Fábio Caldeira
A Startup Valeon um Marketplace e E-Commerce da região do Valeo do Aço está promovendo uma verdadeira destruição criativa na forma de comunicação das empresas com os seus clientes na internet introduzindo novos conceitos de publicidade e implantando com sucesso novos paradigmas de marketing entre as empresas e o seus consumidores.
Em momentos singulares na nossa história, abre-se a possibilidade de uma onda avassaladora de empreendedorismo e inovações, o que em 1942 o economista austríaco Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, chamou de destruição criativa. Essa teoria busca explicar as transformações do capitalismo, cujo fenômeno se dá quando são criados novos produtos ou novas formas de produzir, causando mudanças na economia e nas relações sociais, levando em conta aspectos conjunturais, anseios da população e capacidade inovadora. Ou seja, os processos econômicos e sociais são dinâmicos.
E seguem vários exemplos na história da humanidade, como a substituição dos cavalos pelos carros como meios de transporte e das inúmeras transformações com o brutal desenvolvimento tecnológico das últimas décadas, proporcionando o desaparecimento de milhares de empregos, o aparecimento de outros e mudanças substanciais no comportamento e nas relações humanas.
Sobre a conjuntura atual da pandemia, externa o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que “não é apenas uma crise de saúde, mas uma crise humana; uma crise de emprego; uma crise humanitária e uma crise de desenvolvimento”. Vários estudos e relatórios estão sendo feitos mundo afora, seja pelo setor acadêmico ou organismos internacionais, a exemplo do documento lançado pela ONU “Diretrizes das Nações Unidas para a resposta socioeconômica imediata à COVID-19: responsabilidade compartilhada, solidariedade global e ação urgente para as pessoas necessitadas”. Neste é bem explorado um termo que vem sendo popularizado mundo afora, o chamado “novo normal”.
Citando Nelson Rodrigues, é obvio ululante que no período pós-pandemia teremos mudanças substanciais nas relações humanas, sociais, econômicas e políticas. E sem sombra de dúvidas, mais um substancial, relevante e pujante momento de destruição criativa em escala mundial. Como se dará, ainda estamos no campo das hipóteses, especulações e até de um certo “achismo”.
Como indicativo, interessante matéria do jornal Washington Post, reproduzida no Brasil pelo Estadão, que trata de mudanças das grandes metrópoles. Dispõe que o trabalho remoto, imposto pela necessidade de isolamento social, se consolidará em parte no dia a dia das pessoas, pois alguns funcionários, por questões de mobilidade, custo de vida e stress dos grandes centros urbanos, devem preferir trabalhar longe dos escritórios, o que fará com que inúmeras empresas deem fim a instalações físicas. Segundo Edward Glaeser, professor de Harvard, “se a pandemia se tornar o novo normal, dezenas de milhões de empregos no setor de serviços deixarão de existir nas grandes cidades”. No setor de esportes, houve um considerável aumento pelo interesse no setor de games, os chamados eSports. Pela analise do Twitter, houve um aumento de 70% na busca por eSports em março, além de aumento de jogadores atraídos pelas altas premiações dos torneios e acréscimo dos interessados nos patrocínios.
Por fim, tentar impedir a destruição criativa pode ser um grande erro, tanto para as pessoas, quanto para empresas e para os governos. O papel dos governos no processo de destruição criativa que virá no pós-Covid.
As ações de destruição criativa nas recentes concessões rodoviárias mostram que é possível realizar a gestão pública com inovação, desde que afastada dos casulos ideológicos, onde o papel do poder público se consolida como de regulamentação, orientação, planejamento e fiscalização, deixando as operações para empresas privadas que têm vigor financeiro para investir permanentemente; pois daí virão seus lucros. Espera-se, agora, uma aceleração nos processos de concessões rodoviárias no Brasil, já que o medo de destruir com criatividade já passou e nos resta aumentar o poder de destruição criativa da sociedade brasileira.
O que é destruição criativa?
Em 1942, o economista austríaco Joseph Schumpeter surgiu com o conceito de destruição criativa: um processo de destruição e posterior reconstrução, com outro arranjo dentro da sociedade, que leva ao progresso econômico.
Com essa definição, ele acreditava que tinha encontrado a melhor forma de descrever a essência do capitalismo. Nesse ambiente, os recursos se deslocam permanentemente para onde estão as novas oportunidades, criando tanto ganhadores como perdedores.
Inicialmente utilizada para se referir a processos produtivos que visavam aumentar a produtividade, a destruição criativa passou a ser associada com a inovação via:
Lançamento de novos produtos;
Desenvolvimento de novos serviços;
Abertura de novos mercados;
Utilização de novas matérias-primas;
Utilização de novas fontes de energia.
Ao contrário das políticas públicas equivocadas, esse é um processo que ocorre de dentro para fora, destruindo estruturas em operação para que sejam liberadas para novas ideias.
Quais as economias mais propícias à destruição criativa?
Alguns fatores ajudam a identificar quais as economias que apresentam maior dinamismo:
Empreendedorismo
Uma sociedade que valoriza a formação de novos negócios é uma sociedade que promove o empreendedorismo.
Governo
Ele deve interferir o mínimo possível, assegurando o direito de propriedade e um ambiente estável de negócios.
Concorrência
A concorrência “eleva a barra” entre os seus participantes, fazendo o sistema econômico funcionar.
Cooperação
Quando a ciência encontra aplicações práticas. A cooperação ocorre essencialmente na área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), fomentando parcerias entre empresas, associações e o governo.
Educação
Países como os Estados Unidos e a Alemanha já implementaram programas de estímulo ao empreendedorismo e à inovação, colocando os alunos dos cursos de Administração e de Engenharia em projetos de colaboração com as empresas.
Financiamento
Mecanismo pelo qual o desenvolvimento da capacidade tecnológica, iniciado pelo empreendedor, e bancado pelas grandes empresas, que possuem economia de escala.
Como acontece a destruição criativa no Brasil?
Comparando os itens anteriores e, dadas nossas peculiaridades, a destruição criativa ocorre com menos frequência no Brasil pelos seguintes motivos:
Empreendedorismo
Ao contrário do empreendedor de oportunidade, o país cria mais empreendedores por necessidade.
Governo
O Brasil falha gravemente nesse ponto. Um empreendedor enfrenta um longo e custoso processo para começar o seu negócio. Uma vez em funcionamento, ele arca com uma alta carga de impostos e altos custos trabalhistas.
O quadro é agravado pelas políticas públicas adotadas, como a desoneração da folha de salários, que mantém empregos de baixa produtividade.
Concorrência
Vários estudos acadêmicos indicam que a postura da elite governante em relação à inovação é determinante para o desenvolvimento econômico. Dito isso, somos uma economia fechada e que promove o beneficiamento individual de setores e empresas.
Cooperação
Apesar de contarmos com alguns centros de excelência, o vínculo entre eles e as empresas é bastante limitado.
Buscando referências no que é praticado no exterior, o país poderia induzir a inovação via:
Revisão dos tributos que punem os investimentos;
Aprimoramento do ambiente regulatório;
Cooperação entre empresas e universidades.
Esse último ponto está diretamente relacionado ao próximo item.
Educação
Inexistência de programas de educação que preparem os alunos para que busquem soluções próprias e criativas para as demandas da sociedade.
Financiamento
Excluindo-se o crédito direcionado (BNDES), todas as demais linhas de crédito são caras em função de distorções como a assimetria de informação sobre os tomadores, os custos dos encargos regulatórios, além da dificuldade de se executar as garantias.
Qual o exemplo que melhor reflete a destruição criativa?
Se considerarmos os aplicativos de transporte, os sites de comércio eletrônico e as redes sociais, podemos concluir que a internet é o melhor exemplo de destruição criativa da atualidade.
Inicialmente usada para fins de comunicação, ela hoje permeia toda a sociedade, trazendo não só conteúdo, mas viabilizando também novos produtos e modelos de negócios.
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