Para membros do Supremo e governadores, a ação na Corte de Jair Bolsonaro contra o toque de recolher em três Estados (DF, BA e RS) tem jeitão de pegadinha: se o STF aceitar, vitória do presidente; se recusar, ele e seus filhos reforçam a narrativa de culpar os ministros por sua inoperância na pandemia, na linha do “tentei, mas não me deixaram”. A ação, assinada pelo próprio presidente, o que é incomum, foi vista como “inócua”. Há quem defenda na Corte que a decisão deixe claro o que é dever de presidente, de governadores e de prefeitos na pandemia.
Caso… Governadores relatam preços extorsivos e “chantagens” de vendedores de insumos. Por isso, apelam ao governo federal: assuma a responsabilidade com uma compra coletiva.
…sério.Wellington Dias (PT-PI) espera um encontro virtual com o novo ministro para tratar do assunto. “A esperança é que ele possa atender nosso pleito e também dos municípios. Caso contrário, vamos ter que agir. Situação delicada e insegurança pela elevação de preços”, disse à Coluna.
Sem tempo. O governador Rui Costa (PT-BA) orientou o procurador-geral do Estado a entrar com uma ação no STF para obrigar Bolsonaro a centralizar as compras e fazer as requisições necessárias.
Diga… Em Brasília, há quem entenda que o ministro Ricardo Lewandowski, relator dos principais casos da pandemia no Supremo, já fez mais pelo combate à doença do que Eduardo Pazuello em dez meses.
SINAIS PARTICULARES. Ricardo Lewandowski, ministro do STF
Ilustração: Kleber Sales
CLICK. Em homenagem a Major Olimpio (à dir.), vítima da covid-19, Tasso Jereissati (PSDB-CE) relembrou a convivência com o colega no Senado: “Homem de princípios”.
Reprodução/Instagram
Custo… Do ex-ministro Antonio Imbassahy sobre a absolvição do ex-presidente Michel Temer no caso do “decreto dos portos”: “A acusação não iria prevalecer porque é falsa”.
…alto. “Esse assunto trouxe dura realidade: impediu a reforma da Previdência e avanços na modernização do País. Estamos pagando até hoje, foi uma trama que foi montada. Vida que segue”, disse à Coluna.
Xi. É tensa nos bastidores a relação entre as equipes de João Doria e Bruno Covas. Do lado do prefeito, compraram a briga: o governador não assume a decisão do lockdown e critica a cidade por buscar alternativas.
Segue… Mesmo após o veto ao projeto que determinava o uso de câmeras com reconhecimento facial em todas as estações de trens e metrô de São Paulo, o contrato de compra de equipamentos, no valor de R$ 58,6 milhões, será mantido.
…o jogo. De acordo com o secretário estadual Alexandre Baldy, o departamento jurídico do Metrô entende que o escopo do contrato é de monitoramento eletrônico e o serviço de reconhecimento facial não será realizado. Por isso, a compra dos equipamentos ainda se faz necessária.
Problemas. Advogados que acompanham a licitação, porém, dizem que há problemas no contrato porque os equipamentos comprados seriam inadequados. Eles esperam que o TCE e o MP façam recomendações no sentido de suspender a licitação. Segundo Baldy, se houver decisão judicial, o Metrô vai acatar.
PRONTO, FALEI!
Foto: Christina Rufatto
Heni Ozi Cukier, deputado estadual (Novo-SP): “Até quando vamos tolerar o presidente ameaçar dar golpe de Estado? Até quando vamos tolerar o boicote assassino contra o combate à pandemia? Basta!”
COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.
Carne feita de plantas: entenda como funciona esse mercado bilionário
Conheça como o mercado de carne feita de plantas tem se desenvolvido no Brasil e no mundo – e quais são as startups para ficar de olho!
Por Tainá Freitas – 4DStartSe University
Você pode até não comer as carnes “feitas de plantas”, mas deve começar a olhar atentamente para elas por outro motivo: o potencial mercadológico. Em 2019, o mercado global de carne vegetal foi avaliado em US$ 3,3 bilhões, de acordo com a GrandView Research.
Nos supermercados, esses produtos já concorrem com as carnes “tradicionais” nas gôndolas. São muitas as opções: hambúrgueres, linguiças, almôndegas, frangos e peixes. Elas são criadas com diferentes matérias-primas: soja, ervilha, batata, grão de bico, beterraba… A receita varia de acordo com o fabricante.
As carnes feitas de planta conquistam paladares pela semelhança e por todo o caminho percorrido até a mesa do consumidor. Isso porque não há sacrifício animal; e, em algumas marcas, há a premissa de um menor impacto ambiental.
Além da perspectiva ambiental, existe também a social: a estimativa da ONU é de que a população mundial alcance cerca de 10 bilhões de pessoas em 2050. Como alimentar tanta gente é uma das preocupações no mundo inteiro desde já – e a carne plant-based e até de laboratório se tornam alternativas cada vez mais viáveis.
É o futuro?
Futuro Burger 3.0, da Fazenda Futuro
Em 2017, Marcos Leta, fundador da empresa de sucos Do Bem, e seu sócio Alfredo Strechinsky criaram a startupFazenda Futuro. A empresa foi fundada após estudarem o mercado brasileiro de alimentos. Desde o início, a premissa foi concorrer com os frigoríficos, para ganhar o paladar de quem consome carne. O plant-based não se restringe aos vegetarianos e veganos.
A foodtech carrega em seu nome o que acredita – que, em breve, as carnes feitas de planta farão parte da fazenda do futuro. A iniciativa já é, em parte, uma realidade: a startup brasileira exporta seus produtos para 14 países.
Segundo dados do Grupo Pão de Açúcar disponibilizados pela companhia, a venda de carnes à base de plantas cresceu a uma média constante de 150% desde maio de 2019 nas lojas Extra e Pão de Açúcar. Atualmente, alternativas plant-based representam 1/3 da venda bruta total dos hambúrgueres congelados.
Mariana Tunis, líder de marketing da Fazenda Futuro, explica como a companhia tem trabalhado para se desempenhar em cada país: “Temos mercados que estão em desenvolvimento, como o Brasil, e ainda mercados mais competitivos tanto em produtos quanto em marcas. Em cada um deles temos algo novo a aprender sobre posicionamento. Aprendemos como consumidores entendem a categoria e como já é de nossa essência, hackeamos, e nos adaptamos para ser uma marca que efetivamente fala com o consumidor local”.
A resposta dos frigoríficos
No Brasil e no mundo, grandes frigoríficos não estão alheios à tendência. A americana Tyson Foods, por exemplo, já possui suas versões de nuggets plant-based. A JBS estuda criar uma empresa independente apenas para lidar com proteína vegetal. Nas prateleiras, a companhia traz seus produtos na linha “Incrível”, da Seara.
“Já esperávamos um movimento deles [frigoríficos] em relação a nossa chegada. Essa abertura de mercado é importante para a categoria, mas nós seguimos acreditando que temos um diferencial importante: além de pioneiros no Brasil, temos propósito. Queremos mudar como as pessoas consomem carne, trazendo também sustentabilidade, saudabilidade e sem sofrimento animal”, afirma Mariana Tunis.
… e dos restaurantes
McPlant oferecido no site do McDonald’s Dinamarca (foto: montagem/McDonald’s)
A mudança tem acontecido também em restaurantes, que passaram a oferecer alternativas plant-based, inspiradas em carnes ou não. No Brasil, a alternativa vegetariana do McDonald’s é um queijo coalho empanado, enquanto no Burger King existem duas opções: hambúrguer plant-based inspirado em carne ou de grão-de-bico.
Já nos Estados Unidos, o McDonald’s não apenas oferece uma versão de carne feita de plantas, como realizou uma parceria com a Beyond Meat – uma das maiores empresas do mercado – para desenvolvimento do “McPlant”, uma alternativa exclusiva para o fast-food de arcos dourados.
Enquanto isso, o Burger King dos Estados Unidos optou por fazer uma parceria com a concorrente da Beyond Meat. A Impossible Foods foi a empresa escolhida para oferecer os hambúrgueres na rede de restaurantes.
A Beyond Meat, fundada em 2009, possui capital aberto e o valor de mercado de US$ 8,97 bilhões. Já a Impossible Foods, de 2011 e do Vale do Silício, é de capital privado e já recebeu US$ 1,4 bilhão em investimentos.
A gente já experimentou um hambúrguer da Beyond Meat, confira no vídeo:
Mercado em desenvolvimento
Brasileiros estão desenvolvendo carnes feitas de plantas não apenas no Brasil, mas também ao redor do mundo. André Menezes entendeu como esse mercado funciona na Ásia após ir para Singapura e se tornar gerente geral da Country Foods Singapore (joint venture da Sats com BRF).
“Nasci comendo e adorando carne, nunca achei que ela poderia ser substituída, mas experimentei o Impossible em 2016 e entendi a mudança acontecendo. Como CEO da joint venture, tinha o dever de olhar para o futuro. Se não vai ter carne, qual é a alternativa?”, explicou André Menezes em entrevista à StartSe.
Hoje, Menezes é fundador da Next Gen, junto ao sócio Timo Recker. Recker também fundou a LikeMeat, empresa do setor que foi vendida posteriormente. Foi com o capital de US$ 2,2 milhões que eles iniciaram a companhia, que recentemente levantou US$ 10 milhões em uma rodada semente. Agora, eles estão trazendo frango à base de plantas para prateleiras da Ásia – e, em breve, para outras regiões do mundo.
“O maior consumo de carne do mundo está no oriente, mas carne plant-based ainda é muito incipiente por aqui. Singapura e Hong Kong são as exceções neste aspecto”, conta Menezes. “Existe um interesse e uma aceleração na aceitação de dois anos para cá. A maior parte da população acredita que isso está aqui para ficar e está disposta a aceitar”.
Menezes conta que a fatia deste mercado em comparação ao de carne ainda é irrelevante, mas que há um grande crescimento. Marcas como Beyond Meat, Impossible Foods e Only Porks já fazem parte da rotina em Singapura.
André Menezes, cofundador da Next Gen
Carne x frango
Diferente da Fazenda Futuro, a aposta de primeiro produto da Next Gen é o frango feito de plantas. Por que o frango? “É a proteína mais consumida do mundo, mais versátil e mais aceita na Ásia. O frango é universal, pois quase todas as religiões, países e culturas são abertos ao consumo”, explica Menezes.
Ele ressalta que o produto é um frango com fibras, cheiro e textura de frango – e não de nuggets, como é comum encontrar. Entre os ingredientes, estão a água, soja, óleo de girassol, fibra de aveia, entre outros.
“O valor nutricional é bastante próximo ao frango. Em Singapura, há a ‘escolha mais saudável’, em que produtos mais saudáveis no ponto de vista nutricional recebem um cedo. Em geral, plant-based é melhor que a média em sódio e gordura saturada”, afirmou o fundador da Next Gen.
A startup não possui fábricas próprias, mas parceiros que produzem o produto a partir de sua receita e ingredientes. O modelo foi adotado para facilitar a expansão ao redor do mundo. Atualmente, o frango é produzido na Holanda e comercializado diretamente para restaurantes.
“Por ter trabalhado com líderes globais e Temo ter a experiência prévia com a LikeMeat, temos um entendimento mais claro do que fazer ou não. Vamos ter fábricas ou trabalhar com parceiros? Vamos vender para mercados ou direto para restaurantes? Essas foram algumas das questões”, disse Menezes.
E o preço?
No Brasil, a bandeja com dois hambúrgueres da Fazenda Futuro é vendida por cerca de R$ 16. Na Next Gen, o preço em Singapura ainda não foi definido, mas a estimativa é que pratos com o frango à base de plantas tenham o valor 10% maior do que com o tradicional. No entanto, as duas companhias concordam em um ponto: o preço tende a diminuir quando a adoção aumenta.
“Existe uma percepção que o plant-based será sempre mais caro. À longo prazo, poderá ser mais barato do que a carne tradicional. O preço hoje é mais alto por não ter escala. Com o tempo, o consumidor sentirá que não está perdendo nada em se alimentar de forma mais sustentável”, acredita o COO da Next Gen.
Assim como criaram a carne feita de plantas, a Startup Valeon um marketplace aqui do Vale do Aço foi criada para atuar no ramo de Publicidade e Propaganda online e pretendemos atender às 27 cidades do Valeo do Aço.
A nossa Plataforma de Compras e Vendas que ora disponibilizamos para utilização das Empresas, Prestadores de Serviços e Profissionais Autônomos e para a audiência é um produto inovador sem concorrentes na região e foi projetada para atender às necessidades locais e oferecemos condições de adesão muito mais em conta que qualquer outro meio de comunicação.
Viemos para suprir as demandas da região no que tange a divulgação de produtos/serviços cuja finalidade é a prestação de serviços diferenciados para a conquista cada vez maior de mais clientes e públicos.
Aprovada por 50 votos a 12. A tão desejada PELA GRANDE MAIORIA DOS ELEITORES BRASILEIROS E PESSOAS DE BEM. Prisão em 2º instância, tem votação esmagadora na Comissão de constituição e justiça
Agora conheça os 12 deputados CORRUPTOS que votaram contra a prisão em 2ª instância na CCJ:
1º) Renildo Calheiros PCdoB (Pernambuco)
2º) João Campos PSB (Pernambuco)
3º) Arthur de Oliveira Maia (DEM)
4º) Clarissa Garotinho (PROS)
5º) Talíria Petrone ( PSOL )
6º) Alencar Braga ( PT )
7º) José Guimarães ( PT )
8º) Maria do Rosário ( PT )
9º) Nelson Peregrino ( PT )
10º) Patrus Ananias ( PT )
11º) Erika kokai ( PT )
12º) Odair Cunha ( PT ) NOTE QUE DOS 12, 7 ou 58% SÃO DO PT DIVULGUEM! MOSTRE OS POLÍTICOS CORRUPTOS E SEUS PARTIDOS NEFASTOS, QUE ESTÃO CONTRA NOS. NÃO SE ESQUEÇA DELES NO DIA DAS ELEIÇÕES. RETIRAR ESSES BANDIDOS DO CENÁRIO POLÍTICO, É UM DEVER CÍVICO!
PT NUNCA MAIS
VAMOS REPASSAR VÁRIAS VEZES ATÉ O DIA DA ELEIÇÃO PARA NÃO SE VOTAR NESSES TRAIDORES
BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que o governo federal poderá tomar “medidas duras” se a ação que apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra as políticas de restrição de circulação de pessoas tomadas por governadores não prosperar, e incentivou as pessoas a saírem de casa apesar da pandemia de coronavírus.
Em uma conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse esperar que a ação direta de inconstitucionalidade que enviou na véspera ao STF “dê certo” e que é preciso defender o direito de ir e vir, ou o país vai “sucumbir”.
Se dizendo preocupado com a fome, o presidente afirmou que o Brasil vai viver o caos e terá problemas gravíssimos.
“Onde é que nós vamos parar? Será que o governo federal vai ter que tomar uma decisão antes que isso aconteça? Será que a população está preparada para uma ação do governo federal dura no tocante a isso? Que é dura? É para dar liberdade para o povo. É para dar o direito do povo trabalhar”, disse Bolsonaro, sem esclarecer o que chama de “medida dura” e o que poderia fazer.
Apesar do tom, o presidente garantiu que não estaria falando de ditadura.
“Não é ditadura não. Uns hipócritas aí falando em ditadura o tempo todo, uns imbecis. Agora o terreno fértil para ditadura é exatamente a miséria, a fome, a pobreza, onde o homem com necessidade perde a razão. Estão esperando o quê? Vai chegar esse momento. Eu gostaria que não chegasse esse momento, mas vai acabar chegando”, afirmou.
Bolsonaro apresentou na quinta-feira uma ação direta de inconstitucionalidade contra decretos estaduais que impedem a circulação da população à noite nos Estados do Rio Grande do Sul, Bahia e Distrito Federal, e também quer que os Estados precisam aprovar leis para decretar medidas de contenção de circulação, o que na prática retardaria a aplicação das medidas voltadas a atacar a pandemia de Covid-19.
Na manhã desta sexta, o presidente disse que prepara mais ações no STF. Bolsonaro também finaliza um projeto de lei a ser enviado ao Congresso que transforma todas as atividades econômicas em essenciais, o que impediria governadores e prefeitos de proibir o funcionamento de quaisquer negócios.
Bolsonaro não disse o que fará se o STF negar seu pedido de liminar, mas acusou os governadores de “usurpar a Constituição”, afirmou que as medidas de fechamento de negócios estão “matando as pessoas” e, mais uma vez, disse que em todos os países morrem pessoas por Covid.
Também insinuou novamente, sem provas, que recursos federais repassados a Estados e municípios para enfrentar a Covid teriam desaparecido.
O presidente disse ainda que os brasileiros precisam ter assegurado seu direito de ir e vir e que não deixará o “seu Exército” cumprir ordens de restrição.
“O meu Exército não vai para a rua cumprir decreto de governadores. Não vai. Se o povo começar a sair, entrar na desobediência civil, sair de casa, não adianta pedir o Exército que meu Exército não vai, nem por ordem do papa. Não vai”, afirmou
Anvisa e Butantan discutem testes com soro equino contra Covid-19
Da Redação – Agência Brasil
Técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Butantan se reuniram, nesta sexta-feira, 19, para tratar sobre o pedido de autorização de pesquisa em seres humanos do soro equino desenvolvido contra a Covid-19, também conhecido como soro hiperimune anti-Sars-CoV-2.
A equipe do Butantan indicou que fará as adequações em nova versão do protocolo de pesquisa para cobrir aspectos importantes da condução da pesquisa que ainda estão em aberto. Nenhum estudo em humanos com esse soro foi realizado até o momento, o que requer autorização da Anvisa. As informações até o momento referem-se apenas a estudos em animais.
O objetivo é verificar se a proposta de estudo é suficiente para produzir dados confiáveis sobre a segurança e eficácia do medicamento. Isso envolve a avaliação do desenho estatístico da pesquisa, perfil de voluntários, definição de doses que serão testadas, entre outros aspectos.
No dia 2 de março, a Anvisa recebeu do Butantan o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) do soro hiperimune anti-Sars-CoV-2. Em 4 de março, a Anvisa enviou suas considerações técnicas para o Butantan sobre o primeiro pedido. No dia 10 de março, o Butantan enviou o Dossiê Específico de Ensaio Clínico, que apresenta a proposta de como o estudo será realizado, quantos voluntários participarão e onde os estudos serão conduzidos.
Cavalos
Se apresentar a eficácia esperada na próxima etapa de testes, o soro poderá ser usado para tratar pessoas que apresentem os primeiros sintomas da doença, para bloquear o avanço da infecção. Aplicado em cavalos, em resposta ao vírus os animais produzem anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG), extraídos do sangue e purificados de acordo com uma técnica usada no instituto há décadas para produção de outros soros. Informações sobre a técnica podem ser lidas em artigo publicado na página da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Biden e Bolsonaro se preparam para um confronto sobre a Amazônia
Pela primeira vez as relações entre Brasil e Estados Unidos dependem da proteção da floresta tropical
The Economist, O Estado de S.Paulo
As empresas brasileiras raramente pregam uma política verde. Mas em julho do ano passado, depois deJair Bolsonaro assumir a presidência, o desmatamento desenfreado na Amazônia levou 30 CEOs a se manifestarem em alto e bom som. O investimento estrangeiro vinha caindo e as conversões comerciais paralisaram.
“Esta percepção negativa tem um potencial enorme para causar danos”, escreveram eles numa carta ao governo, insistindo para Bolsonaro fazer alguma coisa. Ele os ignorou e o ritmo do desmatamento, como foi noticiado em novembro, foi 10% mais acelerado do que em 2019. O presidente ainda fez cortes no orçamento para a fiscalização ambiental pelo terceiro ano consecutivo.
Agora, os patrões brasileiros colocam suas esperanças em um outro presidente que não tem o desprezo populista de Bolsonaro para com a ciência.Joe Biden indicou que suas políticas domésticas e externas terão por meta conter a mudança climática. Mais de 60% da cobertura florestal remanescente na Amazônia está no Brasil. Não só a floresta tropical abriga uma grande biodiversidade insubstituível, mas também é um reservatório de carbono. As queimadas e as derrubadas de árvores a transformam, ao contrário, numa fonte de emissões de dióxido de carbono.
A diplomacia americana neste governo Biden vai tentar convencer Bolsonaro a não permitir que isso ocorra. Esta talvez seja a primeira vez que uma importante relação bilateral se concentra nas árvores.
E isso representa riscos e oportunidades para o Brasil. Quando Biden afirmou em um debate em setembro que o Brasil enfrentaria “consequências econômicas” se não “detiver a destruição da floresta tropical”, Bolsonaro, pelo Twitter, respondeu que “nossa soberania não é negociável”. Posteriormente, no que soou como uma ameaça, afirmou que o Brasil necessitará de “pólvora” se a diplomacia falhar.
Agora as tensões de algum modo diminuíram. Biden pediu a John Kerry, seu enviado para o clima, para cumprir uma promessa feita durante sua campanha, de arrecadar US$ 20 bilhões, com ajuda de outros países, para a Amazônia. Em fevereiro, Kerry manteve uma conversa telefônica com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, e com o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles. “Temos de construir pontes”, afirmou Salles.
Em entrevista a The Economist, Kerry afirmou que não estaria “apenas impondo”, mas trabalhando com o Brasil. Admitiu que não será fácil, acrescentando que está lidando com um “governo que se sente ofendido da maneira como foi abordado até agora”.
Em ambos os países, especialistas tentam montar um acordo em que os dois presidentes possam clamar vitória. Em janeiro, um grupo de autoridades de governo e membros de delegações negociadoras na questão climática publicaram um “Plano de Proteção da Amazônia”, em que o financiamento para os países da região Amazônica seria uma condição para reduzir o desmatamento. No Brasil, CEOs de empresas e cientistas criaram o movimento chamado Concertação pela Amazônia e vêm fazendo pressão para que uma parcela dessa ajuda vá para o desenvolvimento sustentável.
Doações
Até recentemente, Brasil e EUA eram participantes ativos nas negociações sobre o clima. Quando foi secretário de Estado, em 2016, Kerry assinou o acordo sobre o clima de Paris. O Brasil usou sua posição de gestor da Amazônia para “se mostrar muito pretensioso”, diz Tom Shannon, ex-embaixador americano no Brasil. Entre 2008 e 2019, Noruega e Alemanha doaram mais de US$ 1 bilhão para o Fundo da Amazônia do Brasil, cuja meta é reduzir o desmatamento e apoiar o desenvolvimento sustentável. Mas depois que o presidente Donald Trump se retirou do Acordo de Paris, Brasil, China e outros países pareceram usar sua indiferença pelo meio ambiente como pretexto para negligenciar seus compromissos.
Quando Bolsonaro assumiu a presidência, em 2019, “uma relação que era entre Estados e sociedades se tornou um relacionamento entre dois moleques”, disse Shannon, referindo-se à amizade dele com Trump. Outras relações do Brasil também se deterioraram. Depois de duas décadas de negociações, a União Europeia ainda precisa ratificar um acordo comercial com o Mercosul, o que está parado principalmente por causa das políticas adotadas por Bolsonaro.
O setor privado brasileiro, pelo contrário, tem agido. Depois de uma década ignorando a tendência global no sentido de um planeta mais verde, bancos, fundos e empresas do país agora começam a prometer reduzir suas emissões de carbono e eliminar o desmatamento das suas cadeias logísticas. O preço dos créditos de carbono no mercado voluntário emergente triplicou em 2020.
A demanda vem aumentando por ações em empresas que prometem padrões de governança corporativa, sociais e ambientais mais estritos. Grande parte disto é “greenwashing” (ou maquiagem verde, discurso que não se traduz na prática), acha Fabio Alperowitch da Fama Investimentos, fundo que se dedica a essas ações. Mas em alguns casos não é.
Biden pode ajudar. Os US$ 20 bilhões que prometeu arrecadar para a Amazônia podem ficar condicionados ao cumprimento pelo Brasil de metas ambientais. Também o pedido do Brasil para ingressar na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No passado, o Brasil colocou obstáculos à criação de um mercado global de carbono insistindo que seus créditos vendidos a outros países deveriam também contar como as próprias reduções de emissões. Essa dupla contabilidade resultaria numa redução total menor. Uma pressão do governo Biden no sentido de rejeitar essa dupla contagem, se der certo, impulsionará a conservação na Amazônia.
Mas em privado, muitos CEOs admitem estar mais inquietos do que aparentam. Um acordo com o governo Biden “é nossa única esperança” de evitar barreiras comerciais e mais danos à nossa reputação, disse um deles. Tanto a União Europeia quanto o Reino Unido vêm analisando leis para punir empresas que importam produtos ligados a desmatamentos e os bancos que as financiam. O Congresso americano, controlado pelos democratas, deve seguir o exemplo se a diplomacia falhar, o que talvez provoque uma maior obstinação da parte de Bolsonaro. Um acordo só funcionará se ele puder qualificá-lo como uma vitória.
A maneira mais eficaz para isso seria ter os fazendeiros envolvidos. A agricultura gera um quinto do Produto Interno Bruto do Brasil e quase a metade das suas exportações. Mas se multinacionais como a JBS, maior produtora de carne do mundo, e a Cargill, produtora e processadora de alimentos, se juntaram ao movimento Concertação para a Amazônia, os fazendeiros da região estão visivelmente ausentes. Estão fartos de serem acusados pelo desmatamento e das promessas não cumpridas de dinheiro para conservação da floresta. Acham que a demanda dos ambientalistas de um “desmatamento zero” é irracional.
“Quem deseja ajudar o Brasil deve começar respeitando a lei, incluindo o direito ao desmate”, disse o pecuarista Caio Penido.
O maior desafio para um acordo patrocinado pelos Estados Unidos será sua aplicação. Noruega e Alemanha congelaram suas doações para o Fundo da Amazônia em 2019. Bolsonaro e Biden provavelmente discordarão sobre como o novo fundo seria aplicado. O governo americano espera avanços na redução do desmatamento. Mas Bolsonaro reluta em reprimir os madeireiros, mineiros e criadores de gado ilegais – esse pessoal com frequência é seu apoiador.
Biden parece mais preocupado com a mudança climática do que seus predecessores. Kerry é o primeiro czar do clima a se sentar no Conselho de Segurança Nacional. Mesmo assim, caso o Brasil não cumpra suas metas, Biden tem poucos recursos diplomáticos para pressioná-lo. Ele teme isolar um aliado do porte do Brasil. O comércio bilateral entre os dois países é de US$ 100 bilhões ao ano; a cooperação militar vem aumentando. As sanções, se impostas, poderão não funcionar. O maior comprador de carne e soja do Brasil, que às vezes são produzidos em terra desmatada, não são os EUA, mas a China.
Fazendeiros
Se Bolsonaro se mostrar intransigente, o governo Biden deveria trabalhar com os Estados da região do Amazonas. O governo do Mato Grosso tentou reduzir o desmatamento incentivando os fazendeiros a participar de um registro ambiental. E vem pagando para os fazendeiros desmatarem menos de 20% das suas terras. Mas com a burocracia e a desconfiança existentes, o Estado processou autorizações para aproximadamente 8% das terras aráveis. Criar uma economia sustentável para a Amazônia implica mais do que pagar aos fazendeiros para não destruírem a floresta, afirmou Denis Miney, da Bemol, a maior loja de departamentos da região. Ele quer dinheiro americano para apoiar pesquisa sobre como o Brasil pode lucrar com a biodiversidade da Amazônia.
Em abril, Biden acolherá uma Cúpula da Terra para convencer os líderes mundiais a intensificar seus compromissos ambientais antes da reunião das Nações Unidas em novembro. Bolsonaro afirmou que participará. O Wilson Centre, grupo de estudos americano com elos com o Brasil, começou a reunir especialistas de cada país. Kerry está atento a suas propostas, disse um diplomata. O teste de verdade será quando elas chegarem a Bolsonaro./ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
O Chile pode ser a inspiração para a reviravolta que o Brasil precisa dar
João Gabriel de Lima, O Estado de S.Paulo
Em março de 2018, Sebastián Piñera tomou posse como presidente do Chile. Sete meses depois, do outro lado da cordilheira, Jair Bolsonaro venceu o segundo turno no Brasil. Ambos derrotaram as esquerdas em seus países. Piñera triunfou num ambiente um pouco menos polarizado – como brinca o economista Samuel Pessoa, o debate político chileno, na comparação com o brasileiro, lembra uma mesa acadêmica opondo a Universidade de Chicago ao MIT.
No meio do mandato, Piñera enfrentou insatisfação e protestos. Sua popularidade caiu a 6% em janeiro de 2020. Veio a pandemia, e Piñera mostrou senso de urgência. Em maio de 2020, determinou que seu subsecretário de Relações Internacionais, Rodrigo Yañez, se dedicasse exclusivamente à compra de vacinas. O Chile usou a seu favor o fato de ser uma das economias mais abertas do mundo, participante de mais de 30 tratados internacionais. Piñera supervisionou pessoalmente as negociações.
Enquanto o Chile brigava por vacinas, o Brasil as esnobava. De acordo com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, o governo federal recusou, ao longo de 2020, quatro ofertas de lotes da Coronavac. Em dezembro, Bolsonaro desdenhou do imunizante da Pfizer que, segundo ele, poderia transformar seres humanos em jacarés. No mesmo mês, o Chile recebeu o primeiro lote de vacinas, destinadas aos profissionais de saúde. Da Pfizer.
Hoje o Chile é exemplo na América Latina. Na quarta-feira 17 de março, 36,7% da população estava vacinada, ante 5,6% no Brasil. O Chile deve atingir um índice confortável de imunização até o fim de junho. Ao longo desta semana, o Brasil cruzou, na média móvel, o umbral das 2 mil mortes diárias – sem nesga de luz ao fim do túnel.
Ao negociar com vários laboratórios, o Chile driblou a escassez de imunizantes no mercado – problema que assombra o Brasil. “Só em maio deveremos ter maior disponibilidade de vacinas”, diz a epidemiologista Silvia Martins, da Universidade Columbia, personagem do minipodcast da semana.
Com a boa gestão da pandemia, Piñera recuperou parte da popularidade – está em 24% e em ascensão. Nesta semana, a rejeição a Bolsonaro chegou a 54%, a maior até agora. 43% dos brasileiros culpam o presidente pela proliferação da covid-19. Como observou o Estadão em editorial, os eleitores decidiram responsabilizar Bolsonaro, e não os governadores, pela tragédia humanitária.
Os impactos econômicos já se fazem sentir. A instabilidade do Brasil assusta os investidores, e o Banco Central acaba de elevar os juros para evitar a disparada da inflação. No Chile, houve o tombo regulamentar de 2020. O mercado, no entanto, revisou para cima as projeções para 2021 diante do sucesso da vacinação, como mostrou o colunista Fábio Alves no Estadão – mesmo com o número ainda alto de casos no país, que estuda um novo lockdown.
Em conversa com apoiadores na quinta-feira, 18, o presidente Bolsonaro perguntou: “Qual país do mundo está tratando bem a questão da covid? Aponte um”. Fica a dica. O Chile pode ser a inspiração para a reviravolta que o Brasil precisa dar. Segundo o jornal El País, Peru, Colômbia, Uruguai, Paraguai e México destacaram especialistas para estudar o caso chileno.
De acordo com o STF, todos os entes federativos têm responsabilidades no combate à pandemia. A comparação com o Chile mostra que o presidente tem um papel fundamental. Lá, atuação proativa e senso de urgência fizeram toda a diferença.