão o direito de concorrer a cargos públicos.

A lei foi sancionada na quinta-feira (30) por Bolsonaro, que argumentou que é preciso “evitar sanções desproporcionais para quem foi punido por infrações meramente formais, com pequeno potencial ofensivo, que não tenham causado danos ao Erário nem enriquecimento ilícito aos agentes”.

Até então, a legislação previa a inelegibilidade, por oito anos, dos gestores que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por “ato doloso de improbidade administrativa e por decisão irrecorrível do órgão competente”.

Sobras eleitorais

O Congresso aprovou outra lei que muda regras eleitorais, sancionada por Bolsonaro nesta sexta-feira (1.º). Ela altera aspectos da distribuição das chamadas “sobras eleitorais”, que são as cadeiras do legislativo não preenchidas pelos critérios do sistema proporcional.

Essas sobras são disputadas pelos partidos que não atingiram o quociente eleitoral (número de votos válidos dividido pelo número de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral – Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras municipais – desprezada a fração).

A nova lei prevê que poderão concorrer a essas cadeiras apenas partidos que alcançarem pelo menos 80% do quociente eleitoral, e os candidatos que tenham obtido votos em número igual ou superior a 20% desse quociente. Se nenhum partido alcançar o quociente eleitoral, serão eleitos os candidatos mais votados.

O texto também determina que cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 100% do número de lugares a preencher mais um – na lei até então em vigor, o número era de 150%.

O presidente, porém, vetou dois trechos que haviam sido aprovados pelo Congresso, os quais possibilitavam que partidos registrassem candidatos no total de até 150% das respectivas vagas em unidades da Federação com menos de 18 cadeiras na Câmara dos Deputados ou em municípios com menos de 100 mil habitantes. Esses vetos ainda precisam ser apreciados pelo Congresso.

Mudanças aprovadas que só valem depois das eleições de 2022
Consultas populares sobre decisões de Câmaras Municipais

Consultas populares locais sobre questões aprovadas pelas Câmaras de Vereadores poderão ser realizadas junto com as eleições municipais. As consultas precisam ser encaminhadas à Justiça Eleitoral 90 dias antes do dia das eleições. Contudo, manifestações contrárias ou favoráveis a essas propostas não poderão ser promovidas em propagandas gratuitas no rádio e na televisão.

Data de posse para presidentes e governadores

A partir das eleições de 2026, o presidente e o vice eleitos tomarão posse em 5 de janeiro do ano seguinte ao pleito eleitoral. Os governadores e seus vices, por sua vez, começarão seus mandatos em 6 de janeiro.

A data da posse de presidente e governadores eleitos em 2022 continua sendo 1.º de janeiro.

Propostas eleitorais ainda em debate
As mudanças eleitorais mais extensas e significativas estão no projeto que cria o Código do Processo Eleitoral, mas ele não foi aprovado a tempo de valer nas eleições do próximo ano.

Entre as principais propostas em discussão estão:

Tipificação do crime de caixa dois, com pena de dois a cinco anos de prisão e multa – mais leves do que as que vinham sendo aplicadas no âmbito da Lava Jato em algumas situações em que a prática era considerada como corrupção.
Proibição da divulgação de pesquisas eleitorais na véspera e dia das eleições.
Criminalização da divulgação sistemática de notícias falsas que questionem a integridade do processo eleitoral, com pena de um a quatro anos de prisão.
Descriminalização do transporte de eleitores, punindo o ato apenas com aplicação de multa – a legislação atual prevê prisão de até seis anos, além de multa.
Descriminalização da propaganda eleitoral de boca de urna, os comícios, as carreatas e o uso de alto-falantes para fazer campanha política no dia da eleição.
Utilização de recursos do fundo partidário para “gastos de interesse partidário” – o que pode abrir brecha para que dirigentes usem a verba para seu próprio proveito, como compra de bens.
Contratação de empresas privadas, pelas legendas, para auditoria de contas dos partidos políticos – o que é feito atualmente pela Justiça Eleitoral.
Redução do prazo, de cinco para dois anos, para a Justiça Eleitoral analisar a prestação de contas dos partidos.
Redução do valor da multa aplicada a partidos em caso de reprovação das contas apresentadas, com teto de R$ 30 mil para multas.
Permissão para que o Congresso casse decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), caso entenda que as regulamentações do órgão estejam em desacordo com o Código.
Quarentena eleitoral de cinco anos para militares, policiais, juízes e membros do Ministério Público, após afastamentos dos cargos públicos. Ou seja, eles não poderia disputar eleições por pelo menos cinco anos depois de deixar seus cargos.
O texto do Código Eleitoral, com mais de 900 artigos, foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 9 de setembro. E agora está sendo analisado pelo Senado.

Temas que ficaram de fora
Durante o ano também foram discutidas outras possibilidades de alteração das regras eleitorais, como a volta das coligações partidárias nas eleições de deputado e vereador e até mesmo uma proposta que previa acabar com o segundo turno das eleições para presidente, governadores e prefeitos a partir de 2024. Essas propostas não foram aprovadas pelo Congresso.


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ABORTO UMA QUESTÃO MUNDIAL

 

Editorial
Por
Gazeta do Povo

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Quem ainda acreditava que o movimento abortista se preocupava com a integridade física da mulher quando pedia a legalização do aborto, para que a prática deixasse de ser feita de forma caseira e arriscada e pudesse ser realizada de forma “segura” (entre aspas, pois se trata de procedimento que sempre traz riscos para a gestante) em um hospital, teve a chance de perceber, no começo deste ano, que essa suposta preocupação nunca passou de fachada. Uma ONG abortista, o Instituto Anis, e um hospital mineiro se juntaram para publicar uma cartilha ensinando mulheres a abortar em casa, usando o medicamento misoprostol e contando apenas com a orientação de um médico de maneira remota, na chamada “telemedicina”, prática que cresceu devido à pandemia de Covid-19.

Prova de que a cartilha do “teleaborto” só podia ter vindo de mentes nada preocupadas com a saúde da mulher é o fato de a publicação contrariar uma enorme lista de recomendações, orientações e determinações que tratam do risco de se cometer um aborto caseiro. A começar pelo próprio fabricante do misoprostol, segundo o qual o medicamento (que pode causar sangramento e ruptura uterina) só pode ser ministrado em ambiente hospitalar, com manipulação “feita por especialista” – a orientação da bula foi reforçada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, o Ministério da Saúde deixou claro que o aborto, mesmo nos casos em que a lei não prevê punição, não é contemplado pelas regras que regem a telemedicina, pois trata-se de procedimento que exige necessariamente a avaliação e um acompanhamento presenciais de uma equipe multidisciplinar. A diretriz foi reforçada pelo Conselho Federal de Medicina, que negou a possibilidade do teleaborto.

Prova de que a cartilha do “teleaborto” só podia ter vindo de mentes nada preocupadas com a saúde da mulher é o fato de a publicação contrariar uma enorme lista de recomendações, orientações e determinações sobre o risco de um aborto caseiro

Tudo isso sem levar em conta que a cartilha ainda poderia ser usada para que se cometessem abortos fora das excludentes de punibilidade previstas no artigo 128 do Código Penal, já que os meios de se atestar a violência sexual ou o risco de vida para a mãe (circunstâncias em que o aborto não é punido, além do caso de anencefalia, após decisão de 2012 do STF) estariam prejudicados pela alegada impossibilidade de a gestante ser pessoalmente avaliada por um profissional médico. Estaria aberta a porta para a possibilidade de um crime ser cometido indiscriminadamente e impunemente, em residências de todo o Brasil – e com aval do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário.

Em maio, a Procuradoria da República em Minas Gerais e a Defensoria Nacional dos Direitos Humanos começaram a contestar a cartilha – as notas do Ministério da Saúde e da Anvisa foram uma resposta a pedidos de providências. No entanto, dois meses depois, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, comandada pelo subprocurador-geral da República Carlos Alberto Vilhena, emitiu nota técnica em julho endossando a cartilha. Para isso, precisou ignorar completamente as orientações do fabricante do medicamento e as determinações do Ministério da Saúde, da Anvisa e do CFM. Em outra frente, a judicial, os defensores da vida dentro do MPF também saíram derrotados quando uma juíza de Minas Gerais decidiu em favor da cartilha – curiosamente, entre os amici curiae aceitos pela magistrada figuram várias entidades abortistas, repetindo expediente usado pela ministra Rosa Weber, do STF, que em audiências públicas a respeito da ADPF 442 escancarou seu viés ao chamar grupos defensores da legalização do aborto em número muito maior que o de organizações pró-vida.


O aborto, lembremos, é inaceitável porque sempre resulta na eliminação de um ser humano indefeso e inocente. Sempre – seja permitido ou proibido pela lei, seja realizado em um hospital de primeira linha, com acompanhamento médico, ou de forma caseira e solitária. De forma acintosa e irresponsável, membros do MPF e do Poder Judiciário que negam a dignidade do ser humano por nascer colocam as próprias convicções acima da legislação penal sobre o aborto, acima das autoridades médicas e sanitárias e acima das recomendações dos próprios responsáveis por um medicamento abortivo, para promover uma legalização tácita de uma prática que a lei brasileira considera crime.

Se uma mulher tiver complicações decorrentes do uso caseiro do misoprostol e falecer, quem haverá de ser responsabilizado? O Instituto Anis e a Universidade Federal de Uberlândia? O subprocurador Vilhena e a juíza Thatiana Campelo? Ou essa gestante será varrida para baixo do tapete e considerada um “efeito colateral” da garantia de um “direito humano” – no caso, o direito de matar um ser humano indefeso e inocente? O incentivo e o endosso ao aborto caseiro escancaram a hipocrisia do movimento abortista e de todos os que o apoiam nas estruturas institucionais brasileiras.


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BOLSONARO VAI SE FILIAR AO PTB DE ROBERTO JEFFERSON

 

Eleições 2022
Por
Wesley Oliveira – Gazeta do Povo
Brasília

Presidente do PTB, Roberto Jefferson, autorizou negociações para filiação de Bolsonaro ao partido| Foto: PTB/Divulgação

A executiva nacional do PTB pretende entregar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na próxima semana uma carta de incentivo de filiação ao partido. A movimentação ocorre após o aval do presidente afastado da sigla, Roberto Jefferson, que está preso preventivamente por conta do inquérito da milícia digital, que é uma continuidade do inquérito dos atos antidemocráticos do Supremo Tribunal Federal (STF).

Interinamente na presidência do PTB, Graciela Gienov assumiu as negociações para filiação de Bolsonaro junto ao filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Segundo Gienov, o assunto já está pacificado dentro da sigla e conta com a chancela de todos os presidentes estaduais do partido.

“O PTB quer muito que ele [Bolsonaro] venha. Foi unanimidade entre o partido. Cem por cento fechado com ele. Nosso estatuto condiz com o que Bolsonaro representa e nós alinhamos o nosso partido com as pautas conservadoras de direita e fizemos várias trocas durante esses dois anos e preparamos o partido para receber o nosso Jair Messias Bolsonaro”, afirmou Graciela Gienov à Gazeta do Povo.

Apesar disso, o avanço das negociações chegou a incomodar alguns correligionários do PTB que começaram a se movimentar internamente de forma contrária à filiação de Bolsonaro. No entanto, Roberto Jefferson, que apesar de preso e de estar internado em um hospital do Rio de Janeiro, determinou que um conselho fosse criado para analisar os casos dos “murmuradores”.

Além da presidente em exercício, a comissão para organizar a filiação será composta pelos deputados federais Marcelo Moraes (RS), Paulo Bengtson (PA), Emanuel Pinheiro (MT), pelo presidente do PTB de Sergipe, Rodrigo Valadares, e pelos deputados estaduais Marcos Vinicius (RJ) e Mical Damasceno (MA). “Eu estou fazendo essas conversas porque me comunico com o Roberto Jefferson. Nós nos comunicamos por carta. Então todos os passos que estou dando são em comunicação com o nosso presidente Roberto. Então estamos alinhadíssimos”, completou Gienov .

O que Bolsonaro quer para se filiar ao PTB
Desde que deixou o PSL, em 2019, Bolsonaro tem imposto como condicionante para sua filiação o controle dos diretórios partidários. Desde então, apenas o agora ex-presidente do Patriota Adilson Barroso havia cedido todo o espaço na sigla para o chefe do Palácio do Planalto. A manobra, no entanto, acabou provocando uma mobilização de outros integrantes do partido, e recentemente Adilson Barroso acabou perdendo todos os cargos que ocupava na executiva.

Para se filiar ao PTB, Bolsonaro pretende escolher todos os candidatos que irão disputar o Senado Federal nas 27 Unidades da Federação. A estratégia visa reforçar a bancada na Casa, caso consiga sua reeleição no ano que vem. Atualmente, o Senado tem travado pautas para o Executivo, como a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF) e a CPI da Covid, por exemplo.

Em outra frente, Bolsonaro também quer indicar nomes para as candidaturas aos governos estaduais. Segundo aliados bolsonaristas, o presidente quer evitar que candidatos de outros partidos “surfem” na sua popularidade e depois “governem” contra o Palácio do Planalto. Entre os exemplos, aliados citam o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que teria sido eleito em 2018 com o “BolsoDoria”.

“Ele terá, se ele quiser ele terá [poder de indicação]. Isso já está garantindo. Ele vindo a gente vai sentar e fazer a discussão partidária. Vamos conversar estado por estado. Se ele aceitar o nosso convite, provavelmente vamos fazer tudo em conjunto, PTB junto com o nosso presidente. Ele vai ser o nosso maior líder e vamos trabalhar para reconduzi-lo à presidência”, afirma Graciela Gienov.

Uma prévia da proposta que será entregue a Bolsonaro indica que o presidente também terá o direito de indicar nomes para a executiva do partido. Roberto Jefferson será mantido no comando da sigla, enquanto Bolsonaro será “presidente de honra”.

Além de Bolsonaro, partido deve receber parte da bancada do PSL
Bolsonaro tem sido pressionado por deputados aliados para escolher ainda neste ano uma legenda, facilitando a filiação dentro da chamada janela partidária do ano que vem. Caso escolha o PTB, Bolsonaro deve levar para a sigla cerca de 30 deputados que atualmente estão filiados ao PSL.

“Vou para onde o presidente da República me chamar. Acho o PTB uma boa escolha, tem um estatuto conservador e me relaciono bem com diversos deputados da chapa”, afirma a deputada Carla Zambelli (PSL-SP).

O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) defende que o partido é a melhor opção neste momento. “O PTB abriu o partido para Bolsonaro. Creio ser uma ótima opção”.

O partido de Roberto Jefferson sonda ainda nomes que já integraram a Esplanada dos Ministérios no governo Bolsonaro. Os ex-ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Abraham Weintraub (Educação) foram sondados recentemente.

“Vamos abrir as portas. Estamos conversando com alguns nomes que já estão praticamente dentro da casa. E todos eles terão legenda dentro do partido. Isso também foi pauta na reunião da executiva e isso ficou bem alinhado entre os presidentes estaduais do PTB”, alega Graciela Gienov.

Qual o tamanho do PTB hoje 
Com a filiação de Bolsonaro e de seus aliados, o comando do PTB avalia que o partido será um dos maiores do Congresso Nacional a partir de 2023. Atualmente a sigla conta com 10 deputados federais. Em 2018, os senadores Nelsinho Trad (MS) e Lucas Barreto (AP) chegaram a se eleger pela sigla, mas acabaram migrando para o PSD posteriormente.

Apesar disso, conta com mais de 1 milhão de filiados em todo o país e diretórios estruturados em todos os estados do país. Com isso, Bolsonaro e seus candidatos teriam capilaridade para a disputa eleitoral do ano que vem.

Caso o orçamento de R$ 2,1 bilhões propostos pelo governo para o Fundo Eleitoral seja aprovado pelo Congresso, o PTB deve receber cerca de R$ 65 milhões para financiar suas candidaturas no ano que vem. O montante, entretanto, é cerca de 80% a menos dos quase R$ 280 milhões que o PSL teria direito.

“Sem dúvida alguma [o PTB irá crescer]. Nós estamos organizados já para 2022. Os presidentes [estaduais] fizeram seus relatos, já estamos com muita coisa alinhada para o ano que vem. Todos concordaram em abrir espaço para o Bolsonaro. Se tiver que tirar candidato, se tiver que dividir ou até se tiver que ceder espaço nas presidências estaduais. Nossa última reunião foi muito unificada, equilibrada e tranquila”, completou a presidente interina do PTB.


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MINISTÉRIO PÚBLICO PODE INCRIMINAR MÉDICOS PELOS SEUS RECEITUÁRIOS?

 

Danos morais coletivos
Por
Gazeta do Povo

Além de discordar da postura do CFM e de chamá-la de “acientífica”, Dorini também fez uma série de críticas ao governo federal| Foto: AEN

A Defensoria Pública da União (DPU) ajuizou ação civil pública contra o Conselho Federal Medicina (CFM) nesta sexta-feira (1º) pelo fato de a autarquia federal ter defendido e publicado resolução em que defende a autonomia do médico para prescrever os medicamentos do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, tais como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e outras substâncias. A DPU pede que o CFM tenha de pagar indenização de, no mínimo, R$ 60 milhões por danos morais coletivos.

Na petição inicial, o defensor regional de Direitos Humanos em São Paulo, João Paulo Dorini, citou uma série de estudos que indicam a ineficácia do tratamento precoce e afirmou que, mesmo diante do consenso científico sobre a questão, o CFM não alterou o Parecer n. 4/2020.

Mas, conforme a Gazeta do Povo já mostrou em suas reportagens, a questão é que não há consenso sobre a eficácia desses medicamentos contra a Covid. De fato, há muitos estudos que indicam que esses medicamentos não funcionam, como uma pesquisa importante do British Medical Journal e outros citados na petição da DPU. Mas também há pesquisas apontando o contrário. Para a ivermectina, por exemplo, há, no momento, cerca de 18 estudos com diferentes dosagens a diferentes estágios da evolução do quadro da Covid-19, com metanálises publicadas, e os resultados são promissores.

“Essa ideia de que a ciência já concluiu que essas drogas não têm efeito não é 100% verdadeira. Na literatura, tem de tudo. Ambos os lados têm trabalhos com metodologias questionáveis. Já que não há consenso na literatura, é uma doença devastadora, e que, do aspecto observacional, há algumas drogas que podem ter efeito, delegamos ao médico, junto com o paciente, decidir o tratamento. Ele tem de sentar com o paciente e explicar que é um tratamento que não tem comprovação que faça diferença e que se o paciente quiser ser tratado e o médico se disponibilizar, que seja feito. A classe médica está dividida”, afirmou o presidente do CFM, Mauro Ribeiro, em matéria publicada na Gazeta do Povo, em março deste ano.

Editorial: A demonização do “tratamento precoce” contra a Covid-19
Além de discordar da postura do CFM e de chamá-la de “acientífica”, Dorini também fez uma série de críticas ao governo federal em relação ao enfrentamento da pandemia.

“A postura até agora adotada pelo CFM sobre a possibilidade de ministração de cloroquina contra Covid-19, acientífica, é apenas o lustre científico que os defensores do famigerado “tratamento precoce” se valem para continuar a propalar um tratamento que não só não beneficia como ainda potencialmente causa danos. Longe da ciência, CFM infelizmente trilha o caminho ideológico de dar suporte a um governo que teve a pior condução do enfrentamento da pandemia, que trabalhou pela frustração das medidas de restrição de circulação, que buscou a “imunidade de rebanho” ao custo de centenas de milhares de vidas, que não implementou política de rastreamento de infectados e que continua a não estimular a vacinação e a adoção de medidas de prevenção”, afirmou o defensor público.

Em contrapartida, na mesma entrevista já citada, o presidente do CFM falou sobre os estudos e a postura científica do conselho.

“Não há uma instituição que seja guiada mais pela ciência do que o CFM. Temos profissionais contratados que fazem rastreamento de tudo na literatura, mas não temos verdades absolutas. Temos uma série de dúvidas. Também há estudos prospectivos e randomizados mostrando a ação do tratamento precoce. Todos são passíveis de crítica. Único ponto que o CFM coloca é que nem incentivamos nem proibimos. Nenhuma entidade é detentora do saber. Temos a responsabilidade legal de definir o que o médico pode ou não fazer”, disse Ribeiro à época.

No pedido de liminar, a DPU pede que a Justiça suspenda a eficácia do Parecer n. 4/2020 do CFM e que o conselho tenha de orientar médicos e a população em geral sobre a ineficácia do tratamento precoce. Além disso, o defensor pede que o CFM tenha de pagar indenização de, no mínimo, R$ 60 milhões, por danos morais coletivos e ainda que tenha de indenizar familiares de pacientes que faleceram depois de serem tratados com cloroquina ou hidroxicloroquina.

Procurado pela reportagem, o CFM informou, por meio de nota, que “até o momento, o Conselho Federal de Medicina (CFM) não recebeu qualquer comunicação judicial sobre a ação. Caso seja acionado, oferecerá todas as informações pertinentes”.


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A RIQUEZA DOS PAÍSES DEPENDE MUITO DO REGIME ADOTADO - VEJAM CUBA E TAIWAN

Artigo
Por
Emmanuel Rincón* – Gazeta do Povo
Foundation for Economic Education

RIT01. Taipei (Taiwan), 23/03/2018.- (05/43) A cityscape at night with the landmark brightly lit Taipei 101 megatall skyscraper seen on the skyline in Taipei, Taiwan, 23 March 2018. Launched as the world’s tallest building in 2004, the 508 meters megatall building with 101 floors is currently the eighth tallest completed building in the world by height to architectural top. The sky is the limit when it comes to tall buildings, which has sparked a worldwide race between nations to construct ever higher. EFE/EPA/RITCHIE B. TONGO ATTENTION: For the full PHOTO ESSAY text please see Advisory Notice epa06783935

Taipei (Taiwan): Paisagem urbana de Taipei, capital de Taiwan, mostra o famoso arranha-céu Taipei 101, edifício mais alto do mundo em 2004. Com 508 metros e 101 andares, é atualmente o oitavo edifício concluído mais alto do mundo, símbolo da pujança econômica de Taiwan| Foto: EFE / EPA / RITCHIE B. TONGO

Durante décadas, o Partido Comunista de Cuba culpou os Estados Unidos pela miséria e pobreza de Cuba, aludindo ao “bloqueio” que os EUA mantêm contra Cuba. No entanto, o suposto bloqueio exercido pela ilha é na realidade um embargo comercial que apenas impossibilita que pessoas e empresas de certos setores dos Estados Unidos façam negócios com Cuba, o resto do mundo pode negociar livremente com a ilha.

Mesmo os Estados Unidos exportam anualmente cerca de US$ 277 milhões em mercadorias para Cuba, apesar do embargo comercial. A maioria dessas exportações são de alimentos.

Além disso, apesar do estabelecimento de um regime ditatorial em Cuba que está no poder há mais de 60 anos sem qualquer tipo de alternância, eleições ou liberdades básicas, o mundo inteiro reconhece as autoridades comunistas e Cuba está presente em todas as organizações internacionais multilaterais , sendo a principal delas as Nações Unidas.

Depois, há Taiwan, que tem características muito semelhantes às de Cuba, pois também é uma ilha próxima a uma das duas potências mundiais — a China. No caso das autoridades de Taipei, elas foram totalmente bloqueadas pelo gigante asiático, já que a China reivindica a soberania sobre a ilha.

Taiwan é reconhecida por apenas uma dezena de nações ao redor do mundo, não tem representação nas Nações Unidas, e seu nome oficial nem pode ser pronunciado em nenhum evento internacional: seja uma Olimpíada, uma Assembleia Geral das Nações Unidas, ou mesmo pelas embaixadas da maioria dos países do mundo — incluindo os Estados Unidos. E, no entanto, apesar de todas essas dificuldades, a economia de Taiwan é hoje uma das mais importantes do mundo, com uma taxa de pobreza de 0,7%, ao contrário de Cuba, que tem uma das economias mais deprimidas do planeta e 90% de sua população vive na pobreza. Qual é a diferença entre as duas ilhas? O modelo econômico e político que aplicaram.

Duas ilhas com histórias semelhantes
Cuba e Taiwan, apesar de estarem localizadas em lados opostos do planeta, têm características muito semelhantes: a que mais se assemelha a eles é o fato de estarem a menos de 200 quilômetros das duas superpotências do mundo — os Estados Unidos e a China, respectivamente — e sofrer embargos comerciais ou políticos das superpotências vizinhas. Por outro lado, Cuba tem um pouco mais de 11,3 milhões de habitantes (alguns milhões fugiram do país), enquanto Taiwan tem 23,5 milhões de residentes, apesar de Cuba ter uma área cerca de três vezes maior.

Apesar das semelhanças, as duas nações estão atualmente muito distantes em termos de desenvolvimento econômico, social, cultural e tecnológico, bem como de liberdades individuais e democracia. Hoje, a economia de Taiwan é cinco vezes maior do que a de Cuba, mas cinquenta anos atrás as coisas não eram tão diferentes. Na década de 1970 o PIB dos dois países era semelhante e a maior indústria de ambos era a agricultura.

Taiwan: Capitalismo, liberdade e mercado livre
Os dolorosos resultados da revolução cultural na China comunista de Mao Tsé-tung, que causou a morte de pelo menos 30 milhões de chineses, iluminaram o caminho dos governos da região, que rapidamente compreenderam que o modelo fracassado de colocar o Estado no controle dos meios de produção tornaria todos eles mais vulneráveis e miseráveis.

Em seguida, os vizinhos da República Popular da China iniciaram uma série de reformas econômicas e políticas que mudariam drasticamente a qualidade de vida de seus habitantes; Cingapura, Malásia, Coréia do Sul e, claro, Taiwan, passariam a abrir seus mercados, estimular a iniciativa privada e transformar seus regimes autoritários em nações com instituições democráticas, e aos poucos o sol começaria a brilhar para os chamados tigres asiáticos .

Apesar das limitações territoriais e do bloqueio político da China à ilha, as instituições inclusivas de Taiwan abriram caminho para a produção de tecnologia para abastecer um mercado mundial gravemente deficiente. Os empresários taiwaneses começaram a se especializar na produção de semicondutores, aqueles microchips que hoje encontramos em todos os aparelhos elétricos do mundo, de computadores a smartphones e até carros, e aos poucos a pobre ilha do passado se tornou um país rico e desenvolvido.

Atualmente, Taiwan tem a sexta economia mais livre de acordo com o Índice de Liberdade Econômica, Cingapura é a primeira, enquanto a Malásia ocupa a 22ª posição e a Coreia do Sul a 24ª.

Em artigo publicado pela embaixada de Taiwan no México, as autoridades afirmam que: “Taiwan, graças às políticas de seu governo, iniciou um rápido e avassalador desenvolvimento comercial, tornando-se uma economia industrial estável. Hoje é a 22ª maior economia do mundo. Isso permitiu estabelecer relações com países que buscavam bons parceiros comerciais ”.

No mesmo briefing, eles explicam a transição ocorrida em Taipei:

“Apesar de ter começado como uma ditadura militar unipartidária, na década de 1990 iniciou um processo de democratização e hoje é um dos países mais livres do mundo, com altos índices de liberdade de imprensa, serviço de saúde, educação pública, liberdade econômica e desenvolvimento humano. É por isso que a China comunista vê Taiwan, e seu reconhecimento internacional, como uma ameaça existencial. O contraste é gritante. A democracia não só provou que pode funcionar, mas trouxe vários benefícios para a população. Os taiwaneses têm melhor qualidade de vida e oportunidades de desenvolvimento pessoal do que a média dos chineses no continente. E tudo isso dentro de um marco de liberdades impensável ​​em uma China comunista que censura a dissidência e cujo partido no governo aperta cada vez mais o controle sobre todos os aspectos do país ”.

Cuba: Socialismo, miséria e ideologia
Do outro lado do planeta, em Cuba, decidiram ignorar os resultados da revolução cultural perpetrada na China e o colapso da União Soviética. Enquanto Taiwan decolava com um modelo capitalista, Cuba permanecia ancorada nos velhos dogmas revolucionários de Fidel Castro, que longe de tentar mudar, buscou expandir seu regime de miséria no resto do continente, conseguindo-o com bastante sucesso em países como como Venezuela e Nicarágua.

A revolução cubana assumiu o poder na ilha em 1959 pela força das armas e nunca mais o largou. Com slogans populares como redistribuição de riquezas, suposta ajuda aos pobres e socialismo, Fidel Castro começou a desapropriar terras e empresas privadas para serem administradas pelo Estado, e em pouco tempo Cuba, que já foi um dos maiores produtores e exportadores de açúcar do mundo, descobriu que não podia mais produzir nem mesmo açúcar para consumo interno e tiveram que importá-lo.

Durante décadas, a revolução cubana conseguiu se manter no poder exclusivamente graças ao financiamento oferecido pela União Soviética com o objetivo de aumentar os inimigos ideológicos no quintal dos Estados Unidos. Depois da queda da URSS, nos anos 90 Cuba viveu uma das piores décadas de sua história, até que a astúcia política de Fidel Castro conseguiu colocar Hugo Chávez no poder na Venezuela, e desde então viveu do petróleo daquele país, até que o mesmo modelo socialista fracassado acabou arruinando a nação com as maiores reservas de petróleo do mundo, e Cuba foi novamente envolvida em uma tremenda crise econômica, com milhões de cidadãos em extrema pobreza, que recentemente provocou um dos maiores levantes civis contra as autoridades comunistas.

Cuba e Taiwan começaram a década de 70 com economias semelhantes, mas hoje o PIB da ilha caribenha é 1/5 que o de Taiwan, e 90% de sua população vive na pobreza, enquanto na ilha asiática apenas 0,7% da sua população é pobre.

Definitivamente, não é culpa do “embargo”, mas sim do socialismo.

Emmanuel Rincón é advogado, escritor, romancista e ensaísta. Ele ganhou vários prêmios literários internacionais. Ele é editor geral da El American.


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GOVERNO VAI SUBSIDIAR A PETROBRAS PARA BAIXAR OS PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS


  1. Economia
     

A proposta, além de não atacar as origens da alta dos combustíveis, pode reduzir o tamanho da receita do Tesouro, num momento em que o rombo nas contas públicas dispara

Celso Ming*, O Estado de S.Paulo

Quanto mais procura uma saída para reduzir a “alta inadmissível” do óleo diesel e da gasolina, mais o governo se vê enroscado e volta ao ponto de partida.

Foi-se o tempo em que a Petrobras detinha o monopólio. Hoje, nada menos que 36 empresas produzem óleo e gás no Brasil. A Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, já foi privatizada. Obrigar a Petrobras a subsidiar os preços do produto final implica aumentar artificialmente as vantagens relativas da concorrência. Trocar o presidente da empresa para arrancar flexibilidades já foi tentado e não foi capaz de acabar com a paridade internacional, critério definido pelos preços praticados no mercado global convertidos em reais pelo câmbio da hora. Com os preços da gasolina ao redor dos R$ 6 por litro, a parcela da Petrobras oscila em torno dos R$ 2, conforme dados expostos no Congresso.

No gráfico que vai acima está a distribuição da composição dos preços da gasolina. Esse gráfico, montado a partir de dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), tem uma limitação: já parte da conversão da paridade internacional em reais e não mostra a participação da refinaria no preço. Por isso, não deixa claro nem o impacto do câmbio nem a margem da refinaria. Mas a limitação não elimina o argumento.

O presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do SenadoRodrigo Pacheco (DEM-MG), já insistiram com a ideia de definir um Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)  fixo para achatar a receita dos Estados. Não é proposta aceita pelos governadores.

A sugestão em exame agora é a de que o governo federal use as receitas com dividendos da Petrobras, ou para constituir um fundo regulador dos preços ou, simplesmente, para subsidiar o diesel, a gasolina e o gás de cozinha.

Há dois problemas nessa proposta. O primeiro é a de meter a mão em receitas do Tesouro; é reduzir o tamanho do cobertor e deixar ao relento outras despesas públicas, num momento em que o rombo dispara.

Petrobras
Dividentos da Petrobras seriam repassados a um fundo regulado para amenizar o impacto de oscilações do mercado internacional sobre o preço dos combustíveis. Foto: Fabio Motta/Estadão

O segundo problema é o de que não ataca as origens da alta. Elas estão na momentânea escassez internacional de petróleo (e de energia) que se seguiu à retomada da atividade econômica com o refluxo da pandemia. E está nas cotações elevadas do dólar em reais (desvalorização da moeda nacional), que, por sua vez, estão relacionadas tanto com as incertezas econômicas (e políticas) que vêm da condução insatisfatória da política econômica quanto das indefinições com a cobertura das despesas sociais para criação do Auxílio Brasil – concebidas para alavancar os interesses eleitorais do presidente Bolsonaro.

Dia 27, o Estadão publicou matéria que dava conta de que “o cenário conturbado” levou os exportadores a reter nada menos que US$ 46 bilhões no exterior, o equivalente a 77% dos investimentos estrangeiros que devem chegar ao Brasil neste ano, segundo projeções do Banco Central (BC). São menos dólares entrando no País, que concorrem para com a alta do câmbio.

Ou seja, a escalada “inadmissível” dos preços dos combustíveis não estará resolvida com as soluções em exame, especialmente se a crise energética se agravar e se dispararem ainda mais os preços internacionais do petróleo. E se as agruras internas, a partir do agravamento das questões fiscal e eleitoral, empurrarem para cima a cotação da moeda estrangeira.

» Lambanças dos planos de saúde 

O leitor Marcos Aurelio Netto concorda que a Prevent Senior seja punida pelas falhas denunciadas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado às quais a Coluna do dia 26 fez referência. Mas observa que outros planos de saúde cometem “lambanças” tão graves ou até mais graves do que as cometidas pela Prevent Senior e não pagam por isso. E menciona omissões e erros de procedimento dos planos que atendem sua família, apesar das mensalidades abusivas que vêm cobrando. Alguém pode negar razão a Marcos Netto?

*CELSO MING É COMENTARISTA DE ECONOMIA

 

PENDURICALHOS DO JUDICIÁRIO ELEVAM SUBSTANCIALMENTE OS SALÁRIOS

 

  1. Política 

Estimativa é do Centro de Liderança Pública (CLP); projeto de lei que barra supersalários no funcionalismo está parado no Senado

Lauriberto Pompeu, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O atraso na aprovação do projeto que barra os supersalários no serviço público custou pelo menos R$ 12 bilhões aos cofres públicos, segundo estimativa do Centro de Liderança Pública (CLP). Essa é aproximadamente a quantia que deixou de ser economizada desde dezembro de 2016, quando o teto do funcionalismo foi aprovado no Senado. O CLP calcula que são gastos R$ 213 milhões em média, por mês com os valores que excedem o teto do funcionalismo.

Depois da aprovação pelo Senado, o projeto levou quatro anos e seis meses para ser apreciado pela Câmara. De volta ao Senado – o relator na Câmara, Rubens Bueno (Cidadania-PR), fez alterações no texto –, a proposta está parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e sem relator há dois meses, como mostrou o Estadão.

Judiciário
Atualmente, o teto remuneratório equivale ao salário de um ministro do Supremo, de R$ 39,2 mil, mas o patamar é ‘fictício’. O valor tem adicionais como auxílio-livro, auxílio-moradia, auxílio-banda larga, entre outros. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O CLP é uma entidade que se declara voltada a “engajar a sociedade e desenvolver líderes públicos para enfrentar os problemas mais urgentes do Brasil”. Foi fundada pelo cientista político Luiz Felipe D’Avila. Ele foi filiado ao PSDB e hoje mantém conversas para se filiar ao Novo.

As informações do CLP se baseiam em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de 2019, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Elas apontam que cerca de 25 mil servidores recebem salário acima do teto, com um adicional médio mensal de R$ 8,5 mil. 

Os R$ 12 bilhões equivalem a seis vezes o que será arrecadado com o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O Executivo subiu o tributo em setembro, para arrecadar, até o fim do ano, R$ 2 bilhões. O dinheiro vai para o Auxílio Brasil, novo nome do Bolsa Família.

Atualmente, o teto remuneratório equivale ao salário de um ministro do Supremo, de R$ 39,2 mil, mas o patamar é “fictício”. O valor tem adicionais como auxílio-livro, auxílio-moradia, auxílio-banda larga, entre outros. O projeto limita esses pagamentos, o que gerou pressão contrária no Judiciário. 

Mobilização. Associações de juízes procuraram o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Pediram a manutenção das regras atuais de alguns benefícios. Já o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, afirmou que o salário de juízes não pode ser alterado pelo projeto em tramitação no Congresso e que isso precisa ser iniciativa do próprio Judiciário. 

No País, são mais de 500 tipos de benefícios concedidos a servidores que elevam as remunerações a patamares acima dos R$ 100 mil. Foi o que ocorreu no início do ano no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, quando um magistrado recebeu R$ 274 mil em indenizações e “penduricalhos”. Após a publicação da reportagem do Estadão, apoiadores da medida se manifestaram nas redes, como a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e o empresário Salim Mattar, ex-secretário de Desestatização.

MADURO RETIRA EMBAIXADOR E FAZ DURAS CRÍTICAS AO BRASIL

  Brasil e Mundo ...