Os governadores querem ser ouvidos. Os secretários de Fazenda dos Estados, reunidos no Comsefaz, apresentaram propostas ao Congresso e a governo. Esperam que sejam incorporadas no relatório ou mais tarde, ao longo das discussões.
O presidente do Comsefaz, Rafael Fonteles, esteve com Ribeiro em 26 de abril. Também se reuniu com o o secretário da Receita Federal do Ministério da Economia, José Tostes. Não ouviu qualquer indicação de que os pedidos serão aceitos.
Fonteles disse ao Poder360 que espera uma convergência de propostas nas discussões com o governo. “Se chegarmos a isso, negociar mudanças no Congresso ficará mais fácil. Seguiremos conversando”, afirmou. Ele é secretário de Fazenda do Piauí.
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Uma das propostas é a implantação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) que inclua também o ICMS (Imposto sobre a Circulação de Bens e Serviços), cobrado pelos Estados e também os tributos federais, incluindo o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). O imposto seria cobrado no destino e não, como é hoje, na origem.
O governo federal prefere que seja aprovada a fusão do PIS e da Cofins, proposta já apresentada ao Congresso. A junção do ICMS a esse tributo viria mais tarde.
A implantação do IBS amplo precisaria ser acompanhada, disse Fonteles, da criação de um fundo de desenvolvimento para financiar projetos de industrialização, sobretudo nos Estados mais pobres.
“O que existe hoje com essa função é a guerra fiscal. Não funciona, porque os incentivos são iguais em todos os lugares”, disse.
O fundo teria cerca de R$ 400 bilhões para financiar projetos. Mas esse montante seria atingido em uma década, a partir de aportes de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões por ano pelo governo federal.
Outra proposta é quanto ao prazo para a implantação do IBS. Os governos estaduais querem 1 ano para os impostos federais e 5 anos para os estaduais. O governo federal defende a mudança imediata para a fusão do PIS e da Cofins.
Fonteles avalia que o IBS reduzirá os custos para as empresas com a simplificação do pagamento de impostos. E que o Estado terá ganho com a redução dos litígios tributários que ocupam a estrutura do Judiciário.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (2.mai.2021), que o apoio ao seu plano de trabalho em Brasília é menor do que imaginou quando foi convidado para o cargo e recebeu do então candidato Jair Bolsonaro o apelido de “Posto Ipiranga”. Apesar da frustração, ele disse que não pensa em desistir.
“A aderência é um pouco menor do que eu pensei. Mas sem reclamação. É a democracia. Nas horas críticas, o presidente sempre nos apoiou”, declarou o ministro. “Eu tenho um senso de responsabilidade muito grande“, prosseguiu, destacando que não pretende deixar o cargo. “Eu estou só recalibrando tudo um pouquinho para baixo, mas sem mudar em nada a direção, a esperança”, enfatizou.
Apesar da frustração, Paulo Guedes disse que partirá para o ataque nos próximos meses para colocar em prática medidas para reduzir o desemprego e a pobreza no país. Ele avaliou que, nos 2 primeiros anos do governo, a equipe econômica ficou na “defensiva“.
“Nós jogamos 2 anos na defesa. Agora nós vamos para o ataque. Quais foram os dois anos na defesa? Controle na dinâmica de gastos do governo. Não demos aumentos de salários por 3 anos e nenhum governo fez isso. Jogamos na defesa, travando as despesas. Depois de dois anos jogando assim, há desgastes naturais na equipe“, afirmou, com relação à saída de membros da equipe econômica.
Para lidar com o desemprego e o aumento da pobreza, o ministro afirmou que a 1ª medida tem que ser a vacinação em massa. Além disso, a equipe trabalha em uma 2ª medida chamada BIP (Bônus de Inclusão Produtiva), um programa social para trabalhadores informais.
“Peguei uma democracia e entregarei uma democracia. Peguei uma inflação alta e entregarei uma inflação mais baixa. Peguei o país crescendo 1% e o entregarei crescendo 3%. Peguei o país com 12 milhões de desempregados e o entregarei com 10″, prometeu.
CORONAVÍRUS
Para Guedes, o atraso na vacinação em massa penalizou a retomada do crescimento econômico do Brasil. “É claro que durante uma guerra há falhas. Nós, por exemplo, lançamos um programa de crédito no início que não funcionou bem”.
A postura negacionista de Jair Bolsonaro na pandemia da covid-19 – o que inclui colocar vacinas sob suspeita – vai na contramão da conduta adotada por pelo menos dez ex-presidentes durante surtos de doenças no País. O histórico de seus antecessores mostra apoio a autoridades de Saúde, com campanhas de incentivo à imunização da população. De Arthur Costa e Silva a Michel Temer, todos enfrentaram, cada um a seu tempo, crises sanitárias.
Bolsonaro, no entanto, destoa. Hoje, o presidente da República poderia estar imunizado contra a covid há um mês, mas, até agora, não demonstrou a intenção de tomar a vacina. O Brasil contabiliza mais de 400 mil mortes pelo novo coronavírus.
A imunização para a faixa etária do presidente – ele fez 66 anos em março – teve início, em Brasília, em 3 abril. Se ele tivesse sido imunizado no primeiro dia com a Coronavac – da fabricante chinesa Sinovac e do Instituto Butantan – poderia já ter recebido a segunda dose. Questionada, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse não saber se Bolsonaro foi ou não imunizado, já que se trata de “decisão de cunho pessoal”.
Militares
Nos anos 1960, quando o Brasil chegou a ocupar o terceiro lugar no mundo com a maior incidência de varíola, o general Costa e Silva já estava imunizado quando, para “garantir” a segurança da vacina, recebeu mais uma dose.
Mais tarde, quando o País registrou os primeiros surtos de meningite, o governo Médici ignorou diretrizes de controle da doença e proibiu a divulgação de informações sobre a epidemia, alegando risco à segurança nacional. A desinformação e a falta de medidas para conter a doença marcaram a época.
A mudança veio com o general Ernesto Geisel, que assumiu a Presidência e adotou uma nova política de enfrentamento da epidemia. A Comissão Nacional de Controle de Meningite foi criada para coordenar, com Estados e municípios, a ajuda do governo federal. Os casos passaram a ser monitorados e o governo investiu na habilitação de laboratórios, na produção de imunizantes, além de firmar acordos de importação de vacinas. Em maio de 1975, Geisel foi fotografado sendo imunizado pelo ministro da Saúde, Paulo de Almeida Machado.
Na década seguinte, a pólio foi a doença da vez. À frente do Ministério da Saúde, Waldir Arcoverde desenvolveu um programa que se tornaria a “base” para campanhas de imunização realizadas até hoje. A ação foi acompanhada de perto pelo general João Figueiredo.
‘Escondido’
Integrantes de governos anteriores sempre fizeram questão de ser associados a campanhas oficiais de vacinação. Mas na gestão Bolsonaro é diferente. Em reunião na semana passado do Conselho de Saúde Suplementar, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que tomou a vacina da covid “escondido”, “para não criar caso”. Disse, ainda, que tenta “convencer” Bolsonaro a se imunizar. “A vida dele corre risco.” Dos oito ministros que estão em idade para tomar a vacina, pelo menos seis já receberam a primeira dose. O vice-presidente Hamilton Mourão já recebeu a segunda dose.
Zé Gotinha
Além de ampliar a cobertura vacinal em crianças, o governo José Sarney teve como principal legado a criação do Zé Gotinha, idealizado pelo artista plástico Darlan Rosa. Ainda nos anos 1990, o governo Fernando Collor reforçou as campanhas de multivacinação.
Em 2008, em evento para divulgar a vacinação, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi vacinado pelo governador de São Paulo à época, José Serra, que tinha sido derrotado pelo petista nas eleições presidenciais de 2002.
Em 2009, a OMS alertou o mundo para o risco de pandemia de gripe suína (H1N1). No mês seguinte, quando o Brasil tinha oito casos da doença, Lula chegou a minimizar o vírus, mas depois de, em agosto, o Brasil se tornar o país com mais mortes no mundo, o Ministério da Saúde redobrou a atenção às recomendações da OMS e investiu em vacinas e insumos.
Em 2016, Dilma Rousseff, já alvo de impeachment, fez um pronunciamento em rede nacional para pedir união no combate à dengue e ao zika. Após a queda da petista, Michel Temer deu sequência ao incentivo a campanhas de vacinação.
Empossado há menos de um mês como novo ministro da Justiça e da Segurança Pública, o delegado federal Anderson Torres disse a VEJA que pretende sentar à mesa com governadores de estados tomados pela violência e por milícias para elaborar intervenções cirúrgicas que sejam capazes de conter a atuação do crime organizado. Segundo ele, Rio de Janeiro e Ceará devem ser os primeiros convocados a esquadrinhar seus problemas para acessar o plano de socorro da pasta.
“Algumas cidades brasileiras se perderam e realmente precisam de apoio, como o Rio de Janeiro. O Rio tem um histórico de criminalidade alta, milícias, organizações criminosas e tem peculiaridades, como a grande quantidade de comunidades, locais de difícil acesso, morros onde é muito difícil o Estado chegar e que facilitam o esconderijo do criminoso”, relatou Torres, que considera a intervenção federal no Rio, realizada durante o governo Temer, insuficiente. “Temos que pensar em segurança pública como uma coisa perene. Não quero colocar uma muleta com a qual eles andam bem enquanto ela existe e, quando tira, tudo cai de novo. Vamos conversar com o governador do Ceará porque a coisa também está complicada lá”, disse.
Em agosto passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia, sob pena de responsabilização civil e criminal. A Corte entendeu que incursões policiais só podem ocorrer em “hipóteses absolutamente excepcionais”, com justificativas apresentadas por escrito. Para Torres, porém, uma proibição desta natureza e por prazo indeterminado acaba por fortalecer o que chamou de “poder paralelo”. “Isso prejudica o serviço da polícia, prejudica a população do Rio de Janeiro, prejudica principalmente o cidadão de bem que mora naquelas comunidades. Tanto tempo sem a polícia, sem o Estado poder entrar numa comunidade daquela, o estado paralelo toma conta. Essa decisão ajudou a aumentar o poder das milícias no Rio”, disse na primeira entrevista que concedeu desde que assumiu a pasta.
Para Anderson Torres, um tema a ser considerado neste contexto de criminalidade é a discussão sobre a redução da maioridade penal para 16 anos. “As organizações criminosas aliciam muito desses jovens para cometer crimes. Dezesseis anos é uma idade razoável para o jovem começar a responder por aquilo que ele faz e pelos atos que comete”, avalia. “Reduzir a maioridade penal vem ao encontro de um alinhamento com a crescente evolução da sociedade. O jovem de hoje tem cada vez mais acesso a oportunidades e, consequentemente, deve ter responsabilidade. Cabe ao Estado estabelecer também os limites e as eventuais punições a quem transgredir as regras”, afirmou o ministro.
Quando se fala em Amazônia atualmente a atenção se volta para o desmatamento ilegal. Antes este fosse o único problema, ou o pior. Mas há outros que provocam tanto ou mais danos à floresta e aos habitantes da região. Hoje, vamos comentar um deles, o garimpo ilegal na Amazônia.
Alguns números do garimpo ilegal na Amazônia
Nossa atenção foi despertada por brilhante artigo do ex-embaixador, e Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior, Irice, Rubens Barbosa, no jornal O Estado de S. Paulo, em 27 de abril. Num espaço pequeno Rubens conseguiu resumir o drama do garimpo ilegal, ao mesmo tempo em que conclamava Bolsonaro a agir.
Na reunião do clima com Joe Binden o presidente reafirmou antiga promessa brasileira de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Mas nada foi dito sobre o garimpo, ou a grilagem de terras, outras duas chagas da região Norte.
Em seu artigo Rubens Barbosa mostra que o combate às práticas ilícitas na região incluem as queimadas e o garimpo.
“A busca pelo ouro na Amazônia está enraizada em práticas ilegais, que hoje respondem por cerca de 16% da produção do País, com a extração em áreas proibidas e sem nenhum tipo de controle.”
320 pontos de mineração em nove Estados da região
Mas alerta que “essa ilegalidade pode ser muito maior, já que não há como contabilizá-la com exatidão.” E prossegue: “Cerca de 320 pontos de mineração ilegal foram identificados em nove Estados da região.”
“A área para a pesquisa de ouro já ocupa 2,4 milhões de hectares. Desde 2018 houve um aumento no número de solicitações nesses territórios, com um recorde de 31 registros em 2020.”
Pedidos de ‘pesquisas’ em Unidade de Conservação e Tis
Apesar de ser proibido, assim como a mineração em Terras Indígenas, Rubens lembra que “em unidades de conservação, os pedidos para a pesquisa de ouro já ocupam 3,8 milhões de hectares.”
“No total são 85 territórios indígenas afetados pelos pedidos de pesquisa para o ouro e 64 unidades de conservação. Só na Terra Indígena Yanomami, entre os Estados do Amazonas e de Roraima, são 749 mil hectares sob registro.”
“Na Terra Indígena Baú, no Pará, a segunda em extensão de processos, 471 mil hectares estão registrados, ocupando um quarto de seu território.”
Garimpo ilegal na Amazônia e valores arrecadados pelos municípios
“Os municípios da Amazônia Legal arrecadaram em 2020, pela extração de ouro, 60% mais do que em todo o ano de 2019 e 18 vezes acima do valor registrado há dez anos.”
“Em Rondônia acaba de ser aprovada lei que legaliza 200 mil hectares de terras griladas em duas unidades de conservação, Jaci-Paraná e Guajará-Mirim.”
Corrupção, desmatamento, violência, e contaminação provocados pelo garimpo
“Os Institutos Escolhas e Igarapé acabam de divulgar importantes estudos sobre a exploração do ouro na Amazônia. Os resultados desses trabalhos mostram corrupção, desmatamento, violência, contaminação de rios e destruição de vidas, sobretudo de populações indígenas.”
E aqui nos despedimos momentaneamente de Rubens, e passamos a aprofundar os dados do Instituto Escolhas por ele citado. São chocantes.
Para começar ‘a área coberta por pedidos de pesquisa para a mineração dentro de Terras Indígenas e Unidades de conservação é de 6,2 milhões de hectares, o que corresponde a 2 países como a Bélgica, ou 40 cidades como São Paulo.
Deste total de 6,2 milhões de hectares, 3,8 milhões estão dentro das Unidades de Conservação, e 2,4 milhões dentro de Terras Indígenas.
Mesmo não sendo permitido o garimpo em Terras Indígenas, devido à leniência da atual gestão com os ilícitos na Amazônia, desde 2018 houve um aumento no número de solicitações nestes territórios, com um recorde de 31 registros em 2020.
O Instituto alerta que os 3,8 milhões de hectares pedidos para a pesquisa dentro das Unidades de Conservação ‘representam uma ameaça para estas áreas criadas para garantir proteção ambiental, o que não é compatível com atividades de grande impacto, como a extração de minérios, como se viu com os desastres de Mariana e Brumadinho.
O Instituto alerta que estes números são o resultado de estudo inédito que traz números atualizados desde 2020. Para tanto, analisou todos os pedidos de pesquisa para o ouro registrados na Agência Nacional de Mineração (ANM).
A ação deletéria da política ambiental atual
Não é preciso lembrar que quem mais insuflou os ilícitos na Amazônia foram Bolsonaro e seu ‘ministro’ do Meio Ambiente, que descaradamente defende quem pratica ilegalidades, ora proibindo o Ibama de multar os infratores, ora levando garimpeiros ilegais até Brasília.
Para além das confusões gratuitas do ‘ministro’ do Meio Ambiente, o Governo Federal patrocina o Projeto de Lei 191/2020 que visa regularizar operações de garimpo ilegal dentro de Unidades de Conservação.
O Instituto Escolhas lembra que ‘o controle social sobre a atividade é pequeno. Faltam transparência e mecanismos de verificação para os dados do setor e não existe um sistema efetivo de rastreabilidade que permita acompanhar a origem do ouro produzido’.
‘Isso prejudica as ações de fiscalização e controle e fomenta o comércio ilegal no país, pressionando ainda mais as áreas que deveriam estar protegidas pelo bem do meio ambiente e da sociedade’.
Graças a este comportamento, chegou-se aos números atuais: 2.113 pedidos de pesquisa para o ouro em Terras Indígenas e Unidades de Conservação, totalizando 6,2 milhões de hectares.
E agora voltamos ao artigo de Rubens Barbosa, que comentou a reação a estes novos estudos. “O trabalho do Escolhas foi enviado à Comissão de Valores Mobiliários e ao Banco Central, que lançou um conjunto de ações de responsabilidade socioambiental, para responder à pressão de investidores e instituições financeiras no Brasil e no exterior por incentivos que favoreçam negócios sustentáveis e combatam o desmatamento.”
“Esse compromisso do setor financeiro nacional pode ajudar a limpar o setor de mineração de ouro no Brasil e fazer que esse metal ilegal não consiga ingressar no mercado. Exigir lastro de origem legal e de conformidade ambiental é um imperativo constitucional e deve ser um compromisso ético e moral do setor financeiro nacional.”
Sistema de validação eletrônica para comprovar a origem do ouro
Rubens nos traz um sopro de esperança ao comentar que “por iniciativa do senador Fabiano Contarato, o Projeto de Lei 836/2021 prevê a criação de um sistema de validação eletrônica para comprovar a origem do ouro adquirido pelas instituições financeiras e permitirá o cruzamento de informações com outras bases de dados, como a de arrecadação de impostos e de produção da Agência Nacional de Mineração (ANM).”
“Pretende-se que, para efetivar a transação, seja exigida a comprovação de que o ouro tenha sido extraído de área com direito de lavra concedido pela ANM e que a pessoa física ou jurídica que estiver fazendo a comercialização seja titular do direito de lavra ou portadora de contrato com quem tenha esse direito. Além disso, o vendedor terá de apresentar a licença ambiental da área.”
‘Brasil, centro das ramificações criminosas’
Rubens Barbosa finaliza seu artigo com este parágrafo: “o Brasil tornou-se o centro das ramificações criminosas e das facilidades da lavagem de dinheiro com o ouro ilegal. As terras indígenas e as unidades de conservação na Amazônia Legal estão ameaçadas pela busca do ouro, apesar de a atividade ser proibida. O ilícito na Amazônia tem de ser coibido pelos governos federal e estadual e o Congresso tem de fazer a sua parte.”
Leandro Pinto é dono e fundador do grupo Mantiqueira, o maior produtor de ovos da América latina
André Borges, O Estado de S. Paulo
Nos idos de 1987, Leandro Pinto era um garoto de 19 anos, dono de um Fiat Uno, um carnê infindável com parcelas para pagar de um caminhão e uma loja de equipamentos agrícolas falida. Mal tinha começado a vida de empreendedor, e estava quebrado. Já tinha tentado de tudo para ganhar algum dinheiro na pequena Itanhandu, cidadezinha de 15 mil habitantes localizada na junção de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Quando menino, já tinha lavado carro, varrido quintal de vizinhos, sido office-boy. Chegou a montar uma fábrica de carroça para cavalos, mas deixou o negócio logo. Leandro fazia de tudo, só não gostava de estudar. Com esforço, os pais conseguiram que cursasse até a 8.ª série e um curso técnico de mecânica. “Queriam que eu fosse doutor. Não teve jeito”, conta.
Completamente endividado, o mineiro de Itanhandu recebeu, um dia, a visita de um amigo. Juarez, que tinha acabado de ter um enfarte, era dono de uma das 25 granjas que havia na cidade. Não tinha mais condições de tocar seu negócio e ofereceu a granja ao amigo. Não era nada muito grande, mas havia 30 mil galinhas que botavam ovos todos os dias. A ideia era que ele ficasse com as galinhas e alugasse a granja.
Nascia ali o “rei do ovo”, como passaria a ser chamado mais de 30 anos depois. “Eu ainda não sabia, mas estar quebrado foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Nunca tinha lidado com o negócio de frango e ovos, mas resolvi aceitar. E aquilo tudo que eu tinha passado foi uma escola para mim. Dei meu Uno, meu caminhão financiado e peguei a granja. Na época, disseram que eu era doido, que aquilo jamais daria certo.”
Aos trancos e barrancos, o negócio foi avançando e finalmente vingou. Hoje, passados 34 anos, Leandro Pinto é dono e fundador do Grupo Mantiqueira, o maior produtor de ovos da América Latina.
Com unidades de produção em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, a empresa emprega 2,3 mil funcionários. São mais de 11 milhões de galinhas poedeiras.
Na pandemia, brasileiro come 251 ovos por ano
Neste ano, todas as atenções de Leandro Pinto estão voltadas para a nova granja que a empresa começou a erguer em Lorena, cidade paulista próxima de Aparecida. A unidade, orçada em R$ 100 milhões, deve ficar pronta no fim de 2022. “É um conceito novo. Nossas granjas novas não têm mais galinhas presas. Elas são criadas livres de gaiola. Assim, ficam menos estressadas”, diz ele. Tudo deve funcionar com viés ecológico, envolvendo energia gerada por painéis solares e transporte em caminhões elétricos.
O “rei do ovo”, que três décadas atrás andava de Uno para todo lado, hoje utiliza um jato particular para trabalhar e visitar as unidades da empresa. “Às vezes, vou de helicóptero, também”, conta.
Com vacinação atrasada e economia emperrada, o Brasil segue em desvantagem diante de países governados com alguma eficiência
Notas&Informações, O Estado de S.Paulo
Desemprego e pandemia infernizam os brasileiros, sem trégua, um ano depois dos primeiros ataques do coronavírus. Com vacinação atrasada e economia emperrada, o Brasil segue em desvantagem diante de países governados com alguma eficiência. Além disso, o País supera as próprias marcas negativas. Mais um recorde sinistro foi alcançado quando se contabilizaram 14,4 milhões de pessoas desocupadas, 14,4% da força de trabalho, no trimestre móvel encerrado em fevereiro. Nunca haviam aparecido tantos desempregados na série iniciada em 2012. Um ano antes, ainda na fase pré-pandemia, os desocupados eram 12,3 milhões, ou 11,6% da população economicamente ativa. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada na sexta-feira.
Passado o primeiro aniversário da pandemia, o crescimento foi retomado em outros países, desenvolvidos e emergentes, embora novas ondas de covid-19 tenham aparecido. Em alguns, a vacinação avançada e a redução do contágio têm facilitado a retomada. No Brasil, onde o controle sanitário foi amplamente prejudicado por falhas do governo federal, os negócios continuam fracos e as condições de emprego se mantêm como nas piores fases de 2020.
A desocupação, equivalente a 14,4% da força de trabalho no trimestre até fevereiro, repete a taxa do período junho-agosto e supera a de setembro-novembro, quando ficou em 13,9%. Ao contrário de outros países, onde os chefes de governo reconhecem os problemas e assumem responsabilidades, o Brasil exibe, no mercado de trabalho, condições piores que aquelas vividas depois do primeiro grande impacto da pandemia.
A situação do emprego no Brasil, no começo do ano passado, já era muito ruim, com desocupação de 12,2% no primeiro trimestre. O quadro era muito melhor na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O desemprego médio nos 37 países-membros estava em 5,3% em fevereiro de 2020. Aumentou durante a pior fase da pandemia, como em todo o mundo, e, com a melhora do quadro, chegou a 6,7% em fevereiro deste ano. Ainda em fevereiro, a taxa estava em 8,3%, um ponto acima do nível anterior à crise de saúde. Nos Estados Unidos, em março, os desocupados eram 6%. Em abril de 2020 haviam superado 14%.
Além de alcançar o recorde nacional de 14,4 milhões de desempregados, o Brasil manteve, no último trimestre pesquisado, o número, também mais alto da série, de 6 milhões de desalentados, já anotado no período de setembro a novembro. Desalentado é quem desistiu de buscar uma vaga, deixando, portanto, o rol dos desempregados. Quando se espalha o desalento, a taxa de desemprego pode até melhorar, mas essa melhora é uma ilusão estatística.
Em um ano de pandemia foram fechados 7,8 milhões de postos de trabalho. Esse número é mais que o dobro da população do Uruguai e cerca de 40% da população do Chile. O contingente de pessoas ocupadas, cerca de 85,9 milhões, ficou estável, no entanto, em relação ao registrado no período de setembro a novembro, mas isso se deveu à expansão da informalidade. Só aumentou a categoria dos trabalhadores por conta própria, com acréscimo de 716 mil pessoas no trimestre. Esses trabalhadores (23,7 milhões) são em grande parte informais e seu número tende a crescer quando escasseiam as vagas de ocupação assalariada.
As condições da economia já apontam para novas dispensas, com o baixo nível de atividade na maior parte da indústria e em boa parte do comércio varejista e dos serviços. Em abril, o Índice de Confiança da Indústria, produzido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), caiu pelo quarto mês consecutivo e atingiu 103,5 pontos, o nível mais baixo desde agosto do ano passado, quando ficou em 98,7. Caíram os dois grandes componentes, o indicador de expectativas e o de situação presente. No caso das expectativas, o fator mais negativo foi o emprego previsto para os próximos três meses. Depois de perder o primeiro trimestre, o governo federal tenta retomar ações de apoio à economia, com o País ainda preso no buraco da crise de 2020.
Não importa a autoria deste corajoso texto, mas achei interessante esse ponto de vista e sua análise: Hoje em dia todo empresário/empregador é explorador e todo empregado é um coitado. Direitos e deveres deveriam andar de mãos dadas. Simples. Senão vejamos.
“Tô de saco cheio desse pessoal reclamando dos patrões, apelidando-os de “coxinhas” e “exploradores” dos trabalhadores.
Se você acha que tá trabalhando pra caramba e só o seu patrão tem benefício nessa “relação”, faça o seguinte:
– Peça demissão! Com os direito$ recebidos, abra uma empresa pra você e nunca mais seja explorado por ninguém! Simples assim.
Ahhh, só uns lembretes:
– Esqueça férias de 30 dias, décimo terceiro, folga, filhos e família, licença paternidade e/ou maternidade e o escambau.
– Prepare sua empresa pra inúmeras fiscalizações. É só ir a uns 10 departamentos durante diversas semanas. Contrate um bom contabilista e até mesmo um advogado também.
– Abra uma conta jurídica em um banco.
– Vai alugar um espaço? Simples!!! Consiga dois fiadores que tenham dois imóveis cada um, dê 3 meses de caução, contrate um seguro fiança e pra garantir, penhore suas córneas (se não tiverem nenhum problema).
– Não perca as datas dos pagamentos dos seus funcionários, do aluguel, da luz, telefone, internet, da água, do depósito do FGTS, ISS, IPTU, INSS, DAS e lembre-se de enviar todos os comprovantes de tudo pra contabilidade, inclusive o seu extrato bancário que é pro governo poder te “auxiliar” e te “ajudar a cuidar” das suas finanças.
– Importante, seja líder e não chefe, seja empático com a sua equipe, e o PRINCIPAL, se prepare pra lidar com funcionários.
– Depois disso, quero ver vc continuar a pensar como você pensava antes de ser um empresário.
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