quinta-feira, 6 de maio de 2021

MINISTRO DA SAÚDE DEPÓE HOJE NA CPI DA COVID

 

Ministro da Saúde falará à comissão nesta quinta-feira. Autor do requerimento encaminhou dados à CPI

André Shalders, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, será questionado nesta quinta-feira, 6, sobre o fato do Ministério da Saúde ter divulgado a compra de um número de doses de vacinas maior que o realmente contratado. Senadores que integram a CPI da Covid disseram que este será um dos principais questionamentos a Queiroga durante seu depoimento. 

Reportagem do Estadão publicada nesta quarta-feira, 4, revelou resposta do Ministério a um requerimento de informações do deputado Gustavo Fruet (PDT-PR) no qual a pasta diz que apenas parte das doses divulgadas como “compradas” possui contratos fechados. Em propagandas oficiais e em declarações públicas, Queiroga costuma divulgar o número de 560 milhões de doses já contratadas. Ao responder a questionamento do deputado, no entanto, o Ministério disse que apenas metade disso – cerca de de 280 milhões – já tem contrato fechado.

Marcelo Queiroga
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde. Foto: Joédson Alves/ EFE

“Nesta quinta-feira o ministro Marcelo Queiroga estará aqui e ele poderá falar publicamente para todos nós (…). Nós vamos saber se tem ou não tem vacina, quais são os contratos e quais são as perspectivas, inclusive, o planejamento para mais 500 milhões de doses para o ano que vem. Porque não espere que nessa pandemia a gente não tenha que, nos próximos dois ou três anos, estar preparados para ter vacina. Para não acontecer o que aconteceu este ano (falta de doses)”, observou Aziz.https://www.youtube.com/embed/Q9JKgIxMU6Y

“A CPI tem este papel também, de procurar propostas, e de fazer com que a gente acelere as negociações para mais quinhentos milhões de doses, no ano que vem”, completou o senador. 

“Esta com certeza será uma questão relevante a ser indagada ao ministro Queiroga. É um questionamento a ser feito”, reforçou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“Essa é uma prática reiterada nesse governo. Pazuello mentiu, reiteradas vezes, inclusive ao Senado, sobre compras e entregas de doses de vacinas. O atual ministro vai no mesmo caminho. Isso nos dá a absoluta certeza de que não há organização, não há planejamento, não há nada em que se possa confiar, em termos de política pública séria, na condução do Ministério da Saúde. É mais um elemento de análise da CPI, que corrobora a tese da deliberada atuação do governo em favor da expansão do vírus no Brasil”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE), que também integra a CPI.

Autor do pedido de informações, Fruet disse que enviou as respostas do Ministério da Saúde ao Tribunal de Contas da União (TCU). O deputado paranaense quer a ajuda da Corte de Contas para saber se houve dano ao erário com a divulgação da propaganda com dados falsos sobre a compra de vacinas. 

“Em tese, pode ser o caso de uma representação (ao Ministério Público) e de uma ação popular (na Justiça). Mas para isso precisamos identificar quem autorizou aquela propaganda. Mandei ao Tribunal de Contas para investigar a propaganda e também os gastos (com os imunizantes)”, afirmou Fruet ao Estadão. Ele também encaminhou as informações ao presidente da CPI. 

Doses

Em resposta aos questionamentos da reportagem, o Ministério da Saúde enviou nota afirmando que “das 562 milhões de doses anunciadas, mais de 530 milhões de doses estão formalizadas”. A pasta não deu detalhou nem esclareceu se houve ou não erro na resposta encaminhada ao Congresso. Enviar informações falsas ao Legislativo pode representar crime de responsabilidade por parte de gestores públicos.

Sobre o fato de 110 milhões das 210 milhões de doses da Fiocruz ainda não terem sido contratadas, como informou a Fundação em nota à reportagem, o Ministério da Saúde alegou que isso não é necessário. “As doses pactuadas com a Fiocruz não necessitam de contrato, pois a Fundação é vinculada ao Ministério da Saúde e os repasses são feitos via TED ou crédito extraordinário”.

O ministério admitiu que “o contrato com 30 milhões de doses do Butantan está em elaboração”. Reiterou, ainda, que “a quantidade de imunizantes pactuados com os laboratórios é suficiente para vacinar toda a população brasileira”.

DECLARAÇÕES DE BOLSONARO

Em discurso, Jair Bolsonaro fez ontem violenta defesa de medicamentos inúteis contra a covid-19. Bravatear é o que resta a ele, já que foi incompetente para esvaziar a CPI

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

Já se disse que o único trabalho da CPI da Pandemia será o de organizar as inúmeras evidências de que o governo de Jair Bolsonaro comportou-se de maneira irresponsável e muitas vezes criminosa em relação à pandemia de covid-19. E o presidente Bolsonaro colabora, diariamente, com novas provas.

Ontem, Bolsonaro chegou a ponto de produzir essas provas no exato momento em que o ex-ministro da Saúde Nelson Teich prestava depoimento à CPI. Enquanto o ex-ministro confirmava aos senadores que deixou o Ministério da Saúde, depois de menos de um mês no cargo, porque descobriu que não teria autonomia e porque foi pressionado a estimular o uso de medicamentos inúteis contra a covid-19 a título de “tratamento precoce”, Bolsonaro discursava fazendo violenta defesa desses remédios.

“Canalha é aquele que critica o tratamento precoce e não apresenta alternativa. Esse é um canalha”, disse o presidente ao mesmo tempo que seu ex-ministro da Saúde dizia que o “tratamento precoce” é um erro – tal como já fizera na CPI outro ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, anteontem. Esse erro recebeu vultoso investimento do governo federal, ao passo que a compra de vacinas foi deixada até recentemente em segundo plano.

Em outubro de 2020, quando o País já contabilizava quase 160 mil mortos, Bolsonaro questionou a ânsia por uma vacina. “Não sei por que correr”, declarou na época. No mês seguinte, disse que “o povão parece que já está mais imunizado” porque não ficou em casa, sugerindo que a vacina era desnecessária.

O presidente desestimula sistematicamente a vacinação, dizendo que “ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina”, e espalha suspeitas sobre efeitos colaterais do imunizante. Ao mesmo tempo, Bolsonaro e seu governo fazem forte campanha pelo uso de cloroquina.

No discurso de ontem, o presidente chegou a sugerir que a oposição ao uso da cloroquina contra a covid-19 é motivada por interesses comerciais dos laboratórios que produzem vacinas. “Por que não se investe em remédio? Porque é barato demais”, disse Bolsonaro.

Mas o pronunciamento delirante não parou aí. Bolsonaro insinuou, à sua maneira trôpega, que os chineses produziram o vírus em laboratório para ter ganhos econômicos: “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”.

Ou seja: não contente em sabotar a vacinação e estimular o consumo de remédios sem eficácia, o presidente insiste em hostilizar a China, inventando uma mirabolante “guerra bacteriológica” que só existe nas postagens de lunáticos das redes sociais.

A histeria bolsonarista denota desespero. O presidente parece intuir que sua situação política ficará a cada dia mais insustentável diante da exposição pública, na CPI, das extravagâncias, todas fartamente documentadas, cometidas por seu governo ao longo da pandemia. E estamos apenas no segundo dia de depoimentos na comissão, que certamente ainda reservará muitos dissabores para o governo – especialmente quando o ex-ministro Eduardo Pazuello resolver dar o ar da graça.

Totalmente à mercê da insanidade das redes sociais, Bolsonaro imagina que o País se intimidará com seus arreganhos. Tornou a dizer que editará um decreto para restabelecer “a liberdade para poder trabalhar” e “nosso direito de ir e vir”, em referência às medidas de restrição adotadas em Estados e municípios. E acrescentou: “Se eu baixar um decreto, vai ser cumprido, não será contestado por nenhum tribunal”.

Bravatear é o que resta a Bolsonaro, já que seu governo, incompetente para conter a pandemia, foi igualmente incompetente para esvaziar a CPI. Sua única competência parece ser a de produzir provas contra si mesmo. Um presidente que, cobrado a usar máscara, diz que “já encheu o saco isso, pô”, como fez em seu discurso, não precisa de detratores.

 

COMO VENDER MAIS PARA O DIA DAS MÃES

 

Presentes que proporcionem conexão emocional à distância devem continuar em alta. Confira como ganhar dinheiro na data

  • Paulo Gratão

Dia das Mães (Foto: Ariel Skelley / GettyImages)

Em poucas semanas será comemorado o Dia das Mães, a segunda data mais importante no calendário anual do varejo brasileiro, perdendo apenas para o Natal. Pelo segundo ano consecutivo, as comemorações serão limitadas, por conta da pandemia do novo coronavírus, e os empreendedores precisarão se desdobrar para conseguir girar o estoque e ganhar dinheiro na data.

Ao longo do ano passado, as empresas tiveram alguns aprendizados importantes que podem prepará-las melhor para faturar na data neste ano. Será necessário oferecer os produtos para o consumidor por meios digitais, mesmo em cidades em que o comércio já esteja liberado, e adequar o mix de produtos ao momento atual, em que presentes com apelo emocional, que busquem conectar, mesmo que à distância, ainda são importantes.

“Assim como vimos no primeiro ano da pandemia, a distância física fez com que a busca por conexão ficasse mais latente nas pessoas e isso fica ainda mais forte quando se trata das mães. Então, produtos mais pessoais e voltados ao bem-estar devem estar em alta”, explica Lyana Bittencourt, CEO do Grupo Bittencourt, especializado em franquias e varejo.

A especialista elencou algumas dicas para que as pequenas empresas, desde as que vendem produtos apenas pela internet ou as que têm lojas em shopping centers, consigam driblar os desafios e faturar no Dia das Mães em 2021. Confira:

1. Utilize seu capital social

Uma das lições aprendidas ao longo do ano passado é que os empreendedores podem contar com as redes de relacionamento da própria equipe para incrementar o faturamento. “Nesse sentido, estamos falando de toda a capacidade de multiplicação de catálogos, promoções e ações exclusivas que o time pode proporcionar para a empresa ao utilizar a força da sua rede de contatos”, sugere Bittencourt.

2. Use e abuse de canais digitais de venda

Mesmo se a loja estiver aberta, o delivery ainda deve ser um canal importante, pois o consumidor experimentou e gostou da conveniência de receber as compras em casa ou retirar no drive-thru, por exemplo.

Turbine o e-commerce próprio ou procure entrar (se já não estiver) em um marketplace já estabelecido, que possa ajudar a ganhar visibilidade. “Ficou claro que a estratégia de venda online é garantia de receita adicional e não concorrência ao canal físico”, explica a especialista.

Além do delivery, utilize as redes sociais para se comunicar com o consumidor, seja com posts, lives ou até o live commerce, que é uma forma de apresentar conteúdo relevante e comprável ao mesmo tempo.

3. Antecipe a demanda e evite altos estoques de produtos

No ano passado, a maior parte das lojas físicas estava fechada durante a semana que antecedeu o Dia das Mães, com isso as compras foram quase totalmente feitas por canais alternativos.

Neste ano, é possível que o empreendedor precise dividir a atenção entre a loja física e as compras online. Para não sobrecarregar o delivery nos últimos dias que antecedem a data, a dica é tentar adiantar os pedidos o máximo que for possível, com campanhas de descontos ou kits promocionais para compras antecipadas, por exemplo.

“Não é tarefa fácil, mas é possível. O empresário precisa se equilibrar e estar abastecido – sem estar super estocado. Loja com estoque parado no cenário atual é algo para se evitar ao máximo”, explica Bittencourt.

4. Controle o fluxo na loja

Os dias que antecedem o Dia das Mães costumam levar multidões às compras. No entanto, é importante se atentar aos riscos de aglomerações, que podem colocar o seu negócio e a saúde pública em risco.

Os empreendedores precisarão respeitar as limitações máximas de ocupação nos espaços físicos, de acordo com as regulamentações locais. Para isso, podem recorrer a estratégias como o estímulo às vendas digitais, com live commerce, por exemplo; agendamento prévio de atendimento na loja; ou aplicativos de fila digital.

5. Aposte na personalização

A especialista explica que os melhores promotores que uma marca pode ter atualmente são os próprios clientes. Dessa forma, uma entrega consistente, com atendimento de excelência, e adicionais, como um produto bem embalado e outros detalhes que podem fazer a diferença geram recomendações e podem até virar posts nas redes sociais. “Vale o alerta de que uma entrega desastrosa pode ter o mesmo efeito, porém com impacto negativo”, aconselha Bittencourt.

Uma dica adicional: Vale ressaltar que todas as oportunidades para reforçar o caixa nesse momento são importantes. Fique de olho em promoções de fornecedores ou condições especiais para uso de aplicativos de delivery ou de maquininhas de pagamento e PIX. Nessa semana, por exemplo, o Mercado Pago anunciou taxa zero para clientes que usarem a maquininha Point Pro2 para link de pagamento ou Código QR para as vendas na data comemorativa.

A Plataforma Comercial da Startup Valeon é uma empresa nacional, desenvolvedora de soluções de Tecnologia da informação com foco em divulgação empresarial. Atua no mercado corporativo desde 2019 atendendo as necessidades das empresas que demandam serviços de alta qualidade, ganhos comerciais e que precisam da Tecnologia da informação como vantagem competitiva.

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SENADO FOCA EM REFORMA TRIBUTÁRIA

 

 Idiana Tomazelli e Camila Turtelli – Jornal Estadão

BRASÍLIA – A queda de braço em torno do fatiamento ou não da reforma tributária deflagrou um clima de insatisfação entre parlamentares, secretários estaduais de Fazenda e representantes do setor produtivo, que tentam manter viva a discussão da reforma ampla apresentada na terça-feira pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

A divisão da proposta em quatro partes é defendida pelo presidente da CâmaraArthur Lira (PP-AL), com aval do ministro da EconomiaPaulo Guedes, mas enfrenta resistências.

Antes mesmo do fim da leitura do parecer, Lira anunciou na terça a extinção da comissão e remeteu o texto ao plenário da Câmara, onde deve ser desmembrado em quatro partes e ter novos relatores. Na prática, a decisão de Lira “joga no lixo” o parecer de Ribeiro, que buscava unificar tributos sobre consumo federais, estaduais e municipais. Técnicos veem risco de as discussões retornarem à estaca zero, provocando atrasos em uma das reformas consideradas essenciais para melhorar o ambiente de negócios.

Congressistas favoráveis à proposta ampla de Ribeiro optaram por ignorar o anúncio de Lira de que a comissão mista da reforma tributária, composta por deputados e senadores, está extinta. Vice-presidente do colegiado, o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) diz que está mantido o cronograma que prevê apresentação do relatório final na próxima terça-feira. “Os atos de Lira não têm influência porque a comissão é independente”, disse Rocha.

A estratégia é fazer com que o texto chegue à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, longe da alçada de Lira. A opção é viável porque uma das propostas abrangidas no parecer é a PEC 110, apresentada por senadores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), se mostrou favorável à continuidade da comissão mista em nota emitida ainda na noite de terça-feira.

Embora tenha desagradado aos parlamentares, o ato do presidente da Câmara foi bem recebido pela equipe econômica, que quer o fatiamento da proposta. Guedes é crítico da proposta de Ribeiro e vê risco de a União ter de arcar com compensação bilionária a Estados e municípios por eventuais perdas de arrecadação com a reforma. A fatura poderia atingir R$ 400 bilhões e é considerada impraticável pela equipe econômica.

A interlocutores, o ministro da Economia tem dito que, se o objetivo dos parlamentares for “saquear” a União por meio do fundo de compensação, é preferível “deixar como está”, sobretudo em um contexto de recordes de arrecadação no governo federal. O fatiamento da reforma, por sua vez, é considerado uma estratégia eficaz para o governo ter “maior controle” sobre o resultado final.

‘Fatias’

Como mostrou o Estadão/Broadcast, a repartição pretendida por Lira prevê um projeto para unificar PIS Cofins nos moldes da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) enviada ao Congresso pela equipe de Guedes. Essa primeira fase também incluiria a tributação de lucros e dividendos na pessoa física, com redução de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Outra “fatia” deve tratar da criação de um imposto seletivo em substituição ao Imposto sobre Produtos Industrializados.

Uma terceira parte incluiria um amplo programa de renegociação de dívidas tributárias, chamado de “passaporte tributário”, mas que segue os moldes de um Refis, com descontos em multas e juros e pagamento em parcela única. Outra fase prevê a criação de um imposto sobre transações, nos mesmos moldes da CPMF.

No dia seguinte à decisão de Lira de anunciar a extinção da comissão, os secretários estaduais de Fazenda se posicionaram contra a medida e defenderam a reforma ampla, que inclua Estados e municípios. Para eles, o ato desconsidera dezenas de reuniões e debates realizados ao longo de mais de dois anos entre legisladores, empresas e o próprio governo federal.

“Extinguir agora a comissão mista e paralisar o debate sobre a reforma tributária seria um enorme desrespeito não apenas ao relator, aos deputados e senadores e às entidades que participaram da construção conjunta da proposta, como também à sociedade, que espera e precisa de um sistema tributário mais justo para o País”, afirma o presidente do Comitê de Secretários Estaduais de Fazenda, Rafael Fonteles.

“O fatiamento da reforma não é o ideal. Vamos seguir a agenda com parlamentares e a comunicação com o grande público pela imprensa explicando os benefícios de uma reforma ampla”, disse Renata Mendes, líder do movimento Pra Ser Justo. Especialistas também alertam que mudar PIS e Cofins por um projeto de lei pode ser arriscado do ponto de vista jurídico e pode inviabilizar a “acoplagem” dos impostos estaduais e municipais no futuro. /COLABOROU EDUARDO LAGUNA

BOLSONARO QUER EDITAR DECRETO CONTRA LOCKDOWN

 

 Lauriberto Pompeu – Jornal Estadão

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro fez mais uma vez ataques à China ao insinuar que a pandemia de covid-19 seria um instrumento de “guerra química” para garantir maior crescimento econômico ao país asiático. Mesmo após o problema diplomático com a China por causa dessas afirmações, Bolsonaro voltou a dizer que o coronavírus pode ter sido criado em laboratório. A tese é contestada por cientistas e pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS).

“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou se nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí, os militares sabem que o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês. O que está acontecendo com o mundo todo, com sua gente e com o nosso Brasil?”, questionou o presidente em cerimônia no Palácio do Planalto referente à Semana das Comunicações.

Bolsonaro fez as afirmações justamente no momento em que vários Estados enfrentam dificuldades para aplicar a segunda dose da Coronavac, vacina produzida no Brasil pelo Instituto Butantan com insumos chineses.

Mais tarde, no Rio Janeiro, onde se encontrou com governador Cláudio Castro (PSC), Bolsonaro negou que tenha atacado a China e disse que não falou o nome do país. “Eu falei a palavra China hoje de manhã? Não falei. Eu sei o que é guerra bacteriológica, química, nuclear. Eu sei porque tenho informação, e só falei isso, mais nada”, declarou.

Em seguida, repetiu o afago ao principal parceiro comercial do Brasil: “Eu não falei a palavra China. Muita maldade tentar aí um atrito com um país que é muito importante pra nós e nós somos importantes pra eles também”. O presidente disse ainda que o governo está fazendo a coisa certa no combate à pandemia. O presidente disse ainda que o governo está fazendo a “coisa certa” no combate à pandemia. “Nunca nos omitimos”.

No último dia 27, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também disse que “o chinês inventou o vírus”. Sem saber que estava sendo gravado em uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar, Guedes afirmou, ainda, que a vacina produzida pela China era “menos efetiva que a do americano”. Horas depois, quando novo embaraço diplomático se desenhava, o chefe da equipe econômica disse ter usado “uma imagem infeliz”.O presidente da República, Jair Bolsonaro © Dida Sampaio / Estadão O presidente da República, Jair Bolsonaro

A versão de que o novo coronavírus foi criado em laboratório foi considerada “extremamente improvável” por cientistas que conduziram investigações a respeito do assunto na OMS. O ex-chanceler Ernesto Araújo, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também provocaram atritos com a China, no ano passado, ao se referir à covid-19 e às vacinas.

Na mesma cerimônia, Bolsonaro defendeu o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho “02”, e os assessores da Presidência Tercio Arnaud Tomaz e José Matheus Salles Gomes. Conhecido como “gabinete do ódio”, esse núcleo de auxiliares é comandado por Carlos e faz o papel de milícia digital contra opositores do governo, nas redes sociais. “São pessoas perseguidas o tempo todo, como se tivessem inventado um gabinete do ódio”, afirmou o presidente. “É o gabinete da liberdade, da seriedade”.

Após a declaração de Bolsonaro, o presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP), defendeu a interdição do presidente por um possível “desvio de personalidade”. Em nota oficial, Pinato afirmou que o presidente não é “uma pessoa irresponsável, desequilibrada e sem noção de mundo”, mas que ele pode ter “uma grave doença mental” que o faria “confundir realidade com ficção”.

Presidente reclama de pedido feito por governista na CPI

Ao se referir à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Bolsonaro reclamou de um requerimento de informações sobre os lugares que visitou. Em muitos finais de semana, o presidente frequentou comunidades pobres em Brasília e provocou aglomerações. O pedido para que a Presidência detalhe os itinerários, no entanto, partiu do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), um dos aliados do Palácio do Planalto no colegiado.

“Recebo agora documentos da CPI para dizer onde eu estava nos meus últimos fins de semana. Não interessa onde eu estava. Respeito a CPI. Estive no meio do povo, tenho que dar exemplo. É fácil para mim ficar no Palácio do Alvorada, tem tudo lá. Não posso, sem ouvir o povo, tomar conhecimento do que eles sentem e do que eles querem”, disse Bolsonaro. “Vou continuar andando em comunidades em Brasília. Alguns acham que vou passear. Não, vou continuar a fazer tudo que aqueles que me criticam deveriam fazer”.

Para justificar o pedido, Girão citou a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber. “A Constituição Federal (arts. 6o e 196), segundo a ministra Rosa Weber (STF), não admite retrocessos injustificados no direito social à saúde e que, especialmente em tempos de emergência sanitária, as condutas dos agentes públicos contraditórias às evidências científicas de preservação da vida não devem ser classificadas como atos administrativos legítimos, sequer aceitáveis”, disse o senador.

Crítico de medidas de isolamento social adotadas por governadores, Bolsonaro avalia editar um decreto para garantir a “liberdade de culto, de poder trabalhar e o direito de ir e vir”. De acordo com o presidente, a medida “não poderá ser contestada por nenhum tribunal”. “Não podemos continuar com essa política de ‘feche tudo, fique em casa’”, argumentou. “Nas ruas já se começa a pedir por parte do governo que se baixe um decreto. E se eu baixar um decreto, vai ser cumprido. Não vai ser contestado por nenhum tribunal, porque será cumprido”. Logo em seguida, ele perguntou: “O que constaria no corpo desse decreto?”. E, sem esperar, respondeu: “Os incisos do artigo 5º da Constituição”.

O artigo 5º, citado por Bolsonaro, diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

Mais uma vez, Bolsonaro adotou discurso populista ao afirmar que o povo estará a seu lado. Recentemente, ele disse esperar um “sinal” para tomar providências. As manifestações de 1.º de Maio, quando pessoas foram às ruas vestidas de verde e amarelo, exibindo camisetas com a inscrição “Eu autorizo” foram vistas por ele como esse “sinal”.

“O Congresso, o qual integrei, tenho a certeza que estará ao nosso lado. O povo, o qual nós, Executivo e parlamentares, devemos lealdade absoluta, também estará ao nosso lado. Quem poderá contestar o artigo 5 da Constituição?”, perguntou.

Na sua avaliação, a “lealdade” do povo equivale à das Forças Armadas. “Os militares, quando se tornam praça, juram dar a vida pela Pátria. Os que estiveram nas ruas, nesse 1º de Maio, bem como outros milhões que não puderam ir às ruas, darão sua vida por liberdade”, afirmou.

A ameaça de Bolsonaro de editar um decreto contra medidas de isolamento social ocorre após crescerem nas redes sociais as críticas à forma como o governo tem conduzido o enfrentamento da pandemia. A morte do ator Paulo Gustavo comoveu o País e, segundo levantamento da consultoria Ap Exata, teve um efeito direto na rejeição ao presidente nas redes.

A empresa, que monitora o humor dos usuários no Twitter, mostra que o sentimento de tristeza em posts que mencionam Bolsonaro aumentou dez pontos desde terça-feira, 4. As publicações da família Bolsonaro lamentando a perda de Paulo Gustavo para a cultura brasileira não foram vistas como genuínas. Opositores lembraram de ocasiões em que o presidente menosprezou a doença e provocou aglomerações desnecessárias. /COLABOROU BRUNO DE CASTRO e FÁBIO GRELLET

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS ESTILO "LEGO"

 

Obra foi realizada pela startup Brasil ao Cubo; foco da construção ‘off-site’ ainda são os hospitais, mas alternativa já é usada em outros segmentos, como o de prédios corporativos, escolas e universidades

Fernanda Guimarães, O Estado de S. Paulo

Quem acompanhou pelo lado de fora uma construção na cidade catarinense de Tubarão viu, em poucos dias, oito andares se erguerem, mudando a paisagem de forma radical. Na verdade, foram 20 dias para que grandes peças – uma espécie de “legos gigantes” – fossem acopladas e formassem o empreendimento. Popular no mundo, a construção “off-site” (ou seja, longe do local onde ficará de forma permanente) começa a ficar mais conhecida no Brasil, em especial porque, em tempos de covid-19, é necessário construir hospitais em tempo recorde.

O empreendimento de Tubarão é o primeiro prédio com esse tipo de construção na América Latina – ele funcionará como edifício corporativo. Além dos 20 dias para que os módulos fossem devidamente unidos no lugar da construção, foram necessários mais 80 dias para a finalização. Para se ter uma ideia, os banheiros do empreendimento já chegaram prontos ao local – sendo só “montados” cada um em seu andar.

A construção dos módulos ocorreu no parque fabril da startup de construção Brasil ao Cubo (BR3), que tem a siderúrgica Gerdau como uma das principais acionistas. Os blocos só saem para seu destino com instalações hidráulica, elétrica e de cerâmica já prontas.

Prédio off site da Brasil ao Cubo
Edifício em SC saiu da fábrica com instalações hidráulica e elétrica prontas. Foto: Henrique Blasius Machado

O edifício pioneiro no País abrigará, em seus últimos dois andares, a sede da Brasil ao Cubo. No restante haverá área para locação, serviço de coworking, além de uma loja de conveniência e um café, no térreo.

O presidente da Brasil ao Cubo, Ricardo Mateus, diz que o potencial desse mercado de construção modular é alto – ele prevê que o potencial chegue a R$ 150 bilhões.

Apesar dessa perspectiva, a “construtech” está, por ora, focada na construção dos hospitais necessários neste tempo de pandemia. O primeiro hospital modular foi entregue um ano atrás, na zona sul de São Paulo. Desde então, a demanda cresceu, e a empresa vai finalizar a sétima unidade em Brasília. E diz já ter mais dez cotações para esse tipo de obra.

Além de hospitais e do prédio corporativo, a empresa já entregou obras industriais, escolas, universidades e clínicas odontológicas. “Dá para fazer o que quiser”, garante Mateus.

No mundo, a construção modular tem ganhado espaço na última década. Dentre os exemplos há o Mini Sky City, um arranha-céu de 57 andares construído em apenas 19 dias na China. Outro é o Clement Canopy, em Cingapura, composto de 1,8 mil módulos habitacionais, sendo 505 apartamentos residenciais de luxo. No Japão, a construção modular residencial já representa mais de 30% do mercado imobiliário, com casas sendo montadas em apenas 24 horas.

Diversificação

As construções modulares fazem parte da estratégia de tornar os novos negócios responsáveis por 20% da receita da siderúrgica Gerdau em dez anos. Para isso, a Gerdau tem trabalhado com parcerias e incubado startups do ecossistema da construção civil.

Foi com esse objetivo que nasceu a Gerdau Builders. Dois anos depois de ajudar a “acelerar” a Brasil ao Cubo e de trabalhar com ela na construção de alguns hospitais, a Gerdau comprou, em outubro de 2020 um terço da construtech, por R$ 60 milhões.

O setor que engloba a Brasil ao Cubo, ligado ao aumento da produtividade da construção civil, é uma das cinco vertentes de novos negócios, área que nasceu há pouco tempo e hoje já tem um faturamento anual entre R$ 650 milhões e R$ 1 bilhão. “Já virou algo relevante”, diz Juliano Prado, vice-presidente da Gerdau.

coordenador do curso de Negócios Imobiliários da FGV, Alberto Ajzental, afirma que, no Brasil, a construção civil ainda exige que a fábrica vá até o local da obra – um modelo que não é eficiente. “É arcaico. O modelo modular off-site seria o equivalente de ir do artesanato para uma industrialização.”

PERSONAGEM DONA HERMÍNIA NO PLANALTO

 

A gente se divertiria com o que dissesse a personagem de Paulo Gustavo

William Waack, O Estado de S.Paulo

Sentada na cadeira do presidente no Palácio do Planalto, a personagem Dona Hermínia, criada pelo genial Paulo Gustavo, falaria assim sobre a covid-19. “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês.”

Dona Hermínia gostaria e ao mesmo tempo se cansaria de lidar o tempo todo com seu principal auxiliar, o ministro Paulo Guedes, em quem daria broncas como fazia com o ex-marido Carlos Alberto ou a empregada Valdeia. “PG, pode sair e ganhar dinheiro por aí, mas não me tira poder.” Mas, por ser tão mãezona, Dona Hermínia admitiria que às vezes tem de negociar. “Obviamente, com o passar do tempo, vou dando minhas peruadas no Paulo Guedes e ele vai dando na política para mim.”

Quando ficasse brava, Dona Hermínia explodiria rápido e não toleraria ser contestada, especialmente por jornalistas, gente que ela teria certeza de que não serve para muita coisa a não ser criticá-la injustamente. “Vontade de encher tua boca de porrada.” É um tipo de desejo que, seguramente, Dona Hermínia expressaria também em relação a senadores que tentassem encher o saco dela com CPIs. “Vou ter de sair na porrada.”

Planalto
Palácio do Planalto, sede do poder Executivo federal Foto: Dida Sampaio/Estadão

Pessoas que não sabem ficar dentro do seu cercadinho, como ministros do STF, levariam Dona Hermínia a lembrar a educação que deu aos filhos – impondo limites, sabendo dizer “não”, aplicando uma coça de vez em quando. Seus filhos sempre baixaram a crista quando avisava “que estão esticando muito a corda, e já está bem esticada”. Dona Hermínia acha que as pessoas entenderiam muito bem o que poderia acontecer quando ela decidisse “baixar um decreto para garantir o direito de ir e vir, e não ouse contestar”.

Para o lado dela Dona Hermínia teria certeza de que a corda não iria arrebentar, graças ao “seu” Exército. Que lhe obedeceria sem piscar os olhos, principalmente para proteger o povo de gente malvada como governadores e prefeitos que não pensam em outra coisa senão prejudicá-la gastando o dinheiro que Dona Hermínia mandou para eles combaterem a pandemia e agora sabe-se lá que fim essa grana levou. “Meu Exército não vai às ruas agir contra o povo”, diria Dona Hermínia.

Mas Paulo Gustavo se foi, ceifado como outras centenas de milhares de brasileiros por uma tragédia sem precedentes de saúde pública, agravada em primeiro lugar por documentada incompetência governamental, mas também – é obrigatório que se diga – por irresponsabilidade coletiva, num país que carece de líderes. A perda é grande, pois o humor é a melhor autocrítica da qual possa dispor uma sociedade, e a brasileira vai se despedindo rápido daquilo que sempre gostamos de chamar da malandragem simpática do brasileiro, da sua irreverência, do seu sorriso aberto.

A Dona Hermínia de Paulo Gustavo que conquistou o coração de milhões de pessoas é, no fundo, um personagem carinhoso, solidário, engraçado no melhor sentido da palavra, que criou entre todos nós uma profunda identificação pelas suas dúvidas, suas incertezas, suas dificuldades em entender o mundo. Mesmo a acidez e palavras duras mal disfarçavam o coração enorme e mole de mãe. Atrás dos palavrões, das ameaças e do sarcasmo da personagem está uma figura doce, divertida, amiga, preocupada com o mundo e as pessoas que a cercam.

Infelizmente, não há mais chances de Dona Hermínia ocupar o Palácio do Planalto.

*JORNALISTA E APRESENTADOR DO JORNAL DA CNN

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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