quarta-feira, 3 de março de 2021

IMÓVEIS DO FILHO DE BOLSONARO DÁ O QUE FALAR.

 

MP do Rio já investigou imóveis de Flávio no caso da ‘rachadinha’; entenda

Promotores suspeitam que senador teria usado transações imobiliárias para lavar dinheiro ilegal repassado por funcionários ‘fantasmas’

Redação, O Estado de S.Paulo

RIO – Muito antes da compra, por oficiais R$ 6 milhões, da luxuosa casa em Brasília pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), transações com imóveis foram alvos privilegiados do MP do Rio nas investigações envolvendo o parlamentar. A promotoria acredita que um suposto esquema de rachadinha (desvio de salários de assessores) teria ocorrido no gabinete dele quando era deputado na Assembleia Legislativa fluminense, até 2018.

Promotores que investigam o caso suspeitam que o filho “01” do presidente Jair Bolsonaro teria, por exemplo, usado transações imobiliárias para lavar dinheiro ilegal repassado pelos funcionários “fantasmas”. Subfaturar o preço oficial de bens comprados – com parte do valor real quitado “por fora”, em dinheiro vivo – seria o início da ação de despiste. Depois, viria a venda por cifras muito acima das originais. Assim seria “esquentado”, nas novas escrituras, o  que fora recebido ilegalmente, calcula a promotoria.  Há ainda presumidos pagamentos de somas altas, em espécie, sem registro de saques nas contas dos compradores na mesma proporção e na mesma época. 

flavio bolsonaro
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no Palácio do Planalto Foto: Dida Sampaio / Estadão

Flávio nega as acusações. Alega ser alvo de perseguição da imprensa, por motivos políticos. O alvo seria o governo do presidente Bolsonaro. Na semana passada, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJconsiderou ilegais as provas obtidas por meio da quebra dos sigilos de Flávio e outras pessoas físicas e jurídicas no caso – mais de 90. Por quatro a um, os ministros consideraram que a suspensão do direito à privacidade, uma garantia fundamental da Constituição, exige do magistrado uma decisão muito fundamentada. O juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Federal, produziu apenas um despacho curto, basicamente acolhendo os argumentos da promotoria. 

Acusações no Judiciário

Na denúncia que apresentou à Justiça contra Flávio e outras 16 pessoas, o MP descreve o suposto mecanismo. Os promotores demonstram que Flávio e sua mulher, a dentista Fernanda Antunes Figueiras Bolsonaro, compraram, em novembro de 2012, dois apartamentos em Copacabana. Os preços foram mais baixos do os que tinham sido pagos pelos proprietários – investidores norte-americanos, um ano antes.   Em no máximo dois anos, os imóveis foram vendidos pelo casal com lucros pouco usuais.

Um dos apartamentos, na Avenida Prado Júnior, fora comprado pelo primeiro proprietário por R$ 200 mil, em  março de 2011. Tinha sido vendido ao casal em novembro de 2012 por R$ 140 mil, afirma a denúncia do Ministério Público fluminense. Em fevereiro de 2014, o então deputado e sua mulher repassaram o imóvel por R$ 550 mil, uma valorização de 292,85%. A variação foi bem acima do valor projetado com base no Índice Fipezap. Foi uma valorização de 11,18% no metro quadrado, que resultaria em preço bem menor: R$ 280.840,00.

O outro apartamento, na Avenida Barata Ribeiro, foi , segundo a denúncia do MP, comprado por Flávio e Fernanda por R$ 170 mil, em novembro de 2012. Um ano antes, seu proprietário pagara pelo imóvel R$ 240 mil. Logo, em tese, teve prejuízo de R$ 70 mil ao repassá-lo. Em novembro de 2013, o casal o vendeu por R$ 573 mil, 237,05% a mais. No período, segundo afirma o MP com base no Índice Fipezap, o metro quadrado na região subiu 9,09%. A variação projetaria um preço de R$ 282.416,00.

Também foram encontrados, segundo os promotores, indícios de que Flávio pagou, por fora, R$ 638 mil a mais em dinheiro vivo pelos dois imóveis. A quantia em espécie foi depositada pelo procurador dos proprietários, que fechou as duas transações. O depósito ocorreu na agência do HSBC, onde a venda foi concluída, no mesmo dia da venda, conforme sustenta a promotoria.  Nela também foram depositados os cheques dos preços oficialmente pagos pelos apartamentos.

“Essa prática de subfaturamento de registros imobiliários na compra possibilita a simulação de ganhos de capital em patamares expressivos na ocasião da revenda, razão pela qual são instrumentos corriqueiramente utilizados para lavagem de capitais já catalogados, inclusive, no artigo 9º, IX da Resolução nº 24/2013 do COAF”, afirmam os promotores, nas páginas 28 e 29 da denúncia.

O MP também encontrou sinais de movimentações atípicas no pagamento por Flávio do Imposto de Transmissão referente à compra de doze salas comerciais no Condomínio Barra Prime Office, em agosto e setembro de 2010. A quantia chegou a R$ 33.969,20, segundo a prefeitura do Rio. Como não constam, conforme apontou a quebra de sigilo bancário, débitos com cheques administrativos das contas do casal, os promotores deduziram que os pagamentos foram feitos em dinheiro vivo, provavelmente de origem ilegal.

“Entretanto, também não constam registros de saques em quantias suficientes para lastrear tais pagamentos, pois o denunciado FLÁVIO NANTES BOLSONARO realizou um único saque no mês de agosto de 2010, no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), e no mês seguinte todos os demais saques somaram apenas R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais)”, prossegue a peça acusatória. “Já a denunciada FERNANDA ANTUNES FIGUEIRA BOLSONARO não realizou nenhum saque em sua conta bancária entre os meses de agosto de 2010 e dezembro de 2014, não contribuindo com qualquer quantia em espécie para pagar as contas do casal nesse período.”

Em agosto de 2012, Flávio pagou, também pelo Imposto de Transmissão na compra de uma cobertura na Rua Pereira da Silva, em Laranjeiras, R$ 39.020,00 em dinheiro em espécie, de acordo com a denúncia. Os saques da conta de Flávio, naquele mês, somaram apenas R$ 5.200,00, “não havendo lastro de recursos lícitos para justificar os dispêndios em dinheiro ‘vivo’”, diz a peça do MP. Também o ITBI dos dois apartamentos em Copacabana (R$7.706,33) foi pago, em novembro de 2012, com recursos em espécie, “embora naquele mês tenha sido realizado um único e insuficiente saque no valor de R$ 200,00 (duzentos reais)”.

COMPRAS NOS PEQUENOS NEGÓCIOS DE BAIRROS AUMENTOU COM A PANDEMIA

 

73% dos consumidores começaram a comprar de pequenos negócios de bairro durante a pandemia

Fonte: Empresas & Negócios

Presença digital foi fundamental para que pequenos negócios se destacassem no período. Dados foram levantados em dois estudos divulgados pelo Facebook

Delivery (Foto: Norma Mortenson / Pexels)

Sete em cada dez consumidores começaram a comprar em pequenos negócios de bairro durante a pandemia. O dado foi levantado pela Pesquisa do uso das ferramentas digitais pelo Consumidor, feita pelo Facebook em parceria com a Deloitte durante o mês de julho. O levantamento foi realizado em 13 países, incluindo o Brasil, com pelo menos 500 entrevistados em cada.

A principal motivação identificada pelo estudo foi a sobrevivência dos negócios locais. Um fator que ajudou as pessoas a descobrirem essas empresas na região foi a presença online. Sobre essa presença online, a Startup Valeon um marketplace da região do Valeo do Aço, tem muito a contribuir para a divulgação desses pequenos comércios. Confira mais dados:

• 48% dos que começaram a comprar de pequenas empresas relataram que escolheram esses negócios porque estavam preocupados com a sobrevivência do empreendimento ou da comunidade local;
• 67% relataram que escolheram essas empresas porque elas ofereciam melhores ofertas ou um serviço mais rápido;
• 54% relataram que as redes sociais os ajudaram a descobrir essas novas pequenas empresas (locais ou não locais);
• 39% esperam gastar mais em pequenas empresas no futuro (locais ou não locais).

O aumento da presença online dos pequenos negócios foi mapeado na terceira edição do Relatório Global sobre a Situação das Pequenas Empresas (Global State of Small Business Report), também produzido pelo Facebook, em parceria com o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O relatório é feito com mais de 30 mil líderes de pequenos e médios negócios em 50 países e teve a primeira edição divulgada em maio. A previsão é que a coleta de informações se estenda até dezembro. A terceira edição foi realizada entre 24 e 30 de julho de 2020, com pelo menos 321 respondentes no Brasil.

Quase metade dos entrevistados reportaram que 50% ou mais das vendas foram provenientes do ambiente digital. De acordo com o Facebook, alguns números, referentes a empresas com páginas operacionais na rede social no mês de julho, detalham essa mudança para o virtual:

• 47% das pequenas e médias empresas operacionais no Facebook relataram que 50% ou mais de suas vendas foram feitas digitalmente em julho;
• 52% dos proprietários e gerentes de PMEs relataram se sentir otimistas em relação ao futuro de seus negócios;
• 77% das PMEs lideradas por mulheres e 91% das pequenas e médias empresas lideradas por homens relataram que estavam em atividade e engajadas em alguma atividade geradora de receita.

Os desafios das pequenas e médias empresas continuam similares as edições anteriores do estudo. O principal deles ainda é ofluxo de caixa. Confira:

• 48% das PMEs em atividade consideram que o fluxo de caixa será um desafio para elas nos próximos meses. No levantamento anterior eram 54% e na primeira edição, em maio, eram 52%;
• 58% das PMEs em atividade no Facebook no Brasil relataram que as vendas em julho foram menores do que no mesmo período do ano passado;
• 38% das PMEs operacionais no Brasil relataram ter reduzido o número de funcionários/colaboradores para enfrentar a crise.

Estamos lutando com as empresas para MUDAREM DE MENTALIDADE referente à forma de fazer publicidade à moda antiga, rádio, tv, jornais, etc., quando hoje em dia, todos estão ligados online através dos seus celulares e consultando as mídias sociais a todo momento.

Somos PROFISSIONAIS ao extremo o nosso objetivo é oferecer serviços de Tecnologia da Informação com agilidade, comprometimento e baixo custo, agregando valor e inovação ao negócio de nossos clientes e respeitando a sociedade e o meio ambiente.

Temos EXPERIÊNCIA suficiente para resolver as necessidades dos nossos clientes de forma simples e direta tendo como base a alta tecnologia dos nossos serviços e graças à nossa equipe técnica altamente especializada.

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NOTÍCIAS DIVERSAS DA POLÍTICA

 

Ordem no governo é acelerar volta do auxílio

Coluna do Estadão

Foto: Alex Silva/Estadão

Com Jair Bolsonaro em viés de baixa nas pesquisas e sob ataque dos governadores, o Planalto tem pressa: corre para colocar em pé o auxílio emergencial. A intenção de João Roma é começar a transferência direta de renda neste mês, porém, quem entende do riscado no Congresso avalia ser mais provável o início em abril. O modelo apresentado à equipe econômica prevê R$ 250 por mês para 46 milhões de brasileiros, em quatro parcelas, ao custo de R$ 11,5 bilhões por mês, R$ 46 bilhões no total. O mercado havia precificado a ajuda em R$ 30 bilhões.

Não é comigo. A ideia de retirar os recursos do Bolsa Família, orçado em R$ 34,9 bilhões, do teto de gastos neste ano foi submetida previamente ao ministro João Roma (Cidadania), mas a decisão em torno da medida ficou mesmo a cargo dos senadores. O ministério não fez qualquer análise técnica sobre a proposta.

Xá… Governadores se queixaram a Arthur Lira de falta de dinheiro, de leitos e de vacina. Saíram do encontro com o presidente da Câmara sem nada muito concreto, mas aliviados com as promessas de Lira de que vai atuar em favor deles.
…comigo. “O Congresso pode cumprir um papel em que o governo federal tem dificuldade”, disse Renato Casagrande (PSB-ES).

Vácuo. “Buscamos a colaboração da Câmara nessa interlocução para baixar a temperatura”, disse Helder Barbalho (MDB-PA).

Aham. Rui Costa (PT-BA) e Fátima Bezerra (PT-RN) subiram o tom contra o governo no encontro. Eduardo Leite (PSDB-RS) disse que não queria politizar a reunião, mas fez críticas à postura do presidente no fim de semana.

Cada um na sua. Governadores e Câmara deram de ombros aos pedidos do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) para que o Legislativo estabeleça os gatilhos de medidas restritivas nacionais. Ninguém, por ora, quer arcar com esse desgaste.

Cada um na sua 2. O Planalto não procurou os governadores para botar panos quentes na situação desde que Bolsonaro divulgou números equivocados de repasses aos Estados.

Na… Quando surgiu o assunto dos vetos de Bolsonaro à MP da vacina na reunião, o presidente da Câmara minimizou a retirada do artigo que liberava compra por Estados e municípios. Disse que a decisão do STF se sobrepõe ao veto.

…real. “O STF já autorizou a compra. É inócuo o veto. O problema nosso hoje é que a gente não tem vacina para comprar”, disse Casagrande à Coluna.

Vazio. De fato, a reunião de governadores com a União Química (Sputnik V) serviu mais como ato político do que ação concreta de compra de vacinas.

Vazio 2. “Não saímos com volume de vacina garantido, nem prazos estabelecidos e nem possibilidade de aquisição. Lamentavelmente, não”, afirmou Barbalho (MDB-PA). Uma volta à estaca zero: não há vacinas disponíveis no mercado.

CLICK. Os governadores Wellington Dias (PI), Renato Casagrande (ES) e Mauro Mendes (MT), da esquerda para a direita, se paramentaram para visitar as instalações de produção da Sputnik V.

Divulgação

Home. Em meio ao caos e à tragédia do País, a “brincadeira” em Brasília foi: o senador Flávio Bolsonaro inaugurou uma nova versão bolsonarista do programa Minha Casa Minha Vida ao adquirir a humilde moradia de quase R$ 6 milhões.

SINAIS PARTICULARES.
Flávio Bolsonaro, senador (Republicanos-RJ)

Ilustração: Kleber Sales

PRONTO, FALEI! 

Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente: “Seremos os párias do planeta? Seremos o último refúgio do coronavírus quando os países o derrotarem com isolamento social, máscaras e vacina?”

COM REPORTAGEM DE ALBERTO BOMBIG, MARIANA HAUBERT E MARIANNA HOLANDA.

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DECISÕES MONOCRÁTICAS DE JUÍZES ATRAPALHAM O STF

 

Barroso defende ‘estancar’ decisões monocráticas e diz que foro privilegiado ‘faz mal’ ao Supremo

“Nós precisamos estancar decisões cautelares monocráticas que imputam ao tribunal a posição de um único ministro”, disse em seminário virtual que discute tendências no tribunal

Rayssa Motta

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta segunda-feira, 1º, a limitação das decisões monocráticas por integrantes da Corte. Na avaliação dele, quando apenas um magistrado decide, e não o colegiado, o debate acaba personalizado.

“Nós precisamos estancar decisões cautelares monocráticas que imputam ao tribunal a posição de um único ministro”, disse em seminário virtual promovido pela Associação dos Advogados de São Paulo (AASP).

A discussão reacendeu depois que o decano Marco Aurélio Mello mandou soltar o narcotraficante André do Rap, apontado como líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), e teve a liminar cassada pelo plenário. Depois disso, ganhou novo fôlego na esteira da prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-SP), decretada pelo ministro Alexandre de Moraes e referendada por unanimidade pelos colegas.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Carlos Moura/SCO/STF

Na apresentação, Barroso ainda lamentou o volume de habeas corpus levados ao tribunal e disse que o foro por prerrogativa de função ‘faz mal’ ao Supremo. Na avaliação do ministro, deveria haver um filtro mais restrito aos temas enquadrados na competência da Corte. “Nada justifica essa quantidade de habeas corpus que nós julgamos”, afirmou.

O evento virtual é dedicado a discutir as tendências do Supremo Tribunal Federal. Barroso defendeu que a Corte aposte no uso da tecnologia para racionalizar a prestação jurisdicional e abreviar o tempo dos processos. Ele defendeu, por exemplo, atenção aos casos de repercussão geral, para evitar eles fiquem na fila aguardando julgamento por muito tempo.

TENDÊNCIA DO STF É ENFRAQUECER AINDA MAIS A LAVA JATO

Com Lava Jato enfraquecida, Fachin age para reduzir danos

Relator da operação no STF deve levar à 2ª Turma recursos de Lula para tentar demonstrar à Corte que não há suspeição de desembargadores no caso do sítio de Atibaia

Rafael Moraes Moura, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, lançou uma ofensiva para reduzir danos diante de derrotas iminentes que podem colocar em risco o legado da operação. A Corte virou foco de oposição à Lava Jato, como mostrou o Estadão, e Fachin não conta hoje com situação confortável nem na Segunda Turma nem no plenário.

Com a chegada de Kassio Nunes Marques ao Supremo, e a tentativa de aliados e inimigos políticos do presidente Jair Bolsonaro de desconstruir a imagem pública do ex-juiz Sérgio Moro, o cenário para a Lava Jato no Supremo se tornou nebuloso .

A derrota mais recente veio na última terça-feira, 2, quando a Segunda Turma decidiu, pelo placar de 3 a 2, arquivar a denúncia de organização criminosa apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) e outros três parlamentares no caso do “Quadrilhão do PP”. 

Fachin
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF  Foto: Roberto Jayme/ASCOM/TSE (25/5/2020)

Agora, uma das estratégias lançadas por Fachin é levar para julgamento, no plenário virtual da Segunda Turma, dois recursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que pedem a suspeição dos desembargadores João Pedro Gebran Neto e Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), no caso do sítio de Atibaia.

A análise do processo pela Segunda Turma está prevista para começar nesta sexta-feira, 5, e se desenrolar por uma semana na plataforma online, na qual os ministros apenas depositam os seus votos, sem debates e longe das transmissões ao vivo da TV Justiça.

O objetivo de Fachin, segundo apurou o Estadão, é apontar que não há suspeição dos desembargadores na ação do sítio de Atibaia. Com isso, a ideia é esvaziar a discussão sobre outro caso: a suspeição de Moro no triplex do Guarujá. Esse segundo processo deve ter o julgamento concluído pela Segunda Turma ainda neste semestre. 

A ofensiva de Fachin busca preservar o legado da operação e evitar que a discussão sobre a atuação de Moro no caso do triplex contamine os demais processos da investigação de um esquema bilionário de desvios na Petrobrás. Fachin tem demonstrado, em conversas reservadas, preocupação com o futuro da Lava Jato, que, na sua avaliação, não se limita ao trabalho feito em Curitiba.

A manobra de levar para julgamento a suspeição dos dois desembargadores, no entanto, desagradou à ala garantista do Supremo, que ameaça pedir destaque e interromper a discussão no plenário virtual. Uma consequência do pedido de destaque é suspender o julgamento e transferir o caso para o plenário “físico”, nas sessões que ocorrem agora por videoconferência, em virtude da pandemia do novo coronavírus. 

Sinalização de votos

No que diz respeito ao caso do triplex, os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski sinalizaram que vão votar pela suspeição de Moro e intensificaram as críticas depois que o site The Intercept Brasil publicou mensagens privadas, obtidas por hackers, atribuídas ao ex-juiz da Lava Jato e a procuradores de Curitiba. Por outro lado, Fachin e Cármen Lúcia já votaram contra as pretensões de Lula quando o julgamento foi iniciado, em dezembro de 2018. 

Kassio Marques
O ministro Kassio Nunes Marques, do STF, que tem decidido julgamentos sobre a Lava Jato na Corte Foto: Felipe Sampaio/STF (10/11/2020)

Estadão apurou que o ministro Nunes Marques, que deve dar o voto decisivo sobre Moro, indicou a possibilidade de declarar suspeito o ex-juiz federal da Lava Jato. O julgamento tem potencial para marcar uma das maiores derrotas da história da Lava Jato no Supremo, já abalada com outros reveses. Na lista estão o fim da prisão após a condenação em segunda instância, a proibição de condução coercitiva de réus e investigados para depoimentos e o arquivamento em série de inquéritos e denúncias. 

Desde que chegou ao tribunal, em novembro do ano passado, Nunes Marques tem se alinhado a Gilmar e a Lewandowski para impor derrotas à Lava Jato e atender aos interesses da classe política. Com o apoio de Nunes Marques, o colegiado arquivou a denúncia contra Lira e aliados e  um inquérito contra o ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE), além de manter a decisão que obrigou a retirada da delação do ex-ministro Antonio Palocci da ação penal sobre o Instituto Lula.

Caso seja mantida a condenação no caso do sítio de Atibaia, o petista continua inelegível e impedido de disputar as eleições em 2022, mesmo que Moro seja declarado suspeito e a caia condenação no caso do triplex. A atuação de Moro no caso do sítio foi menor: ele aceitou a denúncia contra o petista, mas a sentença de condenação foi assinada pela juíza Gabriela Hardt. À época, Moro já tinha abandonado a magistratura para assumir o cargo de ministro da Justiça no governo Bolsonaro. 

Integrantes da Corte apontam que uma decisão de processo penal só vale para o caso específico, ou seja, a suspeição de Moro se limitaria ao caso do triplex.

Acesso a provas

Outro movimento de Fachin, que acabou frustrado, foi a tentativa de levar para julgamento no plenário, pelos 11 ministros, um outro habeas corpus de Lula, em que o petista pedia acesso às provas da Operação Spoofing. A investigação mirou um grupo de hackers que invadiu celulares de autoridades, atingindo Moro e procuradores que atuaram na força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Lula desistiu desse habeas corpus, alegando que em outra ação já havia obtido acesso às mensagens por decisão de Lewandowski. A decisão final ficou com a Segunda Turma, que no mês passado, por 4 a 1, manteve o entendimento de Lewandowski. O resultado escancarou o isolamento de Fachin na Turma e representou mais um revés da Lava Jato no Supremo.

Em outra ofensiva para preservar investigações, Fachin homologou recentemente o acordo de repactuação da colaboração premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da J&F, com a Procuradoria-Geral da República (PGR). A decisão do ministro, que continua sob sigilo, determinou o pagamento de multa de mais de R$ 1 bilhão e o cumprimento de dez meses de prisão domiciliar.

O julgamento da rescisão do acordo chegou a ser marcado pelo então presidente do STF, Dias Toffoli, para ocorrer em junho de 2020 no plenário da Corte, mas acabou não ocorrendo. De lá pra cá, a PGR acertou a repactuação do acordo e Fachin decidiu por conta própria homologá-lo em decisão individual, o que também fez a ala garantista do tribunal torcer o nariz para isso.

Na terça-feira, 2, uma outra decisão do ministro chamou atenção dos colegas e foi interpretada na Corte como forma de marcar posição. O relator da Lava Jato decidiu manter a denúncia apresentada pela PGR contra Arthur Lira pelo suposto recebimento de mais de R$ 1,5 milhão em propinas da construtora Queiroz Galvão a partir de contratos firmados com a Petrobrás.

Em um primeiro momento, a PGR apresentou a acusação formal contra Lira por corrupção passiva, mas depois recuou e pediu para excluir o presidente da Câmara da denúncia. Apesar do pedido de arquivamento, Fachin contrariou a PGR e decidiu submeter o caso ao plenário.

Ao participar de uma transmissão ao vivo da OAB na segunda-feira, 1.º, o ministro afirmou que se vive no Brasil uma “recessão democrática” e que o momento “é de alerta”. “É preciso não silenciar, preservar as instituições e seus ganhos institucionais em todos os campos”, disse Fachin na  ocasião.

 

SESSÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS ENCERRADA ONTEM POR DESENTENDIMENTOS

 

Irritado após questionamento, Lira encerra sessão que votava apoio a setor de entretenimento

Após discussão com líder do DEM, Efraim Filho, presidente da Câmara anulou aprovação de projeto decidida em votação simbólica

Anne Warth, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), encerrou a sessão plenária desta terça-feira, 2, logo após votar o texto-base do projeto de lei 5638/2020, que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse). Irritado após uma discussão com o líder do DEM, Efraim Filho (PB), por causa de um impasse sobre questões regimentais, Lira decidiu dar fim à sessão na fase da análise dos destaques, propostas que podem mudar o teor do texto final, e anulou a aprovação do projeto, que havia sido decidida em votação simbólica.

A proposta prevê ajuda para o setor, um dos mais afetados pela pandemia de covid-19, que impede a realização de eventos para evitar aglomerações. Na lista de beneficiados foram incluídos hotéis, cinemas, casas noturnas, casas de shows, eventos e espetáculos. 

Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, preside a Mesa Diretora da Casa Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O relatório da deputada Renata Abreu (Podemos-SP) estabelece desconto de até 70% nas multas e juros de dívidas de empresas do setor e de 100% dos encargos legais. O texto permite o parcelamento desses financiamentos em 120 parcelas, zera o PIS/Cofins e a CSLL, facilita crédito para capital de giro das empresas e prevê medidas para preservar empregos.

O impasse ocorreu após o deputado Efraim Filho ter reclamado do fato de uma emenda de sua autoria ter sido rejeitada por inadequação financeira. A emenda incluía os parques temáticos, de diversão, aquáticos e atrações turísticas entre os que poderiam ser beneficiados pelo programa.

O líder do DEM apelou, então, ao regimento para cobrar o fato de o substitutivo apresentado por Renata Abreu ter sido votado sem que o texto tivesse sido publicado, impedindo uma análise mais profunda dos parlamentares.

“Se é para seguir o regimento, vamos seguir à risca. Nós acatamos votar a subemenda da relatora, com pedido inclusive de Vossa Excelência para passar por cima de todas as orientações, sem ela nem ter lido o texto, sem sequer estar publicado, para chegar agora e vir com uma decisão da Mesa (Diretora) de inadequação financeira dessa emenda”, protestou Efraim Filho. “É lamentável que numa proposta de acordo, trabalhada por tanto tempo, a Mesa tenha uma visão totalmente equivocada numa subemenda que sequer foi lida, que todos nós estamos fazendo esforços para votar”.

Lira subiu o tom com Efraim Filho. “Vossa Excelência não é obrigado a fazer esforço nenhum. Vossa Excelência pode usar regimentalmente o que lhe aprouver para levantar a questão de ordem, inclusive anular a sessão, deputado. Não vou discutir com Vossa Excelência e também não aceito esse tipo de reprimenda”, afirmou o presidente da Câmara, destacando que o deputado poderia até mesmo pedir a anulação da sessão, nos termos do regimento interno.

Como resposta, Efraim Filho disse que estava justamente fundamentando um pedido com esse objetivo e cobrou a publicação do relatório no sistema da Câmara, como manda o regimento. Foi quando Lira perdeu a paciência. “Pertine à Vossa Excelência a razão. A Mesa vai se pronunciar a respeito da questão de ordem de Vossa Excelência e cancela a votação do PL 5638/2020 a pedido de Vossa Excelência. Está encerrada a sessão”, decretou Lira, sem esconder a contrariedade.

Ao Estadão/Broadcast, o líder do DEM disse que tanto o substitutivo quanto os destaques serão votados na sessão desta quarta-feira, 3, às 13h55. Está na pauta da sessão, ainda, a MP 1006/2020, que aumenta a margem de crédito consignado para aposentados e pensionistas durante a pandemia e o novo marco do gás (PL 4476/2020), entre outros projetos e requerimentos.

LIBERAÇÃO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL FAZ CONGELAR SALÁRIOS DE SERVIDORES

 

Se PEC que libera auxílio for aprovada hoje, 14 Estados já podem congelar salário de servidor

Possibilidade está prevista no texto que cria uma nova rodada do benefício para os mais vulneráveis; PEC permite acionar medidas de ajuste sempre que despesas obrigatórias excederem 95% das receitas

Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – Números do Tesouro Nacional apontam que 14 Estados teriam condições fiscais para decretar estado de emergência fiscal e acionar medidas de controle de gastos, os chamados gatilhos, como o congelamento dos salários dos servidores.

Essa possibilidade está prevista na Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que prevê uma nova rodada do auxílio emergencial para os mais vulneráveis, prevista para ser votada hoje no Senado, e faz parte do coração de contrapartidas que a equipe econômica quer manter no texto.

Senado
Senado deve votar hoje Proposta de Emenda à Constituição que retoma o pagamento do auxílio emergencial por causa da pandemia. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Pela proposta, as medidas de ajuste seriam acionadas sempre que as despesas obrigatórias primárias (ou seja, sem contar os juros da dívida) excedessem 95% das receitas correntes.

Boletim dos entes subnacionais de 2020, com dados de 2019, aponta BahiaDistrito FederalGoiásMaranhãoMinas GeraisMato Grosso do SulPernambucoPiauíRio de JaneiroRio Grande do NorteRio Grande do SulSanta CatarinaSergipe e Tocantins com nível acima de 95% de despesas. Minas Gerais, por exemplo, o valor estava em 105,2%.

O secretário do Tesouro, Bruno Funchal, diz que os dados de 2019 mostram uma realidade mais fidedigna porque em 2020 os Estados receberam uma injeção de transferências do governo adicional por causa da pandemia da covid-19 que não tende a se repetir. Ou seja, a métrica da PEC vai ser a do bimestre que o Estado decretar emergência fiscal. A trava de 95% para acionamento dos gatilhos é apurada em um período de 12 meses. 

Os gatilhos são praticamente os mesmos já previstos no teto de gastos, regra que proíbe que as despesas cresçam em ritmo superior à inflação, sendo reforçados pela proibição de aumento no valor de benefícios indenizatórios e vedação de progressão ou promoção de carreira que impliquem em aumento de gasto. Não poderá ser ampliado gasto com pessoal, seja via reajustes ou criação de vantagens e auxílios, seja via contratação ou alteração de estrutura de carreira. O acionamento é facultativo, mas não há necessidade de autorização do Legislativo.

Caso a despesa corrente ultrapasse 85% da receita corrente, também haverá a opção de acionamento dos gatilhos, mas nesse caso é necessária a aprovação do Poder Legislativo local. 

Notas

O patamar de 95% é utilizado pelo Tesouro para dar a nota aos Estados e municípios. Essa nota define quem tem ou não acesso a empréstimos com garantia da União (se o Estado dá calote, o governo federal cobre). 

Na União, o secretário estima que o patamar de 95% de despesas seria atingido entre 2024 e 2025. “Ficou faltando (na legislação) a parte perene e olhar para o bom funcionamento da regra fiscal para o futuro e é isso que a PEC está fazendo”, diz o secretário. Segundo ele, a proposta traz uma boa previsibilidade das despesas para trazer mais credibilidade e confiança de que vai ter um correto funcionamento do teto de gastos.

Para a especialista em contas públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Vilma Pinto, é um erro deixar na PEC a palavra “poderão” para o acionamento dos gatilhos, deixando facultativo aos governadores. “Não vai ter tanta efetividade se não colocar isso como uma regra fiscal impositiva. Fica a critério de cada Estado e município. Não tem como avaliar a efetividade”, diz. 

Segundo ela, a medida é válida porque, observando as despesas correntes e as receitas correntes, não têm muita flutuação por efeitos atípicos como investimento. Vilma destaca que a tabela do Tesouro representa uma média ponderada dos três últimos anos. “É bom porque traz uma perspectiva intertemporal porque em 2020 teve muito recurso extraordinário”, diz Vilma, que acompanha em detalhes as contas dos Estados e municípios.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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