quinta-feira, 29 de abril de 2021

BOLSONARO VAI ALMOÇAR COM EMPRESÁRIAS EM SÃO PAULO

 

Isonomia salarial deve ser um dos temas do encontro, marcado depois de reuniões do presidente em que só homens compareceram; ao todo, serão 48 convidadas, dos setores da indústria e serviços

Cristiane Barbieri, O Estado de S.Paulo

O almoço do presidente Jair Bolsonaro com mulheres líderes corporativas, que acontecerá nesta sexta-feira, 30, no Palácio Tangará, em São Paulo, contará com a presença de empresárias e executivas da indústria e de serviços. Serão 48 convidadas. 

Entre elas, Dulce Pugliese, cofundadora da AmilJanete Vaz, fundadora do laboratório SabinStella Damha, sócia do grupo de construção civil DamhaEdna Onodera, fundadora da rede de franquias de estética OnoderasMarina Willisch, vice-presidente da General MotorsCristiane Lacerda, diretora do Carrefour; e Marly Parra, do Instituto Unidos pelo Brasil e ex-executiva da E&Y e GPA, segundo organizadores do evento. Também estão previstas a presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e das ministras Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Família e Direitos Humanos) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo).

“Enviamos convites às empresas, que os repassaram às suas líderes”, diz Karim Miskulin, presidente executiva do Grupo Voto e organizadora do evento. “As mulheres estão mais bem preparadas e ocupando cargos mais importantes nas organizações ano após ano, mas ainda há uma barreira no relacionamento delas com a política e os núcleos estratégicos do poder.”

Karim Miskulin
‘Enviamos convites às empresas’, disse Karim Miskulin, CEO do Grupo Voto. Foto: Grupo Voto/ Divulgação

Segundo ela, a ideia do almoço nasceu a partir de sua indignação de não ver nenhuma mulher nos encontros recentes de Bolsonaro com empresários. “Liguei para o (Washington) Cinel (dono da Gocil e anfitrião de jantar no início do mês), um amigo querido, e reclamei, mas a lista estava fechada”, diz ela, que fez, então, o convite ao presidente. 

Karim imagina que uma das pautas do almoço será um pedido para que Bolsonaro sancione o projeto de lei que prevê multas a empresas que praticam discriminação salarial a trabalhadoras. Na semana passada, o presidente sugeriu que arranjar emprego pode se tornar “quase impossível” para as mulheres caso ele sancione o texto. 

“No mais, as pautas devem ser as mesmas dos grupos cuja maioria do público é masculino: reforma administrativa, tributária e vacinas”, diz ela, que não prevê qualquer constrangimento entre as convidadas e o presidente. Há vários registros de declarações misóginas feitas por Bolsonaro. 

O almoço não será cobrado. O modelo de negócios do Grupo Voto, que nasceu no Rio Grande do Sul, é de patrocínios anuais. Empresas como CarrefourFerrero RocherSouza CruzDana e GM pagam um valor anual, em troca de publicidade na revista Voto e acesso a eventos como o ciclo de debates “Brasil de Ideias”, seminários locais e missões internacionais. Há também prestação de serviços de consultorias de relações institucionais. 

É um modelo parecido com o do Lide, que era comandado pelo hoje governador João Doria (PSDB). Por isso, para falar de Karim, alguns interlocutores usam o aposto “João Doria de saias”. Como ambos, há muitos que vendem serviços similares a empresas.

Para Karim, o formato do evento – sem palco e bastante informal – facilita a interlocução entre as lideranças e os políticos. “A ideia é que eles falem de igual para igual, para humanizar a figura do político”, diz. 

Segundo um patrocinador de uma grande empresa que pede para não ser identificado, os serviços da empresa de Karim são eficientes. Com as agendas dos políticos tornadas obrigatoriamente públicas, os fóruns mais discretos para encontros com empresários (com demandas como benefícios fiscais ou aprovação de leis) são pequenas reuniões antes de palestras em eventos.

“Nas gestões dos governos do PT, que eram mais intervencionistas, esses encontros eram muito importantes”, diz o executivo, para quem o Grupo Voto dança ao sabor do governo da vez. Capas recentes da revista têm o presidente da CâmaraArthur Lira (Progressistas-AL), e o ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia).

“Já fui chamada de tucana, petista e bolsonarista”, diz ela. “Somos uma empresa que nasceu fomentada pela indústria e buscamos pautas positivas nas demandas que o setor público não consegue resolver.” 

Segundo outro executivo, essa fluidez aparece também no mote do almoço. É o primeiro organizado só com mulheres – tema que está entre as “preocupações da moda” nas empresas, para ele. “Em 2019, quando houve a decisão do STF das condenações em segunda instância, quis organizar um grupo de mulheres para ir à Brasília“, diz ela. “Liguei para 50. Foram oito”. Para Karim, as mulheres são mais resistentes a esse tipo de encontro político. 

Aos 52 anos, casada há 32 e mãe de duas filhas, Karim é descrita por conhecidos como uma empreendedora nata e “viradora” de negócios: bate de porta em porta até levantá-los. Fundou o grupo há 13 anos em Porto Alegre, com apoio de grandes empresas com negócios na região, como GerdauBraskemSouza Cruz e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Há quase dois mudou-se para São Paulo, para que o Voto ganhasse porte e, além das duas cidades, faz encontros também no Rio e em Brasília. 

Formada em Ciências Políticas, trabalhou na comunicação da assembleia de Porto Alegre e diz que tinha “55 chefes”. Seu avô e bisavô foram prefeitos de Santo Antônio da Patrulha (RS) onde nasceu, teve tios vereadores e diz que sua mãe e tias são muito engajadas politicamente. Quatro delas (inclusive uma com 83 anos de idade e “todas vacinadas”), estarão no almoço com Bolsonaro. “Sou apaixonada por política”, diz ela. “Há governos que a gente se identifica mais, outros menos, mas nasci nisso e não me vejo fazendo outra coisa.”NOTÍCIAS RELACIONADAS

100 DIAS DO GOVERNO BIDEN NOS ESTADOS UNIDOS

 

Presidente americano assumiu prometendo recuperar a economia dos EUA e combater a pandemia de covid-19; 100 dias depois tem a aprovação de mais da metade da população

Beatriz Bulla/ Correspondente, O Estado de S.Paulo

WASHINGTON – No início da corrida presidencial de 2020, Joe Biden era visto como um democrata conservador. Os 40 anos que passou em Washington, como senador e vice-presidente, eram apontados pela ala progressista do partido como um sinal de que uma presidência dele seria apenas mais da mesma velha política. Em 100 dias na Casa Branca, no entanto, ele transformou sua imagem de moderado em uma de presidente reformista. 

Em ritmo acelerado, Biden declarou guerra à pandemia de coronavírus – e já consegue vê-la pelo retrovisor –, foi menos conciliatório e mais ousado do que esperavam e propôs transformar o tamanho do Estado americano. Biden quer fazer o governo federal, os mais ricos e as empresas financiarem a revitalização da infraestrutura dos EUA, o maior acesso à educação e à saúde e a criação de empregos para a classe média. Tudo isso com uma economia mais sustentável e ambientalmente consciente. Com três pacotes trilionários (um deles aprovado e os outros dois sob teste), ele quer colocar o governo no centro da resposta à crise econômica.

A inspiração é clara. Ao redecorar o Salão Oval, Biden fez questão de que a imagem de um ex-presidente americano ficasse em frente à mesa de onde ele despacha: a de Franklin Roosevelt, conhecido pela proatividade nos 100 primeiros dias de governo e por aumentar o tamanho do Estado para tirar os EUA da Grande Depressão.

Joe Biden - EUA
Presidente Joe Biden discursa ao Congresso americano   Foto: Melina Mara/The Washington Post via AP

“Temos de provar que a democracia ainda funciona. Que nosso governo ainda funciona – e pode ajudar as pessoas”, disse Biden em seu primeiro pronunciamento ao Congresso, na noite de ontem. Antes de assumir, ele sabia que qualquer conquista seria inócua se o país não superasse a pandemia que matou mais de 570 mil pessoas nos EUA, mas chega à data com sua principal promessa cumprida: a de aplicar 100 milhões de doses de vacinas nos 100 primeiros dias. A meta foi revisada no meio do caminho e ampliada para 200 milhões, algo que ele também atingiu. 

A senadores e deputados, Biden tentou relembrar que herdou um país em crise, mas que ele colocou os EUA “em movimento”. “A pior pandemia em um século. A pior crise econômica desde a Grande Depressão. O pior ataque à nossa democracia desde a Guerra Civil.” 

Desde que foi marcado, já se sabia que o discurso teria uma carga simbólica: a fala do presidente na mesma sala atacada em janeiro por extremistas pró-Trump, que tentaram impedir a certificação de sua eleição. “Agora, depois de apenas 100 dias, posso dizer à nação: os EUA estão em movimento novamente. Transformando o perigo em possibilidades. Crise em oportunidade. Revés em força”, disse.

Mais da metade dos adultos nos EUA já recebeu ao menos uma dose de alguma das três vacinas disponíveis. Os imunizados já podem sair ao ar livre sem máscara e fazer planos de comemoração do Dia de Independência, em 4 de julho. Os negócios voltaram a abrir.

“Estamos vacinando a nação. Estamos criando centenas de milhares de empregos. Estamos entregando resultados reais que as pessoas podem ver e sentir em suas próprias vidas. Abrindo as portas da oportunidade. Garantindo equidade e justiça”, comemorou o presidente.

EUA - Joe Biden
Presidente Joe Biden fala a deputados e senadores, que adotaram medidas de distanciamento, no Congresso   Foto: Chip Somodevilla / EFE

Biden usou sua fala para vender seu plano econômico. “Wall Street não construiu o país”, garante o presidente americano. “A classe média construiu o país. E os sindicatos construíram a classe média.” 

O pacote que pretende revitalizar toda a infraestrutura dos EUA deve custar US$ 2,2 trilhões, com uma injeção de investimento federal em obras para criar empregos e consolidar a agenda ambiental do democrata. Com 55% de aprovação, Biden chega aos 100 dias mais popular do que Trump, mas menos do que Barack Obama.

PERMANÊNCIA DIFÍCIL DE BOLSONARO NO PODER

 

Bolsonaro cedeu a outras forças políticas o terreno que era seu

William Waack, O Estado de S.Paulo

Jair Bolsonaro está ganhando fácil a corrida para saber qual ocupante do Palácio do Planalto conseguiu perder mais rápido o capital político conquistado numa eleição direta e plebiscitária. É curioso observar como ele mesmo “trabalhou” para criar um vácuo político imediatamente ocupado. 

De fato, nunca o Executivo brasileiro foi tão controlado, contido ou encurralado pelo Judiciário e Legislativo. Têm razão os generais de pijama que cochicham a Bolsonaro que STF e Congresso extrapolaram suas competências. Mas não se trata, como pretendem Bolsonaro e seus seguidores (em diminuição acentuada) de uma “conspiração”.

A principal responsável é a atuação do próprio Bolsonaro e sua extraordinária incompetência política. No momento em que enfrentar a crise da pandemia e suas consequências para a economia demandaria uma altíssima capacidade de liderança, coordenação e foco estratégico, o “centro” do poder está ocupado por uma curiosa aliança tácita, volátil e fluida de juízes e parlamentares.

Jair Bolsonaro
O presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Eraldo Peres/AP Photo

Bolsonaro tinha uma grande pauta de mudanças e reformas logo que assumiu que hoje se resume em permanecer onde está. Cedeu instrumentos de poder real e efetivo (como o controle do Orçamento) e foi obrigado a respeitar limites de atuação política (estipulados pelo STF) pela mesma razão: não ter visão, capacidade de condução e muito menos entender o que é a política, embora tivesse passado 27 anos no fundo da Câmara dos Deputados.

Ele sabe muito bem, por outro lado, que o jogo dos donos do poder em Brasília obedece aos fatores de longa memória, a saber: compadrio, patrimonialismo, corporativismo, teias de laços pessoais e oligárquicos, acomodação de interesses à custa dos cofres públicos, clientelismo. Nessa rede que se revelou indevassável (que o diga a Lava Jato) Bolsonaro está manietado, pessoal e politicamente.

Sua mais recente “cartada” é jogar o jogo dos donos do poder no Judiciário, por meio das nomeações que terá de fazer para tribunais superiores e na Procuradoria-Geral da República. É ocupar por dentro instâncias decisivas de poder político, como tem sido o Judiciário brasileiro (e o MPF). O caminho é o mesmo que movimentos como o chavismo percorreram, por exemplo, até desfigurar o que existia de democracia (a base disso é a lealdade ao chefe e não à lei ou instituições).

No caso do Brasil o perigo dessa “marcha por dentro das instituições” é muito menor. O chamado “sistema” continua intacto. E, ao contrário de outros “ismos” da nossa história política (varguismo, ou lulismo), o bolsonarismo é um conjunto de propostas e ideias sem definição clara, rumo definido, coordenação eficaz e com escasso domínio dos instrumentos clássicos de poder ou coerção. Bolsonarismo é mais um estado de espírito do que qualquer outra coisa.

Talvez a única “base social” nítida do bolsonarismo seja a ligação de seus expoentes políticos com as denominações políticas e religiosas evangélicas – mas, aqui, cabe lembrar aos seguidores do “mito” (um atributo que está resvalando para o ridículo) que o conjunto de forças evangélicas é fracionado, dividido entre si e alguns de seus principais nomes apoiaram todos os governos anteriores e provavelmente o farão no futuro. Não acham que devam “lealdade” ao presente chefe.

Por último, esse “estado de espírito” bolsonarista – o da polarização, defesa da ignorância, intolerância e boçalidade política geral – está construindo depressa no grande e movediço terreno das atitudes das pessoas um movimento contrário caracterizado por indignação, cansaço, tristeza e falta de esperanças nesse “mito” e, por enquanto, em qualquer outro candidato (o que inclui Lula). 

Mas esse candidato surgirá: a demanda foi criada por Bolsonaro, assim como ele mesmo atendeu a uma clara demanda. Segue convencido de ter sido beneficiado por um milagre (sobreviveu à facada) e que só Deus pode tirá-lo de onde o colocou. Ignora-se se as forças diversas do chamado Centrão, às quais Bolsonaro entregou seu futuro político, o fazem por acreditar em desígnios divinos. O fato é que, no momento, acham mais conveniente deixá-lo por lá.

*JORNALISTA E APRESENTADOR DO JORNAL DA CNN

CPI DA COVID É UMA FARSA POLÍTICA

 

Não há nada a ser explicado nessa comissão: governadores e prefeitos estão exatamente no centro do escândalo; até uma criança sabe quais são os Estados onde mais se roubou, inclusive oxigênio

J.R. Guzzo, O Estado de S.Paulo

Os peritos em ciência política, desses que sempre aparecem nas mesas redondas de televisão, provavelmente estão lhe explicando, em detalhes e com oratória de universidade, como são complexos os pontos centrais (e os laterais, também), dessa CPI que o Senado acaba de inventar com o objetivo oficial de apurar atos de inépcia, negligência ou má fé que teriam sido cometidos pelo governo federal no combate à covid. Mas não é preciso mais do que três minutos de observação, realmente, para se concluir que não há complicação nenhuma. Basta ver quem são os senadores que estão na CPI, fazendo o papel de polícia que corre atrás do bandido. Que complicação poderia haver?

CPI da Covid
CPI da Covid em reunião que definiu presidente, vice e relator  Foto: Edilson Rodrigues/Ag. Senado

O presidente na CPI, não menos que o presidente em pessoa, é um senador do Amazonas que já teve a própria mulher, além de irmãos, presos por roubalheira maciça justamente na área da saúde; ele próprio, figurão da política amazonense e de Manaus, está metido há cinco anos em encrenca feia com a Operação “Maus Caminhos” – e um de seus desdobramentos, a “Cash Back” – que a Polícia Federal iniciou em 2016 para investigar corrupção na sua zona de influência.

O representante titular do PT é o senador Humberto Costa, notável por ter o apelido de “Drácula” – esteve envolvido no prodigioso escândalo dos vampiros, que roubavam sangue dos hospitais quando ele era ministro da Saúde do governo Lula. É como “Drácula”, por sinal, que Costa está registrado no célebre Departamento de Operações Estruturadas da empreiteira Odebrecht, na lista de políticos comprados pela empresa e guardada em seus computadores.

Está no papel de mocinho e juiz, também, outro peixe graúdo na coleção da Odebrecht – o “Whiskey”, codinome do senador Jader Barbalho, do Pará. Ele é descrito, respeitosamente, como “veterano” da política; de fato, está relacionado há décadas, sempre, entre os políticos mais investigados por corrupção neste país. Enfim, acredite se quiser: aparece na CPI, e no cargo de relator, o senador Renan Calheiros, simplesmente ele – o “Atleta” do listão da empreiteira, e com certeza o membro mais enrolado com o Código Penal que há no Senado do Brasil ou, possivelmente, de qualquer senado do mundo.

É preciso, diante disso, dizer mais alguma coisa? Os especialistas podem ficar explicando o assunto pelo resto da vida, mas não há nada a ser explicado: a CPI da Covid é uma das mais espetaculares trapaças que já se praticou na política brasileira. Até uma criança de dez anos de idade sabe que os dois Estados onde mais se roubou na covid, inclusive oxigênio, são justamente Amazonas e Pará; pois é dali, bem dali, que vêm dois dos mais lustrosos investigadores da CPI. 

Parece brincadeira, mas não há nada de brincadeira nisso tudo. Ao contrário: estão levando muitíssimo a sério o trabalho de impedir que a verdade sobre a corrupção que marcou o combate à covid seja revelada um dia. Governadores e prefeitos, as “autoridades locais” a quem o STF entregou autonomia para lidar com o problema (e que receberam do governo federal no último ano RS$ 60 bilhões de reais em verbas das quais em grande parte não precisaram prestar contas), estão exatamente no centro do escândalo. 

Nessas horas, nada melhor do que sair gritando “pega ladrão”.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

SOLIDÃO SOZINHO E COM PESSOAS TRAZEM PROBLEMAS MENTAIS

 

 Arthur Guerra – Forbes Brasil

Outro dia, li algo interessante na imprensa internacional. O governo japonês nomeou um Ministro da Solidão como uma iniciativa para dar conta da solidão social que já era uma realidade naquele país, mas que cresceu tremendamente com as medidas de isolamento por causa do coronavírus.

A solidão é uma sensação difícil de sentir e a chave para dar conta é encontrar uma maneira confortável para lidar com ela.© Ezra Bailey/Getty Images A solidão é uma sensação difícil de sentir e a chave para dar conta é encontrar uma maneira confortável para lidar com ela.

Em 2018, o Reino Unido já havia lançado uma estratégia semelhante para reduzir os problemas de saúde decorrentes da solidão. Naquela época, a então primeira-ministra Theresa May declarou que a solidão é um dos maiores desafios de saúde pública dos tempos modernos. Não só há evidências de que possa levar ao aumento de doenças cardíacas e de demência, como estima-se que possa estar ligada ao aumento dos casos de suicídio, como visto no Japão após o início da pandemia.

O sentimento de solidão tem afetado a todos. Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Ipsos em 28 países mostrou que o Brasil é o país em que as pessoas mais se sentem solitárias. Enquanto a média mundial é de 41%, no Brasil metade dos que responderam à pesquisa disseram ter essa sensação.

Qual a diferença entre estar sozinho e sentir-se solitário? Estar sozinho é saber aproveitar da própria companhia. Antigamente, não se aceitava o fato de que mulheres, por exemplo, pudessem querer viver sós. O objetivo era que, enquanto sociedade, viéssemos a formar pares. Tanto era assim, que se considerava que uma pessoa que conseguisse manter um relacionamento, dentro de certos parâmetros, é claro, seria mais saudável do ponto de vista mental.

Felizmente, evoluímos como sociedade. Hoje, é plenamente aceitável que pessoas queiram viver sozinhas. Por aceitável, eu me refiro ao fato de que essas pessoas não são mais estigmatizadas. Ainda que sozinhas, a pandemia também nos trouxe como lição a importância de sermos solidários uns com os outros. A ajuda pode vir de diferentes formas e lugares.

Solidão é outra coisa. Solidão é você desejar se conectar a alguém e não haver ninguém à disposição para isso. Pode ser, inclusive, o desejo de se conectar à sua parceira ou parceiro e ela ou ele nunca terem a disponibilidade para isso. Há sentimento de solidão entre muitos casais e ele gera melancolia, tristeza profunda.

A solidão é uma sensação difícil de sentir. Tão difícil que muitos usam álcool, drogas ou até comida como um substituto para a falta de conexão pessoal, quase como se fosse um amigo. De fato, sob o efeito de álcool e drogas, o mundo parece temporariamente mais leve e mais fácil. Mas o efeito é rápido e não resolve esse sentimento.

A chave para dar conta da solidão é encontrar uma maneira confortável para lidar com ela. Com as tecnologias digitais de comunicação, ficou muito mais fácil encontrar pessoas na mesma situação que também desejam uma conexão. Há grupos de leituras, de culinária, de pets, de encontros amorosos, e eles podem permitir o surgimento de encontros bastante fortes. Basta estar aberto para isso.

Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.

MINISTRO DO GOVERNO VACINA ESCONDIDO

 

Ramos afirma que seguiu ‘orientação’ do governo e que tenta convencer Bolsonaro a se imunizar: ‘A vida dele, no momento, corre risco’

Mateus Vargas, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou nesta terça-feira, 27, que tomou “escondido” a vacina contra a covid-19, por “orientação” e para “não criar caso”. Sem saber que era gravado, Ramos disse, em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), que também tenta convencer Jair Bolsonaro a ser imunizado porque a vida do presidente está em risco.

“Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente (a tomar a vacina), independente de todos os posicionamentos. Nós não podemos perder o presidente para um vírus desse”, observou o titular da Casa Civil. “A vida dele, no momento, corre risco. Ele tem 65 anos”, disse o general, errando a idade do presidente, que completou 66 anos no mês passado.

Ramos estava diante dos ministros Paulo Guedes (Economia), Marcelo Queiroga (Saúde), Anderson Torres (Justiça) e de representantes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no Palácio do Planalto.

Descontraído, ele lembrou que, quando tomou a primeira dose da AstraZeneca, no último dia 18, a informação acabou sendo divulgada. “Tomei escondido, né, porque era a orientação, mas vazou (…). Não tenho vergonha, não. Vou ser sincero: eu, como qualquer ser humano, quero viver. Tenho dois netos maravilhosos, uma mulher linda. Tenho sonhos ainda. Quero viver, porra! Se a ciência, a medicina, está dizendo que é vacina, quem sou eu para me contrapor?”, desabafou o chefe da Casa Civil, que tem 64 anos. 

(ouça o áudio, cedido ao Estadão pela Rádio CBN)00:0000:42

Nenhum dos presentes sabia que a reunião estava sendo transmitida ao vivo pela internet. Ramos afirmou, ainda, que a pandemia é “uma praga”, que está “ceifando vidas”. Além disso, destacou que a doença não tem “partido”. “Ataca todos nós”, resumiu.

Aos 66 anos, Bolsonaro já poderia ter sido vacinado desde o dia 3 no Distrito Federal. O presidente argumenta, porém, que já contraiu o vírus e só será imunizado “depois que o último brasileiro” tiver sido vacinado. Ao longo dos últimos meses, Bolsonaro minimizou a pandemia e desdenhou de medidas para evitar o contágio, como isolamento social e uso de máscara. Ele sempre disse que já estava imunizado por ter pego covid, ignorando a possibilidade de reinfecção.

Luiz eduardo ramos
General Ramos é o articulador político do Planalto Foto: Gabriela Biló / Estadão

Eu não vou tomar vacina e ponto final. Minha vida está em risco? O problema é meu”, declarou Bolsonaro, em dezembro do ano passado. De lá para cá, no entanto, ele modulou o discurso, principalmente depois que sua popularidade começou a cair e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou à cena política, cobrando a vacinação. Agora, Bolsonaro tem dito que vai se vacinar, mas “no fim da fila”. Continua, porém,  provocando aglomerações em suas viagens e mesmo quando sai para visitas na periferia de Brasília.

Na mesma reunião desta terça-feira, no Planalto, Guedes disse que “o chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano”. O ministro da Economia avaliou, ainda, que o SUS não deve dar conta de prestar atendimento à população no longo prazo e sugeriu até mesmo a entrega de “voucher” para uso da rede privada.

“Você é pobre? Você está doente? Está aqui seu voucher. Vai no Einstein, se você quiser”, afirmou o ministro, numa referência ao Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Horas depois, Guedes  disse ter sido “infeliz” em seus comentários. O chefe da equipe econômica tem 71 anos e, no mês passado, foi vacinado com a Coronavac. “Hoje usei uma imagem infeliz”, admitiu o ministro, ao ponderar que falava sobre “como é importante que o setor privado colabore no combate à pandemia”. “É uma imagem que não tinha nenhum objetivo (de ofender)”, assegurou. “Foi um mal entendido”.

Em mensagem postada no Twitter, Ramos disse que estão inventando “crise onde não existe”. “Como tomei vacina escondido se saiu na imprensa?”, perguntou o ministro, embora suas frases tenham sido gravadas. “Fui vacinado como mais de 38 milhões de brasileiros, apenas não quis fazer desse momento individual um ato político”. O general ponderou, ainda, que a liberdade é o “bem mais precioso”. “Sou livre para fazer minhas escolhas e essa foi uma delas”, escreveu.

A Casa Civil preparou uma tabela contendo 23 afirmações com as quais o governo pode ser confrontado na CPI da Covid, instalada nesta terça-feira, 27, no Senado. Um e-mail com esses tópicos, que apontam erros do governo na condução da pandemia de covid-19, foi disparado para vários ministérios, pedindo informações de cada área para reforçar a estratégia de defesa do governo na CPI. “Nunca vi uma confissão de culpa antecipada”, ironizou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão.

DESTRUIÇÃO CRIATIVA NO EMPREENDEDORISMO E NA INOVAÇÃO

 

Fábio Caldeira

A Startup Valeon um Marketplace e E-Commerce da região do Valeo do Aço está promovendo uma verdadeira destruição criativa na forma de comunicação das empresas com os seus clientes na internet introduzindo novos conceitos de publicidade e implantando com sucesso novos paradigmas de marketing entre as empresas e o seus consumidores.

Em momentos singulares na nossa história, abre-se a possibilidade de uma onda avassaladora de empreendedorismo e inovações, o que em 1942 o economista austríaco Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, chamou de destruição criativa. Essa teoria busca explicar as transformações do capitalismo, cujo fenômeno se dá quando são criados novos produtos ou novas formas de produzir, causando mudanças na economia e nas relações sociais, levando em conta aspectos conjunturais, anseios da população e capacidade inovadora. Ou seja, os processos econômicos e sociais são dinâmicos.

E seguem vários exemplos na história da humanidade, como a substituição dos cavalos pelos carros como meios de transporte e das inúmeras transformações com o brutal desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, proporcionando o desaparecimento de milhares de empregos, o aparecimento de outros e mudanças substanciais no comportamento e nas relações humanas.

Sobre a conjuntura atual da pandemia, externa o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que “não é apenas uma crise de saúde, mas uma crise humana; uma crise de emprego; uma crise humanitária e uma crise de desenvolvimento”. Vários estudos e relatórios estão sendo feitos mundo afora, seja pelo setor acadêmico ou organismos internacionais, a exemplo do documento lançado pela ONU “Diretrizes das Nações Unidas para a resposta socioeconômica imediata à COVID-19: responsabilidade compartilhada, solidariedade global e ação urgente para as pessoas necessitadas”. Neste é bem explorado um termo que vem sendo popularizado mundo afora, o chamado “novo normal”.

Citando Nelson Rodrigues, é obvio ululante que no período pós-pandemia teremos mudanças substanciais nas relações humanas, sociais, econômicas e políticas. E sem sombra de dúvidas, mais um substancial, relevante e pujante momento de destruição criativa em escala mundial. Como se dará, ainda estamos no campo das hipóteses, especulações e até de um certo “achismo”.

Como indicativo, interessante matéria do jornal Washington Post, reproduzida no Brasil pelo Estadão, que trata de mudanças das grandes metrópoles. Dispõe que o trabalho remoto, imposto pela necessidade de isolamento social, se consolidará em parte no dia a dia das pessoas, pois alguns funcionários, por questões de mobilidade, custo de vida e stress dos grandes centros urbanos, devem preferir trabalhar longe dos escritórios, o que fará com que inúmeras empresas deem fim a instalações físicas. Segundo Edward Glaeser, professor de Harvard, “se a pandemia se tornar o novo normal, dezenas de milhões de empregos no setor de serviços deixarão de existir nas grandes cidades”. No setor de esportes, houve um considerável aumento pelo interesse no setor de games, os chamados eSports. Pela analise do Twitter, houve um aumento de 70% na busca por eSports em março, além de aumento de jogadores atraídos pelas altas premiações dos torneios e acréscimo dos interessados nos patrocínios.

Por fim, tentar impedir a destruição criativa pode ser um grande erro, tanto para as pessoas, quanto para empresas e para os governos.                                                                                                              O papel dos governos no processo de destruição criativa que virá no pós-Covid.

 As ações de destruição criativa nas recentes concessões rodoviárias mostram que é possível realizar a gestão pública com inovação, desde que afastada dos casulos ideológicos, onde o papel do poder público se consolida como de regulamentação, orientação, planejamento e fiscalização, deixando as operações para empresas privadas que têm vigor financeiro para investir permanentemente; pois daí virão seus lucros. Espera-se, agora, uma aceleração nos processos de concessões rodoviárias no Brasil, já que o medo de destruir com criatividade já passou e nos resta aumentar o poder de destruição criativa da sociedade brasileira.

O que é destruição criativa?

Em 1942, o economista austríaco Joseph Schumpeter surgiu com o conceito de destruição criativa: um processo de destruição e posterior reconstrução, com outro arranjo dentro da sociedade, que leva ao progresso econômico.

Com essa definição, ele acreditava que tinha encontrado a melhor forma de descrever a essência do capitalismo.  Nesse ambiente, os recursos se deslocam permanentemente para onde estão as novas oportunidades, criando tanto ganhadores como perdedores.

Inicialmente utilizada para se referir a processos produtivos que visavam aumentar a produtividade, a destruição criativa passou a ser associada com a inovação via:

Lançamento de novos produtos;

Desenvolvimento de novos serviços;

Abertura de novos mercados;

Utilização de novas matérias-primas;

Utilização de novas fontes de energia.

Ao contrário das políticas públicas equivocadas, esse é um processo que ocorre de dentro para fora, destruindo estruturas em operação para que sejam liberadas para novas ideias.

Quais as economias mais propícias à destruição criativa?

Alguns fatores ajudam a identificar quais as economias que apresentam maior dinamismo:

Empreendedorismo

Uma sociedade que valoriza a formação de novos negócios é uma sociedade que promove o empreendedorismo.

Governo

Ele deve interferir o mínimo possível, assegurando o direito de propriedade e um ambiente estável de negócios.

Concorrência

A concorrência “eleva a barra” entre os seus participantes, fazendo o sistema econômico funcionar.

Cooperação

Quando a ciência encontra aplicações práticas.  A cooperação ocorre essencialmente na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), fomentando parcerias entre empresas, associações e o governo.

Educação

Países como os Estados Unidos e a Alemanha já implementaram programas de estímulo ao empreendedorismo e à inovação, colocando os alunos dos cursos de Administração e de Engenharia em projetos de colaboração com as empresas.

Financiamento

Mecanismo pelo qual o desenvolvimento da capacidade tecnológica, iniciado pelo empreendedor, e bancado pelas grandes empresas, que possuem economia de escala.

Como acontece a destruição criativa no Brasil?

Comparando os itens anteriores e, dadas nossas peculiaridades, a destruição criativa ocorre com menos frequência no Brasil pelos seguintes motivos:

Empreendedorismo

Ao contrário do empreendedor de oportunidade, o país cria mais empreendedores por necessidade.

Governo

O Brasil falha gravemente nesse ponto.  Um empreendedor enfrenta um longo e custoso processo para começar o seu negócio.  Uma vez em funcionamento, ele arca com uma alta carga de impostos e altos custos trabalhistas.

O quadro é agravado pelas políticas públicas adotadas, como a desoneração da folha de salários, que mantém empregos de baixa produtividade.

Concorrência

Vários estudos acadêmicos indicam que a postura da elite governante em relação à inovação é determinante para o desenvolvimento econômico.  Dito isso, somos uma economia fechada e que promove o beneficiamento individual de setores e empresas.

Cooperação

Apesar de contarmos com alguns centros de excelência, o vínculo entre eles e as empresas é bastante limitado.

Buscando referências no que é praticado no exterior, o país poderia induzir a inovação via:

Revisão dos tributos que punem os investimentos;

Aprimoramento do ambiente regulatório;

Cooperação entre empresas e universidades.

Esse último ponto está diretamente relacionado ao próximo item.

Educação

Inexistência de programas de educação que preparem os alunos para que busquem soluções próprias e criativas para as demandas da sociedade.

Financiamento

Excluindo-se o crédito direcionado (BNDES), todas as demais linhas de crédito são caras em função de distorções como a assimetria de informação sobre os tomadores, os custos dos encargos regulatórios, além da dificuldade de se executar as garantias.

Qual o exemplo que melhor reflete a destruição criativa?

Se considerarmos os aplicativos de transporte, os sites de comércio eletrônico e as redes sociais, podemos concluir que a internet é o melhor exemplo de destruição criativa da atualidade.

Inicialmente usada para fins de comunicação, ela hoje permeia toda a sociedade, trazendo não só conteúdo, mas viabilizando também novos produtos e modelos de negócios.

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DELEGADOS DA POLÍCIA FEDERAL CONTRA OS CORTES NO ORÇAMENTO DA PF

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