Leandro Pinto é dono e fundador do grupo Mantiqueira, o maior produtor de ovos da América latina
André Borges, O Estado de S. Paulo
Nos idos de 1987, Leandro Pinto era um garoto de 19 anos, dono de um Fiat Uno, um carnê infindável com parcelas para pagar de um caminhão e uma loja de equipamentos agrícolas falida. Mal tinha começado a vida de empreendedor, e estava quebrado. Já tinha tentado de tudo para ganhar algum dinheiro na pequena Itanhandu, cidadezinha de 15 mil habitantes localizada na junção de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Quando menino, já tinha lavado carro, varrido quintal de vizinhos, sido office-boy. Chegou a montar uma fábrica de carroça para cavalos, mas deixou o negócio logo. Leandro fazia de tudo, só não gostava de estudar. Com esforço, os pais conseguiram que cursasse até a 8.ª série e um curso técnico de mecânica. “Queriam que eu fosse doutor. Não teve jeito”, conta.
Completamente endividado, o mineiro de Itanhandu recebeu, um dia, a visita de um amigo. Juarez, que tinha acabado de ter um enfarte, era dono de uma das 25 granjas que havia na cidade. Não tinha mais condições de tocar seu negócio e ofereceu a granja ao amigo. Não era nada muito grande, mas havia 30 mil galinhas que botavam ovos todos os dias. A ideia era que ele ficasse com as galinhas e alugasse a granja.
Nascia ali o “rei do ovo”, como passaria a ser chamado mais de 30 anos depois. “Eu ainda não sabia, mas estar quebrado foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Nunca tinha lidado com o negócio de frango e ovos, mas resolvi aceitar. E aquilo tudo que eu tinha passado foi uma escola para mim. Dei meu Uno, meu caminhão financiado e peguei a granja. Na época, disseram que eu era doido, que aquilo jamais daria certo.”
Aos trancos e barrancos, o negócio foi avançando e finalmente vingou. Hoje, passados 34 anos, Leandro Pinto é dono e fundador do Grupo Mantiqueira, o maior produtor de ovos da América Latina.
Com unidades de produção em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso, a empresa emprega 2,3 mil funcionários. São mais de 11 milhões de galinhas poedeiras.
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Neste ano, todas as atenções de Leandro Pinto estão voltadas para a nova granja que a empresa começou a erguer em Lorena, cidade paulista próxima de Aparecida. A unidade, orçada em R$ 100 milhões, deve ficar pronta no fim de 2022. “É um conceito novo. Nossas granjas novas não têm mais galinhas presas. Elas são criadas livres de gaiola. Assim, ficam menos estressadas”, diz ele. Tudo deve funcionar com viés ecológico, envolvendo energia gerada por painéis solares e transporte em caminhões elétricos.
O “rei do ovo”, que três décadas atrás andava de Uno para todo lado, hoje utiliza um jato particular para trabalhar e visitar as unidades da empresa. “Às vezes, vou de helicóptero, também”, conta.
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