quinta-feira, 8 de julho de 2021

PRIATIZAÇÃO DOS CORREIOS É UMA FANTASIA

 

Redes Sociais
O projeto real não privatiza nem a empresa nem os serviços dos Correios, dá poderes à Anatel para decidir.

Por
Madeleine Lacsko – Gazeta do Povo

Projeto que está na Câmara abre espaço para capital misto e concessões, mas os detalhes serão decididos pela Anatel.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo/Arquivo

Alguns debates são a curva de rio da internet, atraem tudo quanto é lixo emocional das pessoas e não vão a lugar algum. O debate sobre a privatização dos Correios está no nível de briga de fandom da Juliette com o fandom do Gil do Vigor. A diferença é que bate-boca em torno de Big Brother não mexe na nossa vida prática.

Confesso que estou realmente assustada com o grau de descolamento da realidade das pessoas bem informadas e interessadas por política. Não se está debatendo a privatização dos Correios, mas as fantasias de cada um em torno do tema. Há uma enxurrada de opiniões fortes sobre algo que ninguém sabe: qual o modelo proposto. Como sempre, o Brasil só sabe o que não quer.

Sucesso nas redes sociais, a autoajuda disfarçada de militância entrou também no debate sobre a privatização dos Correios. As pessoas falam apaixonadamente sobre o modelo de Estado que defendem, a depender da ideologia em que acreditam. A partir daí, saem com opiniões prontas e acabadas sobre um projeto real de privatização dos Correios que desconhecem.

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Estou velha. Sou do tempo em que o debate sobre sonhos, imaginação e ideologia era coisa de adolescente. Quem paga boletos debatia em primeiro lugar a realidade. Vejo nas redes sociais mães e pais de família falando como se tivessem 16 anos de idade e aquela certeza absoluta de saber mais sobre tudo do que todas as outras pessoas.

Os números são escolhidos a granel para dar a impressão de que a pessoa está debatendo algo sério mesmo sem falar lé com cré. Há um debate acalorado em que grupos defendem apaixonadamente que os Correios dão lucro enquanto outros mostram subsídios e prejuízos. Daí vem alguém falar sobre o fundo de previdência, a ineficiência, a necessidade do choque de gestão.

A coisa descamba mesmo quando alguém bota na mesa o coringa da corrupção. Privatizar é a única saída para a moralização e estão aí as empreiteiras brasileiras que não nos deixam mentir. Nesse ponto, a discussão sobre privatização dos Correios vira uma briga de bar de Sessão da Tarde. Cinco minutos depois do primeiro tapa, todo mundo está quebrando tudo e ninguém sabe por que nem como parar.

O debate é feito sobre a ideia de privatizar ou não o serviço de Correios sem que se leve em conta uma única gota de realidade. Há uma proposta concreta na Câmara dos Deputados, o que está escrito ali? Outros países também têm serviços de Correios, trata-se de um direito do cidadão. A nossa proposta é parecida com alguma outra? Como funciona nos países em que se implementou o sistema que é proposto agora?

Sou corajosa. Resolvi fazer essa pergunta justo na rede mais tóxica, o Twitter. Primeiro recebi uma enxurrada de gente falando que nos EUA não tem correio estatal e funciona. Só que tem, o US Mail. Daí dizem que ele não tem monopólio de envio de documentos, é diferente. Eu mando documentos pela Jadlog aqui em Cotia, interior de São Paulo, que não fica nos Estados Unidos. Resolvi trocar a pergunta.

Descobri que a maioria das brigas em torno da privatização dos Correios é sobre coisas que não existem. Primeiro porque a proposta do governo brasileiro não é passar para a iniciativa privada, é empresa de economia mista com possibilidade de concessão. Depois porque a defesa apaixonada do livre mercado de entrega de correspondência existe só na cabeça do internauta brasileiro, não tem no mundo nada assim. Nenhum lugar do mundo tem serviço 100% privado de Correios.

A entrega de encomendas e correspondências é algo que tem interferência direta no cotidiano de cada um de nós, nas nossas vidas profissionais e pessoais, sobretudo com as restrições da pandemia. Toda a economia é afetada por mudanças nos Correios, para o bem ou para o mal. O que interessa ao cidadão é saber de forma objetiva como ficará este serviço com a proposta do governo. Enquanto isso, formadores de opinião ignoram a realidade e debatem o sexo dos anjos, abduzidos pelos algoritmos das redes sociais.

Quando falamos em países que têm Correios “privatizados”, na realidade não se fala em empresas particulares que fazem o serviço, mas sempre em algum tipo de controle do Estado sobre a atividade. O modelo mais liberal é o da DHL alemã, que era originalmente uma empresa estatal e acaba de completar sua transição para a iniciativa privada.

Trata-se de um processo planejado e controlado que durou mais de 20 anos para que não houvesse queda no serviço nem lugares desassistidos. Ainda assim, o KfW Bankengruppe (uma espécie de BNDES da Alemanha, banco público de fomento), detém 20,5% das ações. É o sistema que chama-se no mercado de “golden shares”, quando o Estado fica com uma porção especial das ações que dão um controle maior, como direito de veto, por exemplo.

Também me disseram que o Japão tem correios privatizados. Fui atrás da história. Trata-se novamente de um processo longo e estruturado, iniciado em 2003, interrompido em 2007 em virtude de um escândalo de corrupção e retomado novamente depois. A data prevista para finalização é 2028. O governo japonês detém 50,7% de participação nos correios.

Mas é um tipo de empresa muito diferente do que temos aqui no Brasil, não tenho certeza de que é possível comparar. O Japan Post, na época do início do processo de privatização, era também uma potência do mercado financeiro, com aplicações, seguros e fundos de pensão. A empresa fazia as duas coisas, a parte financeira e a entrega de encomendas e correspondências. No Brasil, até temos alguns pagamentos nos Correios, mas ele não é um banco que fatura com isso.

Fala-se muito em privatização como remédio contra a corrupção, já que inúmeros escândalos envolveram os Correios. Não creio que o menor índice de corrupção no Japão e na Alemanha se deva à privatização, cultura tem um peso enorme. Mas aqui na Argentina já se fez concessão pública dos correios para moralizar e melhorar o serviço. A empresa privada que assumiu quebrou e deu um prejuízo maior do que a estatal capenga dava antes. Há jeitos e jeitos de privatizar.

O caso Argentino ainda tem uma pitada de latinidade novelesca. A empresa que assumiu os Correios era de Franco Macri, pai de Maurício Macri, que viria anos depois a ser presidente do país. A briga judicial entre a empresa e o governo argentino não terminou até hoje e talvez não exista mais uma forma de colocar um ponto final. Quem reestatizou a empresa foi Néstor Kirschner e a questão tornou-se uma peleja política entre as duas famílias, que continuam brigando pelo poder.

A privatização brasileira seria à argentina ou à alemã? Claro que, de tanto frequentar rede social, já dá aquela vontade de soltar uma platitude falando de comportamento, latinidade, corrupção e falta de planejamento. Só que eu gosto demais da minha vida enviando e recebendo encomendas, então fui ler o projeto de lei. A conclusão é que não tem como saber. O projeto abre a possibilidade de algo que não especifica.

Segundo o projeto 591/2021, que é a proposta concreta do que muitos estão chamando de “privatização” dos Correios, haveria uma mudança na natureza jurídica da Empresa de Correios e Telégrafos, ECT. Ela passaria de estatal a empresa de capital misto com o nome Correios do Brasil S/A. Também poderia fazer concessão pública, do serviço todo ou em partes. Não há mais detalhes. Quem vai decidir tudo posteriormente é a Anatel, que cuidará dos Correios tão bem quanto já cuida da nossa telefonia e da internet.

A Anatel ganharia mais essa atribuição e também mudaria de nome, seria a Agência Nacional de Telecomunicações e Serviços Postais. O monopólio da modalidade carta ou correspondência só seria quebrado após 5 anos do início da privatização e se a Anatel assim decidir. Não há um desenho pronto de como ficaria o serviço nem a nova empresa de capital misto.

Como a ideia é de uma S/A, ela poderia ter capital aberto, mas o texto não diz se vai ser assim ou o capital será fechado. Também não diz o percentual que será vendido à iniciativa privada nem o percentual que ficaria com o Estado, não fixa um percentual mínimo do Estado nem preferência de ações, posições no Conselho, controle, nada disso. Tudo isso seria decidido depois, pela Anatel.

E quem prestaria o serviço efetivamente, continuaria sendo feito pelos Correios ou seriam empresas privadas? Segundo o projeto, a Anatel vai definir os detalhes, seguindo a política postal brasileira, que ainda terá de ser elaborada pelo Ministério das Comunicações. Pode continuar sendo serviço estatal ou pode ser concessão, comum ou patrocinada, de todo o serviço ou de regiões. A Anatel é quem vai definir depois. É sobre isso que se debate com tanta certeza nas redes.

O projeto estipula que a Correios do Brasil S/A deixaria de ter todo e qualquer incentivo fiscal que não esteja disponível para as demais empresas do setor. Hoje, os Correios não pagam impostos. Essa diferença seria um desafio para o projeto de privatização, que precisaria contar com o impacto da carga tributária sobre as operações. Mas não tem nada disso no projeto, quem vai decidir depois é a Anatel.

São duas situações diferentes de possibilidade de relação com a iniciativa privada. A primeira é deter parte da empresa Correios do Brasil S/A, que sempre terá participação do Estado. A outra é ser concessionária do serviço de entregas de encomendas e correspondências. As concessões podem ser essas tradicionais que a gente conhece, em que a empresa explora o serviço e é remunerada pela tarifa. Mas também pode ser a patrocinada, em que o Estado dá retorno em dinheiro ao concessionário.

O texto deixa aberta à decisão da Anatel se o serviço de entregas e atendimento na agência será feito pela equipe da estatal ou empresa privada de forma completa ou fracionada. A Anatel pode decidir que haverá uma concessão só para todo o Brasil, com agências e entregas. Também pode decidir que não vai haver concessão nenhuma. Ou pode decidir fracionar da maneira que quiser e conceder partes, na medida em que decidir depois.

Entre os argumentos mais apaixonados sobre a privatização dos correios estão os empregos e o atendimento aos rincões. Nada do debate faz parte da realidade. O projeto não define o que fazer com os funcionários, a Anatel pode manter todos, por exemplo, não conceder nada. O atendimento a áreas isoladas é obrigação constitucional do Estado brasileiro. Se nenhuma empresa fizer, o governo tem de fazer.

Vi nos últimos dias adultos metidos em brigas homéricas que diziam ser sobre a “privatização dos Correios”. Nunca foi sobre isso, foi sempre sobre a imagem que querem projetar para o grupo social do qual fazem parte nas redes. Nenhum dos argumentos usados tem relação com a realidade. O projeto atual não é privatizar, é dar ao Ministro das Comunicações e à Anatel o poder de decidir sobre tornar o capital dos Correios misto e conceder serviços à iniciativa privada.

Na Alemanha, houve um projeto estruturado de 20 anos para a substituição dos serviços, com vários ajustes no meio do caminho. O foco inicial foi a realidade, como vamos fazer isso. Também não estou querendo que a gente vire alemão e comece a valorizar quem trabalha em vez de bater palma para intelectual de botequim. Seria uma afronta à nossa noção de elite.

Do jeito que está, o projeto deixa abertas possibilidades absolutamente diferentes na prática. Vamos a alguns exemplos. É possível que toda a prestação de serviços seja concedida à iniciativa privada e 99% da Correios do Brasil S/A seja passada à iniciativa privada? É. É possível que somente 1% da Correios do Brasil S/A sejam vendidos e se conceda apenas o serviço da agência dos Correios de Cotia porque eu reclamei da demora? Também é.

Quem tomará todas as decisões sobre o quanto o Estado continuará ou não participando da gestão e operação dos Correios é a Anatel, seguindo uma política que ainda nem foi elaborada pelo Ministro das Comunicações. Essa é a proposta em cima da qual muitos políticos estão faturando no marketing. O mandato do atual presidente da Anatel termina dia 4 de novembro.

Ah, mas você é a favor ou contra a privatização dos Correios? Você acha bom do jeito que está? São as perguntas que sempre me fazem. Não fujo. O jeito como está não é bom. Mas, ao contrário do que prometeu ao Brasil o deputado Tiririca, sempre conseguimos piorar as coisas. Eu sou a favor de que se debata uma proposta real e concreta feito adultos. É algo muito importante para a população.

Políticos, comunicadores e formadores de opinião parecem abduzidos por um debate sobre coisas que nem existem. É muito grave este nível de alienação via redes sociais quando estamos diante de decisões que mexem com a vida de todos os brasileiros. Infelizmente, debater teorias antiquadas sobre privatização dá mais likes e engajamento do que trabalhar. Enquanto o cidadão comum não abrir os olhos e continuar embarcando na onda dos mistificadores, seremos reféns das consequências.

Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/madeleine-lacsko/a-discussao-sobre-uma-fantasia-de-privatizacao-dos-correios/
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MILITARES SE SENTEM DESRESPEITADOS PELO PRESIDENTE DA CPI

 

  1. Política 

Presidente de comissão se diz ‘intimidado’

Senador Omar Aziz criticou o ‘lado podre’ das Forças Armadas por envolvimento em ‘falcatrua’ no governo Jair Bolsonaro; nota de resposta foi articulada pelo ministro Braga Netto

Felipe Frazão, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O Ministério da Defesa e a cúpula das Forças Armadas entraram em colisão política com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Os militares reagiram nesta quarta-feira, dia 7, ao presidente da CPI, senador Omar Aziz, que criticou o “lado podre” das Forças Armadas por envolvimento em “falcatrua” no governo Jair Bolsonaro. Os comandantes e o ministro da Defesa acusaram Aziz de desrespeitar as Forças Armadas e generalizar “esquemas de corrupção” na CPI. Aziz retrucou no plenário do Senado, dizendo-se “intimidado” pela primeira ofensiva sobre o Congresso realizada em conjunto pelos novos comandantes militares nomeados por Bolsonaro.

As investigações da CPI levantaram suspeitas de envolvimento de uma série de oficiais, da ativa e da reserva, em irregularidades durante a pandemia do novo coronavírus. Parte deles foi levada para o Ministério da Saúde durante a gestão do general de Divisão Eduardo Pazuello, ex-ministro alvo da CPI, enquanto outros estariam ligados a tentativas de venda de vacinas ao governo.

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Omar Aziz
 O senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid no Senado Foto: Dida Sampaio/Estadão

Nesta quarta-feira, Aziz determinou a prisão em flagrante por falso testemunho do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, que foi controlador de voo da Força Aérea Brasileira (FAB). Ele depôs à CPI na condição de testemunha depois de ser acusado de cobrar propina para fechar um contrato de vacinas com a empresa Davati. Segundo Aziz, Dias mentiu aos senadores reiteradamente.

Em determinado momento, o presidente da CPI desabafou: “As Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo. Fazia muitos anos. Aliás, eu não tenho nem notícia disso na época da exceção que houve no Brasil, porque o Figueiredo morreu pobre, porque o Geisel morreu pobre, porque a gente conhecia… E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção, mas, agora, Força Aérea Brasileira, Coronel Guerra, Coronel Elcio, General Pazuello e haja envolvimento de militares das Forças Armadas”.

A manifestação de Aziz irritou os governistas. O senador bolsonarista Marcos do Val (Podemos-ES) disse que o presidente da CPI se desfez das Forças Armadas. Aziz voltou a reiterar a crítica: “O que eu quero explicar é que, infelizmente, o que nós temos ouvido aqui nos relatos do depoente é que geralmente tem alguém das Forças Armadas. Isso não é bom para o Brasil. Não é bom”.

A nota de resposta foi articulada pelo ministro Braga Netto, general de Exército da reserva escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro como interventor na Defesa. Ele foi o responsável por coordenar a troca inédita de toda a cúpula da Defesa, no fim de março, quando o presidente cobrava alinhamento político ao seu governo. A nota pública foi assinada também pelos comandantes da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, e do Exército, general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira.”Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, rebateram os militares. “As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.”

Leia a íntegra da nota do Ministério da Defesa e da cúpula das Forças Armadas

O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veementemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção.

Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.

A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.

Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.

As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.

Walter Souza Braga Netto

Ministro de Estado da Defesa

Alte Esq Almir Garnier Santos

Comandante da Marinha

Gen Ex Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Comandante do Exército

Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista Junior

Comandante da Aeronáutica

G7 DA CPI FICA PREJUDICADO COM O GESTO DO SEU PRESIDENTE

 

Coluna do Estadão

Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, deixa a CPI cercado de seguranças após o senador Omar Aziz pedir sua prisão Foto: MARCOS OLIVEIRA/Agência Senado

O gesto extremo e estratégico de Omar Aziz (PSD-AM), político experimentado, tira momentaneamente o foco de algo preocupante para o ‘G7’ e a oposição: para além de depoimentos, a CPI da Covid tem dificuldade em avançar em investigações que tragam à luz fatos relevantes. Aziz deu um tapa no tabuleiro em partida encalacrada, com o ‘G7’ enredado na trama um tanto bizarra protagonizada por um cabo da PM-MG e que tem como coadjuvantes, entre outros, um reverendo, um tenente-coronel e, agora, um bode expiatório, Roberto Dias.

Freio. A prisão foi estratégica por criar sensação de “vitória” e sinalizar que ninguém está para brincadeira. Também dá tempo de o ‘G7’ redefinir caminhos e parar de girar em falso na plantação dos depoimentos.

Basta. Presidente da CPI, Aziz disse: “Os depoentes que vierem a partir de agora vão ter mais cuidado. Não vou tolerar perjúrio”.

Basta 2. Aziz havia dito, em jantar na sua casa, que não aceitaria mais mentiras na comissão. Segundo relatos, estava indignado. Perdera na véspera mais um amigo para a covid-19.

A ver. Para outros senadores, contudo, a consequência é que os próximos depoentes chegarão munidos de habeas corpus e ficarão em silêncio total.

Ação. Quem tem larga rodagem em CPIs, porém, lembra que depoimentos são só a face “midiática” das comissões: quebras de sigilo, análise de documentos e sólida equipe de técnicos costumam promover resultados mais concretos.

Fase ruim. A última grande vitória da CPI foi o depoimento dos irmãos Miranda, com o ponto marcado na última hora pela senadora Simone Tebet. Desde então, só bola nas costas.

Esperança. Governistas comemoraram o fato de que não foram todos os independentes e oposicionistas que concordaram com a decisão de Omar Aziz.

Juntos. Otto Alencar (PSD-BA) discordou da prisão, mas disse ver divisão futura. “Teve mérito para a prisão, mas antes interrogamos uma corporação de criminosos e ninguém foi preso”, disse o senador.

Sem… Antes de nomes, temas: reunidos em Brasília, os nove partidos que iniciaram entendimentos na busca de uma candidatura presidencial de centro decidiram por um posicionamento comum contra a reforma tributária proposta pelo governo Bolsonaro.

…mais impostos. Segundo participantes da reunião, o presidente está propondo o aumento da carga tributária e a consequente punição ao setor produtivo e à classe média. Baleia Rossi (MDB), Roberto Freire (Cidadania) e ACM Neto participaram do encontro.

CLICK. Rodrigo Pacheco (DEM-MG) conversou com a bancada feminina sobre pautas como o projeto de criar uma cota de 18% das vagas no Senado para as mulheres.

Na teoria… Do ex-presidente Michel Temer (MDB): “É com satisfação que recebi a declaração do ministro Luís Roberto Barroso (presidente do TSE), afeito a essas questões eleitorais em que adere à tese do semipresidencialismo”.

…e na prática. “Tese esta que coloquei em prática no meu governo e que também é amplamente defendida pelo ministro Gilmar Mendes”, afirma Temer.

Já sabia. Em 2017, Gilmar já entendia que o semipresidencialismo poderia ser solução para crises.

SINAIS PARTICULARES.

Gilmar Mendes, ministro do STF

Kleber Sales

PRONTO, FALEI!

DIDA SAMPAIO/ESTADAO

Rogério Carvalho, líder do PT no Senado (SE): “É importante que as Forças Armadas saibam seu lugar constitucional. Não podem, nem devem se manifestar em relação aos trabalhos parlamentares.”

COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG E MARIANNA HOLANDA. COLABOROU BRUNO LUIZ.

BOLSONARO CHAMA BARROSO DE PÉSSIMO MINISTRO

 

Fux alerta que ‘qualquer brasileiro deve respeito à honra de integrantes das instituições’

Em nota, presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, disse que a corte rejeita manifestações que ‘questionam indevidamente a idoneidade’ de seus integrantes

Pepita Ortega e Tulio Kruse

Os ministros Luiz Fux e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Dida Sampaio / Estadão

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, reagiu aos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao colega de corte Luís Roberto Barroso – chamado pelo chefe do Executivo de ‘péssimo ministro’. Em nota, Fux destacou que ‘qualquer brasileiro deve conviver com o respeito às instituições e à honra de seus integrantes, como decorrência imediata da harmonia e da independência entre os Poderes’.

“O STF rejeita posicionamentos que extrapolam a crítica construtiva e questionam indevidamente a idoneidade das juízas e dos juízes da Corte”, frisou ainda o presidente da corte.

As declarações de Bolsonaro se deram em entrevista à Rádio Guaíba, concedida nesta terça, 7. Na ocasião, o presidente confirmou que pretende indicar o advogado-geral da União, André Mendonça, para a Corte, no lugar do ministro Marco Aurélio Mello, que vai se aposentar na próxima segunda-feira, 12.

“Porque, quando se olha para o Barroso, dado o que ele defende e as coisas que não encontram amparo nenhum no livro preto que é a nossa Bíblia, esse cara não acredita em Deus. Não quero fazer prejulgamento dele, mas não acredita em nada”, afirmou Bolsonaro na entrevista.

O presidente ainda Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, de articular com o Congresso a rejeição do projeto sobre o voto impresso. A votação da proposta foi adiada para o próximo dia 15, na Comissão da Câmara sobre o assunto.

Bolsonaro faz sucessivas alegações sobre fraudes envolvendo a urna eletrônica, sem apresentar quaisquer provas. Nesta terça, 7, voltou a colocar em dúvida o resultado das eleições, caso não seja implantado o voto impresso nas eleições do ano que vem.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

FILOSOFIA NÃO É COISA DE ATEU

 

Por
Paulo Cruz – Gazeta do Povo

Detalhe de “Santo Agostinho em sua biblioteca”, de Vittore Carpaccio.| Foto: Wikimedia Commons/Domínio público

“[…] Quem vencer a dor e o medo, esse mesmo será Deus. E o outro Deus não existirá.”
“Então, a seu ver o outro Deus existe mesmo?”
“Não existe, mas ele existe. Na pedra não existe dor, mas no medo da pedra existe dor. Deus é a dor do medo da morte. Quem vencer a dor e o medo se tornará Deus. Então haverá uma nova vida, então haverá um novo homem, tudo novo…” (Fiódor Dostoiévski, Os Demônios).

Espanta-me ainda a quantidade de gente que acredita que filosofia é “coisa de ateu”. E em minha experiência, não só como professor, mas como cristão, não é raro ouvir esse tipo de afirmação e ter, curiosamente, de lembrar às pessoas que temos aproximadamente 15 séculos de diálogo do cristianismo – refutando, contemporizando, absorvendo – com a filosofia e que há quase uma infinidade de filósofos cristãos que, a serviço de sua fé ou não, encaram-na como alicerce fundamental para suas reflexões.

Atribuo esse fato a duas principais causas. A primeira tem a ver com o pouco ou nenhum interesse de cristãos hodiernos pela filosofia. Entre os evangélicos – que é a minha confissão de fé –, o desestímulo ao estudo da filosofia vem de uma compreensão errônea do mote reformado Sola Scriptura, como se a Bíblia fosse a única fonte necessária de conhecimento para os cristãos. Mas, como nos explica Robert Godfrey no livro Sola Scriptura, “a posição protestante […] é que todas as coisas necessárias à salvação e concernentes à fé e à vida são ensinadas na Bíblia com suficiente clareza para que o crente comum as encontre e compreenda”. Não tem a ver, propriamente, com conhecimento, mas com salvação e condução de uma vida de santificação. Desse modo, a filosofia não só pode como é muito importante para a consolidação do conhecimento a respeito das verdades reveladas pela Bíblia. No entanto, as igrejas costumam, quando muito, centrar sua atenção no estudo das Escrituras, sem, contudo, abrir espaço para especulações de caráter propedêutico.

Infelizmente, ainda hoje há professores que pensam estar vivendo nos anos de chumbo e tratam de “orientar” seus alunos contra o capitalismo, o neoliberalismo etc.

Entre os católicos (aqui especulo), talvez precisemos separar o fiel comum – ou mesmo nominal, aquele que diz pertencer a determinada confissão sem, contudo, praticá-la – do praticante e, ainda, do estudioso. Estudei numa faculdade católica repleta de seminaristas; estes, obviamente, precisam estudar Filosofia, pois é parte intrínseca de sua formação para o sacerdócio (o que não ocorre com a imensa maioria dos pastores, diga-se). Há, ainda, um contingente minoritário – que também existe entre os protestantes – dos que estudam por conta própria ou por estímulo de amigos, padres, catequistas etc. E há os católicos comuns, que guardam algumas práticas (como as orações e os ritos do batismo e do casamento, por exemplo), mas não têm nenhum compromisso com o Catecismo, a Tradição etc.

A segunda causa tem relação com o próprio ensino de Filosofia nas escolas e faculdades, dominado, há muito, pelo pensamento iluminista – quando não materialista e ateu –, que vê a religião como mero obscurantismo que tem de ser afastado do pensamento racional. Aliás, a primeira causa exposta também tem afastado cristãos das licenciaturas em ciências humanas (e muitos que se aventuram acabam deixando a fé pelo caminho), e tornado esse ambiente majoritariamente dominado por jovens seduzidos pelo pensamento revolucionário. Muitos professores ainda em atividade graduaram-se nos anos de ditadura militar, e fazer Filosofia era parte da resistência política. Como diz a petista – e onipresente no currículo de Filosofia do ensino médio – Marilena Chaui, em entrevista: “nossos cursos, com muitos disfarces, dedicavam-se à crítica do autoritarismo por meio de filósofos antigos, clássicos e contemporâneos nos quais encontrávamos temas e discussões que nos permitiam analisar o Brasil”. Ou seja, as universidades, nos anos de ditadura, despejaram um número considerável de professores militantes nas escolas e faculdades, para reproduzirem e reforçarem o movimento de resistência. Infelizmente, ainda hoje há professores que pensam estar vivendo nos anos de chumbo e tratam de “orientar” seus alunos contra o capitalismo, o neoliberalismo etc. Obviamente que generalizo, caro leitor, mas não é errado dizer – pois vivi isso em meus anos de graduação – que estudar Filosofia e conseguir separar as disciplinas das opiniões arraigadas dos professores é um desafio e tanto. Dentre os absurdos que ouvi, por exemplo, estava o de que Platão era um elitista.


Muitos temas apresentados nos currículos de Filosofia atuais, no ensino médio, concentram-se em problemas contemporâneos, relegando não só autores clássicos, mas toda uma gama de assuntos formativos para segundo plano. A chamada filosofia cristã, que distingue-se tanto da teologia quanto da própria filosofia pagã, é tratada de maneira displicente, mesmo tendo trazido à discussão não só a apropriação de conceitos da filosofia (como o Logos grego no Evangelho de João), mas temas originais que mudarão por completo a trajetória da filosofia: por exemplo, o conceito de criação. Diz-nos Julián Marías em sua História da Filosofia:

“O conceito que permite interpretar o ser do mundo desde o de Deus é o de criação. Temos, por um lado, Deus, o verdadeiro ser, criador; por outro, o ser criado, a criatura, cujo ser é recebido. É a verdade religiosa da criação que obriga a interpretar esse ser e coloca o problema filosófico do ser criador e do criado, de Deus e da criatura. Desse modo, o cristianismo, que não é filosofia, afeta-a de modo decisivo, e a filosofia que surge da situação radical do homem cristão é a que pode ser chamada, nesse sentido concreto, de filosofia cristã.”

Muitos temas apresentados nos currículos de Filosofia atuais, no ensino médio, concentram-se em problemas contemporâneos, relegando não só autores clássicos, mas toda uma gama de assuntos formativos para segundo plano

Não, a filosofia não é “coisa de ateu”. Fosse assim, os imensos Santo Agostinho e São Tomás de Aquino não teriam se dedicado a examinar as teses filosóficas e retirar delas o que era de maior serventia à formulação das doutrinas cristãs. Agostinho dirá, n’A Cidade de Deus, que “ao tratarmos da teologia natural, temos de lidar não com quaisquer homens […], mas é com filósofos que devemos discutir, com aqueles cujo nome proclama o amor à sabedoria”. E R.C. Sproul, um dos teólogos mais célebres do pensamento calvinista contemporâneo, diz, em seu Filosofia para Iniciantes, que “a antiga máxima ainda vale: ʻuma vida não avaliada não vale a pena ser vividaʼ. Para qualquer pensador sério, especialmente para o que se diz ser cristão, uma vida não avaliada não é uma opção válida”. Como eu disse anteriormente, em artigo aqui mesmo, nesta Gazeta do Povo, devemos resgatar a “metafísica como elemento constituinte da realidade – inclusive da realidade política –, mas tratá-la como um modo legítimo de dar sentido à existência”.

É nesse sentido que estou preparando um curso chamado Filosofia e Fé, que estará disponível a partir do próximo dia 11 (mas já disponibilizei a primeira aula, gratuitamente, em meu site), e no qual apresentarei um panorama básico da história da filosofia, demonstrando os pontos de aproximação e conflito que há entre esta e a fé cristã. O curso será precedido da Semana das Virtudes: cinco dias de aulas gratuitas, dos dias 7 a 11, às 20 horas, em meu canal no YouTube, em que apresentarei um estudo sobre as virtudes cardeais.

Se o caríssimo leitor não conhece filosofia, mas tem interesse em ter um conhecimento dos principais autores e temas da história – pois o curso não é, obviamente, destinado somente a cristãos –, espero por você!


Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-cruz/filosofia-e-coisa-de-ateu/
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TODOS NÓS CRESCEMOS COM DEMANDAS REPRIMIDAS

 


  1. Cultura
     

Pior do que não ter dinheiro, é ter tido e perdê-lo. É preciso ter prudência sobre o futuro

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Quase todos crescemos com demandas reprimidas, especialmente financeiras. A falta de recursos impede certo padrão de consumo. Os que possuem quase nada, os medianos e mesmo os ricos têm algum tipo de repressão ao consumo. Faça um exercício de imaginação: se eu ganhasse cem mil reais por mês. Claro que isso resolveria grande parte das minhas demandas atuais. “Eu poderia viajar, trocar de carro, pagar contas atrasadas!” Sim, minha querida sonhadora e meu estimado sonhador, mas dentro de limites. Há algumas pessoas que ganham cem mil reais por mês e podem viajar, mas não podem, por exemplo, passar as férias todas na suíte real do hotel Burj Al Arab Jumeirah de Dubai. Ali, em dois dias, a renda magnífica da pessoa de cem mil reais estaria consumida. Se optasse pela suíte similar do hotel Presidente Wilson (Genebra, Suíça), necessitaria quase dois meses de renda para passar um dia naquele espaço com vista para o lago. Sim, alguém com cem mil reais por mês (ou até um milhão) também teria “demandas reprimidas”. 

Dinheiro
‘Pior do que não ter dinheiro, é ter tido e perdê-lo. É preciso ter prudência sobre o futuro’ Foto: Andreas Breitling/Pixabay

A demanda reprimida explica muita coisa na vida profissional e financeira. Pessoas que trabalham demais costumam oferecer a si mesmas recompensas que comprometem sua saúde financeira. “Ah, eu mereço, eu trabalhei tanto!” Além do estresse do excesso laboral, existe um sistema de compensações perigoso quando vivemos sobre o fio da navalha da exaustão. O mesmo ocorre para pessoas que tiveram necessidades básicas severamente reprimidas por muito tempo e, de repente, entram na posse de uma grande quantia. Pode ser uma indenização trabalhista, uma loteria, uma herança súbita: a conta, antes vermelha, torna-se superavitária. Anos lutando com um orçamento que não fechava, evitando comer ou vestir o que desejava, morando em casa onde a reforma essencial era adiada a cada semestre e, de repente, as pepitas de um ouro súbito refulgem. É frequente que o dinheiro se evapore com rapidez. É a tal de “demanda reprimida”. “Dinheiro na mão é vendaval”, cantava Paulinho da Viola.

Quando escrevo isso, não me refiro apenas às histórias contadas por terceiros ou criadas por mente ficcional. Também eu já recebi dinheiros súbitos no passado e já vi o milagre da “subtração dos pães”, a inversão do milagre bíblico. Se a localidade de Tabgha visualizou dois peixes e cinco pães alimentarem milhares de pessoas sob a brisa gentil do Mar da Galileia, cestas repentinas com pães e peixes podem minguar na mão de quem pensa que o fenômeno vai se repetir sempre. Se o universo ao meu redor tiver, igualmente, grande fome, a evaporação se acelera. Trocar meu carro, presentear esposa e filhos, atender a santa mãezinha que não tem casa própria, emprestar a um amigo que se sufoca com dívidas e puf! Sumiu o capital da mesma forma miraculosa com que surgiu. 

Sim: pobres, classe média e ricos têm “demandas reprimidas”. Não tratadas ou refletidas, elas podem corroer qualquer montante. A fome excessiva pode levar a um mastigar tão rápido que provoca mal-estar. A sede em excesso possui potencial para que a bebida escorra do copo e dos lábios para se perder entre roupas e mesa. Como pedir moderação a quem atravessou um deserto de austeridade ou necessidade? De que forma se pode incitar à prudência quem carrega uma dor profunda e corrosiva? Em toda cena de filmes nos quais um grupo, quase à morte, encontra um oásis, todos se atiram nas águas, ninguém faz uma degustação equilibrada do líquido. A sede abrasiva derruba civilidades. Dizendo de forma popular, “quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza”. 

Bem, quanto melado precisamos para um patamar de prudência? Difícil dizer. Há um erro comum no Brasil: supor que educação financeira é coisa de gente muito rica. Na verdade, quanto menor o capital, maior deveria ser a educação dos bens. Voltando um pouco: o cantil deve ser racionado no deserto, não no oásis. Gastos são estudados pelos economistas, todavia, o caso quase sempre é mais psíquico do que de leis de mercado. 

Sim, a abundância ajuda. Todas as vezes que meu refrigerador esteve sem nada, tive vontades fortes de comer muito. Com estoques em casa, a vontade diminui. Será que o sábio rei Salomão olhava com tédio para seu harém numeroso com setecentas esposas e trezentas concubinas? Em oposição, como pensava o adolescente hebreu fervente de hormônios que nem uma única mulher conseguia nas vielas de Jerusalém? Se, subitamente, por um passe mágico e inesperado, o jovem ansioso estivesse no lugar do governante, supomos que os dias iniciais seriam de intensidade única. Agora, com o refrigerador cheio, cansaria logo? Alguns especialistas na psique imaginam que hábitos de gastos seguem uma lógica erótica, o que ajuda a explicar minha referência ao rei de Israel. Salomão foi homem de muitas mulheres e de grande fortuna. Uma coisa excluiria outra ou explicaria?

Bem, todos temos carências afetivas, sexuais e financeiras. Ter consciência delas ajuda bastante. Todo dinheiro deve responder a algumas questões antes de assumir a cidadania no meu lar: de onde veio este haverá mais? Como fazer com que ele vire mais dinheiro? Quais demandas posso atender agora e quais posso adiar para que sejam atendidas no futuro sem risco? Sem responder a tais perguntas, há uma chance de evaporação dolorosa. Sim, pior do que não ter dinheiro, é ter tido e perdê-lo. É preciso ter esperança e alguma prudência sobre o futuro. 

É HISTORIADOR, ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, AUTOR DE ‘O DILEMA DO PORCO-ESPINHO’, ENTRE OUTROS

TRABALHAR COM AQUILO QUE SE AMA

Rafael Carvalho* Jornal Hoje em Dia

Imagine trabalhar com aquilo que você mais ama. É esse o significado da Passion Economy, método que une uma paixão ou habilidade a uma oportunidade de negócio. A expressão americana nasceu no Vale do Silício, mas está ganhando cada vez mais espaço no Brasil, devido às estatísticas econômicas e ao panorama sobre o emprego no país.

No primeiro trimestre de 2021 (de dezembro a fevereiro), o Brasil bateu o recorde histórico com 14,4 milhões de pessoas desempregadas, segundo os dados divulgados em abril, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012. Este cenário abriu uma brecha maior para o surgimento de novas atividades profissionais e de modelos de trabalho, como home office, híbrido e o nomadismo digital – o que também impulsionou ainda mais o movimento da “economia da paixão”.

Transformar atividades como jogar videogame em produção de conteúdo para as redes sociais; fazer pães e bolos em empreendimento virtual; tocar violão ou fazer churrasco em cursos online para compartilhar conhecimento com outras pessoas, tudo isso se tornou uma oportunidade de lucrar com um hobby, seja para as pessoas que precisaram começar um novo negócio, como as que mudaram de carreira ou precisaram criar uma fonte de renda extra com o objetivo de garantir mais segurança financeira.

Monetizar habilidades e capitalizar suas paixões com um propósito maior faz da passion economy uma nova modalidade de empreendedorismo. Para quem quer começar, vale dar o primeiro passo e investir. Seja por meio de e-books, audiobooks, podcasts, vídeos aulas outros infoprodutos, plataforma de negócios (empresas que funcionam como lojas ou prateleiras virtuais comercializando e monetizando produtos digitais) ou por rede de afiliados (vendedores que incentivam o consumo de infoprodutos e são comissionados pelas vendas).

Trabalhar com uma rede de valores e com aquilo que gosta é uma tendência para o futuro do trabalho e isso deve causar grandes impactos no mercado, uma vez que os trabalhos apoiados ao mundo virtual estão em ascensão. Um exemplo desse movimento é a força da internet, o Facebook, Twitter, TikTok e Instagram se tornam grandes redes, não só sociais, mas para construir vínculos e gerar lucro. Segundo o Panorama de Negócios Digitais Brasil 2020, realizado pela HeroSpark, 40% das pessoas já utilizam o Instagram como principal canal de divulgação para seus negócios digitais.

Na Passion Economy, qualquer um pode construir audiência e interações baseando-se em interesses sinceros e em comum com toda uma rede. As marcas e os criadores capitalizam isso e, ao mesmo tempo, descobrem que as paixões são um ativo muito mais valioso do que pensavam anteriormente. À primeira vista, a tendência parece enfatizar a individualidade, mas, na verdade, conecta ambos os lados dessa equação, favorece o empreendedorismo, o mercado de trabalho e dá ainda mais força às nossas paixões.

*COO da HeroSpark, solução unificada para empreendedores digitais

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