quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

A IMPORTÂQNCIA DAS EMPRESAS SE DESTACAREM NOS SITES DE BUSCA DO GOOGLE

 

A importância do SEO para garantir boa visibilidade das marcas em sites de busca

Por Luiz Felipe Grossi (*)

Antes de me aprofundar no assunto central deste artigo, gostaria de propor um exercício: imagine que você precisa fazer uma busca, sobre qualquer tema, na internet. Ao iniciar a digitação, começam a aparecer vários temas relacionados às palavras que foram inicialmente escritas na barra. Feita a pesquisa, você vai, de fato, em busca dos sites relacionados que trazem termos-chave do assunto em questão. Sem dúvidas, as chances de ir para a segunda, terceira ou até mesmo vigésima página do buscador, são ínfimas.

Neste momento, você, caro leitor, deve estar se questionando “ok, mas o que isso de fato tem a ver com o tema SEO?”. Bem, te digo que tudo! Isto porque o conhecido Searching Engine Optimization – ou Otimizador de Mecanismos de Buscas, em tradução livre – nada mais é que um conjunto de ações dentro do marketing digital que, como o próprio nome já diz, visa melhorar a aparição de uma marca, persona ou assunto em sites como o Google.

Veja, os sites de buscas trabalham com algoritmos que estão constantemente ranqueando páginas e termos, a fim de otimizar e melhorar a experiência de seus usuários. Uma vez determinado quais termos são os mais procurados pelos visitantes, o algoritmo entende que aquilo é interessante e importante ao usuário, tendendo a “jogá-lo” para as primeiras páginas, até chegar à tão sonhada e próspera número um. Tão desejada pois, segundo um estudo realizado pela Backlinko, consultoria especializada em SEO nos Estados Unidos, menos de 1% dos visitantes, de fato, passam para a página seguinte durante sua pesquisa.

E é aqui que entra o papel do SEO, que precisa compreender quais são os fatores que influenciam os bots dos buscadores e desenvolver as estratégias e conteúdos com base neles. Dentre os principais, destaco a relevância dos links e hiperlinks, conteúdos originais (nada de Ctrl + C e Ctrl + V!), aprofundamento do tema, frequência de postagens e, claro, o uso de palavras-chave tanto na chamada quanto no restante do material.

Com esses conceitos bem estabelecidos, a magia do marketing digital e os analistas e equipes responsáveis pela otimização das “engrenagens” de buscas pelo seu produto e marca iniciam os trabalhos. É nesse momento que algumas etapas se fazem necessárias, como a definição da persona do seu negócio; o uso de ferramentas para a análise de dados, como o Google Analytics, por exemplo e o investimento em um bom marketing de conteúdo em seu site ou marketplace, blog e redes, colocando você e/ou sua empresa como especialistas do segmento.

Agora que você já sabe o que é e como funciona o tal do SEO, tenha em mente que esse termo “mágico” tem um poder estrondoso de te colocar no pódio do mundo digital. Então, se não quiser emperrar a engrenagem do seu negócio e ficar para trás, invista, sempre, no seu aprimoramento!

(*) CEO e cofundador do Instituto Brasileiro de Presença Digital

Todos nós pensamos e queremos estar sempre entre os primeiros, em qualquer situação, assim também são as empresas querem sempre se destacar nos seus negócios e todos nós sabemos quanto é difícil e trabalhoso atingirmos essas posições de destaque.

Existem soluções mais práticas e vantajosas para as empresas encurtarem esse caminho e se destacarem perante o seu público comprador através das plataformas de marktplace que são uma vitrine aberta 24 horas por dia para a divulgação do seu negócio.

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CAMINHONEIROS DE MINAS GERAIS AMEAÇAM FAZER GREVE CONTRA A ALTA DOS COMBUSTÍVEIS

 

Tanqueiros em MG farão carreata contra alta do combustível e não descartam greve

Movimento nesta quinta-feira deve reunir mais de 150 caminhoneiros, além de taxistas e motoristas de transporte escolar

Por RENATA EVANGELISTA

Sindtanque afirma que se fizer greve, poderá faltar combustível no primeiro dia

A região metropolitana de Belo Horizonte terá nesta quinta-feira (25) carreata contra os altos valores da gasolina, diesel e etanol. O ato está sendo organizado pelos transportadores de combustível, mas outras categorias, como taxistas e motoristas de transporte escolar, também devem participar do movimento.

Após o protesto, os tanqueiros farão assembleia e, caso não tenham sinalização do governo para redução dos combustíveis, não descartam greve. As informações são do sindicato do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (SindTaque).

Diretor financeiro da entidade, José Geraldo de Castro informou que a carreata sairá às 9 horas de frente da fábrica da Fiat, em Betim, e seguirá até a Cidade Administrativa, onde funciona a sede do Governo de Minas. Mais de 150 caminhoneiros são esperados para fazer o trajeto de ida e volta.

“Depois do protesto, se não tiver recuo do governo, vamos decidir se entraremos em greve imediatamente. Com os atuais valores dos combustíveis, não compensa trabalharmos”, declarou o sindicalista e tanqueiro.

Desde segunda-feira (22), a categoria está em estado de greve e, por isso, o movimento pode ser deflagrado a qualquer momento. Conforme o SindTanque, hoje a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da gasolina está em 31%, do etanol em 16% e do óleo diesel em 15%.

“Queremos redução de, no mínimo, 10% sobre a gasolina e 5% nos outros dois combustíveis”, declarou. “O governo federal já isentou os tributos federais PIS e Cofins sobre o diesel por dois meses, mas ainda é insuficiente. Sabemos que o momento é impróprio para fazer greve, por causa da pandemia, mas não temos condições de trabalhar do jeito que está”, informou o sindicalista.

A Petrobras informou que não se pronunciará, já que não tem autonomia sobre o ICMS. Responsável pela cobrança do tributo, o Governo de Minas ainda não se manifestou.

FERROVIAS TEM QUE SER UM PROJETO PRIORITÁRIO PARA A NAÇÃO

 

Projeto quer destravar ferrovias, mas tramitação está parada no Senado

Governo pretende facilitar concessão de ferrovias a investidores ao mudar regras de exploração. Senadores cobram participação de MG em recursos em novo contrato da FCA

Por LUCAS MORAIS

Sem verba. Governo investe três vezes menos do que a iniciativa privada nas ferrovias do país

O Projeto de Lei do Senado (PLS) 261/2018 estava pronto para ser votado, mas voltou a ficar parado na Casa. O texto cria o novo marco regulatório das ferrovias, prevendo novas regras para exploração dos trilhos e construção de novos trechos. O tema foi definido como um dos prioritários pelo governo federal para a retomada econômica. A tramitação do texto foi travada por conta de impasses na renovação da concessão da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), a maior do país.

Com mais de 7.000 km de extensão, a via atravessa as regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste para o transporte de cargas e é administrada pela VLI. Para renovar o contrato, o governo exige como contrapartida R$ 13,6 bilhões em investimentos. Porém, conforme o senador mineiro Carlos Viana (PSD), não está prevista a aplicação dos recursos em melhorias no corredor Centro-Leste, que sai de Anápolis (GO), passando pelo Triângulo Mineiro e pelas regiões Central e metropolitana, até o porto de Vitória (ES).

“Esse corredor vai ficar isolado, e ele é muito importante para o desenvolvimento das nossas cidades. No acordo, também não estão previstos investimentos compensatórios para os municípios onde a linha é um transtorno, e a maior parte do dinheiro vai para o corredor São Paulo-Goiás-Mato Grosso, que já vem recebendo investimentos do governo e foi privilegiado no primeiro acordo de antecipação da Ferrovia Vitória-Minas”, explicou o senador Carlos Viana (PSD-MG).

De acordo com o parlamentar, a expectativa é que o projeto das ferrovias só seja apreciado depois que o Ministério da Infraestrutura garantir que os investimentos sejam aplicados em Minas Gerais. Ontem, foi criado um grupo de trabalho para negociar o tema com a pasta.

Enquanto o impasse não é resolvido, o setor ferroviário fica na expectativa pela aprovação do projeto, que tem relatoria do senador Jean Paul Prates (PT-RN). A proposta prevê mudanças no regime de exploração das ferrovias, que atualmente é concedida através de licitações e leilões, com diversas obrigações para as companhias. Caso o novo marco regulatório seja aprovado, a malha poderia ser operada por autorização, em que a empresa envia um projeto diretamente ao governo federal.

“Estamos reconhecendo que há um grande espaço para que essa modalidade de transporte possa operar com benefício da liberdade de empreender, mas que, em contrapartida, os obriga a assumir todos os investimentos e todos os riscos do negócio”, avalia Prates. Os contratos devem ter duração entre 25 e 99 anos, com possibilidade de serem renovados.

Ao todo, o país conta com mais de 30 mil quilômetros de ferrovias atualmente. Dados do Ministério da Infraestrutura apontam que 10 mil quilômetros estão ociosos. Por isso, o projeto também prevê chamamentos para identificar investidores interessados em explorar os trechos, com a possibilidade de retirada da concessão dos atuais operadores.

O Ministério da Infraestrutura informou que vai considerar “todas as ponderações e sugestões feitas” para definir os investimentos em contrapartida à renovação do contrato da FCA. A Agência Nacional de Transportes Terrestres declarou que vai iniciar a análise de todas as contribuições para identificar “a necessidade de novos investimentos não contemplados nos estudos”

Primeiro passo é valorizar o turismo

A presidente da ONG Amigos do Trem, Cyntia Nascimento, afirma que o projeto busca desburocratizar o setor e tornar os processos mais rápidos e eficientes. “Tenho certeza de que será um facilitador para a revitalização e a exploração de trechos ociosos como também o uso democrático dos trechos ativos”, disse. Para ela, quando ocorreu a privatização da rede ferroviária, os trechos menos lucrativos foram deixados de lado pelas concessionárias, o que levou ao abandono de quase 34% da malha.

“A solução para a valorização e a revitalização de trechos, no nosso ponto de vista, passa pela exploração do potencial turístico das áreas e a atração que o passeio de trem ainda tem capacidade de aguçar no público. Após esse primeiro passo, pode, sim, pensar em explorar o transporte de cargas”, enfatizou Cyntia.

Já o diretor executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Fernando Paes, defende mudanças no texto para não prejudicar as empresas que já atuam no setor. “Para não provocar um desequilíbrio, seria imprescindível criar regras para que as concessionárias possam trocar de regime, caso queiram. O próprio relator se mostrou sensível a isso, mas o que faltava era um acordo”, disse o especialista.

“O texto passa longe das necessidades do país”

O professor da UFMG e coordenador do movimento Minas-Trilhos, Antônio Augusto Moreira de Faria, afirma que o projeto não prioriza o transporte de passageiros pelos trens, tema considerado essencial para reduzir a dependência das rodovias.

“O texto passa longe das principais necessidades do país, que é uma articulação equilibrada entre o transporte de passageiros e o de cargas. O marco simplifica alguns aspectos, mas não foi pensado para isso”, argumentou.

Segundo o especialista, atualmente os trilhos só são utilizados para o transporte de commodities, principalmente o minério de ferro e a soja.  “Entre BH e São Paulo, por exemplo, existe uma ferrovia de primeiro mundo que só é usada para o mineral. Ela podia transportar pessoas entre a capital mineira, o Rio de Janeiro e a capital paulista. Essa foi uma das falhas da concessão, que não cedeu as ferrovias para empresas de transporte”, finalizou.

Já a VLI afirmou, em nota, que o corredor Centro-Leste da FCA já recebeu mais de R$ 2 bilhões em investimentos desde 2014 e transporta produtos diversos, como soja, milho, farelo de soja e minério de ferro. “O plano de negócios, conforme metodologia da ANTT, para o ciclo do próximo período de concessão prevê investimentos na malha existente na ordem de R$ 13,8 bilhões, dos quais cerca de R$ 6 bilhões são destinados apenas para o estado de Minas Gerais, com melhorias nas linhas e renovação da frota”, informou.

GOVERNO ABRE AS PORTAS PARA A PRIVATIZAÇÃO AO COMEÇAR COM A ELETROBRAS

 

Uma porta para a privatização

Se for levada a sério, privatização de empresas como a Eletrobrás poderá ser importante para o crescimento econômico do País e aliviar finanças públicas

Notas & Informações, O Estado de S.Paulo

Com dois anos de atraso em relação às promessas de campanha, o presidente Jair Bolsonaro começa, enfim, a mexer na privatização de empresas controladas pela União. O primeiro passo será vender a Eletrobrás. Se for levado a sério, esse lance poderá ser importante para o crescimento econômico do País, além de proporcionar algum alívio às finanças públicas. Serão necessários investimentos de R$ 407 bilhões em geração e distribuição de eletricidade até 2030, segundo o Ministério de Minas e Energia, e é mais seguro deixar essa tarefa para o setor privado. O investimento necessário, é fácil perceber, poderá ser maior, se a economia brasileira sair do atoleiro e avançar mais velozmente do que hoje se prevê.

Para o presidente da República, o efeito imediato da iniciativa, anunciada na terça-feira, foi a melhora de humor do mercado, depois de sua desastrada, custosa e vexaminosa interferência na Petrobrás, com efeitos no Brasil e em Nova York, importante fonte de capital para a empresa. Essa intervenção foi uma tentativa autoritária, realizada no mais tosco estilo populista, de submeter a política de preços de combustíveis a interesses de caminhoneiros. Esse grupo foi apoiado por Bolsonaro no bloqueio de rodovias em 2018, quando ele disputava a eleição presidencial. O vínculo permaneceu.

Empenhado em se mostrar disposto a superar o vexame, o presidente, seguido por uma comitiva de ministros, atravessou a pé a Praça dos Três Poderes para levar ao Congresso a Medida Provisória (MP) 1.031. Longo e complexo, esse documento enumera as condições de capitalização e de transferência de controle da Eletrobrás.

A agenda de privatização, disse o presidente durante o encontro com os congressistas, “continua a todo vapor”. Mas nunca se abriu essa agenda, em mais de dois anos, nem se viu o vapor, e mais de metade do mandato se esgotou sem a venda de uma única empresa. Em agosto do ano passado, o então secretário especial de Desestatização e Privatizações, Salim Mattar, deixou o posto e atribuiu ao presidente a decisão de abandonar a agenda para se reeleger.

Mas a MP da Eletrobrás pode ser o início de algo promissor, se aprovada sem grande mutilação. Esta pode ser uma hipótese muito otimista, mas a possibilidade de uma primeira e importante desestatização vale o esforço de acompanhamento. Pouco importa o real interesse de Bolsonaro. A MP contém muito mais que a mera autorização ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para estudar a forma de privatização de uma grande estatal.

Com 3 capítulos, 18 artigos e um grande número de detalhes técnicos, a MP 1.031 preenche seis páginas impressas e estabelece condições complexas para uma redistribuição do poder sobre o sistema gerador e distribuidor de eletricidade. Pela proposta, a União deixará de ser majoritária, mas disporá de uma golden share para vetar certas iniciativas. O texto proíbe a formação de grupos com mais de 10% do capital votante e mantém sob controle estatal a Eletrobrás Termonuclear S.A. e a Itaipu Binacional.

Além disso, as concessionárias sob controle privado terão certas obrigações especiais, como promover a revitalização do Rio São Francisco e de bacias hidrográficas da área das usinas de Furnas.

A exposição de motivos anexada ao projeto é assinada pelos ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes, e tem a data de 12 de fevereiro.

É arriscado afirmar se o presidente Bolsonaro encaminhou a MP ao Congresso na terça-feira só por causa do vexame dos dias anteriores ou se a entrega já estava programada. É enorme exagero, de toda forma, reduzir a MP a um mero movimento de recuperação de imagem e de agrado ao ministro Paulo Guedes, desprestigiado na demissão do presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, seu indicado para o posto. Não se improvisa uma MP tão complexa. Mas é difícil, de toda forma, apostar no compromisso de Bolsonaro e de seus aliados com a privatização da Eletrobrás. É preciso acompanhar e cobrar.

ANÁLISE DE UM DOS MAIORES PENSADORES SOBRE POR QUE OS PIORES CHEGAM AO PODER

 

POR QUE OS PIORES CHEGAM AO PODER

Por Brittany Hunter

No capítulo 10 de “O Caminho da Servidão”, Friedrich Hayek continua a avisar sobre os perigos das economias planejadas. Há, porém, uma abordagem um pouco diferente: o título deste poderia ser “por que os piores chegam ao poder”.

Adentrando território novo, vemos Hayek não apenas identificando problemas econômicos, mas discutindo a própria natureza do poder.

Especificamente, ele fala de como os totalitários conseguem chegar ao poder e coagir populações inteiras a submeter-se ao despotismo absoluto.

O mais fascinante é o fato de a obra ter sido escrita no pós-guerra. Um período em que as atrocidades do nazismo ainda estavam muito presentes na mente de toda a humanidade.

Além disso, o mundo estava determinado a nunca mais permitir que esse tipo de mal atacasse a civilização.

Porém, como Hayek advertiu, não basta assegurar que pessoas “boas” sejam eleitas. Mas, garantir que o totalitarismo seja rejeitado em todas as suas formas: econômica, política, social.

HÁ TRÊS RAZÕES POR QUE OS PIORES CHEGAM AO PODER

Os ditadores mais notórios da história não chegaram ao topo aleatoriamente. No capítulo 10 de sua obra, Hayek explica o porquê de, parafraseando lorde Acton, o poder absoluto sempre corromper absolutamente.

Para tanto, ele destrincha o processo:

“Existem três razões principais por que um grupo tão numeroso e forte, com posições bastante homogêneas, não tem grande probabilidade de ser formado pelos melhores elementos de qualquer sociedade, mas pelos piores.

Segundo nossos padrões, os princípios com base nos quais tal grupo seria selecionado serão quase inteiramente negativos.”

PRIMEIRA RAZÃO

“Na primeira instância, é provavelmente verdade que, de modo geral, quanto mais se eleva o grau de instrução e inteligência dos indivíduos, mais suas opiniões e seus gostos são diferenciados e menor é a probabilidade de que concordem em relação a uma hierarquia particular de valores.

Um corolário disso é que, se quisermos encontrar um alto grau de uniformidade e semelhança de opiniões, teremos que descer para as regiões dos padrões morais e intelectuais mais baixos, onde prevalecem os instintos e gostos mais primitivos e ‘comuns’.”

Não à toa, foi precisamente isso o que aconteceu na Alemanha antes da ascensão do Terceiro Reich.

Hayek prossegue:

“É, por assim dizer, o menor denominador comum que une o maior número de pessoas.”

“Depois de a economia alemã ter sido dizimada em consequência da Primeira Guerra Mundial, os problemas econômicos formaram o vínculo que uniu todos os alemães. Eles podiam ter apenas isso em comum, mas esse elemento tinha importância suficiente para impactar o dia a dia de todos os alemães.

Além das dificuldades econômicas provocadas pela hiperinflação na República de Weimar, o “volk” contava com mais um elemento comum: eram todos alemães.

A partir disso, nasceu uma campanha de propaganda política que capitalizaria em cima dessas poucas semelhanças. O objetivo era unir ainda mais o povo alemão em volta de uma causa: o Terceiro Reich.

SEGUNDA RAZÃO

“Aqui entra o segundo princípio negativo da seleção: ele conseguirá angariar o apoio de todos os dóceis e crédulos, que não têm convicções próprias fortes, mas estão dispostos a aceitar um sistema de valores já pronto, desde que seus ouvidos sejam bombardeados com ele com volume e frequência suficientes.

Portanto, apenas aqueles cujas ideias vagas e imperfeitamente formadas são facilmente influenciadas e cujas paixões e emoções são prontamente instigadas vão engrossar as fileiras do partido totalitário.”

A população alemã estava exausta depois da I Guerra Mundial. Assim como o restante do planeta, sua economia já sofrera os golpes fiscais ligados aos custos de uma guerra prolongada.

Os alemães queriam prosperidade e estavam dispostos a ir atrás dela pelos métodos que estivessem ao seu alcance. Por qualquer meio capaz de lhes garantir comida sobre a mesa.

Porém, eles tinham acabado de travar uma guerra. Entre viúvas e mutilados pela guerra, a moral dos alemães estava baixíssima, com o mundo inteiro colocando a culpa de seus males na Alemanha.

Joseph Goebbels foi o encarregado de manipular a população alemã para garantir não apenas sua submissão, mas levá-la ao fanatismo completo.

Para tal objetivo, ele soube exatamente o que fazer: unir o povo por uma causa comum e direcioná-lo a um fim desejado.

Ele também sabia que uma boa propaganda política requer a repetição de slogans e discursos até se entranharem na psique do povo, como Hayek explica acima.

Lançando mão de uma campanha brilhante, que fazia uso dos sentimentos de todos os alemães no clima pós Primeira Guerra, Hitler e seus seguidores puderam ludibriar uma nação inteira.

Contudo, a verdadeira genialidade perversa do Terceiro Reich foi ter usado um inimigo comum que a população inteira podia fazer de bode expiatório.

Isto nos conduz à:

TERCEIRA RAZÃO

“Chegamos aqui ao terceiro elemento negativo da seleção, possivelmente o mais importante. Parece ser quase uma lei da natureza humana que é mais fácil as pessoas coincidirem sobre um programa negativo – de ódio a um inimigo ou inveja dos que estão em situação melhor – que sobre qualquer tarefa positiva.

O contraste entre ‘nós’ e ‘eles’, a luta comum contra os que estão fora do grupo, parece constituir um ingrediente essencial de qualquer credo que una um grupo solidamente em torno de uma ação comum.

Logo, isso sempre é usado por aqueles que buscam não apenas o apoio a uma política pública, mas a lealdade sem reservas das grandes massas.”

O povo alemão estava farto, cansado e frustrado com sua situação. Não bastava atribuir a culpa às nações responsáveis por fazer seu país pagar reparações pela Primeira Guerra.

Afinal, na época, a Alemanha não tinha meios para fazer muito a esse respeito. Em vez disso, o inimigo passou a ser todo aquele que não era como todos os outros.

INDIVÍDUOS NÃO DEVEM CEDER AO AUMENTO ESTATAL

Embora o ódio de Hitler pela população judaica não fosse segredo, os judeus não eram os únicos em sua lista de alvos.

Qualquer pessoa que não tivesse sangue alemão correndo em suas veias era vista como ameaça à pátria, cujo extermínio era incentivado.

A maioria das pessoas não estaria de acordo em condenar à morte setores inteiros da população. Mas, o que é importante entender sobre a Alemanha na II Guerra Mundial é que a maioria dos alemães não entendeu a magnitude da situação.

Os alemães entregaram seu poder porque estavam desesperados por mudar a situação do país. Ao abrir mão do poder, permitiram que ocorressem atrocidades pavorosas que não foram freadas.

Como diz Hayek, “existe entre os homens modernos uma tendência crescente a se imaginarem éticos porque delegaram seus vícios a grupos cada vez maiores”.

Essa observação chega ao cerne da razão por que todos os regimes totalitários são perigosos. Se os indivíduos abrem mão de todo seu poder e o entregam a uma autoridade, deixam de existir freios aos governantes.

Todas as coisas que podiam ser feitas foram feitas, com a permissão do povo, porque os fins eram mais importantes do que qualquer outra coisa.

VIGILÂNCIA CONSTANTE

“… para alcançar seus objetivos, os coletivistas precisam criar poder –poder sobre homens exercido por outros homens—de uma magnitude nunca antes vista, e seu êxito dependerá do grau em que alcançam esse poder.

O poder, e o sistema competitivo é o único sistema designado para minimizar pela descentralização o poder exercido pelo homem sobre o homem.”

Poucos políticos são eleitos com uma plataforma de brutalidade de proporções épicas. Se o povo alemão soubesse quais seriam os resultados finais do Terceiro Reich, duvido que a maioria teria concordado.

Então, como nós podemos fazer o que está ao nosso alcance para não permitir que isso volte a acontecer? Como podemos fazer o máximo para não ceder à tentação, confrontados com a incerteza econômica ou ameaças externas?

A resposta para ambas as perguntas está na vigilância constante.

Desconfie de qualquer político que queira que as massas abram mão de seu poder e, quando estiver diante de tal decisão, lembre-se da frase comumente associada a Mises:

“Não se renda ao mal, mas avance contra ele com coragem cada vez maior”.

FA HAYEKFEEHAYEKO CAMINHO DA SERVIDÃO

ESTABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO NÃO É BENÉFICA PAA O PAÍS

 

Liberdade versus estabilidade

 

 23/02/2021  Instituto Liberal Opine!

O livro O Caminho da Servidão do economista Friedrich Hayek, publicado no ano de 1944, é considerado, pelo crítico literário e biógrafo britânico Martin Seymour-Smith, como um dos cem livros que mais influenciaram a humanidade em todos os tempos. De fato, o livro é de uma sensatez impressionante e de uma reflexão imensurável. Alguns capítulos, como Por que os piores chegam ao poder?, Quem, a Quem? e O Fim da Verdade, poderiam, por si sós, estarem entre os escritos mais importantes dos últimos duzentos anos.

Este presente artigo, contudo, se limitará a uma reflexão sobre o capítulo Segurança e Liberdade do livro de Hayek e fará uma analogia com a atual sociedade brasileira, onde muitos cidadãos possuem como meta de vida a estabilidade de emprego, ou mesmo se agarram a sofismas como “direito adquirido”, “reajustes obrigatórios” ou “adicional por tempo de serviço”. Todas as pessoas que têm esses sonhos e conceitos em mente deveriam ler o livro O Caminho da Servidão, ou, pelo menos, o capítulo Segurança e Liberdade.

Todos nós gostaríamos de ter estabilidade econômica, isto é, uma renda periódica que nos garantisse uma qualidade de vida adequada com a qual já estamos acostumados, de forma que pudéssemos pagar por alimentação, moradia, saúde e outras quesitos sem se preocupar em dar satisfação ao chefe, trabalhar incansavelmente todos os dias e ficar preocupado sem saber se seremos demitidos ou não. A pergunta que se faz, então, é: “É possível uma sociedade onde todos os cidadãos tenham essa tão sonhada estabilidade econômica?” Responderei no final do artigo, mas antes, cabem algumas considerações.

Não há nada de errado em buscar a segurança econômica limitada, isto é, trabalhar, empreender e poupar durante um determinado período de tempo até acumular um patrimônio que lhe permita ter razoável previsibilidade de que você poderá viver até o resto de sua vida sem trabalhar ou, pelo menos, sem trabalhar o tanto que você trabalhou até formar esse determinado patrimônio. Logicamente, essa segurança econômica será limitada: se você viver mais do que previa ou se seu patrimônio não for bem administrado, todos os seus recursos poderão se exaurir e você, novamente, terá de trabalhar para sobreviver, sob insegurança e incerteza.

Já a estabilidade econômica ilimitada não pode ser obtida por meio do trabalho, empreendedorismo e poupança. Sempre haverá o risco de você perder seu patrimônio acumulado se ele não for bem administrado, independentemente do valor. Por outro lado, a atual sociedade brasileira é acostumada a conceder segurança econômica ilimitada a determinados servidores públicos, como juízes, promotores, procuradores, auditores fiscais, militares, professores, profissionais da saúde e outros. A concessão dessa segurança ilimitada é feita por meio de lei, isto é, utiliza-se da força ou ameaça da força sobre outras pessoas para que esses servidores públicos tenham sua estabilidade garantida.

O salário dos servidores públicos é pago por meio da arrecadação de impostos, isto é, retira-se o dinheiro produzido pelos demais membros da sociedade com o objetivo de garantir renda estável a esses servidores. Contudo, a renda dessas demais pessoas não é estável. Por exemplo, não é possível acertar com precisão quais serão a receita e lucros futuros obtidos por um restaurante. Isso dependerá de se os clientes continuarão gostando da comida servida, dependerá do preço da carne, do arroz e de diversos outros fatores. Portanto, o valor pago de impostos por um restaurante ao Estado será variável e incerto e o mesmo é válido para todas as outras empresas, independentemente do setor.

Dessa forma, apesar de a despesa de pessoal do poder público garantir a estabilidade de salário e emprego a determinados servidores, a receita obtida pelo poder público sempre será instável. Se houver frustração de receita, o Estado terá de emitir dívida (afetando o custo do crédito por meio do aumento da taxa de juros), imprimir dinheiro (gerando inflação) ou atrasar outros pagamentos para garantir a estabilidade a esses servidores. Todas essas ações geram instabilidade para quem trabalha no setor privado, que terá de rever suas estratégias de negócio, reduzir o endividamento, rever projeções de venda e custos, dentre outras providências. Portanto, a estabilidade dos trabalhadores do setor público só pode ser obtida por meio do aumento da instabilidade dos trabalhadores do setor privado.

A lei brasileira não se limita a impor segurança ilimitada para determinados grupos de servidores públicos; ela também tenta impor segurança limitada para trabalhadores da iniciativa privada. A legislação trabalhista, por meio do seguro desemprego, FGTS, multa sobre o saldo do FGTS, salário família e outros programas sociais, tem como objetivo garantir que o trabalhador tenha uma renda mínima caso perca seu emprego, ou seja, trata-se da concessão, por meio da lei, de certa segurança limitada.

O fato de uma pessoa ter grande redução de seus rendimentos de uma hora para outra causa amarga frustração, desestabiliza a família e ofende o senso comum de justiça. Dessa forma, a reivindicação das pessoas assim prejudicadas, de que o Estado intervenha a seu favor, ganha amplo apoio popular e simpatia. No Brasil, isso se reflete nos programas sociais citados no parágrafo anterior.

Contudo, se, por um lado, queremos estabilidade de renda e emprego, por outro lado, somos totalmente dinâmicos e instáveis no que tange ao nosso comportamento como consumidores. Queremos sempre o melhor e mais barato produto ou serviço. Se em um supermercado a carne está R$60/kilo e no outro R$40/kilo, da mesma qualidade, não hesitamos em comprar no segundo. Sempre quando um novo produto melhor e mais barato surge, abandonamos o velho, sem dó, nem piedade. É estranho o fato de as pessoas agirem com complacência e compaixão quando algum amigo perde o emprego, sem perceber que provavelmente foi a mudança no seu padrão de consumo que levou à demissão de seu amigo.

A estabilidade no consumo é evidentemente impossível. Somos seres ativos e dinâmicos, estamos sempre querendo melhorar a nossa qualidade de vida ou, pelo menos, não piorar. Sempre iremos agir de forma a escolher um produto ou serviço que satisfaça as nossas necessidades e custe o menor valor possível. Quando uma nova empresa entra no mercado, oferecendo produtos mais baratos e de melhor qualidade, a empresa ultrapassada sofre prejuízos e tem de demitir seus trabalhadores.  Mesmo dentro de uma empresa lucrativa, se o trabalhador não obtém sucesso ao servir ao consumidor, ele poderá ser demitido. Quem o demite, em última instância, não é o seu chefe, mas sim os consumidores, que, votando por meio de cada real gasto, julgaram que aquele determinado trabalhador não é apto para a função.

Portanto, dado que não existe estabilidade no consumo, é impossível garantir estabilidade na renda e no emprego. Quando essa estabilidade é concedida a alguns privilegiados, todos os demais sofrem o prejuízo de sua consequência, isto é, sofrem mais instabilidade no emprego, menor renda e menos disponibilidade de produtos e serviços para consumo.

O exemplo brasileiro evidencia a afirmação acima. De acordo com o IBGE, da força de trabalho no Brasil, de 100 milhões de pessoas, 12 milhões são servidores públicos, ou seja, possuem segurança ilimitada; 30 milhões são trabalhadores com carteira assinada, ou seja, possuem segurança limitada imposta pela lei; e os demais 58 milhões de brasileiros não possuem nenhuma segurança garantida pela lei, sendo que destes, 14 milhões estão desempregados e 27 milhões recebem abaixo de um salário mínimo. A estabilidade concedida a determinados grupos privilegiados levou grande parte da população brasileira ao desemprego ou subemprego.

Não há nada errado em tentar construir sua própria segurança por meio do trabalho, empreendedorismo e poupança. Contudo, a tentativa de impor segurança a determinados grupos por meio da lei tem como consequência inevitável aumentar a insegurança das pessoas que não foram contempladas pela legislação. É impossível que uma sociedade garanta a estabilidade econômica para todos os seus cidadãos, pois isso significaria o fim da liberdade de escolha de consumo e de profissão.

Uma sociedade que tenta impor a estabilidade econômica, de renda e emprego, a todos os seus cidadãos só terá três possíveis destinos: (i) controle total de todas as decisões de todos os indivíduos pelo Estado, ou seja, as pessoas não poderão escolher livremente o que consumir, qual profissão seguir, quanto poupar, em qual atividade investir e nem em qual região morar, (ii) a informalização completa e o total desrespeito pela lei, isto é, empresas irão atuar sem pagar impostos e sem seguir as regras determinadas pelo governo, funcionarão sempre na clandestinidade, ou (iii) uma mistura parcial entre (i) e (ii). Não há dúvidas de que a legislação brasileira, ao tentar impor por meio da lei a segurança ilimitada a determinados servidores e a segurança limitada a determinados trabalhadores, fez com que o nosso país seguisse o terceiro destino.

*Victor Cezarini é Graduado em Economia pela UFMG e Mestre em Economia pela USP. Trabalhou nos Bancos de Investimento Brasil Plural e Indusval & Partners, foi coordenador do diagnóstico financeiro da equipe de transição do Governador Romeu Zema e atualmente trabalha como Assessor de Desestatização no Governo de Minas Gerais. Também é Diretor de Formação do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.

Raphael Werner é Programador pela PUC-MG, Alumnuns do Instituto Mises Brasil (IMB) e cursa a Pós Graduação em Economia em Escola Austríaca também pelo IMB. Trabalhou como Desenvolvedor de Softwares nas empresas SYS10, Rumo Soluções e, atualmente, trabalha na Siteware.

O livro O Caminho da Servidão do economista Friedrich Hayek, publicado no ano de 1944, é considerado, pelo crítico literário e biógrafo britânico Martin Seymour-Smith, como um dos cem livros que mais influenciaram a humanidade em todos os tempos. De fato, o livro é de uma sensatez impressionante e de uma reflexão imensurável. Alguns capítulos, como Por que os piores chegam ao poder?, Quem, a Quem? e O Fim da Verdade, poderiam, por si sós, estarem entre os escritos mais importantes dos últimos duzentos anos.

Este presente artigo, contudo, se limitará a uma reflexão sobre o capítulo Segurança e Liberdade do livro de Hayek e fará uma analogia com a atual sociedade brasileira, onde muitos cidadãos possuem como meta de vida a estabilidade de emprego, ou mesmo se agarram a sofismas como “direito adquirido”, “reajustes obrigatórios” ou “adicional por tempo de serviço”. Todas as pessoas que têm esses sonhos e conceitos em mente deveriam ler o livro O Caminho da Servidão, ou, pelo menos, o capítulo Segurança e Liberdade.

Todos nós gostaríamos de ter estabilidade econômica, isto é, uma renda periódica que nos garantisse uma qualidade de vida adequada com a qual já estamos acostumados, de forma que pudéssemos pagar por alimentação, moradia, saúde e outras quesitos sem se preocupar em dar satisfação ao chefe, trabalhar incansavelmente todos os dias e ficar preocupado sem saber se seremos demitidos ou não. A pergunta que se faz, então, é: “É possível uma sociedade onde todos os cidadãos tenham essa tão sonhada estabilidade econômica?” Responderei no final do artigo, mas antes, cabem algumas considerações.

Não há nada de errado em buscar a segurança econômica limitada, isto é, trabalhar, empreender e poupar durante um determinado período de tempo até acumular um patrimônio que lhe permita ter razoável previsibilidade de que você poderá viver até o resto de sua vida sem trabalhar ou, pelo menos, sem trabalhar o tanto que você trabalhou até formar esse determinado patrimônio. Logicamente, essa segurança econômica será limitada: se você viver mais do que previa ou se seu patrimônio não for bem administrado, todos os seus recursos poderão se exaurir e você, novamente, terá de trabalhar para sobreviver, sob insegurança e incerteza.

Já a estabilidade econômica ilimitada não pode ser obtida por meio do trabalho, empreendedorismo e poupança. Sempre haverá o risco de você perder seu patrimônio acumulado se ele não for bem administrado, independentemente do valor. Por outro lado, a atual sociedade brasileira é acostumada a conceder segurança econômica ilimitada a determinados servidores públicos, como juízes, promotores, procuradores, auditores fiscais, militares, professores, profissionais da saúde e outros. A concessão dessa segurança ilimitada é feita por meio de lei, isto é, utiliza-se da força ou ameaça da força sobre outras pessoas para que esses servidores públicos tenham sua estabilidade garantida.

O salário dos servidores públicos é pago por meio da arrecadação de impostos, isto é, retira-se o dinheiro produzido pelos demais membros da sociedade com o objetivo de garantir renda estável a esses servidores. Contudo, a renda dessas demais pessoas não é estável. Por exemplo, não é possível acertar com precisão quais serão a receita e lucros futuros obtidos por um restaurante. Isso dependerá de se os clientes continuarão gostando da comida servida, dependerá do preço da carne, do arroz e de diversos outros fatores. Portanto, o valor pago de impostos por um restaurante ao Estado será variável e incerto e o mesmo é válido para todas as outras empresas, independentemente do setor.

Dessa forma, apesar de a despesa de pessoal do poder público garantir a estabilidade de salário e emprego a determinados servidores, a receita obtida pelo poder público sempre será instável. Se houver frustração de receita, o Estado terá de emitir dívida (afetando o custo do crédito por meio do aumento da taxa de juros), imprimir dinheiro (gerando inflação) ou atrasar outros pagamentos para garantir a estabilidade a esses servidores. Todas essas ações geram instabilidade para quem trabalha no setor privado, que terá de rever suas estratégias de negócio, reduzir o endividamento, rever projeções de venda e custos, dentre outras providências. Portanto, a estabilidade dos trabalhadores do setor público só pode ser obtida por meio do aumento da instabilidade dos trabalhadores do setor privado.

A lei brasileira não se limita a impor segurança ilimitada para determinados grupos de servidores públicos; ela também tenta impor segurança limitada para trabalhadores da iniciativa privada. A legislação trabalhista, por meio do seguro desemprego, FGTS, multa sobre o saldo do FGTS, salário família e outros programas sociais, tem como objetivo garantir que o trabalhador tenha uma renda mínima caso perca seu emprego, ou seja, trata-se da concessão, por meio da lei, de certa segurança limitada.

O fato de uma pessoa ter grande redução de seus rendimentos de uma hora para outra causa amarga frustração, desestabiliza a família e ofende o senso comum de justiça. Dessa forma, a reivindicação das pessoas assim prejudicadas, de que o Estado intervenha a seu favor, ganha amplo apoio popular e simpatia. No Brasil, isso se reflete nos programas sociais citados no parágrafo anterior.

Contudo, se, por um lado, queremos estabilidade de renda e emprego, por outro lado, somos totalmente dinâmicos e instáveis no que tange ao nosso comportamento como consumidores. Queremos sempre o melhor e mais barato produto ou serviço. Se em um supermercado a carne está R$60/kilo e no outro R$40/kilo, da mesma qualidade, não hesitamos em comprar no segundo. Sempre quando um novo produto melhor e mais barato surge, abandonamos o velho, sem dó, nem piedade. É estranho o fato de as pessoas agirem com complacência e compaixão quando algum amigo perde o emprego, sem perceber que provavelmente foi a mudança no seu padrão de consumo que levou à demissão de seu amigo.

A estabilidade no consumo é evidentemente impossível. Somos seres ativos e dinâmicos, estamos sempre querendo melhorar a nossa qualidade de vida ou, pelo menos, não piorar. Sempre iremos agir de forma a escolher um produto ou serviço que satisfaça as nossas necessidades e custe o menor valor possível. Quando uma nova empresa entra no mercado, oferecendo produtos mais baratos e de melhor qualidade, a empresa ultrapassada sofre prejuízos e tem de demitir seus trabalhadores.  Mesmo dentro de uma empresa lucrativa, se o trabalhador não obtém sucesso ao servir ao consumidor, ele poderá ser demitido. Quem o demite, em última instância, não é o seu chefe, mas sim os consumidores, que, votando por meio de cada real gasto, julgaram que aquele determinado trabalhador não é apto para a função.

Portanto, dado que não existe estabilidade no consumo, é impossível garantir estabilidade na renda e no emprego. Quando essa estabilidade é concedida a alguns privilegiados, todos os demais sofrem o prejuízo de sua consequência, isto é, sofrem mais instabilidade no emprego, menor renda e menos disponibilidade de produtos e serviços para consumo.

O exemplo brasileiro evidencia a afirmação acima. De acordo com o IBGE, da força de trabalho no Brasil, de 100 milhões de pessoas, 12 milhões são servidores públicos, ou seja, possuem segurança ilimitada; 30 milhões são trabalhadores com carteira assinada, ou seja, possuem segurança limitada imposta pela lei; e os demais 58 milhões de brasileiros não possuem nenhuma segurança garantida pela lei, sendo que destes, 14 milhões estão desempregados e 27 milhões recebem abaixo de um salário mínimo. A estabilidade concedida a determinados grupos privilegiados levou grande parte da população brasileira ao desemprego ou subemprego.

Não há nada errado em tentar construir sua própria segurança por meio do trabalho, empreendedorismo e poupança. Contudo, a tentativa de impor segurança a determinados grupos por meio da lei tem como consequência inevitável aumentar a insegurança das pessoas que não foram contempladas pela legislação. É impossível que uma sociedade garanta a estabilidade econômica para todos os seus cidadãos, pois isso significaria o fim da liberdade de escolha de consumo e de profissão.

Uma sociedade que tenta impor a estabilidade econômica, de renda e emprego, a todos os seus cidadãos só terá três possíveis destinos: (i) controle total de todas as decisões de todos os indivíduos pelo Estado, ou seja, as pessoas não poderão escolher livremente o que consumir, qual profissão seguir, quanto poupar, em qual atividade investir e nem em qual região morar, (ii) a informalização completa e o total desrespeito pela lei, isto é, empresas irão atuar sem pagar impostos e sem seguir as regras determinadas pelo governo, funcionarão sempre na clandestinidade, ou (iii) uma mistura parcial entre (i) e (ii). Não há dúvidas de que a legislação brasileira, ao tentar impor por meio da lei a segurança ilimitada a determinados servidores e a segurança limitada a determinados trabalhadores, fez com que o nosso país seguisse o terceiro destino.

*Victor Cezarini é Graduado em Economia pela UFMG e Mestre em Economia pela USP. Trabalhou nos Bancos de Investimento Brasil Plural e Indusval & Partners, foi coordenador do diagnóstico financeiro da equipe de transição do Governador Romeu Zema e atualmente trabalha como Assessor de Desestatização no Governo de Minas Gerais. Também é Diretor de Formação do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.

Raphael Werner é Programador pela PUC-MG, Alumnuns do Instituto Mises Brasil (IMB) e cursa a Pós Graduação em Economia em Escola Austríaca também pelo IMB. Trabalhou como Desenvolvedor de Softwares nas empresas SYS10, Rumo Soluções e, atualmente, trabalha na Siteware.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

LÍDER DO GOVERNO FAZ DEFESA DO NEPOTISMO

 

Defesa do nepotismo feita pelo líder do governo divide Congresso

Repercussão ruim na opinião pública causa resistência de parlamentares as alterações na lei de improbidade administrativa

Felipe Frazão, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – A contratação de parentes no serviço público, defendida pelo deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo na Câmara, divide o Congresso. Apesar de contar com apoio, nos bastidores, de nomes do Centrão e da oposição, a ideia de autorizar o nepotismo também sofre resistências e não é considerada fácil de ser aprovada, por causa da má repercussão na opinião pública.

Como o Estadão revelou nesta terça-feira, 23, Barros propôs que a liberação da prática, proibida pelo Supremo Tribunal Federal, seja discutida no âmbito da reforma da lei de improbidade administrativa, tratada desde 2018 na Câmara e atualmente numa comissão especial.

O plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

O relatório do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) sugere uma alteração no artigo 11 na lei, usado pelos órgãos de controle, como o Ministério Público, para enquadrar políticos que nomeiam parentes em afronta à Súmula 13 do Supremo, de 2008. O dispositivo veda “a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau (…), para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada”.

Zarattini observou que, para configurar ato de improbidade administrativa, é preciso haver constatação de enriquecimento ilícito ou prejuízo ao erário. O texto original do projeto de lei em debate exige a conduta dolosa.  A lei em vigor não faz essas ressalvas. Diz apenas que “constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições”.

Barros quer que o artigo 11 seja retirado da lei de improbidade e que o nepotismo seja abordado em outro projeto de lei. “Ah, estão preocupados com nepotismo? Então, vamos encerrar o artigo 11 e fazer uma lei de nepotismo aqui. Isso pode, isso não pode. Não é para cada promotor interpretar (a lei) do jeito que quer”, disse o líder do governo.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que vem tratando de mudanças na lei com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), para dar mais liberdade a prefeitos. Na avaliação de Bolsonaro, a legislação “engessa” a atuação dos chefes de Executivos municipais.

“É muita burocracia. Tem muita lei do passado que realmente é para combater a corrupção e etc., mas engessa o prefeito. Muitos aí respondem por 20 anos de improbidade administrativa”, afirmou o presidente em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada. “Alguma coisa vai ser mudada, pode deixar. Tenho conversado com o Arthur Lira para a gente mudar alguma coisa para dar liberdade ao prefeito também.”

Favoráveis a alterações na lei de improbidade, integrantes da bancada do Partido Novo se manifestaram contra a declaração do líder do governo. “Sou contra o nepotismo. Serei a favor que mude a lei somente se for para aumentar a pena para corruptos e para dar liberdade ao gestor que é correto trabalhar. Precisamos separar o joio do trigo”, afirmou Vinicius Poit (SP), líder do Novo na Câmara. “Tudo vira cabide para cônjuges, filhos e cunhados. Não podemos aceitar a política do cabide”, protestou Adriana Ventura (MG).

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), um dos mais influentes na esquerda, disse que a ideia de Barros não deve ter adesão entre partidos de oposição. Silva afirmou desconhecer a nova proposta para reforma da lei de improbidade, relatada por Zarattini.

“Vários fatores explicam a baixa representatividade e credibilidade da política no Brasil. Um deles é o nepotismo. É preciso combater o nepotismo”, destacou Silva, que é vice-líder da Oposição.

Se for alterada no plenário da Câmara, a lei de improbidade ainda precisa passar por votações no Senado, onde também não há acordo.

“Qualquer alteração na lei de improbidade deve visar o seu endurecimento, e não a sua flexibilização. Retirar o nepotismo da lei de improbidade seria um retrocesso”, declarou o líder do Podemos, senador Álvaro Dias (PR). E completou: “Em relação à agenda ética, nunca há consenso.” / COLABOROU EMILLY BEHNKE

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