quarta-feira, 21 de abril de 2021

COMO DEVE SER A MORTE DA RAINHA DA INGLATERRA

 

Caso os leitores não saibam, há sinos que só tocam quando morre o titular da Coro

Leandro Karnal, O Estado de S.Paulo

Hoje, dia 21 de abril de 2021, a rainha Elizabeth II chega a 95 anos de idade. Não é uma idade excepcional. Não é uma idade excepcional. Na família de cada leitora e leitor, certamente, teremos exemplos de alguma tia longeva que bate a soberana. Só para dar perspectiva, Kane Tanaka (a mulher de mais idade no mundo) completou 118 anos no dia 2 de janeiro deste ano. Sem a equipe médica disponível para a soberana do trono britânico, Tanaka nasceu em 1903 e passou pelas guerras mundiais com menos proteção do que a titular do Palácio de Buckingham. Imagine, apenas, como exercício de devaneio, que a mãe do príncipe Charles tenha a mesma quantidade de dias da japonesa. Significa que, pela frente, a inglesa teria pelo menos mais 23 anos inteiros. O príncipe de Gales, hoje com 73 incompletos, teria 96 ao assumir o título de rei. 

Rainha
Caixão do príncipe Philip, morto aos 99 anos em 2021 Foto: Adrian Dennis/AFP

Voltemos ao mundo real. Sam Knight escreveu para o The Guardian, em 2017, o texto London Bridge is down: the secret plane for the days after the Queen’s death. Aprendi que “London Bridge is down” é o código para a morte da soberana, de forma a comunicar o evento a um círculo mais estrito. Vi, igualmente, que os planos sobre a notícia da morte, o funeral e os primeiros dias após o fato estão estudados e treinados há bastante tempo. 

Enterrar monarcas é fato muito enferrujado. O último ritual ocorreu em 1952. A simpática Kane Tanaka lembra bem da notícia: ela era uma senhora com quase 50 anos. A maioria verá pela primeira vez um cortejo fúnebre para uma cabeça coroada. 

A morte de Churchill (1965) e da Rainha-mãe (2002) foi, de alguma forma, um ensaio. Lady Di (1997) também funcionou como comoção nacional. Tudo deve ser superado pela rainha há mais tempo no trono britânico. Os interesses por filmes (como A Rainha) e por séries como The Crown, em todo o mundo, mostram que a força magnética do trono continua em alta. 

Ingleses são famosos por serem fleumáticos, previsíveis até. O artigo do The Guardian mostra desordem total nos funerais do século 18 e parte do 19. Foi o longo reinado de Vitória, trisavó de Elizabeth II, que restaurou a decência e pompa dos atos. O planejamento cresceu muito desde 1901, quando a mulher de Albert fechou os olhos em definitivo. Exemplo de cuidado? O famoso Louis Mountbatten, último vice-rei da Índia e membro íntimo da família real, previu seu próprio funeral a ponto de estabelecer dois cardápios. Um seria executado caso ele morresse no verão e outro na hipótese de o passamento ser nos meses frios. Como ele foi vítima de um atentado terrorista do IRA, em agosto de 1979, devem ter utilizado a sugestão de pratos leves para o calor. 

Caso a curiosa leitora e o leitor em busca de dados não saibam, há sinos que só tocam quando morre o titular da Coroa. Há planos distintos para o caso de a morte ocorrer em qualquer um dos palácios da realeza. Mesmo com tanto furor organizativo, claro, há zonas cinzentas: o cargo de líder da comunidade britânica, a Commonwealth, não é hereditário nem fixo. Assim, quando a atual titular falecer, não existe certeza de que Charles será o próximo comandante do grupo de países.

Desde 1952, óbvio, o mundo mudou muito. O pai de Elizabeth foi o último imperador inglês. A Índia se foi e com ela o título que Vitória inaugurou. O falecimento de Elizabeth II é também o fim da geração que acompanhou o maior feito britânico do século 20: a Segunda Guerra Mundial. O próximo rei nasceu depois dela e vários primeiros-ministros nasceram já sob o reinado de Elizabeth II. Encerra-se uma era em que não apenas a rainha terá passado, mas determinada concepção da grandeza e do poderio britânico. A morte da rainha será cara: com ela muda a face da moeda em muitos países do planeta. Mudarão o hino, selos e outras marcas com o rosto sereno da mulher que melhor encarnou, na história, a dignidade e a liturgia solene do cargo de chefe de Estado. A segunda era elisabetana será encerrada como o passamento de uma rainha e de um momento impossível de retornar. A Marinha Britânica não manda mais nos mares e a Revolução Industrial não é mais a glória da Grã-Bretanha. No século 19, Vitória poderia se orgulhar de impor humilhantes derrotas ao imperador chinês nas guerras do Ópio. Hong Kong foi retirada à força do controle manchu como parte do tratado desigual ao fim do conflito. O mundo em que, um dia, sua trineta morrerá tem a China como principal pátria de produtos industriais e com um poder que seria um desafio enorme em caso de guerra. Os navios e canhões britânicos ainda puderam vencer a fraca e decadente força militar da ditadura argentina em seus estertores. As Malvinas/Falklands foram recuperadas. Mas era um réquiem para derrotados e para vitoriosos…

Toque poético que eu desconhecia: o cortejo fúnebre de Eduardo VII, o filho de Vitória e bisavô de Elizabeth, foi precedido pelo seu cachorro de estimação, Caesar, um fox terrier branco. A rainha ama cães corgi, raça que ela associou à Coroa. 

A cena do caixão sendo levado para os muitos tributos que se estenderão por dias será comovente. Eu diria que, mais do que uma morte pomposa e prevista, Elizabeth é, do seu modo, uma mulher que teve uma vida extraordinária. Cercada de cuidados sufocantes, levou adiante a tarefa do pai que deveria restaurar a confiança na Coroa. Para a maioria dos súditos dela nas ilhas e no mundo, será o fim de uma era. É preciso ter esperança: God Save The Queen. 

É HISTORIADOR, ESCRITOR, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, AUTOR DE ‘O DILEMA DO PORCO-ESPINHO’,

EEUA QUER SER PROTAGONISTA DA PROTEÇÃO DO CLIMA

 

Reunião de líderes mundiais quer estabelecer novos compromissos para a redução das emissões de carbono e nasceu do interesse americano de se recolocar como protagonista no cenário internacional após os anos Trump

Redação, O Estado de S.Paulo

A partir desta quinta-feira, 22, líderes mundiais de alguns dos principais países do mundo estarão reunidos na Cúpula de Líderes sobre o Clima. O evento, que será realizado virtualmente em razão da pandemia da covid-19, foi convocado pelo presidente americano, Joe Biden, com o objetivo de discutir a necessidade de novas metas para a redução das emissões de carbono no mundo.

Quarenta líderes mundiais foram convidados a participar da cúpula e, entre os que confirmaram presença, estão os presidentes da China e da RússiaXi Jinping e Vladimir Putin, e o primeiro-ministro da ÍndiaNarendra Modi, cujas nações estão entre os maiores emissores de CO2 do mundo. Além das nações poluidoras, foram convidados também líderes de nações que já são diretamente afetadas pelas mudanças climáticas, como BangladeshJamaica e Quênia.

Termoelétrica EUA Carbono Clima
Termoelétrica Scherer, movida a carvão, um dos maiores emissores de dióxido de carbono dos EUA. Foto: AP Photo/Branden Camp, File

O Brasil está entre os convidados e será representado pelo presidente Jair Bolsonaro, que confirmou presença no evento. Às vésperas da cúpula, o presidente enviou uma carta escrita em primeira pessoa a Biden, enaltecendo sua gestão na área ambiental e afirmando que o País merece ser pago pelos resultados alcançados no que diz respeito a redução da emissão de gases estufa, preservação de áreas nativas e matriz elétrica limpa. “Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta”, escreveu Bolsonaro.

Além da agenda ambiental, o evento também cumpre uma função política para os Estados Unidos, que tenta retomar o protagonismo em temas internacionais após os anos de confronto de Donald Trump com o multilateralismo.

Qual o objetivo da cúpula?

O encontro busca encorajar os países a firmarem compromissos mais arrojados no combate às emissões de carbono para manter viável a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, ou seja, impedir que a temperatura média mundial suba 1,5º C acima dos níveis pré-industriais. Desde o acordo, as emissões no mundo apenas aumentaram.

EUA - Joe Biden - clima
Presidente Joe Biden faz pronunciamento sobre o clima ao lado de seu enviado especial para o tema, John Kerry, e sua vice-presidente, Kamala Harris, na Casa Branca Foto: Evan Vucci/AP

O próprio Acordo de Paris convoca os países a revisitar as suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), que são voluntárias, a cada 5 anos. Isso deveria ter acontecido em 2020, com líderes mundiais anunciando metas mais ambiciosas para 2030 durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), que seria realizada em Glasgow. O evento, contudo, foi remarcado para novembro deste ano razão da pandemia.

No comunicado divulgado pela Casa Branca sobre a convocação dos líderes mundiais para a cúpula, o governo americano afirma que o evento do dia 22 “enfatizará a urgência – e os benefícios econômicos – de uma ação climática mais forte” e que “será um marco importante no caminho para a COP26”.

Algum compromisso vai ser firmado?

A expectativa é que os Estados Unidos anunciem seu novo NDC durante o evento, para coincidir com o Dia da Terra.

Quanto às outras nações, a situação é variável. A União Europeia e o Reino Unido, por exemplo, já apresentaram novos NDCs antes da cúpula e chegam ao evento sem pretensões de assumir novos compromissos. No caso do bloco, os países membros chegaram a um acordo nessa terça-feira, 20, para estabelecer, por lei, o compromisso do tornarem-se neutros para o clima até 2050 e de reduzirem as emissões de gases do efeito estufa em pelo menos 55% até 2030.

Parque Eolico Franca
Parque eólico em Bourlon, na França; União Europeia aprovou lei para atingir neutralidade de carbono até 2050. Foto: REUTERS/Pascal Rossignol/File Photo

A maioria dos países, contudo, ainda não apresentou os NDCs, o que pode resultar na adesão de novas metas por parte deles. Certamente China e Índia, dois dos maiores emissores de CO2 do mundo e que estarão presentes na cúpula, devem atrair a atenção neste sentido.

O que os principais emissores prometeram até agora?

No ano passado, a China anunciou que o país visa a neutralidade de carbono – o que significa que a quantidade de carbono removido da atmosfera é igual ou superior à emitida – até 2060Pequim também prometeu atingir o pico de emissões de dióxido de carbono antes de 2030 e ter 25 por cento de seu consumo total de energia vindo de fontes renováveis até 2030. No entanto, a China ainda não apresentou formalmente seu novo NDC.

União Europeia, terceiro maior emissor do mundo atrás de China e EUA, enviou seus NDCs atualizados à ONU. Eles estabelecem uma meta de redução das emissões em 55% de seu nível de 1990 até 2030, valor que está acima da meta original, que era de 40%. Como os Estados Unidos, pretende ser neutro em carbono até 2050. Os especialistas apontam que mesmo com a atualização, a UE e a China não estão no caminho certo para evitar o aquecimento de 1,5 ° C.

Usina termoelétrica Polonia combistiveis fosseis
Fumaça sai de chaminé da maior usina termoelétrica de Blechatow, na Polônia. Foto: REUTERS/Kacper Pempel/File Photo

Em seus NDCs originais, a Índia – o quarto maior emissor – prometeu ter fontes de energia renováveis responsáveis por 40% de sua geração total de eletricidade até 2030 e aumentar significativamente a cobertura florestal. Também visa reduzir suas emissões por unidade de Produto Interno Bruto (PIB), uma proporção conhecida como intensidade de emissões, de 33 a 35 por cento em relação ao seu nível de 2005. Nova Delhi, porém, ainda não enviou uma meta atualizada.

Os EUA estão atrás apenas da China no que diz respeito às emissões. Biden reinseriu o país ao Acordo de Paris, onde a meta original era reduzir os gases estufa de 26% a 28% em relação ao nível de 2005 até 2050. As autoridades americanas estão considerando cortar as emissões para o dobro até 2030 como parte de seus novos NDCs. Biden também prometeu trabalhar para tornar os Estados Unidos neutros em carbono até 2050.

Quem estará presente?

Quarenta líderes mundiais foram convidados por Biden para a cúpula. Entre eles estão os presidentes e primeiros-ministros dos países que compõem o Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, que reúne 17 nações responsáveis por aproximadamente 80% das emissões de carbono e do PIB global.

Joe Biden - Vladimir Putin
Em imagem de março de 2011, o então vice-presidente americano, Joe Biden (E), cumprimenta Vladimir Putin durante visita a Moscou   Foto: Alexander Zemlianichenko/AP

Também foram convidados chefes de outros países que estão demonstrando forte liderança climática, são especialmente vulneráveis aos impactos do clima ou estão traçando caminhos inovadores. Um pequeno número de líderes empresariais e da sociedade civil também participará da cúpula.

Veja quem foi convidado:

Gaston Browne, premiê de Antigua and Barbuda

Alberto Fernandez, presidente da Argentina

Scott Morrison, premiê da Austrália    

Sheikh Hasina, premiê de Bangladesh

Lotay Tshering, premiê do Butão

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil

Justin Trudeau, premiê do Canadá

Sebastián Piñera, presidente do Chile

Xi Jinping, presidente da China

Iván Duque Márquez, presidente da Colômbia

Félix Tshisekedi, presidente da República Democrática do Congo

Mette Frederiksen, premiê da Dinamarca

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

Charles Michel, presidente do Conselho Europeu

Emmanuel Macron, presidente da França

Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão

Angela Merkel, chanceler da Alemanha

Narendra Modi, premiê da Índia

Joko Widodo, presidente da Indonésia

Benjamin Netanyahu, premiê de Israel

Mario Draghi, premiê da Itália

Andrew Holness, premiê da Jamaica

Yoshihide Suga, premiê do Japão

Uhuru Kenyatta, presidente do Quênia

David Kabua, presidente das Ilhas Marshall

Andrés Manuel López Obrador, presidente do México

Jacinda Ardern, premiê da Nova Zelândia

Muhammadu Buhari, presidente da Nigéria

Erna Solberg, premiê da Noruega

Andrzej Duda, presidente da Polônia

Moon Jae-in, presidente da Coreia do Sul

Vladimir Putin, presidente da Rússia

Salman bin Abdulaziz Al Saud, rei da Arábia Saudita

Lee Hsien Loong, premiê de Cingapura

Matamela Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul

Pedro Sánchez, premiê da Espanha

Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia

Sheikh Khalifa bin Zayed Al Nahyan, presidente dos Emirados Árabes Unidos

Boris Johnson, premiê do Reino Unido

Nguyen Phú Trong, presidente do Vietnã

*COM INFORMAÇÕES DE W.POST, COUNCIL OF FOREIGN RELATIONS E CASA BRANCA

SEGUIR EM FRENTE DESISTIR NUNCA

 

Aqui estão algumas estratégias para ajudá-lo a continuar seguindo em frente quando você sentir vontade de desistir.

André Bartholomeu Fernandes – Jornal do Empreendedor

Você vai encontrar dificuldades no caminho para alcançar seus objetivos. Às vezes, esse processo parece tão assustador que você se sente como se quisesse desistir. Você pode estar a centímetros de chegar ao seu destino, e agora não é o momento de jogar a toalha. Aqui estão algumas estratégias para ajudá-lo a continuar seguindo em frente quando você sentir vontade de desistir.

Concentre-se em quão distante você já chegou

Você trabalhou para um objetivo por um tempo e, talvez, você chegou a um platô ou sofreu alguns contratempos.
Antes de abandonar a sua missão, tire algum tempo para pensar sobre o quão longe você progrediu. Olhe como as coisas eram quando você começou e como elas estão agora.
Você pode ter caído algumas vezes, mas você definitivamente fez grandes progressos também.
Perceba a quantidade de força que você empregou para começar em primeiro lugar, e cultive-a novamente para levá-lo a linha de chegada.

Corra sua própria corrida

Os seres humanos, por natureza, têm a tendência de se compararem uns aos outros. Talvez seus colegas estejam desfrutando de suas carreiras tradicionais, enquanto o seu caminho pode ser pouco convencional.
Suas vidas parecem confortáveis e atraentes, enquanto você enfrenta incertezas. Todo mundo tem seu próprio caminho próprio para seguir, então tente não prestar atenção ao que todos em torno de você estão fazendo.
Você escolheu o seu caminho por uma razão e você tem uma visão para sua vida que ninguém pode ver tão claramente quanto você. Confie em seus instintos e execute sua corrida em seu próprio ritmo.

Aprenda a ser paciente enquando trabalha para seus objetivos

A paciência é a capacidade de permanecer positivo, mesmo quando as coisas não estão indo bem no seu caminho. A pessoa que domina a paciência pode ter tudo o que deseja.
O maior obstáculo para a criatividade é a impaciência; o desejo quase inevitável para acelerar o processo e fazer acontecer. Você tem que lembrar constantemente a si mesmo que qualquer coisa de grande valor necessita de diligência e consistência.
Concentre-se mais no processo do que nos resultados. Mesmo se você está fazendo todos os movimentos certos, o universo pode levar algum tempo para se dar conta das suas realizações.

Concentre-se no que você pode controlar

Há uma famosa oração que diz: “Deus concede-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso, e sabedoria para saber a diferença.”
Ela captura a mentalidade que você precisa para persistir em direção a um resultado desejado. Concentrar-se em coisas fora do seu controle só vai levar à infelicidade e frustração.

Peça orientação para outras pessoas

Não há quase nenhuma situação que você está passando por que alguém não passou por diante. As pessoas têm lidado com depressão, mágoas, obstáculos e contrariedades tudo ao longo da história, e há alguém lá fora que tem uma história que você pode se relacionar.
Encontrar alguém que empurrado por uma situação que era semelhante ao seu. O que eles fizeram para superar suas circunstâncias? Use experiências de outras pessoas para guiá-lo e modelár-se depois de aqueles que alcançaram o resultado que você deseja.

Aprenda com seus erros

Seus erros podem ser usados ​​de duas maneiras. Eles tanto podem ser um lembrete de sua inadequação, o que acabará por parar você mortos em suas trilhas. Ou eles podem ser úteis para refinar sua estratégia daqui para frente.
Vocês, na verdade, estão em pior situação, se você desliza ao topo, sem obstáculos ou erros ao longo do caminho.
Tornando-se bem sucedido demasiado rapidamente e sem dificuldade pode levar à arrogância e uma atitude presunçosa, onde você acha que tem o toque de Midas.
Então, quando você finalmente experimentar alguma falha que você não vai saber como lidar com ela. Faça seus erros seus aliados e se tornar mais inteligente e mais forte por causa deles.

Pesar a dor do esforço contra a dor do arrependimento

“Eu odiava cada minuto do treinamento, mas eu disse ‘Não pare, sofra agora e viva o resto de sua vida como um campeão’.” – Muhammed Ali.

A dor do esforço para alcançar seus objetivos empalidece em comparação com o sofrimento colossal do arrependimento. Sempre que você sentir vontade de desistir, pense em como vai se sentir ao olhar para trás em sua vida e saber que você desistiu de algo que realmente queria. Sinta a dor do arrependimento agora e use como combustível para a sua motivação, ou sofra com isso para o resto de sua vida.

Busque suporte nos seus amigos e família

Expresse seus sonhos e aspirações para aqueles ao seu redor que são confiáveis ​​e que realmente se preocupam com você. Peça-lhes para ajudá-lo a se sentir seguro quando você se perceber que chegou quase no fim de sua corda. Os seres humanos são sociais e precisam confiar um no outro para apoio. Envie um e-mail para os colegas, pedindo-lhes por ajuda e aconselhamento. Nenhum homem é uma ilha. Consiga o apoio das pessoas ao seu redor.

Construa sua resiliência

Quando você é derrubado e volta a se levantar, você prova a si mesmo o quão forte você realmente é.
Eu acho que muitos de nós subestimamos nossas capacidades, especialmente a nossa capacidade de ser resiliente e persistente. O Coronel Sanders teve dezenas de empresas falidas, antes de finalmente contituir o KFC. Ele poderia ter desistido dos seus objetivos depois de vários fracassos.
Em vez disso, ele usou seus fracassos para desenvolver uma forma que não lhe permitiria desistir. Você é somente um fracasso quando desistir completamente.

Comece pelo “Porquê”

Eu falo sobre a palavra “porquê” um pouco, porque a palavra tem muito impacto quando usada em uma perspectiva adequada. Quando você sentir vontade de desistir, pergunte-se por que você começou nesta jornada em primeiro lugar. Depois de um tempo, as lutas e obstáculos pode ofuscar o seu pensamento e você pode começar a perder de vista seu “porquê”. Volte ao início e redescubra sua paixão inicial.

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LULA E BOLSONARO DE NOVO?

 

Decisão do Supremo tornou possível o revival, a mesma urna de dois anos atrás

Rosângela Bittar, O Estado de S.Paulo

O risco do futuro é repetir o passado indesejado. Ou, diante da urna eletrônica de 2022, os eleitores viverem a mesma perplexidade que experimentaram em 2018. Naquele tempo, todos contavam com o benefício de desconhecer os limites da ignorância de Jair Bolsonaro. No ano que vem já não haverá o álibi. A pandemia expôs a realidade e revelou o presidente por inteiro. Seu retrato, ainda sem número, tem lugar reservado.

A decisão do Supremo Tribunal Federal de devolver a Lula condições eleitorais, seja por sentimento de culpa dos magistrados ou por Justiça, foi decisiva. Tornou possível o revival, a mesma urna de dois anos atrás, sina de que só o êxito da CPI da pandemia nos livrará.

Lula e Bolsonaro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro Foto: Amanda Perobelli/Reuters; Dida Sampaio/Estadão

O lado da esquerda também não mudou. Seus dois principais candidatos, Ciro Gomes e Lula, reaparecem agora tal como no passado. O ex-presidente repete até seus fatais encontros marcados com o MDB. Já o cearense de Pindamonhangaba se reapresentou surpreendendo: promoveu um rompimento precoce com Lula e o PT em geral. Tudo igual. Talvez com o agravo de atribuir a Lula um dos traços mais condenáveis e marcantes em Bolsonaro: o ódio a tudo e a todos.

Também os candidatos, ditos de centro, comparecerão em grande número. Talvez vingue uma ou outra surpresa. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do DEM de Minas Gerais, está sendo considerado nas novas hipóteses. É possível, ele tem pressa. Mas sua sorte depende do sucesso da CPI da pandemia. Houve ainda uma fumaça de esperança com o aceno do presidente do PSDB, Bruno Araújo, de pré-lançamento do senador Tasso Jereissati, o que revigoraria o partido que perde terreno a cada eleição.

Do seu polo, o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, apresenta-se com mais densidade que em 2018. Mas não deixa de ser um clone de si mesmo. Nestes dois anos e quatro meses, não melhorou a biografia, e não projeta expectativas. Seus defeitos se realçaram mais que as possíveis qualidades. Entre os traços descobertos entre uma eleição e outra, um determina os últimos movimentos de poder do presidente: a falsidade. Bolsonaro tem sido mestre em ludibriar, adversários e aliados.

Em três circunstâncias recentes o presidente ficou exposto na mágica da enganação. Continua determinado a promover o presidente do BC a ministro da Economia. Roberto Campos Neto, porém, impõe uma condição, só aceitará substituir o amigo Paulo Guedes se o próprio conduzir abertamente o processo. Assim a equação não se desenvolve.

Outro quadro de contradição são os choques públicos de opinião entre o presidente e o seu quarto ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Tudo não passa de um acerto pragmático. Ao convidar Queiroga, ouviu dele que, como médico, não poderia renegar o uso de máscara e o isolamento social, nem mesmo recomendar a cloroquina. Bolsonaro, já cansado do mesmo problema, nem piscou: “Você fala o que quiser e eu faço o que quiser”.

Também o Senado comemorou cedo demais a demissão do chanceler Ernesto Araújo, o terceiro fato recente da falsidade presidencial. Araújo saiu do cargo, mas permanece ativo, representante de Olavo de Carvalho no governo, agora atuando informalmente ao lado de quem deveria ter sido demitido antes dele, o assessor do presidente, Filipe Martins. Aquele tal personagem do gesto racista exibido em rede nacional durante uma sessão do Senado.

Segue o presidente, assim, com seu discurso padrão, do qual se pode destacar, com o recrudescimento da crise sanitária, uma triste impressão. Bolsonaro parece estar apostando que as mortes serão esquecidas até lá. Por isso prefere insistir nos problemas de sobrevivência, amplificados pela economia fechada. A fome, pelo que transparece de suas convicções, terá melhor efeito eleitoral.

A não ser que a CPI da pandemia consiga restabelecer a verdadeira identidade do presidente Jair Bolsonaro.

*COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’ E ANALISTA DE ASSUNTOS POLÍTICOS

PRESIDENCIÁVEIS CONTRA O BOLSONARO

 

Em debate, Ciro, Doria, Haddad, Leite e Huck focam na convergência contra os retrocessos do presidente Jair Bolsonaro, tratado por adjetivos ácidos, puxados pelo já trivial ‘genocida’

Eliane Cantanhêde, O Estado de S.Paulo

O principal recado do debate entre Ciro Gomes, João Doria, Fernando Haddad, Eduardo Leite e Luciano Huck, sábado à noite, foi a civilidade, até gentileza entre eles, ao longo de quase três horas. Deixando as divergências de lado, eles focaram na convergência contra os retrocessos do presidente Jair Bolsonaro, tratado por adjetivos ácidos, puxados pelo já trivial “genocida”.

Há inúmeras frentes para virar a página Bolsonaro e tocar a reconstrução do País, uma espécie de transição à la Itamar Franco pós-Collor. Assim como naquela época, o PT não participa de um projeto de união nacional, mas Haddad compôs bem a mesa, com conhecimento e sobriedade.

Brazil Conference
Ciro Gomes, Eduardo Leite, Fernando Haddad, João Doria e Luciano Huck, durante painel da Brazil Conference mediado por Eliane Cantanhêde e Hussein Kalout Foto: Reprodução

Ciro Gomes, ex-candidato três vezes à Presidência, ex-ministro e ex-governador do Ceará, é o que mais impressiona, com seu malabarismo verbal para juntar temas diferentes, amontoar números e produzir uma imagem de experiência e competência. Foi, também, responsável pela maior lista de “atributos” do presidente.

Doria foi Doria, a começar do vídeo e do áudio impecáveis, tudo milimetricamente programado. O governador de São Paulo explorou o fato de ter liderado a guerra pelas vacinas contra a covid no País e deixou o carimbo mais contundente contra Bolsonaro: “mito das mortes”.

Haddad, ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro da Educação e ex-adversário de Bolsonaro no segundo turno de 2018, foi menos candidato, mais militante, preocupado em defender os feitos dos governos do PT, enquanto batia duro no “autoritarismo” de Bolsonaro.

Eduardo Leite, o jovem tucano que saiu de uma prefeitura do interior para o governo do Rio Grande do Sul sem passar pelo Legislativo, mediu palavras e fugiu da eloquência e da agressividade dos demais contra o presidente e o governo. Foi bastante crítico, mas num tom abaixo.

Essas impressões são, de certa forma, consensuais, mas quem mais dividiu opiniões foi Huck, celebridade sem passagem pelo setor público. Para uns, incapaz de enfrentar o debate no campo da economia e das políticas públicas. Para outros, foi o que focou nos dois temas do futuro: era digital e desigualdade social. “Mais jovem, mais atualizado”, resumiu uma importante jornalista. Se isso define um bom candidato, é outra história.

No final, o professor Hussein Kalout, que dividia comigo a mediação no encerramento da Brazil Conference, organizada por estudantes brasileiros de Harvard e MIT, lançou um desafio: Bolsonaro fez algo de bom? O primeiro a cair na armadilha foi Ciro: a menor taxa de juros em 30 anos. Leite citou a reforma da Previdência. Huck, o auxílio emergencial.

Na verdade, a reforma veio do governo Temer e o auxílio emergencial foi obra do Congresso. Haddad foi no ponto: todo governo democrático tem qualidades e defeitos, mas os “autoritários” não têm qualidades. E Doria concluiu: o grande feito de Bolsonaro foi transformar o Brasil em pária internacional. Só ele conseguiria isso.

Foram abordados: pandemia, fome, economia, política externa, ambiente, educação, ciência e tecnologia, mas também autoritarismo e investidas sobre polícias estaduais. Ao citar o motim da PM do Ceará, quando seu irmão, senador Cid Gomes, levou dois tiros, Ciro Gomes disse que a intenção de Bolsonaro é “formar uma milícia militar para resistir, de forma armada, à derrota eleitoral”. O temor é generalizado.

Exceto Haddad, os outros já tinham assinado um manifesto pela democracia e novos nomes nessa linha continuam surgindo: Tasso Jereissati, Temer, Luiza Trajano, Luiz Henrique Mandetta… Quem tem tantos nomes é porque não tem nenhum, mas o fundamental é que proliferam frentes para construir um projeto de união nacional pela democracia, pela gestão, pela vida. É assim que tudo começa…

*COMENTARISTA DA RÁDIO ELDORADO, DA RÁDIO JORNAL (PE) E DO TELEJORNAL GLOBONEWS EM PAUTA

CONVERSA ENTRE O BARÃO DO RIO BRANCO E O NOVO CHANCELER

 

‘É preciso recuperar a sobriedade do Itamaraty após o banho de obscurantismo que se impôs àquela Casa’; leia a crônica de Hussein Kalout

Hussein Kalout*, O Estado de S.Paulo

Olá meu jovem, como você está? Ah, sim, voltei. A causa é nobre e imperativa. Quero transmitir uma singela mensagem ao novo chefe do Itamaraty. Vamos, vamos, estou apurado! Finalmente, o inominado foi despachado para fora da cadeira que com tanta dignidade leguei a tantos sucessores. Sabe meu jovem, é preciso recuperar a sobriedade do Itamaraty após o banho de obscurantismo que se impôs àquela Casa. Tá chegando o Dia do Diplomata e dois dedos de prosa no pé do ouvido do novo incumbente serão mais do que necessários.

Note, meu rapaz, a reclamação no céu é generalizada. Nossa reputação lá no além está na lona. Os meus pares estrangeiros mal conseguem acreditar como o nosso país foi arrastado para o fundo do poço. Seja na economia, no meio ambiente e agora com essa pandemia mortífera. Ah, se é a culpa do presidente? É culpa de tanta gente que não cabe aqui tecer um tomo de consideração. Muita gente caiu no conto do vigário. Uns por opção e outros….deixe para lá! Vamos, por favor, me ajude aqui com essa caixa. O que tem nela? Acalme-se, segure a sua curiosidade, meu rapaz! No final te explico. No final!

San Tiago Dantas me implorou a aconselhar o novo chanceler de que é preciso, urgentemente, reorganizar as linhas estratégicas da política externa. Veja, meu rapaz, o dano foi tamanho que o altíssimo está boquiaberto com nosso Brasil. A última coisa que ele quer ouvir é que “Deus é brasileiro”. Quem poderia imaginar que um país miscigenado como o nosso iria sucumbir a uma seita escabrosa como essa que se instalou no poder. É inimaginável pensar que suprematistas delinquentes tomaram conta das mais elevadas funções da nação.

Barão do Rio Branco
Ilustração do Barão do Rio Branco na capa da revista ‘O Malho’ de agosto de 1908 Foto: O Malho

O “cabeção” está em estado de revolta. Quem é o “cabeção”? É o Rui Barbosa, ora! A nossa imortal enciclopédia jurídica! Por que ele está todo “enfezado”? Você não viu o que ocorreu no Senado da República? Ele queria até vir comigo para papear com os confrades daquela Casa. Foi um ultraje o que lá ocorreu. Me sinto até constrangido em replicar as palavras do distinto Horácio Lafer. Esbravejou e com razão. Aqueles cujas família sofreram com a indignidade do Holocausto nazista estão todos revoltados em ver como o extremismo tomou conta do nosso país. Não se pode esquecer a história, meu jovem!

Repare você, até o velho portuga pernambucano veio falar comigo. Quem é ele? Ah…Oliveira Lima, um velho desafeto. Coisa do passado. Lá em cima ficou tudo superado. Aturdido com a pasmaceira que se tornou a nossa diplomacia, o velho Lima veio me pedir para alertar o novo chefe do Itamaraty que é preciso altivez e serenidade no exercício dessa difícil função. A genialidade dele me causava certa inveja. O chamavam de o “embaixador intelectual do Brasil”.

Aliás, em nossa última confraria o Luís Felipe estava com aquela cara enraivecida. Quem é? O Lampreia, meu jovem. Um sucessor meu que exerceu com recato a função de ministro do exterior. Entre conversa e outra, ele não se refutou em questionar como seria aceitar ser ministro de um presidente distópico, irascível e que afundou o país nesse descambo humanitário que o povo vive. Não é fácil, meu jovem, compor um gabinete ministerial com um cemitério de 370 mil mortos e um inapagável passivo de um Brasil totalmente desgovernado.

Argumentei, na tentativa de acalmá-lo, que deveríamos estar aliviados pela troca no nosso Itamaraty. Disse a ele que precisaríamos compreender que não cabia ao chanceler recusar tal missão. Um funcionário de Estado que dedicou 30 anos de sua vida profissional a uma instituição como é o Itamaraty, não estaria em condição de se eximir da tarefa de ajudar a sua própria Casa e seus pares da desventura que sobre eles e sobre o Brasil foi lançada. Como? Se ele estava muito bravo? Estava esbravejando. O Vasco e o Afonso tentaram acalmá-lo da agrura que dominava o seu ímpeto.

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O Palácio do Itamaraty, em Brasília  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Que Vasco???  Não, não, não, não é o time de futebol da segunda divisão do futebol brasileiro, meu jovem! Se estou sabendo que eles são os fregueses do Flamengo. Ah, meu jovem, disso o universo inteiro sabe. Aliás, nos convescotes da brasileirada o pessoal da fuzarca não quer saber de futebol. Quando o mestre Ziza e o Didi Folha Seca começam a falar do “Mais Querido do Brasil”, os vascaínos logo se escondem. Quem é o seu Didi? Não, meu jovem, não é humorista de “Os Trapalhões”. Como diz o hilário Mussum da Mangueira em nossas rodas de mé: “a ignorância reina a galopis no Brasil…cacildes!” Conheces da televisão. Entendi! Enfim, voltemos ao nosso foco. Falei do Vasco Leitão da Cunha. Um diplomata conservador e de bom tirocínio. Não é um desses conservadores mequetrefes de hoje em dia, meu jovem!

Ah, quer saber quem é o Afonso…? Isso? É o Arinos de Mello Franco. Foi chanceler do Jango, o último presidente antes do regime militar inaugurado em 1964. Os generais? O que tem? Estão pê da vida com o presidente atual? Não é para menos, estavam ou estão sendo arrastados pelo atual mandatário para fundo do buraco. Soube que caiu toda a cúpula da Defesa do país em 24 horas. Santo Deus, quanto desatino. O Caxias está em polvorosa. Caixa? Que caixa? Não, esquece a caixa. Segura a sua curiosidade. Falo de Duque de Caxias, o patrono dos Verde Oliva, o Exército Brasileiro. Ah… o quê? O presidente disse que é dele o Exército? O quê…? Chamou de “seu”, foi? Não é possível! As Forças Armadas são patrimônio do povo brasileiro. Coitado do presidente Ernesto…tá enlouquecido com o tenente Bolsonaro. Ah, é capitão?! Certo! Araújo..? Não, não é o inominável. Esse tem muita conta a prestar ao altíssimo! Falo do presidente Geisel. Enfim, deixa para lá…

Como será a minha conversa como novo Chanceler? Direi ao França, se consignar essa intimidade é claro, o que penso com toda franqueza. Embaixador de onde? Da França? Não, meu rapaz. Falo do meu sucessor, o embaixador Carlos França. O Evandro Lins e Silva disse que seria uma loucura aceitar ser ministro do exterior de um homem com pouco apreço pela democracia e pelo Estado de direito.

O Domício da Gama, arguto como é, sublinhou que seria ato de acovardamento se o jovem embaixador França tivesse recusado a designação. Recusar a missiva, alertou Domício, lançaria em desgraça o indicado junto ao próprio presidente e ainda junto aos seus companheiros de carreira. Não somente seria chutado para fora do Palácio do Planalto como assessor presidencial, mas, seria posto ao relento.

Quando defrontados com a tentativa de compreender como é aceitar servir a um presidente da República cujo seu confesso projeto internacional, desde o nascedouro, se esmerava na destruição do corolário doutrinário da nossa política exterior e na refundação dos cânones de regerem a nossa diplomacia desde os tempos do Conselho do império, é de fato escabroso. Se passou pela cabeça dele quais seriam as consequências? Penso que sim! A seu favor, cabe alegar que se cercou de duas boas cabeças. Juntou a experiência com a capacidade de formulação. Indicou um bom secretário-geral para as relações exteriores e competente diplomata para a chefia de gabinete. Mas, o problema é se terá autonomia e independência para trabalhar.

Não irei me furtar em lhe transmitir a mensagem de Ítalo Zappa: “não se esqueça da África”. Será preciso tirar da inércia a nossa relação bilateral com os países daquele continente. Pois, não podemos negar a nossa ancestralidade. Precisamos lembrar de onde viemos e quem somos!  Ah, e o Simon me indagou outro dia sobre os nossos crassos erros na América do Sul. Disse-me com todas as letras que estamos à deriva. Quem é o Simon? É o Bolívar, meu jovem. Conhecido como “El Libertador” de Américas. O que? Amigo de Chávez? Não creio que sejam, meu jovem. Não creio. Se o Brasil demorar a recobrar a sua capacidade de atuar no xadrez sul-americano, será tarde e o vácuo por nós deixado não será mais recuperado. Quem não lidera em sua própria região, não liderará em lugar algum, meu jovem! Sempre buscamos ser os promotores da paz e indutores do desenvolvimento em nossa vizinhança. E hoje já padecemos do respeito de nossos irmãos sul-americanos. É muito grave, meu jovem! É o maior risco estratégico ao interesse nacional!

Chegamos, Chegamos! Me ajude a descer, por favor! Essa minha protuberância é um caso sanitário! Ah…se eu vou falar com o Presidente sobre a crise sanitária?! Ah, não! Deste Senhor eu já desisti. Não há a menor condição! Espero que o Brasil acorde logo e veja o descalabro em que virou a República.

Pegue a caixa também. O que há nela? És um curioso teimoso! São três livros para o meu novo sucessor. Talvez ele já os tenha lido. Mas, não custa revisitá-los. Um deles é do melhor chanceler que o Brasil nunca teve o privilégio de ter. A Diplomacia na Construção do Brasil de Rubens Ricupero. Uma grande obra! O outro é do mestre dos mestres: Casa Grande e Senzala. Do imortal Gilberto Freyre. Ah, como? Se é comunista? Oh, céus! E o último é Raízes do Brasil do magnífico Sérgio Buarque de Holanda.

Sabe, meu jovem, está na hora de devolver ao Itamaraty o mínimo de integridade e ao ofício de ministro do exterior a sua devida dignidade! O Brasil está exaurido de tanto desvario. Grato e até breve, meu jovem!

*HUSSEIN KALOUT, é cientista político, professor de Relações Internacionais e pesquisador da Universidade Harvard. Foi Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (2017-2018).

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