sábado, 13 de fevereiro de 2021

MENU DAS FORÇAS ARMADAS RECHEADO DE ÍTENS CAROS

No menu das Forças Armadas, dinheiro público pagou de lombo de bacalhau a uísque 12 anos

Em representação à PGR, deputados detalham gastos de militares com alimentação e bebida

André Borges, O Estado de S.Paulo

O cardápio de iguarias consumidas pelas Forças Armadas não se limitou à aquisição de milhares de quilos de picanha e garrafas de cerveja ao longo de 2020. Os dados oficiais mostram que a dieta verde oliva também incluiu, no ano passado, a compra de itens como milhares de quilos de lombo de bacalhau – lombo, não o peixe desfiado, que é bem mais em conta –, além de uísques 12 anos e garrafas de conhaque.

As novas informações reunidas pelos deputados do PSB serão anexadas à representação que o partido fez à Procuradoria-Geral da República (PGR), para pedir esclarecimentos sobre os gastos alimentares das Forças Armadas, os quais incluíram a compra de mais de 700 mil quilos de picanha e 80 mil cervejas.

Militares brasileiros na Base Aérea de Brasília embarcando para o Haiti em 2004  Foto: Sergio Dutti/AE

Os dados oficiais, obtidos a partir de informações que são repassadas pelos próprios militares ao Painel de Preços do Ministério da Economia, mostram que, no ano passado, foram aprovados processos de compra de 140 mil quilos de lombo de bacalhau, além de outros 9,7 mil quilos de filé do peixe salgado.

Em uma das compras registradas pelos militares, consta um pedido homologado pelo Comando da Aeronáutica, para aquisição de 500 quilos de lombo de bacalhau, em que o preço de referência usado pelo órgão público foi de nada menos que R$ 150 o quilo. Esses pedidos, uma vez homologados, ficam à disposição dos órgãos, para que façam suas compras com os fornecedores aprovados.

Muitos copos de uísques e conhaques também foram brindados com o uso do dinheiro público. O 38.º Batalhão de Infantaria, por exemplo, comprou dez garrafas do uísque Ballantine’s, mas desde que fosse com 12 anos de envelhecimento. O preço da garrafa proposto foi de R$ 144,13.

Já o Comando da Marinha preferiu adquirir 15 garrafas de Johnnie Walker, também com 12 anos de envelhecimento, o chamado “Black Label”. O valor que se dispôs a pagar para cada unidade foi de R$ 164,18.

Conhaques mais populares também entraram na lista do Batalhão Naval da Marinha. Em setembro do ano passado, o órgão aprovou o registro para compra de até 660 garrafas de conhaque das marcas “Presidente” e “Palhinha”, com preço unitário proposto de R$ 27,06.

“É um poço sem fundo. Quanto mais investigamos, mais absurdos e irregularidades encontramos. Se não bastasse o governo comprar picanha e cerveja, ainda tem o corte mais caro do bacalhau, uísque e conhaque e com indícios de superfaturamento”, diz o deputado Elias Vaz de Andrade (PSB-GO), que está entre aqueles que assinam a representação enviada ao procurador-geral da República, Augusto Aras, para que investigue os gastos militares. “Além da PGR, eu e mais nove deputados do PSB vamos levar essas informações ao Tribunal de Contas da União. Também estamos discutindo propor a instalação da CPI das compras do governo na Câmara Federal.”

Defesa

A reportagem questionou o Ministério da Defesa sobre cada uma das novas informações. A pasta, no entanto, não se manifestou sobre esses dados até a conclusão desta reportagem. Na quinta-feira, por meio de nota, o ministério afirmou que “reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade com o interesse e a administração dos bens públicos” e que “eventuais irregularidades são apuradas com rigor”.

Segundo o Ministério da Defesa, “existe sempre uma significativa diferença entre processos de licitação e a compra efetivamente realizada, cuja efetiva aquisição é concretizada conforme a real necessidade da administração”.

Assim, “é imprescindível que se faça essa segmentação adequada, quando se faz a totalização dos valores, interpretação e principalmente a divulgação pública destes dados, de modo a evitar a desinformação”, afirma o ministério.

De acordo com a pasta, “apresentar valores totais de processos licitatórios homologados como sendo valores efetivamente gastos constitui grave equívoco”, afirma a nota, referindo-se aos dados incluídos na representação. No documento apresentado à PGR, entretanto, os deputados exibem dados detalhados com a identificação da compra realizada e seu referido fornecedor.

Elias Vaz afirmou que se trata de processos já concluídos e com fornecedores escolhidos pelos militares. “Estamos denunciando esses processos licitatórios. Essas empresas tiveram suas propostas aprovadas, por esses valores. Há processos de compra concluídos e, inclusive, já efetivamente pagos. Todos eles foram homologados pelas Forças Armadas”, disse o deputado.

 

BOLSONARO NOMEIA DEPUTADO PARA MINISTRO DA CIDADANIA

 

Bolsonaro nomeia deputado João Roma, aliado de ACM Neto, como novo ministro da Cidadania

Onyx Lorenzoni foi deslocado para a Secretaria Geral da Presidência na primeira fase da reforma ministerial

Felipe Frazão e Anne Warth, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O deputado João Roma (Republicanos-BA) foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro como novo ministro da Cidadania. O parlamentar assume a vaga deixada por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que foi deslocado para a Secretaria Geral da Presidência, numa primeira fase da reforma ministerial e a entrega de cargos no primeiro escalão do governo a nomes do Centrão. A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta sexta-feira, 12. Embora filiado a outro partido, o anúncio acirrou a crise no DEM.

Antes de ser deputado, Roma foi chefe de gabinete na prefeitura de Salvador, durante a administração de ACM Neto, presidente do DEM. Em cinco anos no cargo, era considerado um dos homens fortes da gestão de Neto e teve o apoio do padrinho político para disputar o primeiro mandato de deputado federal, eleito em 2018. Apontado como governista por favorecer Arthur Lira (Progressistas-AL), candidato do Palácio do Planalto, na disputa na Câmara, o ex-prefeito apelou para que Roma não aceitasse a indicação, mas o deputado ponderou que tinha aspirações pessoais e que sua indicação fazia parte de um acordo partidário do Republicanos com o Palácio do Planalto.

João Roma é o novo ministro da Cidadania Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados – 2/7/2020

Após a confirmação de Roma no ministério, Neto divulgou uma nota em que qualifica a decisão como “lamentável” e afirma que a intenção do Palácio do Planalto é intimidá-lo.  “A decisão me surpreende porque desconsidera a relação política e a amizade pessoal que construímos ao longo de toda a vida. Se a intenção do Palácio do Planalto é me intimidar, limitar a expressão das minhas opiniões ou reduzir as minhas críticas, serviu antes para reforçar a minha certeza de que me manter distante do governo federal é o caminho certo a ser trilhado, pelo bem do Brasil”, afima ACM Neto.

Em postagem no Twitter, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, afirmou que a nomeação do aliado revela o “caráter” de ACM Neto, a quem acusa de adesista. Maia aponta o dirigente do DEM como responsável por prejudicar a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP), que tentava eleger como seu sucessor, ao retirar o apoio do partido. A maioria da bancada da sigla aderiu à campanha de Lira.

Também pelas redes sociais, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), rebateu Maia e disse que ACM Neto não tem nada a ver com a nomeção de Roma. “Você sabe que essa sua publicação não está correta. ACM Neto não tem participação nenhuma nessa indicação. Inclusive ele me pediu para não fazer, mas eu não tinha condições de retirar o nome do Roma. Se tiver que colocar na conta de alguém, coloque na minha. Dizer que é indicação do Republicanos através da bancada é o correto e a mais pura expressão da verdade. Colocar que Neto tem a ver, é mentira, o que não fica bem pra ninguém”, afirmou Pereira.

Roma, de 48 anos, venceu uma espécie de corrida interna no partido, que também avaliava para o Ministério da Cidadania os deputados Márcio Marinho (RJ) e Jhonatan de Jesus (RR). Ele foi escolhido por ter maior experiência em gestão pública e pela capacidade de articulação nos bastidores. Nos anos 1990 e 2000, passou por cargos de confiança nos governos de Pernambuco, Ministério da Administração, Ministério da Cultura e Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Em uma conversa recente com a cúpula de seu partido, Roma foi aconselhado a “cortar o cordão umbilical” com ACM Neto. A direção do Republicanos estava incomodada e via na tentativa de barrar Roma uma questão de vaidade do ex-prefeito de Salvador, que veria o “pupilo” assumir um cargo que nunca ele mesmo ocupou e em voo próprio, sem ser pelas suas mãos. Bolsonaro já havia definido a escolha. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, chegou a telefonar a Pereira para relatar sobre a interferência do presidente do DEM.

Roma é católico, embora o partido seja um dos mais fortes na bancada evangélica e tenha vínculos com a Igreja Universal do Reino de Deus. O deputado é formado em Direito. Nascido em Recife (PE), é casado e tem dois filhos. Ele foi filiado ao antigo PFL, no qual militou na juventude. É neto do ex-deputado federal por três mandatos João Roma (PE), de quem herdou o nome. Nos anos 1960, o avô foi filiado ao PSD e à Arena, partido de sustentação do regime militar – ele deixaria a secretaria-geral da Arena em 1968, em discordância com o Ato Institucional Número 5 (AI-5).

O ingresso do Republicanos no primeiro escalão de Bolsonaro é a primeira “entrega” a partidos do bloco do Centrão que apoiaram a eleição de Arthur Lira (Progressistas-AL) como presidente da Câmara dos Deputados. A costura foi realizada por Pereira, presidente nacional do Republicanos, que deixou o grupo do ex-presidente da Casa Rodrigo Maia (DEM-RJ), em que era um dos nomes cotados para a disputa, para aderir à campanha do candidato do Palácio do Planalto.

O movimento do Republicanos e de outras siglas em favor de Lira ocorreu após o governo distribuir recursos e cargos para que deputados apoiassem seus candidatos ao comando do Congresso. O Estadão revelou que apenas do Ministério do Desenvolvimento Social foram repassados R$ 3 bilhões.

Pereira se reuniu com Bolsonaro na terça-feira, dia 9, para tratar da autonomia do Banco Central, pauta conduzida por outro deputado da bancada, Silvio Costa Filho (PE).

O acordo para dar mais espaço ao Republicanos, partido conservador, vinha sendo construído numa aproximação desde o ano passado. Dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) e o vereador no Rio Carlos Bolsonaro ingressaram no partido. O partido também indicou, no ano passado, o presidente da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) José Samuel de Miranda Melo Júnior.

Fundado com apoio de bispos da Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos nasceu durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva e apoiou os governos Dilma Rousseff e Michel Temer. Políticos filiados ao partido foram ministros da Pesca, do Esporte e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Tia Eron

O licenciamento de Roma para assumir o ministério da Cidadania abrirá uma nova vaga ao Republicanos na Câmara. A suplente imediata é a ex-deputada Tia Eron (BA). Ela foi secretária nacional de Políticas para as Mulheres em 2019, tendo sido demitida pela ministra Damares Alves, da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Tia Eron foi secretária de Promoção Social e Combate à Pobreza na prefeitura de Salvador, durante a gestão de ACM Neto. Na Câmara, notabilizou-se em 2016 por dar um voto, no Conselho de Ética, que abriu caminho para a cassação do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ). O ex-presidente da Câmara foi preso e condenado na Operação Lava Jato.

KATIA ABREU PRESIDENTE DA COMISSÃO DO SENADO DIZ QUE NÃO FARÁ OPOSIÇÃO AO GOVERNO

 

Presidência de comissão no Senado não é espaço para fazer oposição, diz Kátia Abreu

Escolhida para comandar comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, senadora diz que não vê motivo para ‘temor’ da ala governista

Anne Warth, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – A escolha da senadora Kátia Abreu (PP-TO) para o comando da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no Senado já preocupa o governo. Candidata à vice na chapa liderada por Ciro Gomes (PDT) nas eleições presidenciais de 2018 e amiga da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a senadora afirma não haver motivo para esse “temor” da ala governista.

“Presidência de comissão não é espaço para fazer oposição. Há espaços institucionais para isso”, disse a senadora, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político/Estadão. “Os Poderes Executivo e Legislativo devem conviver com independência e harmonia e assim o faremos. Se meus colegas e meu partido me indicaram, e se estou sendo muito bem recebida, é porque confiam na minha performance.”

Apesar da posição moderada, Kátia Abreu defende aproximação entre Brasil e China, país que é um dos principais alvos da ala ideológica do governo e que tem, no ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um de seus expoentes. Ela ainda precisa ser formalmente eleita pelos senadores, mas há acordo em torno de seu nome. À frente da comissão, será formalmente responsável pela aprovação de diplomatas indicados pelo governo para embaixadas no exterior, mas quer que o trabalho vá além dessa atribuição – entre elas discussões sobre Defesa, também no rol de assuntos da comissão.

‘Temos que decidir o que for melhor para o Brasil no 5G, sem preconceitos e ideologia’, diz Katia Abreu Foto: André Dusek/Estadão

“Uma das atribuições da comissão é a defesa nacional. O ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) já pediu a mim um encontro com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e eu me coloquei prontamente à disposição para discutir e aprender”, afirmou.

A parlamentar destaca a necessidade de uma aproximação entre Brasil e China, que é um dos principais parceiros comerciais do País e maior produtor de insumos e vacinas para a covid-19. Kátia Abreu elogiou a missão internacional do 5G, liderada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria. A comitiva visitou países europeus e asiáticos para conhecer fornecedores locais. “Temos que decidir o que for melhor para o Brasil no 5G, sem preconceitos e ideologia.”

“A China é muito importante para o agronegócio, mas lidera também o comércio eletrônico. Temos muito a aprender com eles. Precisamos de uma legislação sobre esse tema e podemos ser protagonistas. O comércio eletrônico não pode ocorrer sem regras, de forma informal, com todo mundo sendo engolido e perdendo mercado”, disse.

Ela defende uma aproximação do Senado com o parlamento europeu, para destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia. “Esse acordo precisa ser resgatado. O governo está se empenhando, mas o Congresso pode ajudar atuando junto ao parlamento europeu”, afirmou.

A senadora também quer levantar discussões sobre barreiras sanitárias no comércio internacional, que impedem produtos brasileiros de entrar em alguns países. “O Brasil tem todas as condições de liderar uma discussão sobre a questão sanitária sob o ponto de vista internacional. Isso não pode ser usado como barreira, nem por nós nem por ninguém. No Congresso, podemos uniformizar normas, procedimentos e linguagem”, disse.

Agronegócio

Produtora rural, a senadora reconhece que o Brasil ainda é considerado um país fechado em termos comerciais e que também deve fazer concessões, inclusive no agronegócio. Segundo ela, a corrente comercial representa 25% do PIB. “Precisamos almejar 40% em cinco ou dez anos, e o Congresso pode contribuir nessa discussão”, afirmou.

Na avaliação dela, o Brasil pode excluir três ou quatro produtos mais sensíveis em acordos comerciais, mas precisa rever, por exemplo, as taxas sobre café importado. “Somos os maiores produtores e exportadores, mas impomos uma taxa tão grande que torna inviável trazer alguns cafés especiais para uma mistura do tipo blend. Isso precisa ser superado”, disse.

Outra bandeira defendida pela senadora é o fortalecimento do orçamento do Itamaraty, reduzido ano a ano. “Precisamos de uma diplomacia que tenha foco e possa negociar de igual para igual. Precisamos fortalecer nosso time no exterior”, afirmou.

AUMENTO DA INFLAÇÃO IRRITA O MERCADO

 

‘Mercado irritadinho’

Diante da escalada inflacionária, Jair Bolsonaro cultiva a narrativa segundo a qual a culpa é dos governadores, do vírus e dos investidores

Notas&Informações, O Estado de S.Paulo

O presidente Jair Bolsonaro declarou que quer “tratar de diminuir impostos num clima de tranquilidade, não num clima conflituoso”, numa referência à sua intenção de reduzir os impostos federais sobre os combustíveis para baratear o diesel e agradar aos caminhoneiros. Queixou-se de que “o pessoal do mercado” fica “irritadinho” com “qualquer coisa que se fala aqui”. E insistiu: “Vamos deixar de ser irritadinhos, que isso não leva a lugar nenhum. Uma das maneiras de diminuir (o preço do) combustível é com o dólar caindo aqui dentro. Mas qualquer negocinho, qualquer boato na imprensa, tá o mercado irritadinho, sobe o dólar”. Arrematou dizendo que “o mercado tem que dar um tempinho também” e que “um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles”.

É preciso um esforço considerável para traduzir o dialeto primitivo do sr. Bolsonaro, mas presume-se que o presidente da República tenha tentado expressar sua contrariedade com o fato de que o mercado reage mal sempre que se fala em intervir em preços.

Bolsonaro nunca escondeu que não entende nada de economia. Ainda na campanha, avisou aos eleitores que era um ignorante completo sobre o assunto, deixando todas as questões relativas a esse tema para serem respondidas pelo hoje ministro da Economia, Paulo Guedes.

Já na condição de presidente, disse que não era economista e que, por esse motivo, não conseguia entender por que razão a Petrobrás eventualmente reajustava os preços dos combustíveis acima da inflação. Em abril de 2019, a Petrobrás havia majorado o preço do diesel em 5,7%, e Bolsonaro informou ter mandado a estatal suspender o aumento até que lhe explicasse “o porquê dos 5,7% quando a inflação projetada para este ano está abaixo de 5%”. Ato contínuo, as ações da Petrobrás despencaram, ante a óbvia intervenção do presidente.

Passados quase dois anos, aparentemente nenhum dos auxiliares de Bolsonaro foi capaz de explicar-lhe que um presidente da República, por mais poderoso que se considere, não deve interferir na formação dos preços da Petrobrás.

Na última vez em que isso foi feito explicitamente, durante o governo de Dilma Rousseff, a estatal contabilizou um dos maiores prejuízos de sua história, por ter sido obrigada a subsidiar os preços dos combustíveis para tentar conter a escalada da inflação às vésperas da eleição presidencial de 2014. Como a Petrobrás é uma empresa com ações em Bolsa e deve satisfações a investidores privados, não pode estar sujeita aos humores políticos, naturalmente instáveis, a ponto de tornar imprevisível o processo decisório da empresa.

Mas o problema transcende a Petrobrás. Um governo que interfere diretamente nos preços dos combustíveis cruza uma espécie de Rubicão da administração pública, pois deixa claro que não respeita os fundamentos da economia de mercado e é capaz de tudo para satisfazer aos interesses políticos.

Um presidente da República não precisa entender de economia, mas deve saber de cor quais são os limites de seu poder. O fato, contudo, é que é ocioso esperar que Bolsonaro algum dia aprenda o que é uma economia de mercado, assim como é perda de tempo esperar que ele aprenda os fundamentos da democracia – cuja plenitude só é atingida quando os agentes econômicos são livres.

Bolsonaro já disse reiteradas vezes – e repetiu agora – que são impatriotas os “irritadinhos” do mercado. De acordo com essa concepção, não gostam do Brasil os investidores que esperam transparência e racionalidade das empresas nas quais põem seu dinheiro. Também não gostam do Brasil aqueles que exigem responsabilidade fiscal e têm ojeriza ao populismo perdulário. Por conseguinte, o bom brasileiro, na visão bolsonarista, seria aquele que aceita perder dinheiro em nome dos interesses eleitorais do presidente.

Mas Bolsonaro compensa largamente seu apedeutismo econômico com sua astúcia política: diante da escalada inflacionária, o presidente vem cultivando a narrativa segundo a qual não tem culpa de nada – a conta é dos governadores, do vírus e, agora, dos investidores “irritadinhos”. Se há algo previsível neste governo, é a ânsia de Bolsonaro de fugir de toda e qualquer responsabilidade.

A RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA DIMINUI

 

A recuperação perde força

Serviços e comércio fraquejam no momento em que a inflação ganha força

Notas&Informações, O Estado de S.Paulo

Sinais mais evidentes da fragilidade do cenário econômico começam a criar dúvidas sobre a velocidade e a consistência da recuperação que se desenhava a partir de meados do ano passado. O que, por algum tempo, pareceu ser uma recuperação em “V” – caracterizada por queda acentuada da atividade econômica seguida de recuperação em velocidade às vezes até maior do que a da queda – começa a configurar uma evolução bem menos auspiciosa. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram forte perda de ritmo em segmentos vitais, como o de serviços e o de comércio varejista.

Resultados mensais ou os acumulados ao longo de 2020 mostram seu pior desempenho em muitos anos. A atividade econômica está perdendo vigor num momento em que a inflação dá sinais no sentido oposto, ganhando impulso. O quadro preocupa pessoas responsáveis e preocupadas com as condições de vida da população, mas no centro das decisões políticas em Brasília parece não haver muitas pessoas com essa característica, o que tende a piorar as coisas.

Adjetivos pouco usuais nas frias avaliações dos analistas do mercado financeiro foram utilizados depois de conhecidos os resultados do comércio varejista em dezembro (e em todo o ano passado). “Fraco” ou “ruim” foram as expressões mais moderadas para avaliar a queda de 6,1% nas vendas do varejo em dezembro, na comparação com novembro. “Incrível”, “total desastre” foram outras expressões empregadas para avaliar o resultado. Estas talvez sejam mais apropriadas.

Foi a maior queda registrada no último mês do ano desde que o IBGE começou a pesquisa. Com a queda de dezembro, praticamente todos os resultados positivos acumulados no período da recuperação foram consumidos. No fim do ano passado, as vendas do varejo estavam no mesmo nível de fevereiro, isto é, antes que a pandemia de covid-19 afetasse duramente a vida das pessoas e a atividade econômica. No ano, houve alta de 1,2%.

Quanto ao varejo ampliado, que considera também o comércio de veículos, motos, partes e peças, além de material de construção, o volume de vendas em 2020 foi 1,5% menor do que em 2019. Em valor, houve alta de 3,3%.

Mais impressionante, nesse cenário que parece perder sustentação, é a queda de 7,2% dos serviços em 2020, no pior resultado desde 2012. Como se sabe, os serviços respondem por mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Por isso, esse resultado afetará os números finais do PIB em 2020, que serão conhecidos em março.

Em dezembro, o volume de serviços prestados caiu 0,2% em relação a novembro, o que interrompeu uma sequência de seis altas mensais. Essas seis altas consecutivas foram insuficientes para repor as perdas decorrentes da pandemia.

O recrudescimento da pandemia é um dos principais responsáveis pela queda dos serviços. O aumento do número de casos exige medidas mais rigorosas para conter a contaminação, com mais restrições à circulação de pessoas. O caráter presencial caracteriza boa parte dos serviços. Por isso, a recuperação depende em boa medida da contenção da crise sanitária. E isso, de sua parte, depende da velocidade e da amplitude da vacinação da população. Sua imunização é essencial para a retomada dos serviços.

Também o comércio, que registrou queda acentuada em dezembro, está sendo afetado pelo recrudescimento da pandemia, que impõe restrições ao horário de funcionamento dos estabelecimentos.

Há, obviamente, outros fatores, além da pandemia, que prejudicam o desempenho do comércio e dos serviços. A inflação, sobretudo a dos alimentos, afeta mais o orçamento das famílias de menor renda, que gastam proporcionalmente mais com comida que as demais. O desemprego continua em níveis muito altos e gera insegurança em boa parte dos consumidores. O fim do pagamento do auxílio emergencial reduziu a margem financeira das famílias para o consumo.

Ainda não há sinais de que esse conjunto de fatores mudará no curto prazo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

NÚMERO DE VENDAS IMPRESSIONANTES DAS EMPRESAS CHINESAS

 

Como elas fazem para terem números tão impressionantes?  


Muitos brasileiros acreditam que as empresas de varejo na China só têm números impressionantes de vendas porque “é a China! Ou seja, um país com mercado de 1 bilhão de habitantes!“. É porque as estratégias que eles usam para impactar clientes em massa estão muito à frente das de outros países no mundo. Mas podem ser replicadas e adaptadas. No Brasil, por exemplo, o CEO da Magazine Luiza se inspirou nas empresas de lá para adaptar e criar várias estratégias usadas pela varejista brasileira.

E as famosas Live Commerces chinesas, que prometem movimentar até 120 bilhões de dólares em 2020, foram uma estratégia muito usada por grandes varejistas como a B2W (Americanas, Shoptime e Submarino) durante a Black Friday.

Nós da StartSe sabemos que ainda são poucas as empresas brasileiras que conseguem ter acesso a empresas do ecossistema chinês.   Mesmo assim, a maioria delas precisa aprender novos modos de vender online, de tornar seu e-commerce mais atrativo e criar estratégias para vender todos os dias.

 A startup Valeon está indo pelo mesmo caminho dos Chineses e dos Marketplaces famosos do Brasil para implementar cada vez as suas vendas aqui na Região do Vale do Aço em 2021 com o nosso novo jeito de fazer varejo online. 

QUEM SOMOS

Somos uma Startup daqui de Ipatinga que desenvolveu a Plataforma Comercial VALEON um Marketplace com o propósito de solucionar e otimizar o problema de divulgação das empresas daqui da região de maneira inovadora e disruptiva através da criatividade e estudos constantes aliados a métodos de trabalho diferenciados dos nossos serviços e estamos conseguindo desenvolver soluções estratégicas conectadas à constante evolução do mercado.

O QUE OFERECEMOS E VANTANGENS COMPETITIVAS

  • Fazemos anúncios de publicidade para vários tipos de Empresas, Serviços e para Profissionais Liberais;
  • Temos excelente custo x benefício;
  • Nossos sites: (https://valedoacoonline.com.br/ e https://valeonnoticias.com.br/) têm grande penetração no mercado consumidor com um bom marketing fit que satisfaz esse mercado;
  • A nossa Plataforma Comercial Valeon permite total flexibilidade de anúncios, promoções e de produtos, além de oferecer serviços de divulgação de Ofertas de Supermercados e de Veículos;
  • Os resultados são mensurados através de métricas diária/mensal;
  • O seu negócio estará disponível para milhares de Internautas através de uma vitrine aberta na principal avenida do mundo, 24 horas por dia, 7 dias da semana;
  • A sua empresa fica visível para milhares de pessoas que nem sabiam que ela existe;
  • Somos altamente comprometidos com os nossos clientes no atendimento de suas demandas e prazos e inteiramente engajados para aumentar as suas vendas.

                                                                                                                                   Equipe StartSe – Educação do Agora e a Equipe da Valeon Sites: https://valedoacoonline.com.br/  https://valeonnoticias.com.br/ 

BOLSONARO DIZ QUE NÃO ADIANTA FICAR EM CASA CHORANDO PELOS MORTOS

 

‘Não adianta ficar em casa chorando’, diz Bolsonaro no dia com mais mortes pela covid desde julho

Depois de cloroquina, presidente agora defende ‘spray’ ainda em estudo para tratar o novo coronavírus e planeja conversar com premiê israelense sobre o produto

Emilly Behnke, Anne Warth e Daniel Galvão, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro disse que “não adianta ficar chorando em casa” no dia em que o Brasil registrou 1.452 mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, maior número desde julho. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, ele disse que “a vida continua” e falou em retomar o trabalho para não parar a economia.  Além disso, após passar meses defendendo a cloroquina como tratamento precoce contra a covid-19, defendeu um novo medicamento sem eficácia comprovada como possível solução. Segundo ele, foi marcada uma reunião com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para conversar sobre o remédio, ainda em estudo por cientistas israelenses.

O presidente Jair Bolsonaro com o filho Flávio durante entrevista coletiva em frente ao Ministério da Economia Foto: Washington Costa / ME

“A vida continua. Temos de enfrentar as adversidades. Não adianta ficar em casa chorando”, afirmou Bolsonaro. “Voltar a trabalhar porque sem a economia não tem Brasil.” Desde o início da pandemia, ele tem sido forte crítico do isolamento social, apareceu em aglomerações e em eventos sem máscaras – o que contraria as recomendações de infectologistas.

Também mencionou encontro para tratar do spray nasal, cuja eficácia contra o vírus ainda não foi confirmada por testes científicos. “Já está acertado o encontro virtual entre eu e Binyamin Natanyahu para falarmos sobre esse novo spray que está servindo, pelo menos experimentalmente ainda, para pessoas em estado grave”, disse Bolsonaro. Apesar da ressalva de que é “experimental”, o presidente defendeu a aplicação. “Está em estado grave? Toma, poxa. Vai esperar ser entubado?”

Na semana passada, Israel anunciou que um medicamento experimental contra o câncer pode ajudar na recuperação de pacientes com coronavírus. Acadêmicos israelenses afirmaram que 29 dos 30 pacientes com casos moderados a graves de covid-19 tratados com EXO-CD24 tiveram uma recuperação completa em cinco dias. O medicamento, que é inalado, foi originalmente desenvolvido para combater o câncer de ovário e ainda requer mais testes.

“É uma tremenda de uma notícia. Espero que seja realmente eficaz para o tratamento da covid”, comentou o presidente.

O estudo não comparou a droga a um placebo, o que significa que os cientistas não podem afirmar com certeza se o medicamento está por trás da rápida recuperação dos pacientes.  O tamanho da amostra dos testes também é muito baixo para tirar qualquer conclusão sobre a eficácia do medicamento e os dados não foram publicados em um jornal especializado.

Apesar disso, a ideia de Bolsonaro é trazer o remédio para o Brasil para submeter para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O presidente destacou que está debatendo o assunto com o ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores.

Na live desta quinta-feira, Bolsonaro voltou a defender o tratamento off label, fora da bula, e o uso da hidroxicloroquina contra a covid-19 e comparou com as vacinas, dizendo ainda não haver “certificado” para os imunizantes, o que é mentira.

“Quando eu falei remédio lá atrás, levei pancada. Bateram em mim até não querer mais. E a vacina? Entrou na pilha da vacina. O cara que entra na pilha da vacina, só a vacina, é um idiota útil porque nós devemos ter várias opções”, disse. Quem está contaminado tem que ir para o tratamento precoce, procurar algum médico, em comum acordo, ele vai falar: ‘Não temos medicamento para tratar disso. Mas temos esse, que em muitos casos tá servindo’. Não tem a comprovação científica, assim como as vacinas não têm ainda um certificado definitivo.”

Estudos publicados em revistas científicas já comprovaram a eficácia de vacinas de diferentes fabricantes, incluindo as de Oxford/AstraZeneza e a Coronavac, usadas no Brasil após aval da Anvisa.

BOLSONARO EXALTA OS MILITARES DA ÉPOCA DA DITADURA

 

‘Pouco diferente de hoje’, diz Bolsonaro sobre ditadura militar

Presidente exaltou generais que comandaram o País e as obras do período entre 1964 e 1885

Rafaela marques, especial para o Estadão, O Estado de S.Paulo

O presidente Jair Bolsonaro classificou nesta quinta-feira, 11, a ditadura como um período “um pouco diferente do que vivemos hoje” e exaltou os presidentes militares que governaram o País entre 1964 e 1885 durante cerimônia de entrega de títulos de propriedade de terras em Alcântara.

“Isso aqui nasceu em 1983, mais uma das grandes obras dos cinco presidentes militares que tivemos no Brasil. Grandes obras ao longo de 21 anos, onde vivi um regime de… um pouco diferente do que vivemos hoje, mas com muita responsabilidade com o futuro de seu País”, afirmou.

Bolsonaro participou da entrega de 120 títulos de propriedade de terras para famílias que foram remanejadas durante a construção da base aeroespacial de Alcântara, ainda na década de 1970, no governo militar.

Jair Bolsonaro, presidente da República Foto: Gabriela Biló/Estadão

Do palanque, o presidente elogiou a ministra Damares Alves e cometeu uma gafe com o ministro Milton Ribeiro (Educação), a quem por duas vezes se referiu como “ministro das comunicações”, até ser corrigido pelo próprio Ribeiro.

Após a cerimônia, Bolsonaro disse que espera que o acordo de salvaguarda tecnológica assinado pelo ex-presidente norte-americano, Donald Trump, seja mantido nos mesmos termos na administração de Joe Biden. “Com Trump ou com Biden, isso é importante para o desenvolvimento do Brasil e é interesse deles também”, destacou.

COMITÊ DE IMPRENSA DA CÂMARA VAI MUDAR DE SALA

 

Lira ordena ‘despejo’ de Comitê de Imprensa, mas recua de alocar jornalistas no subsolo

Profissionais serão transferidos para um ‘puxadinho’ enquanto obra do novo Comitê não começa

André Shalders e Camila Turtelli, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA — O presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (Progressistas-AL), mantém sua decisão de expulsar os jornalistas do Comitê de Imprensa da Casa, um espaço utilizado pelos profissionais que fazem a cobertura do Congresso desde a década de 1960, mas recuou na sua proposta de transferi-los para uma sala no subsolo do prédio.

A saída dos profissionais estava marcada, inicialmente, para esta quinta-feira, 11. Agora, o local deverá ser desocupado até o fim de semana. A partir de segunda-feira, 15, os jornalistas passarão a trabalhar em uma sala contígua ao atual comitê, que entrará em obras, um espaço inferior ao atual.

A mudança deve dificultar o trabalho da imprensa. Isso porque o espaço onde hoje ficam os jornalistas tem acesso direto ao local de votações, o que permite agilidade na hora de informar o que se passa nas sessões, onde são discutidos projetos que afetam diretamente a vida das pessoas.

Comitê de Imprensa é utilizado pelos profissionais que fazem a cobertura do Congresso desde a década de 1960 Foto: Dida Sampaio/Estadão

A sala agora abrigará o gabinete de Lira. A transferência também evita o acesso ao presidente da Câmara, que poderá ingressar no plenário diretamente, evitando, assim, ser abordado por profissionais de imprensa. Interlocutores de Lira estimulam o presidente a evitar o contato diário com jornalistas.

O novo espaço oferecido não tem acesso direto ao plenário da Câmara. De início, o plano era que os profissionais passassem a trabalhar numa sala num andar inferior do prédio, sem janelas e sem acesso direto ao plenário. O novo local também é menor que o atual. O atual comitê possui 288 metros quadrados, enquanto o espaço no subsolo tem 107 metros quadrados, mesma metragem do espaço que abrigará os repórteres enquanto durarem as obras.

Nesta quinta-feira, Lira disse aos jornalistas que, após as reformas, o Comitê de Imprensa passará a ocupar parte do local hoje designado para a Primeira-Vice-Presidência da Câmara. O espaço – de 255 metros quadrados no total – é próximo ao plenário, mas nem todo ele seria ocupado pela imprensa. Lira não informa quantos metros quadrados serão cedidos para abrigar os mais de mil jornalistas que trabalham diariamente na Casa.

Segundo o presidente da Câmara, a reforma que irá transformar o Comitê no seu novo gabinete deve ser concluída dentro de três meses, porém, somente depois disso é que a obra no espaço que passará a ser ocupado pela imprensa será iniciada – esta sem prazo para começar ou terminar. A Câmara não informa o valor das obras.

Entidades da imprensa como a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) se manifestaram contra a mudança de local do Comitê.

“Ao propor a mudança do Comitê de Imprensa para o subsolo do prédio, o presidente – ainda que não tenha tido a intenção – desmerece o trabalho da imprensa, dificultando o acesso dos Jornalistas ao conjunto dos deputados e a si próprio”, escreveu a Fenaj, em nota.

“Ao ocupar o local reservado há décadas pelos jornalistas, o presidente da Câmara terá acesso direto ao plenário, sem precisar se expor às abordagens dos jornalistas”, diz a nota da Abraji.

Além das entidades, vários deputados também protestaram contra a decisão de Arthur Lira de mudar o local do Comitê de Imprensa, instalado desde a década de 60 no local. Em todos os países democráticos há espaços disponíveis para o trabalho da imprensa fazer a cobertura do Legislativo.

Mal entendido. Em entrevista à rádio BandNews FM, Lira disse que ocorreu um “mal entendido” por parte de funcionários da Câmara, e que sua intenção nunca foi impedir o trabalho dos jornalistas. Lira lembrou também que a proposta atual de mudança é anterior — foi formulada durante a gestão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à frente da Casa.

“Queria deixar claro que nunca tive a intenção de cercear o trabalho de imprensa, diminuir o acesso, deixar de conversar. Quando assumimos, já existia esse quadro proposto de remanejamento. Só não tinham tomado providência de resolver o problema da presidência da Câmara, que funciona com muita dificuldade. Você não pode reunir três, quatro pessoas na sala que não tem condições, não consegue arcar”, disse ele.